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Notícias Limousine Revista destinada a todos os bovinicultores interessados na raça Limousine

FICHA TÉCNICAEdição: Nº 17 , 2 de Maio de 2008Propriedade: Associação Portuguesa de Criadores da Raça BovinaLimousineDirector: Engº Jaime BentoPublicidade e MarKeting: Engª Fátima VeríssimoSecretariado: Gabriela SoaresTextos: Engº António Correia; Engª Fátima Veríssimo; Engº JaimeBento; Dr Rui Silva.Colaboração Especial: Prof. Carlos Roquete (Universidade de Évora-Departamento de Zootecnia); Prof. Amadeu Borges de Freitas(Universidade de Évora - Departamento de Zootecnia); Prof. RicardoMurteira de Carvalho Freixial (Universidade de Évora- Departamentode Fitotecnia); Drª. Liliana Mendonça da Silva e Dr. Miguel Matos(PFIZER Saúde animal); Drª. Sandra Mealha (Serviço

Desenvolvimento Agrário de Flores e Corvo); Engº. Alexandre Duarte(PROVIMI); Engº. Jerónimo Pinto (Companhia das Lezírias, SA); Engº.Manuel Silveira e Engª. Joana Espírito Santo (RURALBIT); Engº. LuísGameiro (AGROVETE); Pedro Gorjão (IMPECTA); Dr. Ricardo Dias;Prof. Cannas da Silva e Dr. André Preto (INTERVET/SCHERING-PLOUGH); Engº. Francisco Carolino (FEPABO); Engº. Castro e Brito(ACOS)Concepção gráfica: Mira D'acerto - artes gráficasTel.: 283320120 /fax: 283320129Tiragem: 3500 exemplaresPeriodicidade: AnualRegisto: isento de registo ao abrigo da alínea a) do artigo 12º doDecreto Regulamentar nº 8/99de 9 de Junho.

Interdita a reprodução mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sobquaisquer meios e quaisquer fins, inclusive comerciais.

S U M Á R I O2008

EDITORIAL

EM FOCO• III Dia aberto• Avaliação genética• Raça Limousine em alta• III Congresso Regional da Carne dos Açores

CURIOSIDADES• Chocalhos… Arte e Tradição

DIVULGAÇÃO• Uma visão do sector Bovino Nacional

Entrevista com Engº Francisco Carolino• Novos desafios da Produção Animal• Evolução da produção Bovina na Europa• Produção de Bovinos na Ilha do Corvo

MANEIO• Eficiência - Palavra Chave em Sistemas de

Produção de Bovinos de Carne• Gestão da Informação em Produção Animal - um

auxílio à tomada de decisão• Pés na terra e olhos no futuro• Stress animal e qualidade da carne

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO• Oligoelementos - a importância destes minerais

na produção animal • Sistema de Alimentação UNIFEED: rações

completas

• Timpanismo - a doença metabólica que mais afecta a engorda intensiva de novilhos

SANIDADE ANIMAL• O Impacto do BVDV na fertilidade e as suas

repercussões económicas• Língua Azul• O Vitelo recém-nascido

PASTAGENS E FORRAGENS• A Sementeira directa na instalação e

melhoramento de pastagens

GENÉTICA E MELHORAMENTO• Touros divulgados por Inseminação Artificial

REPRODUÇÃO• Freemartinismo - Um problema das gestações

gemelares

HERD-BOOK• Controlo de Performances - Campanha de 2006

FEIRAS, EXPOSIÇÕES E CONCURSOS• FIAPE 2007• SANTIAGRO 2007• FNA 2007• FACECO 2007• FERPOR 2007• OVIBEJA 2007• 25 Anos da Ovibeja em análise

Entrevista com Engº Castro e Brito

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ACL - ASSOCIAÇÃO CRIADORES LIMOUSINEAPARTADO 33, 7630-909 ODEMIRA | TEL: 283322674 | FAX: 283322684 | EMAIL: [email protected]

Os itens marcados com * são de preenchimento obrigatório caso contrário a assinatura não será aceite. A ACL compromete-se a não divulgaros dados constantes nesta ficha a outras entidades, sendo os dados usados unicamente para fins de divulgação da revista ou divulgação deoutras informações que a ACL reconheça de similar interesse para os bovinicultores assinantes.

EU ABAIXO ASSINADO DECLARO QUE SOUBOVINICULTOR E ESTOU INTERESSADO EMRECEBER "NOTÍCIAS LIMOUSINE" A PARTIR DONº ANO INCLUSIVÉ.

*de de 200 *

A REVISTA "NOTÍCIAS LIMOUSINE" É EDITADA ANUALMENTE PELAACL, E É DISTRIBUIDA GRATUITAMENTE AOS ASSOCIADOS DAACL. TODOS OS RESTANTES BOVINICULTORES INTERESSADOS EMRECEBER ESTA REVISTA PODERÃO SER ASSINANTES E RECEBE-LAGRATUITAMENTE BASTANDO PARA ISSO QUE NOS DEVOLVAMESTA FICHA DEVIDAMENTE PREENCHIDA.

NOME / EMPRESA AGRÍCOLA*

MORADA*

CÓDIGO POSTAL* LOCALIDADE*

TELEFONE MARCA DE EXPLORAÇÃO* Nº CONTRIBUINTE*

NOTÍCIAS LIMOUSINE FICHA DE ASSINATURA

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e d i t o r i a l

Caro leitor, prezado bovinicultor.

Tem-se notado algum desânimo no sector daprodução de bovinos de carne, tal como provavelmente oSr. Bovinicultor já tem sentido. Esta crise, deve-se aalgumas adversidades sentidas ultimamente,nomeadamente, entre outras, o preço de carcaça que"teima em não querer subir" aliado ao aumento efectivodos custos dos factores de produção. É sem dúvidarelevante, o aumento generalizado dos preços dosconcentrados comerciais, o que se deve por sua vez, aoaumento geral das matérias-primas principalmente doscereais.

Há de facto um incremento do nível de procuramundial de cereais, que associado a uma quebra naprodução dos países maiores produtores ocasiona umaredução das reservas. Isto, potenciado ainda pela entradaem cena do uso dos biocombustíveis como "novocompetidor", ou seja, se uma "fatia" cada vez maior decereais é utilizada na produção de biocombustíveis, éobvio que vai restar menos para utilizar na alimentaçãodos animais e até na alimentação humana, uma vez que aprodução é limitada e não pode ser incrementada de umahora para outra. Assim, pela lei da oferta e da procura,desde o momento que os produtos se rarifiquem sabemosque os preços sobem.

A produção de biocombustiveis é uma tecnologiarecente, podendo estes ter como origem para a sua géneseo bioetanol e o biodisel. O bioetanol é produzido a partirde cereais (-onde o milho "é rei"), cana-de-açúcar oubaterraba, já o biodisel tem por base as oleaginosas(girassol, colza).

Tendo como objectivo maximizar a utilização dosbiocombustiveis, a União Europeia estabeleceu metasapertadas para reconversão, como forma de diminuirrapidamente o grau de dependência do petróleo, quecomo sabem tem atingido ultimamente valores históricos.

Desta forma, dificilmente se conseguirá elevar aprodução de cereais tão rapidamente quanto desejávelpara satisfazer o forte nível de procura ou competição dosbiocombustiveis. Por isso, facilmente depreendemos que ospreços dos cereais não baixarão tão brevemente comogostaríamos.

Sendo certo que os custos com a alimentação

continuarão a ser determinantes para a competitividade dosector, está visto que os estragos em cada exploração debovinos será tanto maior quanto maior for a dependênciadessa exploração da utilização de cereais e/ouconcentrados comerciais na alimentação dos bovinos.Desta forma, há que repensar no maneio alimentar dosnossos bovinos para encontrar formas de minimizar oscustos alimentares. Para isso, podemos pensar porexemplo (consoante a dimensão da exploração), nautilização do sistema UNIFEED como forma de aproveitaroutros subprodutos da indústria alimentar e assim diminuiros custos.

Face a margens de lucro apertadas, tambémqualquer outro factor além da alimentação que perturbe onível de produção esperada tal como infertilidade,infecundidade, fraco aleitamento das vacas, fracopotencial de crescimento, fraca conformação, fracorendimento de carcaça, etc.… poderá fazer a diferençaentre o sucesso e a ruína da exploração de bovinos. Semdúvida que as exigências de mercado são cada vezmaiores, novos desafios se avizinham, só quem estiverpreparado com animais eficientes e com regras de maneioadequadas para maximizar qualitativamente a produção eminimizar os custos, poderá fazer face á concorrênciacada fez mais forte.

Tudo isto, leva-nos a reflectir sobre o futuro dasexplorações existentes e como poderemos "dar a volta porcima" garantindo a vitalidade e desenvolvimento do sector.Sem dúvida que a solução passa como temos vindo areferir, por uma boa gestão dos recursos existentes,maximizando a eficiência seja ela a nível alimentar,reprodutivo ou produtivo. Nesta medida, a raça Limousinevem corresponder na perfeição ás exigências de mercado,pois desde que alimentada convenientemente, a raçaLimousine consegue ser eficiente a todos os níveismaximizando as margens de lucro da sua exploração.

Por isso, Sr. Bovinicultor, se ainda não tem Limousine,de que está á espera? Não perca o comboio invista emreprodutores seleccionados e repense todo o maneiopraticado na sua exploração. Maximize a eficiência,rentabilize a exploração.

Jaime Bento

XVII Concurso Nacional de Jovens Reprodutores1 DE MAIO DE 2008 - FIAPE - ESTREMOZ

Dia do Limousine2 DE MAIO DE 2008 na OVIBEJA

11:00h escolha do melhor "Limousine Prata" em exposição

12:00h desfile de animais15:00h Colóquio sobre a "facilidade de partos e

intervalo de partos da raça Limousine"18:00h Edição oficial do nº 17 da revista

"Notícias Limousine" no stand da ACL no pavilhão da pecuária e visita à exposição fotográfica

SANTIAGRO - Santiago do Cacém, 29 DE MAIOA 1 DE JUNHO DE 2008 - exposição de animais

FNA - SANTARÉM, 7 A 15 DE JUNHO DE 2008 -exposição de animais

XXI Concurso Nacional da Raça Limousine18 A 20 DE JUNHO DE 2008 - FACECO -ODEMIRA

Marque já na sua agenda

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III Dia aberto de campo da ACL

Como já vem sendo hábito a ACL organizaanualmente um dia para reunião e convívio entreos associados, trata-se do Dia Aberto de Campo.Estes dias são sempre importantes pois trocam-seconhecimentos e experiências muitas vezesinteressantes sobre práticas de maneio com futuraaplicação prática nas próprias explorações. Destavez, foram visitadas 3 explorações situadas emArronches no dia 21 de Novembro de 2007.

A primeira exploração visitada foi a HerdadeNave do Grou pertencente a Willem Carp e Allettade Beaufort, os quais já são criadores da raçaLimousine há mais de 18 anos, onde pudemosconstatar que o trabalho familiar pode dar "bonsfrutos", principalmente quando associado a longaexperiência como é o caso destes criadores.Visitámos depois a Herdade da Fragosapertencente a Francisco Corado que apesar de sercriador da raça há vários anos só desde há umano para cá submeteu o seu efectivo ao Controlode Performances obtendo agora os primeirosmachos qualificados Prata e Ouro. Por último, foivisitada a Quinta do Carrefe, pertencente a MHCFSociedade Agropecuária, Lda. onde dada apequena dimensão da quinta, se pensou emapostar na qualidade e não na quantidade.

Após um bom almoço que é sempre bemvindo nestas coisas, aproveitou-se a ocasião paraque os técnicos da ACL distribuíssem algumainformação técnica relativamente ás exploraçõesdos associados, tais como resultados do Controlode Performances executado nas explorações etambém resultados da Avaliação Genética, a qualfoi elaborada pelo Departamento de Genética daEstação Zootécnica Nacional. Sobre estaAvaliação foi também elaborado e distribuído umcatálogo de touros com o apoio da Schering-Plough. Esta empresa esteve também presente noDia Aberto e aproveitou a ocasião para chamar aatenção dos criadores sobre os vários problemasrespiratórios que podem surgir nas exploraçõesbovinas.

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Quinta do Carrefe

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Avaliação genética da Raça LimousineEm resultado da

informação obtida através daexecução sistemática doControlo de Performances emExploração até ao Desmame, épossível estudar e conhecer ovalor genético dos animaisLimousine para cada uma dascaracterísticas avaliadas. Aexecução deste Controlo é daresponsabilidade da ACL, maso estudo e cálculo dos valoresgenéticos está a cargo doDepartamento de Genética daEstação Zootécnica Nacional,o qual tem desenvolvido estetrabalho anualmente desde2004.

Os resultados da AvaliaçãoGenética da Raça BovinaLimousine respeitante ao ano2007 foram divulgados por

ocasião do III dia Aberto daACL. Assim, relativamente ásvacas foram elaboradaslistagens com os valoresgenéticos e entregues aosrespectivos criadores paraconhecimento. Relativamenteaos touros foi elaborado umcatálogo para divulgação dosrespectivos valores. Estecatálogo, está à disposiçãopara consulta e será facultadopela ACL a quem estejainteressado e o solicitar.

Novos resultados daAvaliação Genética realizada jáem 2008 vão sair brevemente,pois estão prestes a serconcluídos pela EZN á data daedição desta revista. Aapresentação destes resultadosestá a ser mais célere uma vez

que é um processo que já secomeça a executar por rotina ea ACL consegue disponibilizaros dados para a EZN estudarcada vez mais cedo.

Em França a Raça Limousine está cada vezmais em alta e cada vez mais forte

Na edição de Outubro darevista francesa "BovinsLimousins" saiu um artigo sobrea evolução da raça Limousinenos últimos dez anos. DizRomain Ferrier que em 1965com 285700 vacas de ventre,mas em constante diminuiçãode efectivo global até então naordem de 40% em 30 anos, araça Limousine estavaameaçada. Quarenta anosmais tarde, a tendência éprecisamente contrária e osnúmeros provam que a raça vaide vento em poupa.

Durante os últimos dezanos a raça Limousineapresentou em França a melhor

evolução em termos de vacasde ventre com um aumento de70%, o que é assinalável. Commais de 948000 vacas deventre a Limousine situa-se emsegundo lugar no que respeitaao efectivo aleitante em Françae promete mesmo atingir oprimeiro dentro em breve. De13,9% em 1965, a Limousinerepresenta presentemente maisde 27% do efectivo aleitantefrancês, tendo feito umaumento de 6 pontos só nosúltimos cinco anos.

Extrato do artigo La limousine:toujours plus haute, toujours plus forte,por Romain Ferrier, editado no nº 173de Bovins Limousins, Outubro de2007. Traduzido por Jaime Bento.

EVOLUÇÃO DO EFECTIVO DEVACAS DA RAÇA LIMOUSINEFACE AO EFECTIVO TOTAL DE

VACAS ALEITANTES EM FRANÇA

FONTE: SCEES pour le RGA 2000,BDNI pour les résultats au 1er janvrier2006

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III Congresso Regional da Carne nos AçoresCom organização da DRDA decorreu na ilha

de Santa Maria entre quatro e sete de Outubro de2007 mais um Congresso Regional da Carne,evento este muito bem acolhido peloscongressistas (perto de 400 pessoas).

Estes três dias foram intensos em debatetécnico, prático e científico sobre toda aconjuntura que envolve a produção de carnenaquelas ilhas. Mas também foramenriquecedoras as visitas efectuadas a algumasexplorações da Ilha, algumas delas associadas daACL, assim como a Exposição e Concursos deanimais puros e cruzados.

Esta foi uma excelente oportunidade parafazer uma análise da evolução do sector daprodução de carne de bovino não só nos Açoresmas também a nível nacional e mundial.Constatou-se a necessidade de reforçar asoportunidades de mercados já existentes e acriação de novos mercados assim como umreforço efectivo da parceria entre todos osintervenientes da fileira da carne.

Foi feito o ponto da situação relativamente àcarne IGP (Indicação Geográfica Protegida) poisfoi criada em 2000 mas a comercializaçãocomeçou em Fevereiro de 2007. A carne IGPencontra-se numa fase de conquista econsolidação de mercado, verificando-se aindaser imperioso trabalhar no sentido dauniformização da produção e da oferta, o quepassa entre outras coisas pela procura de animais

ajustados ao sistema de produção, pela melhoriagenética dos animais existentes, assim comomaneio alimentar adequado.

De salientar ainda, que Gilles Lequeux,comercial da INTERLIM que conhecemos bem emPortugal pois tem sido nos últimos anos visitaassídua do Concurso Nacional da raça Limousineque se realiza em S. Teotónio - Odemira,apresentou os organismos oficiais em Françaencarregados da promoção e melhoramentogenético da raça Limousine, nomeadamenteFrance Limousine Sélection e agrupamentos deprodutores associados. Descreveu também opapel da INTERLIM nas vendas de animaisqualificados na Estação de Selecção de Lanaud,assim como nas explorações que vendemreprodutores e também comércio de embriões.

Gilles Lequeux

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Chocalhos……Arte e TradiçãoOs vaqueiros utilizavam no

seu dia-a-dia utensílios muitoantigos, de que se destacavam osazeiteiros, feitos de corno de boipara transportarem o azeite evinagre; cornas para leite; coxospara beberem água; "barquino" depele de chibo para transportarema água durante o Verão; alforgesde pele de cabra; colheres de paubuxo ou de corno; caldeiros deferro, o tarro de cortiça, etc.

Tal como estes utensíliospráticos, quase desconhecidos nosnossos dias, também os chocalhosque, noutros tempos eram artigosquase obrigatórios de qualquermoural ou vaqueiro que seprezasse, estão a cair em desuso.

Noutros tempos os vaqueirosou mourais dispensavam todos oscuidados possíveis e imagináriosaos chocalhos, pois quer setratassem de "mangas", "sem-serras", castelhanas, esquilas ouesquilões (os mais utilizados nogado bovino), eram todos muitobem arreados porque luxo, eraluxo e os criadores de gado nãoqueriam ficar atrás uns dos outros.Pois os criadores tinham orgulhoem apresentar os seus animaismunidos de chocalhos ornadoscom as iniciais da casa agrícola aque pertenciam, pendurados aopescoço por coleiras de courocravejadas e trabalhadas.

Actualmente, como as zonasde pastagem dos animais estãoquase todas limitadas por cercas,a utilização do chocalho está adiminuir cada vez mais. Dequalquer modo o chocalho é uminstrumento metálico que produzum som característico e que temcomo principal fim, facilitar alocalização do gado dispersopelas pastagens.

Noutros tempos, colocavam-se os chocalhos no pescoço dealguns animais (os guias), à voltados quais se juntavam os outrosenquanto pastavam. Tambémserviam para indicar o paradeirodas reses mais gulosas quando

estas se afastavam da manadapara os campos semeados.

O fabrico de chocalhos é umtrabalho totalmente artesanal queexige de quem o faz,conhecimento de várias técnicas eintuição artística.

O chocalho começa por sertalhado em folha de ferro,consoante o tamanho que sepretende. Tendo uma folha delatão e cobre (ou bronze e cobre)coloca-se um pedaço sobre cadaum dos lados, outro pedaçodebaixo da asa e um último daparte de dentro. Em seguida,embarra-se, ou seja, cobre-setodo com barro amassado compalhinha de trigo (esta destina-se anão deixar gretar o barro aoatingir grandes temperaturas). Naparte debaixo do chocalho, abre-se um furo no barro, com um ferro,para servir de respiradouro.Levando-se de seguida à forja equando o chocalho fica ao rubro,tira-se para fora, rebola-se nochão liso, mergulha-se em águafria para resfriar completamente eadquirir a cor acobreada. Depoisparte-se e retira-se o barro cozido.Por último coloca-se o badalo, quepode ser em folha ou de madeira.O som obtido depende daespessura da folha utilizada (quequanto mais grossa mais grave é osom).

Só após vários anos deprática se consegue fazer um

chocalho com um sompreviamente determinado.A "louça" - conjunto de chocalhos,que foi outrora um luxo de todo omoural que se prezasse, é hoje emdia cada vez mais procurada porapreciadores de artesanato ecoleccionadores estrangeiros parafins decorativos, registando-sepreferência na aquisição dechocalhos já usados.

Resta-nos esperar que a artedos chocalhos nunca acabe paraque possam sempre vir a serfalados quando se falar de outraarte, que é a criação de gado!

* Por Fátima Verissimo(Engª. Zootécnica)

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Uma visão do sector Bovino Nacional

N.L. - Qual a análise que faz dasituação actual do sector dosbovinos de carne a nível nacional eeuropeu? F.C. - A bovinicultura de carne naEuropa vive um momento muitodifícil e comprometedor. Transpostaesta análise para Portugal, dadas asespecialidades do sector, arealidade é bem mais grave epreocupante.

N.L. - Quais as perspectivas que seavizinham a curto-mmédio prazopara este sector?(Considerando o cenário do preçodos alimentos compostosconsequência da escassez dasmatérias-pprimas; Considerando oque se perspectiva para o preço dacarne do bovino; considerandoainda o futuro dos subsídios dasvacas aleitantes desligamento simou não?) F.C. - Na sequência da questãoanterior, podemos agora focaralguns pormenores que ajudam acompreender o problema.Vários factores, entre eles, acondução das últimas reformas daPolítica Agrícola Comum, asnegociações no âmbito daOrganização Mundial deComércio, a globalização e aliberalização de mercados,alteraram profundamente aprodução de carne de bovino naEuropa.Os efeitos do desligamento quedesde 2005 tem ocorrido total ouparcialmente em alguns estados-membros, as exigênciascomunitárias em matéria de normassanitárias, rastreabilidade, bem-

estar animal, condicionalidade, etc.levaram a uma diminuiçãoquantitativa e qualitativa dosefectivos.As cedências europeias no seio daO.M.C. permitindo a entrada naEuropa de carne bovino provenientede países terceiros - sobretudo dazona Mercosur- em condições deprodução totalmente desajustadasdas que nos são exigidas, estão acontribuir fortemente para aelevada perda de competitividadena produção europeia.As dificuldades, recentes, naobtenção de matérias-primas paraalimentação animal comconsequente escalada de preçosdas rações - responsabilidadeatribuível também, às orientaçõesdecorrentes da P.A.C. - completamo quadro dramático em que estáenvolvido o sector.Tendo em linha de conta umarevisão, a meio termo, da actualreforma da Política AgrícolaComum num cenário economicista,a pressão sobre os preços doscereais até 2009/2010 e umapossível alteração na OrganizaçãoComum de Mercado da Carne deBovino, as perspectivas para ocurto-médio prazo, em nossoentender não podem seranimadoras.A manutenção de uma ajudadirecta, ligada - total ouparcialmente - nas vacas aleitantesparece-nos incontornável tendo ematenção factores como oabandono, a preservaçãoambiental, diversidade esustentabilidade do mundo rural.

