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2 O MEIO FÍSICO E BIÓTICO DA ÁREA 2.1 CLIMA O clima do Núcleo Metropolitano é do tipo tropical quente e úmido com chuvas de inverno antecipadas no outono (clima As’ da classificação climática de Köppen). A precipitação média anual decresce do sul para o norte, ao longo do litoral pernambucano, variando de 2.213,9mm, na sede do município do Cabo de Santo Agostinho (ao sul da área), para 1763,0mm, em Olinda, observando-se a mesma tendência de leste para oeste, com as médias históricas passando de 2.457,9mm, em Recife para 1.241,9mm em Chã de Alegria, a nordeste da área, próximo à divisa entre esse município e São Lourenço da Mata e para 1.327,9mm, em Tapera (hoje, Bonança, em Moreno), na extremidade centro-ocidental da área (SUDENE, 1990). A estação chuvosa estende-se de março a agosto, sendo os meses de maio, junho e julho os de maior pluviosidade e outubro, novembro e dezembro, os de menor precipitação. A temperatura média anual é de 25,5 o C, com média máxima mensal de 26,6 o C em janeiro e fevereiro e média mínima de 23,9 o C em agosto, na Estação Meteorológica de Recife, no período de 1961 a 1990. Dados da área para o mesmo período indicam balanço hídrico positivo de 1.068,2mm e insolação média anual de 2.463,6h com máxima mensal em novembro e mínima, em agosto (Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco – SRH-PE, 2002). Embora localizado em área de clima úmido (Litoral e Mata Pernambucana), o Núcleo Metropolitano é sujeito a períodos de estiagem a exemplo dos que ocorreram na década de 1990 (1990/93 e 1998/99), quando os totais pluviométricos médios mensais sofreram fortes reduções, agravando o racionamento hídrico na RMR e acarretando o aumento descontrolado da explotação das águas subterrâneas (Idem). 2.2 GEOLOGIA E RELEVO Refletindo a dinâmica geológica e geomorfológiga da área onde está situado, o relevo do Núcleo Metropolitano é constituído de unidades topográficas distintas, modeladas em terrenos integrantes de quatro conjuntos geológicos, a saber:

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2 O MEIO FÍSICO E BIÓTICO DA ÁREA 2.1 CLIMA

O clima do Núcleo Metropolitano é do tipo tropical quente e úmido com chuvas

de inverno antecipadas no outono (clima As’ da classificação climática de Köppen). A

precipitação média anual decresce do sul para o norte, ao longo do litoral

pernambucano, variando de 2.213,9mm, na sede do município do Cabo de Santo

Agostinho (ao sul da área), para 1763,0mm, em Olinda, observando-se a mesma

tendência de leste para oeste, com as médias históricas passando de 2.457,9mm, em

Recife para 1.241,9mm em Chã de Alegria, a nordeste da área, próximo à divisa entre

esse município e São Lourenço da Mata e para 1.327,9mm, em Tapera (hoje, Bonança,

em Moreno), na extremidade centro-ocidental da área (SUDENE, 1990).

A estação chuvosa estende-se de março a agosto, sendo os meses de maio,

junho e julho os de maior pluviosidade e outubro, novembro e dezembro, os de menor

precipitação. A temperatura média anual é de 25,5oC, com média máxima mensal de

26,6oC em janeiro e fevereiro e média mínima de 23,9oC em agosto, na Estação

Meteorológica de Recife, no período de 1961 a 1990. Dados da área para o mesmo

período indicam balanço hídrico positivo de 1.068,2mm e insolação média anual de

2.463,6h com máxima mensal em novembro e mínima, em agosto (Secretaria de

Recursos Hídricos de Pernambuco – SRH-PE, 2002).

Embora localizado em área de clima úmido (Litoral e Mata Pernambucana), o

Núcleo Metropolitano é sujeito a períodos de estiagem a exemplo dos que ocorreram

na década de 1990 (1990/93 e 1998/99), quando os totais pluviométricos médios

mensais sofreram fortes reduções, agravando o racionamento hídrico na RMR e

acarretando o aumento descontrolado da explotação das águas subterrâneas (Idem).

2.2 GEOLOGIA E RELEVO

Refletindo a dinâmica geológica e geomorfológiga da área onde está situado, o

relevo do Núcleo Metropolitano é constituído de unidades topográficas distintas,

modeladas em terrenos integrantes de quatro conjuntos geológicos, a saber:

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Embasamento Cristalino, Rochas Sedimentares Cretáceas, Sedimentos Terciários e

Sedimentos Quaternários (Alheiros et al., 1995; CPRM, 1999) (Figura 03).

O Embasamento Cristalino aflora, de forma contínua, na porção sudoeste do

Núcleo Metropolitano, onde abrange a totalidade da superfície dos municípios de

Moreno e São Lourenço da Mata e mais de 50% da porção oeste do município de

Jaboatão dos Guararapes e da porção sul do município de Camaragibe. Compõe-se de

rochas do Complexo Gnáissico-Migmatítico (ortognaisses de composição granítica e

diorítica, migmatizadas), associadas a rochas plutônicas (quartzo-dioritos e biotita-

granitóides porfiríticos), ambas de idade Proterozóica (2.500 milhões de anos a 500

milhões de anos). A ação do intemperismo sobre as rochas do Embasamento Cristalino

teve como resultado o modelado de morros que caracteriza o relevo movimentado

dessa porção da área de estudo.

Os morros têm forma arredondada (de meia-laranja) (Foto 01), manto de

alteração (regolito) espesso, sendo freqüente a ocorrência de afloramentos rochosos

em alguns trechos, sobretudo do município de Jaboatão dos Guararapes, a exemplo do

que se localiza a oeste do rio Jaboatão, entre a BR-101 (Engenho Caiongo, na divisa

com o Cabo de Santo Agostinho) e as imediações da área urbana de Jaboatão Centro

e da localidade Santana. Nesse trecho, ocorre intensa atividade de mineração de

granito realizada tanto de forma manual (e não licenciada) como mecanizada, através

de empresas de médio e grande porte tais como as pedreiras Guarany, em Comporta

(Foto 02) e Líder (nas proximidades do Loteamento Integração de Muribeca).

Os morros apresentam altitudes que variam de cerca de cinqüenta (50) metros,

na borda da planície litorânea, a pouco mais de trezentos e cinqüenta (350) metros, na

extremidade ocidental da área (próximo da divisa do município de Moreno com o

município do Cabo de Santo Agostinho). Exibem encostas com declividades

geralmente superiores a 20%, muitas das quais susceptíveis de escorregamentos e,

portanto, impróprias para construção de moradias (nas áreas urbanas) e utilização com

culturas temporárias (nas áreas rurais e periurbanas).

Nos morros situados a leste do povoado de Muribeca e ao sul da Via de

Integração Jaboatão-Prazeres (margem direita do rio Zumbi), localiza-se o Aterro de

Resíduos Sólidos da Muribeca (Fotos 03 e 04).

As Rochas Cretáceas estão associadas às Bacias Sedimentares depositadas,

durante o Cretáceo, “sobre blocos do embasamento cristalino, rebaixados por falhas

geológicas que ocorreram nessas rochas, durante a separação das placas tectônicas

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FIGURA 03 – GEOLOGIA DO NÚCLEO METROPOLITANO

LEGENDA LITOLOGIA

Qa Depósitos fluviais e flúvio-lagunares - sedimentos arenos-argilosos, com matéria orgânica ocasional

Qr Arenitos de praia e recifes de coral

Qm Mangues-sedimentos síltico-argilosos ricos em matéria orgânica

Qh Terraços holocênicos -sedimentos arenosos de praia com fragmentos de conchas

Qp Terraços pleistocênicos-sedimentos arenosos de praia c/nível espódico na base

Qpm Terraços pleistocênicos modificados-sedimentos arenosos de praia intercalados c/depósitos fluviais

Qua

tern

ário

Tb Formação Barreiras: sedimentos areno-argilosos de coloração amarela a avermelhada, com a presença de caulim

Ta Formação Algodoais: sedimentos areno-argilosos com frequentes fragmentos de rochas vulcânicas alteradas Te

rciá

rio

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Tmf Formação Maria Farinha: calcários e margas argilosas

Kg Formação Gramame: calcarenitos e calcários fossilíferos

Kb Formação Beberibe: arenitos grossos capeados por arenitos argilosos intercalados a camadas calcárias

Kc Formação Cabo: conglomerados intercalados a camadas areno-argilosas

Cre

táce

o

Plg Embasamento cristalino: leucogranitos de granulação média

Pgp Embasamento cristalino: biotita granito porfirítico

Pbg Embasamento cristalino: biotitagranito de grã média, coloração creme a cinza

Pqd Quartzodiorito cinza de grã fina a média Pro

teoz

óico

sup

erio

r

Pqm Biotita gnaisse granadifero, migmatizado

Pro

teoz

óico

in

ferio

r

Agn Embasamento cristalino: gnaisse granítico a granodiorítico

Arqu

eano

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Foto 01 – Morros em forma de meia laranja

(Embasamento Cristalino). Foto de Gilberto Claro.

Foto 02 – Pedreira Guarani, na localidade Comporta (Jaboatão dos Guararapes).

Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006).

Foto 03 – Célula em recuperação no Aterro de Resíduos Sólidos da Muribeca (Jaboatão dos Guararapes).

Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006).

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Foto 04 – Célula recuperada no Aterro de Resíduos Sólidos da Muribeca (Jaboatão dos Guararapes).

Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006).

Americana e Africana, resultando na formação do Oceano Atlântico Sul, há

aproximadamente 100 milhões de anos (período Cretáceo, idade Aptiano).” (Alheiros et

al., 1995). Essas rochas pertencem à Bacia Cabo e à Bacia Pernambuco-Paraíba

situadas, respectivamente, ao sul e ao norte do Lineamento Pernambuco.

No Núcleo Metropolitano, os sedimentos da Bacia Cabo estão representados por

pequenos afloramentos da Formação Cabo localizados às margens da BR-101 (ao

norte e ao sul do rio Tejipió) e da Formação Algodoais situados na localidade

Comporta, em ambas as margens da BR-101. A Formação Cabo é datada do Cretáceo

Inferior e composta de conglomerados, arenitos feldspáticos (arcósios) e argilitos

originários do próprio Embasamento Cristalino, ao passo que a Formação Algodoais é

datada do Cretáceo Médio e constituída de conglomerados, tufos e arenitos maciços

que repousam ora sobre rochas vulcânicas da Formação Ipojuca ora sobre arenitos

conglomeráticos da Formação Cabo (DNPM, 1988).

