1755-5220-1-ESTATÍSTICA ESPACIAL NA GEOGRAFIA: UM ESTUDO DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO EM PRESIDENTE...

Departamento de Geografia da FCT/UNESP, Presidente Prudente, n. 12, v.1, janeiro a junho de 2012, p.95-113.

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ESTATSTICA ESPACIAL NA GEOGRAFIA: UM ESTUDO DOS ACIDENTES DE TRNSITO EM PRESIDENTE PRUDENTE SP

SPATIAL STATISTICS IN GEOGRAPHY: A STUDY OF TRAFFIC

ACCIDENTS IN PRESIDENTE PRUDENTE SP

Patrcia Sayuri Silvestre Matsumoto1 Edilson Ferreira Flores2

Resumo: O fenmeno dos acidentes de trnsito desaponta desde meados do sculo passado como um grande problema enfrentado pelos habitantes das grandes cidades. Todavia, atualmente o aumento incessante da frota de veculos tambm se faz presente em cidades menores, criando um trfego lento e/ou desordenado, aumentando a probabilidade da ocorrncia de acidentes, sejam os mais simples, em que somente se danificam os veculos, ou at mesmo os mais complexos, podendo lesionar ou acometer pessoas ao bito. O desenvolvimento de geotecnologias tem possibilitado o uso de novas tcnicas que proporcionam anlises espaciais para auxiliar no tratamento da informao geogrfica. No escopo desta perspectiva, surgem contribuies para o estudo espacial do fenmeno dos acidentes de trnsito, atravs dos Sistemas de Informao Geogrfica e da estatstica espacial. Este trabalho visa explorar a distribuio espacial dos acidentes de trfego no municpio de Presidente Prudente, a partir de uma anlise geogrfica e temporal dos dados de acidentes que ocorreram entre junho de 2009 e janeiro de 2010. Para isso, utiliza-se a tcnica de mapeamento por geocodificao de endereos, com o auxlio dos Sistemas de Informaes Geogrficas e, a tcnica do estimador de intensidade de Kernel, por meio da estatstica espacial.

Palavras-chave: Acidentes de Trnsito; Sistemas de Informao Geogrfica; Estatstica Espacial; Estimador de Intensidade de Kernel.

Abstract: The phenomenon of traffic accidents disappointing since the middle of last century as a major problem faced by the inhabitants of large cities. However, today the relentless increase the fleet of vehicles is also present in smaller cities, creating a slow traffic and / or disorderly, increasing the likelihood of accidents, are the simplest, where only vehicles are damaged, or even even more complex and can injure or attack people to death. The development of geotechnology have enabled the use of new techniques that provide spatial analyzes to assist in the management of geographic information. In the scope of this perspective, there are contributions to the study of the spatial phenomenon of traffic accidents through the GIS and spatial statistics. This study aims to explore the spatial distribution of traffic accidents in the city of Presidente Prudente, from a geographical and temporal analysis of the data of accidents that occurred between June 2009 and January 2010. It uses the technique of mapping address geocoding with the aid of Geographic Information System and technique Kernel estimator intensity through the spatial statistics. Key words: Accidents of traffic; Geographic Information System; Spatial Statistic; Estimator of Intensity Kernel.

1 Bacharel em Geografia pela FCT/UNESP, campus de Presidente Prudente. Contato: [email protected];

Financiamento da pesquisa de Iniciao Cientfica pela FAPESP. 2 Prof. Dr. do Departamento de Matemticia, Estatstica e Computao da FCT/UNESP. Contato:

[email protected]


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Introduo O fenmeno do trnsito e dos acidentes por ele gerado desaponta desde

meados do sculo XX como um grande problema enfrentado pelos habitantes das grandes cidades, principalmente das regies metropolitanas do pas. Todavia, atualmente esse fenmeno no se restringe somente a essas cidades e regies, mas j se faz presente em cidades menores, consideradas mdias, como o caso de Presidente Prudente. Isso se constitui como um problema e desafio para os planejadores e gestores do trnsito, preocupados em garantir um trfego mais fluido e seguro aos habitantes do municpio.

Na Geografia, procedimentos matemtico-estatsticos tm sido empregados no tratamento de dados georreferenciados, inseridos como parte integrante dos currculos de vrias universidades (BATELLA, 2006), sendo de grande valia anlise geogrfica, pois tornam os fenmenos localizados no espao, passveis de observaes e anlises. Assim, podem contribuir tornando precisas as anlises de cunho quantitativas, podendo ser apropriadas para uso na anlise dos acidentes de trnsito em estudos de caso. Nesse sentido, o uso da estatstica espacial traz importantes contribuies a diversas reas, atravs dos Sistemas de Informao Geogrfica (SIGs), haja vista que este beneficia estudos interdisciplinares, com o cruzamento de fenmenos diferentes, podendo auxiliar no desenvolvimento de pesquisas que trabalhem e dialoguem com variadas temticas.

Nesta pesquisa foi utilizada a tcnica de estatstica espacial do estimador de intensidade de Kernel para averiguar a distribuio espacial dos acidentes de trnsito, registrados em Boletins de Ocorrncia (BOs) policiais no 18 Batalho da Polcia Militar do Interior (18 BPM/I) de Presidente Prudente, em parceria com a Secretaria Municipal de Assuntos Virios de Presidente Prudente (SEMAV). Foi considerado um perodo de anlise que compreende os meses de junho de 2009 at janeiro de 2010, destacando-se a distribuio do fenmeno no tempo e no espao atravs da gerao de mapas de interpolao.

