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2014.2 Profª Talitta Santos DEFENSIVO AGRÍCOLA

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Profª Talitta Santos

DEFENSIVO AGRÍCOLA

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Defensivo Agrícola www.ifcursos.com.br Profª Talitta Santos

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Conceito: Defensivos agrícolas são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos

destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas,

nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes

urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de

preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias de produtos

empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento (Decreto nº

4.074, de 04 de janeiro de 2002).

Histórico do surgimento de defensivos agrícolas no mundo (Extraído do texto: Impactos

Ambientais Ocasionados pelo Uso de Defensivos Agrícolas: a Escassez de Pesquisas no Programa Nacional

de Pesquisa Agropecuária Brasileiro de Epaminondas Luiz Borges Filho)

Na evolução tecnológica da agricultura, o avanço da monocultura, associado à redução da rotação

de culturas, desencadeou um aumento da incidência de pragas e doenças nas lavouras, acarretando, assim,

o desenvolvimento de técnicas para a proteção das culturas. Apesar dos defensivos serem utilizados desde

a segunda metade do século XIX – quando surgiram os primeiros fungicidas, como enxofre, cobre, calda

bordalesa, nicotina, piretrinas, acetado de chumbo, acetatos mercuriais, entre outros –, somente a partir

dos anos de 1930 é que houve uma série de inovações nessa área, pela introdução dos dithiocarbamatos.

Nesse período, a maioria das empresas de pesticidas passa a se orientar à P&D, formando-se, ao âmbito do

setor público, uma estrutura organizacional de teste, análise de interações biológicas e de difusão dos

produtos (Salles Filho, 1993).

A década seguinte (1940-1950) foi de grande importância na trajetória da indústria de defensivos e,

em particular, de inseticidas. Em 1940, foi introduzido o DDT2, o que acabou inspirando o desenvolvimento

de vários organoclorados. Logo em seguida, surgiram os organofosforados, sendo o principal produto o

Parathion, introduzido em 1944. No campo dos herbicidas, a atividade fitotóxica se destacou durante

pesquisas com substâncias reguladoras do crescimento das plantas, como os ácidos fenoxi-acéticos, do qual

surgiu, em 1944, o 2,4 D, utilizado até os dias de hoje (SallesFilho, 1993). É importante ressaltarmos que os

avanços nessa área foram impulsionados pelas duas grandes guerras mundiais, nas quais as tecnologias

desenvolvidas para o uso militar foram adaptadas para a produção de substâncias tóxicas, de modo a

combater pragas e doenças. Dessa forma, muitos compostos produzidos como armas químicas foram

transformados em insumos agrícolas. Se não fosse a rápida adaptação de parte do parque industrial bélico

para a produção de insumos químicos e motomecânicos para a agricultura, grande parte desse parque

industrial ficaria ocioso com o fim da guerra (Ehlers, 1996).

Durante a década de 1950, foram introduzidos 140 novos produtos. Os inseticidas apareciam em

primeiro lugar, seguido pelos herbicidas e pelos fungicidas . Na década de 1960, a indústria atinge a

maturidade, chegando a colocar cerca de 256 novos produtos no mercado.

Dessa vez, os herbicidas sobressaem, tornando-se os principais produtos da indústria de defensivos

e mantendo essa posição até os dias de hoje (Salles Filho, 1993). Entretanto, no começo da década de

1960, teve início uma forte reação, nos Estados Unidos e na Europa, contra o uso dos defensivos agrícolas.

Tal reação encerrou a fase de euforia com que os agrotóxicos foram saudados, nos anos 40, a partir da

descoberta do DDT. Para muitos cientistas especializados em produção agrícola e saúde pública, a

descoberta do DDT abria um caminho no campo científico que possibilitaria a erradicação de todas as

pragas do planeta.

A realidade, porém, foi completamente diferente. A partir da década de 1960, começaram a surgir

os indícios de que a agricultura fundamentada na utilização de insumos modernos vinha causando graves

problemas ambientais. Apesar dos alertas dos ambientalistas sobre os problemas ambientais da

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agricultura moderna, no final da década de 1960 e início da década de 1970, o padrão agrícola químico,

motomecânico e genético, desenvolvido nos EUA e na Europa, foi disseminado para várias partes do

mundo, promovendo um dos períodos de maiores transformações na história recente da agricultura: a

“Revolução Verde”.

A Revolução Verde destinava-se a resolver o problema da fome no mundo através da melhoria dos

índices de produtividade agrícola. Esses índices seriam obtidos através da utilização de variedades

melhoradas geneticamente e de um conjunto de insumos e práticas agrícolas que ficou conhecido como

“pacote tecnológico”. Do ponto de vista do aumento da produção total da agricultura, a Revolução Verde

foi um sucesso. Segundo Ehlers (1996), entre 1950 e 1985, a produção mundial de cereais passou de 700

milhões para 1,8 bilhão de toneladas, o que corresponde a uma taxa de crescimento anual de 2,7%. No

entanto, o tempo demonstrou que o sucesso inicial se transformaria em uma série de preocupações

relacionadas tanto a seus impactos sócio-ambientais quanto à sua viabilidade energética.

Uma das maiores críticas à Revolução Verde é a de que esse modelo, criado inicialmente nos países

desenvolvidos, foi implantado nos países subdesenvolvidos sem levar em conta as características

intrínsecas de cada região. Por exemplo, nas regiões tropicais, a importação das tecnologias agrícolas dos

países desenvolvidos fez com que os impactos ambientais da agricultura moderna fossem mais graves do

que nas regiões de clima temperado. Isso se deve ao fato de que essas técnicas foram desenvolvidas para

agricultura de clima temperado, como da Europa e dos EUA, e, na transposição dessa tecnologia para os

trópicos, não foram levadas em consideração as diferenças ecológicas entre essas duas regiões.

