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Análise Crítica do Discurso sobre Economia Solidária nas Publicações da Área deAdministração

Autoria: Vanêssa S. Pereira Simon 

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo compreender, a partir dos artigos apresentados nos periódicos da área de administração do portal Scielo, se a Economia Solidária é percebidacomo uma forma de superação ou complementar ao capitalismo. Fez-se um mapeamento docampo de estudo para verificar o que está sendo pesquisado e as linhas de pesquisadesenvolvidas. Em seguida, foi feita uma Análise Crítica do Discurso com relação às práticassociais dos artigos buscando-se perceber qual o discurso apresentado. Conclui-se, que os

autores, de maneira geral, percebem a ES com uma alternativa ao capitalismo, que nãoconsegue responder aos anseios da sociedade civil.

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1.  INTRODUÇÃO

O interesse a respeito do tema Economia Solidária vem crescendo dentro do campocientífico. Gaiger (2011) ressalta que no Diretório de Grupos de Pesquisa cadastrados no

CNPq há 91 dedicados ao cooperativismo e 92 relatam atividades relacionadas à economiasolidária. Além disso, o Sistema de Informações em Economia Solidária (SIES) em seuúltimo levantamento - 2005/2007, já contabilizava quase 22 mil empreendimentos solidárioscadastrados.

Em razão desse contexto acadêmico e empírico , foi realizado um levantamento sobreo que tem sido publicado a respeito do tema “Economia Solidária” no portal Scielo brasileiroem face da importância desse portal, que é referência para o próprio CNPq. Foramencontrados trinta e seis artigos em 15 de setembro de 2012. Entretanto, esses artigoscontemplavam várias áreas como psicologia, sociologia, serviço social, administração,economia, direito, entre outros (nove no total). Para esse estudo entretanto, pelo fato da autoraser da área da administração, utilizou-se apenas os artigos publicados em periódicos dessa

área – 4 artigos. Os periódicos em que esses artigos foram publicados são classificados comoA2 e B1 no sistema de classificação da Capes. A primeira percepção que se tem é que, apesardo crescente interesse pelo tema apontado, a área de administração ainda não se despertou

 para tal o que pode ser percebido pelo pouco número de publicações da área sobre o assunto –apenas quatro. A partir desse material levantado, foi feita uma leitura dos artigos e

 posteriormente uma Análise Crítica dos Discursos apresentados referente à EconomiaSolidária propriamente dita, pretendendo-se verificar se a Economia Solidária é percebida

 pelos autores como uma forma de superação do capitalismo ou como complementar a ele,uma vez que é dessa forma que a ES é percebida pelos autores do campo, e assim, podersituar o tema no campo. Não se pretendeu nesse estudo verificar relações entre EconomiaSolidária e outros aspectos tais como terceiro setor, desenvolvimento local entre outros.

Esse artigo possui além dessa introdução, uma seção a respeito do tema EconomiaSolidária que apresentará um panorama de como esse assunto vem sendo tratado atualmente,com destaque para as principais características associadas à ideia de Economia Solidária. Naterceira parte, uma sucinta descrição da Análise Crítica do Discurso com suas características

 principais e da práticas sociais, que é objeto de estudo desse artigo e sua aplicação nos artigosescolhidos. Após, apresenta-se a análise desses resultados e as conclusões pertinentes ao tema.

2.  ECONOMIA SOLIDÁRIA

O conceito de Economia Solidária (ES) possui acepções diversas mas que estãodiretamente associadas à ideia de solidariedade em contraposição ao individualismo

utilitarista, comportamento econômico predominante nas sociedades de mercado. De acordocom Laville e Gaiger (2009), a origem do termo data da década de 1990 quando váriasatividades econômicas foram organizadas segundo princípios de cooperação, autonomia egestão democrática. Essas atividades primavam pela solidariedade acima do interesseindividual e o ganho material, se afirmando pela socialização dos recursos produtivos eadoção de critérios igualitários. Dal Ri e Vieitez (1999) afirmam que os sujeitos da ES sãoempresas capazes de criar riquezas eficientemente e de distribui-las equitativamente.

Os participantes desse tipo de atividade estabelecem um vínculo de reciprocidadecomo alicerce de suas relações de cooperação caracterizando a solidariedade que se estendeentão, a setores sociais mais necessitados, por meio da mobilização dos trabalhadoresdesempregados e também, via serviços prestados a pessoas desamparadas. Laville e Gaiger(2009) afirmam que é por meio dessa inserção social e comunitária que a ES atua na saúde,educação e preservação ambiental e é graças à solidariedade que o indivíduo se engaja em

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assuntos de interesses comuns, criando os “espaços públicos de proximidade, cuja autonomiaem relação aos espaços de poder instituídos contribui para sedimentar as bases de um modelodemocrático dialógico, no qual o sistema representativo expõe-se à pressão legítima demecanismos constituídos de participação direta” (LAVILLE, GAIGER, 2009, p. 162, grifo

dos autores).Os autores afirmam ainda que atualmente, a sociedade, marcadamente voltada para omercado, se afasta da natureza social e comprometida com a coletividade e não conseguesatisfazer as necessidades humanas, ampliando as regiões de pobreza do mundo. Nessecenário, há uma necessidade premente de transformação social que contenha outras formas devida, em que valores como justiça, redistribuição e ensejo de humanização estejamminimamente presentes. Reforçam igualmente, que é necessário valorizar as experiências emque a auto-organização esteja presente defendendo os direitos básicos do trabalho, seassociando e trabalhando de maneira coletiva formando um arcabouço de experiências econvicções morais que permitam à sociedade singrar por novos rumos. Entretanto, Singer(2000) afirma que constituiria um equivoco supor que a única maneira das classes

desfavorecidas sobreviverem seria por meio da ES. Isso porque se observa que há muitasolidariedade entre os mais pobres e que a ajuda mútua é fundamental à sobrevivência,independente de como essas pessoas interagem. Porém, de acordo com o autor, essasolidariedade se limita aos mais próximos, com pessoas com as quais se identifica. Em umasituação que envolva estranhos, essa mesma pessoa disputa bravamente qualqueroportunidade de ganho, demonstrando um individualismo, que é um alicerce do capitalismo.Portanto, não se pode ser ingênuo e apresentar a ES como bastião dos novos tempos mas,como uma entre outras formas de se perceber o mundo atual.