O Estimador de Intensidade de Kernel uma tcnica de estatstica espacial que demonstra onde esto alocadas as concentraes em um plano. Quando este estimador utilizado em um SIG, gera uma interpolao que se insere sobre as bases cartogrficas, identificando o fenmeno georreferenciado, localizado no espao geogrfico, destacando a localizao em que ocorre a maior ou menor intensidade das concentraes do fenmeno, a partir de percepes de intensidade na visualizao de uma cor ou, em um conjunto delas.

O objetivo deste trabalho foi gerar um banco de dados georreferenciado, contendo as informaes dos acidentes de trnsito em Presidente Prudente, que ocorreram em oito meses (de junho de 2009 a janeiro de 2010), de modo com que este pudesse estabelecer anlises geogrficas quanto s caractersticas do fenmeno e quanto a sua distribuio espacial, podendo identificar a ocorrncia de padres de agrupamentos, ou mesmo de disposies aletrias ou regulares. Verificado a presena de concentraes, atravs dos SIGs pode-se estabelecer anlises para entender a distribuio de acidentes por meio das distintas variveis do banco de dados, relacionando-as, para que se compreendesse o comportamento do fenmeno na cidade.

O estado de So Paulo tm aumentado excessivamente sua frota de veculos desde o ano de 2000. Em 2010 foram registrados 19.588.288 veculos no estado, compondo a maior frota do pas (DETRAN, 2011). Essa uma realidade que


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preocupa profissionais ligados ao trnsito para ordenar os espaos de circulao sem que os mesmos sejam prejudicados com acidentes de trnsito. Tcnicas de estatstica espacial, com o auxlio dos SIGs, so importantes ferramentas para auxiliar esses profissionais, fornecendo dados precisos quanto a localizao dos pontos crticos a acidentes, que servem de base para intervenes de engenharia do trfego, ou mesmo para pequenas modificaes no funcionamento virio da cidade. As anlises geogrficas ulteriores a aquisio dos dados so elementares, pois podem nortear o planejamento e gesto do trnsito no municpio.

Geoprocessamento e Sistemas de Informao Geogrfica

Na segunda metade do sculo passado, o desenvolvimento tecnolgico

possibilitou a informatizao e a digitalizao de dados, tornando possvel o armazenamento e a representao dos mesmos, abrindo espao para o aparecimento de novas tecnologias, dentre elas, o geoprocessamento.

Cmara (2000) descreve geoprocessamento como disciplina do conhecimento que utiliza tcnicas matemticas e computacionais para o tratamento da informao geogrfica, que vem influenciando crescentemente os estudos em diversas reas como na Cartografia, na Anlise de Recursos Naturais, nos Transportes, nas Comunicaes, Energia e Planejamento Urbano e Regional.

As ferramentas computacionais para geoprocessamento so os Sistemas de Informao Geogrfica, sistemas que geram anlises complexas ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados.

Os Sistemas de Informao Geogrfica (SIGs) ou GIS (Geographic Information System) so sistemas de informao construdos especialmente para armazenar, analisar e manipular dados geogrficos, ou seja, dados que representam objetos e fenmenos em que a localizao geogrfica uma caracterstica inerente e indispensvel para trat-los (CMARA et al, 1996, p. 21).

Os SIGs tornam possvel reduzir milhares de registros numricos, ou de texto, em um nico mapa facilitando a compreenso das informaes. So sistemas diferenciados, contendo fenmenos localizados atravs de levantamentos precisos da superfcie terrestre, ou seja, georreferenciados, capazes de unir um banco de dados a uma projeo cartogrfica, de modo que se possa assinalar um objeto e saber o valor dos seus atributos no banco de dados, ou inversamente, selecionar um registro da base de dados e saber a sua localizao e apont-la numa visualizao.

SIGs so sistemas interdisciplinares, podem fornecer estudos relacionados a cincias das reas Humanas, Exatas e Biolgicas, tais como para gegrafos, estatsticos, arquitetos, gelogos, engenheiros, assistentes sociais, mdicos, bilogos, socilogos e diversos outros ramos de pesquisas. Pode fornecer importantes informaes para servios pblicos, como bombeiros, polcia, sade, trnsito, saneamento, energia, gua e educao; para a indstria e comrcio, na minerao, comunicaes, logstica, agricultura, marketing; para o meio-ambiente, no monitoramento, correo e modelamento; para a economia, atravs de indicadores sociais, econmicos e polticos.

Cmara e Queiroz (2001, p. 2-3), definem que estrutura de um SIG est atrelada a vrios componentes hierrquicos, como a interface do usurio, a entrada e edio de dados, as funes de consulta e anlise espacial, a visualizao e plotagem e o armazenamento e recuperao de dados (banco de dados geogrficos). Estas estruturas so representadas na Figura 1:


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Figura 1: Componentes de um SIG.

Fonte: Cmara, 2001.

Na interface ocorre relao do homem com a mquina, o incio da

estrutura, etapa em que se define como operar e controlar esse sistema. Em nvel intermedirio, na entrada e edio dos dados, ocorre o processamento, a edio, as consultas espaciais e as anlises, as visualizaes e a sada. E em nvel mais interno h a gerncia do banco de dados geogrficos, que armazena e recupera os dados e seus atributos.

Os SIGs tornaram-se essenciais porque do disponibilidade rpida de informaes para resolver problemas e contestar as perguntas de modo imediato. muito utilizado para produo de mapas, como suporte para anlise espacial de fenmenos e como um banco de dados geogrficos, com funes de armazenamento e recuperao de informao espacial.