Dessa forma, nos trópicos, a ausência de uma estação fria faz com que o equilíbrio de cada sistema

dependa inteiramente da diversidade biológica, ou seja, das interações entre os vários níveis tróficos das

cadeias alimentares (competidores, inimigos naturais e patógenos) para a estabilidade das populações das

espécies animais e vegetais. Além disso, nas condições tropicais, a uniformidade climática permite que, no

caso das pragas, por exemplo, se desenvolva um maior número de gerações de uma espécie por ano, ao

contrário do que acontecem nas outras regiões onde invernos rigorosos limitam esse número. Desse modo,

a monocultura, nessas regiões, tem necessidade de um controle químico mais rigoroso para ser viável. Tal

controle químico, porém, agrava os problemas ambientais.

O aparecimento de novas pragas devido à utilização indiscriminada de agrotóxicos é demonstrado

em números por Paschoal (1979). Segundo o autor, até 1958 eram conhecidas 193 pragas no Brasil; em

1976, o total de pragas conhecidas na agricultura aumentou para 593 pragas. Assim, houve um aumentou

de 207%, o que dá uma média de 22 novas pragas por ano. Contudo, segundo o autor, algumas das novas

espécies referidas podem ter sido transformadas em pragas devido a outros fatores que não os inseticidas.

Assim, várias dessas espécies devem ser exóticas, outras devem ser indígenas, favorecidas por novas

condições impostas às plantas, às culturas ou a elas próprias, mas a maioria delas deve ser composta por

espécies indígenas elevadas à categoria de pragas devido a desequilíbrios biológicos causados pelos

praguicidas.

Em suma, a prática da monocultura, por apresentar sistemas ecológicos muito simplificados, são

bastante instáveis, o que favorece o estabelecimento, a multiplicação e a propagação de pragas, doenças e

ervas invasoras. Além disso, as variedades disseminadas na revolução verde,e ainda utilizadas atualmente,

contribuem para agravar esse problema. Devido ao fato de serem menos rústicas (por apresentarem folhas

mais tenras, caules mais tênues, raízes reduzidas, etc.) e geneticamente uniformes, elas são mais

vulneráveis ao ataque das pragas e doenças e menos competitivas com as ervas invasoras, principalmente

nos trópicos. Nessa região, o número de espécies fitófagas e ervas invasoras é muito maior, como também

os patógenos, que são favorecidos pela grande umidade presente. Dessa maneira, as monoculturas nos

trópicos requerem aplicações freqüentes de agrotóxicos (inseticidas, fungicidas, herbicidas, e outros), o que

agrava, assim, os problemas ambientais.

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1. Importância do Uso de Defensivos na

Produção Agrícola Moderna

Hoje o Brasil é o maior

consumidor de defensivos agrícola do

mundo tendo participação, no mercado

mundial, com 7,6 bilhões de dólares por ano.

Esses valores não favorecem apenas a

economia, no que diz respeito ao comércio

dos produtos químicos, mas ao aumento

da produção de diversas culturas, na qual

pode-se incluir: o citrus, a soja, o milho,

algodão, dentre outras de grande importância agrícola e que movimenta, também, o mercado

internacional. Em termos de terras não agricultáveis e área de pastagem livre o Brasil também é o maior

país estando a frente, inclusive, dos Estados Unidos. O Brasil possui 383 milhões de hectares consideradas

agricultáveis e dessa parcela, 134 milhões de hectares disponíveis

(Figura 1).

Com isso, o uso de defensivos agrícolas de forma racional contribuirá positivamente para o

aumento na produção do país e com isso reduzir a fome do país e suprir a demanda do mercado interno.

Além disso, o uso de defensivos de forma adequada tem contribuído para evitar danos às lavouras,

principalmente com relação à competição de plantas daninhas.

MODO DE AÇÃO DOS DEFENSIVOS

Ação de contato: caracteriza o modo de ação de um pesticida que age e é absorvido pela

pele (tegumento) do inseto. È muito utilizado em pulverização nas pragas.

Ação de ingestão: caracteriza o modo de ação de um pesticida que age e penetra no

organismo por via oral. Utilizado para controle de insetos mastigadores

Ação de profundidade: caracteriza o modo de atuação de um inseticida que tem ação

translaminar. Utilizado para moscas-da-frutas e insetos que penetram em frutos.

Ação fumigante: caracteriza o modo de ação de um pesticida que age penetrando no inseto

na forma de vapor através de suas vias respiratórias.

Ação sistêmica: ação que é exercida por um pesticida que é absorvido por uma planta e

translocado em quantidades suficientes para tornar o local de translocação tóxico para os

insetos por um tempo ilimitado. Utilizado para controle e insetos sugadores e mastigadores

na fase inicial.