Os sedimentos da Bacia Pernambuco-Paraíba são constituídos por depósitos

arenosos de origem fluvial com cerca de 80 milhões de anos (Cretáceo

Superior/Campaniano) denominados Formação Beberibe e por depósitos marinhos

carbonáticos denominados Formação Gramame com idade aproximada de 70 milhões

de anos (Alheiros et al., 1995).

A Formação Beberibe está assentada diretamente sobre o Embasamento

Cristalino, sendo datada da transição do Cretáceo Médio para o Superior. Possui

espessura média de 180m, alcançando valores máximos de 250m na faixa litorânea,

com tendência de redução da espessura no sentido norte-sul. Está constituída por

arenitos continentais, apresentando na base “... uma predominância de leitos arenosos

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freqüentemente conglomeráticos, intercalados com níveis argilosos. Na parte superior

aparecem arenitos finos com níveis de siltito e argilas cinzentas contendo restos de

vegetais carbonizados.” (LGGM, 1992, p. 12).

No Núcleo Metropolitano, a Formação Beberibe aflora na porção norte do

município do Recife, em pequenos trechos das porções média e inferior dos rios

Paratibe, Beberibe e Morno, à retaguarda dos depósitos aluviais, encontrando-se

alguns desses trechos totalmente inseridos na malha urbana. Pelo seu caráter

aqüífero, essa Formação é considerada a mais importante reserva de água

subterrânea, em exploração, na Região Metropolitana do Recife.

A Formação Gramame aflora em duas pequenas ocorrências – uma em

Aguazinha, no município de Olinda e outra entre os bairros de Água Fria e Fundão, no

município do Recife. De origem marinha, essa formação é fossilífera e teve sua

deposição associada à fase marinha transgressiva do Cretáceo Superior. Apresenta

uma fácies fosfática, que repousa diretamente sobre os arenitos da Formação

Beberibe, à qual estão associadas jazidas de fosforita, e uma fácies calcária

sobreposta à anterior e constituída por calcários areno-argilosos e argilosos (LGGM,

1992). Os depósitos dessa formação apresentam-se, freqüentemente, recobertos por

sedimentos da Formação Barreiras e, eventualmente, da Formação Maria Farinha

(calcária).

Os relevos modelados em Rochas Sedimentares do Cretáceo estão, em geral,

constituídos por colinas com altitudes inferiores a 50m e encostas de média a baixa

declividade ou afloram na porção inferior das encostas dos tabuleiros e colinas da

Formação Barreiras e mergulham, suavemente, sob os depósitos aluviais.

Os Sedimentos Terciários de idade Pliocênica (Alheiros et al., 1995) ou

Sedimentos Plio-pleistocênicos (CPRM, 1999) são de origem fluvial e estão

constituídos pelos depósitos da Formação Barreiras que recobrem, indistintamente, o

Embasamento Cristalino e as unidades das Bacias Sedimentares Cretáceas. Ocorrem

na porção norte dos municípios de Olinda, Recife e Camaragibe bem como nas

extremidades sul-oriental do município do Recife e norte-oriental do município do

Jaboatão dos Guararapes. Os depósitos dessa Formação são compostos por

sedimentos areno-síltico-argilosos intercalados por lentes de argila e níveis com alta

concentração de óxido de ferro.

Os relevos modelados nos sedimentos da Formação Barreiras são elevações de

topos arredondados (colinas) e planos (pequenos tabuleiros) com encostas cujas

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declividades são, em geral, superiores a 30% (CPRM; FIDEM 1997) e altitudes que

variam de cinqüenta (50) a oitenta e cinco (85) metros. As fortes declividades das

encostas, aliadas à estrutura dos depósitos em que foram modeladas, tornam as

colinas áreas com alta suscetibilidade a escorregamentos (Alheiros, 1998, Anexo VI).

Os riscos de escorregamentos aumentam no período chuvoso, quando as áreas

ocupadas de forma irregular (através de invasões), são atingidas por deslizamentos de

encostas soterrando famílias inteiras.

As colinas da Formação Barreiras são também utilizadas para mineração de

saibro e argila, a exemplo das lavras localizadas ao longo da rodovia BR-101, no trecho

entre o rio Beberibe e o riacho dos Macacos, em Jardim Jordão, Jordão de Cima (Foto

05), ao norte da Via de Integração Jaboatão-Prazeres (entre a BR-101 e a ferrovia) e

em Comporta, entre outras. Algumas áreas de risco, atualmente em fase de ocupação

irregular, são minerações inativas, abandonadas sem a implantação de projetos de

recuperação para adequação a outros usos.

Foto 05 – Extração de argila, à margem da BR-101, em Jordão de Cima (Jaboatão dos Guararapes/Recife).

Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006).

Os Sedimentos Quaternários localizam-se na porção oriental dos municípios

litorâneos do Núcleo Metropolitano, ocorrendo, predominantemente, na planície

costeira onde constituem uma faixa contínua com largura média variando de sete (7) a

dez (10) quilômetros. São compostos essencialmente de areia, silte e argila e dão

origem a cinco feições geomórficas, a saber: recifes de arenito, praias, terraços

marinhos, depósitos flúvio-lagunares (nos quais estão incluídos os aluviões recentes) e

mangues.

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Recifes de arenito são formações rochosas alongadas, paralelas à linha de

costa, cuja superfície é, em geral, visível na baixa-mar. São constituídos de grãos de

quartzo (areia), feldspatos e fragmentos de concha ligados por cimento calcário

(CPRM; FIDEM, 1997). Encontram-se a distâncias variáveis da praia, ora

tangenciando-a (Foto 06) ora situados a mais de 1.000m da orla marítima. Em virtude

da posição que ocupam em relação à costa, essas formações rochosas desempenham

importante papel na proteção do litoral contra a erosão marinha. Apesar disso, acham-

se submetidas à degradação pela quebra e pela retirada de material para fins diversos.

Foto 06 – Recifes de arenito (ao centro, à esquerda) e avanço de construções na faixa de praia, (no centro, à direita), em Piedade (Jaboatão dos Guararapes).

Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006).

Praias são faixas de areia, em geral estreitas, constituídas de material

depositado pelo mar, na borda dos continentes e ilhas. Submetidas à ação contínua

das ondas e das correntes marinhas, as praias apresentam, ao longo do ano, variações

cíclicas da largura e do perfil transversal. Com uma extensão total de 9.391m, o litoral

do Núcleo Metropolitano possui quatorze (14) praias, a saber: Rio Doce, Casa Caiada,

Bairro Novo, Farol, Carmo, Milagres e Del Chifre (no município de Olinda); Buraco da

Velha, Pina e Boa Viagem (no município do Recife); Piedade, Candeias e Barra de

Jangada (no município do Jaboatão dos Guararapes).

A ocupação antrópica desordenada (Foto 06) associada à intensa urbanização

da orla dos municípios litorâneos do Núcleo Metropolitano tem sido responsável pela

forte erosão marinha no litoral desses municípios, provocando o estreitamento da faixa

de areia e até o desaparecimento de largos trechos de algumas das praias acima

mencionadas, privando os municípios onde estão localizadas de um de seus principais

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atrativos turísticos. A esse problema tem-se acrescido, a partir do início da década de

1990, a ocorrência de ataque de tubarões a banhistas e surfistas.

Avaliação do CEMIT – Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com

Tubarões – menciona a possível influência da poluição orgânica do rio Jaboatão por

dejetos do matadouro municipal (hoje, desativado) e do chorume do Aterro de

Resíduos Sólidos da Muribeca nos ataques de tubarão ocorridos na Região

Metropolitana do Recife, a partir de 1992, além do lançamento, no rio Jaboatão, de

carga significativa de esgotos domésticos, a qual, embora possa exercer ação indireta

na atração dos tubarões, é responsável pelo alto nível de contaminação por coliformes

fecais verificado na foz do rio Jaboatão e nas praias sob sua influência (Hazin, 2005).

Terraços marinhos são formas planas constituídas por areias quartzozas de

granulometria média a grosseira cuja altitude varia de dois (2) a oito (8) metros.

Ocorrem em dois níveis distintos: o terraço inferior (Terraço Marinho Holocênico) e o

terraço superior (Terraço Marinho Pleistocênico).

O Terraço Marinho Holocênico situa-se à retaguarda da linha de costa, portanto,

fora do alcance das ondas. Apresenta-se como uma faixa contínua de areias claras

contendo fragmentos de conchas, com altitude de dois (2) a cinco (5) metros acima da

preamar atual e largura que varia de cerca de cinqüenta (50) metros, na porção sul da

orla de Olinda (trecho à retaguarda da Praia del Chifre), a mais de um quilômetro

(1km), em Candeias, “Exibe pequenas falésias com altura máxima de dois metros,

fortemente alteradas pela erosão marinha .” (CPRM; FIDEM, 1997).

Em face de sua localização junto à praia, a maior parte da área é ocupada por

edificações de portes diferenciados destinados à moradia das classes média e alta e a

hotéis de luxo, achando-se submetida a intenso processo de especulação imobiliária,

sobretudo no município do Jaboatão dos Guararapes, no trecho que se estende da Av.

Barreto de Menezes à curva do SESC, considerado o mais valorizado da orla desse

município (Galindo, 2002). Atualmente, tal processo avançou, ocorrendo ao sul desse

trecho.

O Terraço Marinho Pleistocênico “é uma antiga praia com idade em torno de 100

mil anos (período Quaternário, época Pleistoceno)” (Alheiros et al., 1995) e cotas

altimétricas que variam de cinco (5) a dez (10) metros. É constituído por areias

quartzosas claras e inconsolidadas na superfície, tornando-se mais compactas e

escuras em profundidade (idem). Ocorre na planície costeira de Recife (onde apresenta

grande penetração para oeste) e de Jaboatão dos Guararapes. Encontra-se separado

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do Terraço Marinho Holocênico ora por sedimentos síltico-argilosos de mangue ora por

depósitos flúvio-lagunares (no entorno da Lagoa do Náutico).

