2 - O Conceito de Equivalência Em Lexicografia Bilíngue

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O CONCEITO DE EQUIVALÊNCIA EM LEXICOGRAFIA BILÍNGUE E TEORIA DA TRADUÇÃO Tatiana Helena Carvalho Rios Universidade Estadual Paulista São José do Rio Preto [email protected] Claudia Maria Xatara Universidade Estadual Paulista São José do Rio Preto [email protected] Resumo: Considerando que uma palavra pode ser compreendida de diver- sas maneiras, de acordo com a formação discursiva em que se insere, este trabalho contrasta os sentidos do termo equivalência, em dois domínios da Linguística: Teoria da Tradução e Lexicografia Bilíngue. Com isso, procura- mos demonstrar a incompatibilidade do mesmo termo nos domínios referidos, tendo em vista que os teóricos de ambos o tratam de formas diferentes. Palavras-chave: equivalência, lexicografia, tradução. Abstract: Considering a word may be understood in many different ways, according to the discursive formation in which it is inserted, this work aims at contrasting the meanings of the term equivalence in two fields of Linguistics: Translation Theory and Bilingual Lexicography. Therefore, we try to demonstrate the incompatibility of the same term in the referred fields, considering that theorists of both fields treat it in different ways. Keywords: equivalence, lexicography, translation. Introdução Este artigo trata do discurso científico e tem como objetivo con- trastar os conceitos do termo equivalência e seus sentidos em dois domínios da Linguística: Teoria da Tradução (TT) e Lexicografia Bilíngue (LB). Para tanto, selecionamos textos de ambas as áreas,

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Oconce ito de equival ência em Lexicograf ia Bilíng ue e Teoria da Trad uçãoTatiana Helena Carvalho RiosUniversidade Estadual Paulista São José do Rio [email protected] Maria XataraUniversidade Estadual Paulista São José do Rio [email protected]

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    o CoNCEiTo DE EquIVALnCIA Em LExiCoGrAFiA BiLNGuE E TEoriA DA TrADuo

    Tatiana Helena Carvalho RiosUniversidade Estadual Paulista So Jos do Rio Preto

    [email protected]

    Claudia Maria XataraUniversidade Estadual Paulista So Jos do Rio Preto

    [email protected]

    resumo: Considerando que uma palavra pode ser compreendida de diver-sas maneiras, de acordo com a formao discursiva em que se insere, este trabalho contrasta os sentidos do termo equivalncia, em dois domnios da Lingustica: Teoria da Traduo e Lexicografia Bilngue. Com isso, procura-mos demonstrar a incompatibilidade do mesmo termo nos domnios referidos, tendo em vista que os tericos de ambos o tratam de formas diferentes.Palavras-chave: equivalncia, lexicografia, traduo.

    Abstract: Considering a word may be understood in many different ways, according to the discursive formation in which it is inserted, this work aims at contrasting the meanings of the term equivalence in two fields of Linguistics: Translation Theory and Bilingual Lexicography. Therefore, we try to demonstrate the incompatibility of the same term in the referred fields, considering that theorists of both fields treat it in different ways.Keywords: equivalence, lexicography, translation.

    introduo

    Este artigo trata do discurso cientfico e tem como objetivo con-trastar os conceitos do termo equivalncia e seus sentidos em dois domnios da Lingustica: Teoria da Traduo (TT) e Lexicografia Bilngue (LB). Para tanto, selecionamos textos de ambas as reas,

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    que tratam da questo da equivalncia, preocupando-nos sobretudo com definies dadas por lexicgrafos e tericos da traduo.

    Como afirma Orlandi (1999), uma palavra, na mesma lngua ou em lnguas diferentes, pode ter diversos significados, segundo a posio do sujeito que a utiliza e a inscrio do que dito em determinada formao discursiva. Assim, as palavras podem ser compreendidas nos discursos, fazendo-se referncia a diferentes formaes discursivas.

    Na presente anlise observamos o termo equivalncia, relacionan-do-o a duas formaes discursivas, para compreender seus sentidos e diferenas. Dessa maneira, acreditamos ser possvel explicitar que a evidncia do sentido um efeito ideolgico, j que o mesmo termo empregado de diferentes maneiras nas duas reas analisadas.

    1. Construo do dispositivo analtico

    Para a construo do dispositivo analtico, delimitamos alguns conceitos do dispositivo terico da Anlise do Discurso (AD) utili-zados nesta anlise, com base na finalidade deste trabalho. Assim, o dispositivo analtico pode ser considerado uma individualizao do dispositivo terico, numa anlise particular, feita pelo analista e de sua responsabilidade. Consequentemente, cada trabalho dife-rente de outros, por mobilizar conceitos diferentes, embora vrias anlises sejam sustentadas pelo mesmo dispositivo terico.

