2008-08-14 04 Lingua Falada e Lingua Escrita

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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I Aula 4: LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA A língua falada mantém uma profunda vinculação com as situações em que é usada. A comunicação oral normalmente se desenvolve em situações em que o contato entre os interlocutores é direto: na maioria dos casos, eles estão em presença um do outro, num lugar e momento que, por isso, são claramente conhecidos. Dessa forma, quando conversam sobre determinado assunto, elaboram mensagens marcadas por fatos da língua falada. O vocabulário utilizado é fortemente alusivo: o uso de pronomes como eu, você estio, isso, aquilo ou de advérbios como aqui, cá, já, agora, lá possibilita indicar os seres e fatos envolvidos na mensagem sem nomeá-los explicitamente. Note que palavras desse tipo causam problemas de compreensão se não tivermos como detectar a que se referem. Na língua escrita, a elaboração da mensagem requer uma linguagem menos alusiva. O uso de pronomes e certos advérbios, eficientes e suficientes na língua falada, obedece a outros critérios, pois essas palavras passam principalmente a relacionar partes do texto entre si e não mais a designar dados da realidade exterior. Em seu lugar, vemo-nos obrigados a utilizar formas de referência mais precisas, como substantivos e adjetivos, capazes de nomear e caracterizar os seres. A língua escrita, assim, demanda um esforço maior de precisão: devem-se indicar datas, descrever lugares e objetos, bem como identificar claramente os interlocutores no caso de representação de diálogos. Toda essa elaboração gera textos cuja compreensão não depende do lugar e do tempo em que são produzidos ou lidos: como a língua escrita busca ser suficiente para si mesma, redator e leitor não precisam mais da proximidade física para que a mensagem se transmita satisfatoriamente. Não pense, entretanto, que qualquer uma dessas duas formas de língua é melhor ou pior do que a outra: são apenas diferentes, cada uma delas apropriada a uma determinada forma de comunicação. O uso de algumas estruturas gramaticais é bastante diferente nos dois códigos. Enquanto a língua falada utiliza exclamações e onomatopéias e produz frases muitas vezes inacabadas ou com rupturas de construção, a língua escrita desenvolve frases mais logicamente construídas, evitando a repetição de termos, comum durante a fala. Além disso, certos tempos verbais (como o pretérito mais-que-perfeito simples: cantara, bebera e sentira, por exemplo) e certas construções (com o pronome relativo cujo, por exemplo) são praticamente exclusivos da língua escrita. Fala Escrita Contextualizada Redundante Não-planejada (porque é interacional) Fragmentada Presença de hesitações, truncamentos, reformulações Predominância de frases curtas, coordenadas Descontextualizada Condensada Planejada (porque não há interlocutor direto presente) Não-fragmentada (porque pode ser reescrita antes de chegar ao leitor definitivo) Predominância de frases complexas, subordinadas EXERCÍCIOS 1. Leia o trecho de uma carta de amor escrita pelo poeta Olavo Bilac: Excelentíssima Senhora. Creio que esta carta não poderá absolutamente surpreendê-la. Deve ser esperada. Por V. Excia. Compreendeu com certeza que, depois de tanta súplica desprezada sem piedade eu não podia continuar a sofrer o seu desprezo. Dizem que V. Excia. Me ama. Dizem, porque da boca de V. Excia. Nunca me foi dado ouvir essa declaração. Como, porém, se compreende que, amando-me V. Excia., nunca tivesse para mim a menor palavra afetuosa, o mais insignificante carinho, o mais simples olhar comovido? Inúmeras vezes lhe pedi humildemente uma palavra de consolo. Nunca a obtive, porque V. Excia. Ou ficava calada ou me respondia com uma ironia cruel. Não posso compreendê-la: perdi toda a esperança de ser amado. Separemo-nos. [...]

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I

Aula 4: LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA

LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA

A língua falada mantém uma profunda vinculação com as situações em que é usada. A

comunicação oral normalmente se desenvolve em situações em que o contato entre os interlocutores é direto: na maioria dos casos, eles estão em presença um do outro, num lugar e momento que, por isso, são claramente conhecidos. Dessa forma, quando conversam sobre determinado assunto, elaboram mensagens marcadas por fatos da língua falada. O vocabulário utilizado é fortemente alusivo: o uso de pronomes como eu, você estio, isso, aquilo ou de advérbios como aqui, cá, já, agora, lá possibilita indicar os seres e fatos envolvidos na mensagem sem nomeá-los explicitamente. Note que palavras desse tipo causam problemas de compreensão se não tivermos como detectar a que se referem.

