2 – O MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA E O DEBATE EDUCACIONAL NA DÉCADA DE 1930.

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2 – O MANIFESTO DOS PIONEIROS DA

EDUCAÇÃO NOVA E O DEBATE

EDUCACIONAL NA DÉCADA DE 1930

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A REVOLUÇÃO DE 1930

E A CRIAÇÃO DO MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO E SAÚDE PÚBLICA (1930),

CHEFIADO POR FRANCISCO CAMPOS

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A REFORMA FRANCISCO CAMPOS1931-32

- Criação do Conselho Nacional de Educação;

- Reforma do Ensino Superior;

- Reforma do Ensino Secundário;

- Reintrodução do ensino religioso nas escolas públicas;

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A IV Conferência Nacional de Educação

(dezembro de 1931),

que teve por tema geral “As grandes

diretrizes da Educação Popular no Brasil”,

e a luta pela hegemonia da ABE.

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Publicação do “Manifesto dos Pioneiros

da Educação Nova” (março de 1932),

por jornais de vários estados brasileiros.

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Posições do Manifesto de 32:- Defesa da escola pública, obrigatória, gratuita, leiga, e da co-educação;

- Unificação do ensino secundário;

- Formação universitária dos professores;

- Prescrição da “Educação Nova”

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“Nessa nova concepção da escola, que é uma reação contra as tendências exclusivamente passivas, intelectualistas e verbalistas da escola tradicional, a atividade que está na base de todos os seus trabalhos, é a atividade espontânea, alegre e fecunda, dirigida à satisfação das necessidades do próprio indivíduo”

(Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, p.99).

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REPERCUSSÃO POSITIVA:

“Mas os nomes que subscrevem essa definição de atitude são uma garantia de trabalho, invulnerabilidade, de lucidez e de fé.

Tudo se deve exigir desse grupo, porque é o mais preparado, por todos os motivos para a ação heróica de que depende a formação brasileira”.

(Cecília Meireles. O valor dos Manifestos. Diário de Notícias, 19/03/1932)

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“O vasto programa elaborado por tão eminentes mestres é de tal importância que, por si só, justificaria uma revolução. Revolução pacífica, sem a praga dos heróis, nem o martírio precursor dos conspiradores, revolução mental e leal e por isso, eficiente e útil”.

(Menotti del Picchia. Reconstrução Educacional no Brasil. Folha da Manhã. Rio de Janeiro, 23/03/1932)

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REAÇÃO CATÓLICAOs intelectuais católicos, especialmente na Revista “A Ordem”, acusaram o Manifesto de 32 de ser:

- “anticristão” porque negava a supremacia da finalidade espiritual;

- “antinacional” pelo fato de desprezar a tradição religiosa do povo brasileiro;

- “antiliberal” por basear-se no “absolutismo pedagógico do Estado”, segundo Alceu de Amoroso Lima.

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“O debate sobre Educação se intensificava, principalmente a partir de 1933, durante os trabalhos preparatórios da Constituinte. Nesse mesmo ano, os católicos se retiraram da ABE e criaram a Confederação Católica da Educação.”

(Libânia Xavier, 2002)

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“O Manifesto dos Pioneiros da

Educação Nova expressa, ao nosso ver,

um momento significativo do processo de

especialização e autonomização do

campo educacional”

(Libânia Xavier, 2002).

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O Manifesto dos Pioneiros

da Educação Nova (1932)

e o movimento escolanovista

(Europa e EUA, desde

o final do século XIX)

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AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS

“O movimento da Escola Nova começou com pequenas experiências isoladas, na última década do século XIX e nas duas primeiras décadas do século XX. Tinham elas em comum o fato de terem sido executadas em internatos situados no campo, onde se procurava que a educação se desse misturada com a vida dos alunos [...]