A literatura tem atribudo aos SIGs um papel de sistema computacional dedicado ao gerenciamento de dados espaciais, conforme observa Antnio Vitte:

O termo geogrfico traz implcito a idia de que dados sobre localidades, pontos ou objetos podem ser identificados por coordenadas geogrficas. J a palavra informao pressupe que um SIG esteja organizado de forma a possibilitar o acesso a mapas, imagens, grficos e tabelas, de acordo com a interao do usurio com ela. A palavra sistema traz implcito um modelo de arquitetura estruturados em vrios componentes inter-relacionados e conectados a partir de diferentes funes (VITTE, 2007, p.121).

Assim, o conjunto dos termos descritos cria um sistema diferencial, capaz de

unir informaes geogrficas em suas estruturas, formando uma visualizao do fenmeno e seus atributos.

Do ponto de vista da aplicao, utilizar um SIG implica em escolher as representaes computacionais mais adequadas para capturar a semntica de seu domnio de aplicao. Do ponto de vista da tecnologia, desenvolver um SIG significa oferecer o conjunto mais amplo possvel de estruturas de dados e algoritmos capazes de representar a grande diversidade de concepes do espao. Nesta perspectiva, os conceitos apresentados visam esclarecer as questes bsicas do Geoprocessamento e dos SIGs, por exemplo, representar em computadores os dados geogrficos, relacionar as estruturas de dados geomtricos e alfanumricos


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com os dados do mundo real e demonstrar modelos de representaes computacionais.

Nas atividades de planejamento de uma cidade, as funes de um SIG normalmente se relacionam com o processamento e a anlise de fatos, atividades e objetos urbanos. Para monitorar a ocorrncia de acidentes de trnsito e tratar esse fenmeno em nvel operacional, um SIG pode auxiliar no controle do transporte coletivo municipal e na sinalizao viria; em nvel gerencial pode produzir uma anlise e gerenciamento do transporte, dos acidentes de trnsito, das diretrizes virias, da determinao de vetores de crescimento da cidade e da identificao de locais com maior ndice de acidentes de trnsito; e em nvel estratgico pode reestruturar o trnsito, os estudos do solo e da eficincia do sistema virio e o planejamento de expanso de infraestruturas (FERRARI, 1997, p. 141-2). Essas funes dos SIGs ainda podem ser enriquecidas com a estatstica espacial e a aplicao de algumas de suas tcnicas, estabelecendo resultados elementares para o desenvolvimento de atividades relacionadas aos setores de planejamento das prefeituras.

Estatstica Espacial e o Estimador de Kernel

SANTOS e SOUZA (2007, p.17) definem estatstica espacial como um ramo

da estatstica que permite analisar a localizao espacial de eventos. Alm de identificar, localizar e visualizar a ocorrncia dos fenmenos que se materializam no espao, possvel modelar a ocorrncia destes, podendo acrescentar fatores a estrutura de distribuio espacial, ou a identificar padres.

Existem diversas tcnicas de anlise espacial. O que as diferencia das comuns a possibilidade de identificao e distribuio sobre um determinado espao. Na 1 lei da Geografia, segundo Waldo Tobler3, 1979 apud Santos; Souza (2006, p.20) todas as coisas so parecidas, mas coisas mais prximas se parecem mais que coisas mais distantes. Dessa frase se retira a premissa da dependncia espacial e sua formulao matemtica, em que as observaes prximas no espao possuiro valores similares, indicando a correlao de atributos e da a medio quantitativa desse relacionamento (CARNEIRO; SANTOS; QUINTANILHA, 2005, p.2).

Assim sendo, por mtodos estatsticos possvel entender as relaes mantidas entre os eventos, modelar o fenmeno cuja distribuio afetada pela sua localizao geogrfica e por sua relao com seus vizinhos.

As ocorrncias podem ser classificadas em espacialmente aleatria, aglomerada e regular, conforme a Figura 2. Espacialmente aleatria a ocorrncia cuja distribuio espacial no apresenta qualquer padro detectvel. Quando os dados aparecem em aglomerados, ou clusterizados, tm um padro de similaridade. E os dados regulares seguem um determinado padro ou espaamento.

3 Tobler, WR, 1979. Cellular geography. Philosophy in geography, p. 379-86.


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Figura 2: Ocorrncia espacialmente aleatria, aglomerada e regular.

Fonte: Adaptado de SANTOS; SOUZA, 2007.

Dentre as tcnicas de estatstica espacial, o estimador de intensidade de

Kernel uma tcnica que considera a intensidade, detectando a ocorrncia de distribuies de eventos em aglomerados ou sua ocorrncia de maneira aleatria. Este estimador uma funo bidimensional que pondera os eventos dentro de uma regio, definida por um raio, produzindo a contagem dos pontos ali contidos e indicando a superfcie de maior ou menor concentrao dos eventos analisados (BAILEY; GATRELL, 1995).

Ao analisar o comportamento de padres de pontos, segundo Cmara e Carvalho (2001), estimando a intensidade pontual do processo em toda a regio de estudo, pode-se ajustar uma funo bi-dimensional sobre os eventos considerados, compondo uma superfcie cujo valor ser proporcional intensidade de amostras por unidade de rea. Esta funo realiza uma contagem de todos os pontos dentro de uma regio R de influncia, ponderando-os pela distncia de cada um localizao de interesse. A Figura 3 exemplifica o exposto, atravs da distribuio de pontos em vias de uma cidade, onde se observa uma regio de influncia, definida pela funo, bem como o estimador e os pontos a serem interpolados

Figura 3: Estimador de intensidade de distribuio de pontos em vias.

