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Rev. Brasil. Biol., 48(2):265-272 Maio, 1988 - Rio de Janeiro, RJ DESCRIÇÃO DE DUAS ESPÉCIES NOVASDO GÊNERO PHYLWDYTES WAGLER (Al\1PHIBIA, ANURA, HYLIDAE) OSW ALDO LUIZ PEIXOTO e CARLOS ALBERTO GONÇALVES DA CRUZ Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2385 I Seropédica, Rio de Janeiro (Com 12 figuras) RESUMO Os autores descrevem duas novas espécies do gênero Phyllodytes, uma pro- cedente de Domingos Martins, Estado do Espírito Santo, P. kautskyi sp. n., ea outra de Alhandra, Estado da Paraíba, P. brevirostris sp. n. Comentários sobre o relacionamento entre as espécies do gênero Phyllodytes são também apresentados. Palavras-chave: herpetologia, taxonomia de anfíbios. ABSTRACT DescriptioD of two Dew species of geDus Phyllodytes Wagler (Amphibia, ADura, Hylidae) The authors describe two new species of Phyllodytes, respectively P. kautskyi n. sp. from Domingos Martins, State of Espírito Santo, and P. brevirostris n. sp. from Alhandra, State of Paraíba. Comments about the relationships among the species of Phyllodytes are also presented. Key words: herpetology, amphibian taxonomy. INTRODUÇÃO tus conhecida apenas de Trinidad e as outras três do nordeste e sudeste do Brasil: P. acu- minatus de Mangabeira, Estado de Alagoas, P. luteolus de Recife, Estado de Pernambuco, Canavieiras e Caravelas, Estado da Bahia, e Regência, Vitória e Guarapari, Estado do Es- pírito Santo, e P. tuberculosus de Maracás, Estado da Bahia. Em decorrência de trabalhos de campo e do exame da coleção de anfíbios do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, obtl- Segundo Bokermann (1966 e 1968), o gênero Phyllodytes compreende quatro espé- cies, de \1ábitos bromelícolas, sendo P. aura- Recebido em 14 de abril de 1987 Aceito em 4 de setembro de 1987 Distribuído em 31 de maio de 1988 * Bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvi- mento Científico e Tecnol6gico (CNPq). ~

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Rev. Brasil. Biol., 48(2):265-272Maio, 1988 - Rio de Janeiro, RJ

DESCRIÇÃO DE DUAS ESPÉCIES NOVASDO GÊNEROPHYLWDYTES WAGLER (Al\1PHIBIA, ANURA, HYLIDAE)

OSW ALDO LUIZ PEIXOTO e CARLOS ALBERTO GONÇALVES DA CRUZ

Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia,Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2385 I

Seropédica, Rio de Janeiro

(Com 12 figuras)

RESUMO

Os autores descrevem duas novas espécies do gênero Phyllodytes, uma pro-cedente de Domingos Martins, Estado do Espírito Santo, P. kautskyi sp. n., e aoutra de Alhandra, Estado da Paraíba, P. brevirostris sp. n.

Comentários sobre o relacionamento entre as espécies do gênero Phyllodytessão também apresentados.

Palavras-chave: herpetologia, taxonomia de anfíbios.

ABSTRACT

DescriptioD of two Dew species of geDus PhyllodytesWagler (Amphibia, ADura, Hylidae)

The authors describe two new species of Phyllodytes, respectively P.kautskyi n. sp. from Domingos Martins, State of Espírito Santo, and P.brevirostris n. sp. from Alhandra, State of Paraíba.

Comments about the relationships among the species of Phyllodytes are alsopresented.

Key words: herpetology, amphibian taxonomy.

INTRODUÇÃO tus conhecida apenas de Trinidad e as outrastrês do nordeste e sudeste do Brasil: P. acu-minatus de Mangabeira, Estado de Alagoas,P. luteolus de Recife, Estado de Pernambuco,Canavieiras e Caravelas, Estado da Bahia, eRegência, Vitória e Guarapari, Estado do Es-pírito Santo, e P. tuberculosus de Maracás,Estado da Bahia.

