2014 aula um formaçao da sociedade ocidental

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FORMAÇÃO DA SOCIEDADE OCIDENTAL RENASCIMENTO: SÉCULOS XV (FINS) E XVI RETORNO AO PENSAMENTO CLÁSSICO GRECO-ROMANO TEOCENTRISMO VERSUS ANTROPOCENTRISMO DOGMA VERSUS RAZÃO (CIÊNCIA) AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO MEDIEVO (V-XV) SÃO: NO ÂMBITO POLÍTICO: Poder político descentralizado, exercido por monarcas ou senhores feudais, legitimado pelo poder atemporal, representado pela Cristandade, que estava representada pela Igreja Católica Apostólica Romana. NO ÂMBITO ECONÔMICO: Grandes propriedades rurais bastante auto suficientes, trocas esporádicas de produtos e excedentes, predominância da vida no campo. NO ÂMBITO SOCIOCULTURAL: Sociedade baseada em estamentos (nobreza, clero e povo), com rara mobilidade social, que quando ocorria, tinha por princípio o carácter honorífico (honra). Desigualdade naturalizada (baseada na tradição/desígnio divino). Os dogmas religiosos exerciam amplo domínio no que tange aos comportamentos e ações sociais.

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FORMAÇÃO DA SOCIEDADE OCIDENTAL

RENASCIMENTO: SÉCULOS XV (FINS) E XVI

RETORNO AO PENSAMENTO CLÁSSICO GRECO-ROMANO

TEOCENTRISMO VERSUS ANTROPOCENTRISMO

DOGMA VERSUS RAZÃO (CIÊNCIA)AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO MEDIEVO (V-XV) SÃO:NO ÂMBITO POLÍTICO: Poder político descentralizado, exercido por

monarcas ou senhores feudais, legitimado pelo poder atemporal, representado pela Cristandade, que estava representada pela Igreja Católica Apostólica Romana.

NO ÂMBITO ECONÔMICO: Grandes propriedades rurais bastante auto suficientes, trocas esporádicas de produtos e excedentes, predominância da vida no campo.

NO ÂMBITO SOCIOCULTURAL: Sociedade baseada em estamentos (nobreza, clero e povo), com rara mobilidade social, que quando ocorria, tinha por princípio o carácter honorífico (honra). Desigualdade naturalizada (baseada na tradição/desígnio divino). Os dogmas religiosos exerciam amplo domínio no que tange aos comportamentos e ações sociais.

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FORMAÇÃO DA SOCIEDADE OCIDENTAL

PÓS RENASCIMENTO E MODERNIDADE (ATÉ NOSSOS DIAS...)

NO ÂMBITO POLÍTICO: Poder centralizado: primeiro, por um breve

período, nas mãos das monarquias absolutistas, a posteriori, o poder passa

a ser exercido tendo por princípio o CONTRATO SOCIAL, tanto nas

monarquias parlamentares (p. e. INGLATERRA) e nas repúblicas

parlamentares (p. e. FRANÇA), quanto no sistema presidencialista (EUA).

NO ÂMBITO ECONÔMICO: Fortalecimento das cidades, que se tornam

polos irradiadores de informação, cultura e estilos de vida. Descobrimentos

de novos continentes que contribuiram com novos produtos, mão-de-obra e

mercado comsumidor. Inovações técnicas serão utilizadas à produção de

mercadorias; produção artesanal substituída pela produção em larga

escala. Intensificação das trocas comerciais e da produção

manofatureira/corporações (futuras fábricas).

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FORMAÇÃO DA SOCIEDADE OCIDENTAL

NO ÂMBITO SOCIOCULTURAL: Predomínio do pensamento racional e

científico. Sociedade organizada em classes sociais, ampliada a

possibilidade de mobilidade social, baseada no princípio dos DIREITOS

NATURAIS, que dão legitimidade ao CONTRATO SOCIAL e estabelecem

a IGUALDADE dos indivíduos perante à lei.

Importância das classes médias urbanas, que difundem uma nova

mentalidade, laica e secular, bem como um novo estilo de vida, citadino e

inovador. (A FUTURA BURGUESIA)

RAZÃO, CIÊNCIA E CONHECIMENTO ORIENTAM AS AÇÕES SOCIAIS.

O trabalho ganha positividade, pois está associado com o SENTIDO DE

VOCAÇÃO (gift, dom), que a posteriori, será percebido como MÉRITO

(potencialização dos talentos individuais), que se desenvolvidos de acordo

com as necessidades da nova ordem social, tornarão os indivíduos bem

sucedidos economicamente e moralmente aceitos (PRESTÍGIO SOCIAL

TRADUZIDO POR SUCESSO FINANCEIRO).

