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    MATERIAL DIDTICO

    HISTRIA DAS RELIGIES

    U N I V E R S I D A D E

    CANDIDO MENDES

    CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELAPORTARIA N 1.282 DO DIA 26/10/2010

    Impressoe

    Editorao

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    SUMRIO

    INTRODUO ....................................................... ................................................................. ............................. 3

    UNIDADE 1POLITESMO ................................................................ .............................................................. 4

    UNIDADE 2 - HINDUISMO ................................................................................................... ............................. 8

    UNIDADE 3 - BUDISMO ............................................................. ................................................................. ..... 12

    UNIDADE 4 - RELIGIES AFRICANAS ................................................................. ...................................... 18

    UNIDADE 5 - MITRAISMO ........................................................ ................................................................. ..... 22

    UNIDADE 6 - JUDAISMO ........................................................... ................................................................. ..... 25

    UNDIADE 7 - CRISTIANISMO ............................................................. ........................................................... 30

    UNIDADE 8 - A BBLIA ........................................................................ ............................................................ 34

    UNIDADE 9 - ISLAMISMO .............................................................................................................................. 42REFERNCIAS .................................................................................................................................................. 46

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    INTRODUO

    Durante toda a Histria das civilizaes, o homem produziu cultura,

    representando de diversas formas suas relaes sociais, suas relaes com o meio

    fsico e tambm, e principalmente com o imaterial.

    Tentar compreender o que move a vida, a origem das fatalidades e das

    alegrias, crer na existncia de um poder sobre-humano que tudo criou e tudo

    ordena, correspondem caractersticas de todas as sociedades.

    Tanto na antiguidade asitica, quanto africana ou europia, religies se

    formaram, com o intuito de auxiliar os homens, na orientao de seu pensamento e

    de sua conduta. Alguns destes cdigos religiosos, porm, marcaram profundamente

    suas sociedades e mesmo seu tempo.

    Observaremos aqui, algumas destas religies, com o intuito de buscar uma

    melhor compreenso das semelhanas que nos aproximam, bem como, das

    particularidades, que nos identificam.

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    UNIDADE 1POLITESMO

    Por Ivete Batista da Silva Almeida.1

    Imagem de QUESNEL, Alain. O Egito. Mitos e Lendas.

    Tanto os estudos que envolvem a Histria da Cultura quanto aqueles que

    envolvem a Antropologia, e mesmo a Psicologia, esto em acordo ao concluir que,

    as sociedades humanas, desde os primrdios, ao organizar-se, estabelecem

    parmetros e princpios no somente para a compreenso do mundo material, mas

    buscam tambm a compreenso de sua prpria existncia. Esta experincia, da

    1Ivete Batista da Silva Almeida mestre em Histria Social pela Universidade de So Paulo e doutoranda em

    Histria pela mesma instituio. Atualmente atua como coordenadora no projeto de EAD da UniversidadeFederal de Uberlndia e como docente da Faculdade Catlica de Uberlndia.

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    busca pela compreenso do ser; do existir; leva o homem a uma busca por algo que

    ele entende ser maior, mais forte que ele prprio, a experimentar o sentimento

    religioso.

    Nas sociedades primitivas, a fora criadora era concebida como a prpria

    fora da natureza atuando sobre a matria; assim, tudo aquilo que ultrapassasse a

    compreenso ou a capacidade de ao e interveno humana, era interpretado

    como produto da vontade de uma divindade.

    Nessa perspectiva, consideramos como sendo religio, no apenas o

    conjunto de crenas que ordenam a atitude de crer na existncia de foras divinas

    que submetem a vontade humana. As religies, independentemente do tempo e do

    espao scio-geogrfico em que se tenham desenvolvido, teriam como

    caracterstica comum o reconhecimento do sagrado e da existncia de uma fora

    sobre-humana, que submete o destino e a vontade dos homens, dessa forma,

    entende-se por religio a expresso cultural de uma sociedade composta por um

    corpo organizado de rituais e crenas que ultrapassam a interpretao da

    realidade concreta e material; enquanto que, por sua vez, a experincia religiosa,

    configurar-se-ia, nesta perspectiva, em um momento, no qual o indivduo toma

    conscincia, presta tributo e submete-se a esse poder superior, do qual um ou vrios

    entes so os detentores.

    Para que possamos prosseguir, importante, contudo, diferenciarmos

    religio e mitologia. O conjunto de histrias que envolvem os deuses e a criao

    do mundo no pode ser confundido com as crenas e as prticas que levam

    internamente o indivduo a experimentar o sentimento religioso. Assim sendo, se

    pensarmos, por exemplo, no politesmo grego, a religio no estaria representada

    pelos mitos sobre os deuses olmpicos, mas sim representada pelas prticas dos

    mistrios. Conforme Fernand Robert:

    A religio no est no que se conta, mas no que se faz. O que se faz,melhor ainda do que se conta, dar lugar a comparaes com outros povos;mas, em vez de comparar mitos compararemos ritos. No somente naGrcia que houve festas onde se acendiam fogueiras. O mito aparecerfrequentemente, ento, como um meio de explicar o rito, como um aition:essa palavra grega, que serviu de ttulo a toda uma coletnea de Calmacoe a duas de Plutarco (uma sobre os costumes gregos, outra sobre oscostumes romanos) (1988, p.06)

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    Assim, sendo, em relao, apenas ao aspecto mitolgico, poderamos apontar

    que as religies politestas apresentariam:

    MITOLOGIA: O estudo dos mitos. Nem toda religio est ligada a uma

    mitologia, mas as religies de carter politesta e antropomrfico oferecem, em

    princpio, imaginao mtica, matria prpria.

    MITO: uma narrao potica, referente ao nascimento, vida e feitos dos

    antigos deuses e heris dos primrdios.

    LENDA: Relato transmitido pela tradio.

    ORIGEM DOS MITOS: O pensamento, nas sociedades antigas, estruturava-

    se em torno da compreenso dos fenmenos como produtos de uma vontade. Os

    mitos seriam a narrativa que atende explicao, descrio dos fatos que

    envolveriam a vontade e as paixes divinas, responsveis pela formatao do

    mundo e dos fenmenos naturais como os conhecemos (cosmogonia)

    FONTE DA MITOLOGIA: Baseia-se no legado oral, ou por vezes, no legado

    de antigos poetas, que dedicaram sua obra transposio escrita - em formato de

    prosa ou poema dos mitos e lendas que descreviam o surgimento da vida, do

    mundo, e da prpria ordem da natureza. Citamos, dentre esses, Homero, Hesodo,

    para a mitologia grega e o legendrio Vyasa, para a hindusta.

    QUANTO AOS DEUSES: Em alguns pantees politestas, encontramos

    divindades que eram representadas em uma forma humana (antropomrfica); em

    outras, os deuses assumiam tanto caractersticas fsicas, tanto humanas quanto

    animais (antropozoomrfica); ou mesmo somente a forma animal (zoomrfica).

    Possuam, via de regra, uma histria pessoal. No politesmo, cada deus tem uma

    trajetria de vida, que lembra a trajetria da vida dos homens: os deuses nascem,

    crescem, passam por provaes, casam-se, lutam em batalhas, ferem-se, tm filhos

    e mesmo, morrem. Em muitas mitologias, encontramos a figura do pai dos deuses,

    um deus maior, em torno de quem, todos os outros se renem.

    SACRIFCIOS: Os povos primitivos e politestas adoravam os deuses atravs

    de oferendas, cultos, rituais que, geralmente, comportavam sacrifcios de animais ou

    de seres humanos. Podemos entender que, conforme a caracterstica do deus que

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    se pretende agradar, ou aplacar a fria, uma oferenda ou sacrifcio altura era

    planejado. Poderamos, alegoricamente associar a oferta de alimentos e adornos, ao

    agradecimento; j o sacrifico de animais e mesmo o sacrifcio humano, ligado

    necessidade de conquistar o favor dos deuses em relao a uma situao crtica

    seca, enchente, fome, guerra, erupo vulcnica que, dentro daquela perspectiva,

    s poderia ser contornada com o auxlio do poder divino.

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    UNIDADE 2 - HINDUISMO

    Vishnu, Brahma e Shiva. Imagem:

    Bhagavad Gita.

    Na verdade, tendo por nome verdadeiro sanatana dharma, ou o ensinamento

    perptuo,esta religio de origem indiana passou, segundo Anita Ganeri, no sculo

    XIX, a ser conhecida por estudiosos europeus como hinduismo, em razo de ter

    sido observada e analisada entre as populaes indianas; ou seja, hindus, como

    assim os chamavam os antigos persas.

    Embora seja sabidamente uma das mais antigas religies da Terra, no h

    dados exatos que demonstrem o perodo de surgimento do hinduismo. Calcula-se

    que seu aparecimento date de aproximadamente 4000 anos atrs, quando da

    ocupao do vale do Rio Indo pelas primeiras civilizaes da regio. A civilizao

    originria do Vale do Indo, ocupante do Vale do indo em tempos remotos, deixou o

    vale por volta de 2000 a.C. e somente em torno de 500 a.C. que os rias, os novos

    ocupantes da regio, chagariam ndia. Misturando a sua religio, trazida do

    noroeste da ndia, quela mais antiga, praticada no vale, desde os primrdios,

    formaram-se as bases do hinduismo.

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    O hinduismo em suas origens envolve tanto um conjunto de prticas e

    crenas que o caracterizam como uma religio quanto um conjunto de pensamentos

    e princpios que formam vertentes das filosofias de origem vdico/hindus, bem como

    das seitas de devoo, Bhakti.

