2º Ano Ciências Humanas EM Nome da Escola Nome do ...

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Nome da Escola Nome do Estudante Ano/Ciclo 2º Ano Ciências Humanas EM

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Nome da Escola

Nome do Estudante

Ano/Ciclo

2º Ano

Ciências

Humanas

EM

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Coordenação Geral

Rosa Maria Araújo Luzardo

Irene de Souza Costa

Equipe de Coordenação

Adriano Sabino Gomes

Edwaldo Dias Bocuti

Isaltino Alves Barbosa

Lucia Aparecida dos Santos

Simone de Barros Berte

Richard Carlos da Silva

Grupo de trabalho

Adriana Nezeir de Almeida Duarte - CBA- História

Cristiane dos Santos Silva - Líder de Equipe

Francisco Miranda Filho - ROO - Geografia

Gerson Ribeiro da Rosa - Geografia

Karina Aparecida Geraldo - CBA - História

Maureci Moreira de Almeida -PLA - Filosofia

Patrícia Simone da Silva Carvalho - Sociologia - Líder de Equipe

Revisores

Waldney Jorge de Lisboa– Revisor

Suleima Cristina Leite de Moraes – Revisora

Audiovisual

Mizael Teixeira Silva

Realização

Mauro Mendes Ferreira

Governador do Estado de Mato Grosso Otaviano Olavo Pivetta

Vice-Governador de Mato Grosso Marioneide Angélica Kliemachewsk

Secretária de Estado de Educação de Mato Grosso Rosa Maria Araújo Luzardo

Secretária Adjunta de Gestão Educacional Richard Carlos da Silva

Superintendente de Políticas de Educação Básica Adriano Sabino Gomes

Superintendente de Políticas de Desenvolvimento Profissional Rosangela Maria Moreira

Superintendente de Políticas de Gestão Escolar Lúcia Aparecida dos Santos

Superintendente de Políticas de Diversidades Educacionais

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1. HISTÓRIA

A outra história do descobrimento do Brasil

Parece absurdo, mas é isso o que aprendemos na escola: os portugueses descobriram o

Brasil, onde já viviam os índios. Ficamos tão acostumados a pensar assim, que não nos

perguntamos como isso é possível. Os historiadores também não costumavam fazer essa

pergunta. Sabiam que os índios viviam aqui antes da chegada de Cabral, mas falavam do

descobrimento como se o Brasil fosse uma terra virgem. Será possível que um lugar já

habitado possa ser virgem, isto é, intocado? Bem, só se ele não for habitado por pessoas.

Quando falamos em floresta virgem, por exemplo, não estamos dizendo que ela não é

habitada por animais, mas, sim, que ela não foi alterada pelo homem. Quando afirmamos que

"essas terras virgens foram descobertas por Cabral", estamos tratando seus habitantes

originais, os índios, como se eles não fossem pessoas, mas, sim, parte da paisagem natural. A

palavra 'descobrimento', portanto, está no lugar de outro termo que não costumamos utilizar:

'conquista'. Na verdade, as terras que viriam a ser o território do Brasil não foram

descobertas, mas conquistadas pelos portugueses.

Quando os europeus chegaram à costa brasileira, encontraram diversos grupos

indígenas, cujos costumes e línguas eram muito parecidos. No conjunto, esses grupos ficaram

conhecidos como Tupi-Guarani, embora possamos distinguir dois grandes blocos: os Tupi,

que dominavam o litoral desde o sul do estado de São Paulo até, pelo menos, ao Ceará; e os

Guarani, que viviam mais ao sul, na bacia dos rios Paraná-Paraguai e em nossa costa

meridional. Não se deve pensar, porém, que os Tupi e os Guarani formavam, cada qual, uma

grande nação. Ao contrário, eles estavam divididos em diferentes grupos, geralmente

inimigos entre si. E os europeus souberam bem se aproveitar das brigas internas dos Tupi-

Guarani, unindo-se a alguns grupos para atacar outros.