Fonte: Adaptado de Bailey; Gatrell, 1995. Org. Patricia Matsumoto.

O estimador gera uma grade em que cada clula representa o valor da intensidade, densidade, mdia, razo entre atributos etc. O valor obtido ser uma medida de influncia das amostras na clula, que varia em funo de parmetros bsicos: o raio de influncia , em que 0 define a vizinhana do ponto a ser interpolado e controla o "alisamento" da superfcie gerada. O raio de influncia define a rea centrada no ponto de estimao, indicando quantos eventos contribuem para a estimativa da funo intensidade (). Um raio muito pequeno ir gerar uma superfcie muito descontnua, e se for grande demais, a superfcie poder


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ficar muito amaciada. Outro parmetro a funo de estimao com propriedades de suavizao do fenmeno, em que h representa a distncia entre a localizao que se deseja calcular a funo e o evento observado, definindo a suavizao da superfcie gerada. Para grandes larguras h a intensidade estimada suave e, para

pequenas larguras, a intensidade tende a dar picos centrados nos pontos (CMARA, CARVALHO, 2001, p.5-6).

No estimador de Kernel so calculadas as distncias de cada ponto aos eventos observados que estiverem dentro da regio de influncia limitada pela

distncia h . Supondo que s represente uma localizao em uma regio R, iss...

so localizaes de n eventos observados, onde ih a distncia entre o ponto s e a

localizao is . Assim, a funo de Kernel interpola um valor de intensidade para

cada clula de uma grade, considerando uma funo simtrica, utilizando-se para o clculo os pontos situados at certa distncia do centro da clula (CARNEIRO; SANTOS; QUINTANILHA, 2005, p.4).

Em um Kernel qurtico, como funo bivariada, para obter uma estimativa da intensidade do padro de pontos, em que cada ponto corresponde apenas ocorrncia do evento, trata-se de um estimador de intensidade ou eventos por unidade de rea, conforme a frmula (1).

22

1 1

3

i

n

i

h (1)

Onde, corresponde a 3,141592;

h a distncia entre o ponto s e a localizao is e;

o raio de influncia que define a vizinhana do ponto a ser interpolado.

Se existe um valor associado ao ponto deve-se utilizar a frmula (2), que representa a quantidade do atributo por unidade de rea.

ii

n

i

yss

1

2

1 (2)

Onde, iy o atributo do evento analisado e;

iss a distncia h entre o ponto estimado e o que se quer estimar;

O estimador de intensidade muito til para fornecer uma viso geral da

distribuio dos eventos num determinado espao, uma vez que gera mapas interpolados definindo a percepo de maior ou menor intensidade. Essa funo elementar para auxiliar nas anlises espaciais de localizao de eventos, de modo a verificar suas concentraes em determinados espaos, neste caso, a ocorrncia de acidentes de trnsito em Presidente Prudente.

Os acidentes de trnsito em Presidente Prudente


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O municpio de Presidente Prudente est localizado a -22.12 de latitude e -51.38 de longitude, ao oeste do estado de So Paulo (Figura 4). A cidade possui 207.625 habitantes e uma rea de 562,80 km (CENSO IBGE, 2010), tendo a rea urbana aproximadamente 124 km.

Figura 4: Localizao do municpio de Presidente Prudente. Fonte: Base cartogrfica do IBGE. Org. Patricia Matsumoto.

O municpio foi fundado em 1917, entretanto, teve seu maior crescimento

urbano a partir da dcada de 1970, quando a intensificao do uso dos automveis trouxe a conotao simblica de desenvolvimento. Desse modo, a partir dessa dcada foi se concentrando uma grandiosa frota automotora, que com o passar dos anos, gerou a necessidade de uma readequao do espao de circulao na cidade.

Atualmente, segundo o Departamento Estadual de Trnsito de So Paulo (DETRAN - SP), em Presidente Prudente h uma frota de 109.883 veculos registrados no municpio, os quais, 65.431 so automveis, 22.303 motocicletas/motonetas, 3.603 caminhonete/caminhoneta/utilitrio, 1.018 micronibus/nibus, 1.016 semi-reboques/reboques, 3.348 caminhes e 4.473 em outras categorias (DETRAN, 2010). Tendo em vista que o municpio possui 207.625 habitantes (IBGE, 2011), existem 1,88 pessoas para cada veculo registrado no municpio ou, contraditoriamente, existem 0,5 veculos para cada pessoa. Esses so somente os dados dos veculos registrados no municpio, desconsiderando os veculos flutuantes de outras regies que residem na cidade4.

Essa grande frota circulando cotidianamente pelo espao intraurbano revela uma mudana de comportamento da populao ao longo dos anos: os veculos individuais tm sido privilegiados em detrimento dos coletivos. Ocorrem mudanas dos hbitos no consumo idealizado de veculos, em que os automveis passam a representar, alm de facilidade no deslocamento, status para o indivduo.

4 muito comum veculos flutuantes de estudantes que residem temporariamente em Presidente Prudente e

tambm de pessoas que moram nas cidades vizinhas e que se deslocam diariamente estes veculos no so registrados em Presidente Prudente, mas aumentam a frota de veculos no municpio.