Alheiros et al (1995) distinguem nesta unidade, duas subunidades: o Terraço

Marinho Pleistocênico (de constituição dominantemente arenosa) e o Terraço Marinho

Pleistocênico Modificado que corresponde à porção da antiga praia cuja composição e

estrutura foram profundamente alteradas pela ação dos rios, ora dominando, em

subsuperfície, “areias retrabalhadas, ora depósitos de argilas moles, orgânicas,

depositadas nas antigas planícies fluviais de inundação”. A citada autora inclui, na

segunda subunidade, os terrenos que se estendem das ilhas do Recife, São José e

Santo Antônio (na porção leste da planície do Recife) até os bairros de Engenho do

Meio, Várzea, Caxangá e Bomba Grande (a oeste), Parnamirirm, Água Fria e Campo

Grande (ao norte).

Em virtude de sua constituição arenosa, os terraços marinhos detêm elevado

potencial hídrico na forma de aqüífero livre ou freático que, nos trechos de maior

adensamento populacional, vem sendo intensamente explorado. Além da exploração

intensa do aqüífero livre, os terraços marinhos vêm sofrendo os efeitos de ações

antrópicas incompatíveis com suas características geológicas e seu potencial para o

turismo, quais sejam: crescente impermeabilização do solo com risco de

comprometimento da recarga do aqüífero e de contaminação do mesmo pelo avanço

da cunha salina; avanço das construções na faixa de uso público (praia); forte erosão

em alguns trechos do terraço inferior, acarretando o recuo da linha de costa; e

construção, em alguns casos, sem estudo prévio e de forma irregular, de espigões,

muros de contenção, enrocamentos e outras formas de “proteção” contra o avanço do

mar, a exemplo do que ocorre em quase todo o litoral de Olinda, na extremidade norte

do Pina (Praia Buraco da Velha) e no trecho entre a Praça de Boa Viagem e o Hospital

da Aeronáutica (no litoral do Recife) bem como no trecho que se estende do Edifício

Catuama, em Piedade, até a foz do rio Jaboatão (no litoral de Jaboatão dos

Guararapes).

Depósitos flúvio-lagunares incluem os aluviões recentes e os depósitos

lagunares, deltaicos e estuarinos antigos e recentes. Aluviões recentes apresentam

altitudes entre quatro (4) e dez (10) metros e são constituídas por depósitos de areias

aluvionares com intercalações síltico-argilosas e matéria orgânica, transportados pelos

rios e depositados nas planícies de inundação quando do transbordamento do canal

fluvial (CPRM; FIDEM, 1997). Ocupam áreas relativamente extensas em alguns

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trechos da planície costeira do Núcleo Metropolitano, notadamente naqueles banhados

pelos rios Curado-Jiquiá, Tejipió, Jordão e Jaboatão. Abrigam loteamentos, sobretudo,

no entorno da Via de Integração Jaboatão-Prazeres, além de minerações de areia (em

lavra e inativas).

Os depósitos lagunares são compostos de areias, siltes e argilas, de cor cinza,

contendo matéria orgânica. Foram acumulados durante a última fase de avanço do mar

(Transgressão Marinha) do Holoceno, quando houve afogamento dos rios que

deságuam no litoral, originando corpos lagunares, à exemplo da Lagoa do Náutico

(anteriormente, denominada Lagoa Olho d’Água), à retaguarda dos terraços marinhos

(idem). Fora do entorno da Lagoa do Náutico, depósitos lagunares ocorrem em áreas

pantanosas banhadas pelo baixo curso dos rios Jaboatão, Beberibe, Fragoso, Jordão,

Jiquiá, Capibaribe e seu afluente Camaragibe. Em conseqüência das variações do

nível do mar que propiciaram a formação de tais depósitos, podem os mesmos

apresentar sedimentos tipicamente lagunares, ricos em conchas, intercalados com

sedimentos de água doce depositados em lagoas, brejos e pântanos.

Apresentando altitudes médias entre dois (2) e quatro (4) metros e pontos de

alagamento permanente, em conseqüência do nível elevado do lençol freático, a

planície flúvio-lagunar é facilmente inundável em época de chuva ou de marés muito

altas, quando o maior aporte de água provoca o transbordamento dos rios e corpos

lagunares, ali, localizados, causando transtornos à população que reside ou trabalha

nessas áreas.

Dentre as áreas críticas de alagamento do Núcleo Metropolitano figuram as

localizadas em Jaboatão dos Guararapes, no entorno da Lagoa do Náutico (localidades

João de Deus, Sotave, Jardim Prazeres, Pau Seco, Suvaco da Cobra, Buenos Aires,

Jardim América, Briga de Galo, Carolinas, Espinhaço da Gata, Tieta, Vietnã,

Loteamento Jardim Copacabana, Vaquejada, Jardim Náutico e Jardim Piedade)

(PQA/PE, 1998) que constituem áreas de concentração de moradias populares e de

ocupações subnormais, além do centro do Recife (Bairro de São José) e das áreas

baixas de Olinda.

Mangues (ou planícies de maré) são características de ambiente estuarino ou de

água salobra, cujo substrato está constituído por sedimentos argilo-sílticos de

coloração cinza escura, com grande quantidade de matéria orgânica (CPRM; FIDEM

1997). Ocorrem nas margens do baixo curso dos rios Jaboatão e Tejipió, ao longo do

Canal Olho d’Água (Foto 07), próximo à desembocadura do rio Beberibe, do Canal da

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Malária e do rio Capibaribe bem como na bacia do Pina (Parque dos Manguezais) –

onde se localiza uma das mais expressivas ocorrências atuais desses depósitos no

Núcleo Metropolitano.

Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006).

Foto 07 – Depósito de mangue, com vegetação característica, ao longo do canal Olho d’água, na margem norte da Estrada da Curcurana (Jaboatão dos Guararapes).

Embora constituam ecossistemas muito frágeis e sejam dotadas de significativa

importância ambiental por funcionarem como “berçário” de muitas espécies marinhas,

entre outras características, tais áreas têm sofrido a ação contínua de aterros, retirada

da vegetação e lançamento de lixo e esgoto, num processo gradativo de destruição

pela expansão urbana, nos municípios onde estão localizadas.

2.3 RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS

Os recursos hídricos superficiais do Núcleo Metropolitano pertencem à Bacia do

Capibaribe e aos Grupos 1 e 2 de Bacias de Pequenos Rios Litorâneos – GL-1 e GL-2

– do Nordeste Oriental. No Grupo GL-1, inserem-se as bacias dos rios Paratibe e

Beberibe e, no Grupo GL-2, as bacias do rios Jaboatão, Tejipió e Pirapama (PQA/PE,

1997) (Mapa 01).

A Bacia do Rio Capibaribe totaliza 7.470km2, dos quais apenas 334,9km2 (4,4%)

localizam-se no Núcleo Metropolitano, onde abrange parte dos municípios de São

Lourenço da Mata (211km), Recife (68km), Camaragibe (36 km) e Moreno (16km)

(PQA/PE-Relatório 01, 1997).

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O Rio Capibaribe – principal curso d’água do segmento territorial em causa –

nasce na Serra da Serraria (Município de Poção) a 1.100 metros de altitude

(SUDENE/MI. DSG, 1972), próximo à divisa de Poção com o Município de Jataúba, no

Agreste Pernambucano (Microrregião Vale do Ipojuca) e deságua no litoral de Recife,

após atravessar a planície costeira. Tem 260km de extensão dos quais 33,2km estão

no Núcleo Metropolitano.

O Capibaribe apresenta regime intermitente, na maior parte de seu curso,

tornando-se perene na Zona da Mata, pouco antes de penetrar na RMR, onde recebe

os rios Goitá, Tapacurá e Muribara, pela margem direita e o Riacho Camaragibe (que

nasce com o nome Besouro), pela margem esquerda. Os dois primeiros nascem fora

do Núcleo Metropolitano, nos municípios de Pombos e Gravatá, respectivamente, ao

passo que os dois últimos estão inteiramente contidos dentro dos limites da área de

estudo.

Em seu trajeto, no interior do Núcleo Metropolitano, o Rio Capibaribe e seus

tributários banham áreas rurais com predomínio ora da cultura da cana-de-açúcar ora

de pecuária e de granjas, além de áreas policultoras constituídas pelos assentamentos

rurais que proliferaram na bacia, a partir, sobretudo, do início da década de 1990. As

atividades praticadas nessas áreas juntamente com os aglomerados rurais existentes

nas mesmas geram resíduos que, lançados nos cursos d’água, constituem parte da

carga poluidora destes, a qual é potenciada, nas áreas urbanas de São Lourenço da

Mata, Camaragibe e Recife, por dejetos de origem doméstica e industrial.

Dentre os reservatórios ou mananciais de superfície da bacia hidrográfica em

análise localizados na área de estudo, sobressaem as barragens de Tapacurá, Goitá e

Várzea do Una (nos rios homônimos), com capacidade de 94.200.000m3,

52.565.000m3 e 11.568.000m3, respectivamente, utilizadas pela COMPESA, como

mananciais de abastecimento público da RMR.

Além dos reservatórios acima citados, a bacia hidrográfica em apreço conta com

barragens menores utilizadas ora como mananciais de abastecimento das áreas onde

estão localizados, ora como fonte de lazer e amenidade, a exemplo dos açudes Queira

Deus (no Rio Muribara), Pixaozinho (no Arroio Misericórdia, afluente do Rio Várzea do

Una), Tapacurá (em um riacho que drena as terras do Engenho Tapacurá) e, no

perímetro urbano de Recife, os açudes Prata, Apipucos e São João da Várzea.

A segunda bacia hidrográfica do Núcleo Metropolitano, por ordem de

importância, é a Bacia do Rio Jaboatão com uma superfície total de 442km2. Tem

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84,4% de sua área no Núcleo Metropolitano, onde abrange parte dos municípios de

Jaboatão dos Guararapes (225km2), Moreno (98km2), São Lourenço da Mata (46km2) e

Recife (4km2) (PQA/PE-Relatório 01, 1997).