A aliança entre brancos e índios dava-se pela oferta de presentes (como machados de

metal, facas, espelhos, tecidos trocados por farinha, caça, filhotes de animais e madeira), pela

participação comum em atividades de guerra e pelo casamento de índias com brancos. Muitas

CIÊNCIAS HUMANAS Unidade

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vezes, os conquistadores estimulavam a inimizade entre os índios para dominar o território

com mais facilidade. Mesmo quando os Tupi conseguiam reunir um número considerável de

aldeias para atacar áreas sob domínio português, tinham de enfrentar índios fiéis aos

colonizadores. Assim, embora fossem maioria, os índios acabaram sendo derrotados. Não foi

só como parceiros na guerra e na troca que os europeus encontraram um lugar no mundo

indígena. Talvez porque chegassem pelo mar, em grandes navios, trazendo objetos

desconhecidos, como armas de fogo e ferramentas de metal, os Tupi associaram os europeus

a seus grandes pajés, que andavam de aldeia em aldeia, curando, profetizando e falando de

uma terra de abundância. Esses pajés eram chamados pelos Tupi de Caraíba e os europeus

ficaram conhecidos por esse nome. Até hoje, muitos grupos indígenas chamam os não índios

de Caraíba. Os jesuítas - padres enviados ao Brasil com a missão de convencer os índios a se

tornarem católicos - aproveitaram-se dessa associação do europeu com os grandes pajés

nativos, para facilitar seu trabalho.

O discurso e as práticas dos padres, como José de Anchieta, concorriam com os dos

pajés. Muitos grupos indígenas foram convencidos a abrigar-se nos aldeamentos jesuítas sob

a proteção espiritual dos missionários. Outros fugiram para o interior, para escapar tanto dos

padres como dos soldados portugueses. Esse medo tinha razão de existir. Alguns autores

estimam que havia cerca de um milhão de índios na costa brasileira, em 1500. Um século

depois, essa população havia praticamente desaparecido. A maior parte morreu nas guerras de

conquista, por maus-tratos e pelas doenças trazidas pelos conquistadores.

O despovoamento do Brasil.

Nem todos os habitantes da costa morreram. Muitos fugiram para o interior; este,

porém, já estava povoado. Tanto a Amazônia como o Brasil Central, estavam ocupados por

diversos grupos indígenas, a maioria deles com costumes e línguas muito diferentes dos Tupi.

Essa fuga para o interior provocou uma reação em cadeia (como quando derrubamos peças de

dominó enfileiradas). Ao invadir os territórios de outros povos, os Tupi do litoral causavam

novas guerras e transmitiam as novas doenças adquiridas no contato com os europeus.

Os portugueses, por sua vez, passaram a buscar escravos cada vez mais longe da

costa. As famosas bandeiras paulistas e os bandeirantes são os representantes mais

conhecidos desse processo de colonização violenta do interior, que levou não ao povoamento

do Brasil, como se costuma dizer, mas a seu despovoamento, matando e escravizando

dezenas de milhares de índios. Entre 1580 e 1640, as expedições paulistas concentraram-se

na captura dos Guarani - que viviam no interior dos atuais estados de São Paulo, Paraná,

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Santa Catarina e Rio Grande do Sul - para forçá-los a trabalhar na lavoura. Com o

esgotamento dessa fonte de mão-de-obra, os paulistas voltaram-se para a região dos rios

Araguaia e Tocantins, que já vinham explorando irregularmente desde o começo daquele

século.

