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Considere a história em quadrinhos que segue, baseada no filme expressionista alemão O gabinete do dr. Caligari (1929), para responder às questões 1 e 2.

1. Analisando a linguagem verbal e não verbal dos quadrinhos, só não é correto afirmar:a) Seguindo a estética expressionista, o espaço da narrativa, as

expressões das personagens e a distribuição dos planos são sombrios, anunciadores de uma tragédia ou de momentos de grande tensão.

b) No 5º quadrinho, ao centro e sozinha, a personagem feminina se encontra num ambiente mais claro, num plano mais afastado das outras personagens, revelando estar completamente alheia ao que se passa em redor.

c) A fala “Foi assim que aconteceu” equivale ao conhecido início de histórias “Era uma vez…”.

d) Depreende-se do contexto que a história principal — extraordinária — será contada pela personagem masculina mais nova.

e) No último quadrinho, a fala da personagem é dirigida não somente ao seu interlocutor na história, mas também ao leitor, razão por que seu rosto se encontra em close.

2. Assinale a opção que analisa incorretamente a construção dos textos apresentados.a) Os diálogos são concisos e diretos, imprimindo dinamismo à ação

da narrativa.b) As reticências, que predominam nos diálogos, indicam certa

divagação e também enfatizam o clima sombrio e de mistério na história.

c) O olhar perdido do rapaz tanto parece seguir o vulto da noiva quanto indicar que ele está voltando no tempo para contar sua história.

d) A fala “A pobre jamais se recuperou do que aconteceu” justifica o caminhar autômato e alheio da jovem.

e) A fala do último quadrinho poderia ser o início da história, sem prejuízo da coesão e coerência na sequência narrativa.

3. No cotidiano, as pessoas têm acesso a informações por meio de diferentes meios de comunicação. A seguir, há vários símbolos usados em áreas diferentes. Assinale a alternativa em que todos os elementos não estejam relacionados à diversão.

a)

b) :@ :-*

c) d) ♠♣♥♦e) @ ® ©

http://www.joseaguiar.com.br/sgg/index.php?cmd=imageform&gallery=/quadrinhos/hq_autoral/quadrinhofilia//&image=003_Quadrinhofilia.jpg (acesso em 12 jun. 2009)

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4. Analise a imagem a seguir, para responder à questão.

Essa imagem foi usada para falar de um grave problema de saúde pública, que são as dores na coluna. Ela pode ter sido peça publicitária dos seguintes produtos, exceto:a) colchão.b) calçado.c) cama.d) remédio.e) travesseiro.

5. As sinalizações, presentes nos vários lugares sociais, servem para informar ou alertar as pessoas de maneira rápida. Sobre as placas a seguir pode-se afirmar que:

a) Todas indicam proibição da ação a todo momento.b) A I e a II indicam proibição da ação a todo momento.c) A I e a III indicam proibição da ação a todo momento.d) A I e a II indicam proibição em momentos específicos.e) A II e a III indicam proibição em momentos específicos.

6. Leia esta peça publicitária, atentando ao uso dos sinais de libras (linguagem brasileira de sinais).

ELA NASCEU PARA DORMIR DE DIA.

VOCÊ NÃO.

Figura I Figura II Figura III

Considerando esse canal de comunicação e sua função no texto, assinale a alternativa correta quanto à sua interpretação.a) O texto é dirigido a um público específico, os surdos-mudos — que,

de outra forma, não compreenderiam a mensagem —, procurando convencê-los de que o produto oferecido vai ajudá-los a ouvir.

b) Como se trata de uma produtora de som, o anúncio explica, com os sinais de libras, por que não consegue agradar a todos.

c) Visando à inclusão social, ao usar os sinais de libras, a empresa pressupõe que o leitor está habilitado a decifrá-los e empregá-los.

d) Relacionando os sinais com a frase que os antecede, depreende-se que ainda há muito preconceito em relação às pessoas que têm esse tipo de deficiência.

e) O uso desses sinais é uma forma de chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos surdos-mudos.

Imagem para a questão 7.

7. Dizia-se sobre a fotografia que “uma foto vale mais que mil palavras”. Nos dias atuais, os emoticons (ícones que informam emoção) têm essa função, mesmo não substituindo tantas palavras como a fotografia. Entretanto, o seu uso está limitado a ocasiões específicas. Considerando a utilização desses ícones, assinale a alternativa correta.a) Podem ser usados em mensagens formais. b) Podem ser usados em mensagens informais.c) Podem ser usadas tanto em mensagens informais quanto formais.d) Podem ser usados em mensagens formais desde que

complementem a mensagem.e) Podem ser usados em mensagens formais desde não interfiram

no conteúdo da mensagem escrita.

8. O “internetês” é uma linguagem adotada por vários usuários da internet, principalmente os mais jovens. A variação linguística gerada por esse hábito tem criado muita polêmica entre os estudiosos. Assinale a alternativa em que o posicionamento é contrário ao uso dessa forma de comunicação. a) “‘Quem usa internetês jamais terá capacidade para construir um

discurso complexo’ comentou Ale Carvalho.” (Disponível em: http://www.wooz.org.br/internetinternetes.html,

acesso em 24 jun. 2009)b) “O uso do internetês, no entanto, pode ser muito mais que cacoete

de linguagem e expressar a falta de diálogo contemporânea entre o adulto e o adolescente.”

(Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos asp?codigo=11061, acesso em 24 jun. 2009)

c) “Mas, ao que tudo indica, o temido internetês não passa de um simpático bichinho de uma cabecinha só.”

(Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11685, acesso em: 24 jun. 2009) Revide, ano 22, edição 460, n. 26, 26 jun. 2009, p. 48.

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Texto para a questão 9.

É preciso pensar a linguagem humana como lugar de interação, de constituição das identidades, de representação de papéis, de negociação de sentidos, por palavras, é preciso encarar a linguagem não apenas como representação do mundo e do pensamento ou como instrumento de comunicação, mas sim, acima de tudo, como forma de interação social.

http://www.webartigos.com/articles/12166/1/motivacao-e-linguagem/pagina1.html

Os anéis olímpicos, símbolo idealizado em 1913 pelo barão de Coubertin, organizador das Olimpíadas modernas.

9. Com base na afirmação e na imagem acima é possível concluir:I. Utilizando-se da linguagem corporal, uma das dimensões da lin-

guagem humana, os esportes olímpicos podem ser um meio de interação social entre diferentes povos e culturas.

II. Apesar de não utilizarem a linguagem corporal, uma das dimen-sões da linguagem humana, os esportes olímpicos podem ser um meio de interação social entre diferentes povos e culturas.

III. Apesar de utilizarem a linguagem corporal, uma das dimensões da linguagem humana, os esportes olímpicos não podem ser um meio de interação social entre diferentes povos e culturas, pois visam, exclusivamente, a competição.

a) Ib) IIc) I e IId) I e III.e) II e III

Texto para a questão 10.

Daí então este homemFoi para outro lugar,Conheceu que pra viverÉ preciso trabalhar,Tornou-se um trabalhadorDe grandioso valorComeçou se melhorar

Paulo de Souza PreguiçaTrabalhando o ano inteiro,Sem perder dia nem horaNeste país brasileiro,Cada vez mais prosperandoFoi um dia fazendeiro

SILVA, Minelvino Francisco. “O preguiçoso que se virou cachorro a fim de não trabalhar”. In: Cordel. São Paulo: Hedra, 2005, p. 81.