Totalizando 75km de extensão (PQA/PE, 1997), o Rio Jaboatão nasce no

município de Vitória de Santo Antão, no Engenho Pacas, corta o município de Moreno

e percorre o município de Jaboatão dos Guararapes no sentido oeste-leste (da divisa

com Moreno até Dois Carneiros, no distrito de Cavaleiro). A partir desse ponto, segue a

direção norte-sul até as imediações de Ponte dos Carvalhos onde retoma a direção

oeste-leste e nela se mantém até a desembocadura em Barra de Jangada. Atravessa

área urbana no trecho que se estende do limite oeste do núcleo urbano de Jaboatão

Centro até Dois Carneiros.

O Rio Jaboatão recebe, pela margem esquerda, o Rio Duas Unas, o Arroio

Manassu, o rio Mussaíba, o Córrego Mariana e o Riacho da Prata e, pela margem

direita, os rios Carnijó, Palmeiras e Zumbi. Outros corpos d’água que integram a bacia

hidrográfica em apreço são a Lagoa do Náutico, a Barragem Duas Unas e pequenas

barragens (açudes) distribuídas pela área rural do município.

A Lagoa do Náutico tem, aproximadamente, cinco (5) km2 de área (Comitê da

Bacia Hidrográfica do rio Jaboatão, 2006) e localiza-se entre a praia de Candeias e o

bairro de Prazeres. Interliga-se ao complexo estuarino dos rios Jordão e Pina (ao norte)

através do Canal de Setúbal e ao Rio Jaboatão (ao sul) pelo do Canal Olho d’Água,

através do qual sofre influência das oscilações das marés e das enchentes do rio

(PQA/PE, 1997). Encontra-se bastante assoreada (Foto 08), principalmente no trecho

sul, além de sofrer a poluição motivada por esgoto e lixo provenientes dos

assentamentos informais localizados em seu entorno.

A Barragem Duas Unas localiza-se ao norte do núcleo urbano de Jaboatão

Centro, à margem esquerda da BR-232. Integra o sistema Tapacurá (o maior sistema

de abastecimento público de água em operação na RMR) construído pela COMPESA,

em 1977. A bacia da Barragem Duas Unas tem 75km2 e 24.200.000m3 de volume

(COMPESA, 2006).

As pequenas barragens ou açudes da bacia pertencem às propriedades rurais

onde estão localizadas e resultaram do represamento dos cursos d’água que as

banham, destacando-se como principais os açudes Mussaíba (Campo Grande),

Carnijó, Palmeiras, Mangaré e Zumbi.

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Embora a maior parte da bacia do Rio Jaboatão esteja na Área de Proteção dos

Mananciais de interesse da RMR (FIDEM, 1987), os rios que drenam essas áreas são,

na quase totalidade, desprovidos de matas ciliares, o mesmo ocorrendo com a

barragem Duas Unas (Foto 09). A única exceção é o rio Mussaíba que tem a maior

parte de sua bacia em áreas de Reservas Ecológicas.

Foto 08 – Lagoa do Náutico assoreada

(Jaboatão dos Guararapes). Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006).

Foto 09 – Barragem Duas Unas, no rio Jaboatão, com ocupação das margens por granjas de lazer.

Foto de Felipe Galvão (Fev. 2006).

Tendo a maior parte de seu curso em áreas urbanas, desprovidas de

saneamento, o Rio Jaboatão apresenta elevado índice de poluição e assoreamento de

seu leito, motivados, sobretudo, pela ocupação irregular do solo às suas margens,

agravando, a cada ano, os problemas de inundação das áreas ribeirinhas, sobretudo,

nos anos mais chuvosos. A estes, acrescem-se os problemas de contaminação por

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efluentes industriais e por insumos agrícolas (agrotóxicos) utilizados, em larga escala,

no cultivo da cana-de-açúcar.

A constatação desses problemas e da necessidade de planejar e implementar,

com a participação da sociedade, ações para recuperar e preservar esse importante

recurso hídrico da Região Metropolitana do Recife resultou na criação Comitê da Bacia

Hidrográfica (COBH) do Rio Jaboatão.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Jaboatão foi constituído em 15 de março

de 2001, empossado em 29 de março de 2001 e homologado através da Resolução no

03 de 24 de setembro de 2002 (COBH Rio Jaboatão, 2006). O referido comitê é

constituído por trinta (30) membros dos quais 50% são representantes dos usuários de

água e da sociedade civil organizada dos seis municípios que contêm a bacia

hidrográfica (Moreno, Jaboatão dos Guararapes, Recife, Cabo de Santo Agostinho,

São Lourenço da Mata e Vitória de Santo Antão), sendo os outros 50% compostos por

representantes do Poder Público municipal da área de abrangência da bacia, do Poder

Público estadual e de órgãos do Governo Federal envolvidos com os recursos hídricos.

Dentre as ações prioritárias previstas no Plano Anual de Trabalho do COBH

para 2006 figuravam:

1) Elaboração do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Jaboatão;

2) Fortalecimento da atuação dos órgãos fiscalizadores (CPRH, SECTMA, CIPOMA

e IBAMA);

3) Monitoramento da qualidade e quantidade das águas;

4) Apoio aos municípios na obtenção de recursos para os sistemas de tratamento de

resíduos sólidos e esgotamento sanitário;

5) Reflorestamento das áreas de preservação da bacia.

A Bacia do Rio Tejipió tem uma área total de 93,2km2, dos quais, 4,2km2 (4,5%)

no município de São Lourenço da Mata, 21,4km2 (23,0%) no município de Jaboatão

dos Guararapes e 67,6km2 (72,5%) no município do Recife, figurando como a terceira

bacia mais importante do Núcleo Metropolitano, depois das bacias dos rios Capibaribe

e Jaboatão. Constitui “um complexo hidrográfico formado pelos riosTejipió, Jiquiá,

Jordão, Pina, Canal de Setúbal e outros cursos d’água de menor expressão, além de

está ligada [à bacia] do rio Capibaribe através do braço morto desse último.” (Muniz

Filho, 2005, p. 13).

Com uma extensão de 20,5km da nascente até a foz, o rio Tejipió nasce no

município de São Lourenço da Mata (a noroeste do Açude Mamucaia) e limita os

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municípios de Jaboatão dos Guararapes e Recife, no trecho que se estende da

localidade Cova da Onça até o distrito de Cavaleiro. Antes de penetrar no núcleo

urbano do Curado, a partir do qual se insere na área urbana do Núcleo Metropolitano, o

citado rio banha a área de fazendas e granjas situada a noroeste e a nordeste dos

conjuntos habitacionais Curado III, IV e V.

Recebe, pela margem direita, os riachos Santo Antônio, Cova da Onça e Combi.

O riacho Santo Antônio nasce e deságua na extremidade norte do distrito de Curado. O

riacho Cova da Onça, o mais extenso dos três, nasce na localidade homônima, banha

a área de fazendas e granjas a leste da Mata de Manassu, corta o Conjunto

Habitacional Curado III e, depois de atravessar a BR-408, deságua no rio Tejipió, por

trás da Estação de Tratamento de Água (ETA) Castello Branco, da COMPESA. O

riacho Combi, nasce na RESEC Mata de Mussaíba, atravessa a RESEC Mata de

Jangadinha e, depois de formar o Açude Jangadinha, deságua no rio Tejipió, em

Cavaleiro.

Os principais açudes da bacia são: Mamucaia (localizado no rio Tejipió, a cerca

de 2km da nascente), Cova da Onça (no riacho Santo Antônio), Santo Amarinho (no

riacho Cova da Onça) e Jangadinha (no riacho Combi). Este último é reservatório da

COMPESA, de pequeno porte, destinado ao abastecimento dos bairros do entorno

(PQA/PE, 1997a). A esses mananciais, acresce-se a Lagoa do Araçá, localizada no

bairro da Imbiribeira (Recife), que recebe influência marinha através do estuário do rio

Tejipió ao qual está ligada por um canal. Situada em plena área urbana e originalmente

cercada de mangue, a “Lagoa do Araçá tem sido submetida a várias ações

antropogênicas, que têm provocado, ao longo dos últimos quinze anos, alterações

drásticas em sua fisionomia e composição biológica.” Melo et al., 2005, p. 47).

Embora a bacia do rio Tejipió esteja fora da Área de Proteção dos Mananciais da

RMR (FIDEM, 1987), antes de penetrar na área urbana, esse rio tem partes de seu

curso ladeadas pelas matas de Mamucaia e do Círculo Militar, o mesmo ocorrendo com

o riacho Combi que tem, praticamente, todo seu curso no interior das matas de

Mussaíba e Jangadinha. Já os demais afluentes têm suas áreas de preservação

permanente desprovidas de cobertura florestal. Todos, entretanto, ao penetrarem na

área urbana, recebem a carga de poluentes, ali, gerada.

À Bacia do Rio Tejipió, segue-se, por ordem de importância, no Núcleo

Metropolitano, a Bacia do Rio Beberibe com uma área de drenagem de 81km2, na qual

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se insere parte dos municípios de Recife (54km2), Olinda (14km2) e Camaragibe

12km2), totalizndo 98,8% da superfície da bacia na área de estudo (PQA/PE, 1997).

Com, aproximadamente, 24 km de extensão total, o Rio Beberibe é formado pela

confluência dos rios Araçá e Pacas cujas nascentes localizam-se no município de

Camaragibe (Aldeia), à retaguarda da rodovia PE-27. No alto curso, que se estende

das nascentes até a BR-101 Norte e tem cerca de 12km de extensão, o Beberibe corre

na direção geral oeste-leste encaixado nos Tabuleiros da Formação Barreiras, o que

confere a seu vale a forma de “V” aberto e explica a reduzida extensão dos afluentes

de ambas margens. No médio curso, que vai da BR-101 Norte até a Estação de

Bombeamento da COMPESA (em Caixa d’Água) e se estende por 3,5km, o Beberibe

corre ladeado por colinas da Formação Barreiras para, em seguida, penetrar na ampla

várzea que, transformada em planície de inundação, se alarga até o litoral, por todo o

curso inferior, com cerca de 8,5km (Campos, 1991; PQA/PE, 1997).