    Para este artigo, acionamos dois conceitos do dispositivo te-rico da AD, com os quais construmos este dispositivo analtico: formao discursiva e heterogeneidade.

    1.1. Formao discursiva

    O primeiro conceito da AD de que dispomos a formao dis-cursiva, definida por Orlandi (ib., p. 43) como aquilo que numa formao ideolgica dada ou seja, a partir de uma posio dada

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    em uma conjuntura scio-histrica dada determina o que pode e deve ser dito. A formao discursiva formada pela regularidade, pela recorrncia do que dito num conjunto de enunciados.

    Esses enunciados, por sua vez, constituem o discurso, que em AD entendido como palavra em movimento, contextualizada em sua conjuntura histrico-social. O discurso visto como uma pr-tica de linguagem que provm da formao dos saberes (Brando, 1993), num jogo estratgico e polmico, de ao e reao, domina-o e esquiva. o espao em que se articulam o saber e o poder. Orlandi (ib., p. 21) define o discurso como efeito de sentido entre locutores.

    Por meio do discurso, veicula-se o saber institucional, gerador de poder, ao mesmo tempo em que se controla o que dito. Desse modo, possvel eliminar ameaas ao poder estabelecido em de-terminada formao discursiva, criando-se efeitos de sentido que determinam o que se considera verdadeiro ou falso.

    Em AD, o conceito de formao discursiva permite a articu-lao entre enunciado e ideologia, entre o que dito e sua con-juntura histrico-cultural. Podemos considerar, portanto, que uma formao discursiva determina, ao menos em parte, o sentido das palavras empregadas num enunciado.

    Nesta anlise tomamos textos de duas formaes discursivas di-ferentes: TT e LB. Num primeiro momento, apresentamos o termo equivalncia em LB e posteriormente explicitamos como o mesmo termo tratado em TT. Concluimos com observaes sobre suas diferenas nas duas reas analisadas.

    1.2. Heterogeneidade

    A heterogeneidade o segundo conceito da AD de que dispo-mos. De acordo com Maingueneau (1989), ela intrnseca ao fun-cionamento do discurso e no possvel pensar que as formaes discursivas tm duas dimenses (uma interior e outra exterior), pois, o que se considera exterior a uma formao discursiva parte constitutiva do discurso. Logo, no discurso existem marcas exte-

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    riores formao discursiva, classificadas pelo autor como hetero-geneidade mostrada e heterogeneidade constitutiva.

    Neste trabalho consideraremos apenas a heterogeneidade mos-trada: manifestaes explcitas, recuperveis a partir de diversas fontes de enunciao. Buscamos, portanto, marcas de outras for-maes discursivas no discurso analisado.

    Existem vrios fenmenos que Maingueneau considera depen-dentes da heterogeneidade mostrada: polifonia, pressuposio, negao, discurso relatado, palavras entre aspas, metadiscurso do locutor, parafrasagem, ironia, autoridade etc. Nesta anlise consi-deraremos apenas alguns deles: polifonia, pressuposio, negao, discurso relatado, palavras entre aspas e metadiscurso do locutor.

    Segundo o estudioso, a polifonia observada quando possvel distinguir, no discurso, um locutor e um enunciador. O locutor seria o responsvel pelo enunciado, uma fico discursiva que no coincide com o produtor fsico do enunciado. O enunciador, por sua vez, seria algum que, sem ter enunciado, tem sua voz presente na enunciao.

    A pressuposio seria a compreenso de um enunciado a partir de outros, ou seja, a relao do que dito no discurso pelo locutor com o que est relacionado ao enunciador. Nesse processo exis-te um agente verificador, a opinio pblica, instncia responsvel pela validade do enunciado em questo (ib.).

    A negao tambm pode ser considerada uma marca de hetero-geneidade pois, para Maingueneau, nela possvel distinguir dois pontos de vista: uma proposio do enunciador e uma proposio do locutor, que nega a proposio do enunciador.

    Outro fenmeno discursivo que pode ser objeto de anlise po-lifnica o discurso relatado. Existem duas estratgias para se relatar uma enunciao: o discurso direto, em que aparece um se-gundo locutor, e o discurso indireto, em que h uma teatralizao da enunciao relatada. Na citao existe uma ambiguidade funda-mental: o locutor citado aparece ao mesmo tempo como no eu e como autoridade que protege o que foi dito. interessante obser-var que o locutor faz citaes de acordo com regras impostas pela

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    formao discursiva em que est inserido. Alm disso, de acordo com o verbo de comunicao utilizado pelo locutor, possvel no-tar seu grau de adeso ao que est sendo enunciado.

