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RELATO DE EXPERINCIA SOBRE O PROJETO LAR DE VENERANDA CONTRIBUINDO PARA A FORMAO DO ENFERMEIRO

Andr Almeida de Moura* Deborah Cristina Silva*

Eliana Faria de Angelice Biffi**

RESUMO: Este relato de experincia busca apresentar as vivncias da prtica de educao em sade no Lar de Veneranda. A instituio um local destinado a prestar ajuda s gestantes carentes, e os alunos de enfermagem contribuem com sua parcela por meio de palestras, levando informaes a este grupo distinto. A forma como so realizados os encontros permite a descontrao e que o conhecimento seja passado. Alm disso, este processo de ensino-aprendizagem contribui para a formao das grvidas bem como dos

acadmicos. O projeto socializa-nos com a comunidade e permite descobrir a realidade vivida por essas mulheres e, dessa forma, que a atuao da enfermagem seja efetiva.

PALAVRAS-CHAVE: Educao em sade. Gestantes. Formao acadmica.

* Acadmicos do Curso de Graduao em Enfermagem Faculdade de Medicina (FAMED/UFU).

** Professora Adjunta do Curso de Graduao em Enfermagem Faculdade de Medicina

(FAMED/UFU).

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Histrico

A gestao um momento mpar na vida da mulher e deve ser respeitado,

independentemente, da sua condio social, faixa etria ou estado civil. Mulheres que

apresentam dificuldades financeiras tero mais obstculos para ter uma gestao segura e

tranqila. A fim de atender as gestantes carentes do municpio de Uberlndia, foi fundado,

em 1979, o Lar de Veneranda junto ao grupo esprita Bezerra de Menezes. Esse local

oferece suporte material s grvidas e suas famlias, para tanto mantm cursos

ocupacionais gratuitos (bijuterias, puericultura, culinria bsica, etc.), alm de oferecer

apoio emocional.

Desde fevereiro de 2001, o Curso de Graduao em Enfermagem da Universidade

Federal de Uberlndia conseguiu um espao semanal para desenvolver aes de educao

em sade com o grupo de mulheres matriculadas na instituio.

O Projeto

O perodo gravdico puerperal apresenta especificidade que demanda, entre outras

aes, um trabalho voltado educao em sade. A mulher necessita de um espao no qual

possa colocar e discutir suas dvidas, seus medos e compartilhar esta experincia de vida

em grupo.

Sartori e Sand (2004) destacam que os grupos de gestantes promovem um espao

teraputico para seus participantes, porque permitem gestante interagir em grupo e a

elaborar seus sentimentos em relao ao momento vivido. Alm disso, importante

ressaltar a comunicao, seja ela verbal ou no, porque muitas vezes as expresses

demonstram a sensibilidade da mulher diante do grupo e de si mesma.

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Delfino et al. (2004) explicam que as aes de sade no propiciam um

acolhimento s angstias, s queixas e aos temores associados culturalmente gestao,

em conseqncia, a gestao feita pelos profissionais da rea de modo intervencionista,

fazendo com que a assistncia e as atividades educativas sejam fragmentadas, sem que a

realidade da mulher gestante seja tratada na sua individualidade e integralidade. Diante

dessa fragmentao, as autoras apontam como medida as aes educativas em sade

mediante as atividades grupais com indivduos em semelhante momento da vida, no caso a

gestao, porque construdo de um mtodo privilegiado de investigao-interveno. Os

integrantes dessas atividades, mediados por um coordenador, constrem o contedo a

partir dos depoimentos dos participantes sobre as vivncias das palestras e dos significados

dos sujeitos.

A incidncia da mortalidade materna em nosso pas de destaque porque serve

como um indicador das condies de vida e sade das mulheres, refletindo, assim, a

necessidade de atuao junto a esse grupo. Conforme a Organizao Pan-americana de

Sade (OPAS, 2002), o ndice de mortes ligadas gravidez, ao parto e ao puerprio em

1998, no estado de Minas Gerais, era de 86,6 bitos para cada 100 mil nascidos vivos.

Serruya et al. (2004) destacam que melhorar a sade materna e impedir mortes

evitveis continua sendo um dos maiores interesses do pas e de todo o mundo no campo

da sade e dos direitos reprodutivos, sendo, para isso, necessrio associar medidas eficazes

e proporcionar segurana e bem-estar para a mulher e o recm-nascido.

Assim, organizamos reunies semanais em que so apresentados e discutidos temas

relacionados ao ciclo gravdico puerperal e outros temas relacionados sade da mulher e

de interesse do grupo, alm dos cuidados com o recm-nascido, utilizando como

referencial terico bsico as diretrizes dos programas e projetos do Ministrio da Sade, e

uma bibliografia diversa para que os assuntos possam ser debatidos.

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Relato de experincia

Durante o segundo semestre de 2004, implementamos alguns temas no Lar de

Veneranda para que o projeto atingisse, dessa forma, seu mbito de educao em sade.

O contedo abordado com os grupos foram: pr-natal, alimentao e dieta saudvel,

sexualidade, tipos de parto, cuidados com o recm-nascido, planejamento familiar,

depresso ps-parto, entre outros. importante destacar que as gestantes escolhiam qual o

tema que elas queriam que fosse apresentado no prximo encontro.

Alguns recursos didticos foram utilizados para ilustrar e exemplificar as palestras,

como xerox, fotos, dinmicas, figuras e cartazes. Esses recursos possibilitaram no s a

visualizao do assunto em discusso, mas tambm facilitou para que as nossas

demonstraes fossem mais claras.