Na língua escrita, a elaboração da mensagem requer uma linguagem menos alusiva. O uso de

pronomes e certos advérbios, eficientes e suficientes na língua falada, obedece a outros critérios, pois essas palavras passam principalmente a relacionar partes do texto entre si e não mais a designar dados da realidade exterior. Em seu lugar, vemo-nos obrigados a utilizar formas de referência mais precisas, como substantivos e adjetivos, capazes de nomear e caracterizar os seres. A língua escrita, assim, demanda um esforço maior de precisão: devem-se indicar datas, descrever lugares e objetos, bem como identificar claramente os interlocutores no caso de representação de diálogos. Toda essa elaboração gera textos cuja compreensão não depende do lugar e do tempo em que são produzidos ou lidos: como a língua escrita busca ser suficiente para si mesma, redator e leitor não precisam mais da proximidade física para que a mensagem se transmita satisfatoriamente.

Não pense, entretanto, que qualquer uma dessas duas formas de língua é melhor ou pior do que a outra: são apenas diferentes, cada uma delas apropriada a uma determinada forma de comunicação.

O uso de algumas estruturas gramaticais é bastante diferente nos dois códigos. Enquanto a língua falada

utiliza exclamações e onomatopéias e produz frases muitas vezes inacabadas ou com rupturas de construção, a língua escrita desenvolve frases mais logicamente construídas, evitando a repetição de termos, comum durante a fala. Além disso, certos tempos verbais (como o pretérito mais-que-perfeito simples: cantara, bebera e sentira, por exemplo) e certas construções (com o pronome relativo cujo, por exemplo) são praticamente exclusivos da língua escrita.

Fala Escrita

Contextualizada Redundante Não-planejada (porque é interacional) Fragmentada Presença de hesitações, truncamentos, reformulações Predominância de frases curtas, coordenadas

Descontextualizada Condensada Planejada (porque não há interlocutor direto presente) Não-fragmentada (porque pode ser reescrita antes de chegar ao leitor definitivo) Predominância de frases complexas, subordinadas

EXERCÍCIOS 1. Leia o trecho de uma carta de amor escrita pelo poeta Olavo Bilac:

Excelentíssima Senhora. Creio que esta carta não poderá absolutamente surpreendê-la. Deve

ser esperada. Por V. Excia. Compreendeu com certeza que, depois de tanta súplica desprezada sem piedade eu não podia continuar a sofrer o seu desprezo. Dizem que V. Excia. Me ama. Dizem, porque da boca de V. Excia. Nunca me foi dado ouvir essa declaração. Como, porém, se compreende que, amando-me V. Excia., nunca tivesse para mim a menor palavra afetuosa, o mais insignificante carinho, o mais simples olhar comovido? Inúmeras vezes lhe pedi humildemente uma palavra de consolo. Nunca a obtive, porque V. Excia. Ou ficava calada ou me respondia com uma ironia cruel. Não posso compreendê-la: perdi toda a esperança de ser amado. Separemo-nos. [...]

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A. Caracterize a variedade lingüística e o grau de formalismo empregados pelo autor do texto. B. Olavo Bilac viveu no final do século XIX e início do século XX. O texto é um bom exemplo de

como as declarações amorosas eram feitas na época, nesse tipo de variedade lingüística. Colocando-se no lugar do poeta, reescreva o texto, mantendo o conteúdo mas empregando uma variedade lingüística que seria comum entre dois jovens nos dias de hoje. Ao concluir o texto, leia-o para a classe.

Exercícios de fixação Texto 1

Por que não dancei

Como é gostoso um chuveiro. O chuveiro vai limpando a gente por dentro e por fora. Nunca tive um chuveiro. Nunca tive uma cama e uma casa de verdade. Agora, sim, tenho o meu chuveiro, tenho a minha cama, tenho a minha casa.

O prazer do chuveiro vem à minha cabeça hoje, 14 de março, uma terça-feira, ano 2000. São dez horas. Faz muito sol. Os meninos estão se divertindo no chafariz da Praça da Sé. Dos oito aos 15 anos, eu também pulava nessas águas, e o chafariz era a minha felicidade. Mas o tempo passou. Hoje estou com 21 anos e não tomo mais banho na praça. Isso é coisa do passado. Agora, felicidade mesmo é estar na minha casa e ter uma cama para dormir

[...] Nesse tempo, dos banhos gelados da Sé aos banhos do meu chuveiro, quase dancei, quase

morri. Fui até o fundo. Roubei, fumei crack, fumei muito crack, trafiquei, fui presa, apanhei pra caramba. Diziam que eu não tinha jeito, estava perdida. Eu mesma achava que não tinha jeito. Quase todos os meus amigos daquela época do chafariz estão mortos, presos, loucos ou doentes. Gente que andavam comigo, fumava comigo ou roubavam comigo. Por que não morri? Por que não pirei?

Não sabia por que eu queria escrever um livro sobre minha vida. Só no final descobri. Era pra rever meu passado, conversar com as pessoas que me conheceram e conversar comigo mesma, pra entender por que não dancei [...]

