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TIPIFICAO DE PATOLOGIASEM REVESTIMENTOARGAMASSADO

EQUIPEFerreira, Beatriz Bernardes Dias Mestre em Engenharia / UFMG

beatriz.bernardes@terra.com.br

Silva, Adriano de Paula Professor Doutor, Departamento

Engenharia de Materiais e Construo / UFMG

apsilva@demc.ufmg.brCarvalho Jnior, Antnio Neves de Professor Doutor,

Departamento Engenharia de Materiais e Construo / UFMG

anjunior@demc.ufmg.br

RESUMOA argamassa um dos produtos de maior utilizao na

construo, estando presente no revestimento e assentamento

de alvenarias. Apesar do intenso uso dos revestimentos

argamassados muito frequente a ocorrncia de patologiasnos mesmos, o que ocasiona prejuzos aos diversos setores

envolvidos. Torna-se importante, portanto, o estudo das

principais patologias incidentes sobre este tipo de revestimento

e a disponibilizao desta informao a m de se evitar a

repetio continua dos mesmos erros. O presente estudo

trata das principais patologias incidentes nos revestimentos

argamassados, enfatizando a inuncia que as caractersticas

dos materiais, a mistura dos mesmos, os mtodos de execuo

e a ao de fatores externos, exercem sobre tais revestimentos,

bem como a inter-relao entre estes diversos fatores com a

durabilidade e o desempenho das argamassas. Em estudos

de casos realizados foram analisadas as principais patologias

presentes em quinze prdios, vericando o ndice de ocorrncia

das mesmas e as suas possveis causas. Os estudos

permitiram concluir que as patologias que apresentaram o

maior percentual de ocorrncia foram as ssuras presentes

em 87% das edicaes, seguida pelos descolamentos com

pulverulncia com 73% e pelo mofo ou bolor identicado em

47% dos casos estudados. Outros resultados obtidos so

apresentados e discutidos no artigo.

Palavras-chave: Revestimentos em argamassa; patologias;

propriedades das argamassas; materiais constituintes;

aplicao da argamassa.

ABSTRACTThe mortar is a product of greater use in construction, being

present in the coating and settlement of masonry. Despite theintense use of mortar coating, is very frequent occurrence of

pathologies in them, causing damages to several involved

sectors. Becomes important, therefore, the study of main

incidents pathologies on this type of coating and the release

of this information in order to avoid repeating the same

mistakes.The present study deals with the main incidents

pathologies in mortar coating, emphasizing the inuence

that the characteristics of materials, the mixing of them, the

methods of implementation and the action of external factors,

have on such coatings, as well as inter relation between these

several factors with the durability and performance of mortars.

In the performed case studies was analyzed the main incidentspathologies in fteen buildings, checking the rate of occurrence

of them and their possible causes. The studies allowed to

conclude that the pathologies which showed the highest

percentage of occurrence were cracks present in 87% of the

buildings, followed by detachments of dustiness with 73% and

mold or mildew identied in 47% of the studied cases. Other

obtained results are presented and discussed in this article.

Keywords: Mortar coating, pathologies, properties of mortar,

constituent materials, mortar application.

INTRODUOOs sistemas de revestimentos de argamassa so integrantes

das vedaes e fundamentais para a durabilidade dos edifcios,

desempenham as funes de absorver as deformaes

naturais a que as alvenarias esto sujeitas, de revestir e de

proteger de maneira uniforme as alvenarias contra agentes

agressivos externos. Apesar do intenso uso dos revestimentos

argamassados, muito frequente a ocorrncia de patologias

nos mesmos, o que ocasiona prejuzos aos diversos setores

envolvidos, podendo, em algumas circunstncias, causargraves acidentes.

Pesquisadores como Bauer (1997) e Cincotto et al., (1995)

atribuem os problemas das argamassas de revestimento a

diversos fatores. A inexistncia de projeto, desconhecimento

das caractersticas dos materiais empregados, utilizao de

materiais inadequados, erros de execuo, desconhecimento ou

no observncia de Normas Tcnicas e falhas na manuteno

so indicados por Bauer. Para Cincotto alm das caractersticas

dos materiais e da mistura dos mesmos, a ao de fatores

externos sobre o revestimento e a inter-relao entre os diversos

fatores afetam a durabilidade e o desempenho das argamassas.

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Para Carasek (2007), a deteriorao prematura dos

revestimentos de argamassa decorrente de processos

fsicos, mecnicos, qumicos e biolgicos. No entanto a autora

arma que os fenmenos frequentemente se sobrepemsendo necessrio considerar tambm as suas interaes. A

ao destes processos sobre as argamassas se manifesta

atravs de efeitos fsicos nocivos como a desagregao,

descolamento do revestimento, vesculas, ssurao e

aumento da porosidade e da permeabilidade.

