2006 Volpato Et Al - SBZ - Reda____o Cient__fica e Melhoria Da Qualidade
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Anais de Simpsios da 43 Reunio Anual da SBZ Joo Pessoa PB, 2006.
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A REDAO CIENTFICA COMO INSTRUMENTO DE MELHORIAQUALITATIVA DA PESQUISA
GILSON LUIZ VOLPATO1, ELIANE GONALVES-DE-FREITAS2, LUCIANA CARDELIQUIOJORDO3
1 Research Center on Animal Welfare RECAW Depto. Fisiologia, IB, CAUNESP, Botucatu, Unesp. E-mail:[email protected]
2 UNESP - Universidade Estadual Paulista, Lab. de Comportamento Animal, CAUNESP, RECAW. Depto. Zoologia eBotnica, IBILCE, So Jos do Rio Preto, SP. E-mail: [email protected]
3 Editora Scripta, oficina de textos cientficos. www.oficinascripta.com.br. E-mail: [email protected], RECAW.
RESUMO
Apresentamos as principais bases tericas para a redao de um artigo cientfico de nvel
internacional. A partir da, as principais etapas de um artigo so detalhadas: Ttulo, Autoria,
Resumo, Introduo, Mtodos, Resultados, Discusso e Referncias. Inclumos os principais
equvocos encontrados em artigos publicados em revistas brasileiras (com nfase na Zootecnia) e
formas para corrig-los considerando-se o formato de revistas internacionais de alto impacto.
Assim, este texto um guia para redao de artigos cientficos na rea de Zootecnia, mas que no
se restringe a essa rea.
ABSTRACT
We give the main theoretical bases supporting scientific writing of high international quality. From
these bases, the main parts of a paper are detailed: Title, Authorship, Abstract, Introduction,
Methods, Results, Discussion, and References. We include the main mistakes found in papers
published in Brazilian journals (emphasizing Animal Sciences) and ways to correct them
considering the format of high-impact international journals. Thus, this text is a guide to write
scientific papers on Animal Sciences, but not restricted to this field.
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Anais de Simpsios da 43 Reunio Anual da SBZ Joo Pessoa PB, 2006.
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1. INTRODUO
Scientific writing is not a matter
of life and death: it is much
more serious than that.
(Day, 1998)
A Zootecnia uma rea bem desenvolvida no Brasil e, em certos setores, apresenta perfil
competitivo internacionalmente. De fato, possui uma das poucas revistas brasileiras indexadas no
ISI (Institute for Scientific Information Web of Science), que a Revista Brasileira de Zootecnia.
O ISI congrega mais de 6 mil das melhores revistas do mundo e o melhor site para revises
bibliogrficas em qualquer rea do saber. Apesar desse destaque, a comunicao cientfica na
rea de Zootecnia ainda est muito atrasada no Brasil, embora possua um forte potencial para se
desenvolver rapidamente.
Parte desse atraso decorre de certa tradio da rea de Agrrias em pesquisar questes
especficas, sem se preocupar com a Cincia mais geral. Embora essa prtica tenha sido bem
sucedida num certo momento, cada vez mais as solues de problemas complexos exigem
interao internacional. Se antigamente a nutrio animal podia ser resolvida por ensaio-e-erro,
testando-se diferentes receitas caseiras, atualmente investiga nveis de elementos qumicos,
bem como a interao entre eles. Isso exige testes detalhados e precisos que tm revelado que,
apesar dos organismos responderem dentro de certas especificidades, tambm so guiados por
regras gerais dentro de grandes grupos taxonmicos. nesse ponto que a cincia auxilia na
compreenso de fenmenos biolgicos, mostrando formas adequadas de se conhecer regras
gerais, a partir das quais se pode estabelecer, com certa segurana, tecnologia para a produo
animal. Fazer cincia elaborar essas regras gerais, saindo da especificidade de uma regio ou
amostra e atingindo nveis mais globais. No basta dizer que o gado na regio centro-oeste
diferente daquele da regio sul, ou dizer que o gado brasileiro diferente do gado de outro pas.
necessrio compreender porque so diferentes e elaborar generalizaes que permitam
interpretar as especificidades. Por isso os dados locais so tambm de interesse geral e no
podem ficar escondidos dos demais cientistas do planeta (Volpato, 2006).
Hoje percebemos que atividades tcnicas cuidadosamente desenvolvidas encontram o
principal obstculo para sua divulgao justamente na sua contextualizao em um panorama
mais global. Da a importncia da comunicao cientfica, canal fundamental na troca de
informaes entre cientistas. Muitas pesquisas de bom nvel no so conhecidas porque os
cientistas no conseguem public-las nos veculos que garantem difuso para toda a comunidade
cientfica, nacional e do exterior. Nosso objetivo aqui mostrar o que deve nortear o cientista na
elaborao de seu artigo, de forma que consiga passar pela primeira barreira, a publicao, e
atingir o interesse dos cientistas de sua rea.
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Houve um tempo em que se acreditava que a pesquisa cientfica estava concluda quando
divulgada no meio cientfico. Mas a dinmica cientfica envolve algo a mais. A discusso
acadmica satisfaz o nimo humano, mas necessrio construir uma base slida e vlida de
conhecimentos, a partir da qual a sociedade possa desfrutar tanto de solues tecnolgicas
quanto de razes ldicas e de curiosidade. na busca por essa base que a cincia se destaca
das outras formas de conhecimento (Filosfico, Religioso e Artstico) (vide Volpato, 2004). Ele no
fornece verdades, mas apenas a melhor resposta num dado momento histrico. Por isso as leis
cientficas mudam com o tempo, mas tambm se mantm por tempos razoveis.
Nessa construo de conhecimento, a discusso com a comunidade cientfica parte do
processo, que deve culminar com a aceitao das idias por essa comunidade. Atualmente, as
formas de avaliao da atividade cientfica realizadas por instituies do exterior, e de forma
incipiente no Brasil, revelam a importncia da aceitao das concluses cientficas pela
comunidade cientfica qual se destina o nmero de citaes de determinado artigo (Volpato,
2005). Portanto, o ponto final de uma pesquisa cientfica a aceitao das concluses da
pesquisa por parcela significativa da comunidade cientfica (Volpato, 2003, 2004, 2006b). essa
aceitao que valoriza e d qualidade pesquisa encetada.
pensando nesse objetivo (escrever para ser aceito) que o presente texto foi estruturado.
No se trata apenas de publicar, mas tambm de ser lido e aceito. Os pontos aqui apresentados
esto mais detalhados nas publicaes de Volpato (2003, 2004, 2005, 2006a,b) e de Volpato e
Gonalves-de-Freitas (2003).
2. BASES TERICAS PARA A REDAO CIENTFICA
A redao cientfica uma Arte. Ela reflete no apenas o conjunto de atividades tcnicas
que o cientista executou, mas tambm seus conceitos sobre Cincia. Ao redigir um artigo, isso fica
evidente, mesmo que o prprio autor no tenha conscincia desse fato. Os tpicos a seguir
exemplificam e demonstram isso e, por essa razo, so considerados bases para a redao
cientfica.