    Com relao s palavras entre aspas, o autor afirma que estas tm vrias funes: diferenciao, proteo, nfase, condescendn-cia etc. A AD se interessa pelo valor semntico das aspas devido a seu carter imprevisvel e a sua relao com o implcito.

    Finalmente, consideramos o metadiscurso do locutor, ou seja, a metalinguagem utilizada pelos locutores nos enunciados. De acor-do com o que afirma Ducrot (apud Maingueneau, ib.), a partir do momento em que falamos, falamos de nossa fala. Maingueneau prope uma classificao para o metadiscurso de acordo com sua finalidade: construir uma imagem do locutor, autocorrigir-se, con-firmar, solicitar permisso, corrigir antecipadamente um possvel erro etc. Como sintetiza o estudioso (ib., p. 95), o metadiscurso se apresenta como um jogo com o discurso; na realidade, ele cons-titui um jogo no interior do discurso.

    Consideramos que os fenmenos descritos acima so mecanis-mos da discursividade, concebida como um dispositivo que nego-cia continuamente em um espao saturado de palavras, abrindo os caminhos da significao. Desse modo, na presente anlise pro-curamos observar algumas dessas marcas e relacion-las com a constituio do sentido do termo equivalncia.

    2. A equivalncia em LB

    De acordo com Werner (in: HAENSCH et al., 1982), o pro-blema terico fundamental na elaborao de dicionrios bilngues (DBs) para a traduo reside no fato de que as estruturas lxicas de lnguas diferentes no equivalem. Assim, a equivalncia constitui uma questo central da LB.

    Por outro lado, praticamente impossvel ao lexicgrafo enu-merar, para cada unidade lxica (UL), todas as possibilidades de

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    traduo, de acordo com cada contexto, a fim de descrever com detalhes as divergncias e semelhanas entre lnguas diferentes. Assim, o autor prope que a soluo mais razovel para a elabora-o de DBs seja dar, para cada UL, seus respectivos equivalentes de traduo.

    O equivalente, para ele, uma UL da lngua de destino que contenha pelo menos um semema em acordo com um semema da UL da lngua de origem. importante observar que Werner (ib., p. 288) utiliza o termo equivalente de traduo por ser consagrado pelo uso e ressalta que as relaes lexicais interlingusticas no se tratam de relaes de equivalncia e que, portanto, o termo no muito acertado:

    A soluo mais razovel consiste, portanto, em dar como equivalente de traduo (empregamos aqui o termo j con-sagrado pelo uso, apesar de no ser muito acertado, porque precisamente no se trata de relaes de equivalncia), no dicionrio de traduo, aquelas ULs da lngua de destino que contenham, pelo menos, um semema que esteja de acordo em sua composio, na maior medida possvel, com um se-mema, ao menos, da UL dada na lngua de destino.1

    Nesse primeiro trecho, extrado do manual La Lexicografa (ib.), vemos que LB e Traduo so duas reas que se relacionam, j que ambas se ocupam do contato entre lnguas e culturas. Nota-mos tambm que equivalente de traduo est entre aspas, o que pode indicar que este no um termo da LB, ou ainda que o autor deseja indicar certo distanciamento.

    Outra marca que merece ser apontada a negao em: apesar de no ser muito acertado, porque precisamente no se trata de relaes de equivalncia. H nesse enunciado a negao de um ponto de vista: o de que possvel estabelecer relaes de equiva-lncia entre as lnguas. Se esse ponto de vista negado, retomando Maingueneau (1989), devido ao fato de que, em algum momento,

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    ele foi ou pode ser aceito. Em outras palavras, se o autor explicita essa negao porque v a possibilidade de que seu leitor aceite a proposio que est sendo negada.