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FORMAÇÃO DA SOCIEDADE OCIDENTAL

LAICISMO/SECULARISMO: Laicização e secularização podem ser

considerados sinônimos. As nuances entre as duas noções está em

que laicização significa o processo onde as doutrinas religiosas

reduzem sua influência na construção das ideias que orientam as

ações, lugar que será paulatinamente ocupado pela ciência (verdades

provisórias).

Já a secularização corresponde à perda de influência do poder

religioso, representada pela Igreja Católica, sobre a política e o poder

de estado. A partir do século XIX assume também um significado

cultural, designando um processo de mundanização (emancipaçao da

razão) vivido pela sociedade no seu conjunto.

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PROBLEMAS SOCIAIS E PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS

A Sociologia, não tem por finalidade SOLUCIONAR os problemas

sociais e sim tratar de investigá-los, classificá-los e se possível for,

apresentar uma explicação plausível (válida) para os fenômenos

sociais.

É bem verdade que a Sociologia surgiu como uma tentativa de buscar

soluções racionais e científicas para os problemas resultantes da nova

ordem social – o sistema liberal capitalista – que consolidou-se na

Europa após as grandes revoluções do século XVIII.

Podemos, de fato, afirmar que: “todas as ciências, tanto físicas,

químicas, biológicas como sociais, começaram a florescer quando uma

sociedade teve de enfrentar seriamente, um ou mais problemas

práticos“. (DONALD PIERSON)

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PROBLEMAS SOCIAIS E PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS

A CIÊNCIA, e nesse caso, qualquer área do conhecimento científico,

tem como objetivo explicar e, tão somente explicar, os fatos

observáveis, como eles ocorrem e, sobretudo, quais as suas causas.

Embora não se tenha observado nas sociedades relações de causa e

efeito do mesmo tipo das que ocorrem no mundo físico, AS CIÊNCIAS

SOCIAIS E, PORTANTO A SOCIOLOGIA, TÊM O MESMO OBJETIVO

DAS CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICAS, EXPLICAR OS FATOS

PASSÍVEIS DE SEREM OBSERVADOS.

Isto não quer dizer que os sociólogos devam excluir os problemas

sociais do âmbito de suas preocupações. MAS OS PROBLEMAS

SOCIAIS SÃO DO INTERESSE DO SOCIÓLOGO PORQUE SÃO

FENÔMENOS SOCIAIS, ISTO É, FATOS PASSÍVEIS DE

OBSERVAÇÃO E, PORTANTO, DE EXPLICAÇÃO CIENTIFÍCA.

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PROBLEMAS SOCIAIS E PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS

Aos sociólogos interessam, antes, os PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS, os

problemas de explicação teórica do que acontece na vida social. Nesse

sentido, tanto o funcionamento da família quanto sua desestruturação são

fenômenos de interesse do sociólogo.

Os sociólogos também investigam fenômenos que não são considerados

um PROBLEMA SOCIAL, como por exemplo: porque a maioria dos

brasileiros dá tanta importância ao carnaval ou ao futebol?

Mas ao investigar tais fenômenos, o que o sociólogo deve pretender é, em

última instância, EXPLICÁ-LOS. Se suas explicações forem realmente

científicas, isto é, resultantes da observação sistemática dos fatos, da

escolha adequada das variáveis a serem manipuladas e da metodologia

empregada e, por fim a aplicação do escopo teórico na interpretação dos

dados coletados, então os resultados de suas pesquisa poderão contribuir

para a resolução do problema. (não necessáriamente um PROBLEMA

SOCIAL mas um problema proposto, um problema científico).

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O QUE É UM PROBLEMA SOCIAL?

• Um problema social é um fenômeno, uma situação ou uma condição que, na perspectiva de determinados grupos de uma sociedade, não funciona como deveria funcionar.

• A definição do que é um problema social bem como da época histórica a que se refere, reflete uma avaliação moral/ética ou ideológica por parte de determinados grupos do fenômeno em causa, fazendo-o equivaler de forma explicita ou implícita a um não funcionamento do sistema.

• Nessa direção, ainda que fenômenos que num dado momento são designados como problemas sociais possam persistir, a sua definição como “problemas sociais” pode desaparecer, assim como a mera existência desses fenômenos não implica a sua automática consideração como problemas sociais. Por exemplo, o racismo só se constituiu como um problema social a partir dos anos 60 do século XX, apesar de já existir anteriormente.