N.L. - Relativamente aos efectivosbovinos de carne nacionais, há jáalgum tempo que se fala davantagem que existiria se seutilizassem em todos apenasmachos de raça pura (qualquer queseja) registados nos respectivosLivros genealógicos. Qual a suaopinião? De que modo se poderiacolocar uma medida destas emprática? Não considera que seriabastante vantajoso para melhorarsignificativamente a qualidadegenética das nossas vacadas econsequentemente dos produtosdestas obtidos? F.C. - Desejável e certamentevantajoso, seria se caminhasse-mosno sentido de aproveitar as enormespotencialidades das nossas raçasautóctones, para fazer linhasmaternas, em cruzamento com asexcelentes qualidades de raçasvocacionadas e especializadas naprodução de carne, que existemconsolidadas em Portugal, as quaisseriam a fonte fornecedora daslinhas paternas.Bastava, para tornar esta situaçãonuma prática crescente, que asAutoridades responsáveis e osdecisores políticos do nosso país,considerassem a pecuária extensivacomo importante e até estratégicano quadro de alternativas paravastas zonas do território português,incluindo em programas definanciamento a aquisição eutilização de reprodutoresregistados.

N.L. - Considera que no sector dacarne já existe da parte dosintermediários/engordadores uma

d i v u l g a ç ã o

- Presidente da Direcção da Associação deAgricultores do Distrito de Évora desde 2001- Presidente da FEPABO (Federação Portuguesadas Associações de Bovinicultores) desde 1999- Vice-Presidente da CAP (Confederação dosAgricultores de Portugal) desde 2005

- Perito da CAP no COPA - Grupo de TrabalhoCarne de Bovino desde 1999- Representante do COPA - Grupo Consultivopermanente da Direcção Geral de Agriculturaem Bruxelas- Agricultor - Bovinicultor

Numa altura de grandes incertezas no sector bovino nacional, a Notícias Limousine quis falar como Eng.º Francisco Carolino, cujo perfil profissional e pessoal apresentamos:

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preocupação com a qualidade dosbezerros(as) adquiridos paraengorda e acabamento? O que temobservado nos leilões queacompanha em Évora, existe ounão uma maior preocupação com aqualidade apresentada pelosanimais? E em caso afirmativoparece-llhe que existe umreconhecimento dessa mesmaqualidade em termos de preço dosanimais? F.C. - Sem dúvida. Actualmente apreocupação dos agentescompradores de bezerros é cadadia mais acentuada na busca daqualidade que provém da genética,da apresentação e homogeneidadedos animais. E pagam estascondições.

N.L. - O número de animais paracarne transaccionados através dosleilões tem aumentado ou tem-ssemantido nos últimos anos? F.C. - Embora com oscilaçõessazonais, decorrentes principal-mente das cotações os númerosactuais tem demonstrado tendênciapara ligeiro aumento.

N.L. - Se quisermos fazer umacomparação com o nosso paísvizinho relativamente à adesão queexiste aos leilões, sejam eles deanimais para carne ou parareprodução, considera que existemdiferenças notórias ou não? F.C. - Não nos parece possível fazeruma comparação conclusiva noque respeita à venda de animaispara recria/engorda. Em Espanha aprática de leilões com essafinalidade não está muito instalada.Funcionam mais os mercados,controlados e certificados.Já no que respeita a leilões deanimais reprodutores, no paísvizinho a actividade está bem maisdesenvolvida e dinamizada.Naturalmente que a postura doEstado e das Autoridades do sector,tem contribuído para isso. EmEspanha incentiva-se a qualidadedos efectivos e o seu verdadeiromelhoramento.

N.L. - Fale-nnos um pouco darealidade do Parque de leilões deÉvora. Nº de animais leiloados/

semana. O que se tem verificadonos últimos ano, tanto nos leilõesde carne como de reprodutores. F.C. - O Parque de leilões de Évora,é o mais antigo dos que funcionamactualmente. Está, pela sua idade,um pouco envelhecido mas cumpreplenamente com os fins em vista,nomeadamente como regulador eorientador de mercado e cotações,o que de resto também noutrosparques se verifica.Transaccionam-se semanalmentecerca de 300 animais, comoscilações sazonais de oferta. Atransparência do negócio e oacompanhamento rigoroso dosmovimentos com base no controloda documentação necessária, têmpermitido a fidelização deapresentantes e arrematantes.Fazem-se aqui, anualmente trêsleilões de animais reprodutores.Importante será incrementar estaprática.

N.L. - E quanto a dinamizar orecinto do parque de leilões deÉvora para a realização de feiras?Como o caso da ExpoÉvora quecontou com 2 iniciativas eposteriormente deixou de ocorrer.F.C. - O calendário de datas deeventos já consolidados noAlentejo, relacionados com aactividade agro-pecuária estábastante preenchido.Há, portanto, que repensar estetema e encontrar originalidade einovação para avançar em Évoracom qualquer iniciativa do género.

N.L.- Aproveitamos para perguntarcomo vê as feiras agro-ppecuáriasnacionais actualmente? Particularmente a Feira Nacional daAgricultura e Ovibeja? Esta última comemora o seu 25ºaniversário como viu a suaevolução? F.C. - As chamadas feiras agro-pecuárias nacionais, a nosso versão ocasiões impares e necessáriaspara a dinamização do sector. Asua realização não pode ser postaem causa, mas há que manter umadinâmica de modernidade,internacionalização e profissio-nalismo cada vez mais acentuada.As feiras que refere - F.N.A. e

Ovibeja - com característicasdiferentes são ocasiõesindispensáveis no quadro dadivulgação, promoção edemonstração das potencialidadesagro-pecuárias de Portugal e do seuMundo Rural.A Ovibeja, evoluiu em dimensão eimportância para um patamar quese coloca dentro das suascaracterísticas, ao nível do melhorque se faz a nível Ibérico. É ogrande evento agro-pecuário doAlentejo.

N.L. -FFalando agora um pouco daFepabo, da qual é Presidente, comovê a situação desta federação e dosseus federados? Qual pensa quetem que ser a estratégia adoptadapara fazer face ao cenário actual eao futuro do sector bovinonacional?F.C. - A Fepabo, tal como a maioriadas estruturas associativas ligadas àactividade agro-pecuária, tem pelafrente um desafio enorme que exigeresposta urgente.A sua adaptação à nova realidade,decorrente de alterações profundasna condução da política da P.A.C.que se adivinham para breve,conjugadas com orientação dessasdecisões, em Portugal, determinama adopção de visão estratégicanova para o movimento associativo.O modelo orgânico, ofinanciamento e a independênciada FEPABO são as bases damanutenção desta estrutura quejulgamos mais do que nuncanecessária, e indispensável paradefesa dos interesses e direitos dosbovinicultores portugueses.

N.L. - E agora como não poderiadeixar de ser, falandoespecificamente da raça bovinaLimousine em Portugal .Qual aanálise que faz da situação destaraça em Portugal?F.C. - A raça bovina Limousine, emPortugal, tem vindo a afirmar-secomo uma das mais importantesfontes de fornecimento de genéticade elevado valor. A presença, cadadia mais acentuada, dereprodutores masculinos emvacadas para produção de vitelosde carne, tem proporcionado a

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obtenção de animais comcaracterísticas muito apreciadaspelos agentes engordadores. São,geralmente, produtos que nomercado reflectem na valorizaçãoas suas excelentes qualidades.Justifica-se plenamente a aposta,por parte dos criadores, emreprodutores puros criteriosamenteescolhidos para os fins em vista.

N. L. - E para terminar qual a suaideia pessoal do trabalho daA.C.L.? Que orientações devemoster de futuro? F.C. - Tendo, enquanto dirigente daFEPABO, acompanhado o trabalhoda A.C.L. entendo que o mesmotem sido muito positivo, comgrande influência para acredibilidade da raça, para a sua

expansão e afirmação.Para o futuro, entendo, enviar àA.C.L. - equipas dirigente e técnica- uma palavra de incentivo, paraprosseguirem o vosso trabalhobaseado nos critérios até agorarevelados, isto é, rigor,transparência e eficiência.

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Novos desafios na Produção AnimalA produção animal em geral e em especial as

produções de ruminantes vão enfrentar provavelmenteos maiores desafios de sempre. Vão operar-se maismudanças nos próximos 5 anos do que nos últimos 25.

Para além do sempre necessário esforço constantede melhoria na produtividade e competitividade,passam a colocar-se novos desafios em termos de bem-estar e saúde animal, de protecção ambiental, dequalidade e segurança alimentar e, cada vez mais, dediferenciação e valorização através de novos produtosespecíficos que, além do seu valor alimentar, possamtambém contribuir para melhorar a saúde e/ou reduzirriscos de ocorrência certas doenças (cardiovasculares,neuro-degenerativas, oncológicas, etc.).

Novos desafios envolverão todas as diversas áreastécnico-científicas implicadas na produção animal. Noentanto, será a área da nutrição e alimentação a quemais deverá contribuir em termos de inovação e dedesenvolvimento de novas soluções, não só parapermitir a concretização de novos produtos funcionais,mas também para tornar sustentável e economicamenteviável uma produção animal inteiramente nova nocontexto de novas políticas agrícolas e das novasestratégias energéticas e ambientais.

Oportunidades e limitações, inteiramente novas eabsolutamente imprevisíveis até há pouco tempo,determinarão toda a produção animal, no contexto deuma nova era inevitavelmente marcada pelosbiocombustíveis, pela competição "food-feed-fuel" epelo despertar das novas economias emergentes(China, Índia, etc.).

A produtividade animal tem vindo a aumentarcontínua/ininterruptamente com a contribuição deavanços em progressos genéticos, em novastecnologias e equipamentos, em processos dediagnóstico e tratamento, em novos sistemas de maneioe de gestão e, sobretudo, em cada vez maior eficáciaem nutrição e alimentação.

Há poucas décadas os frangos atingiam 1,5 kgaos 110 dias de idade com um índice de conversãoalimentar de 3,5. Hoje atingem 1,5 kg aos 28 dias comíndice de conversão alimentar 1,7.

Em vacas leiteiras, a produtividade anual de10.000 kg já não é limiar só virtual/inatingível. Esselimiar antes mítico, hoje já é superado por todasexplorações do Top 100 nacional.

Cada vez mais alta produtividade significa maioresnecessidades nutricionais dos animais e cada vez maioro desafio para as satisfazer correctamente e de formamuito bem balanceada em todos os nutrientesnecessários.

Altos níveis de produtividade exigem novosconceitos nutricionais - nova "feed pyramid", "periparto",nutrição aniónica, aditivos, etc - requerem novosprogramas de arraçoamento, melhor maneio daalimentação e cada vez menor margem para errosnutricionais, sob pena de se comprometer a saúdemetabólica - dos factores mais limitantes na altaprodução.

Bem-eestar e saúde animalbem-eestar animal = máxima saúde metabólica

Bem-eestar animal = óptimo ambiente ruminalEm ruminantes, a primeira prioridade será sempre

de optimizar o funcionamento ruminal de forma a nãosó evitar situações de doença (acidose, deslocamentosde abomaso, etc.), como também para maximizar aeficácia alimentar, sintetizar nutrientes essenciais emaximizar/melhorar a qualidade da produção.

Bem-eestar animal = gerir a condição corporalA avaliação sistemática da condição corporal dos

animais em cada fase do crescimento e do ciclo deprodução é imprescindível para se fazerem osnecessários ajustamentos ao programa alimentar, deforma a evitar-se tanto a excessiva mobilização dereservas corporais (riscos de cetose e baixa eficáciareprodutiva), como a excessiva deposição de gordura.

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Protecção AmbientalOs animais não são capazes de utilizar 100% dosnutrientes de que dispõem, pelo que parte dessesnutrientes é inevitavelmente excretada, susceptível deprovocar poluição ambiental.

De todo o Azoto (N) que ingerem, os ruminantes sótransferem para a sua produção (carne/leite) 25-35%,sendo todo o restante excretado para o ambiente.

A Directiva Europeia 91/676/EEC (nitratos) limita afertilização anual a 170 kg N/ha.

A poluição ambiental, sobretudo por Azoto (N) efósforo (P), é uma preocupação crescente que obriga acada vez maior e melhor gestão dos inputs-outputs. Osistema holandês MINAS (1998) é aplicadocompulsivamente já em todas as explorações.

A nutrição animal e o maneio alimentar têmgrande impacto quantitativo e qualitativo no balançoinput - output de nutrientes, pelo que a protecçãoambiental implica estratégias nutricionais e alimentaresno sentido de:

1 - reduzir desperdícios/sobras de alimentos, ajustandoa alimentação ao consumo efectivo.2 - aumentar a digestibilidade da dieta alimentar,mediante criteriosa selecção de ingredientes (a bio-disponibilidade do P em suínos é de 14% no milho vs90% nos DDG). Em monogástricos, a enzima fitaseaumenta a digestibilidade do P, reduzindo até 33% asua excreção/poluição (Kornegay & Verstegen, 2001).3 - aumentar rigor/precisão na determinação dasnecessidades nutricionais, na valorização dos alimentose no maneio alimentar (por grupos, por fase deprodução, por sexo, etc.), para evitarexcessos/desperdício de nutrientes.

Minimizar o excesso de nutrientes é, assim, umimperativo actual e futuro, mediante :

• mais produtividade / menor encabeçamento• maior eficácia na utilização de N, P e K.

Ao reduzir a ingestão P alimentar em 0.1%, reduz-se a excreção/poluição de P em 8.3% (Kornegay &Verstegen, 2001).

Por cada 1% de redução de proteína bruta, reduz-

se em 8% as perdas azotadas (Kerr & Easter, 1995)Amaior precisão permitida por novos "tools" hojedisponíveis (NRC 2001, R.C.P., NIR …) permite obtermaiores níveis de produção com apenas 16% Proteínabruta (PB) do que com os ex-20% PB e com a reduçãode 30% na excreção de N.

Reduzir a proteína alimentar ao mínimo necessáriopara satisfazer as necessidades nutricionais e minimizara poluição ambiental implica novas estratégiasnutricionais:• maximizar a síntese de proteína microbiana

> qualidade < custo < poluição• PDI's, RUP/RDP, NFC/RDP… versus PB • "good-by protein - hello aminoacids"

O fósforo (P) é também um factor de poluição,sendo, muitas vezes, sobre-utilizado. Estima-se que, emgeral, o P é administrado cerca de 20% acima dasnecessidades, pelo que bastaria a sua administraçãosegundo as mais recentes recomendações, para sereduzir em 25-30% a sua poluição ambiental.

A cada vez maiores necessidades nutricionais, nãocorresponde uma capacidade de ingestão elástica (pelocontrário, quando a vaca tem maiores necessidades, équando é menor a sua capacidade de ingestão) - o queobriga a cada vez maior concentração nutricional doarraçoamento-global em todos os nutrientes (energia,proteína, vitaminas, minerais)

Uma alimentação correctamente balanceada emtodos os nutrientes implica:1- a correcta determinação das necessidadesnutricionais dos animais;2- a valorização (quantitativa e qualitativa) de todosos componentes da alimentação;3- a minimização de quaisquer carências e excessosnutricionais na alimentação;4- a rápida resposta a quaisquer alterações quepossam ocorrer.

De nada servem os mais modernos e fiáveisprogramas de cálculo e optimização de arraçoamentosse não se conseguir valorizar correctamente ascaracterísticas nutricionais dos vários componentes doarraçoamento ou se não se reajustar a alimentaçãosempre que se alterar a quantidade / qualidade de

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qualquer componente. Sobretudo em relação à silagem de milho, deve

ter-se a garantia de que se está a trabalhar comavaliações absolutamente fiáveis e seguras - não sepode formular arraçoamentos correctos com base emavaliações nutricionais incorrectas daquele que, quasesempre, é o seu maior componente.

Para optimizar o funcionamento ruminal, tem quese garantir o correcto balanço e sincronia nadisponibilidade dos nutrientes.

Para satisfazer correctamente as necessidadesnutricionais de vacas leiteiras com cada vez maior

produção, há uma nova "Feed Pyramid"

"A alimentação desejável é a que forneça os nutrientesnecessários à produção/qualidade do leite, maximize ofuncionamento do rúmen, optimize o crescimento damicroflora ruminal e minimize as perdas de nutrientespara o ambiente" (NRC, 2001)

*por: Engº Jerónimo Pinto Companhia das Lezírias, SA

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Evolução da produção Bovina na Europa

Num contexto internacional, face ao númerorecorde de animais exportados pela França (tal comoacima referimos), facto que traduz o grande interesse eprocura internacional da Raça, há que reflectir sobre aevolução da produção bovina na Europa. Assim,Bernard Roux (presidente de France LimousineSélection) solicitou essa reflecção a François Poirson(Director das Coopératives Agricoles du Limousine et dePoitou-Charentes). Este último, encarregou-se deapresentar em primeiro lugar o contexto mundial e emseguida as evoluções previsíveis da politica AgrícolaComum:

CONTEXTO MUNDIALO mundo é uma aldeia. Esta expressão, mesmo

que seja exagerada, traduz bem uma evolução já postaem marcha. A especialização das zonas de produção ea liberalização das trocas comerciais, assim como asevoluções geopolíticas, fazem com que os mercadosfiquem dependentes do que se passa nos quatro cantosdo planeta. E quem diz mercado, diz oferta e procura.

Uma procura cada vez mais forteNo que respeita a produtos alimentares, o nível daprocura é já muito forte e longe de estar satisfeito. Defacto estima-se em 2,3 mil milhões o número depessoas repartidas por 61 países, que não dispõem demais de 20g por dia de proteínas animais. Mais grave,o nosso planeta conta com 850 milhões de pessoascom carências a nível alimentar drásticas.

Mas esta procura vai aumentar. A principal razão éo aumento da população mundial. Somos hoje 6 milmilhões de pessoas na Terra: 4,6 estão nos países emvias de desenvolvimento, 0,4 nos países ditos detransição e 1 nos países industrializados. Prevê-se que,em 2015 a população mundial será de 7,2 mil milhões(+20%), e atingirá ainda 8,3 em 2030 (+38%).

No que respeita a proteínas animais, e maisconcretamente a carne de bovino, a procura deverá sercada vez mais forte devido à modificação dos hábitosalimentares dos países ditos emergentes. Nos países emvias de desenvolvimento, os cereais representam 57%das calorias e 58% das proteínas da dieta diária. Nospaíses industrializados elas não representam mais doque 32% e 30% respectivamente. Quanto mais o nívelde vida num país aumenta, maior se torna o lugar queas carnes ocupam na alimentação da população dessepaís.

Para termos bem a noção do potencial impactodestas mudanças, podemos dar como exemplo aChina. Se o seu consumo médio de carne bovina por

habitante (que é hoje estimado em 5,5Kg por ano),aumentar somente um quilograma, isto provocará umaprocura suplementar de 1,4 milhões de toneladas.

Uma oferta limitadaUma progressão na oferta em géneros alimentares

não é por si só um dado adquirido. O primeiroobstáculo será o desenvolvimento da utilização nãoalimentar de certos produtos, por exemplo paraprodução de biocombustíveis. Por outro lado, oaquecimento global poderá fazer diminuir a produçãomundial e ter repercussões ao nível da disponibilidadeda água. Também, o aumento da utilização nãoagrícola das terras, a instabilidade política ou aausência de politicas estruturais em certos países sãooutros factores limitantes ou opositores ao crescimentoda oferta.

A oferta em proteínas animais é, bem entendido,condicionada pelos factores acima descritos, mas podeser de maneira ainda mais importante. De facto, aprodução de proteínas animais utiliza como base asproteínas vegetais que correm o risco de se rarificar eportanto de se tornar cada vez mais caras. A produçãodesta forma continuará a ser rentável? O consumidorpoderá pagar o aumento?

Em conclusão, é bastante provável que dentro dospróximos anos a produção de carne bovina ao nívelmundial não seja suficiente para cobrir as necessidadesde consumo. Todavia, esta situação não será favorávelaos produtores a não ser que estes possam manter oscustos de produção em adequação com ascapacidades financeiras dos consumidores.

AS EVOLUÇÕES DA POLÍTICA AGRÍCOLACOMUM

As reflexões actualmente em curso sobre aevolução da Política Agrícola Comum poderão terconsequências importantes para os produtores de vacasaleitantes: risco de desligamento do prémio á vacaaleitante, supressão das quotas leiteiras com umainfluência directa sobre o mercado de carne bovina eaumento da modulação que vai reduzir o montante dasajudas. A França que possui o primeiro lugar na Europaem termos de efectivo de vacas aleitantes, tem de semobilizar para que as consequências destas evoluçõesnão venham a desencorajar os produtores.

Marc Gambarottoin L'évolution de la production bovine européenne ,Bovins Limousins, nº174, Janeiro 2008. Traduzido

por Jaime Bento

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No ano passado a quantidade de pedigees de exportação emitidos pelo Herd-Book Francês da raça Limousineatingiu um número recorde. A exportação teve como destino principal os países de leste da União Europeia e Rússia,mas também os tradicionais importadores: os 11 membros da federação EUROLIM da qual Portugal faz parte.

Sébastien Stamane in L'export en plein boom, Bovins Limousins, nº174, Janeiro 2008. Traduzido e adaptado por Jaime Bento

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A Ilha do Corvo é a menor ilha do Arquipélago dosAçores, possuindo uma área total de 17,13km2,resultantes de 6,5km de comprimento por 4,0km delargura. Esta ilha resultou de uma montanha vulcânicaextinta, no cimo da qual teve origem uma cratera deabatimento, denominada de Caldeirão. A sua altitudemédia ronda os 490m, situando-se o ponto maiselevado da ilha - o Morro dos Homens - a 718 m dealtitude, na vertente sul da borda da caldeira.

A Ilha do Corvo, tal como outras regiõesultraperiféricas apresenta condicionalismos geográficos(afastamento, insularidade, pequena dimensão eirregularidade do terreno), associados a um climadifícil. A estas condicionantes acresce a dependência aum pequeno número de factores de produção e o factode cerca de 41% da área emersa da Ilha do Corvo seencontrar classificada, no âmbito da Rede Natura2000.

A pecuária é a principal actividade económica dosector primário, constituindo os bovinos, os suínos e asaves de capoeira as principais espécies de criação.Todas as explorações pecuárias corvinas possuem mão-de-obra familiar com uma certa paridade homemmulher.

A produção é de tipo extensivo, estando os animaisdurante todo o ano na pastagem. As pastagens sãoconstituídas por trevo branco (Trifolium repens), azevém(Lolium multiflorum) e erva-mole (Holcus lanatus). Osanimais são mantidos durante os meses de maiorprodução de erva nos terrenos do baldio, sendo

retirados no final do Outono para as terras, quandotem início o período de maior carência alimentar.Durante o Inverno, as fêmeas podem ser suplementadascom forragem de erva e ração.

Produção de Bovinos na Ilha do Corvo

Imagem 1 - Baldio Comunitário e Caldeira.

Fonte: DRDA

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Desde 2001 que se verifica uma tendência deaumento no número de cabeças, aliado à diminuiçãodo número de explorações. Em 2004 existiam na Ilhado Corvo 51 explorações pecuárias, com uma médiade 15,24 animais por exploração.