Para que as experiências em ES avancem Laville e Gaiger (2009) afirmam serimportante a conjugação de três tipos de recursos: os provenientes da reciprocidade entre osmembros por meio da preocupação com o coletivo livre de contrapartidas; os oriundos doEstado com embasamento no princípio da redistribuição; e, por último, com os recursosderivados das relações de troca com o mercado. Dessa maneira, a ES se torna participante deuma economia plural, com iniciativas entre as economia públicas e privadas, tornando-se umtipo híbrido. Para compreender a ES, afirma Singer (2000), é necessário considerar que o queela condena no capitalismo é a ditadura do capital, que confere ao proprietário dos meios de

 produção poderes ilimitados determinando as ações de acordo com seus interesses, podendomudar a qualquer momento. E acrescenta que o capitalismo reforça a crescente desigualdadeentre a classe capitalistas, que aumentam suas riquezas em função da acumulação de capital, ea classe trabalhadora cujos ganhos são suficientes apenas para reproduzir a força de trabalho,sendo que há uma tendência do capitalismo em excluir, desempregar, empobrecer parte dessa

classe trabalhadora fazendo com que a sociedade se polarize entre ambas.Entretanto, Singer (2004) corrobora Laville e Gaiger (2009) ao afirmar que a ES não éuma nova forma de economia, mas uma economia que viria acrescentar tanto às formas deeconomia mercantil como não-mercantil sendo justamente, uma forma de articulação entreelas, acumulando as vantagens da economia monetária como fonte da liberdade individual

 pelo mercado e igualdade pela redistribuição, e as da não-monetária com o contexto dastrocas, evidenciando-as.  Ou seja, o “modo solidário de produção e distribuição parece à

 primeira vista um híbrido entre o capitalismo e a pequena produção de mercadorias. Mas, narealidade, ele constitui uma síntese que supera ambos” (SINGER, 2000, p.13). Campos(2010) apoia esse pensamento ao afirmar que a ES não impulsiona nem promove umaalternativa ou complemento do capitalismo mas, que desenvolve um enfoque teórico do social

e da sociedade, buscando a reconciliação da moral e da economia por meio da moralizaçãodas condutas individuais. 

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Um outro aspecto relevante da ES é a autogestão, pois institui novas articulações nasrelações de trabalho e em relação às discussões de cidadania, uma vez que busca respostas aosanseios de bem estar, reconhecimento e significado de vida. Assim, quando se estabelecemcomunidades de trabalho baseadas nos experimentos de coletividade, a atividade econômica

 passa a ser percebida como uma meio para a consecução de determinado fim, alterando aracionalidade vigente. Um sentido de pertencimento a uma comunidade vigora caracterizandouma identidade propriamente social. A ES, de acordo com Laville e Gaiger (2009), dinamizaas redes de interação participativa que se estendem promovendo sistemas mais amplos dereciprocidade nos quais a experiência concreta de gestão do bem comum credita novosvalores em relação às noções de justiça e de interesse público. Depende-se ainda muito do

 poder público pois é, até o momento, o único foro com capacidade de legislar a respeito denormas redistributivas em relação à equidade.

Recentemente, de acordo com Campos (2010), a Social Economy Europe, entidadeque congrega representantes de cooperativas, mutualidades, associações e fundaçõesestabeleceu alguns princípios a respeito da Economia Social:

  Primazia da pessoa e do objeto social ao capital;  Adesão voluntária e aberta;  Controle democrático por seus membros (exceto para as fundações que não têm

sócios)  Conjunção de interesses dos membros usuários e do interesse geral;  Defesa e aplicação dos princípios de solidariedade e responsabilidade  Autonomia de gestão e independência dos podes públicos  Destina a maioria dos excedentes para a consecução de objetivos a favor do

desenvolvimento sustentável, do interesse dos serviços dos membros e do interessegeral.

Diferente das definições anteriores, continua o autor, em que eram expressasreferências a valores como democracia e interesse social e solidariedade que, nofuncionamento se contradiziam com o a lógica dominante do mercado, essa nova dimensãooutorga à ES uma dimensão sociopolítica. Essa dimensão está vinculada a um projeto detransformação social em que as entidades que a constituem não apenas desenvolvem algumaatividade mas também expressam uma visão normativa da sociedade e se configuram comoinstrumento para a realização de tal projeto.

França Filho e Laville (2004, p. 90 e 92) afirmam que “a concepção de atividadeeconômica a partir de um impulso reciprocitário pode permitir-lhe fundar-se sobre o próprio

sentido que lhe é atribuído pelos seus participantes e, dessa forma favorecer, dinâmicas desocialização...” e continuam “levados a encontrar compromissos entre diferentes tipos deeconomia e de trabalho, as estruturas da ES, forçosamente em decolagem em relação àsinstituições da sociedade salarial, só podem fazê-lo se elas forem igualmente espaços públicos

de proximidade”. Dessa forma, pode-se perceber a ES como um elemento numa perspectivade repartição do emprego, articulada com uma estratégia de não-diferenciação de formas deemprego e outra de multiplicação das formas de trabalho. Não seria uma solução instantânea

 para a crise atual mas poderia contribuir para as relações entre economia e sociedade dentrode uma perspectiva democrática.

3.  ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO

De acordo com Magalhães (2005), a análise do discurso tem como propósito o debateteórico e metodológico do discurso, ou seja, a linguagem como prática social se opondo à

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linguística formal. A Análise Crítica do Discurso (ACD) pode ser considerada uma sequênciada linguística crítica desenvolvida na Grã-Bretanha na década de 1970 que estudava a relaçãoentre o texto e os conceitos de poder e ideologia. A ACD, continua a autora, propõe ummétodo para descrever, interpretar e explicar a linguagem no contexto sociohistórico, o estudo

da linguagem como prática social. Pereira e Misoczky (2006, p.2) complementam que a ACDé uma “teoria e método que possibilita desvendar de que modo discursos legitimam ahegemonia neoliberal no capitalismo tardio” se baseando na percepção da linguagem como

 parte importante da vida social, dialeticamente associada a outros elementos sociais em que osconceitos centrais são o discurso e as práticas sociais. Philips e Hardy (2002) acrescentam quea ACD é uma metodologia assim como um método, que é uma epistemologia que explicacomo se percebe o mundo social assim como uma série de métodos para estudá-lo.

Para Wodak (2004), a ACD vê a linguagem como prática social e acrescenta que ocontexto do uso da linguagem é crucial pois o entendimento de discurso como prática socialimplica numa relação dialética entre um evento discursivo e uma situação, entre umainstituição e uma estrutura social que o enquadram. O evento discursivo é conformado por

eles e também os forma, ou seja, o discurso é socialmente constituído assim como ésocialmente condicionado.