Assim, neste trabalho prope-se estudar as principais

patologias incidentes nos revestimentos argamassados e

realizar estudo de caso constitudo de levantamento e anlise

das manifestaes patolgicas em 15 edicaes. O estudo de

caso serviu para evidenciar as principais patologias presentes

nos prdios, vericar o ndice de ocorrncia das mesmas eidenticar as suas possveis causas.

METODOLOGIAO patrimnio das edicaes do judicirio mineiro

constitudo de aproximadamente 400 prdios com diversas

idades, concepes arquitetnicas, reas, implantaes e

orientaes. Dentre as edicaes foi estabelecido o universo

das edicaes construdas ou que sofreram expressivas

ampliaes nos ltimos 15 anos, que corresponde a um totalde 80 prdios. Deste universo, aleatoriamente, adotou-se a

amostra de 15 prdios para o desenvolvimento do trabalho,

identicados por letras de A a O, a seleo dos mesmos foi

orientada pelos seguintes critrios:

localizao diversas cidades do estado de Minas Gerais;

prdios de porte mdio com no mximo 05 pavimentos

construdos ou ampliados nos ltimos 15 anos;

prdios com existncia de patologias nos revestimentos

argamassados;

a estrutura-suporte dos prdios constituda de concreto

armado.

Para o registro dos dados foi utilizada a seguinte sistematizao:

foram levantadas, no banco de dados do poder judicirio

mineiro, as especicaes tcnicas nos memoriais descri-

tivos dos servios de revestimentos argamassados;

foi feita a caracterizao das argamassas utilizadas nos

revestimentos, buscando informaes quanto ao tipo de

argamassa utilizada, seus constituintes, traos e o tipo dechapisco especicado;

foi identicado o sistema de impermeabilizao adotado

nas vigas de fundao;

foram levantadas informaes necessrias para a compreen-

so dos problemas patolgicos ocorridos com os revestimen-

tos;

durante as vistorias foram registradas as patologias apre-

sentadas pelos revestimentos de argamassa;

foi levantada a idade de cada edicao.

RESULTADOSAs informaes obtidas, nos cadernos de especicao, sobre

as argamassas esto em destaque na tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Caracterizao das argamassas utilizadas nos revestimentos dos prdios em estudo

Prdios

Revestimento externo Revestimento Interno Chapisco

tipo de argamassa trao tipo de argamassa trao tipo trao

com aditivo para

promover a aderncia

em estrutura deconcreto

A, C , G, J, L, M, N preparada em obra 1:2:5 preparada em obra 1:2:5 preparada em obra 1:3 Sim

B, D, E, F, H, I preparada em obra 1:2:8 preparada em obra 1:2:8 preparada em obra 1:3 Sim

K granilite preparada em obra 1:2:5 preparada em obra 1:3 Sim

O quartizito preparada em obra 1:2:5 preparada em obra 1:3 Sim

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Foram elaboradas chas especcas para cadastramento dos

dados de cada edicao vistoriada contemplando o tipo de

problema ou manifestao patolgica, contendo campos para

os dados inerentes ao problema ou manifestao cadastrada,alterao visual ou indicadores de deteriorao, causas mais

provveis e informaes complementares necessrias

perfeita caracterizao do problema. Na pesquisa realizada

foram identicadas as idades dos prdios vistoriados, a m de

possibilitar o estudo da correlao das patologias encontradas

com tempo de vida das edicaes. Pode-se observar pela

gura 3.1 que 60% dos prdios encontram-se com idade de

at 5 anos.

Figura 3.1 - Identifcao da idade dos prdios

que compem a amostra estudada

Na tabela 3.2 so expressos os dados dos revestimentos

externos bem como dos revestimentos internos e registratambm os prdios onde as referidas patologias foram

identicadas. O percentual de ocorrncia de cada patologia

considerando-se o nmero de prdios acometidos pela

patologia, em anlise, em relao ao total de prdios da

amostra (15 prdios) tambm est expresso na tabela.

As seguintes consideraes so expresso da anlise dosdados levantados:

As ssuras mapeadas tpicas de retrao foram identica-das em 33% dos prdios vistoriados, ressalta-se que asmesmas se manifestaram somente no revestimento exter-no o que nos leva a conrmar que as aes do calor edo vento podem ter contribudo para o aparecimento dasssuras, considerando que o mesmo tipo de argamassafoi aplicado tanto internamente quanto externamente. Se-gundo Joisel (1965) difcil manter midos os revestimen-tos externos durante seu endurecimento inicial, lembrandoainda que os ventos secos e os raios solares contribuempara que os revestimentos sequem mais rapidamente au-mentando a retrao hidrulica.

Quanto s ssuras com congurao horizontal temos a

considerar que nos prdios B, C, G, J e K a cau-sa mais provvel a dilatao trmica dos elementos dafachada, sujeitos radiao solar. Segundo Bauer (1994)os ltimos pavimentos cam sujeitos a uma maior movi-mentao por dilatao dos elementos de concreto, maisexpostos aos raios solares. Nesse caso, comum o apare-cimento de ssuras no encontro alvenaria-estrutura.