10. Assinale a alternativa em que o conceito relacionado ao Brasil reflete a ideia principal do fragmento.a) “Brasil: ame-o ou deixe-o!”b) “O Brasil é o país do futuro.”c) “Ordem e progresso.”d) “Muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são.”e) “Deus é brasileiro!”

Texto para a questão 11.

Perde o lume dos olhos, pasma e treme,Pálida a cor, o aspecto moribundo,Com a mão já sem vigor, soltando o leme,Entre as salsas escunas desce ao fundo,Mas na onda do mar, que, irado freme,Tornando a aparecer desde o profundo,— Ah! Diogo cruel! — disse com mágoaE sem mais vista ser, sorveu-se na água

Trecho do poema épico Caramuru (1781). VI Canto de frei José de Santa Rita Durão (1722-1784).

11. Qual das obras a seguir foi inspirada no poema de frei Santa Rita Durão?

a) Moema.

b) Marabá.

c) Nu feminino deitado.

d) Iracema.

d) “Em português, ou em qualquer outra língua do mundo, a internet já começa a modificar os habituais meios de comunicação considerados como politicamente corretos.”

(Disponível em: http://www.educador.brasilescola.com/trabalho-docente/internetes.html, acesso em 24 jun. 2009)

e) “O internetês não se trata de uma danação da boa escrita, mas sim de uma reinvenção dos meios que a história da escrita disponibilizou aos homens para eles se comunicarem quando não em presença uns dos outros.”

(Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/sig/article/view/6097/4685, acesso em 24 jun. 2009)

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O romance Memórias de um sargento de milícias é apresentado a seguir em duas versões, em história em quadrinhos e a própria obra literária, respectivamente. Leia-os com atenção e compare-os, para responder às questões 12 e 13.

Texto I

http://hq.cosmo.com.br/images/hqcoisa/h0168_hqliteratura_pagumgrande.jpg (acesso em 26 jun. 2009)

e) O último tamoio. Texto 2

Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir certos enojos: foram os dois morar juntos; e daí a um mês manifestaram-se claramente os efeitos da pisadela e do beliscão; sete meses depois teve a Maria um filho, formidável menino de quase três palmos de comprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão, o qual, logo depois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar o peito. E este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta história.

Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um sargento de milícias.

12. A respeito do contexto histórico-social do romance, só não é possível afirmar:a) O romance retrata camadas humildes da sociedade, como é

possível verificar no texto 1.b) Depreende-se do texto 2 que o casamento passa a ter um valor

secundário, diferente do que acontece na maior parte dos romances românticos.

c) Maria da Hortaliça transgride as regras sociais da época ao engravidar antes do casamento.

d) No romance inteiro, percebe-se que, no grupo ao qual pertence Maria da Hortaliça, as transgressões são mais reprimidas quando comparadas com aquelas presentes em romances como Senhora e A Moreninha, por exemplo.

e) Nos textos 1 e 2, a linguagem é menos metafórica, e o amor e a mulher não são idealizados.

13. Analisando os dois textos, que tratam do mesmo tema em linguagens diferentes, assinale a alternativa que possui uma interpretação correta sobre eles.a) Mesmo sendo um romance romântico, o encontro amoroso entre

Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça ocorre de forma inusitada, por meio de uma pisadela e um beliscão (em destaque no texto 1).

b) O que caracteriza o protagonista da história como anti-herói é o fato de ele ser fruto de uma pisadela e um beliscão.

c) As personagens, embora engraçadas, são semelhantes às dos textos românticos de José de Alencar ou Joaquim Manuel de Macedo.

d) O encontro das personagens torna-se menos engraçado sob a ótica dos quadrinhos.

e) Justamente por terem linguagens diferentes, observa-se que o texto 2 não dá sequência coerente ao texto 1.

14. O estilo barroco predominou na Europa nos séculos XVII e XVIII e esteve a serviço do poder absoluto dos soberanos. Em cada país, esse estilo desenvolveu expressões artísticas peculiares, resultante de circunstâncias sociais, culturais e religiosas específicas. No Brasil, o Barroco se manifesta tardiamente, e é em Minas Gerais que se desenvolve o chamado “Barroco Mineiro”, com o arquiteto e escultor Aleijadinho, um dos maiores expoentes do período colonial das Américas. Assinale a alternativa incorreta quanto às características do Barroco brasileiro: a) Igrejas ricamente decoradas no seu interior, com a finalidade de

reconquistar seus fiéis perdidos para a Reforma.b) Predomínio de linhas curvas, colunas sinuosas, altares e púlpitos

recobertos com espirais, flores e anjos.c) Tem como expressão máxima a Igreja de São Francisco de

Assis, em Belo Horizonte, com sua arquitetura majestosa e mural ricamente decorado.

d) Construções avarandadas das casas-grandes.e) O Barroco brasileiro é centrado em três temas: cultismo,

conceptismo, teocentrismo × antropocentrismo.

15. Analise o prólogo da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e responda à questão.

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AO VERME QUE PRIMEIRO ROEU AS FRIAS CARNES DO MEU CADÁVER DEDICO COMO SAUDOSA LEMBRANÇA ESTAS MEMÓRIAS PÓSTUMAS

Ao leitorQue Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para

cem leitores, coisa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará, é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinquenta, nem vinte, e quando muito, dez… Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevia-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual; ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.

Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.

Brás Cubas

Nesse prólogo, o narrador faz referências a alguns escritores. De acordo com o narrador, infere-se dessas referências:a) O narrador se inspirou em Stendhal para escrever suas memórias.b) O narrador foi fiel à maneira de escrever de Sterne e de Xavier

de Maistre.c) A leitura de autores estrangeiros, especialmente os franceses,

era hábito no século XIX, de cuja fonte os escritores brasileiros bebiam.

d) Pessimismo e melancolia são características de Stendhal e Sterne, de quem o narrador recebeu influências.

e) A influência da forma livre de Sterne e de Maistre levou-o a escrever um prólogo com “menos coisas”.

16. Analise os textos seguintes e responda ao que se pede.

Texto 1

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava:

— Ai! que preguiça!…Mário de Andrade. Macunaíma.

Texto 2

O caboclo continua de cócoras, a modorrar…Nada o esperta. Nenhuma ferretoada o põe de pé. Social, como

individualmente, em todos os atos da vida, Jeca, antes de agir, acocora-se.

Jeca Tatu é um piraquara do Paraíba, maravilhoso epíto¬me de carne onde se resumem todas as características da espécie. Ei-lo que vem falar ao patrão. Entrou, saudou. Seu primeiro movimento após prender entre os lábios a palha de milho, sacar o rolete de fumo e disparar a cusparada d’esguicho, é sentar-se jeitosamente sobre os calcanhares. Só então destrava a língua e a inteligência.

— Não vê que…De pé ou sentado as ideias se lhe entramam, a língua emperra e

não há de dizer coisa com coisa.Monteiro Lobato. Urupês.

Os dois textos possuem características semelhantes a seguir, exceto:

a) Os protagonistas, Macunaíma e Jeca Tatu, respectivamente, são personagens que contribuíram, ainda que de forma restrita, para o entendimento de uma identidade do povo brasileiro.

b) As personagens têm como característica semelhante a “preguiça”, justificada, sobretudo, pelo fato de passarem horas na mesma posição: Macunaíma sem se levantar, Jeca Tatu sempre acocorado.

c) Os autores remetem a expressões indígenas, enfatizando a origem primitiva das personagens, que, metaforicamente, é também a dos brasileiros.

d) Macunaíma e Jeca Tatu, tanto quanto Leonardinho (Pataca) e Policarpo Quaresma, são grandes anti-heróis da literatura brasileira.

e) Macunaíma e Jeca Tatu representam fidedignamente as origens do povo brasileiro.