As mortes causadas pelas doenças serviam de combustível às expedições de

escravização. Criava-se um círculo vicioso: a falta de mão-de-obra indígena nas imediações

das vilas aumentava as ações de escravização no interior; a escravização expunha cada vez

mais as populações indígenas às epidemias; com as epidemias, tornava-se necessário a

realização de novas expedições no interior. Foi assim que o Brasil foi sendo despovoado. Ali,

onde havia uma população indígena numerosa, foram-se criando vazios populacionais,

territórios livres para serem ocupados pelos colonizadores. Mas não pense que isto tudo é

passado. Ainda hoje, os cerca de 300 mil índios vivendo no Brasil têm de lutar para garantir a

posse de suas terras contra a invasão de madeireiros, fazendeiros e garimpeiros - estes

colonizadores dos nossos dias, que descobriram novos métodos para retirar os índios de suas

terras e as riquezas que nelas existem.

Sugestão de vídeo aula: Disponível em: <https://youtu.be/32yOeie37Z0>. Acesso

em: 14 abr. 2020.

Referências

FAUSTO, Carlos. A outra história do descobrimento do Brasil. Revista Ciência Hoje

das Crianças. Rio de Janeiro:SBPC, Ano 13, Ed. 101, Abril, 2000.

Disponível em:

<http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/arquivos/File/ceert/EF1_guiaideias2.pdf>. >. Acesso

em: 14 abr. 2020.

2. GEOGRAFIA

1. Hidreletricidade

Os rios que apresentam declividade acentuada em seu curso em geral possuem

potencial hidrelétrico, principalmente se seu suprimento de água for garantido por clima ou

hidrografia favoráveis. Para gerar eletricidade a partir da água dos rios, é necessário que haja

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desníveis onde barragens possam ser construídas de maneira que uma represa seja criada.

Trata-se de uma forma considerada não poluente, relativamente barata e renovável de

obtenção de energia, embora o alagamento de grandes áreas, por causa da construção das

barragens e do represamento da água, cause profundos impactos socioambientais. Observe

nas ilustrações a seguir que, em terrenos mais planos, ocorre inundação de extensas áreas. Já

em terrenos que possuem desnível mais acentuado a superfície inundada é menor. A energia

tende a ser produzida com maior eficiência quanto maior for a diferença de altura obtida entre

o nível de água e a turbina. Em terrenos com maior declividade é possível obter maiores

desníveis, com menor superfície de água represada. Embora gere energia elétrica mais limpa

e barata do que outras fontes e melhore o abastecimento de água, a construção de uma

hidrelétrica gera, necessariamente, impactos, como o desalojamento de populações, o

alagamento de vegetação nativa ou de áreas agrícolas, além da alteração na vazão dos rios,

entre outros impactos socioambientais. Por isso, deve ser precedida de minucioso estudo das

consequências ambientais, sociais e arqueológicas, para mensurar a viabilidade técnica,

social, ambiental e econômica do represamento.

Na prática, a produção de energia hidrelétrica depende da energia solar, pois a água,

em seu ciclo, é transportada para compartimentos mais elevados do relevo pela evaporação e

posterior precipitação. Por isso, os países de relevo ondulado, grande extensão territorial

(portanto, maior área de insolação) e muitos rios, em geral, apresentam grande potencial

hidráulico. É o caso do Brasil, do Canadá, dos Estados Unidos, da China, da Rússia e da

Índia. Observe, na tabela abaixo, que o Brasil ocupa posição importante na produção total de

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energia hidrelétrica em escala global, destacando-se também entre os países que possuem

maior participação da hidroeletricidade no total da energia elétrica gerada.

2. Hidrelétricas no Brasil*

A energia elétrica atende cerca de 92% dos domicílios no país. As hidrelétricas no

Brasil correspondem a 90% da energia elétrica produzida no país. A instalação de barragens

para a construção de usinas iniciou-se no Brasil a partir do final do século XIX, mas foi após

a Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945) que a adoção de hidrelétricas passou a ser

relevante na produção de energia brasileira.

Apesar de o país apresentar o terceiro maior potencial hidráulico do mundo (atrás

apenas de Rússia e China), o Brasil importa parte da energia hidrelétrica que consome. Isso

porque a maior hidrelétrica das Américas e segunda maior do mundo, a Usina de Itaipu, não é

totalmente brasileira. Por se encontrar na divisa do país com o Paraguai, 50% da produção da

usina pertence ao país vizinho que, na incapacidade de consumir esse montante, vende o

excedente para os brasileiros. Além do mais, o Brasil também compra energia produzida

pelas hidrelétricas argentinas de Garabi e Yaceritá.