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Ademais, as oportunidades para obtenes de veculos tm sido facilitadas por polticas creditcias e at mesmo por um aumento da renda e de oportunidades. Essas mudanas aconteceram rapidamente nas cidades brasileiras, sobretudo posteriormente a dcada de 1970, criando um problema de circulao, j que o sistema virio no acompanhou a expanso capitalista e territorial das cidades. Assim sendo, faz-se necessrio a realizao de estudos da circulao nas cidades e de alguns de seus fatores pr-determinados e condicionantes, como os acidentes de trnsito, considerando suas causas integradas. Para tanto, importante analisar como os acidentes de trnsito esto distribudos espacialmente em Presidente Prudente e quais so suas principais caractersticas.

A metodologia utilizada para a realizao deste trabalho foi o mapeamento e anlise espacial dos acidentes de trnsito, em que se adotou como procedimentos metodolgicos a coleta de dados dos BOs de acidentes de trnsito do municpio, sua digitalizao para georreferenciamento, a Geocodificao de endereos, a anlise e interpretao dos dados localizados e a aplicao de tcnicas de estatstica espacial para identificar concentraes.

Os dados foram coletados de BOs5 manuais e digitalizados em uma planilha do Microsoft Excel 2003. Posteriormente, para a localizao dos acidentes de trnsito no municpio de Presidente Prudente foi utilizado o software ArcView 3.2, por meio da ferramenta de Geocodificao, a qual faz uma relao entre um tema de base do endereo e as planilhas de endereos do fenmeno com seus atributos - neste caso, os acidentes de trnsito com o logradouro e outras variveis. Para isso, a ferramenta estabelece as propriedades de Geocodificao do tema e cria um arquivo ndice de Geocodificao.

A Geocodificao um processo que compara dois endereos para determinar se eles so o mesmo, tanto na tabela de endereos criada como na tabela de atributo no tema de referncia, fazendo a plotagem dos eventos quando relacionados. Essa tcnica extremamente til para georreferenciar fenmenos que contenham amplos bancos de dados, como o caso deste trabalho.

Aps o georreferenciamento dos dados por meio da Geocodificao de endereos foi identificado um total de 3.564 fatos, considerando um perodo de oito meses, de junho de 2009 at janeiro de 2010. Ao longo desse tempo foi calculado uma mdia de 445 acidentes por ms, contudo, os mesmos ocorreram em maior frequncia no ms de novembro e menor no ms de janeiro, conforme se observa no Grfico 5.

5 No 18 BPM/I de Presidente Prudente existem dois tipos de BOs: os manuscritos e os digitais. Os manuscritos

so feitos pelos policiais no momento do acidente, onde as viaturas se deslocam, geralmente quando h vtimas lesionadas ou quando o veculo sofre algum dano mecnico, tornando-se impossibilitado de rodar para comparecer at o posto policial de atendimento mais prximo. J os BOs digitais so feitos por iniciativa dos prprios envolvidos (acidentes sem vtimas), os quais devem se deslocar at a base policial mais prxima ao local do acidente - normalmente esses BOs so feitos de forma mais simplificada para fins de agilizar seguros, atestados, preservao de integridade, garantias etc.


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Grfico 5: Distribuio dos acidentes de trnsito de junho de 2009 a janeiro de 2010.

459431 436

501

440

517

426

354

300

350

400

450

500

550

Jun

ho

Julh

o

Ago

sto

Sete

mb

ro

Ou

tub

ro

No

vem

bro

De

zem

bro

Jan

eiro

2009 2010

N

mer

o

de

ac

iden

tes

Fonte: Dados de BOs de acidentes de trnsito 18 BPM/I. Org. Patricia Matsumoto.

Os meses de setembro e novembro apresentaram crescimentos

significativos (Grfico 5), em contrapartida, o ms de janeiro teve intenso declnio de sua reta. O ms de novembro representou 15% do total de acidentes, setembro 14%, junho 13%, julho, agosto, outubro e dezembro representaram 12% cada um e, janeiro representou 10% dos 3.564 acidentes, nos oito meses.

Estes dados revelam a realidade material da cidade no que tange a sua dinamicidade, ou seja, os dados de acidente de trnsito vo de encontro com os perodos em que h maior quantidade de fluxos de veculos. Presidente Prudente conhecido como municpio polarizador dos servios em toda regio. considerada cidade universitria, alm de concentrar servios, comrcio e indstria, atraindo pessoas dos municpios vizinhos.

Analisando os meses de julho, dezembro e janeiro - considerando os dois primeiros parcialmente e o terceiro integralmente de frias - tiveram os menores nmeros de acidentes. Julho e Dezembro como meses de perodo letivo e frias possuem uma mdia de 428 acidentes, j o ms de janeiro considerado integralmente de frias, totaliza o menor registro dos fatos, somente 354.

Os SIGs so excelentes ferramentas para se tratar os eventos do trnsito, j que os acidentes de trnsito constituem um fenmeno espacial dinmico, de causas integradas. O banco de dados elaborado neste trabalho contm inmeras variveis, como: a natureza do acidente, o dia da semana em que ocorreu o fato, a hora, o sexo e a idade dos envolvidos, as caractersticas do veculo, o tipo de acidente, as condies do tempo e da pista, entre outros. Sendo assim, o SIGs possibilitam construir anlises rpidas e precisas para se obter respostas a esse fenmeno que se altera no tempo e espao.

Uma ferramenta muito utilizada no SIG a Query Builder, que gera consultas por apontamento atravs da seleo das variveis e algumas codificaes, como smbolos de , =, = and, or,e not. Em um banco de dados se pode fazer a seleo da varivel desejada, cruzar informaes correlacionadas e obter as respostas na View, ou mesmo no banco de dados.