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O QUE É UM PROBLEMA SOCIAL?

• A definição de um fenômeno como sendo um “problema social” é assim uma definição pré-científica e, por isso, bastante difícil de ser ultrapassado pelo investigador.

• Para que um fenômeno se constitua como um problema social é necessário que estejam presentes três condições:

• 1ª. É necessário que tenham ocorrido determinadas transformações dentro da sociedade que afetem a vida dos indivíduos e suas interações sociais, embora com efeitos distintos nos diversos grupos interagentes;

• 2ª. Que seja VISTO OU SENTIDO COMO UM PROBLEMA, ao menos por uma parcela da população e que seja socialmente identificado com determinadas situações e/ou categorias sociais. TRATA-SE DE UM RECONHECIMENTO E LEGITIMAÇÃO DO PROBLEMA, isto é, ele deve tornar-se merecedor de atenção, o que pressupõe que determinados grupos sociais ajam de modo a produzirem na sociedade uma nova percepção da vida social (a sua organização) , ou seja, que existam setores dessa sociedade que o identifiquem como um problema e pretendam agir (ou fazer agir) sobre ele;

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O QUE É UM PROBLEMA SOCIAL?

• 3ª. Que sejam produzidas interpretações legitimadoras, realizadas por peritos, com competência reconhecida, que o considerem e reconheçam oficialmente como um problema, em outras palavras que o problema seja “institucionalizado”.

• A constituição de um problema social é, assim o resultado de embates simbólicos travados no interior da sociedade, que pressupõem grupos com graus variados de poder, sendo que o discurso concernente aos problemas sociais não surge do nada mas está associado, direto ou indiretamente, a “sistemas ideológicos” (sistemas de discursos).

• Nesse sentido, aquilo que é considerado um problema social distingue-se de um problema sociológico.

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O QUE É UM PROBLEMA SOCIAL?

• O problema sociológico é uma interrogação que o investigador formula acerca dos processos de interação social e dos modos de organização do sistema social e, dos fenômenos que dele decorrem e não se justapõe ao problema social, muito embora a Sociologia possa se ocupar/estudar um problema social.

• Cabe observar que NÃO é a Sociologia que define quais os fenômenos que devam ser considerados um problema social.

• Aquilo que interessa ao sociólogo é fundamentalmente o MODO COMO UM FENÔMENO PASSA A SER INTERPRETADO COMO UM PROBLEMA SOCIAL, e não o problema social em si.

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PROBLEMAS SOCIAIS E PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS

Por exemplo: a população de um país qualquer pode considerar

os imigrantes como um problema social porque representam um

ameaça aos costumes e à religião dominante, quando a razão

pode ser outra, como uma preocupação com a concorrência e

diminuição das oportunidades de trabalho que esse fato pode

provocar. CABERIA AO SOCIÓLOGO INVESTIGAR OS

POSSÍVEIS FATORES/VARIÁVEIS QUE PROVOCAM AS

RESISTENCIAS, ANIMOSIDADES, DISCRIMINAÇÃO E

PRECONCEITO CONTRA O GRUPO MIGRANTE, OBJETO DA

INVESTIGAÇAO. OS RESULTADOS DA PESQUISA

PODERIAM SUBSIDIAR OS FORMULADORES DE POLÍTICAS

PÚBLICAS.

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PROBLEMAS SOCIAIS E PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS

UM PROBLEMA SOCIAL PODE SER CONSIDERADO COMO TAL POR

TER ORIGEM EM FATORES SOCIAIS, MAS IGUALMENTE, POR TER

CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS.

O desemprego é um problema social pelo fato de resultar de causas

sociais, mas também por ter muitas consequências sociais indesejáveis.

Uma enchente (fenômeno natural) ou um longo período de estiagem em

uma área rural, são problemas sociais pelas CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS,

embora não tenham ORIGEM SOCIAL (a não ser que sejam fenômenos

causados pelo desiquilíbrio ambiental por efeito antrópico).

Enfim, é claro que qualquer profissional – político, gestor, assistente social,

administrador – pode fazer uso dos resultados da pesquisa sociológica

para tentar resolver os problemas sociais, mas NÃO É FUNÇÃO/TAREFA

DO SOCIÓLOGO RESOLVER TAIS PROBLEMAS.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo, Martins Fontes, 1999.

COSTA, Cristina. Sociologia - Uma Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo, Moderna, 2005.

GIDDENS, Anthony. Capitalismo e a Moderna Teoria Social. Lisboa, Presença Editorial, 2000.