A jusante da BR-101, o Beberibe toma a direção noroeste-sudeste até receber o

Canal da Malária. Após esse ponto, desloca-se para o sul e passa a margear o istmo

de Olinda até lançar-se no oceano, na foz conjunta com o rio Capibaribe. Na maior

parte de seu curso, o Beberibe é um rio estreito, com cerca de seis metros de largura,

“alargando-se somente no seu trecho final, quando sofre influência do fluxo da

preamar.” (PQA/PE, 1997, p. 17)

Seu afluente mais importante – o Rio Morno (12,04km de extensão) – localiza-se

na margem direita, tem como principal tributário o Riacho dos Macacos e deságua no

Beberibe, no bairro homônimo, ao norte da Estrada do Caenga. Ainda pela margem

direita, o Beberibe recebe o Canal Vasco da Gama (7,3km). Pela margem esquerda, os

tributários mais extensos são o Córrego do Abacaxi ou Riacho Lava-Tripa (4,8km) e o

Canal da Malária (4,54km), o primeiro desaguando ao sul do cruzamento da Av.

Presidente Kennedy com a 2a Perimetral Metropolitana e o segundo, próximo à foz

(Campos, 1991).

No trecho superior, o Beberibe atravessa áreas de sítios e granjas e tem suas

águas utilizadas para consumo doméstico e animal, além de ter o leito utilizado para

extração de areia. Ao penetrar na área urbana, onde encontra-se a quase totalidade de

seu médio e baixo cursos, o Beberibe e seus tributários atravessam bairros populosos

e desprovidos de saneamento básico dos quais recebem elevada carga de esgotos

domésticos e industriais bem como de lixo. A erosão dos morros causada pela retirada

da cobertura vegetal e pelo adensamento populacional nas encostas juntamente com o

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aterro da calha do rio principal para ocupações irregulares tem motivado grandes

alagamentos nos períodos de chuva e de marés altas, “tornando o Beberibe uma

ameaça para as populações ribeirinhas” (Campos, 1991, p.75).

A Sub-bacia do rio Fragoso integra a Bacia do rio Paratibe e tem 25,6km2 de sua

área de drenagem no município de Olinda, sendo a quinta unidade hidrográfica, por

ordem de importância, do Núcleo Metropolitano.

O rio Fragoso (9,4km) nasce na área rural de Olinda e segue a direção geral

oeste-leste até a confluência com o riacho Mirueira (seu tributário pela margem

esquerda), após atravessar o Conjunto Habitacional Cidade Tabajara e cruzar a

rodovia PE-15. A partir desse ponto o rio Fragoso toma a direção noroeste-sudeste até

Casa Caiada onde inflete para o norte, passando a correr paralelo à praia até a

confluência com o Canal das Tintas, a poucos metros da foz. Nesse trecho, é também

denominado rio Doce.

O principal afluente é o riacho Ouro Preto (7,2km) que localiza-se em sua

margem direita e nasce na área rural de Olinda, a sudeste do Alto da Conquista. Logo

após o cruzamento da 2a Perimetral Metropolitana, já canalizado, penetra na área

urbana (bairro Jatobá) e, com o nome Canal do Matadouro, conflui com o rio Fragoso,

entre os bairros Jardim Atlântico e Casa Caiada. Pela margem direita o rio Fragoso

recebe também o Canal do rio Morto (Canal dos Bultrins). A exemplo dos demais

cursos d’água que banham o Núcleo Metropolitano, o rio Fragoso e seus tributários

estão submetidos a diversas formas de degradação, a exemplo de poluição por

esgotos domésticos e industriais, aterro das margens, assoreamento do canal fluvial,

aterro de manguezais entre outras (Foto 10).

Foto 10 – Pressão da ocupação urbana sobre o rio Doce (Fragoso), à direita e acima, próximo à sua desembocadura no rio Paratibe (Olinda/Paulista). Fonte: CPRH, 2006.

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A Bacia do rio Pirapama abrange pequeno trecho da extremidade oeste do

município de Jaboatão dos Guararapes banhado pelos tributários dos arroios

Canzanza e Sucupema, ambos formadores do rio Gurjaú que é afluente do Pirapama.

A porção da bacia inserida no município contém o Açude de Sucupema e parte das

matas da Reserva Ecológica do Sistema Gurjaú, as quais, também se encontram na

área definida como de Proteção dos Mananciais (FIDEM, 1987).

A presença de moradores (posseiros) entre as matas do entorno do reservatório

contribui para a existência de lavouras (banana, macaxeira) e de criação de animais

(caprinos, suínos, eqüinos e patos) nas proximidades desse manancial assim como

para a poluição de suas águas por dejetos humanos e animais e o assoreamento do

leito, processos esses intensificados com o adensamento da ocupação nas áreas

próximas do açude (FADURPE, 2004).

A exemplo do rio Jaboatão, o Pirapama também tem comitê de bacia. O COBH-

Pirapama – o primeiro implantado no Estado – foi instalado em 1o de junho de 1998.

Dentre as ações desse comitê figuram a implementação da Agenda 21 Local, a

mediação de conflitos do uso da água e outorga do uso da água da Barragem do

Pirapama (COBH-Pirapama, 2006).

2.4 RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS Possuindo sobre o Embasamento Cristalino um expressivo pacote de

sedimentos mesocenozóicos da Bacia Pernambuco-Paraíba (em Olinda e nas porções

centro e norte do Recife) e da Bacia do Cabo (na zona sul do Recife e em Jaboatão

dos Guararapes), o Núcleo Metropolitano conta com importantes aqüíferos intersticiais1

compostos de sedimentos arenosos e areno-argilosos.

No Núcleo Metropolitano, os aqüíferos intersticiais da Bacia Pernambuco-

Paraíba estão constituídos pela Formação Beberibe e pelo Grupo Barreiras bem como

pelas Coberturas Quaternárias sobrepostas (Aqüífero Boa Viagem), ao passo que os

aqüíferos intersticiais da Bacia do Cabo estão constituídos pelas Formações Cabo e

1 Aqüífero intersticial é o meio sedimentar dotado de permeabilidade, capaz de liberar água naturalmente ou por captação artificial. Quando submetido apenas à pressão atmosférica é denominado aqüífero livre; quando submetido a pressão superior a uma atmosfera exercida por camadas impermeáveis, denomina-se aqüífero confinado (CPRH, 2007).

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Algodoais e pelas Coberturas Quaternárias sobrejacentes (Serviço Geológico do Brasil,

2003).

a) Aqüífero Beberibe

O Beberibe é o principal aqüífero intersticial não só do Núcleo Metropolitano mas

de toda a RMR, utilizado no abastecimento hídrico da população e das empresas

explotadoras de água mineral dessas áreas. Datado do Cretáceo Superior, esse

aqüífero é composto de arenitos grosseiros a conglomeráticos, localmente finos.

Apresenta “espessura média de 180m, podendo atingir mais de 320m na faixa costeira

dos municípios de Olinda e Paulista.” (Serviço Geológico do Brasil, 2003, p. 63).

Dada sua área de ocorrência, o aqüífero Beberibe apresenta-se ora como

freático ou livre, ocorrendo em pequenas faixas, nos municípios de Olinda e Recife, ora

semi-confinado a confinado pelos calcários das Formações Gramame e Maria Farinha,

com ocorrência na faixa litorânea de Olinda e norte do Recife, ora semi-confinado

pelos sedimentos areno-argilosos do Grupo Barreiras, ocorrendo ao norte do Recife e

Olinda em faixa paralela à dos calcários ora, ainda, semi-confinado por areias, siltes e

argilas das Coberturas Quaternárias que compõem o Aqüífero Boa Viagem, na planície

do Recife (idem, p.64-65).

A vulnerabilidade do aqüífero Beberibe cresce na medida em que sua ocorrência

passa de confinada a semi-confinada e desta à condição de aqüífero livre ou freático.

Quando confinado pelas Formações Gramame e Maria Farinha, os riscos de

contaminação ocorrem onde a sobreexplotação do aqüífero venha a motivar o avanço

da cunha salina. Nas demais condições, a vulnerabilidade varia de moderada, sob os

sedimentos do Grupo Barreiras, a alta, sob as Coberturas Quaternárias e, muito alta,

onde o Beberibe apresenta-se como aqüífero freático ou livre e, portanto, exposto à

carga contaminante proveniente de indústrias, lixões, postos de combustíveis,

cemitérios e núcleos urbanos desprovidos de esgotamento sanitário (idem).

b) Aqüífero Barreiras

De idade Plio-pleistocênica, o aqüífero Barreiras é constituído de sedimentos

areno-argilosos (cascalhos, areias, silte e argilas). Tem sua ocorrência concentrada na

porção norte do Núcleo Metropolitano, repousando sobre rochas do Embasamento

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Cristalino e sobre depósitos da Bacia Sedimentar Pernambuco-Paraíba. Na Bacia do

Cabo, constitui pequenas ocorrências sendo as mais expressivas localizadas nos

bairros de Ibura e Jordão, onde é explotado pela população local e para venda de água

em carro-pipa (Serviço Geológico do Brasil, 2003, p. 75-76).

O Barreiras é um aqüífero de vulnerabilidade moderada, podendo apresentar

vulnerabilidade alta onde o material é mais permeável e o nível da água se encontra

mais próximo da superfície do terreno. Embora seja pouco explotado, o aqüífero

Barreiras torna-se importante por constituir fonte de recarga do Aqüífero Beberibe que

lhe está sotoposto, razão pela qual a instalação de qualquer fonte produtora de carga

contaminante deve ser precedida de estudo hidrológico do local da mesma.

c) Aqüífero Boa Viagem Esse aqüífero engloba os sedimentos recentes portadores de água da planície

do Recife: os Terraços Marinhos Holocênicos e Pleistocênicos, os depósitos fluviais

(aluviões) e os sedimentos lagunares e de mangues, estes últimos, não considerados,

por não constituírem aqüífero. O aqüífero Boa Viagem

ocupa quase toda a planície do Recife, ora sobre o aqüífero Beberibe ora sobre

o aqüífero Cabo e na margem oeste sobre o Embasamento Cristalino, constituindo o aqüífero mais explotado da área. Suas espessuras médias oscilam em torno de 50m nos bairros do Curado, Cidade Universitária, Várzea, Engenho do Meio, Caxangá e Dois Irmãos, atingindo 80m na região de Boa Viagem (Serviço Geológico do Brasil, 2003, p. 68).