Em termos de maneio reprodutivo a época departos decorre no final do Inverno e início da Primavera,sendo o mês de Março o predominante. Este períodocorresponde ao término da época de maior carênciaalimentar, aproveitando-se o pico de crescimento daerva para o início da produção leiteira. Os vitelos sãodesmamados aos 6 meses de idade, sendoimediatamente exportados para o continente, onde sãovendidos no Leilão da Cooperativa Agrícola do Corvo.

A exportação de animais vivos é a principal fontede rendimento das explorações, constituindo o leiteentregue na Cooperativa de Lacticínios do Corvo umafonte de menor rendimento para os produtores. A pecuária biológica poderá também ser alternativa,uma vez que se fundamenta em métodos bastanteidênticos aos actualmente praticados na produçãopecuária na Ilha do Corvo. No entanto, as estruturas dedistribuição e comercialização não se coadunam com asua prática nesta ilha.

Fonte: Cooperativa Agrícola do Corvo, CRL

Desde 1999 que a Cooperativa Agrícola da Ilhado Corvo, CRL exporta animais para o continenteportuguês. São efectuados dois leilões de gadoproveniente da Ilha do Corvo por ano no Parque deLeilões da ARCOLSA em Palmela. A exportação ocorreprincipalmente nos meses de Setembro e Outubro e temcomo objectivo aliviar as explorações do excedente deanimais. Os vitelos do ano correspondem a 62,5% dosanimais exportados, seguindo-se os novilhos com 29%.

Os vitelões são aqueles animais que nasceram no iníciodo Inverno e correspondem apenas a 8% dos animaisexportados. A exportação de animais adultos assumeum carácter praticamente nulo.

Desde 2002, que a Ilha do Corvo frui do estatutode "Ilha Oficialmente Indemne de Brucelose Bovina",juntamente com as ilhas das Flores, Graciosa e do Pico,através da Decisão da Comissão n.º 2002/588/CE, de11 de Julho. Este estatuto estabeleceu condições paraque um produtor apostasse na criação de um núcleo deLimousine para o fornecimento a outras ilhas doarquipélago e ao continente de bovinos reprodutores deraça pura. É com algum pesar que se verifica nesta ilhauma escassa preocupação na selecção de animaisreprodutores, destacando-se antes uma opção pelaprodução em quantidade, e não se apostando naqualidade dos animais.

*Por: Drª. Sandra MealhaServiço Desenvolvimento Agrário Flores e Corvo

ALEGRIA - PG05088034

ALCAIDE - PG05088009

CuriosidadeDa criação de gado bovino na Ilha do Corvo resultouuma raça autóctone - Vaquinha do Corvo, que secaracterizava pela sua reduzida dimensão e que foiextinta no início do século passado. Existe uma enormepolémica em redor desta raça, atribuindo algunsautores as suas características ao nanismo insularenquanto outros as relacionam com as carênciasalimentares decorrentes da constituição dos pastos.

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EFICIÊNCIAPalavra-Chave em Sistemas de Produção de Bovinos de Carne

A produção de bovinos de carne em Portugal terápor base cerca de 380 000 vacas cujos produtores sedistribuem pela quase totalidade do país,representando uma boa franja da população ruralactiva. O sector praticamente não exporta, mas nãoserá por isso que não precisará de crescer, utilizar novastecnologias e, no fundo, aumentar a eficiência emelhorar as características do produto final, de modo aatender as exigências do mercado.

Embora o sistema produtivo mais generalizado sejao extensivo ou semi-extensivo, as variantes dos sistemasde produção alternativos (cereal, misto de cereal ebovinos, biológico, etc) são uma fonte de pressão paradefinir estratégias de modo a incrementar a produção equalidade dos produtos oriundos dos sistemastradicionais de produção bovina de carne, nuncadeixando de lado a realidade sócio-económica e asperspectivas futuras.

A eficiência (re)produtiva, por exemplo, afecta deforma importante o resultado económico do sectorprodutivo constituindo uma limitação ao crescimentoesperado, sendo, por isso, necessário identificar ascausas que ocasionam uma baixa eficiência(re)produtiva de modo a que se permita aplicação detécnicas correctivas.

O que significará para um técnico de zootecnia oupara um produtor de bovinos o termo eficiênciaprodutiva efectivamente?

Antes de mais, será necessário enquadrar o sectorna fileira produtiva de bovinos de carne, isto é:estaremos perante a franja vaca-vitelo ou na fase derecria e engorda? A eficiência terá forçosamente de serentendida de maneira diferente e, neste artigo, iremosdebruçar-nos apenas para o sector da vacada ficando,no entanto, as pistas da análise da eficiência em ambosos sectores da fileira produtiva de bovinos de carne.

A nível da vacada, a eficiência: > será uma vaca parida a voltar a parir durante opróximo ano?> ou será uma vaca parida a voltar a parir daqui a umano?

A nível da recria, engorda e acabamento, a eficiência:> será um novilho abatido a um peso vivo ou a idadefixa?> ou será um novilho acabado com igual percentagemde gordura da carcaça?

Numa primeira e imediata reflexão: - "Todas ashipóteses parecem ter o mesmo objectivo!", no entanto,ponderando, talvez sejamos levados a dizer que: - "Todas as hipóteses terão significados diferentes!". Então,

em que ficamos?

Analisemos o esquema 1 em que as vacas X e Ytiveram o 3º parto em 5 de Janeiro de 2006 e voltarama parir, no ano seguinte, em 25 de Janeiro a vaca Y eem 5 de Outubro a vaca X.

Tentando interpretar esta realidade cairemosforçosamente no campo das hipóteses e aoassociarmo-las à eficiência (re)produtiva podemosindicar e constatar:

Hipótese I:Caso da vaca X - estamos perante um caso concreto depseudo eficiência e de uma política de apoio (indirecto,é claro!) à menor produtividade:

> na realidade, nestes dois anos, a vaca pariu sempre,e isso levaria a alguém menos ponderado dizer: -estamos perante uma "boa" vaca! Mas a eficiênciareprodutiva medida em dias de intervalo entre partos ouem dias em que esteve alfeira ou, ainda, em dias acomer sem produzir (nem em lactação e não gestante)é pouco abonatória para a fêmea bovina X (638 dias,353 dias e 143*0,75 € respectivamente). Estamosperante um caso que retrata a situação actual depolítica de subsídio à vaca aleitante. A fêmea seja ounão eficiente, o "prémio" está garantido! E produzir comuma fertilidade anual de 85% ou 90%, significará quaseo mesmo, isto é, o que não se ganha com o incrementoda eficiência poupa-se com os menores gastos emtecnologia, equipamentos, alimentos, higiene esanidade, selecção e política de refugos e substituição,etc. Mas não estaremos no fundo a hipotecar o futuro?

Caso da vaca Y - caso concreto do estabelecimento econcretização de objectivos de eficiência:

> a fêmea está a parir num ritmo próximo do cicloanual, isto é: um parto cada 365 dias; combeneficiação fecundante logo após a entrada do touro

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Esquema 1

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na vacada; e o mínimo de tempo a comer sem estarreprodutivamente funcional (385 dias, 100 dias,0*0,75 respectivamente). Estamos perante umasituação essencial no futuro, quando inseridos nummercado global, em que não existe outra alternativa doque ter animais e técnicas que conduzam à eficiência.Nesta situação, a diferença entre uma fertilidade anualde 85% e de 90%, poderá significar, simplesmente, oabandono da actividade.

Hipótese II:Caso da vaca X - caso ilustrativo de deficiência domaneio alimentar a nível da vacada:

> pressupõe uma fêmea com condição corporalinferior ao parto (menor que 3 na escala de pontuaçãopara a condição corporal de 1 a 5) o que se irá traduzirnuma maior dificuldade de reposição de reservascorporais (prioritariamente terá que responder àinvolução do aparelho reprodutivo e às necessidadesde lactação) e, deste modo, impossibilitá-la de sercoberta e ficar gestante após a entrada do touro navacada.

Caso da vaca Y - retrato de um maneio alimentarajustado ás exigências das fêmeas e de acordo com ociclo reprodutivo anual e em conjunção com o ciclonatural das plantas, a base da alimentação dosruminantes.

> na tabela 1 encontramos exemplificado o porquê dasuperioridade da vaca Y, e a consciencialização daimportância do maneio alimentar nas fases críticas dociclo reprodutivo. Na tabela é evidente a importânciada condição corporal da vaca ao parto eimplicitamente a justeza do esquema alimentar focado.A ideia bastante generalizada de compensar após oparto a menor condição corporal da vaca ante-parto, eque se irá degradando com a continuação da lactação,não nos parece que seja a solução, porque continuaráa haver uma quebra de eficiência reprodutiva fruto dadificuldade de a vaca ter o número suficiente de cios eoportunidades de cobrição após a entrada do touro navacada.

Hipótese III:Caso da vaca X - uma situação generalizada e muitodiscutível da utilização do touro todo o ano na vacada,tendo como primeiro reflexo poupar ao refugo, porbenefício da dúvida, as vacas menos eficientes, uma vezque pariram em cada ano mas com o tal intervalo entrepartos exageradamente alargado e que tem comocausa uma ineficiência do esquema alimentar. Assimsendo, como alimentar a vacada?:

A - pela vaca de mais baixas necessidades (apósdesmame)? Muito bem! Mas o que acontecerá às vacasde altas necessidades? Como é lógico: - irãotransformar-se em vacas menos eficientes, embora oprodutor poupe dinheiro em alimentação. B - pela vaca de altas necessidades (em lactação egestação)? Iremos ter, neste caso, vacas excessivamentegordas com todos os problemas que daí advêm e comencargos económicos exagerados para o produtor! C - pela vaca de necessidades médias (final lactação)?Parece razoável, mas sempre ouvimos dizer, que emprodução animal, pensar pela metade é a maior dasasneiras técnicas!

Caso da vaca Y - simbolizará estarmos perante umasolução técnica de concentração de partos, e estarmos,também, perante as seguintes certezas:

D - só as fêmeas eficientes têm lugar neste sistema (éfácil detectar quais as ineficientes; escolhercorrectamente as melhores novilhas para substituição; ejustificar os encargos com a vaca).E - alimentamos adequadamente e de acordo com asnecessidades médias das vacas (agora,sim!), uma vezque estão praticamente todas no mesmo estádio dociclo reprodutivo. Por isso deveremos ajustar a época departos ás fases do ano mais adequadas, tendo comoreferência a existência de pastagem em quantidade equalidade: a) quando as vacas têm maioresnecessidades nutritivas, e, deste modo, pensamos empartos Inverno-Primavera; b) ou, noutra lógica técnica,quando as vacas têm as menores necessidades,portanto, pensamos em partos de Verão-Outono.F - a tabela 2, complementa o focado anteriormente e

Num.de TDN (kg) Tipo de fêmea Variação de % vacas Dias entrefêmeas (1 TDN=1,28 UF) peso antes cíclicas no o parto

do parto (kg) início da e 1º cioAntes do parto Depois do parto cobrição

20 4.1 7.2 Adultas Hereford +30.4 80 4820 2.0 7.2 -53.6 45 6530 3.6 6.0 Novilhas Hereford Angus +70.4 81 4930 3.6 10 com 2 anos +67.2 62 5630 2.0 6.0 +8.2 49 6830 2.0 10 +6.8 39 6331 6.3 Pastoreio Novilhas Hereford x Angus +49 78 6731 3.4 Pastoreio com 2 anos +5 47 8728 4.0 7.2 Novilhas Hereford +3.6 64 5026 2.6 7.2 com 2 anos -6 58 56

Tabela 1- (Adaptada de Dunn, 1975)

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com novos dados associados à potencial eficiência daprodução de bovinos de carne ao nível da vacada, quenão podem ser desprezáveis quando entrarmos noesperado mercado global (não sabemos se feliz ouinfelizmente). Assim, com épocas curtas de cobrição, édemonstrativo o incremento da eficiência e/ouprodutividade ponderal com mais Kgdesmamados/vaca; e maior uniformidade dos vitelosdesmamados, o que em termos de negócio/mercado ostornarão sempre mais valorizados, uma vez que osnegociantes nivelam sempre por baixo e nunca pelosmelhores. Estas pessoas subentendem que se existemanimais pequenos é porque não são eficientes e,portanto, no seu futuro crescimento e engorda tornar-se-ão penalizadores para o negócio da fase engorda,logo valorizam menos todo o lote.

Por último, uma hipótese IV que estará associada á faseda manutenção produtiva em termos futuros dopotencial genético, isto é, a utilização das novilhas desubstituição. Façamos o mesmo "jogo" considerandouma novilha K e uma W que tiveram o primeiro partoem 5 de Janeiro de 2006 e um segundo parto em 25de Janeiro de 2007, a novilha W e em 5 de Outubrode 2007 a novilha K:

Caso da novilha K - situação muito ligada ao maneiotradicional de considerar a novilha como uma vacaadulta:

> e assim que a novilha tenha a idade, o peso econdição corporal adequada é hábito juntá-la aoefectivo adulto. Como são muito menos competitivaspelos alimentos, tratando-se ainda de animais jovens eportanto em crescimento, associadas às necessidadesde manutenção e lactação, não conseguem chegar àépoca de cobrição em condição corporal ideal, o que

conduz a um alongamento do período entre o parto ea cobrição fecundante (alfeira).

Caso da novilha W - caso concreto de considerar anovilha como tal:

> existe a consciência das necessidades nutritivas danovilha após o parto (manutenção, crescimento,lactação e gestação) e, por isso, colocamos a novilha àcobrição um ciclo éstrico ou um mês antes da entradado touro para a cobrição da vacada.> como resultado do maneio anterior a novilha iráparir um mês antes das vacas adultas, tendo destemodo mais tempo para a involução uterina e,previsivelmente tornar-se cíclica no primeiro ousegundo terço da época de cobrição. Este esquemaserá ideal para maneios em que é difícil separar avacada em lotes.> o reflexo indirecto da utilização desta técnica deantecipar a época de cobrição das novilhas, é de evitarestarmos a lançar no efectivo reprodutor animaisjovens, que se assumem à partida como tendo maiorpotencial genético e que rapidamente podem falhar osegundo parto e, portanto, serem logo as primeirascandidatas ao refugo. Um paradoxo de perda depotenciall genético por ineficiência de maneio.

Como consideração final diríamos que a noção deeficiência (re)produtiva, como se pode ver é bastantecomplicada e difícil de "quantificar", não sendo poracaso, que no sector da produção de bovinos de carne,existem tantos investigadores nas áreas específicas e,diria quase nenhuns, na resolução de problemas geraisde maneio.

*Por Prof. Carlos Roquete(Universidade de Évora - Departamento de Zootecnia)

Tabela-2 (Adaptada de Srott and Beverly, 1983)Época de partos Tradicional IdealNº vitelos nascidos 30 35 15 12 8 71 29

Mês de parto JUL AGO SET OUT NOV JUL AGOIdade dos vitelos ao desmame (meses) 9 8 7 6 5 9 8Peso dos vitelos ao desmame (kg) 254 227 200 172 145 254 227

Peso total desmamado (Kg) 21827 24664Peso médio desmamado (Kg) 218 246

Numa economia competitiva como a que vivemos,as tomadas de decisão têm de ser atempadas efundamentadas. Aplicado á produção animal talsignifica que é essencial ser capaz de selecionar osmelhores animais em detrimento dos piores e de

escolher as melhores práticas de maneio. Para realizar esta tarefa com sucesso é fundamental quea informação relativa ao efectivo e á exploração estejaactualizada e organizada e que exista uma ferramentaque processe esta informação e a traduza em

Gestão da Informação em Produção Animalum auxílio à tomada de decisão

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indicadores de apoio á decisão.Da nossa experiência em lidar com registos de

informação de efectivos pecuários realçamos osseguintes aspectos como os fundamentais para que oregisto da informação se transforme num processo útil,e não numa tarefa infrutífera e consumidora de tempoe recursos.

• A identificação animal é um pilar base de qualquersistema de registo de dados em produção animal. Cadaanimal deve ter um Número único, fiável e que semantenha ao longo de toda a vida do animal.

• É essencial haver rigor nos dados recolhidos. Épreferível a falta de um elemento que um elementoerrado. O recurso á identificação electrónicarepresentará um avanço importante ao minimizar aintrodução de erros nos registos.

• A recolha de dados não pode ser encarada como umobjectivo em si mesma: é fundamental saber qual ainformação que interessa registar, assim como dispor deuma ferramenta queprocesse os dados e ostransforme em indica-dores úteis (fichas,índices, relatórios,genealogias, entreoutros).

• Os dados devemser informatizados: a informa-tização garante a organização dos dados e proporcionaa existência de ferramentas (aplicações informáticas)que tirem partido dos dados. Há que ter atenção nafiabilidade do sistema onde estão a ser armazenados osdados:

- Política de Backups (é essencial que o utilizadorestabeleça uma polítca de cópias de segurança eque a cumpra);

- Compatibilidade do formato (deverá ser possívelque os dados sejam extraídos da aplicaçãoinformática para outro formato informático);

- Outputs úteis (os relatórios, listagens e outrosíndices deverão ser relevantes para as tomadas dedecisão; a existência de relatórios configurados peloutilizador é uma mais valia importante);

- Quantidade de informação a registar (não interessa

registar tudo; pelo contrário, uma boa aplicação é aque permite retirar o máximo de indicadores a partirde poucos dados introduzidos, já que o processo deintrodução dos dados é trabalhoso…e aborrecido);

Validação dos dados (aplicação informática deveráimpedir o registo de erros óbvios, como partos demachos ou mães mais novas que os filhos);

- Facilidade de utilização (a aplicação informáticadeverá ter um aspecto familiar para o utilizador;também importante é que permita introduzir dadosde forma expedita).

A necessidade de registo de informação emcriadores de raças puras é bastante evidente, visto queé necessário assegurar animais de elevada qualidade egarantir determinados parâmetros (paternidades,pontuações, genealogias, performances, entre outros).No caso dos criadores de cruzamento industrial oregisto da informação permite optimizar os índicesprodutivos, sobretudo a partir do despiste de animaisimprodutivos que ao permanecerem na exploração pornão serem detectados baixam a sua eficiência.Exemplificamos com alguns indicadores importantes,possíveis de obter a partir da informatização dos dadosde registo obrigatório no Livro de Registo deIdentificação e Deslocação de Bovinos:

• detecção de vacas que não parem há mais de Xmeses e novilhas com mais de X meses de idade quenunca pariram (sendo que X é um período definido peloutilizador);• detecção de erros na atribuição de mães (não épossível introduzir um registo de novo parto com umintervalo inferior a uma gestação);

• criação de rankings das vacas pelo seu intervalo entrepartos, permitindo escolher as melhores e selecionar ospiores desempenhos para possível refugo;

• paternidades (embora não seja de registo obrigatório,é o exemplo de uma informação simples de recolher,bastando identificar o touro utilizado no grupo decobrição para se dispor de informação sobre apaternidade dos vitelos, caso considere a informaçãorelevante).

Esperamos, nesta breve exposição, ter elucidadosobre a importância da recolha de informação, e asvantagens que este processo traz, quandoacompanhado de uma boa aplicação informática, noauxílio á gestão da exploração.

*Por: Engº. Manuel Silveira e Engª.Joana Espírito Santo

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A agricultura em Portugal, nos dias de hoje,encontra-se numa encruzilhada face à gradualdependência dos factores de produção externos, desdeo combustível que faz trabalhar as máquinas, passandopelos adubos e sementes para o cultivo, até às fontes dealimentação dos animais das explorações pecuárias,factos que fazem do agricultor de hoje um refém da suaprópria actividade. Tempos houve em que a fertilizaçãodo solo se baseava nos recursos disponíveis naexploração ou nas suas proximidades, em que aalimentação do gado era totalmente assegurada pelaauto-produção e onde a força de trabalho dependiaessencialmente dos recursos humanos contratados. Ostempos actuais são outros. A agricultura portuguesasaiu gravemente ferida da revolução de Abril e temdemorado algum tempo a lamber tantas feridas, já queuma agricultura descapitalizada numa região comíndices de produtividade abaixo da média demoradécadas a regressar ao seu bom estado anímico.Contudo, esta recuperação lenta permitiu amanutenção em Portugal de alguns valores naturaisúnicos, como os montados de sobro e azinho, ou aslinhas de água, ribeiras, rios e a sua vegetação, queforam delapidados noutras regiões da Europa,

assumindo actualmente a Península Ibérica mais de60% da biodiversidade europeia. Neste sentido importaaprender com os erros de outras experiências agrícolas,fazendo melhor e de uma forma ambientalmente maissustentável, ou seja, sem comprometer os recursos dofuturo.

Relativamente à fertilização do solo, surge anecessidade imperativa de reciclar os subprodutos eresíduos existentes nas zonas rurais, já que resultam napoupança de recursos e na redução de problemasambientais que poderiam advir desses resíduos. Estaopção permite anular custos de importação etransporte, de modo a criar um fertilizante equilibrado,que reduza os custos de produção, melhorando osresultados agrícolas associados e assegurando aconservação do solo, sendo este o pilar fundamental detodo o sistema agrícola, mas também do meio natural.Foi baseada nestes pressupostos que a IMPECTA temdesenvolvido a sua actividade junto dos agricultores,nomeadamente reciclando estrumes, palhas velhas,restos de culturas e da indústria agro-alimentar, oBionutriente IMPEC, um fertilizante de excelênciacomposto por húmus 100% de minhoca. Em vez deintensificar os processos agrícolas, através da adição decomponentes minerais que retiram o sabor natural dosalimentos, optou-se por intensificar a actividade dasminhocas, produzindo um húmus rico em nutrientes eem aminoácidos essenciais, acrescentando ao húmusIMPEC uma quantidade notável de microrganismos querestituem a vida ao solo e recuperam os seus própriosprocessos de reciclagem da matéria orgânica,resultando na obtenção de alimentos com o sabor deantigamente, aquele sabor da horta dos nossos avós,que já faziam a reciclagem da matéria orgânica. Aaplicação continuada de húmus 100% IMPEC resultaainda no aumento da capacidade de retenção de águano solo, melhorando a sua porosidade, drenagem efertilidade, reduzindo a amplitude térmica do solo,favorecendo a capacidade de troca catiónica,equilibrando o pH, melhorando a sua estrutura ereduzindo a susceptibilidade do solo à erosão, evitandoassim a sua perda.

Relativamente aos combustíveis também aIMPECTA definiu a sua estratégia de apoio à actividaderural através de soluções ambientalmente sustentáveis,tendo criado o Biodiesel IMPEC, o qual é produzido apartir do óleo vegetal extraído de sementes deoleaginosas, as quais podem ser cultivadas porqualquer agricultor. Por exemplo, um agricultor médio,que produza anualmente 40 toneladas de girassolpoderá garantir todo o seu consumo de gasóleo,durante um ano (12 000 litros), cerca de 1000 litros pormês, através da transformação em Biodiesel IMPEC,obtendo ainda cerca de 28 000 quilos de bagaço degirassol, o qual poderá incluir na alimentação dos seus

Pés na terra e olhos no futuro

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O stress é classificado por alguns autores como areacção do organismo a uma agressão sofrida pelomesmo.