A ferramenta identifica os dados selecionados de acordo com a consulta indicada pelo usurio do sistema. Quando identificado os atributos de interesse se pode extrair um novo tema, convertendo-o em formato .shp, em que se poder aplicar outras tcnicas, como as de estatstica espacial. Uma anlise espacial da distribuio dos acidentes demonstra onde os mesmos esto alocados e identifica


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mais facilmente comportamentos diferenciados de acordo com as variveis selecionadas a serem analisadas. Para aplicar as tcnicas de estatstica espacial foi utilizado o software TerraView 3.3.1, com a gerao de mapas de Kernel.

Por meio da ferramenta Query Builder e da extrao do tema foi feito uma consulta para identificar onde esto e quais so os acidentes que ocorreram nos sbados entre as 7 e s 14 horas e entre as 14 e 21 horas, assim como durante a semana nas mesmas horas, considerando o perodo de anlise de oito meses. Para isso, no cruzamento da varivel hora com o dia da semana foi aplicado a tcnica do estimador de Kernel, de modo a identificar as concentraes entre os sbados e os dias da semana, nas primeiras e ltimas horas, verificando as diferenas de concentraes, conforme se observa na Figura 6A e 6B e na Figura 7A e 7B.

Figura 6: Acidentes de trnsito nos sbados: A) entre as 7 e 14 horas B) entre as 14 e 21 horas.

Fonte: Dados de BOs de acidentes de trnsito 18 BPM/I. Org. Patricia Matsumoto.

Figura 7: Acidentes de trnsito nas teras-feiras: A) entre as 7 e 14 horas B) entre as 14 e 21 horas. Fonte: Dados de BOs de acidentes de trnsito 18 BPM/I. Org. Patricia Matsumoto.

Observando as duas figuras possvel inferir que a diferena nas horas um fator de influncia para os deslocamentos da ocorrncia de acidentes nos sbados, pois na Figura 6 A ocorre concentrao alta somente no quadriltero central, ou seja, no setor tcnico e comercial da cidade. Em contrapartida, conforme as horas passam, ocorre tambm concentrao alta na localidade do Prudenshopping (Figura 6 B), momento em que esse estabelecimento exerce sua maior centralidade. Quando se analisa os dias da semana, o comportamento da

A B A B

A B


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distribuio espacial dos acidentes um pouco diferenciado, haja vista que nos dois perodos selecionados (das 7 s 14 e das 14 s 21 horas) em todos os dias da semana (segunda-feira at sexta-feira) a concentrao alta se deteve somente no quadriltero central, no se deslocando para reas do Prudenshopping, conforme se verifica nas teras-feiras na Figura 7 A e 7 B.

Apesar de as maiores concentraes terem ocorrido no quadriltero central, quando se considera a varivel hora, desconsiderando o dia da semana e selecionando o perodo em que no h funcionamento do setor tcnico comercial dentro e no entorno do quadriltero central, o ponto crtico a acidentes de trnsito visivelmente deslocado para o bairro Jardim Bongiovani (Figura 8 A), estabelecendo uma relao de lazer noturno/madrugada com a concentrao de acidentes, ao contrrio do quadriltero, que tem suas concentraes altas apenas durante o dia e noite (Figura 8 B e C).

Figura 8: Mapa de Kernel para os acidentes de trnsito: A) Madrugada B) Dia ; C) Noite. Fonte: Dados de BOs de acidentes de trnsito 18 BPM/I. Org. Patricia Matsumoto.

A Figura 8 A demarca a intensidade alta de acidentes no bairro Jardim

Bongiovani, considerando o perodo da madrugada. O bairro concentra bares, boates, casas de shows, moradias estudantis, etc., portanto, percebe-se uma forte relao entre os locais e a hora em que ocorreram os acidentes, visto que nesta localidade comum o flagrante de embriaguez nos condutores, multas por alta velocidade, entre outras infraes6. A Figura 8 A ainda apresenta mdia alta concentrao no cruzamento dos hipermercados Carrefour e Muffato Max, assim como pequeno ponto de concentrao mdia-alta no quadriltero central. J na Figura 8 B, caracterizada pelos acidentes durante o dia (manh at tarde), percebe-se que a alta e mdia-alta concentrao se restringe apenas ao quadriltero e seu entorno, momento em que o local exerce sua maior centralidade. Por fim, na Figura 8 C, caracterizada pelo final da tarde e a noite, a concentrao alta continua no quadriltero e aparece mdia-alta concentrao no Prudenshopping.

Essas diferentes espacializaes dos acidentes de trnsito, tanto em dias diferentes, como tambm nas diferentes horas, demonstram que em Presidente Prudente no existe apenas uma centralidade, mas que as mesmas se modificam a

6 Com a coleta de dados dos BOs foi possvel identificar grande nmero de infraes por irregularidades como o

consumo de bebida alcolica, excesso de velocidade, poluio sonora, apreenso de substncias entorpecentes, entre outras, principalmente no bairro Jardim Bongiovani essas informaes foram identificadas em uma coluna nomeada Observao no banco de dados elaborado nesta pesquisa.

A B C


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todo momento, e podem ser expressas pela ocorrncias de acidentes nos diferentes espaos da cidade.

Desconsiderando os atributos, pela anlise temporal dos oito meses se verificou que os acidentes de trnsito encontram-se concentrados principalmente no centro da cidade, com pouco deslocamento espacial e temporal. Nos oito meses analisados, individualmente, todos seguem o mesmo padro de aglomeraes, com pequenas alteraes na extenso territorial da cidade, porm mostrando as mesmas reas crticas de alta concentrao na rea do quadriltero central, conforme a Figura 9.