Só pude entender quando voltei ao comecinho, muito do começo, até onde consigo me lembrar. Fui refazendo minha história, juntando os pedacinhos, pra ver se encontrava a resposta. Pra encontrar meu passado, descobri que tinha também que perdoar, perdoar o que fiz e perdoar o que fizeram comigo. [...]

Esmeralda Ortiz. Por que não dancei. São Paulo. Senac; Ática, 2000. (Fragmento).

Texto 2:

O enfermeiro

[...] Chegando à vila, tive más notícias do coronel. Era homem insuportável, estúrdio, exigente, ninguém o aturava, nem os próprios amigos. Gastava mais enfermeiros que remédios. A dous deles quebrou a cara. Respondi que não tinha medo de gente sã, menos ainda de doentes; e depois de entender-me com o vigário, que me confirmou as notícias recebidas, e me recomendou mansidão e caridade, segui para a residência do coronel.

Achei-o na varanda da casa estirado numa cadeira, bufando muito. Não me recebeu mal. Começou por não dizer nada; pôs em mim dous olhos de gato que observa; depois, uma espécie de riso maligno alumiou-lhe as feições, que eram duras. Afinal, disse-me que nenhum dos enfermeiros que tivera, prestava para nada, dormiam muito, eram respondões e andavam ao faro das escravas; dous eram até gatunos! [...]

Machado de Assis. Contos consagrados. Rio de Janeiro. Ediouro, 2002. (Coleção Super Prestígio) (Fragmento)

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Você observou que o texto 1 apresenta linguagem informal e coloquial, e o texto 2, linguagem formal.

1. O texto 1 é autobiográfico, o depoimento de uma jovem que vivia nas ruas de São Paulo. Explique a relação do título do texto com a vida dessa narradora-personagem. 2. Identifique traços da linguagem informal usada pela narradora. - Por que o texto apresenta esse tipo de linguagem?

3. O texto 2 é também uma narrativa, mas apresenta linguagem formal. O narrador-personagem, que se emprega como enfermeiro de um velho intransigente, conta o primeiro contato com seu cliente. Dê exemplos dessa formalidade da linguagem.

- Por que foi empregada a linguagem formal?

4. Em relação aos dois textos, responda: em que pessoa se desenvolvem as histórias e quais são os tempos verbais empregados? LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL

A linguagem pode ser mais ou menos formal dependendo da situação comunicativa e do grau de intimidade entre os interlocutores.

A linguagem formal é usada em situações formais, seja por escrito (correspondência entre empresas, artigos de certos jornais e revistas, textos científicos, livros didáticos), seja oralmente (conferência, discurso, reunião de negócios). Geralmente é empregada quando alguém se dirige a um interlocutor com quem não tem proximidade: ao fazer uma solicitação a uma autoridade ou comparecer a uma entrevista de emprego, por exemplo. Além de seguir a variedade padrão, a linguagem informal tem como características marcantes a polidez e a seleção cuidadosa das palavras.

Empregada em situações informais, como correspondência entre amigos e familiares, a linguagem informal pressupõe certo grau de intimidade com o interlocutor. Apresenta uma estrutura mais solta, com construções mais simples; podem-se empregar abreviações, diminutivos, gírias e, às vezes, construções sintáticas que não seguem a variedade padrão. É importante lembrar que usar essa linguagem não significa que o emissor não saiba se comunicar de outra forma quando necessário. A linguagem informal é mais comumente utilizada na fala do que na escrita; no entanto, há escritos em que ela se faz necessária- por exemplo, um bilhete para uma situação do dia-a-dia.

A linguagem formal é usada em situações formais, e sua estrutura obedece às regras da variedade padrão.

A linguagem informal é usada em situações informais, e sua estrutura permite o uso de gírias, diminutivos e expressões que não fazem parte da variedade padrão.

MAIS EXERCÍCIOS

Partindo da leitura dos textos abaixo, procure refletir tendo como base o conceito de registro

(estilos) e as múltiplas formas de contextualização da língua. TEXTO 1: O burocrata (Leó Montenegro) Robelério, o burocrata, caminhava pela Cinelândia, quando ouviu o grito: - É o bicho! Quem se meter a besta de reagir vai levar com uma bala na idéia! Robelério levantou o dedo para falar. - Perdão, mas os senhores não nos comunicaram por memorando que iriam assaltar hoje. O chefe do bando falava e gesticulava com a arma:

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- Tá pensando que nós temos tempo pra palhaçada? Passe logo a grana, senão vai levar um pombo sem assas nos cornos! Robelério não perdeu a pose: - É exatamente sobre isso que eu estava falando. Se tivesse sido comunicado do assalto, estaria com dinheiro em caixa para atender os senhores. Outrossim, informo que os senhores deveriam usar um crachá para que possam ser reconhecidos como assaltantes. Uma velhinha para o Robelério: - Ih, moço, pára de falar difícil com eles, porque vai acabar dando um nó na idéia deles e vai ser tiro pra todo lado. Robelério para a velhinha: - Em resposta a vossa solicitação, informo que não poderei adotar tais providências, vez que, como se observa, o assalto está desorganizado e fora de seus padrões normais. Um dos bandidos, para o chefe: - Esse cara é maluco. Acho melhor não atirar nele, por causa de que é proibido bater e atirar em maluco. O chefe nem estava aí: - Maluco ou não, se ele não parar com essa frescura, eu aperto o gatilho. Robelério era um pentelho: - A propósito, vossa senhoria tem nota fiscal dessa arma? Se não tem, fique sabendo que está infringindo a Lei 38 do Código de Defesa do Consumidor. Isso representa dizer que sua empresa de assaltos está sujeita a uma multa de 400 UFIR’s. O chefe do bando desandou a dar pulinhos: - Vai multar a mãe! Isto é um assalto, não entendeu? Robelério: - Desconheço a ação por absoluta falta de comunicação, por memorando de que ela seria desenvolvida. Parou aí, porque o bandido deu-lhe um tiro no braço e se mandou com a quadrilha. Mas o pior foi quando a ambulância chegou. Robelério não queria ir para o hospital de jeito nenhum: - Sem um memorando avisando ao estabelecimento hospitalar sobre a mina chegada, nada feito. Foi levado à força.

PERGUNTA-SE: Como se processa o humor no texto em questão? Comente.

Texto 2: CHOPIS CENTIS

Eu “di” um beijo nela E chamei pra passear. A gente fomos no shopping Pra “mode” a gente lanchar. Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim. Até que “tava” gostoso, mas prefiro Aipim. Quanta gente, Quanta alegria, A minha felicidade é um crediário nas Casas Bahia.

Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho. Pra levar a namorada e dar uns “rolezinho”, Quando eu estou no trabalho, Não vejo a hora de descer dos andaime. Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger E também o Van Damme. (Dinho e Júlio Rasec, encarte CD dos Mamonas Assassinas, 1995)

1. Nessa música, o grupo intencionalmente explora uma variante lingüística. Para isso, cria uma personagem que teria determinadas características de fala.

a) No primeiro verso (linha) da canção, foi empregado “di”, em lugar de dei. Esse erro é muito comum entre crianças que estão aprendendo a falar, porque há vários outros verbos na língua com som parecido. Cite dois outros casos de verbos que terminam em i quando queremos indicar um fato passado.

b) No terceiro verso, temos uma construção que está em desacordo com a norma culta. Identifique-a e reescreva-a em língua padrão.

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2. Pouco sabemos sobre a pessoa que fala nessa música, mas, por algumas pistas do texto, podemos imaginar. Qual deve ser:

a) grau de escolaridade dela? b) a profissão? c) A classe social a que ela pertence? d) Os filmes a que normalmente ela assiste?

PROPOSTAS DE EXERCÍCIO

1- Transforme os enunciados abaixo de modo a adequá-los à norma culta: a- Cara, pintou um lance legal...

b- Tá afim de encara essa parada ?

c- É ruim, hein!

d- A gente fala e neguinho não saca nada...

e- Salta fora! Vê se larga do meu pé!

f- Me amarrei de montão naquela paradinha que rolou na festa.

g- “Os nomes das frutas realmente não guardei porque são nomes muito, que tem assim uma

influência muito indígena, né? O Norte, principalmente no Amazonas e no Pará a influência indígena

sobre a alimentação é muito grande. O Amazonas é impressionante o número de frutas, e frutas

assim tudo duro, tipo assim cajá-manga.”

2- (UFRJ 2004) “Minha impressão é que a cultura popular já ganhou a parada...Há 30 ou 40 anos, quando a gente discutia sobre música popular brasileira, sobre os novos baianos velhos, sobre a questão da técnica, a bossa nova, dizia-se que a cultura de massa ai invadir e tomar conta de tudo. Agora, não apenas os baiano, mas outros, inclusive os ‘rapistas’, se impusera, independentemente da cultura de massas, e estão tendo a revanche, num movimento de baixo para cima...”

Milton Santos, Território e sociedade. Nesse trecho de entrevista, Milton Santos faz uso de uma linguagem coloquial. Com base nos dois primeiros períodos do texto, retire dois exemplos que comprovem a afirmação acima. Justifique sua resposta.

TEXTO AUXILIAR RUI BARBOSA E O LADRÃO

Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:

- Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos meus bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se isso fazes por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha metafórica bengala bem no alto do teu obtuso cocuruto, e o farei com tal ímpeto que reduzirei a tua massa encefálica à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.E o ladrão, confuso, diz:

- Dotô, eu levo o deixo os pato?