    Observamos ainda que Werner (ib., p. 287), no manual dedica-do a lexicgrafos, se dirige aos tradutores, afirmando que eles no podem ter o ideal de produzir textos cujo contedo corresponde exatamente ao contedo dos textos na lngua de origem. Vejamos o comentrio do autor sobre o que seria uma traduo adequada:

    O ideal do tradutor no pode consistir em produzir, na ln-gua de destino, um texto cujo contedo corresponda exata-mente ao contedo do texto da lngua de origem, mas um texto cujo contedo esteja de acordo com o maior nmero possvel de elementos essenciais do contedo do texto da lngua de origem.2

    Embora no trecho analisado no tenhamos notado nenhuma alu-so explcita TT e no tenhamos encontrado, na bibliografia, referncias a obras tericas sobre traduo, observamos que no fragmento acima, Werner tangencia uma de suas questes centrais: a equivalncia. Em outro trecho, Werner (ib., p. 288-293) distin-gue quatro tipos fundamentais de relaes de equivalncia entre lnguas diferentes, definindo cada uma delas:

    TIPO 1: O caso ideal de equivalncia aproximada de uma UL na lngua de origem e na lngua de destino se d, rela-tivamente, em poucas ocasies. Geralmente, tratam-se de termos tcnicos, que aparecem especialmente em textos tcnicos; mas, dada a importncia de certas especialidades para a vida diria [...] tambm fazem parte do vocabulrio de uso dirio [...].TIPO 2: Na maioria dos casos, correspondem a uma UL da lngua de origem vrios equivalentes de traduo. Pode acontecer que, a uma unidade polissmica da lngua de ori-gem, de acordo com os diferentes sememas, correspondam

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    diferentes ULs na lngua de destino, ou ainda, que existam, na lngua de destino, determinadas regras ou frequncias para a distribuio dos equivalentes de traduo [...]. TIPO 3: Tambm podem surgir, em casos concretos, difi-culdades na traduo, pelo fato de que o mesmo equivalente de traduo na lngua de destino corresponde a diferentes ULS da lngua de origem. Isto pode ocorrer quando se-mas que so de certa importncia para as ULs da lngua de origem no podem ser distinguidos no equivalente de traduo; quando o equivalente de traduo polissmico [...] ou ainda, quando, para a distribuio das diferentes ULs da lngua de origem, existem regras especficas de dis-tribuio ou relaes de frequncia [...]. Em determinados casos, o contraste entre vrias ULs da lngua de origem com um equivalente de traduo comum pode ser to im-portante para o texto da lngua de origem que precisa ser traduzido, que este contraste tem que ser expressado de al-gum modo, tambm no texto da lngua de destino. Isto pode ser feito mediante perfrases ou explicaes especiais entre parnteses, notas de rodap etc. [...].TIPO 4: s vezes no existe na lngua de destino nenhuma UL que possa cumprir a funo de equivalente de traduo de uma UL da lngua de origem. Para a traduo, nestes casos, frequentemente teria que ser adotada uma soluo que consistisse em transferir a UL da lngua de origem para o texto da lngua de destino e (ou) fazer, de uma maneira ou de outra, observaes sobre esta UL ou sobre o conceito ao qual se refere.3

    Podemos notar que, embora o autor trate cada caso acima como tipos de equivalentes de traduo, em nenhum deles se concebe que ULs de lnguas diferentes tenham valores iguais. No Tipo 1, que seria o mais prximo do equivalente ideal, o autor se refere a uma equivalncia aproximada. No Tipo 4, que seria o outro ex-tremo, o autor aponta os casos em que no existe equivalente de traduo na lngua de destino.

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    Podemos supor, assim, que esses estudos no tenham se consi-derado reciprocamente, apesar de tratarem aparentemente da mes-ma questo. Alm disso, necessrio lembrar que durante muito tempo a lexicografia e a traduo foram atividades tratadas empiri-camente. recente a incluso da TT e da LB como reas autno-mas da Lingustica. Se considerarmos que a reflexo sobre o objeto dessas reas s foi possvel com o advento da Lingustica moderna e com os estudos contemporneos que relacionam as cincias da linguagem com outras reas das cincias humanas, s ultimamente tm se desenvolvido estudos em TT e Metalexicografia.

    Ainda com relao equivalncia em LB, encontramos uma definio de Tondji-Simen (1997, p. 365):

    Podemos definir a equivalncia como a relao que pe em contato de sinonmia denominaes de lnguas diferentes, que representam a mesma noo. Geralmente, quando trata-mos duas denominaes como equivalentes, subentende-se que elas so intercambiveis4.

    Dando seguimento ao texto, o autor afirma que existem graus de equivalncia: equivalncia total, equivalncia relativa e equiva-lncia parcial. A primeira ocorreria quando o recorte nocional de dois termos de lnguas diferentes o mesmo. A segunda, quando h diferena apenas no nvel de lngua em que os termos so em-pregados. A ltima, por sua vez, quando os termos tm extenso semntica diferente nas lnguas consideradas.