Em decorrência de trabalhos de campo edo exame da coleção de anfíbios do Museu deZoologia da Universidade de São Paulo, obtl-

Segundo Bokermann (1966 e 1968), ogênero Phyllodytes compreende quatro espé-cies, de \1ábitos bromelícolas, sendo P. aura-

Recebido em 14 de abril de 1987Aceito em 4 de setembro de 1987Distribuído em 31 de maio de 1988

* Bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvi-

mento Científico e Tecnol6gico (CNPq).

~

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vemos exemplares de duas espécies inéditaspertencentes ao gênero Phyllodytes, a primeirarepresentada por um exemplar, por nós cole-cionado em uma bromeliácea epífita, emagosto de 1983, no Município de DomingosMartins, Estado do Espírito Santo, e a segundarepresentada por quatro exemplares coleciona-dos também em bromeliáceas, em maio de1971, na localidade de Alhandra, Estado daParaíba, pela expedição do Museu de Zoologiada Universidade de São Paulo.

Aproveitamos a oportunidade para apre-sentar as descrições dessas duas espécies no-vas e tecer alguns comentários sobre o rela-cionamento das espécies do gênero Phyllody-teso

MATERIAL E MÉTODOS

o material estudado pertence às seguin-tes coleções herpetológicas:EI - Eugenio Izecksohn, depositada na Uni-versidade Federal Rural do Rio de Janeiro.MZUSP - Museu de Zoologia da Universida-de de São Paulo.USNM - National Museum of Natural His-tory, Washington, D. c., USA.ZUEC - Departamento de Zoologia da Uni-versidade Estadual de Campinas, São Paulo.

Foram examinados exemplares das se-guintes espécies de Phyllodytes:P. acuminatus - ZUEC 0372 e ZUEC s/n

(três exemplares), HortoZoobotânico Dois Irmãos,Recife, Estado de Pernam-buco; ZUEC s/n, FazendaCaruaru, Caruaru, Estado dePernambuco.

- USNM 118240, USNM166629/33 e USNM 166709/10,Trinidad.

P.luteolus - EI 7729/38, Guarapari, Estadodo Espírito Santo.

P. tuberculosus - MZUSP 52776/89, SantoAmaro das Brotas, Estadode Sergipe.

O comprimento da cabeça foi medidocom paquímetro, considerado como a distânciaentre a extremidade do focinho e o centro do

bordo posterior do occipital; o comprimentodo focinho foi considerado desde a extremida-de do mesmo até o centro de uma linha trans-

versal que tangencia o bordo anterior dosolhos.

P. auratus

RESULTADOS

Phyllodytes kautskyi sp. n.(Figuras 1,2,5,6,9e 11)

Ho16tipo - EI 7728, fêmea, colecionadano Município de Domingos Martins, Estado doEspírito Santo, em agosto de 1983, por CarlosAlberto G. da Cruz, Eugenio Izecksohn, Os-waldo L. Peixoto e Sergio P. Carvalho e Sil-va.

Diagnose - Espécie de porte grande; fo-cinho de comprimento mediano, levementepontudo nas vistas dorsal e lateral, e apresen-tando um grânulo na extremidade; narina comcontorno elíptico; odontóides da mandíbula emnúmero de três, em cada metade, sendo o pri-meiro bem mais desenvolvido; membrana entreos artelhos relativamente desenvolvida; padrãode colorido caracterizado por uma faixa lon-gitudinal, relativamente larga e de cor preta,desde o olho até o terço posterior do flanco.

Descrição - Comprimento rostro-analigual a 38,0 mm; cabeça plana e larga, comseu comprimento representando 83% de sualargura e 31% do comprimento rostro-anal; fo-cinho de comprimento médio, equivalyndo a36% do comprimento da cabeça, levementepontudo nas vistas dorsal e lateral, e apresen-tando um grânulo na extremidade; narinas comcontorno elíptico, situadas próximo da extre-midade do focinho e dirigidas ânterolateral-mente; espaço interocular representando 1,8vezes o diâmetro do olho que equivale a 85%da distância entre o olho e a narina; olho pe-queno e saliente; íris projetando, na pupila,um lóbulo dorsal e outro ventral; diâmetro do

tímpano possuindo 92% do diâmetro do discodo terceiro dedo da mão; loros pouco escava-dos e canto rostral levemente marcado; pregasupratimpânica discretamente arqueada e seestendendo até pouco acima da inserção dobraço; dentes vomerianos em duas séries maisou menos retas e atrás das coanas que são pe-quenas e redondas; cada metade da mandíbulacom três odontóides, sendo o primeiro bemmais desenvolvido; língua grande, discreta-mente entalhada e presa posteriormente; mem-bros anteriores robustos; antebraço com mar-gem externa crenulada; comprimento da mãoequivalendo a 31 % do comprimento rostro-anal; dedos com a seguinte ordem crescente detamanho: I, li, IV e III; membrana interdigitalausente entre o 1Ç?e 2Ç?dedos e reduzida entre os

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li.