    Segundo Heirich Zimmer,

    A filosofia hindu ortodoxa surgiu da antiga religio dos Vedas.Originalmente, o panteo vdicocom sua hoste de deusesrepresentavao universo onde se projetavam as experincias e ideias do homem sobre simesmo. As caractersticas humanas de nascimento, crescimento e morte, eo processo de gerao, eram projetados sobre o acontecer csmico. Asluzes do cu, os variados aspectos das nuvens e das tempestades, dasflorestas, das cadeias de montanhas e do curso dos rios, as propriedadesdo solo e os mistrios do mundo subterrneo eram entendidos e tratados

    com referncia s vidas e relaes dos deuses, os quais, por sua vez,refletiam o mundo humano. Estes deuses eram super-homens dotados depoderes csmicos , e podiam ser convidados a participarem de uma festaatravs de oblaes. Eram invocados, adulados, propiciados ecomprazidos. (2000, p. 238)

    No h um nico roteiro fechado, um receiturio para a conduta do fiel e para

    a prtica do hinduismo, h vrias formas de pratic-lo, porm, todas partem dos

    mesmos princpios:

    1) A crena no Dharma, o caminho para a verdade superior; a doutrina,

    forma de doutrina moral que se remete conduta adequada para que se possa

    alcanar a salvao;

    2) A crena na reencarnao, que significa que a alma renascer em um

    corpo humano ou animal, aps a morte. A alma renasceria inmeras vezes, at

    realizar sua verdadeira misso. Este ciclo de vida e morte, contnuos, chama-se

    samsara. Para um praticante do hinduismo, o objetivo central que move todas as

    almas libertar-se do samsara, para alcanar a moksha, a salvao.

    3) A crena na necessidade de trilhar um caminho que o leve a alcanar a

    moksha, a salvao. Para os preceitos hindustas, existiriam quatro principais

    caminhos a serem trilhados para alcanar a moksha, segundo Ganeri:

    * O caminho da devooorao, culto e devoo a um deus pessoal;

    * O caminho do conhecimento estudo e aprendizado, sob a orientao de

    um guru;

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    * O caminho das boas aes agir desinteressadamente, sem nenhuma

    inteno de obter recompensa para si mesmo;

    * O caminho da iogaioga e meditao

    4) A crena na existncia do karma. Importante entender que o conceito de

    karma, no hinduismo, no se refere unicamente aos maus resultados e obstculos

    da vida, como interpreta o senso comum. Para o pensamento hindusta, o karma

    nada mais do que o conjunto composto pelas aes dos homens e suas

    reaes.

    Os hindus acreditam na existncia de um esprito supremo, segundo

    Zimmer:

    O eu da tradio ariano-vdica, o Ser Universal, habita o indivduo e oque d vida. Transcende tanto o organismo denso de seu corpo como oorganismo sutil de sua psique, carece de rgos sensoriais prprios pelosquais possa atuar e experimentar, e no obstante, a fora vital que o tornacapaz de agir. (2000, p.281)

    Dessa forma, o Brahman, o poder sagrado, o Eu universal, manifesta-se, no

    hindusmo, na forma de trs principais divindades:

    - BRAHMA Seus domnios estender-se-iam pelos quatro cantos da Terra. o

    criador do universo e o deus da sabedoria, tendo por esposa Sarasvati, a deusa das

    artes. Enquanto seu esposo monta um ganso, Sarasvati monta um pavo (ou um

    cisne).

    - VISHNUO protetor do universo, sua montaria a grande guia Garuda; na qual

    cavalga ao lado de sua esposa, a deusa Lakshmi, a deusa da beleza.

    - SHIVA O destruidor. Aqui, na figura de Shiva, devemos entender a destruiocomo parte do ciclo de nascimento e morte que envolve a tudo o que faz parte deste

    mundo terreno. Shiva sempre representado danando, como forma de

    representao do fluir da energia vital. Sua montaria Nandi, o touro branco. Sua

    esposa, a deusa Parvati venerada sob diferentes manifestaes: como deusa-

    me; como Kali, a deusa da destruio; e como Durga, a deusa da guerra.

    Conforme Ganeri:

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    Para salvar o mundo, Vishnu tem de vir terra dez vezes, em dez formasdiferentes, ou avatares:Matsya, o peixe;Kurna, a tartaruga;Varaha, o porco;

    Narasimha, o homem-leoVamana, o ano;Parashurama, o guerreiroSenhor RamaSenhor KrishnaBudaKalki, o ginete do cavalo branco, que ainda est por vir.(1998, p.17)

    Embora no haja um livro sagrado que represente sozinho o pensamento

    hindusta, os princpios da busca pela iluminao, no hinduismo, esto expressos

    em alguns livros sagrados; como o Rig Veda,o Mahabharata, o Bhagavad Gita, o

    Ramayana, os Upanishads.

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    Imagem: Grandes Imprios e

    Civilizaes. A China.

    Ediciones Del Prado

    UNIDADE 3 - BUDISMO

    Nascido igualmente na ndia, temos tambm o budismo.

    Este, conforme o professor Dr. Ricardo Mrio Gonalves, no

    bem uma religio no sentido ocidental do termo, pois no se

    preocupa com deuses e profetas. A preocupao bsica do

    budismo a plena realizao da personalidade humana

    atravs do desenvolvimento da sabedoria e da compaixo. No

    budismo, embora exista a aceitao da existncia de seres

    sobre-humanos, estes no possuem atributos ligados criao, a salvao ou julgamento.

    O budismo pode ser definido como um princpio

    religioso, ou mesmo como uma filosofia, baseada nos

    ensinamentos de Siddhartha Gautama, ou Sakyamuni, o Buda,

    o sbio da casta guerreira dos ksatriyas, que teria vivido entre

    563 e 483 a.C., na ndia.

    Conforme sua lenda de formao, Siddhartha, fora um

    prncipe; sua vida teria sido de luxo e conforto, sendo que seu

    pai, no medira esforos para evitar que o filho entrasse em

    contato com os sofrimentos da vida: a misria, a doena, a dor,

    a fome, a morte etc. Contudo, por volta dos 29 anos, o belo

    jovem teria visto as agruras do mundo e desejado abandonar o

    luxo e a riqueza em que vivia, adotando uma vida de asceta.

    Praticou o ioga e outras prticas ascticas mais profundas e

    extremas. Segundo a lenda, meditou por muito tempo, sentado

    embaixo de uma figueira - a rvore Bo. O prprio termo Bo,

    deriva de bodhi, do Pali, iluminao - quando finalmente teve

    a iluminao e compreendeu a

    soluo para a libertao do

    samsara.

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    Aps o vislumbre da verdade, teria seguido caminho, encontrando cinco

    jovens, que teriam ouvido a revelao, tornando-se os primeiros seguidores do

    mestre. O Buda teria ento vivido a partir daquele momento pregando a verdade e o

    caminho; transmitiu sua doutrina de maneira oral, no tendo escrito nada.

    Dos vrios elementos que compem a doutrina do budismo, um

    fundamental; conhecido como o princpio das Quatro nobres verdades:

    1) A primeira nobre verdade: (...) esta a nobre verdade do sofrimento:

    nascimento sofrimento, envelhecimento sofrimento, enfermidade sofrimento,

    morte sofrimento; tristeza, lamentao, dor, angstia e desespero so sofrimento;

    a unio com aquilo que desprazeroso sofrimento; no obter o que queremos

    sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego so

    sofrimento. (...)

    2) A segunda nobre verdade: (...) esta a nobre verdade da origem do

    sofrimento: este sentimento que conduz a uma renovada existncia, acompanhado

    pela cobia e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto , o desejo pelos

    prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por no ser/existir....

    3) A terceira nobre verdade: (...) esta a nobre verdade da cessao dosofrimento: o desaparecimento e cessao sem deixar vestgios daquele mesmo

    desejo, o abandono e renncia ele, a libertao dele, a independncia dele. (...)

    4) A quarta nobre verdade: (...) esta a nobre verdade do caminho que

    conduz cessao do sofrimento: este nobre caminho ctuplo: entendimento

    co rreto , pensam ento c orr eto, l ing uagem co rreta, ao co rreta, modo d e vida

    co rreto , esforo co rreto , ateno p lena co rreta, con cen trao c or ret a.

    (...)http:/ /pt.wikipedia.org/wiki/Budismo

    No existe no budismo, um livro sagrado que norteie o pensamento e a

    conduta dos fiis, como a Bblia para os cristos ou o Coro para os muulmanos;

    contudo, os ensinamentos do Buda, j por volta do sculo I a.C., comeavam a ser

    registrados. Estas transcries foram realizadas primeiramente no Sri Lanka,

    constituindo-se assim, o Cnone Pli, que confere aos textos do Sri Lanka o

    reconhecimento como os textos mais fiis aos ensinamentos do Buda. Esta coleo

    de transcries chamada deTripitaka, dela que as diferentes correntes retiram

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    os textos que lhes serviro como guia. So eles a Sutra Pitaka (discursos de Buda),

    Vinaya Pitaka (conjunto de texto sobre regras de conduta dos monges) e a

    Abhidharma Pitaka (sobre os aspectos filosficos do pensamento de Buda).

    A partir da, o budismo se expande pelo Oriente, formando, dentre as

    principais linhagens a Theravada ou Hinayana (pequena barca) no Sri Lanka

    onde o rei ordenou a construo do grande templo Mahavira, centro do budismo

    hinayana durante sculos - Tailndia e Pennsula Malaia; e o Mahayana (a grande

    barca) na China, Vietn, Tibete, Coria e Japo.

    A Difuso do Budismo

    Partindo da regio de seu surgimento, o budismo espalhou-se para outras

    partes da ndia.