Fairclough (2001, p. 90, 91) afirma que discurso é “o uso de linguagem como formade prática social e não como atividade puramente individual ou reflexo de variáveissituacionais” e acrescenta, “é uma prática, não apenas de representação do mundo, mas designificação do mundo, constituindo e construindo o mundo em significado”. Para Wodak(2004) o termo discurso é usado de muitas maneiras por diversos pesquisadores e também emculturas acadêmicas diferentes e por isso, definiu discurso como “forma de conhecimento ememória das práticas sociais em que o ‘texto’ ilustra declarações orais concretas oudocumentos escritos” (WODAK, 2004, p. 199, tradução nossa). E continua afirmando que umdos objetivos da ACD é desmistificar os discursos decifrando as ideologias e, por isso, aimportância da interdisciplinaridade como forma de alcançar esse objetivo.

Segundo Magalhães (2005), a ACD é política em seu intento com seus praticantesagindo sobre o mundo, buscando transformá-lo e assim, contribuindo para que as pessoas nãosejam discriminadas. Fairclough (2001) complementa Magalhães (2005) e corrobora Wodak(2004) afirmando que o discurso é a utilização da linguagem como forma de prática social e,assim, é um modo de ação e há uma relação dialética entre o discurso e a estrutura social.Com isso, defende a ideia de que o discurso é socialmente constitutivo e, por isso, aimportância das noções de poder e hegemonia para a ACD, que serão tratados mais a frente.Para Philips e Hardy (2002, p. 25, tradução nossa) a ACD deve descrever e explicar como oabuso de poder é promulgado, reproduzido e legitimado pela fala e pelo texto de grupos e

instituições dominantes. A ACD se refere a uma abordagem linguística em que o texto é aunidade básica de discurso mas que os estudiosos se interessam mais é pela análise dasrelações de luta e conflito social, afirma Magalhães (2005). Consoante Philips e Hardy(2002), a ACD foca em como se privilegia determinados atores em detrimento de outros e emcomo amplas mudanças no discurso resultam em diferentes panoramas de vantagens edesvantagens. E corroboram Fairclough (2001) ao afirmarem que esse tipo de estudo auxilia amostrar como as atividades discursivas ajudam a construir instituições nas quais o poder éincorporado na maneira como entendimentos consagrados servem para privilegiar algunsatores em detrimento de outros, conforme mencionado anteriormente.

De acordo com Wodak (2004) há alguns princípios para a ACD:

 

A abordagem é interdisciplinar;  A abordagem é orientada pelo problema mais do que focada em itens linguísticos

específicos;

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  As teorias, assim como as metodologias, são ecléticas;  Os estudos sempre incorporam trabalhos de campo e etnografias para explorar o

objeto de estudo  A abordagem é um constante ir e vir entre a teoria e os dados empíricos;  Múltiplos gêneros e espaços públicos são estudados e relações intertextuais e

interdiscursivas são investigadas;  O contexto histórico é sempre analisado e integrado com a interpretação dos discursos

e dos textos;  As categorias e ferramentas para a análise são definidas de acordo com todos essas

etapas e procedimentos e também com o problema especifico em investigação;  Grandes teorias devem servir como fundamentos;  Prática e teoria são desejadas de maneira a que os resultados possam estar disponíveis

 para especialistas de diferentes campos.

Fairclough (2001) afirma que o discurso possui três dimensões analíticas (Figura 1)indispensáveis para a ACD: análise textual e linguística; tradição macrossociológica deanálise da prática social em relação às estruturas sociais; e tradição interpretativa oumacrossociológica de considerar a prática social como alguma coisa que as pessoas produzemativamente. A primeira pode ser denominada descrição e a análise da prática discursiva e aanálise da prática social podem ser denominadas interpretação. Fairclough (2001) trabalhacom a afirmação interpretativa, que busca compreender a maneira pela qual os membros dascomunidades sociais produzem seus mundos. É essa a abordagem que esse estudo sedebruçará, não apresentando as outras, em razão da limitação do espaço deste artigo.

Figura 1 - Concepção tridimensional do discursoFonte: FAIRCLOUGH (2001, p. 101) 

3.1. DISCURSO COMO PRÁTICA SOCIAL

Conforme apontado no item anterior, esse artigo irá se dedicar ao estudo do discursocomo prática social e, de acordo com Fairclough (2001), é necessário abordar o conceito de

discurso em relação à ideologia e ao poder, este visto como hegemonia e em uma concepçãode evolução das relações de poder como uma luta hegemônica.

PRÁTICA SOCIAL

 

PRÁTICAS 

DISCURSIVAS 

(produção, distribuição, consumo) 

TEXTO 

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Wodak (2004) assegura que desde que o discurso é uma consequência do social,valoriza importantes aspectos do poder e sofre os efeitos da ideologia que possa ajudar a

 produzir e reproduzir relações de poder desigual entre classes socais, homens/mulheres,minoria/maioria étnicas ou culturais por meio da forma que representa as coisas e posição das

 pessoas. E acrescenta que é muito raro que o texto seja o trabalho de uma única pessoa. Nostextos, as diferenças são negociadas, são geridas por diferenças no poder que está partecodificado nele próprio e determinado pelo discurso e pelo gênero. Assim, os textos sãofrequentemente lugares de disputas em que aparecem traços de diferentes discursos eideologias lutando pela dominação. Deste modo, uma característica importante da ACD é emrelação ao poder como condição central da vida social e seus esforços para desenvolver umateoria da linguagem que incorpore essas condições numa premissa maior. Entretanto, issodeve aparecer não apenas nas disputas de poder mas na intertextualidade e contextualizaçãode discursos que competem em vários espaços e gêneros. E é nesse cenário de lutasdiscursivas que Pereira e Misoczky (2006) destacam a importância dos conceitos de ideologiae hegemonia serem trazidos para a ACD. Pois o discurso não é neutro, asseveram Fairclough