O país está entre os que possuem a maior estrutura de recursos naturais para geração

de energia do mundo:

1) Usina Hidrelétrica de Itaipu: Estado:Paraná|Rio: Paraná|Capacidade:14.000 MW

2) Usina Hidrelétrica de Belo Monte: Estado:Pará|Rio: Xingú|Capacidade: 11.233 MW

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3) Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós: Estado:Pará|Rio:Tapajós|Capacidade:8.381 MW

4) Usina Hidrelétrica de Tucuruí:Estado: Pará | Rio: Tocantins| Capacidade: 8.370 MW

5) Usina Hidrelétrica de Santo Antônio:Estado: Rondônia|Rio: Madeira|Capacidade: 3.300 MW

6) Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira:Estado:São Paulo|Rio: Paraná|Capacidade: 3.444 MW

7) Usina Hidrelétrica de Jirau: Estado: Rondônia|Rio: Madeira|Capacidade: 3.300 MW

8) Usina Hidrelétrica de Xingó: Estados: Alagoas e Sergipe| Rio:São Francisco| Capacidade: 3.162

MW

9) Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso IV: Estado: Bahia|Rio: São Francisco|Capacidade: 2.462

MW

10) Usina Hidrelétrica Jatobá: Estado: Pará|Rio: Tapajós| Capacidade: 2.338 MW

Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=a49KBqhOzss>. Acesso em: 15 abr. 2020.

Sugestão de vídeo aula: Hidrelétricas. Disponível em:

<https://plataformaintegrada.mec.gov.br/recurso?id=3402&name=Aproveitamento%20hidroe

l%C3%A9trico%20de%20castelo%20de%20bode>. Acesso em: 15 de abr. 2020.

Referências

MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e

globalização: ensino médio. (Orgs.) MOREIRA, João Carlos Moreira & SENE, Eustáquio de,

3ª ed., São Paulo: Scipione, 2016.

Disponível em:

<https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/hidreletricas_no_brasil.html

>. Acesso em: 14 abr. 2020.

3. FILOSOFIA.

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Disponível em: <http://giulianofilosofo.blogspot.com/2009/07/aristoteles.html.>. Acesso em: 14 abr. 2020.

Orientação para a leitura: tenha em mão um dicionário ou acesso a internet para

consultar as palavras que você não compreende o significado. É importante que copie a

palavra e o significado dela no caderno ou em suas anotações.

O filósofo Aristóteles1 sustenta que a virtude é um hábito e, portanto, não só pode,

mas também deve ser ensinada, constituindo-se talvez numa das tarefas mais importantes da

educação do homem.

Como já vimos, há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. Em grande

parte, a excelência intelectual deve, tanto o seu nascimento quanto o seu desenvolvimento, à

instrução (por isto ela requer experiência e tempo); quanto à excelência moral, ela é o produto

do hábito, razão pela qual seu nome é derivado, com uma ligeira variação, da palavra

“hábito”. É evidente, portanto, que nenhuma das várias formas de excelência moral se

constitui em nós por natureza, pois nada que existe por natureza pode ser alterado pelo

hábito. Por exemplo, a pedra, que por natureza se move para baixo, não pode ser habituada a

mover-se para cima, ainda que alguém tente habituá-la jogando-a dez mil vezes para cima;

tampouco o fogo pode ser habituado a mover-se para baixo, nem qualquer outra coisa que por

natureza se comporta de certa maneira pode ser habituada a comportar-se de maneira

diferente. Portanto, nem por natureza, nem contrariamente à natureza, a excelência moral é

engendrada em nós, mas a natureza nos dá a capacidade de recebê-la, e esta capacidade se

1 Texto extraído do autor: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a

Wittgenstein. 6.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000.