    Durante o reinado de Asoka, o budismo gozou de grande prestgio, pois o

    prprio rei havia se convertido. Aps seu processo expansionista, que transformaria

    o territrio de seu imprio numa extenso muito prxima do que a ndia de hoje, o

    rei resolvera governar a partir de preceitos budistas: construiu hospedarias para os

    viajantes, tratamento mdico a humanos e animais; aboliu a tortura e a pena de

    morte. Substituiu a caa - como lazer da famlia real - pela peregrinao em locais

    budistas. Com o objetivo de levar o budismo a outras regies, o rei Asoka teria

    enviado emissrios para Sria, Egito e Macednia. Chegando o imprio mauria ao

    final, por volta do sculo II a.C., a ndia foi ento dominada pelos Sunga e depois

    pelos Kanva, que foram perseguidores do budismo. Durante a dinastia gupta (320

    540) os monarcas favoreceram o budismo e o hinduismo. Em meados do sculo VI,os hunos invadiram o noroeste da ndia, destruindo inmeros mosteiros budistas.

    Seria, contudo, a partir do sculo XII que o budismo entraria em forte declnio devido

    a vrios fatores, dentre eles, o revitalismo hindu e principalmente pela presena

    muulmana entre os sculos XII e XIII.

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    O Budismo Na China

    O budismo na China teria chegado ainda durante o perodo da dinastia Han.

    Segundo a tradio, o imperador Ming-Ti, teria avistado um ser dourado voando

    pelos cus do palcio, identificando o misterioso ser com o Buda indiano, teria

    ordenado que seus emissrios fossem at a ndia e trouxessem quem lhe pudesse

    ensinar a doutrina. Seria, contudo, somente durante as dinastias Wei e incio da

    dinastia Tang, entre os sculos V e VI que o budismo criaria fora na China,

    expandindo-se ali tanto as escolas indianas, quanto surgindo escolas prprias

    chinesas.

    O BUDISMO NO JAPO

    Entre os sculos IV e VIII, o budismo desenvolveu-se na China e tambm na

    Coria e, a partir desta sua expanso, teria sido introduzido no Japo. O momento

    mais importante, para o desenvolvimento do budismo, em terras japonesas, teria

    sido durante o sculo VI, quando Shotoku Tenno declara o budismo a religio oficial

    do reino. Entre os sculos VI e XII, porm, o budismo manteve-se como uma religio

    da aristocracia, sendo o xintosmo a religio mais praticada pelas camadas

    populares. A partir da primeira fase do domnio militar dos shogun, durante o

    Kamakura Bakufu (1185-1333), o budismo popularizar-se-ia, principalmente com o

    surgimento de escolas como a Terra Pura, tambm chamada de escola Shin,

    fundada no Japo, no sculo XIII, pelo mestre Shinrane com a escola Zen.

    O budismo Zen enfatiza basicamente a meditao, enquanto que o budismo

    shin enfatiza o nenbutsu(contrao do mantra nanmu amida butsu, ou seja Buda

    e eu somos um, o Buda da luz infinita, inteligncia, da felicidade e do amor. A

    prtica do nenbutsu implica salvao pelas aes).

    Mas, o que significaria a palavra zen? Em japons, zen, tem o mesmo

    significado que chan em chins; jhana em pli; dhyana em snscrito; ou seja,

    significa meditao esttica e dinmicano s a quietude esttica, mas tambm a

    quietude em meio multiplicidade.

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    16

    O budismo zen uma corrente budista chinesa resultante doencontro entre a atitude contemplativa do Budismo Indiano com amentalidade prtica, objetiva e at certo ponto antimetafsica quepredomina na cultura chinesa. Reza a tradio que o zen chegou China, trazido por Bodhidharma, monge indiano que chegou regiode Canto por via martima, por volta de 520.http://pt.wikipedia.org/wiki/Budismo

    O budismo shin enfatiza duas leis: a da interdependncia e a da

    impermanncia.Caberia ao homem compreender o princpio da unicidade entre as

    criaturas deste mundo, pois para o pensamento shin toda a humanidade e eu

    somos um(no existe esposa, se no existir um marido. Haveria, portanto uma

    grande interdependncia entre os pares de opostos, pois um no pode existir sem o

    outro). O nenbutsu a unidade entre o sujeito e o objeto.

    Quanto ao princpio da impermanncia, estaria ligado compreenso da

    fugacidade dos sentimentos, dos medos e das paixes; associa-se, portanto

    quarta nobre verdade, exposta pelo Buda, para a cessao do sofrimento: o

    caminho ctuplo:

    - entendimento correto,

    - pensamento correto,

    - linguagem correta,

    - ao correta,

    - modo de vida correto,

    - esforo correto,

    - ateno plena correta,

    - concentrao correta

    O BUDISMO NO TIBETE

    Inicialmente, entre os sculos VII e VIII, o budismo teve pequena penetrao

    no Tibete, sofrendo grande represlia da religio local, o Bon, uma antiga religio

    xamnica local, que partia do princpio de que todos os seres vivos possuiriam alma.

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    A partir do sculo XI, o budismo ganharia maior projeo no territrio tibetano,

    para da, com maior aceitao. Surgem quatro fortes escolas budistas no Tibete:

    Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa. O budismo tibetano (gelugpa) estende-

    se para alm do Tibete e em 1578, o imperador mongol Alta Khan converte-se,

    concedendo o ttulo de Dali Lama ao lder religioso do budismo gelugpa.

    Em 1641, com o auxlio dos mongis, o quinto Dalai Lama enfrenta e derrota

    o prncipe tibetano de ento, toma o poder e torna-se lder espiritual e temporal do

    Tibete. A partir dessa data, at a invaso chinesa em 1958, o Dalai Lama seria

    reconhecido como lder espiritual e temporal, de fato o governante do Tibete.

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    UNIDADE 4 - RELIGIES AFRICANAS

    Mscara tribal. Imagem disponvel em

    monomito.wordpress.com/2006/07/

    As Religies Africanas Primais

    (Em frica) a religio adquire-se ao nascer como um direito deprimogenitura (por exemplo); no h converso no sentido que se d a esse

    termo no Ocidente.(Grandes Imprios e Civilizaes, p.31) .

    Tambm chamadas de tradicionais ou primitivas, so estas religies

    caracterizadas por no apresentarem um conjunto de obras escritas. Justamente por

    conta dessa caracterstica, nosso conhecimento sobre elas, tem por base os relatos

    de europeus e muulmanos que registraram os costumes e prticas sociais de

    vrios povos africanos. Embora nos revelem muito sobre o passado da frica, tais

    registros, no escapam de algumas impresses permeadas pelo olhar etnocntrico.

    Originrias das sociedades tribais, as religies primais seriam vrias no

    espao do continente africano; apresentando caractersticas que as diferenciam

    entre si tornando-as nicas, embora possamos, a partir de anlise perceber tambm,

    alguns pontos de contatos entre elas, como aponta Jostein Gaarden, em seu O livro

    das Religies:

    http://monomito.wordpress.com/2006/07/http://monomito.wordpress.com/2006/07/http://monomito.wordpress.com/2006/07/
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    Na maioria das tribos existe a crena num deus supremo, embora estereceba muitos nomes. Normalmente associado ao cu, ele que concede afertilidade, e em alguns mitos representado ao lado da deusa associada terra.Foi esse deus supremo que criou todas as coisas vivas, os animais e o ser

    humano. Foi ele ainda o responsvel pelos decretos que regulam asociedade, pelos costumes a que a tribo tem o dever de obedecer. Comfrequncia ele tambm o deus do destino, que governa a vida dos sereshumanos e controla a boa ou a m fortuna da tribo. (2005, pg.83)

    Em geral, o deus supremo no incomodado pelos pedidos dos fiis; estes

    se remetem aos deuses menores e aos espritos dos antepassados para

    intercederem em seu favor em caso de necessidade.

    Quanto aos espritos dos ancestrais, estes corresponderiam aos adultos de

    uma famlia que j faleceram. Os chefes da famlia, os patriarcas so os espritos

    ancestrais mais respeitados, isso porque, para a maioria das religies primais,

    haveria, tambm no mundo espiritual, uma diviso de status, dessa forma, o esprito

    do homem-comum teria menos poder de interveno que o de um antigo chefe da

    tribo, j falecido.

    Em vida, a funo do chefe no seria somente poltica, o chefe tambm, na

    maioria das vezes, o sacerdote supremo, o elo entre os vivos e os mortos,responsvel por presidir diferentes tipos de cerimnias, porm no cumpre esta

    tarefa sozinho, ao seu lado tem o auxlio dos curandeiros, que alm de cuidar das

    doenas do corpo, teria tambm por funo cuidar das doenas provocadas pelos

    maus espritos, em geral, por meio de magia.

    Para a maioria das religies africanas primais, a magia seria um mal a ser

    combatido. Os feiticeiros e feiticeiras, seriam os responsveis por influenciar os

    acontecimentos aliciando os seres espirituais ou ativando foras naturais ocultas,como explica Gaarden.

    Assim, nas sociedades africanas, a ideia da manipulao e interpretao da

    natureza para o bem coletivo era vista como algo necessrio, contudo, a

    manipulao das foras da natureza para o mal no era tolerada.

    Dois seriam os princpios da magia: partindo da ideia de que existem foras

    que nos unem e nos submetem, haveria a crena na capacidade dos iguais se

    atrarem, como por exemplo, chamar a chuva, imitando o som da chuva; bem como

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    a crena de que a conexo entre a parte e o todo; ou seja, posso influenciar uma

    pessoa estando de posse de fios de seus cabelos.

    Na busca pelo equilbrio entre o homem e as foras divinas e espirituais,

    vrios rituais de adivinhao e tambm rituais de passagem so realizados, por

    jovens e adultos, com o intuito de alcanar o esclarecimento e a fortuna.