2.1. Generalizaes
A cincia no visa descrever situaes ou coisas; ela usa essas descries para formular
leis gerais que norteiam os fenmenos. Aps observar corpos pesados carem ao cho, pode-se
elaborar a lei da gravidade. Mas descrever a queda de vrios corpos no enuncia, per se, essa lei.
necessrio que o cientista a expresse claramente.
Da mesma forma, descrever casos particulares, neste ou naquele animal, ou neste ou
naquele local, no faz cincia. necessrio entender e explicar a lei que governa esses casos.
Somente com o conhecimento dessa lei que podemos prever casos futuros, propor receiturios,
condutas etc. Mesmo que essa previso contenha, obviamente, elementos de incerteza
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(geralmente com probabilidades de erro, mesmo que abaixo de 5%), so essas leis que nos
permitem agir.
Assim, conhecer o comportamento de um dado rebanho de nada adianta se dessa
experincia o cientista no enunciar alguma generalizao para a populao. No precisa ser para
todos os rebanhos do mundo, mas tambm no pode ser apenas para a amostra observada. O
medo de generalizar impede que faamos cincia de bom nvel; a nsia por generalizaes nos
remete ao mundo da fantasia. A boa cincia encontra o meio termo entre a certeza dos dados e a
incerteza das generalizaes. Portanto, no basta coletar dados... necessrio generalizar, mas
fundamentando-se em dados.
Achar esse ponto de equilbrio muito difcil. Somente a prtica com submisso de
manuscritos a peridicos de incontestvel nvel internacional fornece o treino necessrio. Quando
avanamos demais nas generalizaes, somos convidados a ficar mais prximos dos resultados
obtidos; quando no avanamos, somos instigados a generalizar a partir dos dados, mas na
medida certa. da experincia com esse vai-e-vem que brota o equilbrio. Mas isso precisa ser
aprendido e, para isso, a prtica de publicaes em bons peridicos de nvel internacional
fundamental.
2.2. Base emprica
A Cincia se caracteriza e diferencia da Filosofia pela fora que d s evidncias
concretas (base emprica) sustentando as concluses (Russel, 1977). Esse o principal preceito
da cincia moderna e o norteador para aceitao de concluses. nisso que se baseiam os
assessores para aceitarem nossas elocubraes tericas. Em resumo, as concluses devem ser
adequadamente justificadas a partir de dados coletados nos experimentos. Da entende-se porque
a estrutura mais usual de um texto cientfico na rea emprica inclui, entre o objetivo e as
concluses, captulos sobre Mtodos e Resultados.
Evidentemente, a Cincia uma atividade humana e, como tal, sujeita aos jeitinhos
humanos. Alguns autores, pela consagrao que possuem ou mesmo pelo pas que esto
(pedigree cientfico), podem avanar mais nas concluses do que outros. Isso um erro, sem
dvida, mas faz parte da realidade da publicao cientfica e deve ser considerado. Portanto, no
adianta tentarmos avanar demais em nossas concluses, sem muita base emprica,
simplesmente porque determinado autor reconhecido assim o fez. Infelizmente, ele fez assim e
publicou; se tentamos repetir essa conduta, somos negados (vide Gibbs, 1995). Embora isso
mostre um trao de injustia, na verdade o erro a aceitao de concluses prematuras, com
pouca base emprica (fatos, resultados), que no deveria ocorrer mesmo quando elaboradas por
cientistas de renome internacional.
Na prtica, muitas falhas metodolgicas so detectadas apenas no momento da redao
do manuscrito. Algumas podem ser corrigidas, mas a maioria delas compromete o estudo de tal
maneira que o invalida. Portanto, no se esqueam de que toda concluso terica, mas precisa
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de uma slida base emprica, no sentido de um conjunto de evidncias (resultados) incontestveis,
o que requer planejamentos experimentais incontestveis.
2.3. O lugar das referncias
A base emprica referida no item acima no obtida apenas a partir dos seus resultados
da pesquisa. Outros cientistas tambm publicam resultados que so reconhecidos como base
emprica. Portanto, ao citar um trabalho, estar usando a base emprica desse estudo para
sustentar suas argumentaes (Volpato, 2004). Esse um dos importantes motivos de se citar
outros autores nos textos cientficos.
H ainda a questo tica: a partir do momento que voc usa a informao de determinado
autor sem cit-lo, os leitores podero supor equivocadamente que a informao de sua autoria.
Causar essa confuso imoral.
2.4. A importncia da estatstica
A estatstica auxilia o cientista em vrios momentos da pesquisa. A ajuda mais comum
fornecendo testes para o cientista avaliar a probabilidade de parte dos erros de suas concluses.
Com isso, ao dizer que A > B, saber pela estatstica a probabilidade de um dos tipos de erro
dessa concluso (por ex., 3%; P = 0,03). A comunidade cientfica geralmente aceita erros abaixo
de 5%, embora esse limite seja arbitrrio e tambm varie entre algumas reas da cincia (Volpato,
2004).
A estatstica no torna nossas concluses mais verdadeiras, pois muita cincia de
qualidade foi feita antes do advento da estatstica, ou mesmo antes de ser aceita na rea
Biolgica. Mas atualmente a estatstica se tornou um imperativo, de forma que no us-la onde
apropriada implica em no publicar o artigo e, portanto, no divulg-lo para a comunidade
cientfica.
Cabe aqui uma importante ressalva: se usar estatstica, use-a corretamente. Uma falha
comum nos estudos nacionais que os dados so estatisticamente analisados, mas na Discusso
do trabalho, onde se mostra ao leitor como se chegou s concluses, a estatstica ignorada e o
autor conclui baseado em suas expectativas, convices, anseios e tendncias dos dados.
Essas bases no so aceitas na cincia de qualidade... aborte-as de sua prtica.
2.5. Tipos de pesquisa
A estruturao de um texto cientfico exige que o cientista conhea muito bem a
estrutura de sua pesquisa. Embora possa parecer que esse conhecimento seja bvio ao
especialista, isso no exatamente assim. Anlise de artigos publicados em revistas nacionais
revela muitos equvocos sobre a estrutura da pesquisa conduzida.
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Para simplificar a tarefa do cientista na redao cientfica, Volpato (2004) prope que
qualquer pesquisa cientfica possa ser reduzida a cinco tipos, dos quais trs so os essenciais e
sero abordados aqui. Uma vez identificado em qual desses trs tipos seu trabalho se encontra,
Volpato (2004, 2006b) prope formas prticas de estruturao do artigo. Os tipos de pesquisa so:
Tipo 1: pesquisa descritiva, sem hiptese.Tipo 2: pesquisa com hiptese de correlao entre variveisTipo 3: pesquisa com hiptese de causa-e-efeito entre variveis
Tipo 1: o objetivo descrever algo, sem preocupao com suas causas e efeitos e nem com
o que esteja correlacionado. Podemos descrever uma clula, uma estrutura maior ou
menor, um comportamento, uma rea, determinar a prevalncia de certa doena ou a
ocorrncia de espcies, ou qualquer outra coisa. Mas note que o objetivo puramente
a descrio (redacional ou matemtica). Para isso, coletamos uma amostra, fazemos a
descrio dessa amostra e extrapolamos o resultado para a populao.