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aperfeiçoa com o hábito. Além disto, em relação a todas as faculdades que nos vêm por

natureza, recebemos primeiro a potencialidade, e somente mais tarde exibimos a atividade

(isto é claro no caso dos sentidos, pois não foi por ver repetidamente ou repetidamente ouvir

que adquirimos estes sentidos; ao contrário, já os tínhamos antes de começar a usufrui-los, e

não passamos a tê-los por usufrui-los); quanto às várias formas de excelência moral, todavia,

adquirimo-las por havê-las efetivamente praticado, tal como fazemos com as artes. As coisas

que temos de aprender antes de fazer, aprendemo-las fazendo-as — por exemplo, os homens

se tornam construtores construindo, e se tornam citaristas tocando cítara; da mesma forma,

tornamo-nos justos praticando atos justos, moderados agindo moderadamente, e corajosos

agindo corajosamente. Esta asserção é confirmada pelo que acontece nas cidades, pois os

legisladores formam os cidadãos habituando-os a fazerem o bem; esta é a intenção de todos

os legisladores; os que não a põem corretamente em prática falham em seu objetivo, e é sob

este aspecto que a boa constituição difere da má.

Ademais, toda excelência moral é produzida e destruída pelas mesmas causas e pelos

mesmos meios, tal como acontece com toda parte, pois é tocando a cítara que se formam

tanto os bons quanto os maus citaristas, e uma afirmação análoga se aplica aos construtores e

a todos os profissionais; os homens são bons ou maus construtores por construírem bem ou

mal. Com efeito, se não fosse assim não haveria necessidade de professores, pois todos os

homens teriam nascido bem ou mal dotados para as suas profissões. Logo, acontece o mesmo

com as várias formas de excelência moral; na prática de atos em que temos de engajar-nos

dentro de nossas relações com outras pessoas, tornamo-nos justos ou injustos; na prática de

atos em situações perigosas, e adquirindo o hábito de sentir receio ou confiança, tornamo-nos

corajosos ou covardes. O mesmo se aplica aos desejos e à ira; algumas pessoas se tornam

moderadas e amáveis, enquanto outras se tornam concupiscentes ou irascíveis, por se

comportarem de maneiras diferentes nas mesmas circunstâncias. Em uma palavra, nossas

disposições morais resultam das atividades correspondentes às mesmas. É por isto que

devemos desenvolver nossas atividades de uma maneira predeterminada, pois nossas

disposições morais correspondem às diferenças entre nossas atividades. Não será pequena a

diferença, então, se formarmos os hábitos de uma maneira ou de outra desde nossa infância;

ao contrário, ela será muito grande, ou melhor, ela será decisiva.

Sugestão de vídeo aula: “Ética a Nicômaco”. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=Cls6BYhGpyc>. Acesso em: 14 abr. 2020.

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4. SOCIOLOGIA

Organização social do trabalho e o cenário atual: desemprego, subemprego e tempo

livre

O trabalho, de uma forma ou de outra, está sempre presente na vida cotidiana. Nesta

aula, veremos como a organização social do trabalho é pensada pela Sociologia e como esta

organização influencia a dinâmica da vida social e da relação entre os indivíduos. Com o

desenvolvimento cada vez mais rápido da tecnologia, surgem novas configurações nas

relações trabalhistas que podem acarretar o aumento de desempregos e subempregos.

Quando compramos e utilizamos um produto como uma simples calça jeans, por

exemplo, nem sempre paramos para pensar em todo o processo de produção. Para produzi-la,

foi necessário o cultivo do algodão nos campos e fazendas, sua transformação em um tecido,

o corte e costura para transformá-lo em calça jeans, o transporte até as lojas para, finalmente,

a roupa ser vendida para você. Quanto trabalho envolvido numa única peça de roupa, não é

mesmo? Hoje em dia, podemos até comprar essa peça de roupa via internet, o que requer

outros tipos de trabalho envolvidos até o produto chegar até você.