(2001), Pereira e Misoczky (2006) e Magalhães (2005).Com relação à ideologia, Fairclough (2001) destaca três pontos importantes sobre

ideologia. Primeiro ela tem existência material nas práticas das instituições, o que possibilitainvestigar as práticas discursivas como materialidades da ideologia. Segundo, que a ideologiainterpela os sujeitos indicando um importante efeito ideológico, que é a constituição dosujeito. Terceiro, que os aparelhos de estado são marcos e locais delimitadores da luta declasse e com isso, apontam para uma luta no discurso orientado ideologicamente. E o autorcontinua afirmando que as ideologias são significações e construções da realidade em váriasdimensões das formas e dos sentidos da prática discursiva contribuindo para a produção etransformação das relações de dominação. Essas ideologias, nas práticas discursivas, setornam muito eficazes quando se transformam em senso comum, apesar de o autor apontar aluta ideológica como prática discursiva, visando a reestruturação das relações de dominação.O autor alega ainda que, a despeito de as formas e conteúdo dos textos apresentarem traçosdas estruturas ideológicas, “não é possível ‘ler’ as ideologias nos textos” (FAIRCLOUGH,2001, p. 118). Os sentidos são produzidos a partir das interpretações dos textos que estãosujeitos a várias interpretações, de diferentes ideologias. Outro aspecto importante a respeitode ideologia levantado pelo autor é que além dos sentidos serem ideológicos há outrosaspectos semânticos relevantes como as pressuposições, as metáforas e a coerência que sãoestudados nas práticas discursivas. Destaca que não se deve pressupor que as pessoas sãoconscientes de suas ideologias nas suas práticas pois, essas podem ser mais ou menosenraizadas e automatizadas e, dessa forma, as pessoas teriam dificuldade em perceber que

suas práticas estão investidas de ideologias específicas mesmo em se tratando de resistência.Daí a necessidade de uma educação linguística que prioriza a consciência crítica nos processoideológicos dos discursos para que as pessoas possam ter consciência das próprias práticas edas ideologias presentes nos discursos com que se deparam.

Fairclough (2001) alega que, com relação à hegemonia, os conceitos de Gramsci sãomais próximos ao conceito de discurso que defende teorizando sobre a mudança a respeito dasrelações de poder, com foco na mudança discursiva e afirma que “hegemonia é liderança tantoquanto dominação nos domínios econômico, político, cultural e ideológico de umasociedade” (FAIRCLOUGH, 2001, p. 122). E acrescenta que a hegemonia é o poder dasclasses economicamente definidas sobre a sociedade em consórcio com outras forças sociaismas dentro de um equilíbrio instável. Afirma ainda, que hegemonia é a construção de alianças

 por meio de concessões ou meios ideológicos para ganhar o consentimento das classesenvolvidas e por isso, é uma ampla frente que mobiliza instituições da sociedade civil com prováveis desigualdade entre os diferentes níveis e domínios envolvidos. O autor declara

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ainda que a luta hegemônica na sua articulação, desarticulação e rearticulação coaduna com aideia de discurso defendida em que há a concepção dialética das estruturas e eventosdiscursivos, as ordens dos discursos configurando-se como elementos mais ou menos estáveisdos textos e suas intertextualidades. Considera a ordem do discurso como aspecto discursivo

do equilíbrio contraditório e instável da hegemonia e a articulação e desarticulação da ordemdo discurso como delimitadores na luta hegemônica. E ressalva que, embora a hegemonia pareça ser a forma organizacional predominante, não é única pois há formas anteriores a essacomo o modelo de códigos de discurso, orientados para a instituição e o de articulação,orientado para o público.

De acordo com Pereira e Misoczky (2006), corroborando Faiclough (2001), tanto a prática discursiva como a produção, distribuição e consumo dos textos é um enfoque da lutahegemônica que contribui para a transformação da ordem do discurso e das relações de poder,fornecendo ao discurso uma matriz para analisar a prática social do discurso em relação ao

 poder e um modelo que analisa a própria prática discursiva como uma luta hegemônica. “Issofortalece o conceito de investimento político das práticas discursivas e, já que as hegemonias

têm dimensões ideológicas, é uma forma de avaliar o investimento ideológico das práticasdiscursivas” (FAIRCLOUGH, 2001, p. 126).

Magalhães (2005) afirma que é preciso pensar o poder na dialética como local de poder e afirmação de poder e, por isso ACD deve ser reflexiva pois a teoria é a própria prática. E pensando na prática da ACD, Wodak (2004) afirma que algumas etapas devem serseguidas como orientadoras para uma ACD de maneira geral. Primeiramente, identificar umaamostra a respeito do contexto social, político, histórico, etc. do texto. Após o gênero e odiscurso, ao qual o texto pertença, forem estabelecidos, buscar mais informações etnográficas

 para estabelecer a intertextualidade e interdiscursividade e, a partir do problema de pesquisa,formular questões precisas e explorar os campos vizinhos em busca de teorias explicativas.Organizar as perguntas de pesquisa levantadas em categorias linguísticas, aplicando essascategorias sequencialmente no texto enquanto se utiliza abordagens teóricas para interpretaros sentidos resultantes dessas questões. Elaborar um diagrama do contexto para os textosespecíficos e os campos de ação. Além disso, fazer sempre uma extensa interpretaçãoenquanto retorna tanto às questões de pesquisa, quanto ao problema sob investigação. Essasações são um contínuo ir e vir ao texto, à etnografia, à teoria e às análises, destacando que asdecisões que são necessárias na análise têm que ser explicitadas e justificadas e a mediaçãoentre teoria e análise empírica, entre o social e o texto nunca serão totalmente implementadas.Uma lacuna existe e dispositivos da hermenêutica e de interpretação serão sempre necessários

 para preencher esse espaço.Segundo Philips e Hardy (2002), a relação entre discurso e realidade social requer um

estudo individual dos textos para indicativos da natureza do discurso porque nunca seconseguirá perceber o discurso na sua totalidade. Tem-se que examinar seleções de textos queos incorpora e os produz. Não se pode simplesmente focar num texto individualmente, énecessário referenciar os corpos dos textos porque são as inter-relações entre os textos, asmudanças nos textos, as novas formas textuais e os novos sistemas de distribuição queconstituem o discurso ao longo do tempo. E corroborando Wodak (2004), afirmam que énecessário fazer referência ao contexto social em que cada texto está inserido e no qual odiscurso é produzido. E concluem que é a conexão entre os discursos e a realidade social queconstituem que faz a análise do discurso um poderoso método de estudo do fenômeno social.