Tipo 2: avaliamos duas ou mais variveis, procurando testar se seus comportamentos esto
correlacionados. Ou seja, avaliamos at que ponto o comportamento de uma varivel
pode ser previsto a partir do comportamento da outra. Isso no envolve relao de
causa-e-efeito entre elas. Por exemplo, podemos averiguar que numa certa espcie de
peixe os indivduos com mais manchas no corpo so mais agressivos. Pode haver
uma forte associao entre essas duas variveis (mancha e agressividade), mas no
se pode dizer que as manchas causaram a agressividade, e nem o inverso.
Tipo 3: testamos especificamente se uma varivel afeta a outra. No se trata apenas de
haver associao entre elas, mas sim de uma ao de uma sobre a outra. Se a
hiptese for mais complexa, pode haver vrias relaes causais sendo testadas, e ela
pode ser decomposta em hipteses mais simples relacionando-se duas variveis de
cada vez.
Embora possamos descrever um mesmo conjunto de variveis em quaisquer desses
trs tipos de estudo, evidente que o que se deseja saber difere nitidamente em cada tipo. Mas,
por que a identificao desses tipos auxilia a redao cientfica?
Na pesquisa testamos idias. Cada tipo envolve uma idia diferente: descrio,
correlao ou causa-e-efeito. No texto cientfico, temos que justificar a validade do estudo
(Introduo), mostrar como foi feito (Mtodos), o que obtivemos (Resultados) e como usamos isso
para elaborar concluses (Discusso). Na Introduo, muito diferente justificar a descrio de
uma estrutura, a associao entre o tamanho dessa estrutura e de alguma outra, ou a ao da cor
ambiental no desenvolvimento dessa estrutura. Da mesma forma, essas questes implicam em
diferentes estratgias de pesquisa (Mtodos) e a Discusso de cada uma requer argumentaes
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prprias. Nos tpicos especficos sobre essas partes do texto (itens 4.3, 4.4 e 4.5) mostraremos
com mais detalhes a conexo entre os tipos de pesquisa e a estrutura do tpico.
2.6. Estrutura lgica do texto cientfico
O texto cientfico envolve dois grandes argumentos. Inicialmente, devemos saber que
um argumento composto de premissas e concluso. As premissas so as informaes nas quais
nos baseamos para sustentar a concluso. Assim, num argumento lgico no pode faltar
premissas importantes e nem haver premissas em excesso. As premissas devem ser necessrias
e suficientes para sustentar a concluso.
Segundo Volpato (2003), o texto composto de dois argumentos lgicos: um na
Introduo e outro no conjunto de Mtodos, Resultados e Discusso. Na Introduo apresentamos
as premissas que validam o objetivo do estudo; portanto, a concluso desse argumento o
prprio objetivo. Ou seja, com base em certas informaes (premissas), conclui-se que vlido
pesquisar tal objetivo. nesse sentido que a Introduo um argumento e no um local para se
falar longamente sobre cada varivel e animais estudados.
No segundo argumento, a idia que as premissas sejam compostas pelos Mtodos
usados, os Resultados obtidos, as respectivas Referncias desses captulos, tudo isso
sustentando as concluses do estudo (discurso esse apresentado na Discusso). Ou seja, na
Discusso o raciocnio do argumento assim: se fizemos de tal forma (Mtodos), obtivemos estes
dados (Resultados) e temos tais suportes da literatura (Referncias), ento podemos concluir tais
coisas (concluses, que aparecem na prpria Discusso).
Considerando essa proposta, um trabalho cientfico no deve ter mais premissas do que
o estritamente suficiente. Dados no usados para a elaborao das concluses no devem ser
apresentados. Aqui cabe ressaltar que uma publicao cientfica (artigo) no um relatrio tcnico
de pesquisa. No relatrio o autor relata tudo o que fez... mostra servio. No artigo cientfico, ou
mesmo numa tese, procura mostrar para a comunidade cientfica o que conclui a partir do que fez.
Seja pontual e no fuja do foco! Dados que no levaram a nada, amostras perdidas, literaturas
no associadas... tudo isso est fora de um artigo ou tese. No entanto, h uma exceo. Caso a
metodologia de coleta de dados interfira nos organismos estudados (por ex., coleta de sangue),
mesmo que no tenha levado a resultados usados na Discusso, deve ser apresentada, embora
dizendo que os resultados foram perdidos ou no produziram respostas importantes. Nesses
casos, exclua esses resultados, mas no a metodologia.
A aceitao de uma concluso cientfica exige, para o leitor crtico, exame cuidadoso de
todo o argumento (premissas e concluso). Portanto, no possvel concordar com uma
concluso com base na leitura de um Resumo, pois faltam muitas premissas. Da mesma forma,
no se pode concordar com uma concluso conhecendo-se apenas as figuras ou as tabelas: ser
que a metodologia estava correta? O que o autor argumentou para elaborar a concluso?
necessrio ler o texto na ntegra (veja item 4.6).
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2.7. Idioma do texto
A Cincia da Zootecnia, enquanto atividade que procura conhecer as leis gerais
segundo as quais os animais vivem, no tem barreiras de regio e nacionalidade. Embora o gado
no nordeste brasileiro seja diferente daquele do Rio Grande do Sul, h leis gerais que os
governam. Se existem especificidades de regies, cabe aos cientistas reconhec-las e usarem
essa informao como estmulo para elaborarem generalizao que explique essas diferenas. O
cientista no se conforma com as diferenas; usa-as para elaborar leis que do harmonia ao caos.
Essas generalizaes podem auxiliar na conduta prtica do zootecnista, inclusive gerando
tecnologia. Quais leis gerais voc conhece na sua especialidade?
Feita a generalizao, o novo conhecimento construdo interessa a pessoas de
diferentes locais no mundo. No entanto, muitos estudos publicados no Brasil, em portugus, ficam
inacessveis comunidade cientfica internacional simplesmente pela barreira do idioma. No
adianta apelar para o nacionalismo, pois o idioma internacional o ingls (Roche e Freitas, 1982,
Garfield, 1983). A maioria dos cientistas brasileiros tambm no l artigos cientficos publicados
em russo, chins, alemo, mas l artigos em ingls. O produtor rural no l artigo cientfico,
necessariamente; afinal, se ler ser que entender estatsticas, citaes de artigos em ingls e
outras especificidades? Para o produtor basta um texto em boletim tcnico ou revista de
divulgao. Alis, antes de fazer qualquer recomendao ao produtor, valide sua pesquisa
publicando-a em peridico cientfico de bom nvel internacional ( uma questo de tica
profissional).