VANTAGENS DOS INSETICIDAS SISTÊMICOS

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Menor desequilibrio biológico

Ação quase que exclusiva sobre insetos sugadores

Menor perda por lixiviação

Não há necessidade de cobertura perfeita sobre as planta

Perigos causados pelos agrotóxicos

DESVANTAGENS DOS INSETICIDAS SISTÊMICOS

Não atuam em plantas de porte elevado

Não funcionam quando as plantas estão em período de repouso

Normalmente são bastante toxicos ao homem, principalmente por ação de contato

FORMAS DE APLICAÇÃO

Pulverizações: sobre a parte aérea das plantas

- Ingestão ou contato: mastigadores

- Sistêmica: sugadores ou ácaros

- Absorção: 3 – 4 dias

Regas no solo: aplicada quando apenas uma pequena quantidade de planta deve receber o

tratamento

- Elevada quantidade

Resultados insatisfatórios

Pincelamento no caule: forma concentrada

- Maioria dos sistêmicos na forma líquida

- Dosagem: diâmetro do caule

Tratamento de sementes: Hortaliças e algodão

- Sementes lisas: espalhante adesivo

- Acefato, carbofuran, disulfoton.

Granulado no solo: cova ou sulco

- Após germinação: contato com o inseticida

- Batata, citros, feijão, gladíolo, tomate, melancia...

- Aplicada ao redor das plantas formadas ou em formação

Granulado nas folhas: abacaxi

- Cochonilhas

VANTAGENS DO USO DE AGROTÓXICOS

As vantagens do uso de agrotóxicos recaem sobre a maioria da população ao possibilitar a

produção de alimentos em grande escala a um custo mais baixo. O Brasil configura-se hoje como um dos

maiores exportadores agroindustriais. Se não fosse pelo uso de agroquímicos para controlar pragas ou

doenças (cujo uso é estritamente regulamentado e somente pode ocorrer sob a prescrição de um

agrônomo) tornaria inviáveis as plantações, afetando assim o suprimento de alimento das grandes

populações urbanas. Além do controle de pragas e doenças onde se pode fazer o controle preventivo

verificando a umidade, temperatura, época de plantio e controle da irrigação.

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DESVANTAGEM DO USO DE AGROTÓXICOS

O uso intenso de agrotóxicos gera a degradação dos recursos naturais como, solo, água, flora e

fauna, em alguns casos de forma irreversível, levando a desequilíbrios biológicos e ecológicos. Além de

agredir o meio ambiente, a saúde humana também é afetada pelo excesso destas substâncias. Entre as

amostragens analisadas pela ANVISA (Agência nacional de Vigilância Sanitária) os alimentos que foram

contaminados com uma frequência maior foram: pimentão (80,0%), uva (56,40%), pepino (54,80%),

morango (50,80%), couve (44,20%), abacaxi (44,10%), mamão (38,80%), alface (38,40%), tomate (32,60%) e

beterraba (32,00%).

Atualmente estão banidos do mercado os agrotóxicos de longa persistência (que foram usados no

passado), pois além de serem compostos de alta toxicidade aos seres humanos, também persistem por

vários anos nos ecossistemas, causando sérios desequilíbrios. A posse, transporte e uso são crimes

previstos em lei com punição de multa, cadeia e destruição das lavouras onde tenham sido usados. Os

agrotóxicos se usados fora das estritas especificações podem representar graves conseqüências para a

saúde humana e o meio ambiente. De acordo com o Decreto nº 98.816/90, os agrotóxicos podem ser

classificados conforme sua classe toxicológica, em: O mau uso dos agrotóxicos provocam três tipos de

intoxicação: aguda, subaguda e crônica.

Entre os agrotóxicos, os mais utilizados e suas consequências sobre a saúde humana são os

seguintes: Os organoclorados são os que mais persistem no meio ambiente, chegando a permanecer por

até 30 anos. São absorvidos por via oral, respiratória e dérmica, e atingem o sistema nervoso central e

periférico. Provocando câncer e por isso foram banidos de vários países.

Os organofosforados e carbamatos são inseticidas mais utilizados atualmente a também são

absorvidos pelas vias oral, respiratória e dérmica. Seus efeitos são alteração do funcionamento dos

músculos cérebro e glândulas. As piretrinas são inseticidas naturais ou artificiais. São instáveis à luz e por

isso não se prestam à agricultura. São usados em ambientes domésticos na forma de spray, espirais ou em

tabletes que se dissolvem ao aquecimento. São substâncias alergizantes e desencadeiam crises de asma e

bronquites em crianças.

O herbicida Paraquat oferece grande risco. É um herbicida que mata todos os tipos de plantas. A

substância determina lesões de Rim e se concentra nos Pulmões, causando fibrose irreversível. Os

principais clorofenóis são o 2.4-D e o 2.4.5-T, que são cancerígenos. O agente laranja, usado na Guerra do

Vietnã, é uma mistura do 2.4-D e do 2.4.5-T.

COMO OCORRE A INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS?

O organismo absorve defensivos agrícolas por meio de ingestão, inalação, ou contato com pele e

mucosas (boca, nariz, olhos). Isso pode ocorrer por contato direto, na hora do preparo, manuseio ou

aplicação do defensivo; ou indireto, através da ingestão de água e alimentos contaminados. A partir daí os

danos podem ocorrer por meio de dois tipos de intoxicação: aguda e crônica. Intoxicação aguda ocorre

quando a vítima é exposta a doses altas; neste caso, os sintomas aparecem rapidamente, de minutos a

horas após a exposição. Os sintomas variam entre os vários tipos de defensivos, mas incluem, no caso da

saúde humana: dor de cabeça, dor abdominal, diarreia, náusea, vômito, irritação de olhos e pele, visão

turva, opressão torácica, dificuldade respiratória, sudorese intensa, cãibras, tremores, arritmias cardíacas,

convulsões, coma e morte. Por sua vez, a intoxicação crônica ocorre quando a vítima é exposta a doses

menores, mas por muito tempo, como meses ou anos. Intoxicação crônica pode ter consequências graves

para a saúde humana, incluindo paralisia, esterilidade, abortos e danos ao desenvolvimento dos fetos e

câncer, entre outros. Na intoxicação subaguda, os sintomas aparecem aos poucos: dor de cabeça, dor de

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estômago e sonolência. Já a intoxicação crônica, pode surgir meses ou anos após a exposição e pode levar a

paralisias e doenças, como o câncer.

RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS

Substância ou mistura de substâncias remanescente ou existente em alimentos ou no meio

ambiente, decorrente do uso ou da presença de agrotóxicos e afins, inclusive quaisquer derivados

específicos, tais como produtos de conversão e de degradação, metabólitos, produtos de reação e

impurezas, consideradas tóxicas e ambientalmente importantes.

Limite máximo de resíduo (tolerância): quantidade máxima de resíduo de agrotóxico legalmente aceita

no alimento, em decorrência da aplicação adequada numa fase específica, desde a sua produção até o

consumo, expressa em partes (em peso) do agrotóxico ou seus derivados por um milhão de partes de

alimento (em peso) (ppm ou mg/kg).

Intervalo de segurança (período de carência): intervalo de tempo entre a última aplicação do agrotóxico

e a colheita ou comercialização.

Tratamento de pós – colheita: o intervalo de tempo entre a última aplicação e a comercialização.

Pastagens: o intervalo de tempo entre a última aplicação e a reentrada dos animais no pasto.

DEPÓSITO X RESÍDUO

Depósito: é a camada do produto fracamente ligada, que recobre folhas, frutos, etc, logo após aplicação

na parte aérea.

Resíduo: é o produto encontrado sobre ou no interior de um substrato, depois de envelhecimento pelo

tempo decorrido do tratamento e de alterações sofridas.

OS AGROTÓXICOS ORGANO-SINTÉTICOS DE USO PROIBIDO NA AGRICULTURA:

Clorados: grupo químico dos agrotóxicos compostos por um hidrocarboneto clorado que tem um

ou mais anéis aromáticos. Embora sejam menos tóxicos (em termos de toxicidade aguda que provoca

morte imediata) que outros organo-sintéticos, são também mais persistentes no corpo e no ambiente,

causando efeitos patológicos no longo prazo. O agrotóxico organoclorado atua no sistema nervoso,

interferindo nas transmissões dos impulsos nervosos. O famoso DDT faz parte deste grupo.

Cloro-fosforados: grupo químico dos agrotóxicos que possuem um éstere de ácido fosfórico e

outros ácidos à base de fósforo, que em um dos radicais da molécula possui também um ou mais átomos

de cloro. Apresentam toxidez aguda (são capazes de provocar morte imediata) atuando sobre uma enzima

fundamental do sistema nervoso (a colinesterase) e nas transmissões de impulsos nervosos.

Fosforados: grupo químico formado apenas por ésteres de ácido fosfórico e outros ácidos à base de

fósforo. Em relação aos agrotóxicos clorados e carbamatos, os organofosforados são mais tóxicos (em

termos de toxidade aguda), mas se degradam rapidamente e não se acumulam nos tecidos gordurosos.

Atua inibindo a ação da enzima colinesterase na transmissão dos impulsos nervosos.

Carbamatos: grupo químico dos agrotóxicos compostos por ésteres de ácido metilcarbônico ou

dimetilcarbônico. Em relação aos pesticidas organoclorados e organofosforados, os carbamatos são

considerados de toxicidade aguda média, sendo degradados rapidamente e não se acumulando nos tecidos

gordurosos. Os carbamatos também atuam inibindo a ação da colinesterase na transmissão dos impulsos

nervosos cerebrais. Muitos desses produtos foram proibidos em diversos países também em virtude de seu

efeito altamente cancerígeno.

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Conclusão

Sem dúvida o desenvolvimento e uso dos agrotóxicos na produção de alimentos em grande escala

contribuíram tanto positivamente quanto negativamente para a sobrevivência da espécie humana. Não só

isso, mas também influenciou o meio ambiente como um todo. Cabe ao governo, juntamente com a

sociedade definir os critérios para uso e controle, bem como analisar até que ponto os benefícios do uso

dos agrotóxicos sobrepujam seus perigos.

2. CLASSES TOXICOLÓGICAS DOS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Os produtos fitossanitários são de grande importância para manter a demanda do cultivo no Brasil,

no entanto, estes possuem ação sobre o organismo humano e dos animais, caso utilizado de maneira

incorreta,promovendo a ação sobre os mecanismos fisiológicos do organismos dos seres vivos, além de

deixar resíduos no meio ambiente. Dessa forma, pode-se afirmar que o uso equilibrado dos produtos

fitossanitários promoverá melhor e maior efeito sobre o funcionamento do nosso habitat. Assim, pode-se

dizer que produtos fitossanitários são produtos com a capacidade de produzir efeitos prejudiciais aos

organismos vivos, isto é, possuem toxicidade. Estes, por sua vez, devem ser introduzidos no meio ambiente

obedecendo a determinados critérios que estão respaldados na nossa legislação, a qual determinará qual a

Dose Letal (DL50), ou seja a dose máxima que causará o efeito letal sobre o homem.

Dose Letal (DL50)

DL50 é a dose que previsivelmente causará uma resposta de 50% em uma população na qual se

procurará determinar o efeito letal. Essa Dose letal pode causar toxicidade por algumas vias de absorção

no corpo humando, sendo classificadas como:

Toxicidade Aguda Oral;

Toxicidade Aguda Dérmica;

Toxicidade Inalatória.