Todas as formas de vida têm desenvolvidomecanismos para combater o stress nas suas vidas,uma vez que são notórios os efeitos nefastos do stresssobre o indivíduo. Gradualmente foi-se aceitando queos animais, tal como os humanos, quando expostos asituações adversas ao seu organismo, também sofremde stress, e desenvolvem patologias em tudosemelhantes aos humanos, podendo sucumbir adoenças, atraso no crescimento ou prejuízosreprodutivos.

O reconhecimento dos efeitos nocivos do stressdemonstra a sua importância para o bem-estar animal.

Neste caso, é importante que o sector dabovinicultura de corte tenha conhecimentos sobre ocomportamento animal, para que assim possam evitarprodutos de qualidade inferior ao esperado.

A qualidade da carne é caracterizada pelas suaspropriedades físico-químicas, traduzidas peloconsumidor em: maciez, sabor, cor, aroma esuculência. Estas propriedades, são determinadas pormuitos factores inerentes ao indivíduo (genética, idade,sexo), à exploração de origem (maneio alimentar,maneio geral), ao transporte, ao maneio pré-abate, aoabate e métodos de processamento da carcaça, àduração e temperatura de armazenamento e à formacomo é cozinhada.

Por ser uma fonte preciosa de proteínas, vitaminasdo complexo B, Ferro e Zinco, dentre outros nutrientes,deve ser parte integrante de dietas ricas e saudáveis.Assim, a carne bovina, por ser um alimento de altovalor biológico, é item imprescindível na composiçãode uma dieta equilibrada.

Por muitos anos produziu-se e consumiu-se carnesem preocupação com as funções biológicas do tecidomuscular no animal vivo e o quanto elas influenciavama qualidade da carne; posteriormente, com acompreensão dos eventos bioquímicos que ocorrem notecido muscular vivo, foi possível saber que a carne(produto de uma organização complexa de músculoesquelético, tecido conjuntivo e gordura) resulta de uma

série de reacções físico-químicas que ocorrem no tecidomuscular a partir do abate, ou mesmo momentos antes,as quais determinam a qualidade final do produto.

Neste sentido, o pH caracteriza-se como umimportante indicador da qualidade da carne,influenciando a sua aparência e propriedadesorganolépticas (maciez, cor, sabor e odor), que vãointerferir na sua aceitabilidade.

A definição do pH da carne sofre forte influênciada quantidade de glicogénio no músculo no momentodo abate, sendo que, carnes com pH em torno de 5,5,geralmente, apresentam-se macias, com boa coloraçãoe de paladar saboroso.

No entanto, quando o músculo contém baixosníveis de glicogénio haverá menor produção de ácidoláctico e o pH tenderá a ficar mais elevado, isto podeocorrer, por exemplo, em certas situações que resultemem maior stress nos animais durante o maneio pré-abate.

Valores de pH entre 5,8 e 6,2 já resultam emescurecimento e endurecimento da carne; carnes compH entre 6,2 e 7,0 têm a sua textura e cor ainda maisalterada, caracterizando cortes DFD (do inglês dark,firm e dry, sendo, portanto escuro, firme e seco), estetipo de produto não é adequado para consumo directoperdendo valor comercial, pois somente poderão sercomercializáveis se transformadas.

Sabe-se que o stress pré-abate tem influência nadescida dos valores pH post-mortem, sendo relatadoque carnes com pH entre 6,0 e 6,2 são mais duras queaquelas com pH abaixo de 6,0 e acima de 6,2.

Outras condições de stress durante o pré-abatepodem resultar em pH final da carne muito baixo. Isto écausado pela formação do ácido láctico, que é umproduto final metabólico na quebra anaeróbia daglicose e do glicogénio. Como resultado dessa quedaexagerada do pH, imediatamente após o abate, e doefeito combinado de baixo pH e alta temperatura nomúsculo, ocorre a desnaturação das proteínassarcoplasmáticas e miofibrilares. Essa condiçãopropicia uma carne mais clara, mole e exsudativa,conhecida como PSE (do inglês pale, soft e exsudative ).A carne PSE também é rejeitada pelo consumidor, por

Stress animal e qualidade da carne

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animais. A criação de soluções ambientais sustentáveis

afigura-se como o único caminho seguro a seguir naviagem tão incerta que é a agricultura, onde a IMPECTApretende ser um parceiro activo, sendo por issofundamental definir uma estratégia sustentável a médioprazo e seguir um rumo firme, que conjugue areciclagem de resíduos e subprodutos, a auto-produçãode factores energéticos, a conservação do solo e

produção de produtos de qualidade diferenciada quepossibilitem vantagens competitivas de mercado. Cabeinevitavelmente aos agricultores a última palavra, jáque têm nas suas mãos os recursos necessários parafazer diferente e melhor e mostrar ao nosso pequenopaís que ser agricultor é amar o nosso pedacinho domundo acima de todas as outras coisas.

Pedro GorjãoImpecta

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conta de sua aparência na embalagem. A cor,anormalmente clara, é consequência da proteínadesnaturada, que altera a estrutura física da carne,aumentando a dispersão da luz (o que torna a carnemais opaca) e a auto-oxidação, causando adegradação da cor. Além disso, devido à sua baixacapacidade de retenção de água, resultante dadesnaturação da proteína, a carne PSE produzexsudação (perda de água) excessiva.

Convém lembrar que no maneio pré-abate asetapas mais críticas são a carga e descarga dosanimais. No caso de maneio agressivo nessesmomentos, os animais entram em stress com muitafacilidade, resultando em prejuízos para a carcaça(contusões) e qualidade da carne (cortes escuros -"dark-cutting"), lembrando que tais prejuízos podem serdecorrentes da acção directa do homem, ao bater ouapertar os animais contra cercas, porteiras, na mangaou cais de embarque etc., ou indirecta, com a formaçãode lotes novos de animais na etapa final da produção,desrespeitando os seus padrões de organização sociale aumentando as interacções agressivas entre osanimais. Contudo, deve-se ter em conta que váriosfactores podem influenciar o número e a gravidade dascontusões, dentre eles pode-se destacar otemperamento dos bovinos, sendo que a presença deanimais mais reactivos e agressivos aumenta o risco decontusões, este risco é aumentado quando os animaisnão são descornados. Assim, todo o processo demaneio pré-abate, desde a condução dos animais daspastagens para os currais das explorações, até aoprocesso de atordoamento dos animais no matadouro,é fundamental para assegurar a boa qualidade doproduto final.

É muito importante o maneio adequado debovinos, minimizando o stress dos animais e o esforçode trabalho, assegurando bons rendimentos de carcaçae alta qualidade da carne. Isso leva ao atendimento deexpectativas de muitos consumidores, que requeremcada vez mais segurança alimentar e bem-estar dosanimais. Ganhos em eficiência, animais sem stress,menores riscos para animais e funcionários, maior

produtividade homem/hora, maior qualidade de carneno pré-abate e acesso a mercados mais exigentes,justificam o maneio racional de animais.

Recomenda-se, portanto:• Redução de animais com cornos na propriedade, poisestes bovinos apresentam duas vezes mais lesões doque animais mochos ou descornados;• Manter as instalações adequadas ao maneio dosanimais, evitando extremidades pontiagudas quepossam provocar lesões;• Movimentar de forma silenciosa os animais;• Minimizar o uso de choques eléctricos ou bordões nacondução dos animais;• Carregar o número apropriado de bovinos noscamiões de transporte;• Evitar lotes de bovinos de tamanhos e idadesdiferentes antes do embarque ou no curral de espera domatadouro;• Aplicação de medicamentos e vacinas em regiõesrecomendadas;• Utilização de agulhas limpas.

* Por António Correia (Engº Técnico Agro-Florestal dos Sistemas Mediterrânicos)

Bibliografia:COSTA; M. J. R. P. et al. Racionalização do manejode bovinos de corte: Bases Biológicas para oplaneamento.Associação brasileira do novilho precoce. 2000.RENNER; R.M. O maneio pré-abate e seus reflexosna qualidade da carcaça e da carne para a indústriafrigorífica. 16° Revista Nacional da carne. P.186-1982006.FELÍCIO, P.E. de. Factores ante e post mortem queinfluenciam na qualidade da carne bovina. In:Peixoto, A.M., Moura, J.C. de e Faria, V.P. (eds.).Produção do Novilho de Corte. PiracicabaSP:FEALQ/USP, 1997, p.79-97.

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Os elementos minerais indispensáveis, sãohabitualmente classificados em macroelementos(fósforo (P), cálcio (Ca), magnésio (Mg), sódio (Na),potássio (K), cloro (Cl), enxofre (S)) e em oligoelementos(ferro (Fe), zinco (Zn), manganésio (Mn), cobre (Cu),cobalto (Co), iodo (I), molibdénio (Mo) e selénio (Se)).Convém juntar a esta lista alguns novos oligoelementos(flúor, níquel, crómio, vanádio, silício, etc.) para osquais foram recentemente demonstradas funçõesbiológicas, mas quanto a estes, não se corre tanto orisco de haver carências.

A razão pela qual existe uma divisão naclassificação dos minerais, em que uns são designadospor macroelementos e os outros por oligoelementostem apenas a ver com as quantidades necessárias aoorganismo. Os primeiros são necessários emquantidades significativas, enquanto que os segundossão necessários apenas em quantidades muitopequenas. Talvez por esta razão, sejam normalmente osmacroelementos o alvo de todas as atenções.

Desta forma, e para não nos alongarmosdemasiado, vamos incidir esta recolha bibliográficasobre os segundos, já que também são de primordialimportância na produção animal.

O papel dos oligoelementos na produção animal éuma área de grande interesse zootécnico. Umaadequada ingestão e absorção destes minerais éessencial para diversas funções metabólicas,nomeadamente para a resposta imunitária a agentespatogénicos, para a reprodução e para o crescimento.

As deficiências subclínicas ou marginais, poderãoconstituir um problema maior do que uma deficiênciaaguda, dado que os sintomas clínicos não são evidentespelo que o produtor pode não identificar a deficiênciaem causa. Os animais continuam a crescer e areproduzir-se, mas a uma taxa reduzida, o que é umprejuízo económico.

Com a redução dos níveis de oligoelementos,ficam comprometidos em primeiro lugar a imunidade eas funções enzimáticas, seguidas de uma redução docrescimento e da fertilidade.

Funções dos OligoelementosPara melhor entender o papel zootécnico destesminerais, é importante perceber que, tal como todos osminerais em geral, são componentes funcionais eminúmeros processos metabólicos.

As funções dos oligoelementos podem ser divididasem quatro categorias:1. Estruturais - (ex: zinco na estabilidade molecular e damembrana celular);2. Fisiológicas - (ex: minerais que agem nos fluidos etecidos corporais, como electrólitos, de forma a mantera pressão osmótica);

3. Catalíticas - (é provavelmente a maior categoria, jáque se refere ao papel catalítico das metaloenzimas,nos sistemas enzimático e hormonal);4. Reguladoras - (ex: controlo, replicação ediferenciação celular).

A importância da função enzimática, no que dizrespeito ao desempenho do animal, foi demonstradapelos ensaios de diminuição e aumento dos níveis dezinco na dieta, efectuados por Engle e al. (1998). Foidemonstrado que o zinco tem um papel crucial nodesenvolvimento muscular, ou seja, quando existe umadiminuição dos níveis deste mineral na dieta, os animaistêm um desenvolvimento inferior, no entanto, quando sevoltam a repor esses níveis, o crescimento volta aonormal.

É sobejamente conhecido que, para níveis deprodução óptimos, é necessário um equilíbrio dosdiversos nutrientes na dieta: proteína, energia, mineraise vitaminas. No entanto, um equilíbrio entre os própriosoligoelementos também é extremamente importante,dado que poderão existir interacções negativas entreeles.

A sua importância na SaúdeA saúde, ou a falta dela, é um factor de grande

preocupação na produção zootécnica, pois os custosem medicação, perda de performance e a própriamorte, podem rapidamente reduzir a margem de lucrodesta actividade, podendo inclusivamente torná-la nãorentável. O sistema imunitário é um mecanismoaltamente desenvolvido que utiliza uma vastapopulação de células para proteger o animal contra ainvasão de bactérias, fungos, vírus e parasitas. O zinco,o ferro, o cobre, o manganésio e o selénio, foramidentificados por Fletcher e al., 1998, como tendo umpapel importante para uma função imunitária normal eresistência a doenças. A deficiência de um ou maisdestes elementos, pode comprometer aimunocompetência do animal (Beisel, 1982; Suttle andJones, 1989).

A sua importância na ReproduçãoO desempenho reprodutivo do gado pode ser

comprometido, se os níveis de zinco, cobre oumanganésio estiverem nos limites marginais ou emdéfice. Os sintomas comuns de deficiência em cobre nogado, incluem o atraso ou a supressão do cio,decréscimo na concepção, infertilidade e morteembrionária (Phillippo e al., 1987; Corah e Ives, 1991).Níveis inadequados de zinco foram associados com odecréscimo da fertilidade, estro anormal, aborto econtractilidade do miométrio alterada (Mass, 1987;Duffy e al. 1977).

A suplementação com oligoelementos de vacas de

OLIGOELEMENTOS A importância destes minerais na produção animal

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carne e de leite, melhora o seu desempenhoreprodutivo. Vários trabalhos de investigaçãoconcluíram que no gado, as novilhas de primeirabarriga, tiveram diagnósticos de gestação positivos 10dias antes (Swenson e al., 1998), que houve 17% a35% de melhoria nas taxas de concepção (Spears eKegley, 1991; Stanton e al., 1999) e que existiu umaumento do número de óvulos por ovulação pornovilha (6,3 contra 2,8; Ansotegui e al., 1999), nosanimais suplementados.

A sua importância no CrescimentoA rentabilidade da maioria das unidades

produtivas, depende de ganhos médios óptimos e deuma eficiente conversão alimentar. Tal como atrásreferimos, um dos primeiros indicadores de umadeficiência marginal de zinco encontrada por Engel eal. (1998), foi um decréscimo no ganho médio diário eda conversão alimentar, que aparecem inclusivamenteantes que se verifiquem alterações dos seus níveis nosangue ou fígado.

Fazendo uma retrospectiva do papel dosoligoelementos no crescimento, o zinco, o cobre e omanganésio são todos componentes de numerosossistemas enzimáticos associados ao metabolismo doshidratos de carbono e das proteínas. O manganésio étambém um instrumento para o desenvolvimento doesqueleto e para o crescimento.

ConclusãoMuito mais haveria para dizer sobre a importância

destes minerais na produção zootécnica, no entantopensamos que estão apresentadas algumas das

principais razões que levam a concluir que esta é umaárea a que todos os intervenientes (produtores, técnicose veterinários) na produção de gado deverão darespecial atenção.

Talvez o "esquecimento" a que os oligoelementosestão sujeitos, se deva à difícil percepção dometabolismo e acção dos mesmos. Esperamos que comesta breve apresentação, tenhamos conseguidoalcançar o objectivo de explicar de uma forma,certamente ligeira, mas clara, tentando acima de tudoser objectivos e fornecer informação com utilidadeprática.

Com um investimento relativamente pequeno nasuplementação em oligoelementos na dieta dosanimais, os produtores têm a possibilidade não só deprevenir, na grande maioria das vezes o aparecimentodas carências acima apresentadas, mas também a depotenciar os aspectos produtivos dos animais,traduzindo-se assim o investimento efectuado numaumento de produtividade e consequentemente darentabilidade.

*por: Engº.Luis Freire GameiroAgrovete S.A.

Referências bibliográficas:Larson, Connie K., 2005. What Do I Need to Know AboutTrace Minerals for Beef and Dairy Cattle, Horses, Sheep andGoats? INRA, 1988. Alimentation des bovines, ovins & caprins. INRAParis, chapitre 5, 95-106.McDonald, P., Edwards R.A., Greenhalgh, J.F.D. and Morgan,C.A., 1966, 1973, 1981, 1988, 1995, 2002, chapter 6,108-145.

Sintomas de Carências em Oligoelementos nos Ruminantes1

1 A = Adultos; J = Jovens; = Os sintomas mais específicos

Ferro Cobre Cobalto Iodo Manganésio Zinco Selénio

A J A J A J A J A J A J A J

Défice de crescimento ou de engorda • • • • • • • • • •

Queda brusca da produção de leite • • • •

Falta de apetite • • • • • • • • •

Picacismo • • • •

Caquéxia • • • •

Anemia • • • • •

Aprumos defeituosos • • • •

Fracturas espontâneas • •

Coxeira • • • • • • •

Problemas cardíacos •

Dispneia • • •

Diarreia • • •

Descoloração do pelo

Pelos picados • • • • •

Peladas •

Dermatites

Infecundidade • • • • •

Deformação dos cascos • •

Degeneração muscular

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A correcta alimentação dosanimais deve constituir umaprioridade em qualquer explo-ração pecuária devido não apenasao peso económico que aalimentação representa no custofinal do produto elaborado, mastambém devido à importância quea alimentação assume nasperformances produtivas dosanimais.

O maneio alimentar tradi-cional dos ruminantes baseia-seno fornecimento separado dealimentos grosseiros e con-centrados. A alimentação destesanimais baseia-se nas pastagensnaturais ou semeadas com-plementadas com forragens verdesou conservadas, recorrendo-se àsuplementação com concentrados(cereais, bagaços das oleaginosas,alimentos compostos comple-mentares, etc), nas alturas demenor disponibilidade de recursosforrageiros e ou nas fasesprodutivas mais exigentes emtermos nutricionais, como o finalda gestação, o início da lactação eo acabamento dos animais.

No final dos anos setenta,especialmente em explorações debovinos de leite, começaram a serdesenvolvidas rações completasmisturando o mais homoge-neamente possível uma proporçãocorrecta de alimentos grosseiros ealimentos concentrados. Estasrações eram processadas eapresentadas de forma aminimizar a selecção deingredientes pelos animais, peloque, para além de permitirem ofornecimento aos animais dasquantidades necessárias de todosos nutrientes, favoreciam autilização digestiva e metabólicados nutrientes, com evidentesvantagens do ponto de vistaprodutivo e da rentabilidade dasexplorações.

As vantagens evidenciadaspela utilização das rações

completas, a par do desenvol-vimento e crescente comerciali-zação de equipamentos neces-sários para o seu fabrico edistribuição, os reboquesmisturadores-distribuidores deração, contribuíram decisivamentepara que este sistema dealimentação, inicialmente desen-volvido nos Estados Unidos paraas explorações leiteiras, seafirmasse como uma alternativa aosistema tradicional e se expandissena Europa, primeiramente na Itáliae na Espanha, e fosse aplicado aoutras produções como nos ovinose caprinos leiteiros.

Face ao recente aumento dasmatérias-primas para a alimen-tação animal e dos alimentoscompostos para animais econsequente diminuição darentabilidade das exploraçõespecuárias a adopção de raçõescompletas e do sistema dealimentação Unifeed pode ser umasolução interessante nasexplorações de bovinos de carne,principalmente nas engordas maisintensivas.

RAÇÕES COMPLETAS EREBOQUES MISTURADORES-DISTRIBUIDORES DE RAÇÃO.

De entre os factores quemaior peso têm no custo de

produção dos produtos de origemanimal destacam-se a alimentaçãoe a mão-de-obra. Estes doisfactores estão intimamenteassociados, pelo que qualquerestratégia que vise a redução doscustos de produção e a melhoriada rentabilidade das exploraçõespecuárias deve basear-se emsoluções válidas, em termostécnicos e económicos, quetenham claras repercussões nestesdois factores.

A escolha do sistemaalimentar deve ter em atençãodiversos aspectos, tais como asnecessidades nutritivas, que sãofunção da fase produtiva em quese encontram os animais e dosresultados produtivos que sepretendem atingir, o tipo e ascaracterísticas químicas e nutritivasdos alimentos disponíveis e osistema de distribuição da dieta.

Na escolha do sistema dedistribuição terão que serconsiderados, por um lado, oscustos inerentes aos equipamentosutilizados e à mão-de-obra exigidae, por outro lado, os aspectosnutricionais da ração, como aforma de apresentação e otamanho das partículas alimen-tares, o fornecimento de energia,proteína, vitaminas e minerais, apalatibilidade da dieta e a

Sistema de Alimentação UNIFEED:Rações Completas

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quantidade de matéria secaingerida pelos animais.

Tradicionalmente, a alimenta-ção de ruminantes baseia-se nofornecimento de uma dietacomposta por alimentos gros-seiros, normalmente fornecidos àdescrição (pastagens, forragens,fenos, silagens ou palhas) e poralimentos concentrados, quasesempre em quantidadepreviamente fixada (cereais,proteaginosas, bagaços dasoleaginosas, alimentos compostoscomplementares), uma ou duasvezes por dia, de forma manual oumecânica, que satisfaça asnecessidades nutritivas dosanimais inerentes ao nívelprodutivo pretendido.

O termo ração completa(Total Mixed Ration- TMR) foiutilizado, pela primeira vez, porOwen em 1971, para designaruma ração composta poralimentos grosseiros e alimentosconcentrados intimamente mistu-rados, oferecida como únicoalimento, e fabricada e distribuídaaos animais com o objectivo deminimizar a selecção dosingredientes que a compunham eoptimizar a utilização digestiva emetabólica dos nutrientesfornecidos.

A utilização de raçõescompletas implica a utilização deequipamentos de pesagem emistura dos alimentos, osdenominados reboques mistura-dores-distribuidores de ração,vulgarmente conhecidos por"Unifeed. A oferta comercial destesequipamentos de mistura edistribuição de ração éextremamente diversificada, indo

desde os reboques que apenaspermitem a mistura da raçãopreviamente preparada até aosreboques que permitem apesagem dos alimentos aincorporar na mistura, o seu corteou trituração e cuja distribuição éautomática. Existem reboques quenecessitam de ser acoplados a umtractor, enquanto que outros sãoautomotores. Cada equipamentoapresenta vantagens einconvenientes e necessidadesespecíficas em termos de mão-de-obra e das instalações onde sãoutilizados.

Sem nos alongarmosdemasiadamente sobre as parti-cularidades destes equipamentos,os reboques mais utilizados podemser de eixo horizontal ou de eixovertical. Os semi-reboques de eixohorizontal são os mais utilizados,em virtude de originarem umamistura mais homogénea comevidentes vantagens em termos dedistribuição da ração. Os semi-reboques de eixo vertical sãopreferíveis quando os alimentosforrageiros que entram na misturasão provenientes de fardos de altadensidade, já que estes alimentosrequerem uma maior capacidadede destroçamento para seconseguir um tamanho adequadodas partículas alimentares distri-buídas.