O artigo cientfico escrito para cientistas; e cientistas necessariamente entendem o
ingls (o ingresso em qualquer programa de ps-graduao stricto sensu exige compreenso de
textos em ingls). Alm disso, qualquer congresso internacional na rea de Zootecnia adota o
idioma ingls. Como ltimo argumento, mesmo que sua informao seja extremamente especfica,
no futuro ela poder ser til para algum outro cientista que no compreenda o portugus: no prive
a comunidade cientfica dos conhecimentos gerados, oferea textos em ingls.
2.8. Estilo de redao
Se o objetivo construir conhecimento, a cincia oferece um dos melhores mtodos
para isso. Mas, todo o rigor cientfico pode ser invalidado se o mesmo rigor no for seguido na
comunicao cientfica. Qualifique sua pesquisa por meio de uma excelente redao. Se fizer uma
Introduo que no valide seu objetivo, o leitor poder no terminar a leitura. Se a estrutura do
item Mtodos confusa, o texto ser tambm rejeitado. Se a Discusso no convencer, de nada
adianta a leitura do artigo. Ou seja, o rigor no laboratrio ou no campo deve continuar na redao.
Para estilo em ingls, veja o excelente manual de Strunk e White (1979).
Na construo de frases no diferente. Se voc disser esse, num momento do texto
em que o leitor no consegue saber exatamente a quem ou a que voc se refere, o texto j
est comprometido. Se falar que usou animais pequenos, mas no fornecer uma medida exata do
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que seja esse pequeno, de nada valeram suas anlises laboratoriais rigorosas. A linguagem
deve ser exata, ou seja, corresponder exatamente ao que se refere, sem sombra de dvida.
Outra caracterstica do estilo cientfico de redao que o texto seja claro. Ele deve ser
entendido sem dificuldades. Nunca confunda um texto profundo, com um texto difcil de entender.
Alis, conseguimos explicar com clareza apenas aquilo que entendemos bem. Para escrever com
clareza o autor deve conhecer muito bem a estrutura lgica de seu artigo: quais as premissas
necessrias para cada concluso elaborada. somente essa clareza de pensamento que
possibilita uma redao clara, de fcil entendimento. Alm disso, o autor pode consultar manuais
de redao para buscar solues prticas como o uso de frases curtas, ordem direta (ativa) nas
frases, entre outras.
tambm muito importante que o texto seja conciso. No gaste mais palavras que o
necessrio. Se antigamente a razo principal para isso era devido aos custos de cada pgina para
a revista, atualmente, com as revistas eletrnicas, a razo recai sobre o leitor: no o faa ler mais
que o necessrio. Alis, os artigos mais curtos so lidos com prioridade.
2.9. Cincia e Tecnologia
A distino entre a atividade cientfica e a tecnologia clara. No primeiro caso temos um
mtodo para produzir conhecimento. No segundo, usamos esse conhecimento para produzir a
tecnologia (Volpato, 2004). Essas duas atividades no se confundem. O fato de algumas reas
produzirem conhecimento com maior chance de transformaes tecnolgicas no as privilegiam,
nem as menosprezam. Trata-se de uma contingncia.
Por outro lado, alguns setores da sociedade cientfica acabam por privilegiar as
pesquisas que geram capital mais imediato, o que pode ser um equvoco. Imagine o surgimento
de uma nova doena cujo vetor seja um inseto at ento desconhecido. Frente a essa
problemtica, injeta-se muito dinheiro para estudos sobre esse inseto, de forma a desvendar
questes bsicas de sua vida. Trata-se de um investimento visando claramente um retorno ainda
maior. Porm, enquanto essas pesquisas no so concludas, os desastres decorrentes dessa
nova doena continuam, o que pode levar anos. Imaginem agora que, por uma razo puramente
acadmica, alguns cientistas (geralmente bilogos) tivessem estudado esse inseto pelo simples
interesse em conhec-lo. A, no caso da constatao da doena, todo esse material j existente
seria prontamente usado e a soluo do problema seria encontrada mais rapidamente. O exemplo
clssico neste tema so os trabalhos de Mendel, pois atualmente ningum duvida da importncia
tecnolgica da gentica e, naquela poca, era pesquisa bsica. Com isso, no queremos dizer
que toda cincia dita bsica se justifica pela eminncia de uma aplicao futura. Ela suficiente
em si, por responder questes de interesse humanidade, sejam de interesses ldicos ou no.
Qualquer sociedade que invista radicalmente numa ou em outra, est fadada ao insucesso. O
equilbrio deve prevalecer, dando-se maior ou menor nfase a uma delas dependendo do
momento e das dificuldades pelas quais a sociedade passa.
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Considerando a posio defendida acima, no h diferena nos textos cientficos de
reas aplicadas ou no. Todos eles so comunicaes para cientistas. Todos visam a produo
de conhecimento cientfico confivel. A diferena, se que h, entre uma pesquisa bem feita e
aquela no confivel. Neste texto nos preocupamos com a comunicao da pesquisa cientfica
aos acadmicos da rea.
3. TCNICA DE REDAO
Ao iniciar a redao de um artigo, muitos pensam logo em redigir o Ttulo, depois a
Introduo e assim sucessivamente. Essa seqncia a da leitura e pode induzir erros de
estrutura do texto. A proposta de Magnusson (1996) evita tais erros e os convida a escrever o
texto de trs para frente. Em Volpato (2004, 2006) essa proposta detalhada e ligeiramente
modificada, e ser aqui resumida.
Inicie a redao apenas quando no tiver dvidas sobre a estrutura lgica do texto. Para
isso, deve conhecer os fundamentos para seu objetivo, toda a metodologia usada, conhecer as
formas de anlise dos dados e os resultados obtidos, bem como a literatura pertinente e as
concluses a que se chegou. Por isso, Volpato (2006) sugere que a primeira parte a ser redigida
seja o Resumo. Isso evita que o autor inicie o texto enquanto toda a estruturao da pesquisa no
esteja concluda. Por exemplo, no redija os Mtodos se ainda no sabe a concluso do trabalho.
No segundo passo, selecione todos os resultados necessrios para sustentar suas
concluses. Apenas esses resultados sero apresentados, pois voc j avaliou criticamente e
constatou que apenas isso o que tem de conclusivo para comunicar sociedade cientfica. Uma
vez selecionados, escolha cuidadosamente a melhor forma de apresent-los. No ache, em
momento algum, que h formas padres de apresentao. Um tipo de resultado pode ficar bem
como tabela num estudo, mas melhor como figura num outro artigo. No copie outros trabalhos.
Exera sua independncia intelectual e avalie o que fica melhor no seu texto. Feito isso, redija o
item Resultados, lembrando que cada resultado ser apresentado numa das seguintes formas:
texto, tabela ou figura, mas nunca em duas ou mais dessas formas.
Agora, redija todos os procedimentos metodolgicos necessrios para o leitor
compreender e avaliar cada resultado apresentado. Com isso, conclui-se o item Mtodos (=
Material e Mtodos = Materiais e Mtodos, dependendo das normas da revista).
Voc tem at aqui toda a base emprica de sua pesquisa. Ento, redija a Discusso,
usando toda sua metodologia, resultados e literatura pertinentes para convencer o leitor sobre as
concluses a que voc chegou. No h necessidade de escrever as concluses em item
separado, pois a Discusso o local onde voc deve fundamentar suas concluses. Portanto,
toda concluso deve necessariamente estar presente no corpo da Discusso.