    Poderamos acrescentar um quarto grau: a equivalncia zero, que segundo Xatara (in: Oliveira; Isquerdo, 2001), ocorreria quan-do no se encontra um termo equivalente em uma das lnguas consi-deradas. A esse respeito, Szende (in: Bjoint, 1996, p. 113) afirma que toda lngua tem lacunas e que em uma perspectiva contrastiva h lacunas cada vez que um signo da lngua de partida no encontra equivalente na lngua de chegada5. Para o autor, os problemas de equivalncia podem estar no plano do real ou no plano da lngua,

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    sendo necessrio questionar dois pontos: O real existe ou no na cultura dos locutores? A palavra que o designa existe ou no na lngua dos locutores?6. Assim, com relao aos textos acima, em-bora Tondji-Simen (ib.) considere a possibilidade de equivalncia total, no descarta as possibilidades de equivalncia relativa ou parcial; por outro lado, Xatara (ib.) aponta a existncia da equiva-lncia zero, que seria o Tipo 4 apresentado por Werner (ib.).

    Considera-se, portanto, em LB, que na realidade extralingustica s existem gradaes imperceptveis, que as oposies no seio de uma realidade sem limites precisos s so possveis por meio da lngua e que estas so apenas redes de significao organizadas de diferentes maneiras pelo mundo experimentado (Szende, ib., p. 112)7.

    Assim, em muitos casos duas lnguas no recortam a realidade extralingustica da mesma forma. De fato, quando temos mais de uma lngua, indiscutvel que os sistemas lingusticos, a cultura e a viso de mundo na nomeao da realidade divirjam (Xatara, 1998a, p. 4).

    A esse respeito, Rey-Debove (1998) esclarece que num DB se estabelecem relaes entre signos de lnguas diferentes, sem preo-cupao com o referencial (extralingustico). Na passagem de um signo a outro (de lnguas diferentes), conserva-se aproximadamen-te o mesmo contedo, tendo em vista que no h sinonmia perfeita entre lnguas diferentes. Portanto, no DB so apresentadas equiva-lncias lexicais por meio da transcodificao de unidades de uma lngua para unidades de outra (ib.).

    Segundo Iordanskaja e Melcuk (1997), j um trusmo aceito h tempos o fato de que as lnguas apresentam a realidade de ma-neiras diferentes e seria interessante explorar esse fenmeno com-parando duas lnguas particulares. Em seu estudo, que coloca lado a lado ULs do corpo humano do russo e do francs, os autores constataram vrios casos de divergncias lexicais que puderam ser agrupados, como por exemplo: recorte diferente do corpo humano; deslocamentos semnticos, conotativos, estilsticos e funcionais en-tre ULs equivalentes; divergncias nas escolhas lexicais para desig-nar a mesma situao etc.

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    Normalmente o usurio no consulta o dicionrio para buscar por si s a equivalncia de uma palavra em outra lngua, mas sim para levar a cabo as tarefas de decodificao (compreenso), de codificao (produo) ou de traduo de formas que pertencem a um discurso8 (Blanco, 1997, p. 133). Ao recorrer a um dicio-nrio, normalmente pensa-se que a traduo sempre possvel e que existe necessariamente uma equivalncia9 (Szende, ibidem, p. 119), alm de se pressupor que a principal funo do DB consiste em propor equivalentes para cada UL da lngua estrangeira. No entanto, em LB considera-se que a equivalncia s possvel do ponto de vista da semntica lexical.

    Ainda segundo esse autor, a relao entre ULs de lnguas dife-rentes s interessante se estiver apoiada em muitos outros dados complementares que possibilitem a leitura e compreenso das rela-es intersgnicas propostas e evidenciadas nos dicionrios. Assim, embora um DB seja um bom instrumento de trabalho e as relaes intersgnicas propostas por lexicgrafos sejam vlidas, ele no pode ser a nica fonte de informao para os consulentes.

    Em suma, embora em LB, at o presente momento, no tenha sido proposto nenhum outro termo para o equivalente de traduo e apesar desse termo no ser amplamente problematizado nessa rea, por meio desta anlise possvel observar que a LB no con-cebe as relaes entre ULs de lnguas diferentes como relaes de igualdade. Alm disso, podemos observar que apesar de no haver um questionamento do termo equivalente de traduo, em LB seu conceito amplamente discutido.

    Fica claro, portanto, que ao conceber os DBs, os lexicgrafos no visam apagar diferenas interlingusticas e interculturais, em-bora visem transpor as barreiras que impediriam o dilogo inter-cultural, acreditando na possibilidade de resgatar o maior nmero possvel de elementos constituintes dos significados de ULs de ln-guas diferentes.