    Essa compreenso religiosa da vida, j foi definida, pelos pesquisadores europeus

    do sculo XIX como sendo uma viso animista, ou seja, a crena na existncia de

    espritos que habitariam a natureza e todo o mundo material. J foi definida tambm

    como uma viso mgica, em funo da presena das cerimnias e amuletos. Mas

    hoje, os antroplogos tendem a definir essa compreenso africana do mundo como

    um conjunto de religies que partem do princpio da existncia de uma fora

    vital. Esse termo tenta englobar o princpio ordenador das crenas que vem tanto

    os seres da natureza como portadores de alma, quanto quelas que crem na

    interveno dos antepassados como protetores de seus descendentes aqui na terra.

    Nessa viso religiosa do mundo e da vida, as diferentes religies se colocam lado a

    lado na crena de que no h morte, tudo na natureza renasce e mesmo os

    homens, ao morrerem, no deixam o cl, passam a ter uma nova funo numa vida

    imaterial.

    Nas ofertas costuma atuar como sacerdote o chefe de famlia ou docl, mas se h altar, fazem nele os seus sacrifcios e, por vezes, atendido por sacerdotes profissionais, plenamente dedicados aoculto. Em quase todas as sociedades h um especialista em matriasreligiosas muitas vezes denominado mdico bruxo. As suas funesno consistem na prtica da feitiaria, mas em descobrir a origem domal em todas as suas formas e em aconselhar-se sobre a maneirade se ver livre dele. Por vezes, trata-se de uma pessoa que tambmconhece as virtudes das ervas e faz as vezes de curandeiro. (Para

    essas culturas) o mal pode proceder de antepassadosdesconsiderados, de espritos malvolos ou de bruxas. Estas ltimascostumam ser correntes, fazendo parte da comunidade, que podemter, herdado o seu poder ou ter-se tornado bruxas involuntariamente,por cimes, dio ou inveja. A eliminao da bruxaria importante,dado que a bruxa no sabe por vezes que embruxoua pessoa emquesto. No mundo africano, no possvel separar totalmente amagia e a bruxaria da religio. (Grandes Imprios e civilizaes, p.33)

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    No caso das religies africanas, a crena na existncia de um nico

    princpio criador para tudo o que existe facilitou em muito a aceitao tanto do

    islamismo quanto do cristianismo entre os povos africanos.

    Os atributos dessa divindade suprema so imprecisos. Deus (para eles)reside muito longe, quer alm do firmamento, que nas profundezas. Estedistanciamento , em certos mitos, a punio de uma falta humana, poishouve um tempo em que Deus e o cu estavam ao alcance do homem. Masa consequncia deste distanciamento de um Deus impessoal, todo-poderoso, que no tem necessidade de nada e (acrescentam alguns)infinitamente bom, portanto no podendo fazer o mal, que a religio quasenunca se dirige a ele. (Para eles) Deus no tem necessidade dos homens.Entre os Dogon, Amma, o deus criador, possui um lugar especial no culto:cada chefe de famlia oferece-lhe sacrifcio. Para os bambara, Faro, o deussuperior, criou-se a si mesmo do caos original, venceu o deus da terra,Pemba, e organizou o mundo. Entre os achanti, Nyamou Nana o deus

    supremo. Olorun ocupa esse lugar entre os yorub. Na regio dos grandeslagos o deus supremo o todo-poderoso e onipresente Mulungu. (Giordani,p. 160)

    Alm do deus-criador, haveriam os deuses secundrios ligados s foras da

    naturezao trovo, os raios, a terra, as guas etc existindo ainda os gnios que

    seriam como espritos que vagam pela terra podendo ter diferentes comportamentos

    desde roubar comida, a revelar segredos ou mesmo proteger a aldeia. Tambm

    alguns animais representariam espritos protetores, como o crocodilopara egpciose mandingas as cobras gigantes e as tartarugas. Tambm os astros seriam

    considerados divindades - como entre os primeiros povos da atual Etipiasendo o

    Sol e a Lua os mais importantes dentre eles.

    Tal como as religies tradicionais que eram diversas, porm com uma lgica

    semelhante, os cultos tambm possuam particularidades e pontos em comum. Um

    desses pontos comuns era a existncia dos sacrifcios. A funo desse era sempre a

    de transferir foras, no apenas ao sacrificador, mas a todo o grupo a que elepertencia. Acompanhando o sacrifcio, as cerimnias eram sempre marcadas pelo

    canto e pela dana.

    Num mundo compreendido como um campo envolto por tanta magia, a figura

    dos sacerdotes, adivinhos e curandeiros, seria sempre muito importante,

    estendendo-se a funo desses personagens a vrias instncias da vida cotidiana,

    como: prever problemas, detectar doenas, encontrar curas e localizar feiticeiros e

    feiticeiras.

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    UNIDADE 5 - MITRAISMO

    Cena da tauroctonia. Imagem disponvel em

    wikipedia.keny.org/pt/wiki/Mitra%C3%ADsmo.html

    Religio antiga, de origens indianas, tendo sido difundida com maior fora

    pela Prsia, a partir do II milnio a.C. Possui um grande conjunto de smbolos

    iconogrficos, mistrios e rituais iniciticos pelos quais passavam os seus fiis, no

    possuindo um codex escrito de regras e leis.

    O mitrasmo derivou do zoroastrismo; religio monotesta que professava a

    crena no deus nico Ahura Mazda, que simbolizaria o bem, e sua eterna luta contra

    o mal, representado por Arim. Alguns documentos do II milnio apontam para apresena de Mitra, na mitologia persa, como um aliado de Ahura Mazda, como uma

    espcie de juiz das almas.

    Segundo o mito, Mitra teria nascido de uma pedra, prximo a uma fonte, sob

    a proteo de uma rvore sagrada. Tal qual a Athena grega, Mitra tambm teria

    nascido paramentado. O deus persa, nasceria com a cabea coberta com o barrete

    frgioespcie de touca, utilizada pelos escravos gregos libertos; a presena deste

    adereo, na imagem de Mitra, simbolizaria portanto a liberdade uma faca - com aqual cortou as folhas da rvore para tecer suas roupas - e uma tocha, para iluminar-

    lhe o caminho, pois Mitra, embora no seja o prprio Sol, contudo senhor da Luz

    (genitor luminis). Em outras verses do mito, o nascimento de Mitra, dar-se-ia dentro

    de uma caverna, o que justifica o fato dos rituais que celebram Mitra acontecerem

    nos mithraeum (cavernas). Aps o seu nascimento, Mitra teria sido adorado pelos

    pastores da regio, com os quais conviveu durante muito tempo.

    http://wikipedia.keny.org/pt/wiki/Mitra%C3%ADsmo.htmlhttp://wikipedia.keny.org/pt/wiki/Mitra%C3%ADsmo.html
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    Certa vez teria Mitra encontrado, o touro primordial, com o qual travara

    grande batalha. Agarrado aos chifres do animal, Mitra teria sido arrastado e chutado,

    mas sem desistir, esperou at que o animal se cansasse. Agarrando-o finalmente

    pelas pernas, teria levado o animal at uma caverna, onde um corvo enviado pelo

    deus Sol teria lhe informado que Mitra deveria sacrificar o animal. Tomando a faca

    s mos, Mitra crava o flanco do animal: da coluna vertebral do animal, sairia o trigo;

    seu sangue transfigurar-se-ia em vinho; de seu smen, purificado pela luz da Lua,

    sairiam os animais teis ao homem. caverna teria chegado um co, que comeu o

    trigo, um escorpio que cravou as pinas nos testculos do touro e uma serpente.

    Para os mitlogos, esta alegoria da tauroctonia o sacrifcio do touro

    simbolizaria o poder de Mitra, como o ordenador do universo.

    O mitraismo era uma religio de mistrios, sendo que seus praticantes,

    deveriam passar por sete estgios de iniciao: o corax (o corvo); o cryphtus (o

    oculto); o miles (o soldado); o leo (o leo); o perse (o persa); o heliodromus (o

    emissrio solar); opater (o pai). Deste processo inicitico, destacamos, o ritual para

    a asceno ao estgio de miles, soldado, no qual o iniciado deveria passar a

    compreender a sua existncia como um servio militar e a vida como um campo de

    batalha; neste ritual de iniciao, o soldado era marcado na testa, com um pequeno

    sinal, feito com um ferro quente; ao trmino de suas provaes, lhe era oferecida

    uma coroa, que ele deveria negar, declarando desejar somente uma coisa: a

    aceitao de Mitra como seu salvador.

    Mitra ainda associado quele que conduz o Sol, em sua carruagem tal

    qual Marte, na mitologia romana e foi intensamente cultuado no territrio que

    correspondia ao Imprio romano. Tendo sido introduzido em Roma, por volta do ano

    70 a.C., aparentemente, at o incio do sculo I d.C., j gozava de grande aceitao

    entre os soldados do exrcito romano, dado a valorizao da fora e da beligerncia,

    contidas no mito e nos ritos ligados Mitra. O mitrasmo popularizou-se tambm

    entre os comerciantes e os escravos e mesmo os imperadores reverenciavam Mitra,

    como forma de referendar a prpria autoridade.

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    At o sculo IV, o mitrasmo conviveu, no Imprio romano, lado a lado com o

    cristianismo, tornando-se culto proibido somente em 325, quando Constantino

    determinou que o cristianismo seria a nica religio do imprio.

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    UNIDADE 6 - JUDAISMO

    Considerada a mais antiga das religies monotestas abramicas, o Judasmo

    tem sua origem entre o povo hebreu, na Antiguidade, no Oriente Mdio. Tendo como

    principal livro a Tor, os judeus seguem a crena no Deus nico e mantm-se unido

    por meio da preservao de suas tradies e de sua lngua.

    preciso distinguir algumas expresses que geralmente acabam sendo

    empregadas de modo generalizado e sem regras gerando, por isso, alguns

    equvocos. O termo hebreu remete a Abrao. Assim, hebrasmo todo o processo

    que envolve a histria do povo do livro, tudo o que coetneo origem acima

    destacada.