Caso, por questes formais da revista, seja exigido um item destacado para as
concluses, repita as concluses de forma sinttica nesse local. No necessrio justific-las,
pois isso j foi feito na Discusso. Da mesma forma, no precisa dizer que elas decorrem das
condies metodolgicas de seu estudo, pois isso bvio! Por ignorncia estrutura das
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concluses e Discusso, alguns autores costumam incluir informaes e falar coisas que no so
concluses do trabalho, como, por exemplo, importncia do estudo, relevncia social etc. Conclua
apenas o que concluso decorrente dos resultados e literatura.
At aqui voc concluiu um dos argumentos do artigo (Mtodos, Resultados e
Discusso). Redija ento o outro argumento: a Introduo. Ela deve justificar o objetivo do
trabalho, mostrando as razes acadmicas para sua elaborao e tambm sua importncia
(prtica ou no).
Concludo o segundo argumento, a estrutura bsica do texto est pronta. Toda literatura
pertinente j foi citada e, portanto, j pode list-la, escrevendo ento o item Referncias.
Somente agora escolha o Ttulo do artigo, que deve ser muito bem elaborado. Em
seguida, conclua as demais partes do artigo (autores, endereos, financiamentos e
agradecimentos).
4. RECOMENDAES PARA SE REDIGIR UM ARTIGO CIENTFICO DE QUALIDADEINTERNACIONAL
Embora no haja regras inequvocas para a estruturao de qualquer item do artigo,
algumas formas permitem maior clareza e so aqui sugeridas com as devidas fundamentaes.
Mas reconhecemos que a redao cientfica envolve Arte, requerendo criatividade dos autores na
elaborao de um texto atrativo e coerente com os preceitos cientficos. Lembre-se que a redao
no deve consertar falhas metodolgicas. Ela serve para enaltecer a boa pesquisa realizada.
Algumas das dicas apresentadas aqui podem no ser fundamentais para a publicao
de seu artigo, mas certamente podem ser importantes para que ele seja encontrado, adquirido e,
principalmente, lido e aceito. Apresentamos algumas das dicas mostradas em Volpato (2006b)
que, no conjunto, auxiliam a aceitao de seu texto pela comunidade cientfica internacional. A
apresentao a seguir segue a seqncia de redao de trs para frente (item 3).
4.1. Resumo
Inicie com o objetivo do estudo. Se for essencial para o entendimento do objetivo, inclua
brevemente alguma justificativa para esse objetivo, mas somente se estritamente necessrio. Ao
redigir o objetivo, seja pontual. Por exemplo, escreva Testamos a influncia da cor ambiente... ao
invs de dizer Neste estudo testamos a influncia da cor ambiente.... bvio que o objetivo
desse estudo.
Inclua agora apenas o delineamento do estudo. No coloque detalhes metodolgicos.
Para mostrar o delineamento, apresente os grupos estudados (caracterizando claramente a
varivel independente), os momentos de registro das variveis dependentes e a unidade e o
nmero de rplicas. Evite incluir abreviaturas no convencionais caso no as use no seguimento
do Resumo. Se inclu-las, defina-as e use-as.
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Apresente os principais resultados, que geralmente so aqueles com respaldo
estatstico (deixe isso claro ao leitor) e que so suficientes para sustentarem as concluses. Em
seguida, redija as principais concluses, lembrando que todas elas devem estar respaldadas pelos
resultados apresentados.
Note que, em geral, as revistas exigem Resumo com no mximo 250 palavras.
Primeiramente escreva o Resumo, sem se preocupar com a extenso (dentro de certos limites,
evidentemente). Depois que checar todas as informaes de contedo (biolgicas), comece a
reduzi-lo. Inicialmente, reduza as frases, retirando palavras em excesso, mesmo que esteja na
extenso permitida. Se isso no for suficiente, comece a eliminar informaes ou mesmo frases
inteiras. muito importante saber exatamente a estrutura lgica de seu estudo, para no retirar
coisas fundamentais e deixar detalhes. Embora do ponto de vista lgico de uma pesquisa os
resultados no Resumo no sejam to importantes, pois o Resumo apenas uma carta de
intenes, vrios editores tm recomendado inclu-los de forma detalhada. Aqui existe um pulo
do gato: embora seja errado citar informaes provenientes de Resumos, pois no se pode
avaliar a qualidade dessas informaes, muitas pessoas se baseiam nos Resumos e citam o
trabalho na ntegra. Mesmo essa conduta sendo um erro grotesco, alguns editores cientficos
recomendam incluso substancial dos resultados. Isso deve se pautar na maior chance do artigo
ser citado, pois muitos autores podem citar apenas a partir do Resumo caso encontrem dados
interessantes. Embora isso reflita um equvoco conceitual de quem fez a citao, para a revista e o
autor isso conta. Se seu Resumo expressa resultados substanciais, certamente um forte
candidato a ser citado, mesmo que o texto no seja na ntegra no seja encontrado ou
disponibilizado.
4.2. Resultados
Neste item d nfase aos principais resultados que usar na Discusso para embasar
suas concluses. Eles devem ser destacados. A melhor forma de fazer isso apresentando-os
como figuras. Os grficos (que so um tipo de figura) so fundamentais para toda apresentao
onde se pretende mostrar a relao entre valores. Se estiver comparando dois ou mais
tratamentos, os dados num grfico mostram isso de forma mais clara do que numa tabela. Nesse
tipo de comparao, o valor real obtido de menor importncia, sendo mais relevante a relao
entre eles. A concluso ser algo do tipo aumenta, reduz, no altera. Caso o trabalho seja
repetido por outro autor, certamente no produzir os mesmos resultados, mas sim os mesmos
efeitos. Isso o que fica para a cincia, e no os dados absolutos. Numa tabela, a comparao
entre tratamentos exige que o leitor faa algumas contas para saber o quanto aumentou, se foi
maior ou menor.
A escolha pela tabela prevalece quando os valores numricos so fundamentais. Isso
ocorre, por exemplo, em interesses quantitativos. Se quiser mostrar a composio de uma rao,
melhor faz-lo em uma tabela. Se tiver dados que caracterizem uma situao esttica (por ex.,
dados hematolgicos de determinada raa), use tabela. A figura s deve ser usada se estiver
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Anais de Simpsios da 43 Reunio Anual da SBZ Joo Pessoa PB, 2006.
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comparando condies. Evidentemente, a clareza da apresentao o referencial ltimo do autor.
Se a figura estiver visualmente muito poluda (com muitas variveis ou tratamentos), use tabela. O
bom senso deve prevalecer.
Nunca repita o mesmo dado em duas formas de apresentao (figura e tabela; figura e
texto; ou tabela e texto). No texto, voc deve colocar as informaes que no esto contidas em
figuras e tabelas e tambm fazer referncias s figuras e tabelas. No repita no texto os valores
apresentados em figuras e tabelas. Diga, por exemplo, o estresse elevou os nveis de cortisol
plasmtico de forma proporcional intensidade do estressor (figura 1). Observe que os resultados
esto na figura (em representao grfica em escala) e no devem ser repetidos no texto. Com
isso, os textos do item Resultados so geralmente curtos (no se assuste se for apenas um
pargrafo de poucas linhas).