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    3. A equivalncia em Teoria da Traduo

    De acordo com Rodrigues (2000), o termo equivalncia de tra-duo tornou-se um dos tpicos centrais dos estudos da traduo, aps a segunda metade do sculo XX, embora no se saiba ao certo quando, nem por quem, esse conceito foi introduzido na traduto-logia. Catford (1980), por exemplo, tem um captulo dedicado equivalncia de traduo em seu livro Uma teoria lingustica da traduo. Alm disso, Traduo e diferena (Rodrigues, 2000) uma obra dedicada ao questionamento do conceito tradicional de equivalncia em TT e proposio de uma concepo diferente de traduo.

    Na concepo tradicional de equivalncia dos estudos da tra-duo, pressupe-se que seja possvel uma relao de sinonmia perfeita entre elementos de lnguas diferentes. o que podemos observar na definio de equivalente de traduo dada por Catford (ib. p. 29), em que temos:

    Um equivalente textual de traduo [...] qualquer forma da LM [lngua-meta] (texto ou poro de texto) que se ob-serve ser o equivalente de determinada forma da LF [lngua-fonte] (texto ou poro de texto) [sendo que] a descoberta de equivalentes textuais baseia-se no conhecimento de um informante ou tradutor bilngue competente.

    Assim, o equivalente para cavalo, em portugus, seria cheval, em francs. Aparentemente no haveria nenhuma controvrsia nes-sa afirmao. No entanto, como vimos anteriormente (item 3), as relaes entre ULs de lnguas diferentes so bem mais complexas do que o exemplo. Como afirma Rodrigues (ib., p. 39), Catford parece no julgar necessrio definir a equivalncia.

    Podemos afirmar que tradicionalmente, em TT, uma equivaln-cia de traduo seria uma palavra ou grupo de palavras de dada lngua que estivesse em relao de sinonmia com uma palavra

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    ou grupo de palavras de outra lngua. Tanto assim, que o autor (ib., p. 30), preocupado com a formulao de regras de traduo, afirma:

    Em vez de pedir equivalentes, podemos adotar um procedi-mento mais formal, ou seja, a comutao, observando-se a variao concomitante. Em outras palavras, podemos intro-duzir sistematicamente mudanas no texto da LF [lngua-fonte] e observar as mudanas que ocorrem em consequn-cia, se que ocorrem, no texto da LM [lngua-meta]. Um equivalente textual de traduo , assim, a poro de texto da LM que se modifica quando, e somente quando, se modi-fica determinada poro do texto da LF.

    Em seguida, o linguista apresenta o seguinte exemplo: My son is six, que traduzido para o francs como Mon fils a six ans, explicitando como seria a traduo e qual seria a poro da LF considerada equivalente da LM. Posteriormente, tece o seguinte comentrio:

    Em casos simples como esse, geralmente se confia no prprio conhecimento das lnguas envolvidas. Essa a nica atitude que se pode tomar com relao a um texto gravado (falado ou escrito), quando o tradutor primitivo no est presente. Num caso assim, o investigador age como seu prprio infor-mante e descobre intuitivamente os equivalentes textuais, isto , vale-se da sua prpria experincia, sem passar neces-sariamente por um processo de comutao. No obstante, a comutao a ltima prova para a equialncia textual, e til nos casos em que a equivalncia no do tipo simples de ordem igual e unidade a unidade, mostrado acima.

    Podemos observar nesses dois trechos que o conhecimento lin-gustico do pesquisador colocado em segundo plano, em detri-mento do procedimento de comutao. Na anlise de uma traduo,

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    o recurso ao conhecimento lingustico por parte do pesquisador considerado um procedimento intuitivo.

    Catford considera ainda a possibilidade de regras de comuta-o de acordo com as quais seria possvel definir equivalentes de traduo, ou seja, pores de texto em lngua-fonte que pudessem ser substitudas por pores de texto em lngua-meta. As regras de comutao poderiam constituir algortimos com os quais seria possvel programar computadores para a traduo mecnica. Por-tanto, a finalidade ltima desse autor seria prescritiva: sistematizar mecanismos de traduo para se chegar a suas regras.

    O conceito tradicional de equivalncia em TT , no entanto, contestado por Rodrigues (ib.), que aponta a relatividade dos sig-nificados e a problemtica da significao, afirmando: seria ilus-ria a crena de que as referncias de termos de lnguas diferentes podem ser objetivamente comparadas [...] pois o significado no pode ser uma entidade objetiva, na medida em que est vinculado ao comportamento dos usurios e sociedade (p. 175). Alm disso, segundo a autora (ib., p. 187), se tomarmos por base a con-cepo saussuriana de linguagem:

    Seria impensvel atribuir um mesmo valor a palavras de duas lnguas diferentes. [...] Se nada ancora os signos aos referentes e se o prprio sistema estabelece os limites entre os signos, no h como postular que diferentes sistemas organizem componentes de modo a espelhar a organizao de outro, no h como supor que um elemento corresponda a outro de um sistema diferente.