De acordo com Fairclough (2001, p. 289), diferente da análise textual e das práticasdiscursivas, a análise da prática social não possui uma lista de itens a serem seguidos pois o

objetivo é especificar que “a natureza da prática social da qual a prática discursiva é uma parte, constituindo a base para explicar por que a prática discursiva é como é; e os efeitos da prática discursiva sobre a prática social”. Com isso, observa-se as relações e as estruturas

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sociais e hegemônicas que são fundamentos da prática social e discursiva, tentando percebercomo essa instância aparece em relação a essas estruturas e relações e os efeitos que ela traz.Além disso, continua o autor, outro objetivo é determinar a relação entre a prática social ediscursiva com as ordens do discurso para as quais ela contribui a partir de efeitos ideológicos

e hegemônicos como sistemas de conhecimento e crenças, relações sociais, identidadessociais (eu). 

4.  APRESENTAÇÃO DOS TEXTOS E ANÁLISES

 Nesta parte, será feita uma Análise Crítica do Discurso (ACD) para verificar se aolongo do texto, em seus discursos, os autores se posicionam a respeito de como percebem aEconomia Solidária se como uma forma de superação do capitalismo ou como complementara ele. Pensando que são textos direcionados à periódicos de administração com um tema não

 pertencente ao mainstream,  esse autores podem ter um postura de tentar ocultar suasideologias para falarem a este público que não está habituado a tratar desse assunto ou

 poderão, justamente, por falar de um assunto fora do eixo preponderante expor mais suasideologias.

Como já referenciado anteriormente, a ACD se preocupa com um aspecto particulardo texto que, a partir de um arcabouço teórico próprio, loca o texto na prática social e,conforme Pereira e Misoczky (2006, p. 10) afirmam, a análise seria um “processo de traduçãoem que a linguagem conceitual é usada para descrever material empírico específico” em que asubjetividade do analista se faz presente, pois a pesquisa é derivada de interesses próprios do

 pesquisador em perceber determinadas questões nos textos.Para isso, é necessário a construção do corpus que garantirá a eficiência na seleção de

material que represente o todo, material esse que deverá ilustrar o corpus  em termos de

relevância, homogeneidade e sincronicidade, afirmam Pereira e Misoczky (2006). Os assuntosabordados pelo corpus devem ter relevância teórica dentro de um foco temático determinado,serem sincrônicos e homogêneos do ponto de vista do conteúdo material dos dados.

Portanto, esse estudo iniciou-se com um corpus  de trinta e seis artigos da base dedados do Scielo Brasil a partir da busca por “economia solidária”. Entretanto, apesar daimportância, para esse tipo de análise da interdisciplinaridade, decidiu-se optar por analisarapenas os textos publicados na área de administração pois, como cada área tem um enfoquedistinto (foram encontradas 09 áreas distintas), seriam muitos aspectos para esse estudo, queficaria muito amplo e não é esse o objetivo do artigo. O objetivo é verificar se a EconomiaSolidária é percebida pelos autores ao longo dos seus textos como uma forma de superação docapitalismo ou como complementar a ele pois essas são basicamente as duas posturas dos

autores do campo e essa distinção é relevante para se perceber o contexto em que esse tema étrabalhado já que é o tema de pesquisa da autora. A área de administração foi então escolhidaem função de ser essa a área de estudo dessa pesquisadora. A partir disso, definiram-se osquatro artigos da área de administração apresentados no Scielo Brasil para compor o corpus de análise desse estudo. Somente esses artigos foram escolhidos em função de serem osúnicos apresentados pelas publicações da área de administração nesse período de pesquisa.Após a leitura dos artigos, identificou-se o que traziam a respeito do tema ES e como seconfigurava esse conceito, avaliando quais os aspectos que caracterizam os discursos nelesinseridos:

Texto 01: A gestão no campo da economia solidária: particularidades e desafios -

ANDION, C.

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Texto 02: Os dilemas da economia solidária: um estudo acerca da dificuldade deinserção dos indivíduos na lógica cooperativista - BARRETO, R. O.; PAULA, A.P.P. de

Texto 03: De catadores de rua a recicladores cooperados: um estudo de caso sobreempreendimentos solidários - COELHO, D.B.; GODOY, A.S.

Texto 04: Economía solidaria, cooperativismo y descentralización: la gestión social puesta en práctica - MONJE-REYES, P.

Pereira e Misoczky (2006) afirmam que a construção do corpus  e a análise sãosimultâneas pois é justamente quando se iniciam as leituras dos textos para definição docorpus que se inicia o processo de análise, nesse caso para a definição da relevância do temanos textos analisados. E os autores continuam afirmando que a exaustividade do corpus estáassociada aos objetivos e à temática e não a extensão do material linguístico, pois não setrabalha o texto na integra, mas apenas os recortes que interessam, que evidenciam aspectosde diferentes textos, destacando propriedades importantes ao tema da pesquisa ao apontarcaracterísticas do processo de significação por isso serão apresentados apenas recortes deos

textos escolhidos. 

4.1.  APRESENTAÇÃO DOS TEXTOS

O Texto 01 é argumentativo e apresenta inicialmente a redefinição do papel do Estadoenquanto agente regulador, transformando o processo de intervenção social nas sociedadesfazendo com que o controle das externalidades do sistema capitalista seja feito por novosagentes reguladores, uma vez que o mercado não consegue produzir mais soluçõessustentáveis de desenvolvimento social. A redefinição do papel do Estado é acompanhada deuma mobilidade dos agentes sociais fortalecendo a democracia dialógica e portanto, umasociedade civil ativa, em que o Estado do Bem-Estar Social cede espaço para participação dasociedade civil nos espaços públicos, demonstrando que há novas formas de se conceber asolidariedade e a democracia. Há um desencantamento na sociedade civil moderna em queutopias políticas tradicionais como marxismo, anarquismo, radical democracia e o liberalismoortodoxo perdem o potencial de mobilização. Abre-se espaço para novas utopias que incluamformas complementares de democracia e conjunto de direitos civis, sociais e políticos. Ofortalecimento da sociedade civil é central para o entendimento do surgimento e legitimaçãoda ES e suas organizações solidárias pelo mundo. São organizações que atuam em diversossetores, promovendo o interesse geral, sob diferentes formas jurídicas, que têm por base aação local inserida na comunidade, buscando melhorar a geração de emprego e o impactosocial de suas ações. No Brasil, se destaca o Terceiro Setor e a autora cria uma definição

 própria desse termo. Dentro disso, há o destaque para a ES que possui característicasdiferenciadas em vários países mas, a autora delineia algumas característica comuns como aexistência de um papel social que provém de um projeto definido, destacando a importânciada contribuição para a sociedade ou para o coletivo mais restrito; possuem iniciativasenraizadas na esfera pública em que os cidadãos agem para transformar a realidade em quevivem; proximidade e reciprocidade entre os indivíduos redefinem as relações econômicas

 participando da geração de oferta e demanda dos bens e serviços; hibridação de diferentesfontes de financiamento. Finalizando, a principal diferenciação da ES é atuar na esfera social,

 política e econômica com funções de espaços produtivos, geradores de emprego, bens eserviços, e de espaços públicos de reflexão e ações políticas.