VANTAGENS EINCONVENIENTES DO

SISTEMA UNIFEEDAs rações completas ao

misturarem correctamente ali-mentos grosseiros, subprodutos,alimentos proteicos, vitaminas eminerais permitem fornecer aosanimais as quantidades neces-sárias de todos os nutrientes, assimcomo uma proporção equilibrada

de alimentos grosseiros econcentrados, que evitam varia-ções bruscas do pH ruminal efavorecem a digestão da dieta e asua utilização metabólica.

A mistura homogénea devários alimentos reduz acapacidade dos animaisseleccionarem os diferentesingredientes da ração, pelo que,em cada bocado de alimentoingerido é fornecida umaquantidade semelhante econstante de nutrientes. Estaestabilidade origina um ambienteruminal mais estável e maisfavorável aos microrganismos dorúmen, que se traduz numa melhorutilização do azoto não proteico e,consequentemente, no aumentoda síntese proteica pelo animal.

Ao alimentarmos osruminantes estamos a alimentarem primeiro lugar a populaçãomicrobiana que vive no seu rúmen.Esta população não toleraalterações bruscas da alimen-tação, pelo que ao fornecermosrações completas, os microrga-nismos contactam com a mesmaproporção de nutrientes ao longodo dia, o que se traduz nadiminuição dos riscos detranstornos digestivos, nomea-damente de acidoses provocadaspor altos teores de amido, e namelhoria dos resultados sanitários.O bom estado sanitário dosanimais é fundamental para oaumento da quantidade dealimento ingerido e, consequen-temente, para a melhoria dasperformances produtivas.

A incorporação na raçãocompleta de alimentos comelevado teor em humidade, comoa erva, as forragens verdes ou assilagens, permite um aumento daquantidade ingerida, favorecendo

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a utilização dos outros alimentosfibrosos, tanto mais que o animaltem maior dificuldade emseleccionar os alimentos quecompõem a mistura, sobretudo seos alimentos forem previamentetriturados ou moídos antes de seproceder à sua mistura.

A adopção de dietascompletas também permiteaumentar a utilização de matérias-primas que, fornecidas isola-damente, apresentam algumasrestrições nutricionais, nomeada-mente as relacionadas com apalatibilidade e o sabor. Estascaracterísticas individuais sãodiluídas na ração completa"enganando" a avaliação sensorialdo animal, o que associado aosefeitos associativos dos diferentesalimentos incorporados permiteuma melhoria da digestibilidade,um aumento da quantidadeingerida e, consequentemente, dasperformances produtivas. Aincorporação de subprodutosproduzidos na exploração ou emlocais próximos, em virtude do seumenor custo, poderá traduzir-se nadiminuição significativa dosencargos com a alimentação.

A utilização do sistema dealimentação Unifeed permite umaredução significativa do temponecessário e da mão-de-obraexigida nas operações para pesar,carregar, misturar e distribuir umaração completa. Esta redução serátanto maior quanto maior for ograu de mecanização utilizado,nomeadamente no que dizrespeito ao manuseamento eprocessamento dos alimentosgrosseiros.

Apesar das vantagens eviden-ciadas pelo sistema de alimen-tação Unifeed há que ponderar osinvestimentos necessários para aadopção do sistema de raçõescompletas. Para além dos custosinerentes à aquisição emanutenção dos reboques mistu-radores-distribuidores, há quecontar com os investimentosnecessários à adaptação dasinstalações existentes. No caso dasexplorações de carne adistribuição da ração poderá fazer-

se em gamelões existentes, emmanjedouras colocadas nosextremos dos parques ou noscorredores de passagem,devendo-se evitar a distribuiçãodirecta no solo.

Outro aspecto importante ater em atenção é o facto de nemsempre ser possível manter amesma composição da dieta aolongo do tempo devido asazonalidade da disponibilidadede subprodutos. É convenientetentar uniformizar a dieta,especialmente no que diz respeitoaos alimentos grosseiros, de formaa evitar grandes e bruscasalterações da flora ruminal, queafectarão a digestibilidade e oaproveitamento da ração. Torna-se necessário utilizar matérias-primas de boa qualidade econhecer o seu valor nutritivo eutilizar correctamente osequipamentos de pesagem,mistura e distribuição, de forma aobter-se uma formulação correctae utilizar uma mistura o maishomogénea ao longo do ano.

REGRAS BÁSICASDE UTILIZAÇÃO

A optimização da utilizaçãode rações completas e do sistemade alimentação Unifeed passapelo cumprimento das seguintesregras básicas:1 - Identificar correctamente asnecessidades nutritivas dosanimais tendo em atenção a raça,a idade e o peso vivo e asperformances produtivas preten-didas de forma a formular raçõesadequadas em termos daproporção de alimentos grosseirose concentrados e equilibradas emenergia, proteína, fibra, vitaminase minerais.2 - Utilizar apenas alimentos deboa qualidade, devendo-se evitaralimentos mal conservados, comum teor muito elevado em água oucontaminados com fungos.3 - Como regra geral, deve-secortar e misturar, em primeirolugar, as matérias-primas commaior humidade e, depois,adicionar as matérias-primas comum teor em matéria seca mais

elevado.4 - Conhecer a composiçãoquímica (teor em água, proteína efibra) dos alimentos e pesarcorrectamente os alimentos quevão entrar na ração.5 - Não ultrapassar a capacidadedo reboque misturador, para evitaruma mistura pouco homogénea eo desperdício de alimentos.6 - Ter em atenção os temposrecomendados de mistura, já queum tempo de mistura muito longopode originar uma ração muitomoída destruindo a fibra efectivade que o animal necessita, e umtempo muito curto de misturadiminui a eficiência de utilizaçãoda ração.7 - Distribuir a ração pelatotalidade do comedouro de modoa minimizar a competição entre osanimais e permitir que todosingiram uma quantidade adequa-da de alimento para que asperformances produtivas sejamsemelhantes.8 - Retirar os restos da raçãodistribuída anteriormente, antes dadistribuição de alimento fresco ecompará-los para verificar se sãosemelhantes e se os animais nãoseleccionaram ingredientes daração.9 - Observar regularmente aingestão de matéria seca eacompanhar a resposta produtivados animais (condição corporal,ganhos médios diários, índice deconversão alimentar) de forma acorrigir atempadamente a formu-lação.

CONCLUSÕESA ração completa deve resultar damistura de vários alimentos deforma a combinar alimentosgrosseiros ou fibrosos (como aerva, as silagens e determinadossubprodutos vegetais, comelevado teor em humidade, mastambém os fenos e palhas, comelevado teor em matéria seca) comalimentos concentrados (como oscereais, os bagaços das oleagino-sas ou os alimentos compostoscomplementares, adquiridos áindústria de alimentação animal) eos suplementos minerais e

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vitamínicos, de forma a satisfazeras necessidades dos animais emtodos os nutrientes.As principais vantagens associadasàs rações completas são asimplificação dos arraçoamentos,a diminuição dos custos daalimentação, a diminuição damão-de-obra necessária, afacilidade e comodidade dadistribuição da ração e a melhoriadas performances produtivas.Apesar do investimento exigido osistema de alimentação Unifeedpode traduzir-se numa diminuiçãoimportante do custo daalimentação e, ao permitir ofereceruma dieta apetecível, comevidentes benefícios em termosfisiológicos e produtivos, poderáser uma solução para aumentar arentabilidade das exploraçõespecuárias.

*Por: Prof. Amadeu Borges deFreitas (Universidade de Évora -

Departamento de Zootecnia)

Ração 1: 87% de Matéria Seca e 0,73 UFV/ Kg8,2 Kg de ração / animal / dia

Feno Trigo Rijo 23,5 %Palha de Trigo 10,8 %Milho grão 23,7 %Triticale grão 16,1 %Bagaço de Soja 48 10,8 %Corn Glúten Feed 14,0 %Premix Mineral--Vitamínico 1,1 %

Ração 2:60% de Matéria Seca e 0,44 UFV / Kg13,6 kg de ração / animal / dia

Silagem de Triticale 51,9 %Feno Trigo Rijo 6,5 %Palha de Trigo 3,2 %Milho grão 13,0 %Triticale grão 9,7 %Bagaço de Soja 48 8,4%Corn Glúten Feed 6,5 %Premix Mineral--Vitamínico 0,8 %

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Exemplos de rações completas para engorda de novilhos Cruzadosentre os 350 e 450 Kg de Peso Vivo, para obterem um ganho médiodiário de 1200 g.

BIBLIOGRAFIAAugeard, P. ; Bazin, S. ; Chenais, F. ; Girard, P. ; Weiss, P. (1986). Ration complèteou distribution individuelle de concentrés ? Bilan de trois années d'expérimentationaux Trinottières (49). Supplément Élevage à Perspectives Agricoles 105, 26-32.Conceição, L. A. (1996). "A utilização de semi-reboques misturadores-distribuidoresde ração em alimentação animal". Actas do VI Congresso de Zootecnia pp:419-423.Leal, E.; C. (2003). Introdução de um sistema de alimentação Unifeed numaengorda de Bovinos. Trabalho de fim de curso da Licenciatura em Engenhariazootecnia. Universidade de Évora.Owen, J.B. (1971). Complete diets for ruminants. Agriculture (London) 78, 331-333Owen, J.B. (1984). Complete diet feeding for cattle. Livestock Production Science11, 269-285.

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O ruminante é caracterizado por ter o estomagodividido em 4 departamentos (quadro 1) e por issotambém ser chamado poligástrico. No processo dedigestão, tem particular atenção o fenómeno daruminação, caracterizado por uma segunda mastigaçãodo bolo alimentar, que envolve quatro fases descritas noquadro 2.

Quadro 1

Quadro 2

O grande problema da actualidade é que com oobjectivo de alcançar os melhores resultados possíveis,fazem-se engordas de novilhos com elevado consumode concentrado, muito rico em amido, em detrimentoda fibra, comprometendo muitas vezes o bomfuncionamento do rúmen criando problemasmetabólicos como a acidose e timpanismo, que paraalém de perdas produtivas podem levar à morte doanimal.

Nas engordas intensivas são utilizadosconcentrados muito ricos em amido e por vezes com

uma velocidade de degradação muito elevada. Esseamido é utilizado por um conjunto de bactériasamilolíticas que produzem no rúmen uma grandequantidade de ácido láctico e gases, tais como ohidrogénio e metano (quadro 3). Desta forma, no meioruminal a tendência é criar-se uma acidose bemdesfavorável para a flora e consequentemente para oanimal que vive em simbiose com a primeira. A formanatural que o ruminante tem para evitar essa descida dopH é fazer a tal segunda mastigação do bolo alimentare dessa forma produzir grande quantidade de salivaque na sua composição entram substãncias tampão(bicarbonato, fosfatos) que no rúmen evitam a acidosee consequente timpanismo que leva o animal á mortepor asfixia. Só que, o estimulo da a regurgitação dobolo alimentar para a remastigação é dado pela fibraefectiva ou grosseira como a palha ou feno, que muitasvezes não é consumida em quantidade suficiente, ounão tem a efectividade suficiente, liquidando o processode ruminação com as consequências já descritas.

Quadro 3

Para evitar este problema metabólico o produtor teráque estar atento a determinadas regras de maneio e onutricionista deverá obedecer a critério muito apertadona formulação desses concentrados ricos em amidos,para crescimento/engorda de novilhos. Quanto a estasegunda parte aqui deixo, na qualidade de gestor deproduto de ruminantes Provimi, algumas regrasbásicas:

• Inclusão de fontes de amido caracterizadas pela sualenta degradabilidade no rúmen:As fontes de amido do Provi Superbife têm origem noscereais, milho e cevada, caracterizados pela sua lentadegradabilidade e elevada percentagem by-pass, emparticular o amido do milho.

TIMPANISMOA doença metabólica que mais afecta a engorda intensiva de novilhos

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• Inclusão de tampões:Provi Superbife contém 4 diferentes tampões que ajudama evitar a descida do pH ruminal, mas não substituem osproduzidos pela saliva no processo de ruminação.Contém, 1,73 % carbonato cálcio; 0,7 % bicarbonatosódio; 0,3 % óxido magnésio e 0,1 % fosfato bic..

• Inclusão de uma ou mais matérias primas comcaracterísticas fibrosas de boa digestibilidade:Na formulação do Provi Superbife fazem parte duasmatérias primas muito ricas em fibra e de elevadaqualidade: São elas a luzerna e a sêmea de trigo, querepresentam juntas 15 % do concentrado .

• Evitar fontes de nitrogénio não proteico:Na formulação do Provi Superbife não entra qualquer matériaprima caracterizada pelo seu teor em N.N.P. (ex. Ureia).

• Utilizar e diversificar as fontes de gordura (sólida,líquida e by-ppass):Provimi Superbife contém, banha, óleo de soja egordura protegida no total de 3,6 % na formulação.

• Inclusão de leveduras:Provi Superbife contém leveduras incorporadas, talcomo o premix, num núcleo chamado Micro Superbife.

No quadro 4 apresento um testemunho de umaengorda com Provi Superbife.

Em paralelo com este cuidado nutricional, aoprodutor compete controlar outros aspectos,

relacionados com o programa sanitário, época do anoe acima de tudo com o maneio alimentar.

Programa sanitário• Não prescindir da vacina que, dentro de outrasacções, evita a hipomotibilidade ruminal. Semmovimentos peristálticos na pança, o bolo alimentarnão é regurgitado, logo o animal não rumina.

Programa alimentar• Nunca falte palha de qualidade nos comedouros. Oconsumo da mesma nunca deve ser inferior a 20 % dototal diário dos alimentos ingeridos. Só com palha dequalidade esta meta é possível. Mesmo ad-libitum, se apalha é de má qualidade ou está húmida, essa metanão é atingida.• Mudança gradual de concentrado (21 dias) e que omesmo nunca falte nos comedouros. • Nunca falte água limpa. Com água suja o animalbebe menos o que provoca menor consumo de palha.

Época do ano (FRIO E PALHA HÚMIDA = TIMPANISMO)

• Com frio (Inverno) as necessidades de manutençãoaumentam cerca de 20 %, obrigando o animal a ummaior consumo de energia, ou seja de concentrado.Nesta situação, na maioria dos casos, o consumo deforragem não acompanha esse incremento de consumode ração, pondo em sério risco a regra dos 20 %mínimo de consumo de palha em relação ao total dadieta. Ainda mais grave que a quantidade de palhaconsumida, é a sua qualidade referente à suaefectividade, ou seja, o seu grau de dureza ougrosseirismo. É essa efectividade da palha, maior doque a do feno, que no rúmen estimula a regurgitaçãodo bolo alimentar, motivando a segunda mastigação,que por sua vez é responsável pela produção de grandequantidade de saliva, riquíssima em tampões(bicarbonato sódio, fosfatos e substãncias anti-espumosas). Estes mesmos tampões evitam no rúmen adescida do pH ou seja a acidose, a responsável a nívelalimentar pelo timpanismo. Comedouros de palha acéu aberto em tempo de frio e chuva fazem com queeste alimento, para além de tornar-se menos apetentepara o animal, perca a sua efectividade original econsequentemente a sua acção directa naregurgitação/ segunda mastigação/ ruminação/produção de tampões. De um estimulador daruminação, a palha, depressa transforma-se numa viarápida para o timpanismo.

* Por: EngºAlexandre Duarte(Gestor Produto Ruminantes - PROVIMI)

Nota de agradecimentoPor altura da edição desta revista soubemos da trágica notíciasobre o facecimento do autor deste artigo, por isso, queremosexpressar sentidas condolências a toda a família e amigos.Estimamos e estamos eternamente gratos pela colaboraçãodo Engº Alexandre Duarte.

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Quadro 4

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O Vírus da Diarreia Viral Bovina (BVDV) énormalmente associado à Doença Respiratória Bovina(DRB), frequente sobretudo em vitelos. Por se tratar deum vírus imunossupressor, o BVDV potencia a acçãodos outros micróbios envolvidos nas infecçõesrespiratórias, nomeadamente do Vírus RespiratórioSincicial Bovino (BRSV).

Os animais adultos e os vitelos podem aindaapresentar, em alguns casos, doença aguda nasequência da infecção pelo BVDV, caracterizada pordiarreia, perda de apetite e de vivacidade, febre ediminuição da rentabilidade produtiva. Porém, namaioria dos casos, a infecção pelo BVDV é discreta ousub-clínica, induzindo a depressão das defesas, já atrásreferida, e tornando o animal mais susceptível a outrasdoenças [1].

É, no entanto, ao nível da fertilidade e da gestaçãoque o BVDV exerce os seus efeitos mais dramáticos.Apesar destes efeitos serem complexos e não estaremainda completamente esclarecidos, sabe-se que ainfecção das vacas gestantes pelo BVDV levapotencialmente à infecção dos fetos que podem morrer,resultando em abortos, ou levar ao nascimento deanimais que ficam infectados pelo vírus durante toda avida. De seguida explicaremos mais em detalhe estesefeitos reprodutivos do BVDV.

Os resultados da infecção das vacas gestantes edos seus fetos dependem do momento da gestação emque esta infecção ocorre (ver Figura 1) [2].

Se a infecção ocorrer:

0 - 2 meses de gestaçãoO BVDV tem, desde o início da gestação, um impactoimportante na performance reprodutiva, dado que podeprejudicar o funcionamento ovárico, dificultar a fixaçãodo embrião ao útero ou, mesmo que esta fixaçãoocorra, provocar morte embrionária e perda precoce dagestação. Normalmente após a morte do embrião,ocorre a sua reabsorção, que na prática se traduz peloretorno da vaca ao cio.

2 - 4 meses de gestaçãoEsta é uma fase da gestação muito crítica porque o fetoainda não tem o seu sistema imunitário desenvolvido.Na prática, o que acontece se a mãe se infectar duranteesta fase é que o feto, ou morre ou, se resistir àinfecção, acaba por assumir o BVDV como se fosse seue nascer infectado pelo vírus, assim permanecendodurante toda a vida. Chama-se a estes vitelosPersistentemente Infectados (ou PIs). Os animais PIs nãosão muito abundantes mas são extremamente perigososporque estão constantemente a eliminar o BVDV e,

assim, a infectar os outros animais à sua volta(nomeadamente as vacas prenhes), perpetuando oproblema. É importante referir que as vitelas quenascem PIs, se sobreviverem até à idade adulta e sereproduzirem, todos os seus descendentes serão animaisPIs, podendo nestes casos falar-se em Famílias PIs.

4 - 9 meses de gestaçãoDurante esta fase, até aos 8 meses da gestação,completa-se o desenvolvimento dos vários órgãos dovitelo, pelo que a infecção fetal até essa altura poderesultar em malformações dos órgãos emdesenvolvimento. Uma situação conhecida é amalformação de componentes do Sistema Nervoso,como o Cerebelo. Os animais que nascem com esteproblema são, normalmente, vitelos com alterações decoordenação motora ou mesmo incapazes de semovimentar.

Até ao parto, em alternativa ao aparecimento destetipo de malformações, a infecção do feto pode sempreconduzir ao aborto, tal como se referiu para osprimeiros meses da gestação.

A consulta da Figura 1 pode permitir umacompreensão mais fácil dos vários efeitos possíveis doBVDV a nível da fertilidade e da gestação. Sabe-se queas perdas reprodutivas são actualmente as perdaseconómicas mais importantes, associadas à infecçãopelo BVDV [2].

Nas vacarias de leite, reconhecem-se as seguintesperdas:• Efeito do BVDV na diminuição da produção de leite(menos 8500 litros por cada 40 vacas) [3]. Isto resulta,em grande parte, dos efeitos reprodutivos do vírus,nomeadamente os retornos ao cio e abortos queorigina e, que, se sabe terem uma grande influência naeficiência da produção de leite. A título ilustrativo refira-se que o lucro das explorações pode diminuir 3 a 4% sea primeira inseminação, em média, ultrapassar os 70dias pós-parto [4]; quantificando por vaca, sabe-se quecada animal que não está gestante prejudica o retornoda vacaria em 2,30€ por dia [5]. Adicionalmente,sabe-se que as mamites adquirem maior impacto nasexplorações com BVDV (até 7% de aumento) e esteaumento é claramente resultado do efeito depressor dasdefesas exercido pelo vírus [6]. • Aumento da mortalidade dos vitelos, estando aquienglobados os animais que morrem antes dos 2 anosde idade, bem como os custos inerentes ao tratamentodos mesmos [3].

Traduzindo em custos, estimaram-se estas perdas

O Impacto do BVDV na Fertilidade e as suasRepercussões Económicas

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em decréscimos de 10,7 € a 19 € por 1000 litrosde leite [3]. Já em casos de surtos os custospodem ascender até aos 96 € por vaca, por ano[7].

Abordaremos agora o impacto da infecção peloBVDV em vacadas de carne. À semelhança do queocorre nas vacarias de leite, também nas vacadasde carne são as perdas reprodutivas e aimunossupressão que estão na base dos prejuízosmais significativos. Os resultados apresentadosdescrevem o impacto económico do vírus a longoprazo, considerando os efeitos acumulados aolongo de 10 anos [7]:• As perdas podem atingir o valor máximo de 100€ por vaca, no segundo ano.• Em média, perde-se 58 € por vaca, por ano.

Quando analisado o impacto económico do BVDV,a nível nacional, conclui-se que o prejuízo pode iraté cerca de 3000 € por exploração, por ano. Apiorar a situação está o facto, de se prever, que sócerca de 7% das explorações estão livres de BVDV[8]. Estes valores parecem ser bastantepreocupantes, estimando-se que na região doAlentejo (concretamente nas áreas das OPP's deMontemor-o-Novo, Monforte e Odemira) até 79 %

das explorações são suspeitas de estar infectadas [9].Perante este cenário, a forma mais viável e

economicamente sustentável de conter a disseminação destevírus e os seus efeitos negativos é através da vacinaçãosistemática de todas as fêmeas em idade reprodutiva. Estaestratégia preventiva visa evitar as perdas reprodutivas, onascimento de mais animais PIs e, desta forma, evitar operpetuar dos problemas associados ao BVDV.

*Por: Drª. Liliana Mendonça da Silva e Dr. Miguel MatosPfizer Saúde Animal

Bibliografia1. Bolin SR, Grooms DL, Origination andconsequences of bovine viral diarrhoea virus diversity.Vet Clin Food Anim 2004, 20: 51-682. Grooms DL, Reproductive losses caused bybovine viral diarrhoea virus and leptospirosis.Theriogenology 2006, 66: 624-6283. Bareille N, Beaudeau F, Fourichon C, Seegers H,Quantification of economic losses consecutive toinfection of a dairy herd with bovine viral diarrhoeavirus. Prev Vet Med 2005, 72: 177-1814. Østergaard S, Sørensen JT, Economicconsequences of postponed first insemination of cowsin a dairy cattle herd. Live Prod Sci 2003, 79: 145-1535. Galligan DT, Groenendaal H, Mulder HA, AnEconomic Spreadsheet Model to Determine OptimalBreeding and Replacement Decisions for Dairy Cattle.J Dairy Sci 2004, 87: 2146-21576. Houe H, Economic impact of BVDV infection indairies. Biologicals 2003, 31: 137-1437. Gunn GJ, Humphry RW, Stott AW, Modelling andcosting BVD outbreaks in beef herds. The Vet J 2004,167: 143-1498. Gunn GJ, Humphry RW, Saatkamp HW, Stott AW,Assessing economic and social pressure for the controlof bovine viral diarrhoea virus. Prev Vet Med 2005, 72:149-1629. Estudo de Seroprevalência das VirosesRespiratórias Bovinas no Alentejo. Laboratórios PfizerSaúde Animal, 2003, Porto, Lançamento daRispovalTM 4 e RispovalTM Pasteurella

Figura 1: Relação entre o momento da infecção e o efeitoreprodutivo consequente

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"Após 44 anos de silêncio, o vírus da línguaazul reapareceu em Portugal no Outono de2004 (Barros et al, 2007)."