    Levar essas afirmaes s ltimas consequncias poderia inva-lidar a pesquisa em LB? Poderia constituir argumentos suficientes para afirmarmos que a busca e proposio de equivalncias entre lnguas, como o faz a LB, seria um empreendimento impossvel, e portanto, intil? Como, ento, pensar na possibilidade e validade de pesquisas lexicogrficas que tenham o objetivo de estabelecer equivalncias interlingusticas?

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    Nos trechos acima, podemos identificar uma marca recorrente de heterogeneidade mostrada: a negao. Na primeira delas, ob-servamos que, se a autora sustenta que o significado no pode ser uma entidade objetiva porque possvel que se considere que o significado uma entidade objetiva. De fato, em TT, o significado tradicionalmente concebido como entidade objetiva que pode ser ao mesmo tempo resgatada e protegida.

    Observamos em Catford, por exemplo, uma desconsiderao total do sujeito (e da subjetividade) em detrimento de regras lin-gusticas formais (objetivas). Lembremos que para esse autor, o recurso ao conhecimento lingustico pelo pesquisador um proce-dimento intuitivo.

    Para compreender sua proposta necessrio, no entanto, con-siderar que ele est inserido em uma formao discursiva, e que pressupe a anlise do processo tradutrio, feita com base em uma teoria lingustica geral. A teoria lingustica utilizada por Catford a desenvolvida por Halliday, que se preocupava com as regras do sistema lingustico e que concebia a lngua como estrutura lxico-gramatical gerada por um sistema de significados.

    Continuando a anlise, observamos que se nega a seguinte pro-posio: diferentes sistemas lingusticos organizam seus compo-nentes de modo a espelhar a organizao um do outro. Da terceira negao, por sua vez, podemos depreender a seguinte proposio: h como supor que um elemento corresponda a outro de um siste-ma lingustico diferente.

    interessante observar que as duas proposies negadas pela autora so sustentadas pela LB, j que seu trabalho consiste em propor elementos que correspondem a outros de sistemas lingus-ticos diferentes, pressupondo que diferentes sistemas lingusticos organizam seus componentes de modo semelhante.

    Ao que parece, estamos diante de uma questo terminolgica, j que o mesmo termo, equivalente de traduo, parece no ser entendido da mesma maneira em LB e TT. Assim, ao negar que um elemento de uma lngua pode corresponder a outro elemento

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    de lngua diferente, Rodrigues (ib.) baseia-se na formao discur-siva da TT, que no problematiza as divergncias entre sistemas lingusticos. Por outro lado, apesar de que, em LB, o termo equi-valncia de traduo no tenha sido questionado, verificamos que essa questo amplamente discutida nos textos tericos sobre LB.

    Alm disso, embora a questo central da LB no seja a reflexo sobre o processo tradutrio, em Haensch (1982) h vrias sugestes de como deve proceder um tradutor. Podemos concluir, portanto, que embora tratem do mesmo tema (equivalncia de traduo), os textos analisados provm de duas formaes discursivas diferentes.

    Consideraes finais

    Por meio da anlise apresentada, observamos que os tex-tos de TT e LB pertencem a formaes discursivas diferentes que no se consideram reciprocamente. Desse modo, ao afirmar que seria impensvel atribuir um mesmo valor a palavras de lnguas diferentes, Rodrigues (ib., p.187) refere-se concep-o tradicional de equivalncia em TT, que no questiona, por exemplo, as divergncias nas estruturas lexicais de lnguas dife-rentes. Essa discusso, no entanto, est presente nos textos de LB analisados.

    Embora haja conscincia das dificuldades de se estabelecer re-laes entre estruturas lexicais de idiomas diferentes, em LB se supe que h correspondncia entre elementos de sistemas lingus-ticos diversos.

    A esse respeito, vemos que Fish (1980, apud Rodrigues, ib.) considera, por um lado, que o significado de um texto no fixo e que sua interpretao inevitvel e produtora do que tradicional-mente se considera produto. Por outro lado, o autor reconhece que no se pode atribuir a uma palavra um significado qualquer que se deseje, pois este comunitrio e convencional. Logo, no somos livres para criarmos nossos prprios propsitos e objetivos, pois

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    no somos independentes de pressuposies institucionalmente de-terminadas (Rodrigues, ib., p. 180).