A legenda da figura deve ser feita com muito cuidado para ajudar o leitor na
interpretao do grfico. Ela deve completar a figura de forma a que esta seja entendida
independente da leitura do texto. Pode-se repetir nas legendas algumas informaes j
apresentadas no trabalho, como nmero de rplicas, nome do teste estatstico, nvel de
significncia e definies de siglas.
Apresente sempre valores mdios seguido das respectivas variabilidades (desvio-
padro, quartil etc.); sem isso, os valores mdios perdem a validade: 10 pode ser igual a 20; 15
pode ser diferente de 15,2; tudo depende da variabilidade dos dados. Apenas a estatstica no
suficiente, pois o leitor gosta de avaliar a qualidade de seus dados por meio de anlise da
variabilidade em torno das mdias ou medianas. Ao disponibilizar isso ao leitor, seu trabalho
ganha em confiabilidade.
Na apresentao de dados, atente para usar sempre formas claras e simples. As figuras
e tabelas sero umas das primeiras partes a serem examinadas pelo leitor antes que o artigo seja
lido. Se ele gostar e se interessar pelo que v, ler o artigo. Portanto, mostre principalmente
figuras que evidenciem com clareza resultados e efeitos interessantes.
4.3. Mtodos
Uma forma interessante de estruturar este item seguir a seqncia indicada abaixo.
Nela procuramos conduzir o leitor dos aspectos mais gerais aos mais especficos. Com isso, ele
no ficar desnorteado com informaes especficas para as quais no foi ainda preparado.
Lembre-se que toda informao includa deve ser entendida naquele momento, sem necessitar de
leituras mais frente, ou no mximo na frase seguinte. Por exemplo, se disser No experimento
1..., necessrio que o leitor j tenha sido informado de que o artigo compreende mais de um
experimento.
Inicialmente, caracterize o Organismo de Estudo. Lembre-se que geralmente deve-se
apresentar o nome cientfico da espcie estudada (no caso de animais domsticos isso nem
sempre necessrio). Mas tambm importante caracterizar sua amostra de animais, dizendo de
onde veio, as condies de manuteno antes do incio do estudo, a variedade gentica e
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Anais de Simpsios da 43 Reunio Anual da SBZ Joo Pessoa PB, 2006.
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qualquer outra informao que permita ao leitor saber exatamente quais animais foram usados e
em que condies estavam. Aqui tambm pode ser importante incluir o perodo do ano (no
coloque datas, mas perodos como meses ou estaes do ano). A incluso de coordenadas
geogrficas deve ser restrita para indicar regio de estudo de campo ou distribuio de uma
populao. No inclua coordenadas geogrficas para indicar seu laboratrio: se o estudo em
laboratrio, o local no tem importncia e pressupe-se que se possa produzir as mesmas
concluses em qualquer laboratrio do mundo. No cite o nome de laboratrio ou departamento.
bvio que o estudo foi conduzido em algum lugar de acesso aos autores, mas esse local sem
relevncia cientfica para a fundamentao das concluses.
Apresente a seguir o Delineamento do Estudo. Ele deve conter as variveis
experimentais (caracterizao de cada tratamento, dinmica das variveis dependentes
quantificadas e unidade e nmero de rplicas). Lembre-se que aqui que se deve dizer se um
experimento inteiramente casualizado, se um fatorial 2 x 3 etc. Se for estudo descritivo, mostre
como obteve a amostra a ser examinada. Observe que o tipo de pesquisa (item 2.5) determina,
em linhas gerais, o delineamento. Com as informaes do delineamento, o leitor ter uma boa
noo de qual foi o estudo. At aqui ele foi informado sobre o organismo estudado e a estratgia
de pesquisa. Est, ento, em condies de conhecer os detalhes das tcnicas usadas.
Redija os Procedimentos Especficos. Neste tpico inclua os detalhes de cada
procedimento. Mostre o tamanho dos locais onde os animais ficaram nos tratamentos, a
densidade populacional, como registrou cada varivel do estudo (descreva as tcnicas ou d
referncias da literatura para as tcnicas mais clssicas ou publicadas em ingls em revistas de
ampla divulgao internacional). Se adaptar alguma tcnica j descrita, cite a referncia, mas no
se esquea de dizer, claramente, qual foi a adaptao que fez (por ex., usou 10 min de
centrifugao ao invs dos 15 min descritos na literatura). No detalhe o desnecessrio. Por
exemplo, se mediu temperatura sendo ela uma varivel experimental importante (parte de seu
objetivo), ento inclua marca e preciso do termmetro usado; se refere-se temperatura apenas
para indicar a temperatura do ambiente da pesquisa, no precisa detalhar o equipamento.
Ao final, apresente as Anlises Estatsticas. Se fez transformaes nos dados, inclua
aqui. Se testou a normalidade e homocedasticidade das amostras, coloque os resultados ou a
concluso desses testes. Indique necessariamente os testes estatsticos usados, mesmo que
sejam repetidos no item Resultados. Caso use estatstica que requer teste complementar (por ex.,
Anava), mostre qual teste usou (por ex., Tukey, LSD). Observe que no necessrio dizer o nome
do programa computacional usado (por ex., Estatstica 5.3), pois o teste estatstico o que conta e
no a forma como fez os clculos (poderiam ter sido feitos mo). S informe isso se usou o SAS,
pois isso d mais credibilidade sua anlise que, muito provavelmente, foi feita com
assessoramento de um estatstico. No caso de testes de correlao, a indicao do programa
computacional importante, pois diferentes programas podem partir de diferentes referenciais.
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4.4. Discusso
Esta a parte mais complexa do artigo. aqui que se diferencia o cientista do tcnico.
Ao contrrio do que se v em muitas revistas brasileiras, a Discusso no o local de se dizer
tudo da literatura e se repetir os dados obtidos. A Discusso envolve uma argumentao lgica
complexa, mas que iremos dissecar e mostrar suas principais partes para facilitar o entendimento.
Inicie com um pargrafo mostrando as principais concluses que obteve no estudo. No
precisa justific-las, pois isso ser feito mais frente. Apenas apresente-as. Por exemplo: Neste
estudo vimos que a colorao ambiental azul previne a clssica resposta de elevao do cortisol
frente a estresse na tilpia-do-Nilo. Note tambm que cada concluso deve ser escrita no tempo
presente, pois se refere populao e no amostra estudada. O raciocnio assim: estudamos
uma amostra de organismos que apresentou certas respostas, as quais inferimos para a
populao. Concluir no passado o mesmo que concluir para a amostra e, em muitos casos, a
amostra j nem existe mais.
