2012.02- Edgar Allan Poe (O Demônio Da Perversidade)

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    Edgar Allan Poe: O Demônio da PerversidadeSep 20, '08 10:01 AM

    Ao examinar as fa!ldades e imp!lsos dos m"veis primordiais da alma#!mana, deixaram os fren"logos de menionar !ma $end%nia &!e, emoralaramen$e exis$en$e omo !m sen$imen$o radial, primi$ivo, irred!$(vel,$em sido ig!almen$e desden#ada por $odos os moralis$as &!e ospreederam) Por p!ra arrog*nia da ra+o, $odos n"s a $emos desden#ado)

     -emos $olerado &!e a s!a exis$%nia esape aos nossos sen$idos!niamen$e por fal$a de ren.a, de f/, &!er sea f/ na evela.o o! f/ naaala) A id/ia dessa $end%nia n!na nos oorre! simplesmen$e por a!sade s!a s!per3!idade) 4o v(amos neessidade do imp!lso, nem dapropenso) 4o pod(amos pereer5l#e a neessidade) 4o pod(amosompreender, is$o /, no podiamos $er ompreendido, dado o aso de $er5sees$e primum mobile in$rod!+ido a for.a, no pod(amos $er ompreendido de&!e maneira poderia ele promover os oe$ivos da #!manidade, &!er

    $emporais, &!er e$ernos)

    4o se pode negar &!e a frenologia e oa par$e de $odas as i%niasme$af(sias $en#am sido planeadas a priori) O in$ele$!al o! #omem l"gio,ainda mais &!e o #omem ompreensivo o! oservador, se p6e a imaginarproe$os, a di$ar oe$ivos a De!s) -endo assim sondado, a se! el5pra+er, asin$en.6es de 7eov, edi9a, de aordo om essas in$en.6es, se!sin!merveis sis$emas de pensamen$o) 4a &!es$o da frenologia, porexemplo, primeiro de$erminamos o &!e / as$an$e na$!ral, &!e fa+ia par$edos des(gnios da Divindade &!e o #omem omesse) En$o a$ri!(mos ao#omem !m orgo de alimen$a.o e es$e "rgo / o #io$e om &!e aDivindade ompele o #omem a omer, &!er &!eira, &!er no) Em seg!ndo

    l!gar, $endo es$aeleido &!e foi von$ade de De!s &!e o #omemon$in!asse a esp/ie, desorimos imedia$amen$e !m "rgo deama$ividade) E assim por dian$e, om a oma$ividade, a idealidade, aas!alidade, a ons$r!$ividade, e assim, em s!ma, om $odos os orgos,&!er represen$em !ma propenso, !m sen$imen$o moral o! !ma fa!ldadedo in$ele$o p!ro) E nessas disposi.6es dos prin(pios da a.o #!mana, osSp!r+#eimi$as, om ra+o o! no, em par$e o! no $odo, no 9+eram mais&!e seg!ir, em prin(pio, as pegadas de se!s predeessores, ded!+indo o!es$aeleendo ada oisa em vir$!de do des$ino preoneido do #omem easeada nos oe$ivos de se! riador)

     -eria sido mais aer$ado, $eria sido mais seg!ro, lassi9ar se podemoslassi9ar; sore a ase da&!ilo &!e o #omem, !s!al o! oasionalmen$e, fe+e es$ava sempre oasionalmen$e fa+endo do &!e sore a ase da&!ilo &!es!pomos &!e a Divindade $enionava &!e ele 9+esse) Se no podemosompreender De!s nas s!as oras vis(veis, omo en$o ompreend%5lo nosse!s inone(veis pensamen$os &!e do vida

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    in3!%nia agimos sem oe$ivo ompreens(vel, o!, se is$o for en$endidoomo !ma on$radi.o nos $ermos, podemos modi9ar a $al pon$o aproposi.o &!e digamos &!e so s!a in3!%nia n"s agimos pelo mo$ivo den*o devermos agir)