    J o termo judeu s pode ser utilizado historicamente aps o perodo histrico

    que segue morte de Salomo, por volta do ano 922, quando o reino de Israeldividiu-se em dois: ao norte, Israel e, ao sul, Jud. Os assrios atacaram e arrasaram

    Israel em 722 a.C. fazendo com que os israelitas, hebreus que habitavam este

    territrio, fossem deportados ou assimilados. Assim, o termo judasmo s pode ser

    usado aps este perodo, pois refere-se aos hebreus do reino de Jud.

    Mas o judasmo no somente um fenmeno social. Este termo representa,

    tambm, uma mudana significativa na prpria f. Os judeus isto , os hebreus

    habitantes de Jud ou melhor, parte da populao, foram deportados para a

    Estrela de Davi

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    Babilnia no ano 587 ou 586 a. C. e viveram neste exlio por mais de cinquenta anos

    quando o rei da Prsia, Ciro, autoriza seu retorno. No entanto, nestes cinquenta

    anos do cativeiro babilnico muita coisa havia mudado na religio hebraica o qu e

    nos permite afirmar que se trata, de agora em diante, da religio judaica.

    Houve fundamentalmente a transferncia da centralidade do culto judaico do

    templopara a palavra. Antes, era o Templo de Jerusalm o smbolo mximo da f

    judaica, mas com sua destruio e o exlio, os judeus reorganizam seu culto em

    torno da Palavra de Deus o que inclui a liturgia, a transmisso e a redao das

    palavras de Deus. Esta foi uma transformao progressiva e lentamente vai

    adquirindo sua consistncia transformando profundamente a f dos judeus, pois

    mesmo com a construo de um segundo templo 520515 a.C. uma instituio no

    sacerdotal se formar : a sinagoga. Um lugar sagrado que, ao contrrio do templo,

    pode ser criado em outro lugar.

    H, portanto, uma passagem do hebrasmo pr-exlico dominado pela famlia

    sacerdotal de Aaro, cujo posto passava de pai para filho, para um judasmo no qual

    os leigos especialistas na Lei, os chamados doutores da lei ou escribas formam

    uma nova classe. Dessa classe nasce uma tradio de intrpretes da lei

    conhecidos como fariseus que, depois do cristianismo passa a ser mal vista, mas

    que possui grande importncia para a histria do judasmo e at mesmo do

    cristianismo.

    Principais Perodos da Histria de Israel

    1) Dos patriarcas aos Juzes.

    Este perodo se inicia, aproximadamente, no segundo milnio a.C. com a sada de

    Abrao da cidade de Ur na Mesopotmia at seu estabelecimento na Palestina. Tem

    incio, ento, o perodo dos patriarcas: Abrao, seu filho Isaac e seu neto Jac ou

    Israel. O povo de Israel migra para o Egito, provavelmente motivado pela carestia.

    Alguns sculos mais tarde a escravido faz com que haja a esperana de um

    libertador que se concretiza em Moiss no episdio do xodo. Os hebreus vagaram

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    por quarenta anos pelo deserto. No deserto do Sinai Moiss recebe o declogo e

    estabelece as leis civis e religiosas.

    Ocorre a formao das Doze Tribos e a conquista da Palestina ou Cana, seja por

    meios pacficos ou por meio de guerras como as da tomada de Jeric ou da

    expulso dos filisteus. Este o perodo dos Juzes que vai desde a morte de Josu

    (sucessor de Moiss) at o estabelecimento da monarquia.

    2) A monarquia (1020926)

    Saul o primeiro rei; seu sucessor foi Davi que j era soberano das tribos

    meridionais e que, eleito em Hebron, conseguiu unificar Israel, tomou a cidade de

    Jerusalm e para l transferiu sua residncia. Apesar de tudo, no final de seu reino

    teve de conter a ganncia de seus prprios herdeiros revoltosos Absalo e Adonias

    e foi sucedido por Salomo (961 922 a. C.). Este no realizou guerras nem

    conquistas, mas organizou o reino e deu incio a uma intensa atividade de

    construo, inclusive do Templo de Jerusalm; do ponto de vista externo

    caracterizou-se pela diplomacia.

    3) Os reinos de Israel e Jud (922587 a.C.)

    Com a morte de Salomo houve uma srie de tenses polticas que acabaram por

    levar o reino seguinte diviso: como vimos, Israel ao Norte e Jud ao Sul. As

    capitais do norte foram Siqum, Tirsa e Samaria, reunia dez dos territrios das doze

    tribos e teve por rei Jeroboo. O reino de Jud teve por capital Jerusalm,

    congregava os territrios das tribos de Jud e Benjamin e tinha por rei Roboo.

    Em 724 a.C. o rei da Assria, Salmanasar V conquistou Israel, a qual j eraum reino tributrio, ou seja, que j pagava tributos aos assrios. Com a queda da

    Samaria as classes mais altas foram deportadas para a Babilnia e no retornaram

    mais Israel.

    O reino de Jud resistiu mais de um sculo depois da conquista de Israel.

    Enfrentou a imposio do culto assrio no templo de Jerusalm. O rei Josias, porm,

    conseguiu resistir a essa imposio e at mesmo reconquistou terras do antigo

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    territrio de Israel. Jud, no entanto, cai em 587 ou 586 a.C. sob o rei babilnico

    Nabucodonosor.

    4) A poca persa (538333 a.C.)

    Em 538, Ciro autorizou o retorno dos judeus e a reconstruo do Templo de

    Jerusalm, pois pela poltica deste soberano havia o respeito pelos cultos dos povos

    conquistados desde que se mantivessem submissos aos interesses do rei. Pela

    cronologia tradicional, Esdras, que era sacerdote e escriba, fez a leitura da lei diante

    do povo, renovando a aliana do Sinai. Isto foi feito graas carta que Artaxerxes

    deu a Esdras reconhecendo a lei dos judeus, registrada em Esd 7, 12-26.

    5) A poca helenstica (33363 a.C.)

    Este perodo se inicia com a conquista da Palestina por Alexandre Magno. Nos

    sculos seguintes, os eventos polticos demonstram que houve um longo contato

    entre o judasmo e o helenismo. H duas sucesses de conquistas: a dos ptolomeus

    e depois a dos selucidas. A imposio de costumes helnicos provocou inmeras

    revoltas como por exemplo a dos hassideus e a dos macabeus.

    6) A poca romana

    Inicia-se com a conquista da Palestina por Pompeu em 64 a.C. Depois de uma srie

    de sucesses, Herodes um funcionrio dos hasmoneus, foi reconhecido por Roma

    como rei federado, ou seja, como rei dos judeus, mas submetido ao imprio

    romano e ao seu governo na Palestina. Governou entre (37 a.C. at 4 d.C.) Neste

    perodo, as revoltas contra o novo dominador continuaram.

    Em 66 d.C. a revolta judaica se estendeu por toda Palestina e depois concentrou-se

    em Jerusalm. Com a derrota dos judeus praticamente desaparecem alguns dos

    grupos mais significativos de Jerusalm: os saduceus, essnios, zelotes o sumo

    sacerdcio e o Sindrio de Jerusalm. A sobrevivncia da cultura judaica s foi

    possvel pela existncia de vrias comunidades no mediterrneo e pela histria,

    ainda no bem documentada da academia de Jmnia. Segundo se diz, o mestre

    fariseu Yohanan bem Zakkay saiu da cidade de Jerusalm com a permisso de

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    Vespasiano e fundou nesta cidade uma nova academia e um novo sindrio. Daqui

    se inicia o perodo conhecido como judasmo ps-bblico caracterizado pela

    manuteno da cultura e da religio mesmo fora do territrio original de Israel.

    A ausncia do territrio foi compensada com algumas instituies culturais e

    religiosas como a autoridade assumida pela instituio das sinagogas e a tradio

    rabnica das halac, estrada ou caminho, conjunto de normas ou preceitos

    contidos na Tor. O conjunto das normas escritas recebeu o nome de halakhot e

    tornado oficial instituiu a Mixn (palavra que significa ensinamento).

    A Mixn foi estudada e comentada tanto na Palestina como na Babilnia. As

    discusses dos expositores levou construo da Guemar (complementao

    Mixn) e ambas juntas forma o Talmude. Portanto, h dois talmudes, um palestino

    ou jerosimilitano (concludo na metade do sculo V) e um Talmude babilnico.

    Dizem os estudiosos que o Talmude se tornou a ptria do judasmo da dispora.

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    UNDIADE 7 - CRISTIANISMO

    Iluminura medieval. Imagem: Grandes Imprios e Civilizaes. A Bblia. Ediciones Del Prado.

    O cristianismo, embora tenha se tornado a maior fora religiosa do Ocidente,

    na verdade uma religio originria do Oriente Mdio. Nascido na Palestina, o

    cristianismo constituiu-se como crena e como religio aps a morte do Cristo.

    Constitudo numa Palestina domina pelo poder romano desde os anos sessenta, do

    sculo I a.C., em que a religio do povo judeu convivia lado-a-lado com diversas

    seitas que esperavam pela vinda do Messias, aquele que livraria o povo de Israel do

    jugo romano, estabelecendo o seu reinado.