A doença da Língua Azul (L.A.) é uma patologia deorigem viral, geralmente subclínica, que afectaruminantes domésticos e selvagens, principalmenteovinos. É transmitida por insectos hematófagos(sugadores de sangue) do género Culicoides.Na sua forma clínica, podem observar-se sinais como:edema da cabeça, lesões bucais e podais,emagrecimento rápido, podendo ter comoconsequência a morte do animal (entre 0 e 50% dosanimais afectados). Não é contagiosa e o método maiscomum de infecção é pela picada do mosquito.

DescriçãoO vírus da língua azul pertence à família dos

Reoviridae, do género Orbivirus, sendo que estãoidentificados 24 serótipos.

História e distribuiçãoNo ano de 1956 ocorreu um surto em Portugal,

que provocou a morte de 46.000 ovinos, nos primeiros4 meses (Roberts, 1990) e que persistiu, nos animaisreservatórios, até 1960. Desde então e até 2004 não foram registados maiscasos de Língua Azul no nosso país.

Em 2004, após um intervalo de 44 anos,começaram a ser registados novos casos da doença,tendo sido identificado o serótipo 4, período de 2004até Setembro de 2007 (DGV, 2007) e posteriormente oserótipo 1.

Estes serótipos estão associados a situaçõesclínicas em ovinos, podendo também afectar algunsbovinos.

O serótipo 8 afecta, essencialmente, os bovinos,podendo originar perdas elevadas. O modelo deprogressão deste serótipo, em território Europeu(sentido Norte-Sul), poderá significar que, em breve,estará distribuído pelo resto da Europa, incluindo abacia mediterrânica (Saegerman et al, 2008), nãosendo de excluir a possibilidade de, num futuro

próximo, aparecerem outros serótipos, aumentando aimportância da doença, particularmente no que serefere aos bovinos.

Distribuição ao nível europeu, dos serótipos dovírus da L.A. (DGV, 2008).A distribuição do agente depende da interacção entreos seguintes factores:

Existem vários factores que podem afectar adistribuição do agente transmissor e, por consequência,do vírus, para zonas livres da doença, nomeadamente:• Mudanças climáticas em zonas fronteiriças com zonasem que a doença está quase sempre presente (zonasendémicas), como por exemplo, alteração da estaçãodas chuvas ou mudança de ventos (que arrastem osinsectos infectados).• Movimento de animais, por necessidades alimentares(transumância).

Uma vez que o clima é um factor determinante,principalmente a relação entre temperatura e

Língua Azul (Febre Catarral Ovina, Bluetongue disease)

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humidade, podemos ter várias condicionantes aodesenvolvimento e evolução da doença. Em Invernosmenos rigorosos, o insecto pode estar mais activo (entre13 e 35ºC) e em locais com humidade e temperaturaelevadas multiplica-se mais facilmente, sendo aprecipitação, nos meses precedentes, um factordeterminante para a ocorrência de infecção (Ward &Thurmond, 1995).

Os insectos preferem alimentar-se nos bovinos,fazendo com que animais aparentemente sãos, possamservir de reservatório de vírus.

PerdasAs principais perdas, por ordem crescente deimportância, são: (Gibbs & Greiner, 1988).• Morte de animais (ovinos)• Diminuição da produção (leite e lã)• Custos de implementação de programas de controloe profilaxia• Barreiras e restrições à exportação de:

- Animais vivos - especial importância para osassociados da ACL, em relação à venda dereprodutores- Sémen, embriões

Diagnóstico clínico em bovinos:Quando há infecções por serótipo 1 e 4, a

sintomatologia passa muitas vezes despercebida. Noentanto, alguns animais podem desenvolver sintomassemelhantes aos encontrados nos ovinos afectados(Baldwin & Parsonson, 1994).

Sinais clínicos:• Rigidez muscular, que abranda com o exercício• Falta de apetite e prostração, devido à febre (40 e42ºC)• Edema da face (lábio, pálpebras e entre ganachas)• Lesões ulcerativas da língua, almofada dentária,gengivas, mucosa oral e dos lábios • Espelho "queimado" / rachado (ver foto)• Salivação excessiva, com "fios" de saliva pendurados,mau hálito• Descarga nasal límpida, que depois pode passar asanguinolenta e mesmo purulenta (chegando abloquear as narinas).• Corrimento ocular• Com a evolução animais podem coxear dos quatromembros, devido à inflamação da zona acima da unha(coronite) (ver foto)• Lesões nos tetos (ver foto)• Quando a infecção se dá no início da gestação, podecausar abortos ou má-formações (hidrocefalias,curvatura dos membros, cegueira e deformidade namandíbula) (Thomas et al, 1986) (foto de ovinos)

Curiosamente, o sinal clínico que dá o nomevulgar à doença, devido à congestão da língua, não éo mais comummente observável.

Diagnósticos diferenciais:As lesões associadas à Língua Azul podem ser

confundidas com várias patologias, tais como:

• BVD (Doença das Mucosas) - Difícil diferenciar,embora as lesões cutâneas na Língua azul sejam secas,escamosas e esfoliativas. A L.A. atinge animais de todasas idades, enquanto que a doença das mucosas atingeprincipalmente animais jovens. Quase todos os animaisatingidos por Doença das Mucosas morrem, enquantoque a maioria dos casos de L.A. recuperam.• IBR - Normalmente não existem complicaçõespulmonares na L.A.. No entanto, podem ocorrerpneumonias por falso trajecto, em casos avançados.• Estomatite vesicular - Não há ocorrência de vesículasna L.A., além de que a disseminação ocorre maislentamente.• Febre Catarral Maligna - Patologia mortal, comaumento generalizados dos nódulos linfáticos. Lesõesoculares.• Rinderpest (Peste bovina) - Patologia altamentemortal.• Estomatite papular bovina• Fotossensibilização - devido à ingestão de algumasplantas com fitorreactivos

O diagnóstico presuntivo, em campo, tem que sercomplementado, com o envio de material adequadopara pesquisa do agente. A técnica ELISA permite,através de sorologia, determinar animais positivos, massem distinção entre os animais vacinados e osinfectados.Actualmente, utiliza-se um outro método, o RT-PCR, quepossibilita a diferenciação entre os animais vacinados(ovinos a que foi administrada vacina viva) e osinfectados naturalmente, permitindo, também, distinguiros vários serótipos de vírus.

TratamentoNão existe terapêutica específica, no entanto, pode

fazer-se tratamento sintomático.

Coronite Espelho "queimado" /rachado

Lesões nos tetosAbortos

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Medidas de ControloAs medidas de prevenção e controlo devem estar

relacionadas entre si, resultando numa actuaçãointegrada nas várias frentes:• Impedir o desenvolvimento e movimentação do vector(insecto)• Implementar barreiras para evitar a movimentação deanimais e materiais contaminados, para zonas livres dadoença• Prevenir que os animais sejam atingidos pelo agente- via vacinal

Zona Livre:Imposição de medidas de pré-movimentação(serovigilância), regimes de quarentena e controlo dovector, principalmente nos seus locais dedesenvolvimento (estercos e águas paradas).Desinsectização dos animais, anterior à suamovimentação (exemplo: deltametrina - (Butox 7,5%pour on) e dos locais de alojamento (exemplo:permetrina - Stomoxin mural). Em explorações mistas,com equinos, devemos, também, ter o cuidado de osdesinsectizar, pois embora não sejam afectados pelovírus, podem servir de fonte de alimentação e transportedo insecto.

Zona RestritaUma vez introduzida a doença, a vacinação é o únicoprocedimento de controlo satisfatório.A vacina, apesar de não eliminar a infecção, apresentabons resultados, caso confira imunidade frente a todasesptirpes do problema, mantendo, as perdas a um nívelrelativamente baixo.Exemplo: caso exista serótipo 1 e 4, os animais têm queser vacinados para o serótipo 1 e 4, pois não existeprotecção entre os diferentes serótipos.

A Comissão Europeia optou já pela vacinação emmassa dos animais, não só nos ovinos, mas tambémnos bovinos, dada a gravidade da situação e o evoluirde casos do serótipo 8.

A Intervet / Schering-Plough está a produzir umavacina, que permita proteger os animais (Bovinos eovinos) de forma eficaz e segura.Apesar de as perspectivas de disponibilidade só seremconhecidas no final de Abril, vários países jáelaboraram planos de vacinação em massa, tendoreservado milhões de doses de vacinas.

Caso pretenda obter mais informações contacte osserviços técnicos da Intervet / Schering-Plough.

*Por Prof. Cannas da Silva e Dr. André PretoIntervet / Schering-Plough

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Um objectivo importante e realista de qualquercriador de bovinos deve ser vender 95 vitelos por cada100 vacas por ano (95% de eficácia). Para tal, operíodo de periparto corresponde à fase mais crítica demortalidade de um vitelo (entre 50% a 70% damortalidade neonatal ocorre nos 3 primeiros dias devida) sendo a dificuldade de parto, a desnutrição ehipotermia dos vitelos recém-nascidos as principaiscausas dessas perdas. Considera-se um vitelo com boaviabilidade aquele que:

• Possui um reflexo de endireitamento da cabeça quaseimediatamente após o nascimento.

• O decúbito esternal obtido dentro de 2 a 3 minutosapós o nascimento seguido rapidamente por tentativasde se levantar num período máximo de 15 a 30minutos.

• Bom reflexo de sucção de amamentação. A falha deum vitelo recém-nascido em mamar pode serconsequência de um mau vigor da cria, mau instintomaternal, má conformação mamária, má condiçãocorporal materna ou condições adversas (pisoescorregadio, temperatura ambiente muito baixa, etc.).

O parto e todos os factores com ele relacionadosnomeadamente o seu normal desenrolar, a condiçãomaterna no dia do parto, a capacidade leiteiramaterna, a docilidade maternal e as instalações dematernidade são parâmetros importantes para uma boaviabilidade do vitelo recém-nascido.

Partos assistidos estão associados a sofrimento dofeto com maior ou menor grau; uma correcta decisãona assistência ao parto (ver revista nº 14 NoticiasLimousine) tem uma forte importância na futuravitalidade do vitelo recém-nascido. A sobrevivência deum vitelo recém-nascido em sofrimento é melhoradapelo início imediato, após o parto, de cuidados deressuscitação:

• Estabelecimento da respiração:

1º Por eliminação dos líquidos existentes nos pulmões(quer por aspiração nasobucal, quer por colocação dacria de cabeça para baixo segurando o feto ao níveldos curvilhões durante um período máximo de 30 a 40segundos);

2º Início dos movimentos respiratórios: a. Colocação de água fria na cabeça do vitelo.b. Estimular o reflexo língual que consiste empuxar a língua sem a traumatizar.c. Estimular reflexo pituitário por consiste emfriccionar suavemente a mucosa nasal com um fiode palha.d. Administração de estimulantes respiratórios,quer por via intramuscular quer por via sub-língual.e. Fricção vigorosa da pele das pernas e do dorsodo vitelo e ainda proceder a movimentos depedalagem dos membros do vitelo.

f. Executar compressão suave e regular sobre ascostelas do vitelo a cada 3 segundos (para respeitara frequência respiratória) até que a respiraçãoadquira um ritmo normal ou o coração pare.g. Utilização de reanimadores manuais parainsuflar os pulmões de ar em que a principalprecaução se prende com a compressão do esófagosituado abaixo da traqueia para evitar a entrada dear nos reservatórios gástricos.

• Combate à hipotermia (baixa temperatura corporal)quer pela escolha de um local ameno para o parto,quer pela colocação de fontes de calor, mantas e umaboa cama de palha para o vitelo, quer ainda permitindoou ajudando a que a mãe cuide, lamba e seque ovitelo. A altura do ano em que ocorre o parto é tambémimportante para que a temperatura corporal do viteloesteja dentro de valores adequados para a sua boavitalidade. • Fornecer rapidamente o colostro que nas primeiras 6horas de vida o vitelo recém-nascido deverá ingerir 2 a

O Vitelo recém-nascido

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3 litros de colostro e nas primeiras 24 horas de vidaaproximadamente 15% do seu peso corporal emcolostro (se a vitalidade e equilíbrio do recém-nascidofor questionável o colostro deverá ser administrado porsonda para evitar a sua aspiração). Como medida geral5% do peso vivo nas primeiras 2 horas e 10% a 15%nas primeiras 24 horas. Não esquecer que o colostrocumpre uma tripla função de alimento, fornecimento dedefesas e laxante para expulsão do mecónium(primeiras fezes). • Desinfecção do cordão umbilical com soluções anti-septicas com iodo a 5%-7% ou clorhexidina a 2% pararedução do risco de infecção e hérnia umbilical.

A observação do vitelo no período imediato apóso parto e da sua relação com a mãe permite aidentificação precoce de um vitelo fraco (com aconsequente rápida intervenção veterinária parafortalecimento da cria). Assim, são sinais de fracaviabilidade de um vitelo:

1. Um vitelo apático à nascença (e raramente umvitelo hiperexcitavel).2. Respiração lenta que não aumenta defrequência e intensidade com o passar dos minutosapós o parto, ou que se torna cada vez mais difícil edolorosa.3. Um ritmo cardíaco alterado e frequentemente

lento (com menos de 60 batidas por minuto).4. Ausência de reflexo de sucção.5. A temperatura corporal que baixa rapidamente(hipotermia); abaixo dos 35°C afecta gravemente aviabilidade.

Para além do parto outras causas mais comuns demortalidade dos recém-nascidos são a diarreia (verrevista nº 16 de Noticias Limousine), a pneumonia e aexposição a condições climatéricas adversas.

*Por Dr. Rui Silva(Médico Veterinário)

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Os efeitos negativos damobilização do solo, são no casoda instalação das pastagens,perfeitamente compensados peloalargado período de duraçãodestas no terreno, beneficiandoassim dos seus efeitosmelhoradores ao nível dascaracterísticas FÍSICAS,QUÍMICAS e BIOLÓGICAS dosolo.

No entanto, com sementeiraconvencional temos:• Custos de instalação maiselevados.• Solo nu e mais sujeito aoimpacto provocado pela gota dechuva e a outros agentes erosivos;• Menor capacidade de suportepara os animais face ànecessidade de pastorear deInverno (1º ano para controlo deinfestantes).

Eliminando as operações demobilização do solo utilizadas nosistema convencional, aSEMENTEIRA DIRECTA: (operaçãode sementeira de culturas em solosnão mobilizados mecanicamente enos quais a única preparaçãomecânica é a abertura de um sulcoque apenas possui a secção eprofundidade suficientes paragarantir uma boa cobertura dasemente): • Evita a elevada susceptibilidadedo solo à erosão provocada pelachuva e o vento (manutenção deresíduos e quase nula perturbação

do solo); • Permite o efeito continuado noano de instalação o que éimportante sobretudo atendendoaos lentos ritmos iniciais decrescimento da maior parte dasespécies utilizadas na instalaçãode pastagens.• Permite a renovação dapastagem (introdução degramíneas/leguminosas) semafectar o "substrato" existente.• Reduz significativamente oscustos de instalação/ renovação.

A opção pela instalação oumelhoramento de pastagensatravés de sementeira directaobriga tal como para as restantesculturas arvenses à escolhacriteriosa do equipamento desementeira (semeador) que devepossuir entre outras as seguintescaracterísticas:• Robustez e durabilidade; • Elevada capacidade depenetração em solos nãomobilizados;• Possibilidade de operar comresíduos à superfície;• Capacidade de regulação dosdistintos órgãos para as diferentescondições do solo na altura dasementeira;• Órgãos eficazes na abertura do

sulco, deposição da semente efecho do sulco (bom contactosemente-solo)• Boa capacidade e regulação dadensidade e sobretudo daprofundidade de sementeira(sementes de calibre reduzido)

A OPORTUNIDADE NASEMENTEIRA é fundamental paragarantir o êxito na instalação dapastagem:

ANTES DAS PRIMEIRAS CHUVASPartindo do princípio que o

semeador de sementeira directadisponível para a instalação dapastagem possui capacidade deoperar em solo coeso (nãoconfundir com solo compactado)antes da ocorrência das primeiraschuvas, esta será também emsementeira directa a melhor épocanão só porque as espéciesinstaladas e a vegetaçãoespontânea terão nestas condiçõesigual capacidade competitivacomo também pela rápidaemergência e nodulação efectivaque tais condições proporcionam.

O risco de maior infestaçãoque naturalmente é de esperarnestas condições de sementeira(visto não haver enterramento dassementes das infestantes situadas

A sementeira directa na instalaçãoe melhoramento de pastagens

Figura 1 - Pastagem instalada emsistema convencional com recurso àmobilização do solo

Figura 2 - Semeador de sementeira directa

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na camada superficial do solo), éno caso da instalação depastagens um aspectoperfeitamente calculado pois opastoreio de Inverno como regraaconselhado para a redução dograu de infestação no ano deinstalação, resolverá facilmente oproblema, tanto mais que aoportunidade de pastoreio será emsementeira directa muito maiorcomparativamente com a formaconvencional de instalação com

recurso à mobilização do solo naqual por vezes o pastoreio éimpedido devido aos riscos deocorrência de danos mecânicos napastagem pelo facto de solosestruturalmente prejudicados nãose apresentarem com condiçõesde suportar o pisoteio dos animais.

APÓS AS PRIMEIRAS CHUVASAguardar pela ocorrência dasprimeiras chuvas (que nem sempreacontecem no cedo) iráproporcionar à vegetaçãoespontânea uma maiorcapacidade competitiva queresultará para as espéciesinstaladas num prejuízo no seucrescimento e desenvolvimentoinicial.

Por outro lado o atraso nainstalação da pastagem visando aprévia emergência das infestantespara posterior controlo em pré-sementeira com um herbicidatotal, sistémico e sem acçãoresidual (ex: Glifosato) nemsempre é possível pois o adiantadoda data e o consequenteabaixamento das temperaturasnão são favoráveis à instalação deespécies sensíveis como a maiorparte das leguminosas utilizadas(atraso na emergência e deficientenodulação). O êxito dependerá doinício da estação das chuvas.Assim, em anos nos quais estaocorra cedo, é viável aguardarpela germinação das infestantespermitindo a sementeira directa

uma maior flexibilidade nadecisão.

ZONAS MAL PASTOREADAS OUCOM MUITOS RESÍDUOS ÀSUPERFÍCIEAs zonas com estas característicaspoderão causar algumasdificuldades à instalação depastagens através de sementeiradirecta pois espécies comsementes de calibre muito miúdo ede porte prostrado a sub-prostradopodem ter alguma dificuldade naemergência e nos estádios iniciaisde desenvolvimento,proporcionando assim umadeficiente instalação.

Nestas condições, éobrigatório o pastoreio pararemoção da maior parte dosresíduos de forma a evitar osproblemas referidos da mesmaforma que desaconselhamos asementeira directa em pastagensem zonas de infestaçãogeneralizada com espéciesarbustivas situações nas quais amobilização convencional comrecurso à mobilização do soloproporcionará sem dúvidamelhores condições de instalação.

RENOVAÇÃO EMELHORAMENTO DEPASTAGENSO potencial produtivo de umapastagem (quantitativo equalitativo) pode ser afectadocomo resultado da acção de váriosfactores ou da combinação entreeles que podem numadeterminada fase desviar acomposição florística da pastagemda sua composição inicial.

Figura 4 - Emergência da pastageminstalada com sementeira directa(Herdade da Lobeira)

Figura 5 - Após as primeiras chuvasalguns dias apenas são suficientespara conferir maior capacidadecompetitiva às infestantes

Figura 3 - Instalação de pastagem com sementeira directa (Herdade da Lobeira)

Figura 6 - Pormenor da pastageminstalada com sementeira directa(Herdade da Lobeira)

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A sementeira directa permite aintrodução e reforço de espéciesna pastagem visando o seumelhoramento, aproveitando osubstrato existente. Assim, sóatravés da sementeira directa deespécies é possível o

melhoramento da pastagem semnecessidade de mobilização dosolo, sem os riscos e custosinerentes à reinstalação esobretudo sem que o ciclo deprodução da pastagem sejaquebrado o que como sabemos

nos deixa mais cómodos face àsempre difícil estratégia deplaneamento do maneio alimentardos efectivos.

Nestes casos (de introduçãode espécies mantendo o cobertoexistente) é fundamental que asementeira seja realizada antes dagerminação e emergência dasespécies preexistentes, a fim degarantir capacidade decompetição das espécies aintroduzir.

ASSIM, A SEMENTEIRA DIRECTAPARECE-NNOS UM MÉTODOPOSSÍVEL DE UTILIZAR NAINSTALAÇÃO E SOBRETUDO NOMELHORAMENTO DEPASTAGENS

*Por: Prof. Ricardo J. Murteira deCarvalho Freixial

Universidade de Évora -Departamento de Fitotecnia

[email protected] 7 - Aspecto geral da pastagem (Herdade da Lobeira)

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Para ajudar os criadores facultando-lhes uma"arma de melhoramento" eficiente, a ACL disponibilizapermanentemente um depósito de sémen de tourosdivulgado pela SERSIA FRANCE. Assim, temos sempresémen pronto para entrega imediata em territóriocontinental, mas, se os criadores pretenderem sémen detouros que não estejam no depósito, a ACLprovidenciará para encomendar o sémen pretendidojunto da SERSIA. Mas qual a importância de utilizartouros divulgados pela SERSIA? Porque se consideramestes touros melhoradores? A estas questões tentareiresponder nas linhas que se seguem.

Ver para crerApós um convite que partiu da SERSIA FRANCE

deslocou-se um grupo de 23 criadores dos Açores aFrança (com apoio da DRDA), que durante umasemana visitou o matadouro de Limoges, váriasexplorações que praticam inseminação artificial e porfim visitaram AQUITANIMA - Salón Internacional deL'Elevage et de Génétique, teve lugar de 12 e 14 deMaio de 2007, em Bordéus.