Texto para a questão 17.

O que é o toré? Os Kariri-Xocó são um povo indígena de cultura musical, que têm no toré sua representatividade maior. O toré é um conjunto de cantos e danças indígenas que expressa os acontecimentos históricos, culturais, apresentando, em forma de arte, os fenômenos naturais do universo tribal. O canto conectado com a dança, harmonizado no espírito coletivo, praticado na energia nativa, derrama o suor no chão; os movimentos dos braços trazem a chuva refrescante do inverno. O instrumento musical maracá é tocado de acordo com os batimentos cardíacos do coração, respeitando e seguindo o ritmo da vida. Quem traz o maracá na mão está com o planeta Terra em miniatura, simbolizado no coité. Girar esse instrumento na mão é movimentar o mundo, trazendo o dia, a noite e faz mudar as estações — primavera, verão, outono e inverno. Os círculos dos movimentos da dança representam a circunferência da Terra, do Sol e da lua, a aldeia, a maloca, o círculo da vida. Nhenety Kariri-Xocó.

http://www.indiosonline.org.br/blogs/index.php?blog=115&p=2580&more=1&c=1.

17. Com base no texto lido, é possível concluir:I. A expressão corporal é uma forma de comunicação utilizada

pelos povos indígenas para expressar a sua cultura e os seus va-lores.

II. O toré, dança indígena, revela uma relação dos povos indígenas com o mundo, baseado na linguagem corporal.

III. O toré, dança indígena, não pode ser reconhecida como uma forma de linguagem, porque se utiliza da expressão corporal.

Está(ão) correta(s):a) Ib) IIc) I e IId) I e IIIe) II e III

18. Leia com atenção esta crônica de Rubem Braga.

Almoço mineiro

Éramos dezesseis, incluindo quatro automóveis, uma charrete, três diplomatas, dois jornalistas, um capitão-tenente da Marinha, um tenente-coronel da Força Pública, um empresário do cassino, um prefeito, uma senhora loura e três morenas, dois oficiais de gabinete, uma criança de colo e outra de fita cor-de-rosa que se fazia acompanhar de uma boneca.

Falamos de vários assuntos inconfessáveis. Depois de alguns minutos de debates ficou assentado que Poços de Caldas é uma linda cidade. Também se deliberou, depois de ouvidos vários oradores, que estava um dia muito bonito. A palestra foi decaindo, então, para assuntos muitos escabrosos: discutiu-se até política. Depois que uma senhora paulista e outra carioca trocaram ideias a respeito do separatismo, um cavalheiro ergueu um brinde ao Brasil. Logo se levantaram outros, que, infelizmente, não nos foi possível anotar, em vista de estarmos situados na extremidade da mesa. Pelo entusiasmo reinante supomos que foram brindados o soldado desconhecido, as tardes de outono, as flores dos vergeis, os proletários armênios e as pessoas presentes. […]

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Mas nós todos sentíamos, no fundo do coração, que nada tinha importância […]. Acima de tudo pairava o divino lombo de porco com tutu de feijão. O lombo era macio e tão suave que todos imaginamos que o seu primitivo dono devia ser um porco extremamente gentil, expoente da mais fina flor da espiritualidade suína. O tutu era um tutu honesto, forte, poderoso, saudável. […]

Havia arroz sem colorau, couve e pão. Sobre a toalha havia também copos cheios de vinho ou de água mineral, sorrisos, manchas de sol e a frescura do vento que sussurrava nas árvores. E no fim de tudo houve fotografias. É possível que nesse intervalo tenhamos esquecido uma encantadora linguiça de porco e talvez um pouco de farofa. Que importa? O lombo era o essencial, e a sua essência era sublime. Por fora era escuro, com tons de ouro. A faca penetrava nele tão docemente como a alma de uma virgem pura entra no céu. A polpa se abria, levemente enfibrada, muito branquinha, desse branco leitoso e doce que têm certas nuvens às quatro e meia da tarde, na primavera. O gosto era de um salgado distante e de uma ternura quase musical. Era um gosto indefinível e puríssimo, como se o lombo fosse lombinho da orelha de um anjo ouro. Os torresmos davam uma nota marítima, salgados e excitantes da saliva. O tutu tinha o sabor que deve ter, para uma criança que fosse gourmet de todas as terras, a terra virgem recolhida muito longe do solo, sob um prado cheio de flores, terra com um perfume vegetal diluído mas uniforme. E do prato inteiro, onde havia um ameno jogo de cores cuja nota mais viva era o verde molhado da couve — do prato inteiro, que fumegava suavemente, subia para a nossa alma um encanto abençoado de coisas simples e boas.

Era o encanto de Minas.BRAGA, Rubem. Morro do Isolamento. Rio de Janeiro: Record, 1982. p. 121.

O gênero crônica tem como alimento principal fatos do cotidiano, desde os mais simples até o de relevância nacional. Na crônica apresentada,a) as personagens são as dezesseis pessoas, sem contar os meios de

transporte. Todos participam da história ativamente.b) antes de abordar o tema principal da crônica, o almoço, o

narrador descreve como estava o ambiente até pouco tempo antes do almoço: alguns assuntos importantes, poucos oradores, muita discrição e reserva por parte dos presentes.

c) na descrição do lombo de porco com tutu de feijão, o narrador lança mão de vários sentidos para formar a imagem ideal dessa comida: “O lombo era macio e tão suave”, “Por fora era escuro, com tons de ouro” etc. Em várias passagens, praticamente personifica essa comida: “tutu honesto, forte, poderoso”.

d) o lombo com tutu de feijão estava tão divino, que, na opinião do narrador, fez calar os presentes e praticamente encerrar a conversa entre eles.

e) o encanto de Minas a que se refere o narrador é o almoço mineiro.

Figuras para a questão 19.

(1) Casal Arnolfini, Botero.

(2) Mademoiselle Riviere, Botero.

19. As obras apresentadas são de autoria do pintor e escultor colombiano Fernando Botero (1932-) que faz uma releitura de mestres famosos, de uma forma satírica, com figuras rotundas e estáticas. A figura 1 pertenceu ao movimento que floresceu na Itália e difundiu-se por toda a Europa e colocava o homem como centro do Universo. Dominou todo tipo de técnica: pintura a óleo, afresco, têmpera, a técnica do sfumato e o estudo da perspectiva. A figura 2 pertenceu ao movimento que buscava os modelos clássicos do passado greco-romano: harmonia e beleza. Os melhores artistas eram aqueles que copiavam com maior perfeição as formas criadas pelos gregos e renascentistas italianos. Os movimentos em questão são: a) Romantismo e Realismo.b) Barroco e Realismo.c) gótico e neoclássico.d) Renascimento e Realismo.e) Renascimento e Neoclassicismo

20. Leia com atenção os seguintes versos de Manoel de Barros.

Havia um muro alto entre nossas casas.Difícil de mandar recado para ela.Não havia e-mail.O pai era uma onça.