O Texto 02, também argumentativo, inicia mostrando a necessidade de desconstrução

do conceito de economia da sociedade capitalista para compreender a ES. Para os autores, aES é uma hibridação entre a domesticidade, a reciprocidade, a redistribuição e o mercadoreunindo, numa mesma proposta, o que cada conceito tem de positivo, numa forma plural,

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citando Polanyi, desmistificando a ideia de que riqueza e felicidade são resultados diretos dalógica de mercado. A ES é uma iniciativa de grupos civis que desempenham atividadeseconômicas de forma diferente da do sistema capitalista. Buscam objetivos econômicos pormeio dos laços pessoais e de princípios de solidariedade e democracia legítima. Citando

Singer, os autores definem ES como uma proposta superior ao sistema atual, não como formade gerar maiores rendimentos mas como maneira de melhorar a qualidade de vida das pessoas, pois, somente quando for entendida dessa maneira será capaz de se discutir perspectivas para seu desenvolvimento. Destacam que o princípio central dosempreendimentos solidários é a autogestão com participação efetiva dos cooperados.

 No Texto 03, também argumentativo, o conceito de ES está enraizado nas questõessociais deflagradas na ascensão e consolidação do capitalismo que, ao subjugar o trabalho aocapital, originou novas relações sociais de produção caracterizadas pela exploração ealienação, excluindo grande contingente de trabalhadores. Os trabalhadores reagem e colocamnessas primeiras reações as raízes do que fundamenta a ES e, enquanto prática, se estruturacom a organização coletiva do trabalho. Os autores citam vários pensadores que se opunham à

dinâmica capitalista e, por meio da análise desses autores, encontram reflexões a respeito donova forma de organização oposta ao ideário capitalista, definindo a ES. A ES seria coletiva,extrapola a dimensão puramente econômica, carregando uma dimensão política e socialtransformadora. Seria, citando Singer, um movimento político e social de fundamentos e

 princípios opostos ao capitalismo, adquirindo uma dimensão socialista. Entretanto, os autorescontinuam e utilizam os estudos de Laville a respeito do tema e definem ES numa lógicadistinta tanto da do mercado capitalista quanto da lógica do Estado, se organizando a partir defatores humanos, favorecendo os laços sociais por meio da reciprocidade, com formascomunitárias de propriedade, não remetendo apenas à iniciativas econômicas mas buscandoresponder problemas locais específicos. A ES traz no seu bojo dois conceitos dissociadoshistoricamente: solidariedade e iniciativa econômica, não podendo ser observadaexclusivamente pela ótica da racionalidade econômica, destacando características como ahibridação de economias e construção conjunta de oferta e demanda, que estão em tensão comas três economias (mercantil, não-mercantil, não-monetária) e duas lógicas – instrumental esubstantiva, podendo ser observada por meio da economia plural de Polanyi. Finalizamafirmando que a ES é um fenômeno singular que atua pela organização coletiva do trabalho,num espaço não apenas econômico mas de recuperação e ressignificação de valores e práticassociais esquecidas pelo capitalismo.

O Texto 04, argumentativo, afirma que a ES surgiu, juntamente com o ressurgimentodo cooperativismo, para reverter a fase de dominação capitalista neoliberal que aprofundou aexclusão social e a exploração da natureza. A ES é uma alternativa do interior do capitalismo,

com outros princípios distintos de exploração do trabalhador em que a solidariedade entre osexplorados se faz presente. É um movimento da sociedade civil, em que as bases sociaiscoletivizaram a produção de bens e serviços, reorganizando as formas de produção por meiode criação de cooperativas e pequenas empresas autogestionadas e de trabalho comunitário,em que a propriedade do capital é coletiva e a tomada de decisão democrática, em que todos

 participam diretamente e que a divisão capital-trabalho tende a desaparecer. O autor entendeque a ES é um conceito ligado à cultura e, portanto, vê a sociedade como um espaço de açãoque vê o indivíduo não de maneira utilitarista buscando vantagens materiais, mas porindivíduos, grupos, famílias que estão ligados a instituições que atuam fazendo transaçõesentre a utilidade material e valores como solidariedade e cooperação, limitando mas, nãonecessariamente, anulando a competência. A ES está num processo dialético de elaboração

 por contrastar seus princípios com a realidade política e social, formando novos elementosque permitem melhorar sua definição, mas destacando que o principal ator da economia sãoos setores sociais que ficaram fora dos benefícios do mercado e das práticas públicas do

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Estado. Afirma que a ES é uma verdadeira descentralização economicosocial-produtiva que oEstado capitalista atual não logra alcançar.

4.2. ANÁLISE DOS TEXTOS

Para a ACD é preciso especificar os tipos de discursos que estão sendo delineados nostextos apresentados e as implicações interpretativas tanto dos aspectos intertextuais quantointerdiscursivos do corpus apresentado. É escrutinar o texto, ou trechos dele pois esses textossão lugares de disputas de poder, tanto na intertextualidade como na contextualização dosdiscursos.

 No texto 01, a autora apresenta a redefinição do papel do Estado e com isso, ofortalecimento da sociedade civil reconfigurando a maneira de se alcançar a solidariedade edemocracia. Apresenta um desencantamento com o que chama de “utopias políticastradicionais” (ANDION, 2005, p. 81) como marxismo, anarquismo, radical democracia e oliberalismo ortodoxo dando lugar a novas utopias determinadas pela sociedade civil e aqui se

encontra a ES. Dentro desse discurso se percebe uma necessidade de superação docapitalismo pelos movimentos sociais. Entretanto, a autora não esclarece, em seu discurso, seessa superação ocorreria como uma alternativa a ele ou apenas de maneira complementaràquilo que ele não consegue suprir. Depois de definir o que entende de Terceiro Setor, que é olocal de manifestação da ES para a autora, elenca características que são comuns a ES emtodo o mundo com destaque para proximidade e reciprocidade entre indivíduos que redefinemas relações econômicas e hibridação das formas de financiamento. São expressões que sedistinguem da forma tradicional da economia capitalista. A autora finaliza expondo que a ESse diferencia principalmente por atuar na esfera social, política e econômica, pontos bastantedistintos dos apontados pelo capitalismo. Entretanto, não é possível definir apenas pelodiscurso se a autora, acredita na ES como uma alternativa de superação ao capitalismo. Nota-

se claramente que a ES é fruto de lacunas que a sociedade civil percebe no capitalismo e procura ocupar. Entretanto, não há no texto apresentado algo que mostre uma ruptura com os preceitos do capitalismo apontando claramente a ES como alternativa. Fairclough (2001)afirma que a ACD auxilia a mostrar como as atividades discursivas ajudam a construirinstituições nas quais o poder é incorporado na maneira como entendimentos consagradosservem para privilegiar alguns atores em detrimento de outros o que não pode ser percebidoaqui. Não há o privilegio do discurso da ES sobre o discurso do capitalismo apesar de ser

 perceptível que a autora aponta que o capitalismo não consegue dar resposta a determinadosanseios da sociedade civil que se mobiliza por meio de outras formas de organização, nessecaso destacando a ES.