A toxicidade aguda oral é a mais comum e é classificada conforme a tabela abaixo:

Tabela 1: Toxicidade de substâncias químicas baseada nos valores de DL50 aguda oral

CLASSIFICAÇÃO DL50 (mg.kg-1)

Extremamente Tóxica Até 5

Altamente tóxica 5-50

Moderadamente tóxica 50-500

Levemente toxica 500-5.000

Relativamente não tóxica Maior que 5.000

É importante salientar que os inseticidas são mais tóxicos do que os herbicidas e fungicidas, uma

vez que os inseticidas possuem a DL50 de até 500 mg/kg e os herbicidas e fungicidas possuem a Dl50 acima

de 5.000 mg/Kg, classificando estes como relativamente não tóxicos. A justificatia para que os inseticidas

sejam mais tóxicos baseia-se no seu modo e local de ação, pois estes agem tanto nos insetos como no ser

humano no sistema nervoso causando sérios danos à saúde.

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VIAS DE ABSORÇÃO DOS AGROTÓXICOS

As vias de absorção dos agrotóxicos são estas:

Dérmica: absorvida por pele e mucosa (saliva olhos). É de ampla absorção no organismo humano. Tanto

nesse sintoma como a de absorção respiratória causa diversos sintomas, dentre eles: fadiga, sonolência,

tremores, dores abdominais, vômitos, diarréia, icterícia, hipotensão arterial, arritmia cardíaca, dispnéia,

convulsões, edema pulmonar (por vezes de ocorrência tardia), estado de choque.

Respiratória: Em casos de inalação ou absorção respiratória, podem ocorrer sintomas específicos, como

tosse, rouquidão, edema pulmonar, irritação laringotraqueal, rinorréia, broncopneumonia (complicação

freqüente), bradipnéia, hipertensão. Logo após a ingestão, náuseas a vômitos são sintomas proeminentes,

podendo ocorrer também diarréia a cólicas.

Digestiva: baseia-se na contaminação por ingestão de alimentos com resíduos de agrotóxicos. De forma

geral oferecem menor risco ao homem, quando comparado às outras formas de absorção dos defensivos.

A contaminação por alimentos pode ser por Via Direta que consiste na absorção do alimento com

altos teores de agrotóxicos ou por Via Indireta (Acidente ou Erro).

Nesse caso e importante distinguir dois termos que podem ser utilizados para falar sobre absorção

de agrotóxicos, que são: resíduo e depósito.

Depósito: é a camada do produto fracamente ligada, que recobre folhas, frutos, etc, logo

após aplicação na parte aérea.

Resíduo: é o produto encontrado sobre ou no interior de um substrato, depois de

envelhecimento pelo tempo decorrido do tratamento e de alterações sofridas.

RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS

São amplamente encontrados nos alimentos, principalmente olerículas (legumes e verduras) e em

frutas com maior índice de cultivo no Brasil. Pode- se dizer que os resíduos de agrotóxicos são substâncias

ou misturas de substâncias remanescente ou existente em alimentos ou no meio ambiente, decorrente do

uso ou da presença de agrotóxicos e afins, inclusive quaisquer derivados específicos, tais como produtos de

conversão e de degradação, metabólitos, produtos de reação e impurezas, consideradas tóxicas e

ambientalmente importantes.

Os maiores índices de resíduos de agrotóxicos são encontrados, segundo a ANVISA, no pimentão

seguido do morango e pepino (Figura 1), no entanto, essa ordem sempre tem oscilado e alternado com

outros alimentos que são amplamente comercializados no país.

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É possível encontrar resquícios de agrotóxicos nos alimentos, pois o cultivo em larga escala requer

o uso de produtos fitossanitários para que as pragas e doenças sejam mantidas sob controle numa

determinada cultura. Para isso, uma quantidade tolerante de resíduos é permitido pela lei que regulariza o

uso de agrotóxicos no país. Esta tolerância pode ser averiguada por meio do:

• Limite máximo de resíduo (tolerância): quantidade máxima de resíduo de agrotóxico legalmente aceita

no alimento, em decorrência da aplicação adequada numa fase específica, desde a sua produção até o

consumo, expressa em partes (em peso) do agrotóxico ou seus derivados por um milhão de partes de

alimento (em peso) (ppm ou mg/kg). Ainda e necessário que ao se fazer o uso desses produtos haja o

intervalo de segurança ou período de carência entre o uso do defensivo agrícola no alimento até o período

de colheita ou comercialização. Este período de carência estende-se a duas áreas e são essas:

Tratamento de pós – colheita: o intervalo de tempo entre a última aplicação e a comercialização.

Pastagens: o intervalo de tempo entre a última aplicação e a reentrada dos animais no pasto.

EFEITOS TÓXICOS DOS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

A exposição ao INSETICIDA pode ser maior ou menor de acordo com os seguintes fatores:

O tipo de formulação do produto;

A concentração da mistura;

O método de aplicação utilizado;

As condições dos equipamentos de aplicação;

A direção do vento no momento da aplicação,

As condições de temperatura e umidade relativa do ar;

Observação das recomendações de higiene;

O uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI.

CLASSES TOXICOLÓGICAS

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Os defensivos agrícolas são classificados de acordo com a sua classe, grau de toxicidade e dor da

faixa para melhor identificação e manuseio do produto no momento do seu uso e para que se evite

intoxicações com a uso inadequado do mesmo. Dessa forma, os órgãos responsáveis para que essa

classificação seja feita e que os produtos sejam corretamente classificados no mercado são o MAPA

(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o MS (Ministério da Saúde) e o IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Esses produtos passam por uma bateria

de testes até que chegue as prateleiras e as mãos dos produtores.