No verso em destaque, está presente a metáfora, figura de linguagem que consiste no emprego de uma palavra com um sentido que não é aquele do dicionário, sendo o novo sentido resultante de uma relação de semelhança entre os elementos. Assinale a opção cujo(s) verso(s) apresenta(m) essa mesma figura de linguagem.a) “A bola não é a inimiga como o touro, numa corrida.” (João Cabral de Melo Neto)b) “O samba é pai do prazer O samba é filho da dor.” (Caetano Veloso)c) “Quando a Indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável) Talvez eu tenha medo.” (Manuel Bandeira)d) “O cipreste inclina-se em fina reverência e as margaridas estremecem, sobressaltadas.” (Cecília Meireles)e) “Moça linda bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor!“ (Mário de Andrade)

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21. Assinale a alternativa em que a palavra destacada está em sentido denotativo.a) “Aquele restaurante de bairro é do tipo simpatia/classe média. Fica

em rua sossegada, pequeno, limpo, cores repousantes, comida razoável, preços idem, não tem música de triturar os ouvidos.”

(ANDRADE, Carlos Drummond de. “Esparadrapo”. In: 70 historinhas. Rio de Janeiro: Best Seller, 2008. p. 169.)

b) “O rapaz, durante e tanto, montado no bom cavalo, à espora avante, galgando. Sempre agudamente olhava. Podia seguir com os olhos como o rastro se formava.”

(ROSA, Guimarães. “Sequência”. In: Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 116.)

c) “Quando alguém começa a frase com ‘Eu não sou racista, mas…’, você pode estar certo de que o que segue será uma declaração racista que desmentirá espetacularmente o seu preâmbulo.

(Verissimo, Luis Fernando. “Preâmbulos”. In: O melhor das comédias da

vida privada. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. p. 273.)

d) “Quando a mulher entrou em agonia, ele caiu em crise. Atirou-se em cima da cama, aos soluços. Foi arrastado. Debatia-se nos braços dos parentes e vizinhos; esperneava.”

(RODRIGUES, Nelson. “A coroa de orquídeas”. In: Os 100 melhores contos de humor. (COSTA, Flávio Moreira da (org.). Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. p. 483.)

e) “Se um autor faz você voltar atrás na leitura, seja de um período ou de uma simples frase, não julgue profundo demais, não fique complexado: O inferior é ele.”

(QUINTANA, Mario. “Clareiras”. In: A vaca e o hipogrifo. São Paulo: Globo, 2006. p. 110.)

Texto para as questões 22 e 23.

http://educacao.uol.com.br/album/tiras_reforma_album.jhtm

22. O acordo ortográfico, em vigor no Brasil desde 1º de janeiro de 2009, é tema dessa tirinha. Sobre as razões para se haver um acordo ortográfico, não se pode apontar:a) A padronização da forma gráfica de uma língua possibilita uma

intercomunicação social universalista, preservadas a cultura e a identidade de cada país.

b) Duas grafias oficiais de uma língua acarretam problemas na redação de documentos em tratativas internacionais.

c) A padronização gráfica de uma língua pode evitar problemas na publicação de obras de interesse público.

d) Uma ortografia oficial comum é capaz de ampliar o prestígio de um grupo linguístico expressivo, junto a organismos internacionais.

e) As mudanças nas convenções ortográficas significam mudanças linguísticas e culturais, o que, em tempos de globalização, beneficia os países.

23. A personagem Grump faz referência a um importante programa, que auxilia milhões de usuários de computador. Assinale a alternativa correta quanto ao corretor ortográfico.a) Mesmo sendo importante, esse programa deveria ter seu uso

restrito a situações específicas.b) Pelo contexto da tirinha, a personagem Grump é independente

do corretor ortográfico. c) O corretor ortográfico é uma ferramenta bastante prática e

confiável, razão pela qual se podem dispensar os dicionários e as obras de referências impressos.

d) No dia a dia, as pessoas ainda preferem fazer uso dos dicionários impressos ao corretor ortográfico, por confiarem mais no papel.

e) Pela lógica de Grump, o corretor ortográfico já deveria acompanhar as novas regras ortográficas.

Texto para as questões 24 e 25.

http://www.vidaporvidas.com.br/imagens/cartaz_2009.jpg

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Texto 1Compro, logo existo

O shopping center é um centro de comércio que se completa com alimentação (normalmente do tipo fast-food), serviços (bancos, cabeleireiros, correios, academias de ginástica, consultórios médicos, escolas) e lazer (jogos eletrônicos, cinema, internet). Ali, o consumidor de mercadorias se mistura com o consumidor de serviços e de diversão, sentindo-se protegido e moderno. Fugindo dos aspectos negativos dos centros das cidades e da busca conjunta de soluções para eles, os shopping centers vendem a imagem de serem locais com uma melhor “qualidade de vida” por possuírem ruas cobertas, iluminadas, limpas e seguras; praças, fontes, bulevares recriados; cinemas e atrações prontas e relativamente fáceis de serem adquiridas — ao menos para os que podem pagar. É como se o “mundo de fora”, a vida real, não lhes dissesse respeito…[…] esse mundo de sonhos que é o shopping center acaba reforçando nas pessoas uma visão individualista da vida, onde os valores propagados são todos relacionados às necessidades e aos desejos individuais — “eu quero, eu posso, eu compro”. Assim, colabora para uma deterioração do ser social e o retardamento do projeto de emancipação de seres mais conscientes, autônomos, prontos para a sociabilidade coletiva — que exige a capacidade da troca desinteressada, da tolerância, da relação verdadeiramente humana entre o eu e o outro, entre iguais e entre diferentes.

Adaptado de Ciência Hoje, maio 2007.

Texto 2

http://1.bp.blogspot.com/_80XShp2nkiM/SP5KfMpkpqI/AAAAAAAAAF8/toidf-Uqzlw/s320/eupodiatamatando_bebe_cheio_de_anuncios1.jpg

Texto 3 Eu etiqueta

Em minha calça está grudado um nomeQue não é meu de batismo ou de cartórioUm nome… estranhoMeu blusão traz lembrete de bebidaQue jamais pus na boca, nessa vida,Em minha camiseta, há marca de cigarroQue não fumo, até hoje não fumei.Minhas meias falam de produtosQue nunca experimenteiMas são comunicados a meus pés.Meu tênis é proclama coloridoDe alguma coisa não provadaPor este provador de longa idade.Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,Minha gravata e cinto e escova e pente,Meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete,Meu isso, meu aquilo.Desde a cabeça ao bico dos sapatos,São mensagens,Letras falantes,Gritos visuais,Ordens de uso, abuso, reincidências.Costume, hábito, premência, indispensabilidade,E fazem de mim homem-anúncio itinerante,Escravo da matéria anunciada.[…]Peço que meu nome retifiquem.

http://www.vidaporvidas.com.br/imagens/cartaz_2009.jpg

24. Em textos publicitários, o uso do modo imperativo é um recurso quase inevitável para atingir o leitor. Nessa peça publicitária, não se pode inferir sobre o emprego do imperativo:a) O imperativo negativo em “Não falta” afasta o leitor do propósito

da peça.b) O imperativo afirmativo está presente nas formas verbais “Pare”,

“Doe” e “Cadastre-se”.c) O uso do imperativo nesse texto tem um tom de pedido.d) A placa “Pare” tem função ambígua no texto: pode ser tanto uma

sinalização ao motorista quanto um pedido de reflexão ao leitor em relação à campanha.

e) Mantém-se a uniformidade de tratamento nas três formas verbais, ou seja, elas estão flexionadas na terceira pessoal do singular.