O texto 02 apresenta a ideia de desconstrução do conceito de economia da sociedadecapitalista apontando a hibridação das economias por meio de uma economia plural como

 projeto da ES. Os autores afirmam que a ES pratica as atividades econômicas de maneiradiferente do sistema capitalista mas não há até então, no discurso, posição contrária aocapitalismo. Entretanto, trazem o conceito defendido por Singer de que a “ES é uma propostasuperior ao sistema atual, não no sentido de gerar comparativamente maiores rendimentosmas de uma forma a melhorar a qualidade de vida das pessoas” (BARRETO e PAULA, 2009,

 p. 201) e nesse momento é possível perceber que veem a ES como uma forma superior, umaalternativa ao capitalismo. Os autores seguem falando do cooperativismo como algo diferentedas empresas capitalista com ideais de humanismo, liberdade, igualdade, solidariedade eracionalidade. Reforçam as características dos empreendimentos solidários com destaque para

os conceitos de “caráter igualitário e democrático” das cooperativas (BARRETO e PAULA,2009, p. 202).

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 Há indicativas discursivas que reforçam o conceito de Singer pois a ideia de que a EStem uma preocupação maior com o trabalhador, com a forma de trabalho, contrária àexploração é claramente contrária aos conceitos do capitalismo: “empenho em fazer com quea vivência dos seus princípios signifique uma transformação muito além da geração de renda

e emprego, e sim uma mudança de caráter social” (BARRETO e PAULA, 2009, p. 202). Econtinuam a afirmar que isso exige uma visão do indivíduo acerca da realidade diferenciada pois está submerso em “valores de uma economia antagônica” (BARRETO e PAULA, 2009, p. 202) demonstrando a discrepância dos conceitos de ES e capitalismo.

Ao final, os autores afirmam que “a ES se apresenta como uma alternativa a essasociedade dominada pelos princípios do mercado. A consciência por parte dos indivíduos dasarmadilhas criadas pela economia capitalista poderia culminar no surgimento deempreendimentos solidários originais, ou seja, aqueles que funcionam de acordo com a

 proposta da Economia Solidária” (BARRETO e PAULA, 2009, p. 204). Nesse momento posicionam claramente a ES como alternativa ao capitalismo. O que é corroborado ao longode todo o texto pois, verifica-se a coerência entre a postura apresentada pelos autores, de

crítica ao sistema capitalista e da ES com princípios e valores mais elevados, e a forma deelaborar o texto, nas intertextualidades adotadas ao buscarem autores que corroboravam suas

 posturas (Laville, França Filho, Lima), nas correntes de pensamento expostas ao escolheremoutros textos que explicitavam essa noção de superação do capitalismo como os do Singer queé notadamente contrário a esse sistema.

O texto 03 difere um pouco do anterior. Os autores iniciam afirmando que a ES temsuas raízes na questão social quando da ascensão e consolidação do capitalismo quando esseexpropria e aliena excluindo grande parte da classe trabalhadora. E continuam destacandovários pensadores que foram críticos à dinâmica capitalista declarando que era necessária uma“nova forma de organização do trabalho contrária ao ideário do chão de fabrica capitalista”destacando os conceitos da ES (COELHO e GODOY, 2011, p. 726). Há aqui umentendimento que a ES virá como alternativa ao capitalismo por apresentar conceitosemancipatórios. Continuam citando Singer em que, a consolidação da ES é “no limite, pilarde potencial contrarrevolução à revolução capitalista” (COELHO e GODOY, 2011, p. 727). Eafirmam que “o conceito de ES é uma noção atual, mais ampla (...) carregando em si a síntesede um debate que incorpora várias experiências de reação ao capitalismo (...)(COELHO eGODOY, 2011, p. 727). Novamente apontando em seus discursos a ES como alternativa aomodelo vigente.

 Na sequência, tentam elaborar um conceito a respeito do tema e apresentam ainfluência dos pensamentos socialistas na ES por meio da gestão democrática para produzir ereproduzir meios de vida. Apresentam um conceito de Laville em que afirmam ser mais

 preciso e que contraria a visão dicotômica do que era exposto até então: “conjunto deatividades econômicas cuja lógica é distinta tanto da lógica do mercado capitalista quanto dalógica do Estado” (COELHO e GODOY, 2011, p. 728). Contrária à logica capitalista pororganizar-se a partir de fatores humanos, favorecendo as relações sociais e a reciprocidadecomo formas comunitárias de propriedade e distinta da autoridade central e propriedadeinstitucional da economia estatal. Com esse conceito, os autores reafirmam a ideia de EScomo alternativa ao capitalismo e nesse caso também ao socialismo. Eles evoluem noconceito. Inicialmente a ES tinha uma preocupação mais com as questões sociais, depois eracontrarrevolução capitalista e agora uma forma distinta dos dois sistemas vigentes até então.

Depois apresentam a ideia de que a ES traz dois termos que são dissociadoshistoricamente – iniciativa econômica e solidariedade e por isso, invertem os princípios da

economia tradicional de acumulação de riqueza e que é complexo por tentar equilibrardiversas e distintas lógicas. Além disso é hibrida e constrói demandas e ofertas, não pode serobservada pela ótica da racionalidade econômica, possui uma tensão entre as economia

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mercantil, não-mercantil e não-monetária e possui ainda as lógicas instrumental e substantivadevendo ser observada pela ótica da economia plural de Polanyi. São análises que apontamvalores e princípios distintos da lógica capitalista demonstrando que realmente percebem a EScomo uma alternativa.