    Aps a morte de Jesus de Nazareth, o cristianismo difunde-se primeiramente

    no seio da comunidade judaica, ou seja, inicialmente, seria entre os judeus que

    teramos os primeiros cristos. Durante o sculo I, teria se expandido para o Egito,

    para a sia Menor e a Grcia; alm dos grandes centros de Alexandria, feso e

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    Antioquia. At a metade do sculo II, o nmero de cristos cresce, formando

    grandes comunidades em Roma, Glia e Norte da frica, principalmente, na regio

    de Cartago. Sendo que a Antioquia seria onde, pela primeira vez, os seguidores de

    Jesus seriam denominados como cristos.

    Durante os sculos I, II e III a expanso do cristianismo teria sido grande, no

    ano 200 o rei de Abgaro, de Edessa (Mesopotmia), converteu-se ao cristianismo,

    enquanto que na Grcia, a situao era equilibrada, l, com exceo de Tessalnica

    e Corinto, o crescimento no era lento, enquanto no Egito, tornava-se popular entre

    a populao local.

    A nova religio reforava a importncia e a organizao da vida comunitria,

    levando sua mensagem s regies mais distantes do Imprio Romano, indo alm

    dos antigos limites de alcance da religio judaica. Os primeiros cristos vivenciaram,

    ora momentos de inteira liberdade religiosa, ora momentos de perseguies,

    promovidas tanto por romanos quanto por judeus, os cristos procuraram conquistar

    o maior nmero possvel de adeptos; em grande parte, graas ao esforo

    evangelizador de Pedro, Joo, Tiago e Paulo.

    O cristianismo iria difundir-se de fato pelo Ocidente, depois do perodoapostlico, sendo que no mesmo momento em que sua expanso no Oriente era

    grande, no Ocidente, limitava-se o cristianismo a comunidades de soldados da Glia

    e da Espanha, florescendo tambm entre as comunidades das zonas porturias.

    Se no perodo da antiguidade os principais acontecimentos da Historia da

    Igreja se deram no Mediterrneo e no Oriente, na Idade Mdia os centros mais

    importantes localizavam-se na Itlia, Frana, Inglaterra e Alemanha. Isso, em virtude

    de dois acontecimentos principais: a penetrao islmica no Sul do Mediterrneo e aadoo do cristianismo pelos germnicos e eslavos. De um lado a Igreja conquistou

    novos povos, de outro perdeu territrios na Sria, Egito e parte do Norte da frica.

    As converses comeam com os visigodos, no sculo IV; depois foram os

    vndalos, os ostrogodos e outras tribos, culminando a expanso crist com a

    aceitao da f catlica por Clvis, rei dos francos.

    O culto cristo dos primeiros tempos tinha por caracterstica a simplicidade do

    ritual, realizado nas casas cedidas pelos fiis, onde se reuniam para orar e participar

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    da cerimnia de partilha do po, expresso presente no ato dos apstolos para

    designar o sacramento da eucaristia. Embora participassem da partilha do po e das

    oraes, os primeiros cristos, que faziam parte da comunidade judaica, tambm

    frequentavam o templo, uma vez que o cristianismo, inicialmente, no estava

    totalmente dissociado do judasmo.

    J as catacumbas, como espao de culto, foram utilizadas por curto perodo,

    principalmente em Roma, contudo acabaram por se transformar no maior dos

    smbolos do passado cristo. O passado, ao qual as catacumbas se associam,

    referir-se-ia constituio propriamente dita do espao e das prticas do culto

    cristo, bem como sua rejeio e perseguies, empreendidas com o

    consentimento de imperadores romanos at o final do sculo II.

    Durante os primeiros sculos da prtica do cristianismo, os cristos

    martirizados passavam a serem considerados mais do que verdadeiros heris, eram

    tomados por intercessores entre os homens e Deus. Com o propsito de invoc-los,

    os cristos se reuniam em torno dos tmulos desses homens santos, tmulos estes

    que tornavam-se centros da religiosidade popular. Em Roma, as comunidades mais

    abastadas compravam terrenos para sepultar seus mortos e para evitar a

    profanao dos tmulos construam criptas no subsolo e sobre elas, edifcios de

    cultos (as futuras catedrais). Esses cemitrios cristos passaram a chamar-se

    catacumbas. E vrias cerimnias do ritual cristo eram realizadas nesses

    cemitrios subterrneos, que abrigavam tmulos de cristos consideradas

    importantes para a comunidade. Assim, a vida cultural, por assim dizer, no interior

    das catacumbas, era bastante intensa.

    Justamente por isso, medida que o governo de Roma passasse a ter a

    religio crist como non grata, um risco unidade do imprio, os acessos s

    catacumbas passariam a ser pontos muito visados. Os soldados acreditavam que

    lacrando a entrada das catacumbas impediriam a realizao dos cultos, contudo,

    mesmo nos perodos mais difceis, os cristos reuniam-se no subsolo, cavando

    novos acessos, escadarias ngremes e mesmo construindo caminhos falsos, para

    ludibriar a guarda.

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    O cristianismo, entre meados do primeiro sculo de nossa Era e at o sculo

    IV, consolidou-se na maior fora religiosa da Europa. Entre os sculos V e XI,

    perodo de guerras e invases, a Igreja constitua-se na nica instituio slida da

    Europa, responsvel pela definio dos padres morais culturais e mesmo artstico

    da Europa Medieval. No sculo XV, com o incio das navegaes e da conquista de

    terras no ultramar, a Igreja quele tempo, fora tambm grande aliada dos reis

    europeus.

    Durante o sculo XVI, porm, um movimento que ficou conhecido como A

    Reforma, questionou as aes da Igreja, que mantinha seu ncleo de poder em

    Roma. Crticas contra a venda de indulgncias, e abusos do poder poltico de bispos

    e mesmo do papa, fizeram com que lderes religiosos como Martinho Lutero e

    Calvino promovessem uma ruptura na Igreja crist, que passaria a dividir-se entre

    cristos catlicos ligados hierarquia romana e cristos protestantes

    independentes de Roma e contrrios alguns preceitos da Igreja catlica, como por

    exemplo a referncia aos santos como smbolos para o fiel cristo.

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    UNIDADE 8 - A BBLIA

    A Bblia hoje considerada um livro, mas trata-se de um conjunto de livros,

    pois o termo grego bblia o plural de biblion que significa livro. Os estudiosos

    observam, porm que o termo mais correto seria considerar a Bblia como uma

    literatura e no um livro, pois, como vimos, trata-se de uma coletnea de textos. Na

    tradio crist a Bblia dividida em duas grandes unidades: o Antigo Testamento e

    o Novo Testamento, totalizando 73 livros. O termo testamento significa pacto ou

    aliana, em grego, diathek. No Antigo Testamento representa a aliana de Deus

    com o povo de Israel registrada em vrias passagens como Gnesis9,9 e xodo 24,

    Fragmentos originais. Imagem: Grandes

    Imprios e Civilizaes. A Bblia. Ediciones

    Del Prado.

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    3-8. No Novo Testamento forma-se uma nova aliana tal como anunciada em

    Jeremias 31,31e na Carta aos Hebreus 9, 11-22.

    Interpretar a Bblia no uma tarefa fcil, porque h uma srie de questes

    que devem ser compreendidas pelo seu leitor. Ali encontramos textos histricos,

    poticos, jurdicos, alegricos, por exemplo, e todos eles devem ser compreendidos

    a partir de criteriosas anlises estilsticas, lingusticas e histricas, Desta forma,

    distingue-se a teologiaque interpreta as Sagradas Escriturasdo ponto de vista da f,

    sem descartar os critrios acima e as cincias da religio abordam-na sem o

    referencial da f.

    AS LNGUAS DA BBLIA

    A Bblia foi escrita originalmente em hebraico em sua maior parte, mas deve-

    se observar que esta lngua apresenta diversas fases, das quais podemos destacar:

    o hebraico pr-exlico, o ps-exlico no qual manifesta-se a influncia do aramaico e

    o hebraico do perodo helenstico. H alguns trechos escritos em aramaico, uma

    lngua semtica que se tornou bastante utilizada na Palestina onde, a partir da pocaps-exlica, passou a substituir o hebraico no uso comum, um versculo de Jeremias

    e grandes trechos de Esdras foram escritos nessa lngua. No sculo III a Bblia foi

    traduzida para o grego, no entanto, este no era mais o clssico, mas o koinou

    grego comum, esta traduo ficou conhecida como Bblia dos Setenta ou

    Septuaginta. O Novo Testamento foi inteiramente escrito neste mesmo grego,

    observando-se no entanto, que a koin um fenmeno lingustico que nada tem de

    uniforme. Destaca-se, no entanto, a Vulgatatraduo feita para o latima partir daBblia dos Setentadesde o sculo II, mas que atinge uma forma estvel entre 390

    e 460 a partir da traduo de So Jernimo.

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    OS CNONES BBLICOS

    H dois cnones fundamentais da Bblia: a Bblia Crist e a Bblica Judaica.

    Elas se diferenciam pela diviso que fazem das Sagradas Escriturase pelo fato de

    que nem todos os livros que se encontram na Bblia Crist se encontram na Bblia

    Judaica. H correntes da cristandade, como, por exemplo o luteranismo, que adotam

    o cnone judaico. Esta diferena entre os cnones do Antigo Testamento pode ser

    compreendida pelo fenmeno da dispora judaica, pois enquanto os hebreus da

    Palestina consideravam que a inspirao divina se encerrava em Esdras, outras

    comunidades continuaram a adotar textos como sagrados e estes textos eram

    redigidos em grego.

    O cnone adotado pela igreja catlica conhecido como traduo dos

    Setenta ou Septuaginta iniciada em Alexandria sob o reinado de Ptolomeu Filadelfo

    (285246 a.C.) e h indcios que alguns textos tenham sido traduzidos at por volta

    do sculo I a.C. O termo setenta deriva da lenda que afirma sua traduo ter sido

    encomendada pelo rei Ptolomeu Filadelfo, pois este desejava que em sua biblioteca

    no faltasse nenhuma obra, ento seis sbios de cada uma das tribos de Israel

    foram chamados para proceder a traduo dos originais hebraico e aramaico para o

    grego, totalizando 72 tradutores.