    Em $eoria, nen#!ma ra+o pode ser mais desarra+oada> mas, de fa$o,nen#!ma # mais for$e) Para er$os esp(ri$os, so de$erminadas ondi.6es ,$orna5se asol!$amen$e irresis$(vel) -en#o er$e+a de &!e respiro do &!e ade ser m!i$as ve+es o engano o! o erro de &!al&!er a.o a for.ainon&!is$vel &!e nos emp!rra, e a ?nia &!e nos impele a on$in!5lo) Eno admi$ir anlise o! resol!.o em elemen$os !l$eriores es$aaar!n#an$e $end%nia de pra$iar o mal pelo mal) @ !m imp!lso radial,primi$ivo, elemen$ar) Dir5se5, es$o! er$o, &!e, &!ando n"s persis$imos ema$os por&!e sen$imos &!e no dever(amos persis$ir neles, nossa ond!$a /

    apenas !ma modi9a.o da&!ela &!e ordinariamen$e se origina daoma$ividade da frenologia) Mas !m simples ol#ar nos mos$rar a faliadessa id/ia) A oma$ividade frenol"gia $em por ess%nia a neessidade dea!$odefesa) @ a nossa salvag!arda on$ra a ofensa) Se! prinipio di+respei$o ao nosso em5es$ar e dessa forma o deseo desse em5es$ar /exi$ado, sim!l$aneamen$e, om se! desenvolvimen$o) Seg!e5 se &!e odeseo do em5es$ar deve ser exi$ado, sim!l$aneamen$e, om &!al&!erprin(pio &!e sea simplesmen$e !ma modi9a.o da oma$ividade, mas,no aso da&!ilo &!e den!minei de perversidade, no somen$e o deseo deem5es$ar no / exi$ado, mas exis$e !m sen$imen$o for$emen$ean$agônio)

    A9nal, !m apelo ao pr"prio ora.o ser a mel#or respos$a ao so9sma &!eaaamos de oservar) 4ing!/m &!e on9an$emen$e ons!l$e eamplamen$e in$errog!e s!a pr"pria alma sen$ir5se5< dispos$o a negar aomple$a radiailidade da $end%nia em &!es$o) Es$a $end%nia no /menos ara$er(s$ia &!e inompreens(vel) 4o # #omem &!e, em alg!mmomen$o, no $en#a sido a$ormen$ado , por exemplo, por !m ag!do deseode $or$!rar !m o!vin$e por meio de ir!nl"&!ios) Sae &!e desagrada) -em$oda a in$en.o de desagradar) Em geral / oniso, preiso e laro) !$a ems!a ling!a por expressar5se a mais laônia e l!minosa ling!agem) S" omdi9!ldade onseg!e evi$ar &!e ela desorde) -eme e on!ra a "lerada&!ele a &!em se dirige) on$!do, assal$a5o o pensamen$o de &!e essa

    "lera pode ser prod!+ida por meio de er$as $rias e paren$esis) Bas$a es$aid/ia) O imp!lso onver$e5se em deseo, o deseo em von$ade, a von$aden!ma *nsia inon$rolvel, e a *nsia para prof!ndo remorso e mor$i9a.ode &!em fala e n!m desa9o a $odas as onse&!%nias; / sa$isfei$a) -emosdian$e de n"s !ma $arefa &!e deve ser rapidamen$e exe!$ada) Saemos&!e re$ard5la ser r!inoso) A mais impor$an$e rise de nossa vida re&!er,imperiosamen$e, energia imedia$a e a.o) Cn3amamo5nos, ons!mimo5nosna avide+ de ome.ar o $raal#o, arasando5se $oda a nossa alma naan$eipa.o de se! glorioso res!l$ado) @ for.oso, / !rgen$e &!e ele seaexe!$ado #oe, e on$!do, adiamo5lo para aman#) Por &!e isso= 4o #respos$a seno a de &!e sen$imos a perversidade do a$o, !sando o $ermosem ompreender5l#e o prin(pio) #ega o dia seg!in$e e om ela mais

    impaien$e ansiedade de !mprir nosso dever, mas om $odo esse a!men$ode ansiedade #ega $am/m !m inde9n(vel e posi$ivamen$e $errivel,

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    emora insondvel, anseio ex$remo de adiamen$o) E &!an$o mais o $empofoge, mais for.a vai $omando esse anseio) A ?l$ima #ora para agir es$iminen$e) -rememos < viol%nia do on3i$o &!e se $rava den$ro de n"s, en$reo de9nido e o inde9nido, en$re a s!s$*nia e a somra) Mas se a on$endase prolonga a es$e pon$o, / a somra &!em prevalee) oi v a nossa l!$a) Orel"gio a$e e / o dore de 9nados de nossa feliidade) Ao mesmo $empo /a larinada ma$inal para o fan$asma &!e por $an$o $empo nos in$imido!) Elavoa) Desaparee) Es$amos livres) ol$a a an$iga energia) -raal#aremosagora) Ai de n"s por/m, / $arde demaisF