Valide seu estudo, mostrando que a metodologia foi adequada. Aqui no basta mostrar
que usou a metodologia correta; necessrio mostrar que ela foi usada corretamente. Para isso,
comparar seus dados (principalmente das condies controle) com os da literatura pode ser
importante. Validado isso, agora podemos confiar nos dados (a Metodologia est correta e os
Resultados so satisfatrios). Comece, ento, a apresentar suas argumentaes para convencer o
leitor sobre a validade de suas concluses. Use argumentaes lgicas e tambm respaldos da
literatura.
Evite a Discusso fofoca, que aquela que se restringe a dizer os valores que obteve
e compar-los com os de outros autores. Por exemplo: o pH obtido foi de 7,3; fulano obteve
valores de 7,0, sicrano de 6,9 e beltrano de 7,4. Isso, se no for claramente organizado numa
estrutura argumentativa lgica, de nada adianta.
Evite tambm Discusso que s mostra que seu trabalho pouco original, como ao
dizer que seus dados indicam determinado fenmeno, como mostrado por fulano (2000), sicrano
(1995) e beltrano (1990). Se eles j mostraram isso, por que repetiu? Qual a novidade de seu
estudo? Enfatize sua novidade, da mesma forma como fez na Introduo. Ao final, d um fecho no
trabalho, mostrando novamente, mas com outra retrica, as concluses gerais da pesquisa.
Uma estrutura interessante para cada pargrafo da Discusso : a) apresentar a
essncia do que ser quer dizer naquele pargrafo (a concluso dele); fundamentar com seus
resultados; c) apresentar o suporte da literatura. Caso haja controvrsia da literatura, apresente-a
necessariamente e tente explicar porque a controvrsia existe (geralmente a justificativa est
ligada a algum aspecto da metodologia).
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4.5. Introduo
A Introduo deve conduzir o leitor ao objetivo do trabalho. O objetivo contempla um dos
trs tipos de pesquisa (vide 2.5), podendo ser agrupado em duas formas: a) descrio de alguma
coisa; ou b) teste de alguma hiptese (correlao ou causa-e-efeito).
Como a pesquisa geralmente comea a partir de um problema, voc tambm pode
comear a sua Introduo mostrando qual esse problema. Ento, justifique ao leitor porque
pretende testar exatamente determinado objetivo. Lembre-se que uma problemtica de pesquisa
pode instigar vrios objetivos, mas num artigo voc geralmente avalia um deles. Mostre ao leitor
porque escolheu esse objetivo.
Uma falha freqente nos artigos em peridicos brasileiros que a Introduo no
justifica o objetivo. O autor fornece uma srie de informaes ligadas espcie em estudo (por
ex., ocorrncia, distribuio, importncia econmica, outros estudos feitos etc.), mas no
fundamenta e nem justifica todos os elementos do objetivo. Parte desse equvoco vem de
instituies de fomento que adotam estruturas de projeto com erros conceituais. Por exemplo,
solicitar que o projeto tenha Introduo e Justificativa, colocados em itens separados, mostra (e
perpetua) um erro conceitual sobre o contedo de uma Introduo. Da mesma forma, exigir que
toda pesquisa apresente uma hiptese leva os autores a elaborarem hipteses medocres nos
estudos descritivos, sem hiptese (vide item 2.5). Vamos analisar a seguir como fazer uma
fundamentao adequada.
Seja qual for o objetivo de sua pesquisa, fundamental que voc ressalte na Introduo
a novidade dele. Negligncia a este aspecto pode levar seu artigo a ser negado num peridico de
boa qualidade. Lembre-se que uma das primeiras questes que os assessores (referees) devem
respondem ao editor sobre a novidade do estudo. Trabalhos corretamente desenvolvidos, mas
que no mostrem novidades, no so publicados em revistas de alto impacto.
Abaixo resumimos o que deve ser fundamentado na Introduo, considerando o tipo de
pesquisa (adaptado de Volpato, 2003, 2004, 2006b).
Tipo 1: Pesquisa Descritiva (ex. descrever X)
a) mostre a importncia de se descrever o que se pretende (X = estrutura, comportamento, regio
etc.), caso isso seja a novidade.
b) mostre a importncia da forma (metodologia) como far essa descrio, caso isso seja a
novidade (por ex., usar microscopia de varredura, enquanto s existem relados de
microscopia ptica).
c) Mostre a importncia da condio em que ocorre a descrio, caso isso seja a novidade (por
ex., em animais pequenos, ou adultos, ou de uma determinada regio pouco investigada, ou
de uma variedade nova etc.).
Observe que apenas um dos itens acima pode ser suficiente para uma boa
fundamentao. Tudo depender de aspectos especficos de seu objetivo.
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Anais de Simpsios da 43 Reunio Anual da SBZ Joo Pessoa PB, 2006.
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Tipo 2: Pesquisa com hiptese de correlao (ex., A se correlaciona com B)
a) Mostre a relevncia de se estudar essas variveis (A e B).
b) Demonstre claramente porque vlido supor que A e B se correlacionam.
Observe que neste tipo de pesquisa o segundo requisito (b) deve necessariamente ser
justificado.
Tipo 3: Pesquisa com hiptese de causa-e-efeito (ex., A causa B)
a) Demonstre a validade de se investigar A ou B, ou ambos.
b) Mostre cabalmente porque espera que A afete B.
c) Se sua hiptese pressupe apenas que A afeta B, ento no precisa justificar detalhes do
efeito. Mas, se supe que A estimula ou suprime B, justifique tambm porque espera esse efeito
(estimulao ou supresso), ou outro qualquer.
Independente do tipo de pesquisa, aps justificar a validade de teste de sua hiptese a
partir de sua estrutura lgica, mostre ao leitor a importncia terica ou econmica de seu estudo.
Outro aspecto a considerar a seqncia com que as informaes devem aparecer. A
forma tradicional comear com os aspectos gerais e conduzir o discurso que culminar com o
objetivo do trabalho. Depois disso, pode-se apresentar a importncia do estudo. Mas isso no
precisa ser necessariamente assim. O objetivo pode aparecer na primeira frase da Introduo,
com as justificativas apresentadas posteriormente. Ele pode aparecer no meio da Introduo, com
parte da justificativa antes e parte depois.
Observe ainda que nos objetivos que colocamos acima no fizemos referncia ao
animal em estudo. Esse um elemento que pode ser importante, ou no. Se seu estudo for sobre
gentica clssica, usando a Drosophila malanogaster como modelo experimental, provavelmente
no precisar incluir justificativas sobre a espcie escolhida. Mas em alguns outros casos pode ser
importante justificar a espcie estudada. Faa isso, mas sem quebrar a seqncia de raciocnio da
justificativa dos elementos lgicos do objetivo. Por exemplo, pode justificar a espcie depois de
apresentar o objetivo do estudo, ou mesmo no incio da Introduo, se ela tiver um papel de
destaque na pesquisa. Mas lembre-se que justificar a espcie usada no implica,
necessariamente, em descrev-la detalhadamente, incluindo distribuio geogrfica e outras
perfumarias comuns em Introdues de teses e revistas de baixo escalo. Diga apenas porque
ela a espcie adequada para seu estudo.