O mais importante, foi de facto as visitas ásexplorações onde os criadores além de poderemcontactar com outro tipo de maneio e outrasexperiências, puderam avaliar ao vivo a produção dostouros de IA distribuídos pela SERSIA FRANCE, assimcomo os tipos de emparelhamentos que se podem fazer,ou seja, para cada vaca com determinadascaracterísticas morfológicas deve corresponder umtouro com os índices mais adequados para obter osmelhores produtos. Nas suas explorações dos Açores,os criadores dão agora ainda mais valor á inseminaçãoartificial e estão mais esclarecidos quanto aos melhorestouros a utilizar.

Sistema de Selecção em França Em França são anualmente controladas mais de

150000 vacas Limousine. Após verificação dasperformances dos filhos (mais de 57000), os melhores,são encaminhados após o desmame para um centro deselecção apropriado, situado perto de Limoges: trata-sedo famoso Centro Nacional de Qualificação deLanaud. Anualmente, entram cerca de 750 machosneste centro agrupados por quatro séries de idade,sendo feito um controlo individual de performances acada macho, estando estes em condições ambientaisidênticas durante 6 meses para melhor conhecer o seuvalor genético. Neste controlo, é avaliado entre outrascaracterísticas o potencial de crescimento, a eficiênciaalimentar e conformação morfológica. Dos animais queforem aprovados, terminarão o teste com a qualificaçãode "Reprodutor Esperança" ou "Reprodutor Jovem".Também anualmente, são escolhidos de entre osmachos aprovados no teste, os 45 mais performantes,

os quais são encaminhados para outro centro detestagem chamado Centro de Controlo Individual deNaves. Aqui é continuado o controlo de performancesindividuais, para escolher apenas 12 os quais serãocandidatos a futuros touros a divulgar por InseminaçãoArtificial.

No entanto, para que estes touros passem a figurarno catálogo anual da SERSIA é preciso ainda controlara sua descendência, para lhe reconhecer o devidovalor. Para testar a descendência destes 12 touros(chamemos-lhe touros selecção), é-lhes retirado sémenque é usado em fêmeas aleatoriamente. A FranceLimousine Testage tem como objectivo avaliar a melhorgenética do momento. Assim, mais de 120 doses decada um destes touros são distribuídas por váriasexplorações para inseminar fêmeas ao acaso. Osprodutos assim obtidos são adquiridos à desmama pelaFrance Limousine Testage, para depois os poder avaliarem Estações: • Os machos são enviados para a Estação de Pepieuxonde são engordados e abatidos aos 16 meses sendocontrolado entre outras características o peso econformação de carcaça, assim como o rendimento decarcaça.• As fêmeas são enviadas para a Estação deMoussours, onde são testadas as suas performancesreprodutivas num sistema com partos aos dois anos,sendo controlado a morfologia aos 18 meses,fertilidade, facilidade de parto, aleitamento (por duplapesagem dos bezerros: antes e depois de mamar).

A partir do resultado encontrado nestes controlos,o INRA calcula os índices para esses touros:inicialmente poderão ser reconhecidas as característicasmelhoradoras para produção de carne e dos 12machos "selecção" poderão ser aprovados para IAapenas 5 ou 6. Os que se revelam melhoradores dasQualidades Maternais só vão ser reconhecidos muitomais tarde, uma vez que há que terminar o controloreprodutivo das suas filhas, sendo escolhidos apenas 1a 3 (touros QM). Quero realçar que poderão serseleccionados apenas 1 a 3 de uma base de mais de57000, num processo de selecção que éobrigatoriamente longo, mas eficiente e rigoroso.

Dirigir a selecção a vários níveisOs bovinicultores que criam a raça Limousine em

linha pura devem utilizar touros qualificados paraQualidades Maternais, pois são melhoradores emtermos de aleitamento, fertilidade e a aptidão ao partodas filhas. No catálogo de touros são apresentados osíndices destas e de outras características a seleccionar,e assim podemos escolher os touros consoante acaracterística que damos mais importância escolhendo

Touros divulgados por Inseminação Artificial

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o touro mais performante para essa característica.

Os criadores que queiram apenas produzir animaispara carne em linha pura ou cruzados devem escolheros touros qualificados para Qualidades de Carne. Osprodutores em linha pura também podem utilizar estestouros mas devem estar cientes que ao utilizá-los vãoganhar muito em termos de conformação e rendimentode carne mas podem ser prejudicadas algumascaracterísticas maternais nas gerações futuras.

* Por Eng.º Jaime Bento( Director Técnico do HBL)

Touros mais aconselhados para seleccionar sobrecada uma das características: facilidade denascimento, facilidade de parto, fertilidade,crescimento, aptidão cárnica, desenvolvimento dasfilhas e incidência da mãe ao desmame.Os touros são apresentados neste gráfico com os respectivos índices.

HIGHLANDER - 1692111209A descendência deste touro já é bem conhecida doscriadores portugueses, pois já nasceram no nosso paismais de 50 animais filhos deste touro difundidos umpouco por todo o país. É um touro que permite partosfáceis, as suas filhas têm bom tipo, com muito bomdesenvolvimento esquelético, boa bacia e umaremarcável capacidade de aleitamento. A utilizarsobretudo em fêmeas com bom desenvolvimentomuscular.

MOZART - 1996019196Os produtos de MOZART apresentam grandedesenvolvimento esquelético. Com boa garupa que seapresenta larga e equilibrada. Quando utilizado em

linhas cárnicas ou leiteiras permitirá transmitir volume.

NEOPHIN - 1298181846Ao fim de quatro campanhas, NEOPHIN confirma asua boa facilidade de nascimento. Aporta muitaprofundidade. As suas filhas são férteis, paremextraordinariamente bem, e produzem muito bonsbezerros, pesados e musculados ao desmame.

IONESCO - 3693000206Os novilhos filhos de Ionesco são uma referência emtermos de engorda: eles combinam bem crescimento econformação. Caracterizam-se ainda por umaexcelente bacia, e um bom arredondamento muscular.As suas filhas são muito férteis, com um crescimento

Fonte: SERSIA FRANCE

TOUROS IA COM DISPONIBILIDADE IMEDIATA EM PORTUGAL CONTINENTAL

Depósito de touros divulgados pela SERSIA FRANCE. Estão disponíveis para distribuir em território continental ostouros que descrevemos de seguida com uma apresentação sumária para consultar os índices e mais informação porfavor consulte a ACL e solicite junto desta os catálogos da SERSIA:

VANTAGENS EM USAR INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

• Permite o controlo sanitário de doençastransmissíveis através da monta natural• Permite optar por ter mais vacas em idadereprodutiva, não tendo machos na vacada, sendo aárea que estes iriam utilizar destinada às fêmeas• Permite evitar a consanguinidade inseminando asfilhas do touro reprodutor existente na exploração eassim ganhar pelo menos mais um ano de utilizaçãodesse touro no efectivo• Permite o cruzamento de raças• Permite o acesso a reprodutores de outros países,geneticamente superiores• Permite maior retorno genético• Se bem escolhido o sémen do touro, permite obtermenores taxas de mortalidade ao parto• Quando bem estruturada pode ser maiseconómica que a monta natural

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importante e uma bacia muito larga.

NEUF - FR2297004114 RRE Por princípio os produtos de Neuf nascem facilmente.Eles distinguem-se pelo tamanho e comprimento. Osaprumos são bons e as bacias são equilibradas. Operímetro torácico é volumoso e a horizontalidade dodorso é notável.As suas filhas são precoces, parem sem dificuldade,produzindo vitelos ligeiros à nascença.

ON DIT - 3615069746 A descendência de ON-DIT apresenta um bomdesenvolvimento muscular sobretudo em machos. Asfilhas, têm boas características raciais, são profundas,com muito volume e gabarito. Elas têm excelentesqualidades maternais: tanto em fertilidade como emaptidão ao parto, assim como uma forte produçãoleiteira. Deve ser reservado para utilizar em vacasadultas com uma bacia aberta, especialmente ao níveldos ísquions.

OBIWAN - 4899032237O OBIWAN transmite uma boa facilidade denascimento. Os seus produtos distinguem-se pelo seu

desenvolvimento esquelético (tamanho ecomprimento). As suas filhas são reprodutoras de altaprodução: muito boa fertilidade, combinada com boaaptidão para parição e bom aleitamento. Convémutilizá-lo sobre fêmeas com bom desenvolvimentomuscular nos quartos traseiros.

REMIX - 1717626948Largamente utilizado em novilhas e aconselhado paraisso. Os seus filhos têm grande rendimento. As suasfilhas, são interessantes darão boas futuras mães pelasua fertilidade, aptidão ao parto, e produção leiteirafora do comum, que lhes permite desmamar excelentesbezerros. Este touro revela uma concentração deeficácia económica a introduzir em cada manada.

SIMON - 1201072904As suas filhas são boas no que respeita a larguras. Boahorizontalidade do dorso. As bacias são bastanteabertas e regulares (ancas, trocanteres, ísquions). Osaprumos são bastante correctos. Filhas com boascaracterísticas raciais.

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É com alguma frequência que se verifica aexistência de gémeos nos bovinos. Deste modo fazsentido falar dos problemas que daí advêm,nomeadamente o freemartinismo.

O Freemartinismo está associado às gestaçõesgemelares, apenas e só, quando os gémeos são desexos diferentes.

Nos casos de freemartinismo, quando se dá onascimento, tanto o macho como a fêmea apresentama genitália externa aparentemente normal. No entantoas fêmeas apresentam os órgãos genitais internosbastante anormais, apresentando diferentes graus demasculinização, conforme cada caso. É importantereferir que 92% das fêmeas nascidas gémeas demachos são estéreis; devendo este ser um factor deextrema importância a ter em conta quando se vaiescolher uma fêmea para deixar para a reprodução.

O Freemartinismo resulta da anastomose vascular(ligação dos vasos sanguíneos) dos dois sacoschorioalantoides, dos embriões de sexo diferente, nasgestações gemelares.

Os bovinos são a espécie mais afectada, uma vezque esta ligação vascular ocorre muito cedo, por voltados 30 dias de gestação. O macho desenvolve as suascaracterísticas sexuais (formação dos órgãos sexuais)mais cedo do que a fêmea, logo este vai influenciar odesenvolvimento dos órgãos sexuais da fêmea. Noentanto, a fêmea só é afectada se a ligação vascularocorrer entre os 30 e 50 dias de gestação. Depois dissoa fêmea deixa de ser sensível aos factoresmasculinizantes.

Durante o desenvolvimento embrionário, oembrião apresenta dois tipos de estruturas: O canal deMuller e o canal de Wolff, que irão dar origem ao tratogenital. E conforme seja macho ou fêmea, umadesenvolve-se e outra atrofia fig. 1.No macho o que desencadeia o desenvolvimento dasestruturas masculinas é o factor inibidor mulleriano (vaiinibir a diferenciação do canal de muller) e hormonasexual testosterona.

Como já referido anteriormente o desenvolvimentodas características sexuais do macho é mais precoce doque a fêmea, logo o factor inibidor mulleriano, a

testosterona e também algumas células germinais, vãoentrar em contacto com o embrião feminino devido àligação vascular. No embrião feminino estes factoresvão ter um efeito masculinizante, provocando aesterilidade na fêmea.

Uma vez que 92% das fêmeas nascidas gémeas demachos são estéreis, não têm valor algum em termosreprodutivos, tendo apenas interesse para a engorda eabate. Tendo em conta esta premissa, todo o potencialgenético do animal é perdido, uma vez que não podedeixar descendência.

Em efectivos onde o mercado é a venda dereprodutores, será interessante diagnosticar o maisprecocemente possível a presença de gémeos de sexosdiferentes, nomeadamente através da ecografia; poispoderá provocar-se o término de uma gestação quenão é de todo interessante, tendo em conta o referidoanteriormente.

* Por Ricardo Dias(Estagiário de Medicina Veterinária)

FreemartinismoUm problema das gestações gemelares (gémeos)

Estado indiferenciado

Fig. 1 - Diferenciação do trato genital nos mamíferosplacentários.

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Relativamente aos animais inscritos no Herd-BookPortuguês da Raça Limousine que nasceram em 2006,realizou-se Controlo de Performances em Exploração(segundo o Regulamento Técnico do HBL) sobre 1495bezerros, dos quais 709 eram machos e 786 eramfêmeas. Com participação de 70 exploraçõeslocalizadas maioritariamente no Alentejo mas tambémem menor número "salpicadas" pelo Algarve, Ribatejo,Beira Interior, Trás-os-Montes e Açores.

Nos Açores, realizou-se Controlo de Performancesem Exploração em 4 explorações localizadas nas ilhasTerceira e Santa Maria (sempre com o apoio da DRDA).Foram apenas nove, os animais controlados naqueleArquipélago nascidos em 2006, mas há que assinalarque o trabalho de inscrição no HBL de animaisprovenientes dos Açores começou apenas em 2005, eapesar de no momento de edição desta revistacontarmos já com mais de 200 fêmeas adultas activas einscritas no HBL que fazem parte do efectivo reprodutordos 24 criadores associados localizados nos Açores, amaior parte destas fêmeas está inscrita no Nível BS (Basede Selecção), e sobre essas não se está a efectuarControlo de Performances. Apenas se fará Controlo deperformances sobre a descendência das fêmeasaprovadas para reprodução, inscritas no Nível A1 ecobertas com touros qualificados como ReprodutoresEsperança / Limousine Ouro.

Cada animal controlado é submetido a umaAvaliação Morfológica ao desmame, que o descreve emtermos de DM (Desenvolvimento Muscular), DS(Desenvolvimento Esquelético) e AF (AptidõesFuncionais). Além disso, os valores reais obtidos naspesagens feitas nas explorações aderentes sãoconvertidos em pesos teóricos a idades tipo: 120 dias e210 dias (4 e 7 meses respectivamente). Os resultadosglobais dos animais nascidos em 2006 encontram-sedescritos no quadro 1.

Tendo em vista a repartição dos animais por classesde certificação, os pesos a idades tipos acima referidossão depois corrigidos segundo o sexo do animal, mês de

nascimento e número de parto da mãe, permitindo destemodo comparar todos os animais entre si do modo maisjusto possível. Para tal, foi elaborada pelo Departamentode Melhoramento Genético da Estação ZootécnicaNacional (EZN), uma tabela de correcção dos pesos.Esta tabela, vai permitir tal como referimos, podercomparar todos os animais entre si como se tivessem asmesmas condições teóricas.

É então com base nos pesos corrigidos e noresultado da Avaliação Morfológica que é feita adiferenciação de certificações dos animais. No caso dosmachos as classes são Limousine Ouro, Limousine Pratae Limousine Bronze.

No entanto, para se qualificarem Limousine Ouro,os machos são obrigatoriamente sujeitos a umasegunda Avaliação Morfológica entre os 14 e 18 meses.Assim, no quadro 1 que apresenta o resumo dasperformances ao desmame, claro que não estárepresentada a classe dos animais Limousine Ouro.Apresentamos aqui uma classe a que chamamos PREque se refere aos machos que atingiram um patamar deperformance mais alta. São estes que vão ser sujeitos (talcomo dissemos) á segunda Avaliação, na qual, sepassarem positivamente serão qualificados LimousineOuro, caso contrário serão qualificados LimousinePrata. Queremos no entanto realçar que a designaçãoPRE não é uma verdadeira certificação e foi aquiintroduzida apenas como meio comparativo com outrasclasses ao desmame.

De assinalar que relativamente aos animais machosnascidos em 2005 que foram sujeitos à segundaAvaliação (PRE), 56% qualificaram-se Limousine Ouro eos restantes 44% ficaram Limousine Prata (XT-Recomendados para Cruzamento Terminal pela anteriornomenclatura).

Assim, pela análise dos resultados apresentadospodemos facilmente observar que 9% das fêmeas foireprovada (LN) e 91% foi aprovada para reprodução (R).Relativamente aos machos, constatamos que também10% do total de machos em controlo foram reprovados

Controlo de PerformancesCampanha de 2006

MACHOS FÊMEASTOTAL PRE PRATA BRONZE LN TOTAL R LN

709 202 221 218 68 Nº ANIMAIS 786 719 67

1,028 1,224 1,164 0,899 0,743 GMD 0-120 (kg) 0,964 0,985 0,738

42 43 43 42 42 Peso ao nascim. (kg) 40 40 39

166 190 170 149 131 Peso 120 dias (kg) 156 158 127

271 322 282 235 199 Peso 210 dias (kg) 245 251 190

62 70 63 59 46 DM (pts.) 60 61 46

61 67 62 59 48 DS (pts.) 61 62 48

63 66 63 62 55 AF (pts.) 63 63 56

Quadro 1

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para reprodução (LN). Quanto aos machos aprovados, adistribuição pelas certificações foi de: 31% certificadosLimousine Bronze-B e, 31% qualificados Limousine Prata-P.No quadro distinguimos ainda outra designação - PRE quecorresponde a 28% dos machos controlados.

Os animais controlados são produtos de 115 touros.Destes, 26 foram importados de França, 8 são tourosdivulgados por inseminação Artificial e os restastes 81foram touros que nasceram em território nacional.

Embora determinadas explorações tenham osnascimentos concentrados em determinada altura do ano,a verdade é que no seu conjunto não se verificou umaefectiva sazonalidade, sendo os nascimentos distribuídos aolongo do ano como podemos observar pelo gráfico 1,apenas com uma tendência para redução nos meses deJunho, Julho e Agosto.

Pela análise do gráfico 2 que apresenta a distribuiçãodo número de animais controlados consoante o número doparto das mães (rang do Parto), podemos concluir que amaior parte dos animais controlados é fruto de fêmeasprimíparas e também de fêmeas que se encontravam nosegundo e terceiro parto. Esta distribuição revela umagrande juventude do efectivo reprodutor sujeito a Controlode Performances.

* Por Eng.º Jaime Bento( Director Técnico do HBL)

Gráfico 1

Gráfico 2

QQUUAANNTTIIDDAADDEE DDEE AANNIIMMAAIISS CCOONNTTRROOLLAADDOOSSCCOONNSSOOAANNTTEE OO NNÚÚMMEERROO DDEE PPAARRTTOO DDAA MMÃÃEE

DDIISSTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO DDOOSS NNAASSCCIIMMEENNTTOOSS AAOO LLOONNGGOO DDEE 22000066

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No dia 29 de Abril de 2007, decorreu em Estremozno âmbito da FIAPE, o I Concurso Regional de JovensReprodutores da raça Limousine, onde participaramnove criadores da região do Alentejo. Contavam-sequarenta animais em Exposição e Concurso. O Juiz deConcurso foi o Sr. José Romão, pessoa experientenestes trabalhos, o qual atribuiu o título de Vice-Campeã Regional de Jovens à fêmea BENFEITApertencente a Manuel Pacheco Martinho. O título deCampeã foi para a fêmea ARMINDA pertencente aMHCF Sociedade Agro-Pecuária, Lda. Já nos machos oVice-Campeão foi o BARRABÁS, pertencente a AntónioRocha Viana e o título de Campeão Regional de JovensReprodutores foi atribuído ao ABEL, pertencente aManuel Pacheco Martinho.

O prémio de Melhor Criador foi obtido por MHCFSociedade Agro-Pecuária, Lda, ficando em segundolugar Manuel Pacheco Martinho e em terceiro lugarAntónio Rocha Viana. O prémio especial de melhoresperança domado foi para o ABEL pertencente aManuel Pacheco Martinho.

FIAPE 2007I Concurso Regional de Jovens Reprodutores

ARMINDA - PG05366013

ABEL - PG05150028

I CONCURSO I CONCURSO REGIONAL REGIONALFÊMEAS MACHOS

CAMP. ARMINDA ABELPG05366013 PG05150028M.H.C.F., LDA. MANUEL PACHECO

MARTINHOVICE BENFEITA BARRABÁSCAMP. PG06150015 PG06097008

MANUEL PACHECO ANTÓNIO ROCHAMARTINHO VIANA

SANTIAGRO 2007XVI Concurso Nacional de Jovens Reprodutores

No dia 2 de Junho de 2007 decorreu o XVIConcurso Nacional de Jovens Reprodutores da RaçaLimousine que voltou este ano a ter lugar no âmbito daSANTIAGRO, em Santiago do Cacém. Estiveram emExposição e Concurso 63 animais pertencentes a onzecriadores participantes. O Juiz deste Concurso étambém criador desta raça em Espanha, foi o Sr. JuanLuís Munõz, que veio acompanhado do SecretárioTécnico do Livro Genealógico de Espanha Dr. PedroPozas.

O título de Campeão Nacional de JovensReprodutores foi atribuído ao macho AMARGO e o de

Vice-Campeão foi atribuído a BAMBINO ambospertencentes ao criador José Maria Pacheco dos Reis. Otítulo de Campeã coube a ALBERTINA e Vice-Campeãfoi BERNARDETE ambas as fêmeas pertencentes aocriador MHCF Sociedade Agro-Pecuária, Lda.

O prémio de melhor criador coube a José MariaPacheco dos Reis ficando em segundo lugar ManuelPacheco Martinho e em terceiro lugar MHCF SociedadeAgro-Pecuária, Lda.

O prémio especial de melhor esperança domadofoi para a fêmea BONITA pertencente a ManuelPacheco Martinho.

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AMARGO- PG05088021 ALBERTINA - PG05366015

No mesmo dia do concurso aACL e a NEGDALorganizaram ainda um Leilãode Reprodutores da RaçaLimousine, composto por seislotes de animais.

XVI CONCURSO XVI CONCURSO NACIONAL JOVENS NACIONAL JOVENS FÊMEAS MACHOS

CAMP. ALBERTINA AMARGOPG05366015 PG05088021M.H.C.F., LDA JOSÉ MARIA

PACHECO DOS REISVICE BERNARDETE BAMBINOCAMP. PG06366002 PG06088003

M.H.C.F., LDA JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS

No dia 9 de Junho de 2007 decorreu em Santarémno âmbito da FNA o primeiro Open da Raça Limousine.Chama-se Open por se tratar de um Concursodiferente, onde podiam participar animais adultos dereconhecido gabarito, nascidos em Portugal eimportados. Estavam presentes 26 animais sendoconstituídas quatro secções a que chamámos:campeonato de vacas, campeonato de vacas afilhadas,campeonato de novilhas e campeonato de machos. OJúri deste concurso foi constituído por três elementos:

pelo criador José Maria Pacheco dos Reis, pelo criadorAlexandre Firmo e pelo Secretário Técnico Jaime Bento.

No Campeonato de Machos ficou em primeirolugar o TUBARÃO pertencente a MHCF SociedadeAgro-Pecuária, Lda. e o segundo lugar foi para ARSENEanimal importado de França por Aletta Elisabeth deBeaufort.

No Campeonato de Novilhas ficou em primeirolugar a fêmea francesa AZALEE pertencente a ManuelPacheco Martinho e o segundo lugar coube a

Feira Nacional da AgriculturaOpen Limousine

Juiz de Concurso Sr. Juan Luís Munõz

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Nos dias 20, 21 e 22 de Julho teve lugar o XXConcurso Nacional da Raça Limousine, recebido maisuma vez como não podia deixar de ser na FACECO - S.Teotónio - Odemira.

