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Liturgia 2 Aulas 2 e 3 - Batismo Mater Ecclesiae

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Liturgia 2 Aulas 2 e 3 - Batismo

Mater Ecclesiae

Fundamentação Bíblica

As purificações nas religiões mistéricas e no Antigo Testamento

Vestes brancas e vela são

símbolos usados nas religiões

mistéricas

Purificação

Lavar-se no rio para ficar

purificado de doença: Lv 15,13

Eliseu manda que Naamã se lave no rio Jordão para se

curar da lepra: 2Rs 5,1-14

O Batismo de João

• Faz parte da pregação de João Batista Lc 3,3

• Jesus e seus discípulos também batizavam Jo 3,22

• Expressa metanoia para perdão dos pecados Mt 3,6

• Preparação para o julgamento escatológico – não se trata de ser melhor judeu

Mt 3,2.11;

Lc 3,15

O Batismo de Jesus

O Batismo de Jesus

Teofania do Jordão: Lc 3,21s

Ligada à redenção na cruz: uma como antecipação, outra como plenitude:

Lc 12,50

Caráter expiatório Caráter quenótico

O céu aberto faz alusão a Gn 3,24 e abre caminho

ao Espírito Santo

Se o Batismo relaciona-se com a morte, o Espírito

está voltado à ressurreição

Voz do Pai: Gn 1 (Espírito que

paira e a Palavra)

Primogênito entre muitos (Rm 8,29)

Testemunho joanino

“Aquele sobre quem vires o Espírito descer e

permanecer é o que batiza com o Espírito

Santo.” (Jo 1,33)

“Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino

de Deus.” (Jo 3,5)

Água viva e vivificante

“A água que eu lhe der tornar-se-á nele

fonte de água jorrando para a vida eterna.” (Jo 4,7-15)

Cura do enfermo na piscina de Betesda

(Jo 5,1-9)

“Vai lavar-te na piscina de Siloé.”

(Jo 9,1-7)

As primeiras comunidades

Relação entre Batismo, pregação

apostólica e fé cristã.

Mt 28,18-20;

Mc 16,15s

Pentecostes – At 2 Exprime a total incorporação a Cristo: Rm 6,3-5

Por meio da imposição das

mãos: At 8,14-17; 19,5-6

Paralelo com Noé: 1Pd 3,18-22

Testemunho Patrístico

Conformação a Cristo

• “Tudo o que aconteceu com Cristo dá-nos a conhecer que, depois da imersão na água, o Espírito Santo voa sobre nós do alto do Céu e que, adotados pela Voz do Pai, nos tornamos filhos de Deus.”

Santo Hilário

(séc. IV)

Forma Batismal

São Justino (séc. II):

“Os que são batizados por nós são levados para um lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água.”

Santo Irineu (séc. II):

“O Batismo nos concede a graça do novo nascimento em Deus Pai por meio do seu Filho, no Espírito Santo. O conhecimento do Pai é o Filho e o conhecimento do Filho de Deus se faz pelo Espírito Santo.”

Batismo de Crianças

Orígenes (séc. III):

“A Igreja recebeu dos Apóstolos a Tradição de dar o Batismo também aos recém-nascidos.”

São Cipriano (séc. III):

“Do Batismo e da graça não devemos afastar as crianças.”

Perspectivas Teológicas

Pecado original

• Filiação divina + dons preternaturais

• Filiação divina = graça santificante

• O casal vivia na presença de Deus no Jardim (Gn 3,8a)

Justiça original

• “Sereis como deuses” (Gn 3,5b)

Pecado dos primeiros

pais

Consequências do pecado original

• Pecado original originante

• Perda dos dons originais (nudez Gn 3,7)

• Consequências práticas (dores de parto e trabalho Gn 3,16-19)

• Condenação do tentador (Gn 3,14)

Em relação aos primeiros

pais

• Pecado original originado

• Não se trata de culpa pessoal ou pecado voluntário

• Nascimento dentro de um contexto social, político, geográfico e espiritual

Em relação aos

descendentes

“Baptismus est sacramentum regenerationis per aquam in verbo.”*

*Catech. R. 2,2,5

É denominado Batismo com base no rito central pelo qual é realizado.

Βαπτίζηιν – mergulhar, imergir

Sepultados com Cristo, ressurgimos como nova criatura.

Após ter sido iluminado, o batizado se converte em filho da luz e em luz ele mesmo.