INTOXICAÇÃO HUMANA POR AGROTÓXICO

Intoxicação Aguda: Os sintomas iniciam-se poucos minutos após o uso do produto até 24 horas. Pode ser

de três tipos:

Intoxicação aguda leve: apresenta sintomas como cefaleia, irritação cutâneo - mucosa, náusea e discreta

tontura;

Intoxicação aguda moderada: cefaleia intensa, náusea, vômitos, cólicas abdominais, tontura mais

intensa, fraqueza generalizada, parestesia, dispneia, salivação e sudorese aumentadas;

Intoxicação aguda grave: miose (contração da pupila), hipotensão, arritmias cardíacas, insuficiência

respiratória, problemas pulmonares, convulsões, alterações da consciência, coma e óbito.

Intoxicação Crônica: ocorre quando há exposições a baixas concentrações e longo tempo do mesmo ou

de vários produtos químicos no qual se faz o manuseio de forma inadequada. Manifesta-se através de

inúmeras doenças, que atingem vários órgãos, com destaque para os problemas imunológicos,

hematológicos, hepáticos, neurológicos, malformações congênitas e tumores.

3. PRECAUÇÃO NO MANUSEIO DE AGROTÓXICOS

A forma adequada de se evitar a intoxicação pelo uso de produtos químicos baseia-se na

prevenção, na forma correta de manusear os produtos, no uso de equipamentos de proteção individual

(EPI’s), no armazenamento adequado desses produtos e no descarte correto das embalagens.

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4. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INIVIDUAL (EPI’S):

O uso deste deve ser adequado ao risco, pois o mesmo não permite o contato do produto com a

pele, mucosas, vias respiratórias. No entanto o EPI deve estar em perfeito estado de conservação, ser

armazenado em local limpo e seco; a sua manutenção depende das boas práticas de trabalho com relação

ao seu manuseio, e uso. Além disso, a pessoa que irá aplicar o produto deve ter uma boa higiene pessoal

antes e após o seu uso para evitar que haja absorção dos produtos pela pele. Os equipamentos também

devem oferecer segurança ao produtor no momento da aplicação. E acima de tudo para que se utilize de

forma efetiva, sem haver maiores problemas com relação à saúde do homem e do meio ambiente, torna-se

necessário o produtor rural passar por uma série de treinamentos para saber manusear adequadamente

seu instrumento de trabalho e conhecer os produtos para um uso eficaz.

OUTRAS FORMAS DE PRECAUÇÃO E CORRETO MANUSEIO DOS AGROTÓXICOS

Antes de comprar um produto fitossanitário, é fundamental consultar um Engenheiro Agrônomo para

fazer uma avaliação correta dos problemas da lavoura, como o ataque de pragas, doenças e plantas

daninhas;

Na hora da compra exija a nota fiscal exija e guarde a nota fiscal. Ela é necessária para o transporte e

devolução das embalagens de defensivos agrícolas, além de ser sua garantia como consumidor; além disso,

certifique-se de que a quantidade do produto comprada será suficiente para tratar a área desejada,

evitando comprar produto em excesso;

O transporte de produtos fitossanitários exige medidas de prevenção para diminuir os riscos de acidentes

e cumprir a legislação de transporte de produtos perigosos. O desrespeito às normas de transporte pode

gerar multas para quem vende e para quem transporta o produto. As embalagens devem estar organizadas

de forma segura no veículo e cobertas por uma lona impermeável, presa à carroceria; É proibido o

transporte de produtos fitossanitários dentro das cabines ou na carroceria, quando esta transportar

pessoas, animais, alimentos, rações ou medicamentos;

O armazenamento dos produtos, mesmo que em pequenas quantidades dever em depósito. Este deve

ficar num local livre de inundações e separados de fontes d’água e de outras construções, como residências

e instalações para animais (mínimo de 30 metros - NR 31);

A construção deve ser de alvenaria, com boa ventilação e iluminação natural, não permitindo o acesso de

animais. Devem ter afixados placas ou cartazes com símbolos de perigo. Se os produtos forem guardados

num galpão de máquinas, a área deve ser isolada com parede, ter saída independente e mantida fechada a

chave;

O piso deve ser cimentado e sem fissuras e o telhado resistente e sem goteiras, para permitir que o

depósito fique sempre seco;

As instalações elétricas devem estar em bom

estado de conservação para evitar curto-circuito e

incêndios;

As portas devem permanecer trancadas para

evitar a entrada de crianças, animais e pessoas não

autorizadas;

As embalagens devem ser colocadas sobre

estrados, evitando contato com o piso. As pilhas

devem ser estáveis e afastadas das paredes e do

teto, seguindo a recomendação do fabricante

quanto ao empilhamento. Pode ser aceita a

colocação de embalagens isoladas em prateleiras de

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metal;

Não armazenar produtos fitossanitários junto com alimentos, rações, sementes ou medicamentos.