Quando pensamos na produção de um determinado produto, além do que cerca os

trabalhos formais, no presente podemos verificar outras condições que derivam do processo

de produção de bens materiais. Esse é o caso de subempregos, empregos informais e

desemprego. Mas, será que as coisas sempre foram assim?

Em algumas sociedades antigas já havia a hierarquização entre os diferentes trabalhos,

que eram utilizados como forma de diferenciar e classificar as pessoas. O trabalho braçal, por

exemplo, era entendido como uma atividade repugnante e, muitas vezes, associado à servidão

e escravidão. Enquanto isso, o trabalho intelectual era mais valorizado. A partir da chamada

Idade Moderna, com o estabelecimento do capitalismo como principal forma de sistema de

produção, a organização social do trabalho sofreu transformações profundas que ainda

reverberam nos dias atuais.

Para o sociólogo alemão Max Weber, a explicação da transformação dos

entendimentos acerca da ideia de trabalho – antes visto de forma negativa – está na ascensão

do protestantismo, pois o movimento religioso considerava o trabalho como algo que

dignifica o ser humano.

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Conforme Weber afirma em seu famoso livro “A ética protestante e o espírito do

capitalismo”, o protestantismo pregava que o caminho para a salvação espiritual era uma vida

regrada e voltada para o trabalho. Além disso, a religião condenava a preguiça, o ócio e o

luxo. Sendo assim, o sucesso no trabalho era sinônimo de boa conduta e desenvolvimento

espiritual e, portanto, de salvação. A ideologia protestante ainda indicava a acumulação dos

frutos do trabalho no lugar do consumo, o que, para Weber, foi fundamental para o

desenvolvimento do capitalismo.

Nos diferentes momentos históricos do processo de desenvolvimento do capitalismo,

é possível constatar a transformação das relações trabalhistas vigentes. Devemos considerar

que as relações de trabalho estabelecidas em um dado momento da história influenciam e

determinam diretamente a vida cotidiana, assim como as relações sociais existentes entre os

indivíduos.

Importante destacar que é no âmbito da organização social do trabalho nas sociedades

capitalistas que podemos diferenciar as ideias de trabalho e emprego, sendo esse último

entendido como a relação contratual estabelecida entre quem organiza o trabalho e quem

realiza o trabalho.

Para o alemão Karl Marx, é o modo de produção que determina a divisão entre os

indivíduos de uma sociedade. Isso significa dizer que a organização social em classes é

definida pelo posicionamento dos indivíduos no processo de produção. Na sociedade

capitalista, esta divisão é verificada entre os proprietários dos meios de produção (donos de

fábricas e terras) e os não proprietários (trabalhadores e camponeses) chamados,

respectivamente, de burgueses e proletários.

Para Marx, na sociedade capitalista o trabalho passa a servir para produzir uma

mercadoria que gera o lucro para a burguesia em detrimento da exploração da força de

trabalho do proletariado. Para o autor, a transformação de uma matéria-prima por meio do

trabalho agrega valor a este produto.

O trabalho, por sua vez, pode ser visto como uma mercadoria – vendida pelo

trabalhador e comprada pelo burguês. O valor pago por esta mercadoria, no entanto, não é

adequado. A diferença entre a quantidade de trabalho utilizada para produzi-la e o valor pago

ao trabalhador é apropriada pelos donos dos meios de produção na forma de lucro.

A organização social do trabalho na sociedade capitalista, portanto, teria por

consequência a desigualdade social, já que o aumento da produtividade (e, portanto, o

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aumento do trabalho) não garante melhores condições de vida ao trabalhador. Ao mesmo

tempo, a dinâmica aumenta o lucro dos burgueses.

Sugestão de vídeo aula: Quem é Max Weber? Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=25NSWMwZV4o>. Acesso em: 14 abr. 2020.

Referência

TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010.