DUAS ESPÉCIES NOVAS DO G~NERO PHYUODYTES 267

PhyUodytes kautskyi sp. n., hol6tipo, EI 7728 - Fig. I: vista dorsal; figo 2: vista ventral. (comprimento rostro-anal:

38,0 mm).

PhyUodytes brevirostris sp. n., hol6tipo. MZUSP 36784 - Fig. 3: vista dorsal; fig.4: vista ventral. (comprimento ros-tro-anal: 24,0 mm).

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demais; discos arredondados de diâmetrogrande, tendo o primeiro, diâmetro ligeira-mente inferior aos demais; calos subarticularespequenos e arredondados, sendo o segundo do .quarto dedo bífido; calos accessórios peque-nos e pouco numerosos; calo carpal internogrande, alongado e ligeiramente projetado la-teralmente; calo carpal externo grande e alon-gado;- membros posteriores robustos, com fê-mur, tíbia e pé representando, respectivamen-te, 48%, 49% e 65% do comprimento rostro-anal; margem externa do tarso com uma duplacrista crenulada;. artelhos com a seguinte or-dem crescente de tamanho: I, n, V, li e IV;membrana interdigital atingindo o 22 calo su-barticular nos artelhos I e n, alcançando o I!?calo no lado externo dos artelhos n e In, al-cançando também o 12 calo no artelho V echegando entre o 22 e 32 calos, em ambos oslados, do artelho IV, discos ligeiramente me-nores que os das mãos; calos subarticularespequenos e arredondados; calos acessórios pe-quenos e pouco numerosos; calo tarsal internoalongado e ligeiramente projetado lateralmen-te; calo tarsal externo pequeno e arredondado.Pele das superfícies dorsais discretamente ru-gosa e das superfícies ventrais lisa nos ante-braço, braço, tíbia e tarso, com grânulos uni-formes nas coxas e no ventre, e também dis-cretamente rugosa na região guIar.

a exemplar conservado (álcool 70 G. L.)apresenta, nas superfícies dorsais coloridopardacento, algo mais escuro no focinho eainda em pequenas manchas igualmente escu-recidas, dispersas; a partir do olho até o iníciodo terço posterior do flanco destaca-se umafaixa longitudinal, relativamente larga, de cormarrom-escura; as superfícies ventrais exibemcor creme, levemente acinzentada nas mãos epés.

Em vida, nas superfícies dorsais existiacor verde-limão com reflexos cúpreos, discre-tamente marmoreada; lateralmente destacava-se uma faixa longitudinal, desde o olho atéo terço posterior do flanco, de cor preta; su-perfícies ventrais e metade inferior do flancode cor branca; olho dourado com uma faixaequatorial preta; por transparência notava-secoloração verde nos ossos.

- Medidas do holótipo (mm) - Compri-mento rostro-anal, 38,0; comprimento da ca-beça: 11,6; largura da cabeça, 13,9; espaçointerorbital, 5,9; comprimento do focinho, 4,2;diâmetro do tÚllpano, 2,2; diâmetro do olho,

3,3; comprimento da mão, 11,6; comprimentodo fêmur, 18,0; comprimento da tíbia, 18,6; ecomprimento do pé, 24,6.

Etimologia - a nome empregado é umahomenagem ao Sr. Roberto Kautsky, residenteem Domingos Martins, pelas suas atividadesconservacionistas.

Phyllodytes brevirostris sp. n.(Figuras 3, 4,7,8, 10 e 12)

Holótipo - MZUSP 36784, fêmea, cole-cionada na localidade de Alhandra, Estado daParafba, em maio de 1971, pela expedição doMuseu de Zoologia da Universidade de S"aoPaulo.