Ocorre ao longo do leito dos rios, acompanhando a linha de costa tanto na

planície do Recife como na vasta planície do rio Jaboatão (idem, p. 72).

Os sedimentos que compõem esse aqüífero apresentam-se em camadas

alternadas arenosas e argilosas, proporcionando ao mesmo níveis de semi-

confinamento. As camadas argilosas situadas próximo a sua base isolam-no das

camadas sotopostas dos aqüíferos Beberibe e Cabo.

Dotado de média a alta permeabilidade e nível freático inferior a 10m de

profundidade, o aqüífero Boa Viagem apresenta vulnerabilidade natural média alta e

risco de contaminação elevado, contendo águas já contaminadas, na maior parte de

sua área de ocorrência. “Tem recarga direta pelas águas de chuva, rios, esgotos e

perdas na rede de abastecimento público com taxa de infiltração avaliada em 11%.”

(idem, p.69).

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31

d) Aqüífero Cabo Datado do Cretáceo Inferior, o aqüífero Cabo ocorre na porção sul da planície do

Recife. “É composto de conglomerados polimíticos com matriz arcosiana, arcósios2,

siltitos e arenitos de baixa permeabilidade.” (Serviço Geológico do Brasil, 2003, p. 73).

De acordo com o citado estudo, o aqüífero Cabo apresenta espessura variável de

algumas dezenas de metros a 2.900m, dos quais apenas 200m contêm água em

condições de uso doméstico e industrial.

Próximo da orla marítima apresenta-se confinado a semi-confinado pelos

sedimentos recentes do aqüífero Boa Viagem. Onde esses sedimentos são

predominantemente argilosos, o aqüífero Cabo apresenta vulnerabilidade baixa. A

sobreexplotação desse aqüífero para atender à demanda de condomínios residenciais

dos bairros de Pina, Boa Viagem e Piedade vem causando a contaminação do mesmo

por águas salinizadas oriundas das camadas superiores e/ou inferiores ou pode

também resultar de poços mal construídos e abandonados (Costa et al., 1998 apud

Serviço Geológico do Brasil, 2003).

A recarga do aqüífero Cabo se faz preferencialmente através do aqüífero Boa Viagem e este por infiltração direta das águas pluviais, fluviais, perdas nas tubulações dos sistemas de abastecimento público e dos esgotos. As áreas de afloramento do aqüífero Cabo por serem de pequena extensão e em número reduzido, constituídas de material predominantemente argiloso, não têm importância na recarga do aqüífero (Serviço Geológico do Brasil, 2003, p. 73).

e) Aqüífero Algodoais O aqüífero Algodoais, de idade Cretácea, integra a Bacia Sedimentar do Cabo.

É constituído de conglomerados desorganizados de matriz arcoseana grosseira, com seixos de vulcânicas, arenitos conglomeráticos maciços e arcósicos médios a grosseiros, na base, e arenitos conglomeráticos esbranquiçados, essencialmente quartzosos, com raros fragmentos de rochas vulcânicas na parte superior.” (Serviço Geológico do Brasil, 2003, p. 78).

Com espessura média de 80m, esse aqüífero apresenta-se, no Núcleo

Metropolitano, confinado pelos sedimentos recentes do aqüífero Boa Viagem, formando

2 Arcósio é a rocha formada por arena ou saibro cimentado. A arena é constituída de material resultante

da decomposição in situ do granito ou do gnaisse com retirada dos silicatos aluminosos hidratados que são levados pelas águas do lençol de escoamento superficial. O cimento do arcósio pode ser caulínico, argiloso, silicoso, ferruginoso etc. O arcósio é também chamado granito recomposto (Guerra & Guerra, 2001, p. 52 e 555-556).

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duas pequenas ocorrências na margem direita do rio Jaboatão, a oeste da Lagoa do

Náutico. Apresenta vulnerabilidade natural moderada, podendo chegar a alta onde a

permeabilidade é elevada e o nível da água encontra-se a pequena profundidade

(idem).

2.5 COBERTURA VEGETAL A cobertura vegetal dos municípios que formam o Núcleo Metropolitano do

Litoral de Pernambuco, em sua forma original, foi a Mata Atlântica e seus ecossistemas

associados: manguezal e restinga.

Atualmente essas formações vegetais encontram-se bastante fragmentadas, em

decorrência do processo contínuo de exploração da área, ora pelo avanço da fronteira

agropecuária ora pela expansão urbana, que constitui um uso predominante,

sobretudo, nos municípios da porção oriental da área.

Dentre os ecossistemas associados à Mata Atlântica, o manguezal é o que tem

representação mais expressiva na área do Núcleo Metropolitano do Litoral

Pernambucano. Situa-se em faixas marginais dos rios e ocupa terrenos baixos de

composição síltico-argilosa, ricos em matéria orgânica e submetidos ao fluxo e refluxo

das marés. Compõe-se floristicamente pelas espécies mangue vermelho (Rhizophora

mangle), mangue branco (Laguncularia racemosa), mangue siriúba (Avicenia) e

mangue de botão (Conocarpus) (FIDEM, 1987). Nos municípios do Núcleo

Metropolitano a espécie predominante, nesse ecossistema, é o mangue branco

(Laguncularia racemosa).

Nos dias atuais, esse ecossistema encontra-se na porção sul do município de

Olinda, ao longo do baixo rio Beberibe e canal da Malária, na porção oriental da cidade

do Recife, no trecho final dos rios Jordão e Tejipió e na porção sul do município do

Jaboatão dos Guararapes, ao longo do rio Jaboatão no trecho em que esse curso

d’água contorna os núcleos urbanos de Pontezinha e Ponte dos Carvalhos (Cabo de

Santo Agostinho).

Embora a Área Estuarina do Rio Beberibe, do Rio Capibaribe e dos Rios

Jaboatão e Pirarapama estejam citadas na Lei Estadual nº 9.931, de 11 de dezembro

de 1986 (FIDEM, 1987), apenas a última teve delimitada sua Área de Proteção

Ambiental na referida lei, tendo ficado as demais com delimitação e uso condicionados

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a planos específicos de proteção, dada sua inserção na malha urbana. Contudo,

independente da elaboração desses planos, as áreas de manguezal são consideradas

de preservação permanente desde a promulgação do Código Florestal (Lei Federal

4.771, de 15 de setembro de 1965).

Em Recife, ocorrem cerca de 3,5km² de área de manguezal, estando mais da

metade dessa vegetação concentrada no Parque dos Manguezais, localizado no Pina.

Em Olinda e Jaboatão dos Guararapes ocorrem, respectivamente, cerca de 0,5km² e

5,7km² de vegetação de mangue (ENGESAT, 2005). No entanto, essas ocorrências

têm sido bastante pressionadas pela expansão urbana, sobretudo das ocupações ditas

irregulares (Foto 11), além dessas áreas estuarinas encontrarem-se fortemente

degradadas por poluição industrial e urbana, por aterros e por lançamento de lixo

(Bryon, 1994).

Foto 11 – Pressão da expansão urbana sobre o mangue do rio Pina (Ilha do Destino, Boa Viagem, Recife). Fonte: CPRH, 2006.

Nas áreas com baixas declividades, alagadas ou passíveis de alagamento,

situadas a montante dos manguezais ou em áreas contíguas aos corpos de água que

cortam a planície costeira, ocorre uma vegetação, ora de porte herbáceo ora de porte

arbustivo, com espécies adaptadas aos ambientes úmidos ou higrófilos, a exemplo do

que ocorre no município do Jaboatão dos Guararapes, ao norte de Pontezinha (Cabo

de Santo Agostinho) (Foto 12).

Em terrenos arenosos, paralelos à costa encontra-se a restinga – vegetação de

composição florística em que figuram o cajueiro (Anacardium occidentale), o angelim

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(Andira nítida), o louro (Nectandra sp), a mangabeira (Hancornia speciosa), o oiti-de-

praia (Moquilea tomentosa) (Andrade e Lins, 1984).

No Núcleo Metropolitano, essa vegetação encontra-se quase que inteiramente

substituída pela ocupação urbana, estando reduzida a alguns fragmentos localizados

em Jaboatão dos Guararapes, ao norte de Pontezinha e ao sul de Barra de Jangada.

Esses últimos apresentam sinais visíveis de degradação, motivada pela retirada de

árvores e introdução de coqueiros em seus domínios (Foto 13). Cabe ressaltar a

ocorrência, nesse ambiente, da Lagoa do Náutico (antiga Lagoa Olho D’água), local de

pouso, alimentação e reprodução de aves e outros animais (Galindo, 2002).

Foto 12 – Vegetação de porte herbáceo e arbustivo em áreas alagadas e alagáveis, do baixo curso do rio Jaboatão (Jaboatão dos Guarara-pes), ao norte de Pontezinha.

Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006)

Foto 13 – Vegetação de restinga degra-dada, intercalada com coqueiro, em Barra de Jangada (Jaboatão dos Guararapes).

Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006).

A Mata Atlântica caracteriza-se em geral por apresentar uma formação vegetal

densa e exuberante, com composição florística constituída por espécies perenifólias, a

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exemplo de amarelo (Plathymenia foliolosa), louros (Ocotea sp), ingá (Inga sp),

visgueiro (Parkia pendula), sucupira (Bowdichia virgilioides), cumaru (Coumarouna

odorata), amescla (Protium heptaphyllum), murici (Byrsonima sericeai), maçaranduba

(Manilkara salzmanni), dendê (Elaeis guineensis), mamajuda (Sloanea obtusifolia),

munguba (Bombax gracilipes), mutamba (Guazuma ulmifolia), embiriba (Eschweilera

ovata), sambaquim (Didymopanax morototoni), pau d’arco roxo (Tabebuia

avellanedae), embaúbas (Cecropia sp), paquevira (Heliconia sp) (Andrade Lima, 1960;

FIDEM, 1987).

No Núcleo Metropolitano, os fragmentos mais expressivos da Mata Atlântica

ocorrem, de forma concentrada, na porção oeste de Recife, sudeste de São Lourenço

da Mata e norte de Jaboatão dos Guararapes bem como dispersos na porção oeste da

área de estudo, estando assentados, predominantemente, sobre terrenos da Formação

Barreiras e do Embasamento Cristalino. A quase totalidade desses fragmentos constitui

Reservas Ecológicas da Região Metropolitana do Recife (Quadro 01), criadas pela Lei

Estadual nº 9.989, de 13 de janeiro de 1987 (FIDEM, 1987).