    O cnone hebraico-palestino, por sua vez, foi estabelecido em Jmnia por

    volta do primeiro sculo da era crist e contempla textos escritos em sua grande

    maioria em hebraico e alguns em aramaico. Alm disso, o cnone hebraico menor

    do que o grego, pois possui somente 24 livros. Este cnone dividido em trs

    partes: Tor, Profetas e Livros as quais tambm recebem os ttulos hebraicos de

    Tor, neviim e ketuvim. A primeira parte composta por cinco livros e por isso

    tambm conhecido por pentateuco: Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros e

    Deuteronmio.

    Os neviimcontam como um s livro 1 2 Samuel, 1 2 Reise os profetas

    menores. Os ketuvim contam como um s livro Esras, Neemias e 1 2 Crnicas.

    Este cnone no inclui os seguintes livros: Eclesistico,Tobias, Judite, Baruc e 1

    Macabeus, cujos originais hebraicos foram perdidos. Alm disso, no considera

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    tambm os seguintes originais escritos diretamente em grego: Sabedoria, 2

    Macabeus bem como alguns acrscimos de Ester e Daniel.

    OS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO

    O Antigo Testamento, na tradio crist, pode ser dividido em livros histricos,

    dentro do qual destaca-se a Tora; livros sapienciais ou poticos como J, Salmos,

    Eclesistico, Cntico dos Cnticos e outros; e livros profticos, dividido entre

    profetas maiores como Isaas e Jeremias e profetas menores, como Ezequiel, Ams,

    Miquias, Malaquias e outros. A diferena entre os profetas maiores e os menores

    dada pela extenso de seus textos.

    A Tor, como vimos, composta por cinco livros. Seus nomes mais

    conhecidos em portugus derivam da traduo grega que apresenta uma definio

    livro como um ttulo, mas em hebraico, o nome derivado da primeira palavra mais

    importante. Assim:

    Gnesisorigem no incio; xodosadaos nomes; Levticoa lei

    ele chamou; Nmeroscontagem no deserto; Deuteronmioa segunda lei palavras.

    O Pentateuco atingiu sua forma final a partir do ano 400 a.C. Os principais

    argumentos que fundamentam esta tese so: at por volta do ano 250 a.C. foi

    completada a traduo da Septuagintao que nos faz supor um original hebraico; no

    Pentateuco no h influncia do helenismo que ocorre a partir da invaso de

    Alexandre Magno a partir de 330 a.C.; por fim, Samaritanos e Judeus separam seus

    cultos em um perodo pouco anterior invaso macednica e ambos tomam esta

    parte da Bblia como escritura sagrada.

    Muitos estudiosos tomam o Pentateuco como uma biografia de Moiss, pois

    Gnesis narra a histria de seu antepassado, xodo o seu nascimento e sua

    misso; Deuteronmio narra sua morte. O Gnesis narra a histria da criao do

    universo e do homem; o pecado original e toda sua sequncia at o dilvio. O xodo

    narra a libertao dos judeus, a apresentao do declogo e a aliana com Deus; o

    Levtico descreve as regras dos rituais de sacrifcios de purificao; investidura de

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    sacerdotes etc.; o Nmeros apresenta o recenseamento de toda a congregao dos

    filhos de Israel, mas tambm fatos histricos como a primeira tentativa de entrar em

    Cana; Deuteronmio apresenta trs discursos de Moiss a seu povoe da indicao

    de Josu como seu sucessor.

    O NOVO TESTAMENTO

    H inmeros debates sobre a autenticidade e a datao dos textos que

    compe o Novo Testamento. Em geral, dividido da seguinte maneira: quatro

    Evangelhos e os Atos dos Apstolos; Um corpus de cartas de So Paulo ou

    atribudas a ele; seis cartas de apstolos ou atribudas a eles e um livro proftico de

    So Joo: o Apocalipse.

    O primeiro elemento a destacarmos o chamado fato ou fenmeno sintico.

    Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas so assim denominados em razo do

    paralelismo de seus contedos, mas foram escritos independentemente. Vrias

    teorias surgiram para explicar o fenmeno sintico sendo que se considera que aps

    a misso de Jesus e o anncio do Evangelho (o querigma) surge a tradio comum.Esta tradio comum explica as semelhanas entre os sinticos, alm do Evangelho

    de Joo e as cartas paulinas. Mas a teoria da fonte Q (quelle, em alemo, fonte)

    explicaria as semelhanas ainda mais slidas entre os trs evangelhos sinticos,

    trata-se de uma coletnea de lgia(ditos de Jesus) que tambm foram utilizados por

    Mateus, Marcos e Lucas.

    O Evangelho de Mateus no o mais antigo, mas o primeiro na ordem

    cannica, foi escrito provavelmente entre 80 e 85, em grego, mas j se sups quetenha sido escrito em aramaico, provavelmente na Palestina e se dirige

    comunidade judaico-crist, utiliza metodologias rabnicas e cita abundantemente o

    Antigo Testamento. Este evangelho atribudo ao apstolo, mas os estudiosos

    tambm falam em uma escola mateana. Em geral, a diviso deste evangelho

    feita da seguinte forma:

    * Primeiro livro: o anncio do reino com o sermo da montanha;

    * Segundo livro: ministrio na Galilia e o discurso missionrio;

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    * Terceiro livro: controvrsias e parbolas;

    * Quarto livro: formao dos discpulos e discurso eclesistico;

    * Quinto livro: Judia e Jerusalm e o discurso escatolgico.

    O Evangelho de Marcos considerado o mais antigo dos quatro evangelhos,

    foi escrito em grego entre os anos 70 e 76 provavelmente em Roma e dirigido a

    cristos de origem pag. Uma das caractersticas de seu evangelho no

    apresentar dados a respeito da vida de Jesus antes de seu ministrio. O tema

    fundamental e tipicamente marciano o segredo marciano. Normalmente

    dividido em trs partes:

    * o ministrio de Jesus na Galilia;

    * a viagem de Jesus Jerusalm, paixo e morte;

    * captulo final sobre o tmulo vazio e a ressurreio.

    O Evangelho de Lucas foi escrito depois do ano 70 e dirigido a uma

    comunidade crist de origem pag; foi escrito em grego. Lucas no conheceu Jesus.

    Utilizou como fonte o Evangelho de Marcos, a fonte Q e tradies orais e escritas

    de diversas origens. Um dos aspectos mais relevantes do Evangelho de Lucas aapresentao dos cantos Magnificat, Benedictus e Nunc dimittisapresentando uma

    dimenso universalista e de ateno aos pobres e humildes. Este Evangelho parte

    da obra de Lucas, pois ele tambm autor dos Atos dos Apstolos. As principais

    partes so:

    * prlogo e narraes da infncia;

    * ministrio na Galilia;

    * Viagem e ministrio de Jesus em Jerusalm;

    * Paixo, morte, ressurreio e asceno.

    O Evangelho de Joo foi escrito em grego, por volta do ano 100,

    provavelmente no interior de uma comunidade que tinha como principal lder o

    apstolo Joo, cujas caractersticas o diferenciam dos trs anteriores. Nele no h

    as parbolas que marcam os Evangelhos sinticos, mas a presena de discursos,

    cujo motivo so os milagres. Os estudiosos costumam afirmar que predomina nele a

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    temtica teolgica, por exemplo, com assuntos como a vida, a luz, a verdade, os

    sinais, os sacramentos, o conhecimento a Igreja e a escatologia. Com a descoberta

    dos manuscritos de Qumran pode-se fazer contatos lexilgicos entre o Evangelho de

    Joo e os textos gnsticos. A diviso deste Evangelho :

    * A primeira parte apresenta narraes, os milagres e discursos, em uma

    ordem que no corresponde cronologia dos eventos;

    * A segunda parte inclui os discursos de despedida e a histria da paixo e a

    ressurreio e uma primeira concluso. Depois a apario no lago e conclui com um

    segundo eplogo.

    O Atos dos Apstolos foi composto pelo mesmo autor do Evangelho deLucas, escrito em grego provavelmente entre 80 e 85. O perodo que ele cobre o

    da ressurreio at a priso de Paulo em Roma. Destaca-se que a teologia lucana

    apresenta diferenas em relao paulina e que h discordncias em eventos que

    os dois apstolos viveram, por exemplo, o nmero de viagens feitas por Paulo

    Jerusalm e a descrio do Conclio de Jerusalm.

    O Corpus paulino um conjunto de catorze cartas outrora atribudas a Paulo.

    Hoje, os estudiosos consideram que sete destas cartas ou no so de Paulo ouainda h divergncias. A Carta aos Hebreus , com certeza de outro autor, pois

    desde a antiguidade sua autenticidade j era posta em dvida; j as cartas pastorais

    (1 e 2 Tm e Tt), Efsios, Colossenses, 2 Tessalonicenses ainda se discute a

    autenticidade. As outras sete cartas so consideradas autnticas: Romanos, 1 e 2

    Corntios, Glatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses, Filemon. H uma outra forma de

    dividir o corpus paulino separando as chamadas cartas da priso as quais, sem se

    levar em conta a autenticidade so: Efsios, Filipenses, Colossences e Filemon.

    As Cartas Catlicas so um conjunto de epstolas que no fazem parte do

    corpus paulino e recebem este nome por que possuem um carter universal e no

    so dirigidas uma comunidade em particular. Assim como a Carta aos Hebreus

    so textos deuterocannicos, isto , aceitos pelas igrejas crists num perodo

    posterior ao dos outros textos cannicos. Estas cartas possuem autores diversos.