25. As campanhas publicitárias de caráter social costumam ter um forte apelo sobre o leitor, especialmente se forem veiculadas na grande mídia. Não se pode afirmar sobre esse texto:a) Os tipos sanguíneos indicam a necessidade de doação de todos os

tipos (A, B, AB e O) e fatores (Rh+ e RH-).b) Tanto homens quanto mulheres podem doar sangue, por isso a

campanha é dirigida a todos, indistintamente.c) A frase “Não falta sangue” contrapõe-se, intencionalmente,

às constatações dos bancos de sangue de que “falta sangue no estoque”, por exemplo.

d) O par de frases “Não falta sangue” / “Faltam pessoas” revela um outro olhar sobre a falta de sangue nos hospitais: na verdade, sangue existe, mas faltam pessoas que o doem. Dessa forma, a campanha se torna menos impessoal.

e) Como se trata de uma campanha dos Jovens Adventistas, tem caráter estritamente religioso.

Imagem para a questão 26.

26. Considere a mensagem verbal (Não corra devagar na pista rápida — reVittelise!) e não verbal presente no material publicitário da água mineral Vittel e assinale a alternativa correta:a) Somente a leitura das duas mensagens possibilita a interpretação

correta do material. b) Com apenas a leitura da mensagem verbal já seria possível fazer

a interpretação correta. c) Com apenas a leitura da mensagem não verbal já seria possível

fazer a interpretação correta.d) A mensagem verbal e a não verbal não se complementam,

confundindo o leitor.e) A mensagem verbal apresenta maior carga de significado, sendo

a não verbal um complemento.

27. Leia atentamente os textos a seguir e responda ao que se pede.

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Já não me convém o título de homem.Meu nome é coisa.Eu sou a Coisa, coisamente.

Carlos Drummond de Andrade

O tema em comum desses textos é o consumismo, abordado em formas diferentes, mas semelhantes no conteúdo. A respeito do ponto de vista do enunciador de cada texto, não é correto afirmar:a) No texto 1, apresenta-se o shopping center como um vendedor

de ilusões, o que pode ser justificado com a passagem do texto “os shopping centers vendem a imagem de serem locais com uma melhor “qualidade de vida”.

b) Apesar de abordarem o mesmo tema, o texto 3 se aproxima mais do texto 2, na medida em que este parece ilustrar aquele, explicitando todo o poema.

c) No texto 3, o eu lírico reconhece que está sendo “engolido” pelo mundo das etiquetas e se rebela contra o status quo.

d) Embora a crítica ao consumismo esteja explícita no texto 2, é amenizada pela figura cativante do bebê risonho, feliz e saudável.

e) Nos três textos, o homem moderno dificilmente tem como escapar da ilusão que o consumismo cria, dada a força do apelo de tantos produtos e marcas.

28. Considere os textos a seguir, para responder à questão.

Texto 1

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

Gonçalves DiasTexto 2

Canção do exílio facilitada

lá?ah!sabiá…papá…maná…sofá…sinhá…cá?bah!

José Paulo Paes

Texto 3

Nova canção do exílio (para Cláudia)

Minha amada tem palmeirasonde cantam passarinhose as aves que ali gorjeiamem seus seios fazem ninhos

Ao brincarmos sós à noitenem me dou conta de mim:seu corpo branco na noiteluze mais do que o jasmim[…] Ferreira Gullar

Analise as seguintes afirmativas sobre os textos.I. É nítido o recurso da intertextualidade nos textos 2 e 3 em rela-

ção ao texto 1, ainda que a forma seja diferente.

II. O texto 2 constitui-se uma paródia do texto 1; nele “lá” (ah!) possui as melhores coisas da vida, enquanto “cá” (bah!), tudo de ruim, ou melhor nem comentar.

III. Nos textos 1 e 2, o tom dado pelo eu lírico é de saudosismo, em relação à terra natal e à amada, respectivamente.

É correto o que se afirma em:a) Ib) I e IIc) I e IIId) IIe) III

29. O artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973) é o autor do famoso painel Guernica. Nele, pretendia fazer uma denúncia contra os horrores da Guerra Civil Espanhola e a perpétua desumanidade do homem. O pintor brasileiro Cândido Portinari (1903-1962), desde o início de sua carreira, mostrou grande admiração pela obra de Picasso, reforçada após conhecer Guernica. Uma das séries de pintura que executou, tanto na forma como no conteúdo, mostra claramente a influência do artista espanhol. Qual das obras abaixo Portinari realizou tendo como princípios as características do famoso painel de Picasso?

a) Os eternos caminhantes.

b) Guerra.

c) Pogrom.

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d) O último baluarte.

e) O rapto das sabinas.

Texto para a questão 30.

São Paulo - SPNo umbigo tropical do atlas nacional um santo desgarrado industrial explode-implode tudo que é clichê no país do carnaval.

http://vagalume.uol.com.br/fernanda-abreu/sao-paulo-sp.html (acesso em 22 out. 2008)

30. A letra da música de Fernanda Abreu mostra características específicas relacionadas à cidade de São Paulo. Assinale a alternativa correta quanto a essas características.a) É uma cidade que não se prende à religião, observável no

terceiro verso.b) É uma cidade com muitas obras na construção civil, observável

no terceiro e quarto versos.c) É uma cidade que mantém as tradições nacionais como carnaval,

observável no sexto verso.d) É uma cidade poluída por ser muito industrializada, observável

no terceiro verso.e) É uma cidade que contradiz as ideias feitas que se têm sobre o

Brasil, observável no quarto e quinto versos.

31. Considere os textos a seguir, para responder à questão.

Conforme a propaganda do perfume, “Tarsila tem sua embalagem inspirada na obra Manteau rouge, alusiva a um casaco, ou manto, vermelho usado pela artista num jantar oferecido a Santos Dumont, em Paris. O look vibrante de Tarsila impressionou tanto os convidados, a ponto de a musa do movimento modernista se transformar no centro de atenções da festa. Ao sair do evento, feliz pelo frisson causado, pintou o autorretrato e deu-lhe título em francês”. Autorretrato ou Manteau rouge foi pintado em 1923.

Adaptado de http://porta-voz.com/releases/ler/tarsilarougehomenageiaopoder-damulherbrasileira. (acesso em 12 jun. 2009)

Texto 2 Autorretrato ou Manteau rouge, de Tarsila do Amaral

Considere agora as seguintes afirmativas sobre os textos.I. A propaganda homenageia todas as mulheres brasileiras, mas o

perfume é um produto a ser usado por aquelas que, assim como a artista Tarsila do Amaral, são consideradas elegantes, ousadas, marcantes.

II. A peça publicitária e o perfume estão rodeados por uma aura de glamour, beleza e bom gosto, justificada principalmente pela realeza e presença marcante do vermelho do manto.

III. Ao vincular a obra de arte ao perfume, sugere-se a ideia de bom gosto, sofisticação, beleza e cultura, elementos que agregam valor ao produto, potencializando a estratégia de persuadir o consumidor.

IV. A propaganda, por usar a pintura de Tarsila do Amaral, permite que consideremos o perfume também como uma obra de arte.

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Texto 1Tarsila Rouge homenageia

o poder e a atitude da mulher brasileiraM

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Assinale a opção correta.a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.c) Somente as afirmativas I e IV estão corretas.d) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.e) Somente as afirmativas II e IV estão corretas.