Pardtipos - MZUSP 36782/3 e MZUSP36785, colecionados com o holótipo.

Diagnose - Espécie de porte pequeno;focinho curto e arredondado nas vistas dorsale lateral; narina com contorno arredondado;prega dérmica partindo do bordo póstero supe-rior do tÚllpano e se prolongando até poucoacima da inserção do braço; odontóides damandíbula pequenos, subiguais e em númerode quatr<>a cinco, em cada metade.

Descrição - Comprimento rostro-analvariando, na série estudada, de 22,0 a 24,0mm; cabeça plana e larga, com seu compri-mento representando, em média, 84% de sualargura e 28% do comprimento rostro-anal; fo-cinho curto, equivalendo a 27% do compri-mento da cabeça, arredondado nas vistas dor-sal e lateral; narinas com contorno arredonda-do, situadas na ponta do focinho e dirigidasanteriormente; espaço interocular representan-do 1,4 vezes o diâmetro do olho; distância en-tre o olho e a narina aproximadamente igualao diâmetro do olho; olho pequeno e saliente;íris projetando, na pupila, um lóbulo dorsal eoutro ventral; diâmetro do tímpano equivalen-do a 1,3 vezes o diâmetro do disco do terceirodedo da mão; loros inclinados e canto rostra1arredondado; prega dérmica partindo do bordopóstero superior do tfmpano e se estendendoaté pouco acima da inserção do braço, comcontorno arqueado; dentes vomerianos emduas séries mais ou menos retas e atrás dascoanas que são pequenas e redondas; odontói-des da mandíbula pequenos, subiguais e emnúmero de quatro a cinco, em cada metade;lingua grande, discretamente entalhada e presaposteriormente; fenda vocal curta e próximado bordo posterior da língua; saco vocal de

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PhyUodytes kautskyi sp. n., hol6tipo, EI 7728 - Fig. 5: vista dorsal da cabeça: figo 6: perfil da cabeça; (escala equivalen-do a 6,0 mm). PhyUodytes brevirostris sp. n., hol6tipo, MZUSP 36784 - figo 7: vista dorsal da cabeça; figo 8: perfil da cabeça.(escala equivalendo a 3,0 mm).

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tamanho médio e subgular; membros anterio-res com antebraços robustos, apresentando namargem externa uma série de três a quatro tu-bérculos discretos; comprimento da mão equi-valendo a 25% do comprimento rostro-anal;dedos com a seguinte ordem crescente de ta-manho: I, IV, 11 e 111ou I, 11, IV e 111,despro-vidos de membranas interdigitais; discos dediâmetro médio, tendo o primeiro diâmetro li-geiramente inferior aos demais; calos supar-ticulares projetados e arredondados; calos ac-cessórios menores, pouco numerosos, projeta-dos e arredondados; calo carpal interno gran-de, alongado e projetado lateralmente; calocarpal externo grande e alongado; membrosposteriores robustos, com fêmur, tíbia e pé re-presentando, em média, respectivamente 43%,50% e 61 % do comprimento rostro-anal; mar-gem externa do tarso com uma série de tubér-culos rasos e cônicos; artelhos com a seguinteordem crescente de tamanho: 1,11, V, 111e IV;membrana interdigital ausente entre os arte-lhos I e 11, vestigial entre os li e III, atingindoo 22 calo subarticular no lado externo do ar-telho III e no lado interno do V, e aproxima-damente o 32 calo subarticular em ambos os

lados do artelho IV; discos equivalentes aosdas mãos; calos subarticulares projetados e ar-redondados; calos accessórios menores, pouconumerosos, rasos e arredondados; calo tarsalinterno grande, alongado e projetado lateral-mente; calo tarsal externo pequeno e arredon-dado. Pele das superfícies dorsais discreta-mente rugosa e das superfícies ventrais lisanos antebraço, braço, tíbia e tarso, granulosanas coxas e no ventre, e ainda rugosa na re-gião guIar; medianamente, no ventre, desta-cam-se alguns grânulos maiores e mais proje-tados, formando de duas a quatro séries lon-gitudinais; na inserção das coxas destacam-sedois grânulos maiores.