Sobre as ssuras inclinadas e verticais identicadas conside-ramos que, na sua maioria foram originadas pela movimenta-o da base ou suporte. Ressalta-se que as ssuras inclinadasidenticadas no revestimento externo do prdio B conguramdecincia das contra-vergas de algumas janelas.

Sobre a identicao do mofo ou bolor, esta patologia seapresenta em 33% dos prdios vistoriados tanto no revesti-mento interno quanto no externo. No revestimento externoso decorrentes de falhas nos chapins das platibandas epeitoris de janelas, que permitem a passagem da gua des-

cumprindo seu papel de proteo dos revestimentos.

Tabela 3.2 - Patologias identifcadas nos revestimentos internos e externos de argamassa com seus respectivos

percentuais de ocorrncia.

Patologias identifcadas nos revestimentos argamassados internos e externos

Tipo de patologia

Edifcaes Percentual de

ocorrncia (%)A B C D E F G H I J K L M N O

Fissura mapeada x x x x x 33

Fissuras: horizontal,

inclinada e verticalx x x x x x x x x x x x x 87

Eorescncia x x x 20

Descolamento em

placas x x x x x x 40

Bolor x x x x x x x 47

Vesculas x x 13

Descolamento com

pulverulnciax x x x x x x x x x x 73

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CONCLUSES1. Dentre as patologias identicadas nos prdios vistoriados

as ssuras apresentaram o maior percentual de ocorrn-cia estando presente em 87% das edicaes, seguida

pelos descolamentos com pulverulncia com 73% e pelo

mofo ou bolor identicado em 47% dos casos estuda-

dos.

2. Da anlise dos resultados pode-se concluir que as con-

dies de cura e a exposio do revestimento argamas-

sado ao calor e ao vento, fatores extrnsecos ao mesmo,contribuem para o aumento da retrao.

3. As ssuras horizontais identicadas em 5 dos 15 prdios

estudados reforam a importncia do projeto de reves-

timento de fachada. O dimensionamento das juntas de

expanso/contrao, a especicao de detalhes constru-

tivos, como o uso de telas em pontos especcos, so al-

guns dos itens que compem os projetos de revestimentos.

4. Os dados identicados sobre os descolamentos em pla-

cas dos revestimentos demonstram a necessidade de se

dar nfase ao preparo da base, como determina a NBR

7200 (ABNT, 1998).

5. Bastante expressivos so os descolamentos com pulveru-

lncia, presentes em 73% dos prdios vistoriados, tal

degradao agravada pela umidade ascendente iden-

ticada na metade dos prdios e pelas decincias nas

esquadrias que permitem a percolao da gua de chuva.

REFERNCIAS

BIBLIOGRFICASASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, NBR7200: Execuo de revestimentos de paredes e tetos de

argamassas inorgnicas Procedimento. Rio de Janeiro,

1998.

BAUER, L.A.FALCO. Materiais de Construo. So Paulo:

Livros Tcnicos e Cientcos Editora 2 volumes 5 Edio 1994.

BAUER, R.J.F. Patologia em revestimentos de argamassa

inorgnica. In: SIMPSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA

DAS ARGAMASSAS, II, 1997, Salvador. Anais... Salvador:

CETA / ANTAC, 1997.

CARASEK, H. Argamassas. In: Materiais de Construo Civil

e Princpios de Cincia e Engenharia de Materiais. ISAIA,G.C.

(Organizador/Editor).So Paulo: IBRACON,2007 p863-804.

CINCOTTO, M. A., SILVA, M. A. C., CARASEK, H. Argamassas

de revestimento; Caractersticas, propriedades e mtodos

de ensaio(Publicao IPT 2378). 1.ed. So Paulo: Instituto de

Pesquisas Tecnolgicas, 1995. 118p.

JOISEL, A. Fissuras y grietas em morteros y hormigones:

sus causas y remdios. Barcelona: Editores Tcnicos

Associados, 1965.

Tabela 3.3 - Patologias identifcadas nos revestimentos argamassados dos prdios com idade de at 05 anos.

Patologias identifcadas nos revestimentos argamassados internos e externos dos prdios com at 05 anos de idade

Tipo de patologiaEdifcaes Percentual de

ocorrncia (%)B D E F H I J M N

Fissura mapeada x x 22Fissuras: horizontal,

inclinada e verticalx x x x x x x x 89

Descolamento em

placas x x x x x x 67

Bolor x x x x 44

Descolamento com

pulverulnciax x x x x x 67

Em funo do percentual de ocorrncia das manifesta-

es patolgicas, nos prdios com at 05 anos, pode-se

deduzir que os custos da no qualidade devem ser bas-

tante expressivos e que as patologias alm de expressarum problema tcnico, resultam tambm num problema

econmico muito relevante. Na tabela 3.3 so expressas

as patologias identicadas nestes prdios.

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