Um erro comum nas Introdues que os autores apresentam uma breve reviso da
literatura. Isso raramente necessrio, exceto nos casos em que mostrar essa reviso o
elemento fundamental para validar o objetivo do estudo. Em geral, esse erro pode ser caricaturado
da seguinte forma: no objetivo o autor testar se A aumenta B. Na Introduo ele cita vrios
trabalhos que estudaram A; depois vrios estudos que investigaram B; em seguida diz o objetivo.
bvio que a essncia do objetivo (ao da A sobre B) no foi justificada.
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4.6. Referncias
Reduza ao mnimo necessrio. Excesso de referncias no deixa seu trabalho melhor,
mas uma das causas de recusa de artigos de brasileiros no exterior (W.C. Valenti, citado em
Volpato, 2003, 2004). Lembre-se que as referncias so as provas para as informaes que
usou na sustentao de seu trabalho. Portanto, o leitor deve ter livre acesso a essas provas.
Como conseqncia, se elas forem em idioma restrito (ex., portugus) ou estiverem em peridicos
de difcil acesso, no sero provas vlidas. Aqui inclumos as revistas de baixo escalo, os
boletins tcnicos restritos, as teses e dissertaes e os livros nacionais.
No cite literatura que no tenha passado pelo crivo de um sistema de peer review
(reviso por pares) (vide Volpato, 2005). Nesta restrio esto os resumos em congresso
(inclusive os resumos expandidos) e os artigos publicados na ntegra em anais de congresso. Por
no terem sido analisados por assessoria cientfica annima, podem conter erros. Eles so
apenas o que o autor acha que est correto. No caso dos resumos em congresso, a restrio
tambm decorre de no fornecerem todos os elementos necessrios para que os leitores possam
avaliar se aceitam ou no as concluses (vide item 2.6). Por isso, esses resumos so
considerados apenas uma carta de intenes (Volpato, 2004).
No caso dos resumos expandidos, a restrio a mesma. No uma publicao
cientfica vlida, pois no passou por crivo de peer review, como ocorre nos artigos regulares. H
congressos internacionais que apresentam no texto do resumo expandido a seguinte informao:
EXPANDED ABSTRACT ONLY: DO NOT CITE. E no Brasil alguns cientistas querem que
valham como Full Papers ou Short Communications. Lembre-se que uma Short Communication
to vlida quanto um Full Paper, pois passam pelo mesmo crivo de peer review. A diferena que
a Short Communication mais curta (at 4 a 5 pginas impressas e no mais que duas figuras, ou
duas tabelas, ou ainda uma figura e uma tabela), mas deve ter um assunto muito interessante, que
justifique essa publicao mais rpida. Portanto, muitas vezes pode ser mais difcil publicar uma
Short Communication do que um Full Paper.
As comunicaes pessoais devem ser evitadas. Elas no representam mais do que o
argumento da autoridade. Como vimos, a validade do conhecimento cientfico decorre do
embasamento emprico (resultados) que validado pela metodologia. Se, de tudo, for inevitvel
uma citao desse tipo, coloque o sobrenome com as iniciais do autor, e tambm o local de sua
instituio, para que possa ser localizado pelo leitor mais crtico.
4.7. Ttulo
O Ttulo geralmente a primeira parte de contato entre o leitor e o texto. Se no causar
interesse, o texto todo ser esquecido. Veja, por exemplo, a importncia dos ttulos dos painis
num congresso de mdio a grande porte. Reconhecendo esse fato, h revistas internacionais que
pedem que os autores proponham trs ttulos para o trabalho, mas alertam que os editores
podero sugerir um quarto ttulo.
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O Ttulo deve ser centrado no objetivo do estudo ou na principal concluso. No h
necessidade de transformar o texto num enigma de Sherlock Holmes, nem numa novela global. Se
a novidade de seu estudo for a concluso, expresse-a claramente no Ttulo. O leitor se interessar
em ler o texto para saber como chegou a ela e se pode, de fato, aceit-la (a simples publicao
no garante isso, mesmo em bons peridicos). Se o objetivo for mais interessante, ou tiver chance
de atrair mais leitores, use-o para direcionar o Ttulo.
H trs caractersticas de um bom Ttulo:
1. Curto. Quo curto? Nem mais nem menos que o menor possvel. Evite palavras vazias,
como Estudo sobre..., Aspectos da..., Observaes sobre..., entre outras. Voc no
precisa necessariamente incluir o nome cientfico da espcie. E no h problema algum
em dizer Efeito de ..., pois efeito exatamente a essncia de um objetivo que testa
hiptese de causa-e-efeito.
2. Fiel. No use Ttulos enganadores, como a maioria dos que vemos em jornais e revistas
sensacionalistas. No diga mais, e nem menos, do que o seu artigo possui.
3. Compreensvel. Evite palavras muito especficas. Embora essas palavras encurtem oTtulo, elas reduzem muito o nmero de leitores potenciais que entendero o assunto.
Evite jarges de rea, pois eles tambm reduzem o nmero de leitores.
4. Terico. Limite-se a incluir as variveis tericas e no as operacionais. Exemplos de
variveis tericas (e as respectivas operacionais) so: estresse (nveis plasmticos de
cortisol), metabolismo (consumo de oxignio), crescimento (peso corporal), acidez (pH),
sobrevivncia (nmero de indivduos vivos) etc. As variveis operacionais so as que voc
mede diretamente e as tericas as que voc infere a partir dessas medidas (Volpato,
2004).
4.8. Autoria
A presso por publicao tem estimulado aqueles que no conseguem publicar a
conseguirem resolver a questo de forma desonesta. A crescente importncia das pesquisas em
grupo tem camuflado esse desvio de autorias esprias (quando se coloca como autor algum que
no , de fato, autor do trabalho). A esse respeito, no deixe de ler o excelente artigo de Maddox
(1994). Resumindo o que se tem de novo e consistente sobre critrios de autoria, temos que para
ser autor de um trabalho o indivduo deve atender aos quatro quesitos abaixo (ausncia em um
deles j o desqualifica) (vide Volpato, 2003, 2004).
a) participar da histria do trabalho.
b) ajudar a construir o objetivo ou a estratgia da pesquisa ou as concluses biolgicas.
c) concordar com as concluses estatsticas e biolgicas do trabalho.
d) estar apto a defender a essncia do trabalho perante a comunidade cientfica.
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Qualquer outra participao que no atenda a esses quatro itens, ou que atenda a
apenas parte deles, deve constar apenas como agradecimento pela colaborao, mas no
envolve autoria.
5. REFERNCIAS
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GIBBS, W.W. Lost science in the third world. Scientific American, v.273, n.2, p.76-83, 1995.
MADDOX, J. Making publication more respectable. Nature, v.369, p.353, 1994.
MAGNUSSON, W.E. How to write backwards. Bulletin of Ecological Society of America, v.77,n.2, p.15, 1996.
ROCHE, M.; FREITAS, Y. Produccin y flujo de informacin cientfica em um pas perifricoamericano (Venezuela). Intercincia, v.7, p. 287, 1982.
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