É verdade, desde há vinte anos que os criadores daraça Limousine se juntam anualmente para mostrar econcorrer com os melhores reprodutores da raça em

Portugal. No entanto, nem sempre foi a ACL a tomar asrédeas da organização do Concurso Nacional pois talsó aconteceu a partir de 1990. Nessa altura, oConcurso tinha lugar em Lagoa no Algarve (no âmbitoda FATACIL). Em 1993 além de Concurso Nacional,realizou-se também um Concurso Ibérico que teve lugarem Santarém, na Feira Nacional da Agricultura. Em

FACECO 2007XX Concurso Nacional da Raça Bovina Limousine

ARMINDA pertencente a MHCF Sociedade Agro-Pecuária, Lda. No campeonato de vacas o primeirolugar foi para SOLHA pertencente Aletta Elisabeth deBeaufort e o segundo lugar foi para ULTRAVIOLETApertencente a Rui Jorge Pinto Lamberto Silva.

Finalmente no Campeonato de Vacas Afilhadas ficouem primeiro lugar a URTIGA sendo o segundo lugaratribuído à fêmea francesa ROMY ambas pertencentesa MHCF Sociedade Agro-Pecuária, Lda.

Nesta Feira a Associação de Criadores Limousine teve pela primeira vez um restaurante com o objectivo depromover as qualidades reconhecidas da sua carne: suculência, tenrura e sabor. Promoção bastante bem conseguidadevido à forte afluência que se registou no restaurante, facto que se ficou também a dever à parceria que seestabeleceu para este efeito entre a ACL e o Restaurante "O Importante". A quem queremos deixar aqui os nossos maissinceros agradecimentos.

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1994 o Concurso realizou-se pela primeira vez em S.Teotónio - FACECO e é lá que se tem mantido fielmentetodos os anos. No percurso destes 14 anos o Concursotem-se mantido em S Teotónio não só pelo manifestointeresse dos criadores em que assim seja mas tambémpelo precioso apoio da autarquia a esta matéria.

Participaram na FACECO 2007 13 criadoresestando presentes 8 animais para Exposição e 101 paraExposição e Concurso. O Juiz, Sr. Olivier Lasternas veiopropositadamente de França para julgar este nossoConcurso. A vaca SIDRA foi mais uma vez destacadapara primeiro lugar deste Concurso, mas, como já tinhasido Campeã em anos anteriores ficou com a distinçãoCampeã em Permanência. Esta vaca pertence aocriador José Maria Pacheco dos Reis a quem pertencetambém a fêmea que tomou o título de Campeã: VIALÁCTEA e a Vice-Campeã: VAIDOSA.

Já nos machos consagrou-se Campeão oAMARGO (filho da SIDRA), pertencente ao criador JoséMaria Pacheco dos Reis. Para segundo lugar o Juiz deConcurso escolheu o TUBARÃO pertencente a MHCFSociedade Agro-Pecuária, Lda, mas como já tinha sido

Vice-Campeão em anos anteriores ficou com adistinção Vice-Campeão em permanência, sendoescolhido para Vice-Campeão de 2007 o touro VILLYpertencente a Manuel Pacheco Martinho.

Este ano, decorreu também o Campeonato deReprodutores em que participaram cinco conjuntos defilhos(as) de sete touros. Os sete touros com filhos aconcurso foram: OEILLET, PECHER, TOLEDO,TOULOUSE, TUBARÃO, SAMPAIO, e VILLY. O Juizelegeu como campeão de reprodutores o touro OEILLTpela sua homogenidade de produção dos cincoprodutos apresentados. De assinalar, que este touropertenceu ao criador José Maria Pacheco dos Reis, e éascendente de grande parte dos animais que sedestacaram no Concurso.

O prémio de melhor criador foi atribuído a JoséMaria Pacheco dos Reis, distinção esta que este criadorobtém consecutivamente no Concurso Nacional desde1996. O segundo prémio de melhor criador foiatribuído a Manuel Pacheco Martinho e o terceiroprémio para MHCF Sociedade Agro-Pecuária, Lda.

CAMPEONATO DE ESPERANÇAS FÊMEAS CAMPEONATO DE ESPERANÇAS MACHOS1º PRÉMIO BETINHA - PG06088002 BILL - PG06088014

JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS2º PRÉMIO BUCHETE - PG06088007 BAILARINO - PG06088011

JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS3º PRÉMIO ANGÉLICA - PG05150026 BETINHO - PG05150006

MANUEL PACHECO MARTINHO MANUEL PACHECO MARTINHO

CAMPEONATO DE VACAS CAMPEONATO DE TOUROS1º PRÉMIO SIDRA-PG01340007 TUBARÃO - PG02088030

JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS M.H.C.F., LDA.2º PRÉMIO VIA LÁCTEA - PG04088009 VILLY - PG04088012

JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS MANUEL PACHECO MARTINHO3º PRÉMIO URGÊNCIA - PG03088016 V141 -PG04200028

JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS INTERLIM - GENÉTICA ANIMAL, LDA.

CAMPEONATO DE NOVILHAS CAMPEONATO DE NOVILHOS1º PRÉMIO VAIDOSA - PG04088016 AMARG0 - PG05088021

JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS2º PRÉMIO AMÉRICA - PG05088024 ÁS-DDE-PPIC - PG05088019

JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS MANUEL PACHECO LOUÇÃO3º PRÉMIO ABELIDADE - PG05088004 ABELHÃO - PG05088018

RUI JORGE PINTO LAMBERTO SILVA ALETTA ELISABETH DE BEAUFORT

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Aproveitamos ainda para deixar aqui umagradecimento formal a todos aqueles que dealgum modo colaboraram com a ACL em maisuma edição do seu Concurso Nacional:

• A Todos os Associados que levaram animais aconcurso e sem os quais não seria possível realizareste evento• Agrovete• Associação de Beneficiários do Mira• Bayer HelthCare Saúde Animal• Crédito Agrícola de S. Teotónio• Humeco• Interlim• Município de Odemira• Pfizer - Saúde Animal• Provimi• Schering-Plough• Sersia France• Vetlima• Virbac

E a todos que de um modo indirecto contribuíramtambém para este evento.

TUBARÃO-PPG02088030VICE-CCAMPEÃO EM PERMANENCIA

VIA LÁCTEA - PG04088009CAMPEÃ 2007

VILLY - PG04088012VICE-CCAMPEÃO 2007

SIDRA-PPG01340007CAMPEÃ EM PERMANÊNCIA

AMARGO - PG05088021CAMPEÃO 2007

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Teve lugar pela primeira vezna Ovibeja , um dia dedicado àraça Limousine, foi no dia 4 deMaio de 2007. Este dia destinava-se a todos os criadores esimpatizantes da raça, quecomeçou por um desfile deanimais bastante apreciado pelosvisitantes, alguns poucohabituados a contactar tão deperto com animais de porte tãograndioso como os apresentadospelos touros que constituíram estedesfile.

Após um almoço noRestaurante Limousine, queconquistou também pela primeiravez um espaço na zona derestauração deste certame, seguiu-se um colóquio onde se falou nasituação da raça em Portugaltendo sido explicado pelostécnicos convidados da EstaçãoZootécnica Nacional os resultadosda avaliação genética da raça ecomo usar estes resultados naescolha e análise de animais.

Ao fim da tarde foi editadoformalmente o nº16 da revista

"Notícias LImousine", tendo-sedistribuído os primeiros númerosdesta edição por todos ospresentes.

Todas estas iniciativas tiveramcomo objectivo máximo dinamizara Ovibeja e promover de ummodo mais efectivo a raçaLimousine, afirmando cada vezmais que se trata de uma raça quese encontra perfeitamenteinstalada no nosso país e que acada dia que passa consegue maisapreciadores e criadores queoptam por ser também elesorgulhosos criadores de animaisda raça Limousine.

Este tipo de iniciativas que severificam ser do agrado de todos,apenas têm que no futuro serrepetidas e melhoradas empróximas edições da Ovibeja eoutras feiras que demonstreminteresse e tenham condições emque se realizem.

Deixamos aqui algumasimagens destas iniciativas paraque possam ser recordadas!

OVIBEJA 2007

A ACL esteve por mais umano consecutivo presente naFerpor que decorreu de 23 a 27de Maio no parque de feiras eexposições de Portalegre. Arepresentação da raça Limousineesteve a cargo de 2 touros: oTubarão e o Valadão propriedade

de M.H.C.F. Lda. e Lúcio JoséMadureira e de 4 fêmeas: 2 vacase 1 vaca e 1 novilha afilhadaspropriedade de Aletta Elisabeth deBeaufort, M.H.C.F. Lda. e LúcioJosé Madureira.

Esta representação foiconseguida devido ao interesse

destes criadores referidospromoverem ainda mais a raçaLimousine por estas paragens doAlto Alentejo e Beiras. Regiões emque se tem verificado um crescenteinteresse nesta raça e portantouma maior procura dereprodutores.

FERPOR 2007

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N.L. - A primeira coisa sobre aqual gostaríamos de falar eraprecisamente pedir-llhe que fizesseuma retrospectiva destes 25 anosde Ovibeja.C.B. - A Ovibeja aconteceu poruma necessidade absoluta dosagricultores se organizarem tendoem vista, em primeiro areconstrução da agriculturaportuguesa, numa altura em que seestava a sair de uma fase decolectivização das terras dareforma agrária e estavam arealizar-se algumas entregas. Poroutro lado colocava-se a hipótesede Portugal aderir ao mercadocomum europeu, à CEE e como taltambém era necessário osagricultores portugueses reunirem-se para analisar a situação daagricultura nacional e o modocomo se deviam preparar paraaderir a novas regras impostas pelapolitica agrícola comum (PAC) e atodo um novo mercado comum,uma vez que se atenuavam asbarreiras alfandegárias e havia naEuropa a necessidade deaprovisionamento de produtosagrícolas. Todas estas questões levaram a queos agricultores se juntassem eaproveitassem a realização da feiratradicional de Maio em Beja, paraexporem os seus animais,principalmente ovinos, realizandoalguns leilões de modo amelhorarem os efectivos existentesnesta altura, bastante degradadosgeneticamente, através daaquisição de animais de melhorvalor genético. E também paraabordar temas em colóquios emesas redondas sobre todas estas

questões.

N.L. - Como ocorreu a evolução daOvibeja atendendo que começoupor ser apenas uma exposição deovinos?C.B - A Ovibeja iniciou-se no anoem que foi constituída a A.C.O.S.(Associação de Criadores Ovinosdo Sul), na altura dedicada apenasaos ovinos, conseguindo-se juntarmuitos agricultores que começaramlogo a participar na Ovibeja. Aprimeira Ovibeja foirealizada eposta de pé apenas com a mão-de-obra de todos estes agricultoresque constituíram a A.C.O.S..A seguir houve uma sensibilizaçãodos agricultores que perceberamque era necessário ir mais longe,através da constituição de um"lobby" agrícola regional, se assimpodemos dizer. E utilizou-se aA.C.O.S., que foi criada nummodelo pouco habitual nestaaltura, um modeloassociativo/democrático, modernoe diferente do que era usual. Umavez que até então o modeloexistente era o modelo cooperativo,com a tutela do Estado através dosGrémios da Lavoura. E estasituação veio dar autonomia aosagricultores e às associações porestes criadas, para sereminterlocutores do Estado e daComunidade Europeia.Posteriormente a A.C.O.S.procedeu à alteração dos seusestatutos tornando-se numaassociação de âmbito geral agráriaabarcando já outras áreas tambémcomerciais e transferiu-se estamanifestação também para aOvibeja, onde se verificou a

entrada dos vários sectoreseconómicos e sociais da região.Mais tarde a Ovibeja foi alargada aexpositores dos vários sectoreseconómicos e sociais de todo opaís e nos últimos anos também davizinha Espanha. E assim comoresultado temos esta Ovibeja, quecom os seus 25 anos é de facto uminstrumento que abrange todasestas áreas da actividade civil e quetambém é utilizada como lobby danossa região alentejana. A Ovibeja pretende ser uma feiracom várias vertentes distintas, nãosó uma montra dos vários produtosproduzidos e promovidos atravésde exposições, concursos, mostrasgastronómicas, mas também decultura. É uma feira que tenta ter umavertente cultural muito forte ebastante dirigida para a juventude.Todos estes objectivos foram sendoconseguidos e a Ovibeja é hojeuma imagem de marca quealcançou um estatuto, que emmuito ultrapassou o inicialmentecolocado como objectivo. Podemos mesmo dizer que aOvibeja é uma lança em África,numa região onde infelizmente sepassa muito pouco, uma vez quetambém se tem verificado umaapatia politico-partidária que aindanão está desperta para o

25 Anos da Ovibeja em análise

No ano em que se comemoram os 25 anos da feira agro-pecuária com maior expressão no Sul do país a Ovibeja, aNotícias Limousine foi falar com o Eng.º Castro e Brito,presidente da A.C.O.S. (Associação Criadores de Ovinos doSul), entidade responsável pela organização deste certame.

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desenvolvimento económico, muitonecessário, numa região que vaiperdendo todos os dias habitantes.A Ovibeja acaba por ser umachamada de atenção para estasituação.

N.L. - Não considera que as feirasdenominadas agrícolas estão umpouco viradas para a generalidadedos visitantes e que podiam ser umpouco mais profissionais,centrando-sse mais na sua temática,que é a agricultura? Aproximando-se um pouco mais da realidade jáverificada em que os agricultoresdirigiam-sse às feiras agrícolas parase actualizaram e verem quenovidades havia no sector emtermos de equipamentos e demodernização de técnicas? Nãolhe parece que isto actualmentefalha um pouco?C.B. - Eu penso que não falha! AOvibeja tenta colocar no seuprograma temas para seremdebatidos, bastante actuais eimportantes para os agricultores.São abordados temas como sejamas políticas da PAC, as politicasglobais, questões ambientais,novas preocupações da produçãoem várias vertentes como sejam osbiocombustiveis, ruptura de stockde cereais a nível mundial devidoàs novas economias emergentes, sócomo exemplo, todos estesassuntos são abordados aqui naFeira.Não seria possível fazer da Ovibejaum Salão de Agricultura porqueexiste uma fragilidade tanto a nívelde dimensão nacional como a nívelde mentalidades dos váriospoderes, que não permitem que aagricultura seja uma questão muitoimportante para o país. E portantotem o relevo que tem,correspondente ao lobby agrícolaque existe, que é muito fraco. Umlobby que, na minha opinião, aindase gere muito pelas cúpulas compoucas ligações às bases. Daítermos aproveitado uma feira deâmbito geral para dela subtrairsinergias para que a questãoagrícola e pecuária tivesseviabilidade e visibilidade.Penso que esta solução de

aproveitar o grande movimento depessoas, empresas e jovens que seregista na Ovibeja, de maneira adar visibilidade à agricultura é asolução que tivemos na altura eque continuamos a ter.

N.L. - No caso especifico dosbovinos, como é que vê estarepresentação ao longo destes 25anos de Ovibeja?C.B. - A exposição dos bovinos naOvibeja mostra o que de melhor háno país em termos de bovinos decarne, não só nas raças autóctonesmas também nas raças que maiscontribuem para o cruzamentoindustrial, como é o caso especificoda raça Limousine. A Ovibeja temmuito orgulho em colaborar comas diferentes associações, fazendoos possíveis para lhes proporcionaras melhores condições, para que otrabalho que realizam lhes tragaretorno.As raças autóctones estão muitobem representadas, facto que nãotem a ver com a organização dafeira, sendo um trabalho que tem aver com as várias associações. Talcomo acontece com arepresentação da raça Limousine.Penso que os criadores têm quedespertar para um tipo deespecialização, pelo que seráimportante que as raças que têmcondições para produzirreprodutores, contribuindo parauma melhoria geral do sectorbovino - podemos chamar-lheraças melhoradoras - tenham lugarde destaque aqui na feira. E paraalém disso tem que existir umaacção pedagógica junto dosagricultores para conseguir analisarquais os animais que mais lhesconvêm. Este trabalho tem vindo aser feito pelas várias associaçõesque têm marcado presença aqui nafeira e penso que tem sido umtrabalho que tem dado vários frutostambém na promoção da carnedessas raças.

N.L. - Relativamente a essa acçãopedagógica, considera que se temconseguido demonstrar aosvisitantes a noção de fileira dosdiversos produtos aqui expostos?

Nomeadamente em relação aosbovinos que estão presentes emvida e que depois têm empromoção a carne nos diversosrestaurantes?C.B. - Eu sinto-me muito orgulhosoquando vou a algunsestabelecimentos que vendemcarne ao público onde se apresentao produto com muito boa imagem,cumprindo todas as regras exigidase que permitem que o produtomantenha toda a sua qualidadeconforme se encontra especificadonas denominações que conseguiualcançar (I.G.P. ou D.O.P ouD.O.C.); objectivo só conseguidopela traceabilidade que se efectuadesde a produção até ao consumo.Esta situação tem-se verificado comalgumas dificuldades pois nemtodos os operadores no mercadosabem valorizá-la como é o casodas grandes superfícies ou dasgrandes empresas de distribuiçãoque operam no mercado nacional.Obviamente que esta questão deveser exposta e que só poderá passarpor um trabalho ainda mais duro:fazer com que o consumidor seaperceba da diferença daqualidade dos produtos que está acomprar. E nem sempre compramais cara essa qualidade, portantomuitas vezes parece haver uminteresse por parte dos grandesdistribuidores em não valorizar osprodutos melhores e enaltecer otrabalho e os investimentos que osagricultores fazem para os obter.

N.L. - Em parte é isso que se temfeito aqui na Ovibeja, passar essainformação da ligação que existeentre as condições em que osanimais são criados e a qualidadeque se obtém nos produtos.C.B - Claro, é uma mensagem queleva algum tempo a passar aoconsumidor tendo em contatambém a cultura geral doconsumidor nacional. São temasque têm que ser abordados nasescolas e que têm que fazer parteda educação e formação daspessoas e de preferência que secomece a tentar passar logo naaprendizagem inicial das criançasnas escolas. São situações que se

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deparam com dificuldades eobstáculos para serem colocadasem prática devido aos interesseseconómicos dos grandesdistribuidores. Que, tal como jádisse, parece que não adoptam apolitica da qualidade.

N.L. - E atendendo àspotencialidades do recinto da feirapara realizar acontecimentos dosector agro-ppecuário, fora doâmbito da feira, nomeadamenteleilões e concursos. Tem havidoalgum caminhar nesse sentido?C.B. - Já se realizaram aqui leilõesde bovinos, em que os preçosregistados eram bastante razoáveisquando comparados com os que severificavam na altura, em Évora eMontemor, que também já serealizavam. Mas surgiu algumdesinteresse dos agricultores daregião em trazer os seus animaispara serem aqui leiloados, peloque se suspendeu a realização dosmesmos.Nós não podemos obrigar aspessoas quando não existe vontadeda parte delas. De qualquer modoestamos perfeitamente abertos aretomar esse tipo de actividades,assim haja solicitação nessesentido.

N.L. - Mas em termos de condiçõesde carga e descarga dos animais?C. B - As condições de carga edescarga existiam e existem e se seconsidera que não existem, criam-se. Pois felizmente a ACOS temsaúde financeira e técnica paraultrapassar todos esses problemas.

N.L. - E agora uma pergunta maisdo nosso interesse pessoal.O quepensa sobre a Associação deCriadores Limousine?C.B. - Eu acho que se trata de umaassociação que surgiu com umadiferença, que é exactamente aimagem que tem criado e otrabalho técnico que promove parao apuramento da raça e para amelhoria da raça.Penso que este tipo de associaçõestêm que, acima de tudo, ser muitoparticipadas pelos seus associados,insistir no modelo moderno e de

congregação e de defesa de uminteresse muito específico. E issorequer muita união e muitoinvestimento aos vários níveis,financeiro (pois a genética é uminvestimento muito dispendioso) eao nível da comercialização:promoção da raça e exercícioscomerciais, como leilões, que tãonecessários são para se conseguirefectivamente promover a raça.Numa fase em que nos inserimosnuma economia global, facto quese verifica também nos sectoresagrícola e pecuário, seriainteressante que se tentasse entrarnos grandes mercados a nívelmundial. E os grandes mercados demelhoramento animal são naAmérica do Sul: Argentina e Brasil,que se constituem como os líderesno mercado da carne. E portanto se por um ladorepresentam uma competição ferozno que diz respeito à carne, poroutro lado podemos ter acesso aosdesenvolvimentos aí registados emtermos genéticos, que se verificamnomeadamente na raça Limousine.Raça que se difundiu por todo omundo e se estabeleceu tão bemonde encontrou condições para sedesenvolver, como aconteceutambém aqui em Portugal nasregiões do Alentejo e Algarve.Terá que existir uma dinâmica quetenha esta visão global e que tenhameios para realizar investimentosde penetração nos grandesmercados mundiais.

N.L. - E a presença da raçaLimousine na Ovibeja? C.B. Para a Ovibeja, a presença daACL é uma presença muito positivae muito querida, pois entendemosque se apresentam no mercado deuma maneira muito inovadora. Eposso explicar, o simples facto deapresentar um animal à mão, quedá muito trabalho, é em si umespectáculo para aqueles quedesconhecem como se cria umanimal, sendo por si só uma liçãopara os consumidores. Uma liçãode relacionamento com o animal,espelho de um trabalho árduo depreparação do animal para seconseguir esta apresentação numa

feira.E isto também terá reflexos noproduto final do animal, a suacarne, pois foi conseguida comtodas as condições de respeito pelobem-estar e dignidade dos animais.Que só poderá trazer mais valias anível comercial e de dignificaçãodo trabalho da ACL.

N.L. - Perspectivas de futuro para osector?C.B. - O sector depara-se comenormes desafios visto que ospreços dos factores de produçãosubiram vertiginosamente nestesúltimos tempos, devido ao aumentoda procura dos cereais e tambémpela reviravolta da PAC, que cadavez tem uma politica mais liberal ede menor apoio a este sector.Um desafio enorme que teráforçosamente de passar pelaqualidade e agilidade dos agentesdo sector: agricultores, comerciais,universidades. Pois quer queiramosquer não, teremos que dependercada vez menos das políticasnacionais e comunitárias. E, comotal, ficarão apenas os melhores,aqueles que tiverem mais "Know-how", que realizarem maisinvestimento e que conseguiremuma excelência nas suasexplorações.

N.L. -EE a Ovibeja, como uma dasmaiores feiras de Portugal, temperspectivas de evoluir ainda maisno futuro?C.B. - A Ovibeja é umaoportunidade colectiva e evoluirámais num ou noutro sector dos queaqui são representados, conformeo que os responsáveis por essessectores quiserem. Na certezaporém que a actividade agrícola epecuária é que é a génese daOvibeja. Tendo em conta que estaactividade não é olhada pelaACOS, organização da feira, comoum aspecto mercantilista mas simcomo fazendo parte dos objectivosda nossa associação, que é odesenvolvimento do mundo ruralonde vivemos.

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