Texto para a questão 32.

Do que adianta tê fama,ter curso de facurdademode apresentá programacom tanta imoralidade,sem iscrupo e sem respeito?quem faz assim deste jeitotá pratando uma cimentepra cuiê crime e tristeza,tá istragando a purezadas criancinha inocente

É uma coisa medonha,eu vejo a maió narquia,eu não sabia se haviatanta farta de vergonha,vi uma moça elegante,bonita e no mesmo instantesua vergonha perdeu,andando pra lá e prá cámode se fotografánuzinha como nasceu

Assistí televisãodesta manêra eu não posso,não sei pra quê meu irmãomandou pra nós este troçoque a gente não se acostuma,eu vi uma tal de Jumatoda nua se banhábem desconfiada e sonsaque já tá virando onçanas terra do Pantaná

ASSARÉ, Patativa do. “Presente dizagradavi”. In: Antologia poética. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2007. p. 313-314.

32. Patativa nasceu em Serra de Santana, Assaré (1909), dedicou a vida à terra e, entre plantar e colher, compunha seus versos. Apresentava-se como cantor nos sítios e fazendas; e, quando ia à feira do Crato, declamava poemas na rádio de Araripe. Com base nessas informações e no texto de Patativa pode-se afirmar que:a) O autor fez uso dessa variação linguística para demonstrar que

essa opinião sobre a televisão é apenas das pessoas que não dominam a língua culta.

b) O autor fez uso dessa variação linguística, pois é a mesma usada por grande parte de seus leitores e ouvintes.

c) O autor fez uso dessa variação linguística como forma de protesto ao problema da falta de escolas em sua região.

d) O autor fez uso dessa variação linguística, pois fazia parte da primeira fase do Modernismo que desprezava a norma culta.

e) O autor fez uso dessa variação linguística para divulgar o regionalismo de onde nasceu.

Texto para a questão 33.

Se há um homem que não precisava ser pintor era esse, cuja vida e amores já conta de maneira tão boa em outra arte, mas sua riqueza interna veio ganhar na pintura uma expressão irmã do samba, e seria fácil reconhecer o ritmista na composição dos quadros… Ele não faz pintura do Partido Alto, para deleite dos ricos, nem traz para a tela as cenas das macumbas e candomblés que frequentou, apenas conta essa vida solta e heroica de cavaquinho na mão e cachaça e mulata, sua vida de seresteiro e trovador de muitas conquistas “não pela cara que tenho, mas pela conversa que eu sei fazer”.

BRAGA, Rubem. Três primitivos. Rio de Janeiro: Ministério da Educação/Serviço de Documentação. Série Os Cadernos de Cultura. n. 63, 1953. p. 14.

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33. O texto se refere a Heitor dos Prazeres (1898-1966), pintor, compositor e marceneiro e um dos responsáveis pela divulgação da arte afro-brasileira da segunda metade do século XX. Por meio de suas obras, preserva e valoriza a cultura africana herdada dos escravos e seus descendentes. Identifique, pelas características descritas, a obra de Heitor dos Prazeres:

a) O baile.

a) Caboclo violeiro.

c) Cena carioca.

d) Congada.

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e) Frevo.

Textos para a questão 34.

Texto 1

http://www.infonauta.com.br/wp-content/uploads/2008/02/itambe1.jpg

Texto 2

Comunicado Iogurte Itambé Fit Light

A Itambé ficou indignada ao tomar conhecimento da propaganda do Iogurte Itambé Fit Light, cujas peças publicitárias se encontram disponíveis na internet e foram criadas pela Agência de Publicidade Salles Chemistri para um festival de propaganda.

As peças publicitárias enviadas pela Agência para o festival não foram submetidas à aprovação da Itambé e, portanto, não expressam os reais valores da Itambé.

Em carta oficial, a Salles assume a responsabilidade pela autoria da campanha.

Ressaltamos que a Itambé, ao longo de seus 59 anos de existência, sempre teve por princípio o respeito a todos os seus consumidores.

34. Analise as afirmações a seguir quanto às principais estratégias argumentativas usadas nos dois textos.I. No texto 1, os autores da peça publicitária usaram do humor —

recurso comum nesse tipo de texto — como forma de amenizar o que pode ser considerado uma falta de respeito com o con-sumidor.

II. Ainda no texto 1, remete-se à imagem de um símbolo sexual, a atriz americana Marilyn Monroe, como modelo a ser seguido (ou com o qual muitos — homens e mulheres — sonham).

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III. No texto 2, a demonstração de indignação da empresa por causa da peça publicitária é fator positivo na recuperação de uma pos-sível queda de imagem perante o público.

Assinale a alternativa correta.a) Somente a alternativa I é correta.b) Somente as alternativas I e II são corretas.c) As alternativas I, II e III são corretas.d) Somente a alternativa II é correta.e) Somente a alternativa III é correta.

Textos para a questão 35.

Para Mauro Betti, o sedentarismo é uma condição que surgiu principalmente pelo aumento da industrialização e da automação, advindas do avanço tecnológico. Essa situação rebaixa a condição física das pessoas em relação ao padrão recomendável para que se tenha um nível de saúde considerado aceitável. Sabe-se que a atividade física regular eleva o nível das capacidades físicas que estão diretamente relacionadas ao bom funcionamento do organismo humano, gerando melhorias em diversas esferas da vida cotidiana.

Caderno do professor. Educação física: ensino médio, 2ª série, 1º bimestre. São Paulo: SEE, 2008. p. 21.

35. Considerando o texto lido, é possível concluir:I. O sedentarismo é um fenômeno característico, principalmente,

das sociedades tecnologicamente avançadas.II. O sedentarismo oriundo das sociedades tecnologicamente

avançadas gera melhorias em diversas esferas da vida cotidiana.III. Atividades físicas regulares fazem parte das necessidades

cotidianas, elevando o padrão recomendável de saúde das pessoas.a) Ib) IIc) I e IId) I e IIIe) II e III

36. Em “Izzat o jeans de quem sabe o que quer!” (agência 4Imagens Capricho, n. 1.072, 7 jun. 2009) a estratégia usada para convencer o leitor é:a) intimidação.b) manipulação.c) chantagem.d) comoção.e) sedução. Texto para as questões 37 e 38.

O jeito Mané de ser Tem gente que jura que sou paulista, porque, de fato, o paulistês

tem forte influência no meu jeito de falar. E digo sempre que me sinto feito mestiço de filme faroeste americano: não sou branca nem sou índia, sabem como é? Mané não me percebe mané, paulista logo vê que não sou de lá. Linguisticamente, não sou nada. Mas mantenho o jeito mané de ser. E gosto dele. Mas é difícil quem é de fora entender.

Amiga brasiliense comentava, meio escandalizada, que achava o jeito do pessoal daqui meio duro de engolir. E contava que no ônibus, vindo do Campeche pro centro, o cara que estava do lado dela abre a janela e grita pra alguém da calçada: “Ei, ixtepô! Teu time é uma naba, heim? Já víssi o horror que foi o jogo de ontônti? Também, né, nego? Com torcedor que nem tu”. E, daí, encostou-se no banco e riu deliciado. Ouvi a história e também ri, deliciada.

Eles se gostam, eu disse, pra espanto dela. Mané só goza de quem gosta. E isso é que os aliens não entendem. Se a gente não gosta de alguém, é gentil, mas não “intica” com ele. É maneira delicada de ignorar.