Quando iniciamos com o grupo, levamos um tema de real importncia para as

grvidas: o pr-natal. Realizamos uma dramatizao utilizando-se gestao virtual de dois

ursinhos de pelcia e alertamos sobre a importncia da continuidade do pr-natal, pois por

meio dele pode-se descobrir doenas e agravos gestao.

Outro tema de bastante relevncia foi a Dieta Saudvel. Como recurso didtico

tnhamos papel pardo, no qual desenhamos a pirmide dos alimentos e destacamos a

hierarquia das necessidades dos nutrientes. Foi um trabalho muito interativo e

proporcionou a elas conhecer uma dieta que fosse equilibrada e balanceada conforme os

recursos que cada uma possua.

Comprovamos que as dinmicas construiram um elo mais efetivo entre ns e as

gestantes, porque foi gerado um ambiente descontrado e sem timidez. Dessa forma, os

questionamentos surgiram e as principais dvidas foram esclarecidas.

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A linguagem que usamos foi sempre simples para que houvesse melhor

compreenso do pblico assistido. Porm, alguns termos tcnicos eram desenvolvidos para

que fossem familiarizados durante nossa atuao.

Segundo Azevedo (2002), a comunicao no apenas um instrumento do cuidar,

mas sim um denominador comum das aes de enfermagem, independentemente da funo

que ocupa. Dessa forma, os estudantes recebem uma contribuio profissional e pessoal.

Por meio das visitas realizadas em domiclio, acompanhamos as gestantes e

purperas inscritas no Lar de Veneranda e verificamos como so as condies de vida em

que elas esto inseridas. Foi feita uma coleta de dados com informaes pessoais, hbitos

de higiene, quantidade de pessoas na residncia, nmero de filhos, o acompanhamento do

pr-natal e sinais vitais (pulso, presso arterial, temperatura, freqncia respiratria e dor).

Elas foram questionadas sobre a avaliao que cada um faz sobre o Lar (servios

prestados, funcionrios), o papel dos estudantes de Enfermagem, temas discutidos e

crescimento pessoal.

O que podemos notar que houve um crescimento de ambas as partes e que essas

jovens apresentam no s carncia de informaes ou financeira, mas inclusive afetiva, de

dilogo e ateno. Acreditamos que o projeto foi enriquecedor para nossa formao

acadmica, entretanto o engrandecimento pessoal e humano adquiridos tiveram um valor

muito mais importante em nossas vidas.

Gurgel et al. (2001) descrevem o papel da enfermagem por meio da trade: ensino,

assistncia e pesquisa. Esses componentes so essenciais para a formao do enfermeiro,

pois modifica a viso de mundo e sua atuao como educadores, buscando, dessa forma,

construir uma sociedade mais solidria, tica e justa. Deucher et al. (2002) ressalvam que a

prtica de medidas de educao em sade contribui para mudanas de atitudes dos

profissionais, promovendo um cuidado mais humanizado e personalizado.

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Acreditamos que o projeto proporcionou a ns, acadmicos de Enfermagem, o

planejamento e desenvolvimento de aes de educao em sade participativas e voltadas

para as questes prioritrias relacionadas mulher que vivencia a gestao. Alm de

alcanar os objetivos propostos, que eram levantar junto ao grupo trabalhado e aos

responsveis pela instituio as expectativas em relao ao nosso trabalho, a situao do

grupo quanto vacinao, o estmulo do controle pr-natal, as visitas domiciliares com o

roteiro estabelecido por ns acadmicos, acompanhamos as gestantes em trabalho de parto

quando estes ocorreram no Hospital de Clnicas/UFU.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

AZEVEDO, R. C. S. A comunicao como instrumento do processo de cuidar: viso do aluno de graduao. Revista Nursing. Barueri, v. 5, n. 45, p. 19-23, fev. 2002. DELFINO, M. R. R; PATRCIO, Z. M.; MARTINS, A. S.; SILVRIO, M. R. O processo de cuidar participante com um grupo de gestantes: repercusses na sade integral e individual-coletiva. Revista Cincia & Sade Coletiva. Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, p. 1057-1066, out./dez. 2004. DEUCHER, C. V; BUZZELLO, C. S.; ZAMPIERE, M. F. M. (Colab.). Grupo de gestantes e/ou casais grvidos: a universidade interagindo com a comunidade. Extensio - Revista Eletrnica de Extenso da UFSC, Florianpolis, v.1, n. 1, dez. 2004. Disponvel em: . Acesso em: 20 abril 2005. GUERGEL, E.E; VIERA, N. F. C; BARROSO, M. G. T. Educao em sade: processo de trabalho de enfermagem na rea da sade da mulher. Revista Nursing. Barueri, v. 4, n. 38, p. 14-19, jul. 2001. ORGANIZAO PAN-AMERICANA DE SADE. Rede interagencial de informaes para a sade. Indicadores bsicos de sade no Brasil: conceitos e aplicaes. Braslia, DF, 2002. SARTORI, G. S; SAND, I.C.P.V.D. Grupo de gestantes: espao de conhecimento, de trocas de vnculos entre os participantes. Revista Eletrnica de Enfermagem, Goinia, v.6, n.2, p.153-165, 2004. Disponvel em: . Acesso em: 28 abril 2005. SERRUYA, S. J; LAGO, T. G; CECATTI, J. G. O programa de humanizao no pr-natal e nascimento do Ministrio da Sade no Brasil: resultados iniciais. Cadernos de Sade Pblica. Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p. 1281-1289, set./out. 2004.