Devem ser armazenados separadamente por tipo (herbicidas, inseticidas, fungicidas etc). Os produtos

inflamáveis serão mantidos em local ventilado, protegido contra centelhas e outras fontes de combustão;

Não fazer estoque de produtos além das quantidades para uso a curto prazo, como uma safra agrícola;

Todos os produtos devem ser mantidos nas embalagens originais. Após uma remoção parcial do

conteúdo, as embalagens devem ser novamente fechadas;

Nunca armazenar restos de produtos em embalagens sem tampa, com vazamentos ou sem identificação;

No caso de rompimento das embalagens, estas devem receber uma sobrecapa, preferencialmente de

plástico transparente, com o objetivo de evitar o vazamento de produto. É importante o rótulo permanecer

sempre visível ao usuário;

O preparo da calda deve ser ao ar livre longe de crianças, animais e pessoas desprotegidas;

Utilize sempre água limpa para preparar a calda e evitar o entupimento dos bico do pulverizador;

A embalagem deve ser aberta com cuidado para evitar derramamento do produto;

Utilize balanças, copos graduados, baldes e funis específicos para o preparo da calda. Nunca utilize esses

mesmos equipamentos para outras atividades;

Faça a lavagem da embalagem vazia logo após seu esvaziamento;

Use apenas o agitador do pulverizador para misturar a calda;

Verifique se todas as embalagens usadas estão fechadas e guarde-as no depósito;

Após o preparo da calda, lave os utensílios e seque-os ao sol.

DESTINO FINAL DAS EMBALAGENS

A legislação brasileira obriga o agricultor a devolver todas as embalagens vazias dos produtos na

unidade de recebimento de embalagens indicada pelo revendedor. Antes de devolver, o agricultor deverá

preparar as embalagens, fazendo a tríplice lavagem ou lavagem sob pressão ou acondicionando as

embalagens não laváveis. O agricultor que não devolver as embalagens ou não prepará-las adequadamente

poderá ser multado, além de ser enquadrado na Lei de Crimes Ambientais.

Procedimento para fazer a tríplice lavagem:

1. Esvazie completamente o conteúdo da embalagem no tanque do pulverizador;

2. Adicione água limpa à embalagem até ¼ do seu volume;

3. Tampe bem a embalagem e agite-a por 30 segundos;

4. Despeje a água de lavagem no tanque do pulverizador;

5. Faça esta operação 3 vezes;

6. Inutilize a embalagem plástica ou metálica, perfurando o fundo.

Embalagens Flexíveis Contaminadas

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Embalagens flexíveis contaminadas: as embalagens de produtos cuja formulação é granulada ou em

pó geralmente são sacos plásticos, sacos de papel ou mistas. Estas embalagens são flexíveis e não podem

ser lavadas. Esvazie completamente na ocasião do uso e depois guarde dentro de um saco plástico

padronizado; O saco plástico padronizado deverá ser adquirido no revendedor.

Devolução das Embalagens Vazias

- O agricultor tem o prazo de até um ano depois da compra para devolver as embalagens vazias;

- O agricultor deve devolver as embalagens vazias na unidade de recebimento licenciada mais próxima da

sua propriedade;

- O revendedor deverá informar, na nota fiscal, o endereço da unidade de recebimento de embalagens

vazias.

5. FORMULAÇÃO DE INSETICIDAS

No Brasil vários pesticidas organofosforados são largamente utilizados no combate a endemias,

como no controle da dengue, febre amarela e doença de chagas. Em todo o mundo existem mais de dez mil

formulações comerciais, correspondendo à cerca de quatrocentos e cinqüenta diferentes compostos

pesticidas. Ingrediente ativo (i.a.) é o agente químico, físico ou biológico que confere eficácia aos

agrotóxicos e afins.

Produto Técnico são substâncias obtidas diretamente das matérias-primas por um processo de

manufatura (químico, físico ou biológico) cuja composição contém porcentagens definidas de ingrediente

ativo, impurezas e eventualmente aditivos em pequenas quantidades. Inertes são substâncias ou impurezas

de fabricação que devem ser não ativas, resultantes dos processos de obtenção dos produtos técnicos e

também aquelas usadas apenas como veículos ou diluentes ou adjuvantes nas formulações. As formulações

são compostas pelo ingrediente ativo + substâncias inertes.

SUBSTÂNCIAS INERTES

As substâncias inertes dividem-se em:

Solventes ou diluentes: Substâncias servem para reduzir a concentração do i. a. São inertes às pragas (não

influem na toxidez).

Os Diluentes sólidos mais usados, a seco:

GESSO (sulfato hidratado de cálcio);

TALCO (silicato hidratado de magnésio);

CAULIM (silicato hidratado de alumínio).

Coadjuvantes: São substâncias inerte ou inócuo às pragas, porém auxilia o princípio ativo a cumprir sua

finalidade e melhorando sua ação.

QUAIS OS MOTIVOS DE SE CRIAR UMA FORMULAÇÃO?

Promover a mistura ou solubilização do produto, ou seja, promover a: uniformidade da solução

utilizando-se água;

Facilitar a dosagem do produto fitossanitário utilizando-se quantias fixas de acordo com a recomendação;

Dessa forma o produto torna-se mais seguro durante o manuseio e a ação do produto fitossanitário é

mais eficiente. Além disso, essas substâncias facilitam o espalhamento, a distribuição da calda, a absorção

do i.a. pela planta.

Ainda a formulação aumenta a vida útil do i.a. e permiti a mistura de 2 i.a. em um mesmo produto

gerando economia para o produtor.

FORMULAÇÕES MAIS COMUNS UTILIZADAS

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1. Concentrado emulsionável: formulação líquida e homogênea para aplicação como dispersão, após a

diluição em água (NBR 12679).

Também pode ser conceituada como uma solução de um ou mais ingrediente ativo, emulsificantes,

em solventes orgânicos (solvente pode ser derivado do petróleo), um estabilizador ou antiespumante

emulsionáveis em água. Portanto, um concentrado emulsionável é uma solução que forma uma emulsão

quando misturada com água (exemplo água e leite). Esta formulação deve manter por determinado tempo

uma emulsão estável, para garantir uma aplicação uniforme do ingrediente ativo, obtendo-se assim, a

máxima eficiência do produto para o fim a que foi designado.