Figura 9: Mapa de Kernel para os acidentes de trnsito de junho de 2009 a janeiro

de 2010, individualmente. Fonte: Dados de BOs de acidentes de trnsito 18 BPM/I. Org. Patricia Matsumoto.

Quando se soma todos os acidentes de trnsito desde junho de 2009 at

janeiro de 2010, totalizando 8 meses de dados (Figura 10) o mesmo ocorre: as maiores concentraes esto alocadas no quadriltero central, o que permite constatar que esses mesmos locais possuem algum problema de ordem estrutural, j que no so fenmenos que podem ser explicados por alguma circunstncia momentnea a alta concentrao no acontece somente num ms, podendo ter uma justificativa, mas um problema que aparece em todos os meses -, portanto, precisa ser acompanhado pelas autoridades e necessita de intervenes.


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Figura 10: Mapa de Kernel para os acidentes de trnsito de junho de 2009 a janeiro de 2010.

Fonte: Dados de BOs de acidentes de trnsito 18 BPM/I. Org. Patricia Matsumoto. A Figura 10 demonstra a concentrao alta no quadriltero central, local que

concentra as avenidas mais influentes e o setor tcnico e comercial da cidade, se constituindo como importante rea composta por muitos fluxos dirios, formando o centro da cidade.

Castells (1983) ao discutir o conceito de centro afirma que o mesmo se constitui por um contedo social, ao mesmo tempo em que contm um local geogrfico (Castells, 1983, p. 311). Assim, a centralidade, como um motor das articulaes dos elementos que compem a estrutura urbana, expressaria, ao mesmo tempo, um contedo e uma forma, uma vez que se materializa nos centros propriamente ditos, nos desdobramentos do centro, subcentros, entre outros.

A diferena entre centro e a centralidade que o primeiro conceito refere-se a um espao fsico, que exerce alguma centralidade, ou seja, um movimento de atrao de pessoas, fluxos etc. - movimento centrpeto -, e o segundo o efeito atrativo exercido por algum espao fsico, no necessariamente o centro.

A centralidade criada por subcentros aumenta o fluxo de pessoas e veculos, caracterizando um trnsito mais lento e tenso, com maior probabilidade a ocorrncia dos fatos, o que denota certa concentrao dos acidentes e isso perceptvel em Presidente Prudente.

Os acidentes que acontecem nos bairros e conjuntos habitacionais mais distantes tm pouca concentrao, tendendo a acidentes isolados e aleatrios, sendo motivo de menor prioridade para interveno por parte dos profissionais do trnsito, pois o fato pode ter ocorrido por imprudncia dos condutores, condies adversas do trnsito (tempo, iluminao, buracos etc.), falha mecnica do veculo, entre outros fatores. Em contrapartida, medida que os acidentes se aproximam da rea do centro principal, sua intensidade aumentada, necessitando de intervenes mais complexas, como planejamento, gesto e obras de engenharia de trfego que requerem urgncia em suas execues.

O bairro Jardim Bongiovani (Figura 10) o que se pode chamar de subcentros, pois localiza-se relativamente longe e mesmo assim desempenha


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papis urbanos: exerce centralidade em hierarquia menor que o centro principal da cidade; subcentro porque a concentrao no decorre do centro principal, mas de sua prpria centralidade.

Comparando-se um ms normal do ano com um ms de frias foi possvel identificar uma mudana nos padres de concentrao (Figura 11). O ms outubro considerado normal, pois a rea da educao est em ano letivo e as profisses de modo geral funcionam regularmente nesse perodo, desse modo, neste ms houve uma concentrao mdia, mdia-alta e alta na rea do shopping (principalmente no bairro Jardim das Rosas e Jardim Paulista) e na rea do bairro Jardim Bongiovani houve concentrao mdia. Esses dois pontos agregam elevado nmero de estudantes e funcionrios das universidades, visto que esto presentes as duas maiores universidades da cidade, a UNESP (Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho) e a UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista), e ainda concentra um setor de comrcio e servios local, de lazer noturno, entre outras atividades, de acordo com a Figura 11 A.

Figura 11: Mapa de Kernel para os acidentes de trnsito: A) outubro, ms regular; B) janeiro,

ms de frias. Fonte: Dados de BOs de acidentes de trnsito 18 BPM/I. Org. Patricia Matsumoto.

J no ms de frias, janeiro, a concentrao presente na Figura 11 A

aparece em menor intensidade na Figura 11 B, tanto ao eixo sudeste da cidade (rea do Jardim Bongiovani) que passa de mdia para mdia-baixa concentrao, quanto no eixo noroeste (rea do Prudenshopping) que passa de alta e mdia-alta concentrao para mdia-baixa ou baixa. No ms de janeiro (Figura 11 B) as concentraes presentes em outubro (Figura 11 A) diminuem, ou desaparecem.

Presidente Prudente considerada uma cidade universitria, pois detm importantes universidades, como a UNESP, Unoeste, UniToledo (Centro Universitrio Toledo) e Uniesp (Unio das Instituies Educacionais do Estado de So Paulo), logo, detm elevada quantidade de estudantes, que representam grande movimento na cidade. Sendo assim, percebeu-se uma relao de que quando os mesmos esto em perodo de frias, h uma diminuio das ocorrncias em acidentes de trnsito.

Todos os lugares que modificaram seus pontos de concentrao expressam alguma centralidade - shopping, universidades, centro comercial e de servios, rea

A B


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de lazer noturno, hipermercados, entre outros. Nesse sentido, como o municpio composto, em grande parte, por estudantes, perceptvel a influncia das frias na diminuio do nmero de acidentes de trfego, quando parte da populao sai para as frias.