    Es$amos < orda d!m preip(io) Persr!$amos o aismo e nos veem a

    n!sea e a ver$igem) 4osso primeiro imp!lso / f!gir ao perigo)Cnexpliavelmen$e, por/m, 9amos) Po!o a po!o, a nossa n!sea, a nossaver$igem, o nosso #orror onf!ndem5se n!ma n!vem de sensa.6esinde9n(veis) Grada$ivamen$e, e de maneira mais imperep$(vel, essa n!vem$oma forma, omo a f!ma.a da garrafa donde s!rgi! o g%nio nas Mil e !ma4oi$es) Mas fora dessa nossa n!vem < orda do preip(io, !ma forma se$orna palpvel, em mais $err(vel &!e &!al&!er g%nio o! &!al&!er demôniode f!las) on$!do no / seno !m pensamen$o, emora $err(vel, e !mpensamen$o &!e nos gela a$/ a med!la dos ossos om a fero+ vol?pia dose! #orror) @ , simplesmen$e, a id/ia do &!e seriam nossas sensa.6esd!ran$e o merg!l#o preipi$ado d!ma &!eda de $al al$!ra)

    E es$a &!eda, es$e ani&!ilamen$o ver$iginoso, por isso mesmo &!e envolveessa mais espan$osa e mais rep!gnan$e de $odas as espan$osas erep!gnan$es imagens de mor$e e de sofrimen$o &!e amais se apresen$aram< nossa imagina.o, fa+ om &!e mais v(vamen$e a deseemos) E por&!enossa ra+o nos desvia violen$amenie da orda do preip(io, por issomesmo mais impe$!osamen$e nos aproximamos dela) 4o # na na$!re+apaixo mais diaoliamen$e impaien$e omo a da&!ele &!e, $remendo <eira d!m preip(io, pensa dessa forma em nele se lan.ar) De$er5se, !mins$an$e &!e sea, em &!al&!er onesso a essa id/ia / es$arinevi$avelmen$e perdido, pois a re3exo nos ordena &!e f!amos semdemora e, por$an$o, digo5o, / is$o mesmo &!e no podemos la+er) Se no

    #o!ver !m ra.o amigo &!e nos de$en#a, o! se no onseg!irmos, oms?i$o esfor.o re!ar da eira do aismo, nele nos a$iraremos e des$r!idoses$aremos)

    Examinando a.6es semel#an$es, omo fa+emos, desoriremos &!e elasres!l$am $o5somen$e do esp(ri$o de Perversidade) 4"s as ome$emospor&!e sen$imos &!e no dever(amos fa+%5lo) Al/m, o! por $rs disso, no# prin(pio in$elig(vel, e n"s pod(amos, de fa$o, s!por &!e essaperversidade / !ma dire$a ins$iga.o do demônio se no so!/ssemos,realmen$e, &!e esse prin(pio opera em apoio do em)

    Se $an$o me demorei nes$e ass!n$o foi para responder, de er$o modo, a

    perg!n$a do lei$or, para poder expliar o mo$ivo de min#a es$ada a&!i, parapoder expor algo &!e $er, pelo menos, o apagado aspe$o d!ma a!sa &!e

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    expli&!e por &!e $en#o es$es gril#6es e por&!e #ai$o es$a ela deondenado) 4o me $ivesse mos$rado assim prolixo, $alve+ no me#o!v/sseis ompreendido de $odo, o! omo a gen$al#a, me #o!v/sseis

     !lgado lo!o) Dessa forma, failmen$e pereereis &!e so! !ma dasinon$veis v($imas do Demônio da Perversidade)

    4en#!ma o!$ra proe+a amais foi levada a ao om mais perfei$adeliera.o) D!ran$e semanas, d!ran$e meses, ponderei $odos os meios doassass(nio) eei$ei mil#ares de planos por&!e s!a reali+a.o impliava !mapossiilidade de desoer$a) Por 9m, lendo alg!mas mem"rias franesas,enon$rei a narra$iva de !ma doen.a &!ase fa$al &!e a$ao! Madame Pila!em onse&!%nia de !ma vela aiden$almen$e envenenada) A id/ia feri!5mea imagina.o imedia$amen$e) Saia &!e min#a v($ima $in#a o #i$o de lerna ama) Saia, $am/m, &!e se! &!ar$o de dormir era es$rei$o e malil!minado) Mas no / preiso fa$igar5vos om pormenores imper$inen$es)4o preiso desrever5vos os ar$if(ios feis por meio dos &!ais s!s$i$!i,no as$i.al de se! dormi$"rio, por !ma vela, por mim mesmo fariada, a