Regina Carvalho, 2 de out. 2008, disponível em http://www.clicrbs.com.br/an-oticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2215231.xml&template=4191.

dwt&edition=10811&section=898 (acesso em 17 jun. 2009)

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37. “Mané” é a maneira local pela qual os nascidos na ilha de Florianópolis (capital de Santa Catarina) se autodenominam, como a autora do texto. Considerando as afirmativas presentes no fragmento, pode-se afirmar que:a) o “manesês” consiste apenas em um regionalismo linguístico.b) o “manesês” é fácil de ser percebido e entendido.c) os “manés” não são gentis com as pessoas de outras regiões.d) os “manés” não são gentis entre si, pois há rivalidades étnicas.e) os “manés” “inticam” entre si para demonstrar que se gostam.

38. Baseando-se na fala do “mané” — “Ei, ixtepô! Teu time é uma naba, heim? Já víssi o horror que foi o jogo de ontônti? Também, né, nego? Com torcedor que nem tu” — pode-se compreender que:a) o time dele é bom por ter ótimos torcedores.b) o time dele é bom, mas jogou mal por aqueles dias.c) o time dele é bom, apesar de ter péssimos torcedores.d) o time dele é ruim, mas tem bons torcedores.e) o time é ruim, pois os torcedores também o são.

Texto para a questão 39.

A escolha temática que está na raiz da pintura de Rubem Valentim resulta das próprias declarações do artista: os seus signos são deduzidos da simbologia mágica que se transmite com as tradições populares dos negros da Bahia. […] Decompõem-nos e os geometriza, arranca-os da originária semente iconográfica; depois os reorganiza segundo simetrias rigorosas, os reduz à essencialidade de uma geometria primária, feita de verticais, horizontais, triângulos, círculos, quadrados, retângulos; enfim, torna-os macroscopicamente manifestos com acuradas, profundas zonas colorísticas, entre as quais procura precisas relações métricas, proporcionais, difíceis equivalências entre signos e fundo.

ARGAM, Giulio Carlo. In: VALENTIM, Rubem. 31 objetos emblemáticos e relevos em-blemas. Rio de Janeiro: MAM, 1970.

Figura de Rubem Valentim para a questão 39.

39. O texto e a gravura nos permitem identificar que o artista: a) se preocupou apenas em mostrar o conteúdo concretista em

suas obras, transformando os símbolos africanos em formas abstratas.

b) buscou nas raízes africanas e baianas símbolos sagrados africanos e, por meio da emblemagem geométrica, expressar magia, beleza, equilíbrio e religiosidade.

c) simplificou tanto seus traços para que a imagem expressasse apenas o essencial: a religiosidade.

d) trabalhou a estrutura da imagem por meio de formas geométricas básicas e uma grande gama de cores, elementos essenciais na arte africana e baiana.

e) por meio da decomposição de objetos sagrados e agregados a outros caracteres, preocupou-se em transmitir tradição e contemporaneidade.

Texto para a questão 40. Vc tc d ond?

Mais do que o desejo de ser ousado, ou de “economizar” tempo na interação, por meio do “corte” de palavras, o escrevente na internet busca a abreviação de distâncias. É o que procura discutir uma pesquisa realizada por Carla Jeanny Fusca, mestranda do programa de pós-graduação em Estudos Linguísticos da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp — Campus de São José do Rio Preto). Segundo a pesquisadora, como os parceiros da comunicação dividem o mesmo tempo de enunciação, mas não o mesmo espaço, existe a necessidade de encurtar distâncias, de estabelecer vínculos, de criar uma atmosfera de comunhão. Uma forma de atender a essa necessidade é expressa nas abreviaturas e por meio delas.Dessa perspectiva, abreviaturas como “vc”, além da economia de tempo, promoveriam um encurtamento de distâncias, tornando o bate-papo mais informal e íntimo. A pesquisadora chegou à formulação de quatro categorias de abreviaturas na internet, de acordo com regularidades linguísticas encontradas em material coletado em salas de bate-papo do provedor UOL (veja o quadro “Glossário”).KOMESU, Fabiana C. A “skrita” na internet. Discutindo Língua Portuguesa [especial], São

Paulo, ano 1, nº 1. pp. 56-59, 2008. (fragmento adaptado).

GLOSSÁRIO

Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4

Palavras formadas pelo primeiro grafema (unidade correspondente às letras) década sílaba.

bj – beijoblz – belezad – dekd – cadêpq – porque

Palavras formadas de acordo com a oralidade/falados escreventes.

bele – belezalong – longeond – ondepera – esperata/tão – está taum – estãoto – estou

Palavras formadas por simplificações degrafia.

Aki – aquiKi – queXau – tchau

Palavras forma-das por meio de empréstimo linguísticos.

Add – adicionar(abreviatura originada do verbo inglês“to add”)

40. O internetês é uma linguagem específica do mundo digital, especificamente de sites e programas de relacionamento. De acordo com o texto:a) Economia de tempo é a justificativa para que, na internet, as

pessoas façam uso das abreviações das palavras.b) A julgar pelo glossário, o internetês já possui “variações

linguísticas”, como ocorre com a palavra “beleza”, que pode ser grafada “blz” ou “bele”.

c) É necessário que haja um glossário para que os internautas saibam como escrever nesse meio.

d) Sem o internetês, não é possível estabelecer vínculos ou criar uma atmosfera de comunhão entre os internautas.

e) O internetês é a linguagem do mundo digital, mas o glossário é específico das salas de bate-papo.

41. Na linguagem oral, são constantes as transgressões à norma formal padrão, sendo que algumas também aparecem na escrita. Assinale o período que respeita a norma padrão.a) Prefiro muito mais ficar em casa que sair com você.b) Eles chegaram atrasados na festa de casamento.c) Ela não irá conosco, à noite, no Teatro Municipal.d) Os jovens não esqueceram dos bons momentos da festa.e) É importante que obedeçam aos regulamentos do prédio.

Texto para a questão 42.

diadai-mea sabedoria de caetanonunca ler jornaisa loucura de gláubertem sempre uma cabeça cortada a maisa fúria de décionunca fazer versinhos normais

LEMINSKI, Paulo. Melhores poemas. São Paulo: Gaia, 2006, p. 50.

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RIO

d) Monumento aos mortos da Segunda Guerra Mundial, RJ, e Museu de Arte de São Paulo, SP.

e) Museu de Londrina, PR, e Hotel Tambaú, PB.

Leia com atenção os textos que seguem, para responder às questões 44 e 45.

Texto 1A um todo significativo e articulado, verbal ou não verbal, chamamos

texto. Nesse sentido, toda e qualquer informação armazenada e veiculada pelos meios digitais chega ao usuário comum sob forma de texto (lato sensu).

Como a natureza da linguagem e as especificidades do suporte interferem na configuração textual, o domínio desse conceito se faz necessário para que o aluno entenda, por exemplo, a diferença entre ler uma notícia na internet e num jornal. Os textos dos noticiários online são mais sintéticos e necessariamente menos elaborados, já que a inserção da notícia na rede tem de ser muito rápida, seguindo de perto o fluxo dos acontecimentos. Até mesmo a transposição do jornal de seu suporte original — o papel — para a rede, apesar de manter a mesma configuração, implica outras maneiras de ler, já que o manuseio das folhas é substituído por cliques no mouse e pela movimentação do cursor, para ficar nas diferenças mais óbvias. Outras diferenças relacionadas ao conceito de texto decorrem, por exemplo, das limitações da linguagem digital na configuração de textos fotográficos; ou ainda das vantagens que essa mesma linguagem oferece no armazenamento dessa mesma informação, para citar apenas casos bem evidentes.