As tcnicas aplicadas neste trabalho, com auxlio do SIG e da estatstica espacial, se mostraram elementares para analisar a distribuio dos acidentes de trnsito e para se identificar caractersticas, padres de intensidade e dependncia entre estes fenmenos, pois estas tcnicas indicam os locais crticos a acidentes e ainda so capazes de traar caractersticas importantes dos acidentes que podem ajudar a diminuir e prever as ocorrncias.

Consideraes finais

Mapear o fenmeno dos acidentes de trnsito importante porque quando

identificados, os mesmos indicam quais so os locais mais afetados, demonstrando os pontos crticos que precisam de interveno, seja na infraestrutura de obras de engenharia de trfego ou em medidas poltico-sociais. Devido ao perodo em que vivemos, em que os modos de vida da populao refletem o consumo excessivo de veculos e a prioridade de deslocamentos individuais, o trnsito um tipo de fenmeno que necessita de peridica manuteno, atuando em constante mudana no desenvolvimento econmico e assim refletindo nos espaos de circulao.

As novas geotecnologias e a aplicao de estatstica espacial possibilitaram criar alguns diagnsticos acerca do comportamento dos acidentes de trnsito em Presidente Prudente, possibilitando a comparao das estatsticas dos fatos no tempo e no espao, que revelam como o problema evolui e qual o seu grau de gravidade em alguns locais da cidade. Apesar de pouco deslocamento das concentraes ao longo dos oito meses de anlises, identificou-se um ponto mais crtico, o quadriltero central, sendo este um problema permanente, que por sua vez, deve rapidamente ser suprimido.

Na medida em que foram aumentando as necessidades de deslocamento, em funo do aumento da populao, da mudana de hbitos, econmica, ou do aumento da renda, o espao urbano foi sendo adaptado de forma desconexa. Assim, possvel perceber que em Presidente Prudente o ponto mais prejudicado o quadriltero central e seu entorno - centro principal da cidade -, sito a local de primeira expanso do municpio, que ao longo dos anos no sofreu modificaes nas infraestruturas, ao passo que o nmero de habitantes, o modo de vida e a economia continuaram crescendo. Nesse sentido, a tendncia cada vez mais esse local ser um ponto de alta concentrao de acidentes, merecendo maior ateno.

Nas anlises espao-temporais dos acidentes houve um deslocamento dos mesmos durante os meses de frias e em perodo regular, haja vista que no ms de janeiro as concentraes diminuram ou desapareceram de alguns locais, enquanto que em outubro, perodo letivo, os mesmos refletem aglomeraes intensificadas.

Ademais, outros pontos bastante prejudicados so os novos subcentros, principalmente a rea do Prudenshopping, do bairro Jardim Bongiovani, dos hipermercados e cruzamentos de algumas vias importantes para a cidade. Em muitos desses locais no apenas as condies fsicas causadoras dos acidentes, mas a elevada frota de veculos e a imprudncia dos condutores. Nestes casos, h a necessidade de maior rigor na legislao e sua fiscalizao, pois em fatos como


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embriaguez, por exemplo, poucas penas so imputadas aos infratores graves, possibilitando, ou at mesmo incentivando novas aes.

Outro fator que modificou a localizao dos acidentes foi a hora e dia da semana. Percebe-se que em dias da semana, principalmente em perodos de funcionamento do comrcio do centro de Presidente Prudente, sito ao quadriltero central, h concentrao alta, todavia, conforme as horas passam e o mesmo se mantm fechado, h um deslocamento dessa concentrao para os arredores do Prudenshopping. Quando se seleciona o dia da semana de sbado, a concentrao alta no shopping j se inicia no perodo da tarde, diferente dos dias da semana em que isso no ocorre. Essa anlise aponta que quando o comrcio do quadriltero central est em funcionamento h concentrao de acidentes, caso contrrio, h uma diminuio e deslocamento para outras reas da cidade. As variveis hora e dia da semana expressam as diferentes centralidades existentes em Presidente Prudente, que vo se deslocando conforme a apropriao e utilizao dos espaos durante o dia, na cidade.

Os SIGs e as tcnicas de estatstica espacial so importantes ferramentas para auxiliar no gerenciamento das atividades de trnsito de um municpio. Para a realizao deste trabalho foi criado um extenso banco de dados, contendo inmeras informaes, que facilmente podem ser atualizadas e combinadas, possibilitando consultas complexas de forma rpida, que por sua vez, podem respaldar decises e subsidiar projetos a serem desenvolvidos pelas entidades responsveis, realizando a manuteno dos acidentes de trnsito, tornando o trnsito mais seguro e fluido.

O conhecimento desta pesquisa pode ser colocado a disposio do poder pblico, para que possam fazer anlises atravs do banco de dados e utilizar essas metodologias para gerenciar o trfego, atentando aos pontos crticos de acidentes. Deste modo, pode-se buscar a supresso dos mesmos atravs das anlises nos locais referidos, seja atravs de uma reestruturao da engenharia de trfego, ou mesmo em campanhas e mudanas poltico-sociais. Pondo em prtica os conhecimentos apresentados possvel acreditar em uma cidade com um sistema virio bem estruturado, com livre circulao e uma diminuio das ocorrncias de trnsito.

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Recebido em 8 de maro de 2012. Revisado em 25 de agosto de 2012.

Aceito em 28 de agosto de 2012.

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