(DI GIORGIO, 1992, p.27)

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OS GRANDES TEMAS DO ESCOLANOVISMO:

1. Puericentrismo, isto é, o reconhecimento do papel essencial (e essencialmente ativo) da criança em todo o processo educativo;

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2. Valorização do “fazer” no âmbito da aprendizagem infantil, que tendia, por conseguinte, a colocar no centro do trabalho escolar as atividades manuais, o jogo e o trabalho;

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3. A “motivação”, segundo a qual toda a aprendizagem deve estar ligada a um interesse por parte da criança;

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4. A centralidade do “estudo de ambiente”, já que é justamente da realidade que a circunda que a criança recebe estímulos para a aprendizagem;

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5. A “socialização”, vista como uma necessidade primária da criança que, no processo educativo, deve ser satisfeita e incrementada;

6. antiautoritarismo;

7. Antiintelectualismo

(CAMBI, 1999, p.526-7)

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EXPERIÊNCIAS MADURAS- Helena Parkhurst e o “Plano Dalton” (o

sistema de contratos”)- Ovide Decroly e “os centros de interesse”;- Maria Montessori e o “método

montessoriano” de educação;- Adolphe Ferrière e a autonomia da

criança;- Celestin Freinet e “a questão do trabalho”

e educação para as classes populares ;- John Dewey e “o sistema de projetos”.

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O movimento escolanovista se consolida, em nível mundial, com Liga International para a Educação Nova, criada em 1921.

Ele era disseminado especialmente por meio de revistas, como The New Era e Pour l`Ère Nouvelle e de congressos internacionais.

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BIBLIOGRAFIA

CAMBI, Franco. III – O século XX até os anos 50. “Escolas Novas” e ideologias da educação. In: ____. História da pedagogia. São Paulo: Editora da UNESP, 1999. p.509-88.

DI GIORGIO, Cristiano. Escola Nova. São Paulo: Ática, 1992.

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LOURENÇO FILHO, M. B. Introdução ao Estudo da Escola Nova. São Paulo: Melhoramentos, 1929.

XAVIER, Libânia Nacif. Para além do campo educacional: um estudo sobre o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932). Bragança Paulista: EDUSC, 2002.

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AS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS

DA DÉCADA DE 1930

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O ideário liberal:

- Defendido por boa parte dos signatários do “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova”, especialmente por Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira e Lourenço Filho;

- Calcado nos princípios do escolanovismo, da meritocracia e da educação pública, obrigatória e laica.

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O ideário católico:

- Fundamentado nos valores do catolicismo conservador, que pregava o humanismo clássico, o tradicionalismo educativo e a segregação de gêneros nas escolas;

- Pautou-se pelo ataque à Escola Nova, elaborado por intelectuais como o padre Leonel Franca e Alceu de Amoroso Lima.

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O ideário integralista:

- Estribado em idéias nacionalistas de direita, em voga em vários países europeus (fascismo italiano e nazismo, salazarismo);

- Valorizava o Estado corporativo, a família tradicional (a mãe) e condenava a “pedagogia comunista” e a co-educação.

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O ideário comunista:

- Apoiava-se na visão marxista da educação, especialmente a partir da experiência pedagógica soviética;

- Tradução e publicação da obra “Educação burguesa e educação proletária” (1934), por José Neves;

- Contra o escolanovismo.

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A EDUCAÇÃO NA CONSTITUINTE DE 1934

Os debates na Assembléia Nacional

Constituinte (1933-4) deram-se,

sobremaneira, entre as propostas da ABE

(escolanovistas) e do grupo católico.

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O anteprojeto da ABE

- Foi apresentado no documento “O problema educacional e a nova Constituição” (1934);

- Defesa da educação gratuita, obrigatória, leiga e co-educativa;

- Defesa de fundos especiais de educação;

- Propunha a descentralização da educação por meio dos conselhos nacional e estaduais.

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As propostas do grupo católico

- Sustentadas pela LEC (Liga Eleitoral Católica), entidade suprapartidária;

- Manutenção do ensino religioso (católico) nas escolas públicas;

- Centralização da educação nacional;

- Direito dos pais à educação dos filhos: a favor da iniciativa privada na educação.

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A Constituição de 1934- Manutenção legal do ensino religioso nas

escolas públicas;

- A fixação de um percentual mínimo (10%) obrigatório de aplicação de verbas públicas à educação escolar;

- Prevê a existência de um Conselho Nacional de Educação com a função de elaborar o “Plano Nacional de Educação”;

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- Gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário integral, assegurando “tendência à gratuidade do ensino ulterior ao primário”;

- Prevê a existência de um Conselho Nacional de Educação com a função de elaborar o “Plano Nacional de Educação” (artigo 152);