    &!e ali enon$rei) 4a man# seg!in$e, enon$raram5no mor$o na ama e overedi$o do m/dio legis$a foi: H Mor$e por visi$a de De!s)H 2; -endo5l#e#erdado os ens, $!do orre! a on$en$o para mim d!ran$e anos) A id/ia deser desoer$o amais pene$ro!5me o /rero) E! mesmo !idadosamen$edisp!sera dos res$os da vela mor$al) 4o deixara nem somra de ind(iopelo &!al fosse poss(vel provar5se o! mesmo s!spei$ar5se de $er sido e! oriminoso) @ imposs(vel oneer5se o sen$imen$o de asol!$a sa$isfa.o&!e no me! in$imo desper$ava a er$e+a de min#a omple$a seg!ran.a)D!ran$e longo per(odo de $empo #ai$!ei5me < delei$a.o desse sen$imen$o) Proporionava5me m!i$o mais delei$e &!e $odas as van$agens p!ramen$ema$eriais &!e me advieram do rime) Mas #ego! por 9m !ma /poa na&!al a sensa.o de pra+er se $ransformo!, de grada.6es &!ase

    imperep$(veis, n!ma id/ia oean$e e perseg!(dora) Perseg!ia por&!eoeava) Di9ilmen$e onseg!ia lier$ar5me dela por !m ins$an$e se&!er) @oisa em om!m $ermos assim os o!v(dos, o! an$es a mem"ria,assediados pela do som de alg!ma an$iga v!lgar o! de $re#osinexpressivivos de "pera) 4o menos a$ormen$ados seremos se a an$iga /oa por si mesma o! se $em m/ri$o a ria de "pera) Dessa forma, a9nal,s!rpreendia5 me &!ase sempre a re3e$ir na min#a seg!ran.a e a em vo+aixa, a frase: HEs$o! salvoFH

    Im dia, en&!an$o vag!eava pelas r!as, on$ive5me no a$o de m!rm!rar,meio al$o, essas s(laas #ai$!ais) 4!m aesso de a!dia repe$i5as des$a

    o!$ra forma:HEs$o! salvo) ) ) es$o! salvo simJ, on$an$o &!e no fa.a a $olie deonfess5lo aer$amen$eFH

    ogo &!e pron!niei es$as palavras, sen$i !m arrepio de enregelar5me oora.o)

     7 on#eia a&!eles aessos de perversidade !a a na$!re+a $ivedi9!ldade em expliar; e lemrava5me em de &!e em nen#!ma oasiome fora poss(vel resis$ir a eles om %xi$o) E agora min#a pr"pria e as!ala!$o5s!ges$o de &!e poderia ser as$an$e $olo para onfessar o assass(nio

    de &!e me $ornara !lpado me enfren$ava omo se fosse o a!$%n$iofan$asma da&!ele a &!em e! #avia assinado a aenar5me om a mor$e)

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    A prin(pio 9+ !m esfor.o para afas$ar da alma semel#an$e pesadelo)amin#ei mais apressadamen$e, mais depressa ainda) ) ) p!s5me por 9m aorrer) Sen$ia !m deseo enlo!&!eedor de gri$ar em al$o) ada ondas!essiva de pensamen$o me aar!n#ava om novos #orrores, por&!e, aiF,e! em ompreendia, m!i$o em mesmo, &!e , na min#a si$!a.o, pensarera es$ar perdido) Aelerei ainda mais a min#a arreira) Sal$ava omo !mlo!o pelas r!as #eias de gen$e) Por 9m a pop!la.a alvoro.o!5se e pôs5se aperseg!ir5me) Sen$i en$o &!e min#a sor$e es$ava ons!mada) Se $ivessepodido arranar a min#a l(ng!a, $%5lo5ia fei$o, mas !ma vo+ r!de ressoo! emme!s o!vidos e !ma mo ainda mais r!de agarro!5me pelo omro) ol$ei5me , resfolegan$e) D!ran$e !m momen$o sen$i $odos os $ranses das!foa.o) -ornei5me ego, s!rdo e a$ordoado> e depois reio &!e alg!mdemônio invis(vel a$e!5me nas os$as om a larga palma O segredo #$an$o $empo re$ido irrompe! de min#a alma) Di+em &!e me exprimi omperfei$a lare+a, emora om assinada enfase e apaixonada preipi$a.o,omo se $emesse !ma in$err!p.o an$es de onl!ir as frases reves mas

    refer$as de impor$*nia &!e me en$regavam ao arraso e ao inferno)

     -endo rela$ado $!do &!an$o era preiso para a plena prova !diial>desmaiei) K!e me res$a a di+er= Loe s!por$o es$as adeias e es$o! a&!iFAman# es$arei livre de ferrosF Mas onde=