Considere-se ainda a diversidade de apresentações de um texto, verbal ou não verbal, proporcionada pelas diferentes interfaces da máquina, assim como as possibilidades de leitura também decorrentes dessa pluralidade — editor de texto, programas de apresentação, montagem de gráficos…

PCN + Ensino médio — Orientações educacionais complementares aos parâ-metros curriculares nacionais. p. 208.

Texto 2Hipertexto

As novas tecnologias transformam o conceito de tempo e espaço, assim como a prática linear de registro e escrita, exigindo novas formas de organização e transmissão do conhecimento. O texto, construído na forma de imensuráveis links (remissões), vai ficando sem limites precisos e sendo construído não mais por uma inteligência individual, mas por uma imensa e dispersa inteligência coletiva.Ler textos hipertextuais — em CD-ROM ou navegando por páginas da internet — e produzir material hipertextual permite que os alunos tenham uma primeira experiência de aproximação a essa inteligência coletiva, em que se valoriza o aprender a ser. Essas atividades certamente deflagrarão a comparação com outros tipos de suportes de informação: bibliotecas, índices de livros, sumários e organização de material em jornais e revistas.Longe de interessar apenas aos professores da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, o conceito de hipertexto permeia, hoje, todos os campos do saber e as próprias pesquisas de mecanismos de cognição.

PCN + Ensino médio — Orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais. p. 211.

42. Os autores, ao escreverem, têm a liberdade de uso da língua, a chamada liberdade poética, por isso, não são obrigados a respeitar a norma-padrão da escrita da língua. É o que ocorre no poema anterior. Assinale a alternativa correta quanto às normas que Leminski não seguiu.I. Escrita de substantivos próprios com letra maiúscula.II. Uso de pontuação.III. Escrever todos os versos com a mesma métrica.IV. Fazer uso de rimas.

a) A I e a II são corretas.b) A I, a III e a IV são corretas.c) A III e a IV são corretas.d) Apenas a I está correta.e) Apenas a IV está correta.

Texto para a questão 43.

O poema da curvaNão é o ângulo reto que me atraiNem a linha reta, dura, inflexível,criada pelo homem.O que me atrai é a curva livre e sensual,a curva que encontro nas montanhasdo meu país,no curso sinuoso dos seus rios,nas ondas do mar,no corpo da mulher preferida.De curvas é feito todo universo,o universo curvo de Einstein.

Oscar Niemeyer, fevereiro de 1988.

43. A leitura desse poema de Oscar Niemeyer (1907-), arquiteto brasileiro de fama internacional e um dos responsáveis pela construção de Brasília — um dos marcos da arquitetura mundial —, permite-nos afirmar que são obras dele:

a) MAC – Museu de Arte Contemporânea de Niterói, RJ, e o Terminal Rodoviário de Londrina, PR.

b) Edifício Martinelli, SP, e a Casa Modernista - 1930, SP.

c) Casa da Rua Santa Cruz - 1927, SP, e Super Shopping Center de Copacabana, RJ.

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Page 16: (1929), para - evl.com.brevl.com.br/enem/wp-content/uploads/2013/08/Enem_2009_Provas_Lingua... · a) emoção) têm essa função, mesmo não substituindo tantas palavras Todas indicam

44. Os textos se relacionam ao mundo digital, fundamental em nosso cotidiano. Avalie as afirmativas a seguir, com base na leitura dos dois textos.I. O texto 1 aborda tanto o texto tradicional, impresso, quanto o

texto da/na internet, que se pode transformar em hipertexto.II. Fica claro que, para cada mídia, as ferramentas e as linguagens

são específicas, e esse conhecimento e domínio de linguagens têm impacto no cotidiano das pessoas.

III. Compreender a diferença entre ler uma notícia no jornal e na internet requer um conhecimento que vai além do domínio de linguagens.

É correto o que se verifica em:a) Ib) I e IIc) I, II e IIId) IIe) II e III

Leia com atenção os textos a seguir:

Texto 1

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/inde01072009.htm (acesso em 9 jul. 2009)

Texto 2

A Anistia Internacional considerou, em seu relatório sobre violações de direitos humanos, que o Brasil é um dos poucos países da América Latina que ainda não “fechou as feridas” abertas pelos abusos do passado. “Ao negligenciar as pessoas que sofreram torturas e outros abusos, o Estado brasileiro não apenas desrespeitou os direitos humanos dessas vítimas, como permitiu que esses abusos fincassem raízes”, diz o relatório divulgado há duas semanas que analisa a situação dos direitos humanos em todo mundo.

O relato ressalta a condenação do ex-presidente peruano Alberto Fujimori e as ações para combate à impunidade dos períodos ditatoriais adotadas na Argentina, na Bolívia, no Chile, na Colômbia e no Uruguai como avanços. O documento considera que a pena de prisão contra o ex-ditador foi um “ato crucial na luta contra a impunidade no Peru”.

http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=11432 (acesso em 12 jul. 2009)

45. O texto 2 complementa o texto 1, na medida em que amplia (até mesmo em razão do prefixo “hiper”) o significado e a importância do texto digital na sociedade contemporânea, especialmente na divulgação do conhecimento que ela produz. Com base na leitura do texto 2, é incorreto afirmar que: a) Não é possível mensurar as remissões (links) de um texto, dada

a ausência de limites precisos e das várias possibilidades na organização e transmissão do conhecimento.

b) O hipertexto se relaciona também a outros campos do saber que não das linguagens, códigos e suas tecnologias.

c) Não se pode abrir mão de outros suportes de informação, mesmo que as possibilidades do hipertexto sejam infinitas.

d) O aprender a ser passa, necessariamente, pelo hipertexto.e) CD-ROM e páginas da internet são exemplos de veículos do

hipertexto.

REDAÇÃO

Texto 3

Como se sabe, Weber (para quem a desqualificação dos adversários é o mais vergonhoso dos excessos que se pode cometer na política) considerava como uma característica fundamental do Estado Moderno e um ingrediente imprescindível da democracia a existência de uma administração pública fundada na competência. Este nem de longe parece ser o caso brasileiro, para dizer o menos. Mas Weber tinha outra preocupação “clássica”: apontava como ameaça à democracia não só a burocracia alçada à política, mas principalmente a despolitização da política, além da ausência de garantias para os “direitos do homem”.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782000000200001 (acesso em 12 jul. 2009)

Proposta de redação

Todo dia, tomamos conhecimento de fatos, no Brasil e no mundo, que ferem os direitos individuais, humanos e constitucionais. Disseminados em diversas esferas do poder público e privado, estão sempre nos deixando em alerta, suscitando reflexões: Por que, ainda nos dias de hoje, a democracia vive ameaçada? Como podemos protegê-la? De que forma temos de vivenciá-la?

Considerando os textos apresentados como motivadores, redija um texto dissertativo-argumentativo respondendo às perguntas anteriores.

Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize e r elacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista e suas propostas, sem ferir os direitos humanos.

Observações:

• Seu texto deve ser escrito na modalidade padrão da língua portuguesa.

• O texto não deve ser escrito em forma de poema (versos) ou narração.

• O texto com até 7 (sete) linhas escritas será considerado texto em branco.

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