    Consideramos, pois, que cabe LB analisar as lnguas em busca dos significados comunitrios e convencionais das ULs, buscan-do suas similitudes e propondo relaes harmnicas entre sistemas lingusticos, a fim de descrever as relaes entre ULs de lnguas diferentes.

    Para tanto necessrio basear-se em critrios claros e bem defini-dos que permitam que os elementos de uma lngua sejam associados a elementos de outra. Assim, a LB trabalha no sentido de encurtar caminhos entre as lnguas estrangeiras. Ao elaborar DBs, a preo-cupao central buscar elementos com que se possa compor ins-trumentos confiveis para as atividades interlingusticas e contribuir para o dilogo intercultural. Em suma, apesar dos percalos da LB e de suas aparentes incongruncias com relao TT, em especial no que concerne questo do equivalente de traduo, os DBs normal-mente so imprescindveis para atividades com lnguas estrangeiras.

    Notas

    1. La solucin ms razonable consiste, por lo tanto, en dar como equivalentes de traduccin (empleamos aqui el trmino ya consagrado por el uso, a pesar de no ser muy acertado, porque precisamente no se trata de relaciones de equivalen-cia). Todas as tradues so nossas.

    2. El ideal del traductor no puede consistir en producir, en la lengua de destino, un texto cuyo contenido corresponda exactamente al contenido del texto de la lengua de origen, sino, ms bien, un texto cuyo contenido concuerde en el mayor nmero posible de elementos esenciales con el contenido del texto de la lengua de origen.

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    3. TIPO 1: El caso ideal de equivalencia aproximada de una unidad lxica en la lengua de origen y en la lengua de destino se da, relativamente, en pocos casos. Por lo general, se trata de trminos tcnicos, tal como aparecen especialmente en textos tcnicos; pero, dada la importancia de ciertas especialidades para la vida diaria [...] forman tambin parte del vocabulario de uso diario [...].TIPO 2: En la mayora de los casos, corresponden a una unidad lxica de la lengua de origen varios equivalentes de traduccin. Puede darse el caso de que, a una unidad polismica de la lengua de origen, segn los distintos sememas, cor-respondan distintas unidades lxicas en la lengua de destino, o bien que existan en la lengua de destino determinadas reglas o frecuencias para la distribucin de los equivalentes de traduccin [...].TIPO 3: Tambin pueden surgir, en casos concretos, dificultades en la traduccin en la lengua de destino. Esto puede ocurrir cuando semas que son de cierta impor-tancia para las unidades lxicas de la lengua de origen no se pueden distinguir en el equivalente de traduccin; cuando el equivalente de traduccin es polismico [...] o bien cuando para la distribucin de las diferentes unidades lxicas de la len-gua de origen existen reglas especficas de distribucin o relaciones de frecuencia [...] En determinados casos, el contraste entre varias unidades lxicas de la lengua de origen con un equivalente de traduccin comn puede ser tan importante para el texto de la lengua de origen que hay que traducir, que este contraste tiene que expresarse de algn modo tambin en el texto de la lengua de destino. Esto se pue-de hacer mediante perfrasis o mediante explicaciones especiales entre parntesis, notas al pie de pgina etc. [...].TIPO 4: A veces no existe en la lengua de destino ninguna unidad lxica que pueda cumplir la funcin de equivalente de traduccin de una unidad lxica de la lengua de origen. Para la traduccin habra que adoptar, en estos casos, con frecuencia una solucin que consistiera en transferir la unidad lxica de la lengua de origen al texto de la lengua de destino y (o) hacer en una u otra forma observaciones sobre esta unidad lxica o sobre el concepto al que se refiere. Grifos nossos.

    4. Nous pouvons dfinir lquivalence comme la relation qui met en rapport de synonymie des dnominations des langues diffrentes reprsentant la mme no-tion. Gnralement, quand on traite deux dnominations dquivalentes, on sous-entend quelles sont interchangeables.

    5. Dans une perspective contrastive il y a lacune chaque fois quun signe de la langue de dpart ne trouve pas dquivalent dans la langue darrive.

    6. Le rel existe-t-il ou non dans la culture des locuteurs? Le mot qui le dsigne existe-t-il ou non dans la langue des locuteurs?

  • 167O conceito de equivalncia em lexicografia...

    7. Des rseaux de signification quorganise de diffrentes manires le monde expriment.

    8. Lquivalence dun mot dans une autre langue, mais pour mener bien des tches de dcodage (comprhension), dencodage (production) ou de traduction de formes appartenant un discours.

    9. La traduction est toujours possible et une quivalence existe ncessaire-ment.

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