Das 22 Reservas Ecológicas (RESEC’s) listadas no quadro 01, 15 (68,2%)

ocupam áreas enquadradas na categoria M1 pela Lei Estadual nº 9.860, de 12 de

agosto de 1986, que define as Áreas de Proteção de Mananciais da Região

Metropolitana do Recife. As áreas incluídas nessa categoria são as que apresentam

maior restrição de uso na referida lei que, ao defini-las, objetiva assegurar a

manutenção das condições naturais dos mananciais, bem como uma maior proteção

dos mesmos contra a poluição.

Das RESEC’s acima mencionadas, apenas a Mata de Dois Irmãos, em Recife,

foi implantada em 1997 e sofreu mudança de categoria, sendo transformada em

Parque Estadual pela Lei Estadual nº 11.622/98.

A RESEC Mata do Passarinho, em Olinda, embora não tenha sofrido mudança

de categoria, no sentido de atender à classificação definida pela Lei Federal nº

9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

(SNUC), teve, em 1998, 11ha de sua área total desapropriados pela Prefeitura de

Olinda, através do Decreto Municipal nº 396, de 12 de maio de 1998 (Olinda, 1998),

encontrando-se a referida RESEC, atualmente cercada e sob a administração da

Diretoria de Meio Ambiente do município. No interior da RESEC foi construída uma

sede para a realização das atividades administrativas e das ações de Educação

Ambiental (Albertim, 2006).

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QUADRO 01

RESERVAS ECOLÓGICAS LOCALIZADAS NO NÚCLEO METROPOLITANO DO LITORAL DE PERNAMBUCO

MATAS

MUNICÍPIO

ÁREA DA MATA NO

MUNICÍPIO (ha)

% DA ÁREA DO

MUNICÍPIO

BACIA HIDROGRÁFICA

Passarinho Olinda 13,36 0,31 Beberibe

Dois Unidos Recife 34,72 0,16 Beberibe

Dois Irmãos* Recife 338,67 1,59 Beberibe

Curado Recife 102,96 0,48 Tejipió

Jardim Botânico Recife 10,72 0,05 Tejipió

São João da Várzea Recife 64,52 0,30 Capibaribe

Engenho Uchôa Recife 20,00 0,09 Tejipió

Quizanga São Lourenço da Mata

228,96 0,81 Capibaribe

Tapacurá* São Lourenço da Mata

100,92 0,36 Capibaribe

Engenho Tapacurá* São Lourenço da Mata

316,32 1,12 Capibaribe

Toró* São Lourenço da Mata

80,70 0,29 Capibaribe

Camucim* São Lourenço da Mata

40,24 0,14 Capibaribe

Outeiro do Pedro* São Lourenço da Mata

51,24 0,18 Capibaribe

Jangadinha* Jaboatão dos Guararapes

84,68 0,34 Tejipió

Mussaíba* Jaboatão dos Guararapes

272,20 1,10 Jaboatão

Manassu* Jaboatão dos Guararapes

264,24 1,07 Jaboatão

Engenho Salgadinho* Jaboatão dos Guararapes

257,00 0,58 Jaboatão

Engenho Moreninho* Moreno 66,48 0,32 Jaboatão

Caraúna* Moreno 169,32 0,81 Pirapama

Moreno 175,10 0,84

Sistema Gurjaú* Jaboatão dos Guararapes

157,44 0,64

Pirapama

Serra do Cumaru* Moreno 350,80 1,68 Pirapama

Serra do Cotovelo* Moreno 432,10 2,07 Pirapama

FONTE: FIDEM, 1987. (*) Reservas localizadas em áreas enquadradas na categoria M1 definida pela Lei Estadual no 9.860/86 (Lei de Proteção de Mananciais da Região Metropolitana do Recife).

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A RESEC Matas do Sistema Gurjaú (Foto 14) encontra-se em vias de

implantação como unidade de conservação. Tal iniciativa deve-se ao Termo de

Compromisso firmado entre o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER),

a Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH) e o Instituto

Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), como medida

compensatória da obra de duplicação da BR-232. Nesse Termo foram previstos

estudos relacionados à flora e à fauna, com o objetivo de subsidiarem a mudança de

sua categorização, uma vez que a Lei Federal nº 9.985/2000, que instituiu o SNUC,

não prevê, entre as categorias de Unidade de Conservação definidas, as Reservas

Ecológicas (CPRH, 2006).

Foto 14 – Matas do Sistema Gurjaú (trecho localizado no município do Jaboatão dos Guararapes).

Foto de Jeane Espindula (Fev. 2006).

Em 2001, foi realizada, pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

do Estado de Pernambuco (SECTMA), uma avaliação da situação das Reservas

Ecológicas Estaduais e definido, em Relatório Técnico, o grau de risco a que estão

submetidas essas Unidades de Conservação, para o qual foram estabelecidos quatro

níveis: normal, mediano, alto e extremo.

Com base nessa escala de risco, a RESEC Matas do Sistema Gurjaú e o Parque

Estadual de Dois Irmãos foram classificados como de risco normal; as RESEC’s Mata

de Jangadinha, Mata de Mussaíba, Mata de Caraúna, Mata de Camucim, Mata de

Tapacurá, Mata do Engenho Tapacurá e Mata do Curado como de risco mediano; a

RESEC Mata do Jardim Botânico, de risco alto; e as demais, de risco extremo

(SECTMA, 2001). Observação de imagens de satélite (ENGESAT, 2001 e 2005),

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evidencia que as RESEC’s Mata do Engenho Salgadinho, Mata Serra Cumaru e Mata

Serra do Cotovelo encontram-se parcialmente substituídas por cana-de-açúcar e/ou

policultura, o que vem a ratificar a classificação de risco extremo para essas RESEC’s.

Além das matas definidas legalmente como Reservas Ecológicas, encontra-se

na área de estudo a mata da Buchada, que juntamente com as RESEC’s Mata do

Camucim e Mata do Toró, formam a Estação Ecológica do Tapacurá, criada pela

Universidade Federal Rural de Pernambuco, através da Portaria UFRPE no 051/75,

totalizando uma área de 589,42ha (SECTMA, 2006). As duas primeiras localizam-se na

margem esquerda da Barragem do Tapacurá e a terceira (RESEC Mata do Toró), na

margem direita desse reservatório. A estas juntam-se as matas localizadas ao sul do

rio Carnijó que se estendem por terras dos municípios de Moreno e Jaboatão dos

Guararapes, nas quais inclui-se a Reserva Particular do Patrimômio Natural (RPPN) da

Fazenda Santa Beatriz do Carnijó (25,5ha), reserva federal criada pela Portaria IBAMA

no 024/01, de 01 de março de 2001.

Embora ocorram, no Núcleo Metropolitano, alguns fragmentos da Mata Atlântica

mais extensos e relativamente mais conservados, todos têm sofrido pressão por algum

tipo de uso e ocupação do solo existente no entorno. De acordo com o tipo de pressão

a que estão submetidas, as matas estão assim distribuídas: a) matas pressionadas

pela expansão urbana – a mata do 4º Batalhão de Comunicações do Exército (4º

BCOM), as RESEC’s matas de Dois Unidos, Engenho Uchôa, Curado, Jardim

Botânico, São João da Várzea e Parque Estadual de Dois Irmãos, em Recife, a RESEC

Mata do Passarinho e a mata do 7º Regimento de Olinda (7º RO), em Olinda, as

RESEC’s matas de Jangadinha (Foto 15) e Mussaiba, a mata do 14º Batalhão de

Infantaria Motorizada (14o BIM) e a mata que abriga o açude Pessoa de Queiroz, em

Jaboatão dos Guararapes e a mata do Privê Vermont, em Camaragibe; b) matas

pressionadas pela expansão da fronteira agropecuária - as RESEC’s matas de

Caraúna, Serra Cumaru, Serra do Cotovelo, em Moreno, de Quizanga, do Tapacurá, do

Engenho Tapacurá, do Outeiro do Pedro, do Toró e a mata de Mamucaia, todas em

São Lourenço da Mata, as RESEC’s matas de Salgadinho e do Sistema Gurjaú, em

Jaboatão dos Guararapes; c) matas pressionadas pela expansão tanto do uso urbano

como do uso agropecuário - a mata do Círculo Militar, entre os municípios de Recife,

São Lourenço da Mata e Jaboatão dos Guararapes, a RESEC Mata de Manassu, em

Jaboatão dos Guararapes e a RESEC Mata do Engenho Moreninho, em Moreno.

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Foto 15 – Mata de Jangadinha pressio-nada pela ocupação urbana irregular (Jaboatão dos Guara-rapes). Foto de Felipe Galvão (Fev. 2006).

Pela extensão que, ainda, apresentam, alguns desses fragmentos têm potencial

para constituírem área de refúgio de fauna, além de contribuírem para conservação do

relevo e do solo e para a manutenção dos recursos hídricos superficiais. Estudos

realizados pela Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional

(FADURPE) nos fragmentos de mata que formam o Sistema Gurjaú indicam que,

quando comparados a outros fragmentos de Mata Atlântica, os mesmos estão entre os

mais conservados do Estado de Pernambuco, no tocante à diversidade biológica. O

levantamento florístico realizado nesses fragmentos indicou alta ocorrência de espécies

raras de árvores, a exemplo do prejuí (Micropholis gardneriana), de espécies

arbustivas, provavelmente, ainda não conhecidas e de ervas ornamentais de grande

porte (FADURPE, 2004).

De acordo com a Lei Federal no 4.771/65 (Código Florestal), alterada pela

Medida Provisória no 2.166-67/2001 e pela Lei no 11.284/2006, e com as Resoluções

CONAMA no 302/2002 e no 303/2002, áreas cobertas ou não por vegetação nativa com

a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a

biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar

das populações humanas são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP),

assim como 20% da propriedade rural situada em áreas de floresta ou outras formas de

vegetação nativa, devem ser consideradas Áreas de Reserva Legal (ARL).