Os exemplares conservados (álcool 70G. L.) exibem cor marrom em uma faixa lon-gitudinal que se estende desde o canto poste-rior do olho até mais ou menos o meio doflanco; o mesmo colorido é ainda visto sobreos membros anteriores e no dorso e lados da

cabeça; nas demais superfícies dorsais, essecolorido toma-se esmaecido, tendendo aopardo amarelado; as superfícies ventrais mos-tram coloração creme.

Medidas do holótipo (nun) - Compri-mento rostro-anal, 24,0; comprimento da ca-beça, 7,1; largura da cabeça, 8,5; espaço inte-

rorbital, 3,5; comprimento do focinho, 3,2;diâmetro do tímpano, 1,4; diâmetro do olho,2,6; comprimento da mão, 6,0; comprimentodo fêmur, 10,0; comprimento da tíbia, 12,0; ecomprimento do pé, 14,0.

Parátipos - Dois machos e uma fêmea,semelhantes ao holótipo.

Etimologia - O nome empregado faz re-ferência ao focinho caracteristicamente curto.

COMENTÁRIOS

O exame de cinco exemplares de cadauma das espécies previamente conhecidas,além dos exemplares das espécies agora des-critas, mostrou que a relação comprimento dofocinho/comprimento da cabeça apresenta umgradiente no qual Phyllodytes brevirostris sp.n. ocupa o extremo inferior com um coefi-ciente de 27%, seguido de P. acwninatus com31%, P. luteolus com 35% , P. auratus e P.kautsky sp. n. com 36% e, no extremo supe-rior, P. tuberculosus com 42%.

Com relação aos odontóides de cadamandíbula foi possível evidenciar dois con-juntos de espécies, um com dentes grandesabrangendo P. acwninatus (dois dentes), P.auratus (um dente), P. luteolus (dois a trêsdentes) e P. kautsky sp. n. (um dente), e o ou-tro conjunto com dentes anteriores pequenos,destacados dos demais em P. tuberculosus(dois dentes) e sem destaque dos demais em P.brevirostris sp. n. (um dente).

Quanto à granulação ventral P. acwni-natus, P. brevirostris sp. n., P. luteolus e P.tuberculosus mostram grânulos destacados emséries no abdômem e ainda dois tubérculos najunção das coxas; já em P. auratus e P. kauts-kyi sp. n. a granulação do abdômem é unifor-me e não existem tubérculos na junção das co-xas.

O exame da íris mostrou que P. auratuspossui pupila normal arredondada, enquantoque nas demais espécies a íris forma um duplomenisco na pupila.

A membrana interdigital dos pés de P.kautskyi sp. n. é relativamente desenvolvida,ao passo que nas outras espécies ela é reduzi-da.

O comprimento rostro-anal situou-se emtomo de 22,0 mm para P. brevirostris sp. n.e P. tuberculosus, em 24,0 mm para P. luteo-lus, em 27,5 mm paraP. acwninatus, em 31,0

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9 10

I

11 12

Phyllodytes kautskyi sp. n., hol6tipo, EI 7728 - Fig. 9: face palmar; figo li: face plantar. (escala equivalendo a 6,0 mm).Phyllodytes brevirostris sp. n. parátipo, MZUSP 36783 - figo 10: face palmar; figo 12: face plantar (escala equivalendoa 3,0 mm).

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mm para P. auratus e em 38,0 para P. kautskysp. n.

Agradecimentos - Agradecemos a Eugênio Izecksohn,da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pelas su-gestões oferecidas como. também auxf1io nos trabalhos decampo, a Sergio P. Carvalho e Silva, ex-aluno de Pós Gra-duação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, pelo auxilionos trabalhos de campo, a Ivan Sazima, da Universidade Es-,tadual de Campinas, São Paulo, a Paulo E. Vanzolini, doMuseu de Zoologia da Universidade de São Paulo, e a Wil-liam R. Heyer, do National Museum of Natural History,

Washington, D. C., USA, pelo empréstimo de material her-petol6gico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOKERMANN, W. C. A., 1966, O GêneroPhyllodytes Wa-gler, 1930 (Anura, Hylidae). An. Acad. Brasa. Çiên.,38(2): 335-344, 19 figs.

BOKERMANN, W. C. A., 1968, Notas sobre "Phy/Jodytesauratus" (Boul., 1917) (Amphibia, Hylidae). Rev.Brasil. Biol., 28(2): 157-160,4 figs.