Efeitos do Batismo

• Infusão da graça santificante

• Remissão do pecado original

Justificação (At 2,38)

• Auxílios espirituais para viver de forma cristã – virtudes teologais e morais

Graça sacramental

• Incorporação no Corpo Místico de Cristo

• Participação no sacerdócio comum dos fiéis

Impressão do caráter

Remissão dos pecados

Efeitos do Batismo

“A virtude ou mérito da Paixão de Cristo opera no Batismo à maneira de certa geração, que requer de modo indispensável a morte total para a vida pecaminosa anterior, com a finalidade de receber a nova vida, e por isso o Batismo tira todo o reato de pena pertencente à vida interior. Nos demais sacramentos, pelo contrário, a virtude da Paixão de Cristo opera à maneira de cura, como na Penitência. Ora bem, a cura não requer que se retirem imediatamente todos os vestígios da enfermidade.” (Santo Tomás de Aquino)

Necessidade de receber o Batismo

• “Aquele que crer e for batizado será salvo.” (Mc 16,16)

O Batismo é necessário à

salvação

• Batismo de desejo: desejo explícito juntamente com o arrependimento dos pecados e a caridade

• Batismo de sangue: morte violenta por haver confessado a fé cristã ou praticado a virtude cristã (“Aquele que perder sua vida por causa de mim há de encontrá-la.” Mt 10,39)

A via ordinária pode ser

suprimida em casos

extraordinários

Limbo (1 de 3)

Expressão cunhada entre os séculos XII e XIII para designar o lugar de repouso das crianças mortas sem o Batismo

• Segundo tal teoria, essas crianças estariam privadas da visão de Deus

Ausência de referência sobre a sorte das crianças mortas sem o Batismo no NT

Tensão entre duas doutrinas bíblicas

• Vontade salvífica universal de Deus: Gn 3,15; 1Tm 2,5s

• Necessidade do Batismo sacramental: Mc 16,16; At 16,30-33

Limbo (2 de 3)

Deus quer que todos os seres humanos sejam salvos.

Esta salvação é dada somente por meio da participação no mistério pascal de Cristo através do Batismo para a remissão dos pecados, seja sacramental, seja mediante outra forma. Os seres humanos, inclusive as crianças, não podem ser salvas sem a graça de Deus derramada pelo Espírito Santo.

As crianças não entram no reino de Deus se não estão libertadas do pecado original através da graça redentora.

Princípios Fundamentais:

Limbo (3 de 3)

“103. O que nos foi revelado é que o caminho ordinário de salvação passa através do sacramento do Batismo. Nenhuma das considerações expostas anteriormente podem ser adotadas para minimizar a necessidade do Batismo, nem para retardar a sua administração. Ainda mais, como queremos, aqui, reafirmar em conclusão, existem fortes razões para esperar que Deus salvará essas crianças, já que não se pode fazer por elas o que se teria desejado fazer, isto é, batizá-las na fé e na vida da Igreja.”

Documento “A Esperança da Salvação para as crianças que morrem sem Batismo”, da Comissão Teológica Internacional, aprovado pelo Papa Bento XVI, em 19.01.2007

Objeções à Doutrina da Igreja (1 de 2)

A sucessão “pregação > fé > sacramento”, presente no NT, deve ser observada também para as crianças.

• O Batismo de adultos não exclui o Batismo de crianças (At 16,15a; 1Cor 1,16)

• O Batismo não é somente sinal da fé, mas também é causa da fé.

• O Batismo deposita uma semente na alma do batizado (1Jo 3,9).

• Independentemente do uso da razão, o Batismo atua no homem, comunicando-lhe uma realidade sobrenatural.

Objeções à Doutrina da Igreja (2 de 2)

Seria um atentado à liberdade da pessoa batizá-la ainda criança, pois talvez ela não queira aceitar a fé.

• No plano natural, os pais fazem escolhas pelos filhos a todo momento: alimentação, educação, higiene, etc. Omitir-se em fazer tais escolhas pode prejudicar enormemente os filhos.

• Para quem tem fé, a filiação divina é o maior dos valores.

• Mesmo que a criança, chegada a idade adulta, rejeite a fé, o mal é menor do que a omissão do sacramento.

• De forma análoga, desprezar uma boa educação é menos danoso do que omitir uma boa educação quando se a pode oferecer.

Perspectivas Canônicas

Elementos canônicos do sacramento

Matéria Forma Sujeito Ministro

Elementos canônicos do sacramento

Matéria remota: água verdadeira (cân. 849)

“verdadeira” não é um conceito químico, mas refere-se àquilo que rotineiramente é

conhecido como água

para liceidade, a água deve ser benta (cân. 853) e limpa (Ordo Baptismi, Introdução Geral, n.

21)

Matéria próxima: ablução (cân. 849)

Duas modalidades: imersão ou infusão (cân. 854)

A modalidade de aspersão não é mais lícita.

Elementos canônicos do sacramento

N., ego te baptizo in nomine Patris et

Filii et Spiritus Sancti.

N., eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito

Santo.

Elementos essenciais: (1) a pessoa do ministro; (2) a pessoa do batizando; (3) a

ação de batizar; e (4) a unidade e a distinção das Pessoas divinas.

Elementos canônicos do sacramento

Toda pessoa ainda não batizada (cân. 864)

• Código de 1917: pessoa humana em vida

Condições para a liceidade:

• Manifestar vontade de ser batizado

• Estar devidamente instruído sobre as verdades de fé e as obrigações cristãs

• Ser admoestado para que se arrependa dos pecados

• Pelo menos um dos pais consinta

• Haver fundada esperança de educação da criança na fé católica

Para efeito do Batismo, equipara-se à criança todo aquele que não está em seu juízo (cân. 852 § 2º)

Em perigo de morte, a criança é licitamente batizada mesmo contra a vontade dos pais (cân. 868 § 2º)

Elementos canônicos do sacramento

A criança encontrada seja batizada, a não ser que se constate seu batismo

(cân. 870)

Os fetos abortivos, se estiverem vivos, sejam

batizados (cân. 871)

Quando há dúvidas sobre o sacramento, confere-se o Batismo sob condição

(cân. 869 § 1º)

Os pais têm a obrigação de cuidar que as crianças sejam batizadas dentro das primeiras semanas

(cân. 867 § 1º)

Elementos canônicos do sacramento

• Bispo diocesano e pároco (cân. 530 e 863)

• Vigários paroquiais e diáconos como cooperadores

Ministro ordinário do Batismo é o

Bispo, o presbítero e o diácono (cân.

861 § 1º)

Ministro extraordinário é o catequista ou outra pessoa designada pelo ordinário local; em caso de necessidade,

qualquer pessoa com reta intenção (cân. 861 § 2º)

Batismo nas igrejas cristãs não-católicas

Batizam validamente:

• Igrejas orientais pré-calcedonianas e ortodoxas

• Igreja Episcopal (Anglicana)

• Igreja Luterana (IECLB e IELB)

• Igreja Metodista

Batizam validamente com concepção distinta:

• Igreja Presbiteriana

• Igreja Batista

• Igreja Congregacional

• Igreja Adventista

• Grande parte das igrejas pentecostais

• Exército da Salvação

Batismo nas igrejas cristãs não-católicas

Batismo duvidoso – batizar sob condição:

• Igreja Pentecostal Unida do Brasil

• Igrejas Brasileiras

• Mórmons

Batismo inválido:

• Testemunhas de Jeová

• Ciência Cristã

• Grupos não-cristãos, como Umbanda

Padrinhos

Função (cân. 872)

• Acompanhar o batizando no sacramento

• Ajudar para que cumpra com fidelidade as obrigações de cristão

Número (cân. 873)

• Um padrinho, ou uma madrinha, ou um casal

Requisitos (cân. 874)

• Ser escolhido pelos pais ou pelo batizando

• Ter completado 16 anos

• Ser católico, confirmado, com vida de fé

• Não estar atingido por pena canônica

• Não ser pai ou mãe do batizando

• Não ser namorado ou namorada (exclusivo para Arq. Rio)

Mistagogia da Celebração

Mistagogia da celebração

• Graça da redenção que Cristo nos proporcionou Sinal da cruz

• Ilumina com a verdade e suscita a fé Anúncio da Palavra

de Deus

• Libertação do pecado e da influência do demônio Exorcismos

• Invocando força, sabedoria e virtudes Unção pré-batismal

(no peito)

• Oração epiclética Água batismal

Mistagogia da celebração

• Configuração ao Mistério Pascal de Cristo Tríplice ablução

com água

• Dom do Espírito Santo, sendo o batizado sacerdote, profeta e rei

Unção com o santo Crisma (na fronte)

• Aqueles que alvejaram suas vestes no sangue do cordeiro (Ap 7,14) Veste branca

• Acesa no círio pascal, mostra a iluminação do batizado pelo ressuscitado Vela

• Agora filho de Deus, pode chamá-lo de Pai Oração dos fiéis

Bibliografia

Catecismo da Igreja Católica

Código de Direito Canônico

BETTENCOURT, Estevão. Curso de Liturgia (EME – CL). mimeo.

____________________. Curso sobre os Sacramentos (EME – CL). mimeo.

BOROBIO, Dionisio (org.). A Celebração na Igreja. Vol. 2. 2ª. ed. São Paulo: Loyola, 2008.

SADA, Ricardo; MONROY, Alfonso. Curso de Teologia dos Sacramentos. 2ª. ed. Lisboa: Rei dos Livros, 1998.

HORTAL, Jesus. Os Sacramentos da Igreja em sua Dimensão Canônico-Pastoral. 3ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003.