Wodak (2004) afirma que nos textos, as diferenças são negociadas, são geridas pordiferenças no poder que está parte codificado nele próprio e determinado pelo discurso e pelogênero. Assim, os textos são frequentemente lugares de disputas em que aparecem traços dediferentes discursos e ideologias lutando pela dominação. E isso é o que se percebe no texto03, uma serie de pensadores que se colocam num crescendo de entendimento do conceito deES e os autores finalmente optam por uma linha de pensamento e passam a trabalhar sobreela. Esses pensamentos apresentados não são incoerentes entre si ou com o pensamento dosautores mas há entre eles uma disputa de percepções e abrangências de conceitos - as“diferenças negociadas” e que em determinado momento os autores fazem uma escolha edeterminam seu discurso em cima disso.

O texto 04 inicia apontando a ES como forma de reverter a dominação do capitalismo,

dando resposta à exclusão social e a exploração da natureza, sequelas da exploraçãoneoliberal. O autor se mostra desde o início contrário ao capitalismo. Apresenta a ES com

 princípios mais emancipatórios em que a solidariedade e a igualdade são fundamentais.Continua afirmando que os princípios fundamentais são a autogestão, propriedade coletiva docapital e a tomada de decisão democrática com a participação de todos os membros. Essaafirmação expõe princípios contrários ao capitalismo o que é reforçado pela conclusão dessetrecho: “Portanto, nessa forma de produção, a divisão capital-trabalho tende a desaparecer”(MONJE-REYES, 2011, p. 706, tradução nossa). Está claro que posiciona a ES como umaalternativa ao capitalismo pois põe em xeque um dos princípios fundamentais deste que é adivisão capital-trabalho. Há uma coerência entre o que postula e o texto que elabora.

O autor afirma ainda que a “ES entende que a sociedade não é um espaço de açãoconstituído por indivíduos utilitaristas que buscam vantagens materiais, mas sim porindivíduos, famílias (...) que atuam fazendo transações entre a utilidade material e valores desolidariedade e cooperação” (MONJE-REYES, 2011, p. 706, tradução nossa). Novamente nodiscurso estabelece parâmetros distintos dos conceitos do capitalismo corroborados pelo

 pensamento de que “há uma discussão crítica da atual concepção dominante da economianeoliberal” (MONJE-REYES, 2011, p. 707, tradução nossa). O autor define sua posição deque a ES é uma alternativa ao capitalismo ao afirmar que a “a ES tem implícita a concepçãomais genuína e avançada de descentralização econômico política da sociedade e do Estado”(MONJE-REYES, 2011, p. 708, tradução nossa) e continua afirmando que o Estadocapitalista não alcança essa descentralização pois sua economia requer uma centralização para

que os excedentes possam ser usados em benefício dos donos de capital. Há ao longo de todoo discurso uma clara oposição ao capitalismo mostrando a ES como alternativa. WODAK(2004) afirma que um dos objetivos da ACD é desmistificar os discursos decifrando asideologias o que foi facilmente percebido uma vez que o autor se posiciona abertamente desdeo início do artigo.

5.  CONCLUSÕES

O objetivo desse artigo foi analisar, por meio da Análise Crítica do Discurso, como osautores dos artigos publicados no Scielo Brasil percebem a Economia Solidária: se como umforma complementar ou alternativa do capitalismo.

A partir dos trinta e seis artigos levantados no Scielo Brasil com a busca por“economia solidária” foram selecionados para compor o corpus do trabalho os quatro artigosque apareceram em publicações da área de administração. Não se trabalhou com todos os

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artigos pois havia um elevado número de áreas (nove) e assim, ter-se-iam enfoques distintosdando uma amplitude ao estudo que não era a proposta desse artigo. A primeira percepçãoque se tem é que, apesar do crescente interesse pelo tema apontado, a área de administraçãoainda não se despertou para tal o que pode ser percebido pelo número reduzido de publicações

da área sobre o assunto – apenas quatro no período pesquisado. Após a leitura dos artigos,fez-se um recorte em que buscou-se identificar o que traziam a respeito da ES, comoexplicavam esse conceito e como o situavam em relação ao capitalismo, uma vez que esse erao objetivo. Foi feita então uma releitura mas, dessa vez fazendo uma Análise Crítica doDiscurso, apontando, nos trechos escolhidos, recursos discursivos que corroborassem ou não a

 posição apresentada pelo autor, bem como, tentando ilustrar o que a própria teoria da ACDdestaca a respeito do assunto.

Observou-se que, dos quatro textos analisados, em três a posição de que a ES é umaalternativa ao capitalismo era mais evidente pois os autores citavam trechos de outros

 pesquisadores que se posicionavam a favor da superação do capitalismo ou eles mesmos se postavam dessa forma, ou seja, o discurso apresentado, suas intertextualidades e práticas

discursivas evidenciavam sua postura frente ao tema. O outro não deixa evidente masdemonstra, por meio do seu discurso, a descrença no sistema capitalista como reposta aosanseios da sociedade civil.

Os autores apontam, nos trechos selecionados, um entendimento que legitima o pensamento de resposta alternativa apresentada pela ES. O próprio tema ES já se apresentacomo uma outra forma de se pensar a sociedade e os espaços de produção, entretanto, nessestextos destacados percebe-se que os autores vão além do próprio tema e apresentam a ESrealmente como uma forma de se superar o capitalismo e não apenas como uma maneiracomplementar, que poderia “corrigir” suas discrepâncias.

Como esse tema já é tido como fora do mainstream da administração, as ideologias seapresentam de maneira mais clara, não necessariamente se postula a neutralidade do estudiosocomo forma de garantir a cientificidade do resultado apresentado. Por isso, é possível

 perceber ao longo dos trechos escolhidos uma posição mais transparente a respeito do que pensam sobre a ES e como, na visão dos autores, ela suplantará o capitalismo.

Enquanto teoria e método, a ACD possibilita verificar os recursos discursivosapresentados para afirmar uma ideologia. É uma forma de desnudar as ideologias tornando-asobserváveis mesmo que não seja o que os autores possam querer explicitar, é retirar aneutralidade apregoada pelas ciências positivistas dos discursos fazendo com que eles seexpressem claramente o que não necessariamente foi o que ocorreu nos trechos analisados

 pelo que foi apresentado anteriormente – um tema fora do mainstream em que talvez por issoos autores puderam se posicionar mais explicitamente. Der qualquer maneira,, a ACD foi

relevante a partir do momento que desnuda além do que está posto descortinando outras posturas. REFERÊNCIAS

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