A citada legislação define como Áreas de Preservação Permanente: as margens

dos cursos de água a serem protegidos, numa extensão de 30 a 500 metros para cada

margem, dependendo da largura dos mesmos; o entorno de lagos, lagoas e

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reservatórios naturais e artificiais, numa largura de 30 metros, se os mananciais

estiverem em área urbana e de 100 metros, se estiverem em área rural; as nascentes

num raio mínimo de 50 metros de largura; o topo de morros, montes, montanhas e

serras; as encostas ou partes destas, com declividade superior à 45° ou 100% na linha

de maior declive; as escarpas e as bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha

de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a cem metros; as restingas; os mangues;

as dunas; as altitudes superiores a mil e oitocentos metros; os locais de refúgio ou

reprodução de aves migratórias; os locais de refúgio ou reprodução de exemplares da

fauna ameaçada de extinção; as praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna

silvestre.

No Núcleo Metropolitano do Litoral de Pernambuco, muitas dessas áreas, que

deveriam estar preservadas, encontram-se ocupadas com agricultura, com extração

mineral e, sobretudo, com assentamentos urbanos.

A Prefeitura da Cidade do Recife, em particular, tem envidado esforços para

regulamentar unidades de conservação, com o objetivo de proteger os recursos

naturais e facilitar o controle ambiental, por parte do Poder Público municipal. Dentre

estas, foram regulamentadas, em 2006, o Parque das Capivaras, a Mata da Várzea e o

Campo do Jiquiá (Jornal do Commercio, 2006), bem como criada, através do Decreto

Municipal nº 17.548, de 20 de dezembro de 1996, a Área de Preservação Ambiental do

Engenho Uchôa, com 192,00ha (SECTMA, 2006).

2.6.QUALIDADE DO AR

A análise da qualidade do ar no Núcleo Metropolitano tomou como base os

dados contidos no Relatório da Qualidade do Ar na Região Metropolitana do Recife

para o ano de 1998, elaborado no âmbito do Projeto Controle Ambiental no Estado de

Pernambuco, desenvolvido, a partir de 1995, através de Cooperação Técnica entre os

governos do Brasil e da Alemanha com a participação da Companhia Pernambucana

do Meio Ambiente (CPRH) e da Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ)

respectivamente.

O levantamento de dados relativos à qualidade do ar na Região Metropolitana

do Recife teve início em 1989, com a implantação, em 1991, pela CPRH, das duas

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primeiras estações fixas da Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar na RMR, para

medição de poeira em suspensão.

Em 1995, já na vigência do Projeto de Cooperação Técnica Brasil-Alemanha, foi

reavaliada a rede de monitoramento já implantada “e, a partir de então, definida a

instalação de uma rede seletiva, priorizando as áreas de trânsito, industrial e

habitacional para o monitoramento.” (CPRH/GTZ, 1999, p. 13), a qual entrou em pleno

funcionamento a partir de janeiro de 1996 (idem, p. 12).

Vale ressaltar que, embora após 1998 a CPRH continuasse efetuando medições

nas estações de monitoramento da RMR, os dados levantados a partir de 1999 não

estão sistematizados nem foram publicados, o que impossibilitou a utilização dos

mesmos neste diagnóstico.

Os dados utilizados para avaliação da qualidade do ar no Núcleo Metropolitano

são, portanto, relativos ao ano de 1998 e às estações Santo Antônio, Encruzilhada,

Curado, Boa Vista, IPSEP, Bongi, Jaboatão-Metrô (Estação Metrorec) e Jaboatão-Chesf. São dados referentes a Partículas Totais em Suspensão (Material Particulado).

Incluem partículas sólidas e líquidas encontradas no ar e procedentes de fontes

originárias ou móveis. Variam de tamanho e composição (química e física), podendo

ser diretamente emitidas ou formadas na atmosfera pela reação de gases poluentes

(SO2 e NO2) que constituem partículas finas .

O material particulado causa sérios danos à saúde, afetando a respiração e o

sistema respiratório especialmente de crianças e idosos bem como de pessoas com

doenças crônicas do pulmão, gripe e asma (CPRH/GTZ, 1999). Além de doenças

respiratórias (asma, bronquite e enfisema pulmonar), o material particulado provoca

desconforto físico (irritação dos olhos, nariz e garganta, dor de cabeça, sensação de

cansaço, tosse) e deterioração de materiais (borracha, couro, metais, tecidos etc.)

(Áreas de Alta Poluição Atmosférica Urbana, 2006).

As médias geométrica, máxima e mínima de Partículas Totais em Suspensão

(PTS) das oito estações de monitoramento do Núcleo Metropolitano do Recife, obtidas

no ano de 1998 (Quadro 02), revelam que as maiores médias geométricas anuais

referem-se às estações Jaboatão-Metrô (114,89:g/m3), Santo Antônio (84,51:g/m3) e

Boa Vista (75,81:g/m3), a primeira localizada em área industrial e as duas últimas, em

área de tráfego intenso de veículos automotores (CPRH/GTZ, 1999). As maiores

máximas foram registradas nas estações Encruzilhada (318,29:g/m3), Jaboatão-Metrô

(269,87:g/m3), Santo Antônio (121,96:g/m3) e Jaboatão-Chesf (117,42:g/m3), ao passo

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que as estações Jaboatão-Chesf e Curado apresentaram o menor valor de

concentração mínima. De acordo com o Relatório CPRH/GTZ (1999, p. 41), o registro

da maior máxima do período para a estação Encruzilhada “pode ser proveniente de

churrasqueiras localizadas em bares e barracas e queima de lixo próximas ao local.”.

QUADRO 02

PARTÍCULAS TOTAIS EM SUSPENSÃO (PTS) NAS ESTAÇÕES DE COLETA

LOCALIZADAS NO NÚCLEO METROPOLITANO – 1998

MÉDIAS (:g/m3)

ESTAÇÃO

MGA1

MAX2

MIN3

SANTO ANTÔNIO

84,51

121,96

46,75

ENCRUZILHADA

39,07

318,29

19,02

CURADO

31,95

49,38

16,99

BOA VISTA

75,81

111,85

39,29

IPSEP

46,42

77,09

19,92

BONGI

34,58

57,55

18,44

JABOATÃO-METRÔ

114,89

269,87

38,89

JABOATÃO-CHESF

39,22

117,42

10,91 FONTE: CPRH/GTZ. Qualidade do Ar na Região Metropolitana do Recife – 1998 (Tabela 4, p.40).

(1) Média Geométrica Anual (2) Concentração Máxima (3) Concentração Mínima

A análise do quadro 03 relativo à variação mensal das Partículas Totais em

Suspensão (PTS) em seis estações localizadas no Núcleo Metropolitano mostra que as

mais altas médias mensais, no período considerado, ocorreram nos meses de maio e

outubro nas estações Santo Antônio (105,12 e 104,20:g/m3) e Boa Vista (106,10 e

108,60:g/m3) respectivamente. Já as médias mais baixas ocorreram na estação Bongi,

nos meses de março, abril, julho e agosto.

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43

QUADRO 03

VARIAÇÃO MENSAL DAS MÉDIAS DE CONCENTRAÇÃO PARA PARTÍCULAS TOTAIS EM SUSPENSÃO (PTS) EM SEIS ESTAÇÕES DE COLETA LOCALIZADAS NO NÚCLEO

METROPOLITANO – 1998

ESTAÇÃO (MÉDIAS EM :g/m3)

MÊS Santo Antônio

Encruzilhada

Curado

Boa Vista

Ipsep

Bongi

JANEIRO

66,31

34,20

32,72

51,26

37,61

32,23

FEVEREIRO

97,02

54,67

36,74

74,28

51,29

44,31

MARÇO

80,09

37,77

30,25

54,00

42,11

29,34

ABRIL

54,34

39,32

31,32

70,61

35,59

26,67

MAIO

105,12

54,22

-

106,10

58,93

38,85

JUNHO

-

-

-

-

-

-

JULHO

75,50

33,01

30,40

81,20

31,11

26,26

AGOSTO

80,14

33,42

35,47

82,09

42,42

29,87

SETEMBRO

98,67

36,30

-

93,28

54,56

39,21

OUTUBRO

104,20

55,39

-

108,60

58,87

40,68

NOVEMBRO

96,38

37,61

-

94,00

63,02

43,10

DEZEMBRO

89,07

34,38

-

70,68

51,77

37,60 FONTE: CPRH/GTZ. Qualidade do Ar na Região Metropolitana do Recife – 1998 (Tabela 6, p. 43).

Dados relativos à media aritmética anual e à concentração máxima do poluente

Dióxido de Enxofre (SO2), indicam as estações Santo Antônio e Boa Vista (estações de

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44

trânsito) como as de valores mais altos tanto no tocante às médias aritméticas anuais

(120,6 e 86,22:g/m3, respectivamente) como no que se refere aos valores de

concentração máxima (291,81 e 153,44:g/m3, respectivamente), seguidas pela estação

Jaboatão-Metrô com 29,67:g/m3 de média aritmética anual e 90,63:g/m3 de

concentração máxima de SO2. Enquanto isso, a estação Ipsep apresenta a

concentração mínima mais baixa no período (CPRH/GTZ, 1999, tabela 7, p.46).

Dados relativos à variação mensal das médias de concentração de SO2, no ano

de 1998, indicaram a estação Santo Antônio com as médias mais altas entre as

demais, sendo dezembro (214,40:g/m3) e setembro (209,66:g/m3) os meses com média

mais alta registrada. A esta seguiram-se as estação Boa Vista com as médias altas nos

meses de novembro (134,99:g/m3) e dezembro (134,48:g/m3) e a estação Jaboatão-

Metrô que apresentou médias mais significativas no período de agosto a dezembro,

possivelmente, motivadas pelo funcionamento das usinas de açúcar e álcool

localizadas próximo ao local de coleta (Idem; tabela 9, p.48).

Os dados ora apresentados, ao indicarem a poluição atmosférica em municípios

do Núcleo Metropolitano, mostram, por um lado, a necessidade de adoção de medidas

capazes de reduzirem a geração de poluentes e, por outro, a premência em ampliar as

áreas verdes no interior do perímetro urbano desses municípios, tendo em vista o papel

das mesmas no combate a esse tipo de poluição.