    Elas so atribudas uma a Judas, uma a Tiago, duas a Pedro e trs a Joo.

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    O Apocalipsetambm um texto deuterocannico sendo aceito somente no

    sculo IV no cnon grego. Foi composto, provavelmente no final do primeiro sculo.

    Seus principais temas so:

    * Sete cartas dirigidas s sete Igrejas da sia Menor;

    * A abertura dos sete selos;

    * o som das sete trombetas;

    * a luta do drago e do cordeiro;

    * o esvaziamento das taas;

    * a condenao da Babilnia-Roma;* a parusia, o julgamento, a descida na Nova Jerusalm.

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    UNIDADE 9 - ISLAMISMO

    Mesquita islmica. Imagem: Grandes Imprios e Civilizaes. O mundo islamita. Ediciones Del

    Prado.

    Nascida no sculo VII, em regio que hoje corresponde Arbia, o Islamismo

    uma das mais antigas religies monotestas, antecedida pelo Judasmo e pelo

    Cristianismo. Essa religio que cr na existncia de um Deus nico, Al; na figura de

    Mohammed (Maom), difundiu-se, em menos de um sculo da Pennsula Arbica

    para o Norte da frica, frica Ocidental, Planalto da Anatlia, Pennsula Ibrica alm

    da regio dos Blcs.

    A religio islmica tem por base a crena no Deus nico, nos anjos (por Ele

    criados), nos livros sagrados, entre eles o Tor, os Salmos, os Evangelhos e

    principalmente, o Coro, livro que encerra os ensinamentos de Al ao profeta

    Mohammed; a crena nos profetas (entre os profetas da tradio islmica

    encontram-se: Ado, Abrao, Moiss, Jesus e o ltimo e mais importante para os

    muulmanos: MohammedMaom); a crena na predestinao e a crena no juzo

    final.

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    Islam significa submisso vontade de Deus, vem do mesmo radical da

    palavra rabe salam, que significa paz, enquanto muslim muulmano - ,

    refere-se quele que se submete vontade de Deus. Duas, seriam as premissas da

    religio islmica: a f nas palavras do profeta e a obedincia em relao s regras

    de comportamento, sendo que, como afirma Nabhan, os pilares do islamismo

    seriam: a profisso da f (chahada, testemunho), a orao (alat), o jejum (awn), a

    peregrinao (hajj) Meca e a esmola (adaqa ou zakah).

    Embora servo da vontade de Deus, o islamismo no nega a liberdade de

    escolha aos homens, mesmo acreditando na existncia da predestinao (maktub

    est escrito). O homem estaria submetido predestinao porque ele no Deus,

    mas ele livre, porque est feito Sua imagem.

    No perodo anterior ao islamismo, os rabes eram regidos pelas regras

    morais e sociais que caracterizavam as sociedades do deserto. A sociedade era

    patriarcal, comandada pelo senhor (sayyid) considerado como modelo a ser seguido

    por todos. Quanto religio, cada tribo seguia seus deuses, que no tinham a

    funo de intervir junto aos fatos da vida cotidiana em favor dos homens, mas sim afuno de dar-lhes fora para enfrentar as vicissitudes.

    A trajetria do profeta do islamismo, Mohammed (Maom) teve incio em 570

    quando nasceu em Meca. Cedo, ficou rfo de pai e me, tendo sido criado,

    inicialmente por seu av e a partir dos seis anos por seu tio Abu Talib.

    Maom foi comerciante e pastor, casou-se com uma rica viva, aos 25 anos.

    Aos 40, anos recebeu sua primeira revelao e a partir da, passou a pregar a

    crena na existncia do Deus nico, pedindo aos crentes da nova verdade que

    abandonassem os antigos dolos da Caaba.

    As peregrinaes de Maom tm incio em 612 e, a partir da, iniciam-se

    tambm os conflitos entre os qorachitas, tribos que apoiavam o culto aos dolos da

    Caaba e que rompem comercialmente com os seguidores de Maom; e os

    hachemitas, da tribo de Moiss, que migram para Yatrib em 622. Os khazraj, povo

    de Yatrib, aceitaram bem os emigrantes hachemitas e, assim sendo, nessa cidade

    Maom viveria at sua morte em 632.

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    No islamismo, os fatos da vida terrena e os da vida espiritual esto sempre

    em contato. Em rabe, Al Qurran ou Alcoro, significaria A Leitura, o ato de ler,

    o livro mais importante do islamismo, trata de uma vasta gama de assuntos, como a

    natureza da alma, a criao, a astronomia, os reinos vegetal e animal e mesmo

    sobre a reproduo humana; tendo sido concebido a partir do registro da palavra de

    Deus ao profeta;como explica Neuza Neif Nabhan, em seu livro Islamismo, de

    Maom aos nossos dias.

    A cada revelao o profeta Maom pedia a seus companheiros que ativessem de cor na memria e a escrevessem, multiplicando as cpias. Aorganizao do livro como um todo foi elaborada pouco tempo aps a mortedo profeta (632), pelo primeiro escriba de Maom, Zaid Ibn Tabit, a pedidode Abu Bakr, primeiro califa (sucessor) do Isl. O livro composto por 114captulos (suratas) e 6235 versculos; os captulos foram classificados porordem de extenso decrescente, no se respeitando a cronologia darevelao. (1996, p.23)

    Entre os escritos que norteiam o islamismo, destacamos as Sunas, que

    descrevem o cotidiano do profeta e seus seguidores; ela tem sua narrativa apoiada

    na valorizao da tradio. Referenciar um pensamento ou atitude pela tradio,

    pela fala e pela concordncia dos antepassados, j era uma prtica entre as culturas

    rabes pr-islmicas.

    Contudo, trinta anos, aproximadamente, aps a morte do profeta, teria incio

    um grande conflito entre as diferentes tribos de seguidores do islamismo; estava em

    questo o direito de sucesso do profeta, como lder dos muulmanos.

    Assim sendo sunitas, xiitas e karijitas, surgiriam como grupos de vises

    polticas e religiosas distintas:

    Sunitas = Grupo que, em relao f islmica, aceita como sagrados, o Coro, as

    Sunas e tambm outros quatro livros da tradio hadith (coleo de narraes, feitas

    por diferentes narradores, sobre aes e pregaes do profeta). Acreditavam que o

    poder do califa no teria que vir, necessariamente de seu parentesco com o profeta,

    mas sim de sua habilidade em manter a lei e a persuaso.

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    Xiitas = Consideravam que Ali, genro e primo do profeta, deveria te-lo sucedido

    como lder dos muulmanos, pois acreditavam que o lder islmico deveria vir da

    descendncia direta em relao ao profeta. Os xiitas aceitam somente o Coro

    como livro sagrado islmico.

    Karijitas = os que cindiram, entre 655 e 661, colocaram-se contra as duas teses

    sobre a sucesso do profeta. Consideravam que qualquer homem, at mesmo um

    escravo, poderia ser eleito califa, desde que tivesse um elevado carter moral e

    religioso.

    Outras so as divises que exigem uma melhor compreenso de seus

    significados, para uma melhor compreenso dos relatos sobre os povos

    islmicos.

    Omadas = (do persa Umayyad) Corresponde primeira dinastia de califas (persas),

    que substituem o profeta, embora no tivessem o seu sangue.

    Abssidas = Terceira dinastia de califas, descendentes de Abu Al-Abbas al-Saffa,

    descendente do tio do profeta, que reinou entre 750 e 1258 e que liderou o mundo

    islmico, com sede em Bagd. O auge do governo abssida ocorreu durante o

    califado de Harun Al-Hashid (786-809).

    Almadas = Correspondem aos berberes do Marrocos, que se opunham aos

    almorvidas, liderados por Ibn Tumart (1080-1130), e que controlaram a Espanha

    islmica entre os sculos XII e XIII.

    Almorvidas = Correspondem aos berberes do Saara Ocidental, que professavam a

    f islmica ortodoxa. Controlaram a Espanha islmica entre os sculos XI e XII.

    Aiubidas = Descendentes de Saladino ( Salah al- Din Yusuf bin Aiub), sulto do Egito

    entre 1164 e 1193.

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    REFERNCIAS

    BBLIA. Vademecum para o estudo da Bblia. Associao laical para o estudo daBblia. Traduo: Jos Afonso Beraldin. So Paulo: Paulinas, 2000.FLUSSER, David. O Judasmo e as origens do cristianismo. Rio de Janeiro: Ed.Imago, 2000.GAARDEN, Jostein. O livro das Religies. So Paulo: Cia das Letras, 2005.GANERI, Anita. O que sabemos sobre o hindusmo. So Paulo: Callis Editora, 1998.GIORDANNI, Mario Curtis. Histria da frica. Rio de Janeiro: Ed. Vozes.GRANDES IMPRIOS E CIVILIZAES. A Bblia I. Madrid: Ediciones Del Prado,1996.___________________________________ A China I. Madrid: Ediciones Del Prado,1996.___________________________________ Japo I . Madrid: Ediciones Del Prado,1996.____________________________________ O Mundo Islamita I . Madrid: EdicionesDel Prado, 1996.NABHAN, Neuza Neif. Islamismo. De Maom a nossos dias. So Paulo: Editoratica, 1996.QUESNEL, Alain. O Egito. Mitos e Lendas. So Paulo: Editor tica, 1997.REALE, G. e ANTISIERI, D. Histria da Filosofia. Volume I. So Paulo: Paulus,1990.ROBERT, Fernand. A religio grega. So Paulo: Martins Fontes, 1988.

    ZIMMER, Heinrich. Filosofias da ndia. So Paulo: Editora Palas Athena, 2000.