O teste de espuma avalia que quando a mesma estiver em excesso poderá comprometer a

eficiência da aplicação, e a homogeneidade na pulverização em função da incompleta ocupação do volume

total da calda, dentro do tanque. O trasbordamento da espuma pode causar ainda, riscos toxicológicos,

ambientais e de manuseio. Os ensaios realizados para o controle de qualidade são a estabilidade da

emulsão NBR 13452 e espuma NBR 13451.

2. Suspensão concentrada: é uma formulação constituída de uma suspensão estável de

ingrediente(s) ativo(s) em veículo líquido que pode conter ingrediente ativo dissolvidos para aplicação após

diluição em água (NBR 12679). Os ensaios realizados para o controle de qualidade são a granulometria via

úmida NBR 13237, espuma e suspensibilidade NBR 13313.

3. Pó seco: formulação sólida e uniforme, sob a forma de pó, possuindo boa mobilidade, para

aplicação direta através de polvilhamento (NBR 12679). São partículas sólidas finamente moídas, de um

material adsorvente (mineral de argila são impregnados com o ingrediente ativo). Essas partículas sofrem

diluição com partículas de material inerte (talco) para aumentar o volume e possibilitar a distribuição

através de polvilhamento.

A granulometria é a forma de determinarmos o tamanho de partículas e sua distribuição, podendo

ser divididos em micro e macro partículas. No caso de pó seco o teste irá analisar macro partículas, usando-

se uma peneira de abertura específica, para predizer a eficácia do produto no campo. A mobilidade

determina se o produto escoa por um funil padronizado tendo por objetivo verificar a qualidade do

polvilhamento. Os ensaios realizados para o controle de qualidade são mobilidade NBR 13229 e

granulometria via seca NBR 13828.

4. Pó molhável: formulação sólida na forma de pó, para aplicação sob a forma de suspensão após a

dispersão em água (NBR 12679). As partículas sólidas são moídas suficientemente para serem diluídas em

água. Na sua composição encontramos o veículo sólido (mineral de argila) que adsorve o ingrediente ativo

na sua superfície, adicionada de adjuvantes (agentes molhantes, dispersantes, antiespumantes,

estabilizantes etc.) que contribuem no rápido molhamento e propiciam a formação de dispersão o mais

estável possível.

A molhabilidade determina a facilidade com que o produto mistura-se com a água. A

suspensibilidade avalia a quantidade de partículas sólidas suspensas, quando misturadas com água. Os

ensaios realizados para o controle de qualidade são suspensibilidade, espuma, granulometria via úmida e

molhabilidade NBR 13242.

5. Isca granulada: formulação sólida uniforme, para aplicação direta destinada a atrair o alvo

desejado ou a ser ingerida por ele (NBR 12679). O ensaio realizado para o controle de qualidade é teor de

pó NBR 13828.

6. Suspensão de microencapsulado: formulação constituída por suspensão estável de cápsulas,

contendo o(s) ingrediente(s) ativo(s), num líquido, para aplicação após diluição em água. Os ensaios

realizados para o controle de qualidade são espuma, suspensibilidade e granulometria úmida.

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6. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

Conceito

O MIP é uma forma de controle que consiste preservar e incrementar os fatores de mortalidade

natural, através do uso integrado de todas as técnicas de combate possíveis, selecionadas com base nos

parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos, visando a manter a densidade populacional de um

organismo abaixo do nível de dano econômico, pois todo inseto que é capaz de causar dano econômico é

considerado, para aquela cultura, um inseto praga (Figura 2).

Figura 2. Esquema ilustrando a relação inseto x planta que caracteriza o conceito de praga.

Os insetos fitófagos se alimentam das plantas para sobreviverem e por isso as plantas deixam de

produzir a mesma quantidade de produtos que outras plantas que não foram atacadas por eles. Do ponto

de vista do MIP esse inseto causa na planta afetada uma injúria, que é definido como qualquer alteração

deletéria decorrente da sua ação. A planta injuriada perde produção, que pode ser quantificada

monetariamente, recebendo o nome de Dano Econômico que é qualquer perda econômica decorrente da

injúria. Assim classificando o inseto como praga. Quando o dano econômico se torna significativo é

possível dizer que essa planta/cultura atingiu o Nível de ano Econômico (NDE) que é a densidade

populacional e uma praga capaz de causar prejuízo (dano econômico) de igual valor ao seu controle (Figura

3).

Figura 3. Esquema representando o comportamento da densidade populacional de um organismo no

tempo com relação ao nível de dano econômico.

Calcula-se o NDE quando a produção a cultura é reduzida e a densidade populaciona é aumentada

e este pode variar segundo o preço do produto, o custo do controlee a capacidade da praga em danificar a

cultura e suscetibilidade da praga à cultura. Outro conceito importante no MIP é o Nível de Ação ou

Controle (NA ou NC), que é a densidade populacional de uma praga em que devem ser tomadas as

medidas de controle para que não causem danos econômicos. Na prática o produtor tem que acompanhar

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a flutuação populacional da praga no tempo e somente aplicar o controle quando a densidade atingir um

valor igual ou superior ao NC, para manter a densidade populacional do inseto no Ponto de Equilíbrio.

IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS E PRAGAS

Organismo não-praga: é aquele organismo cuja densidade populacional nunca atinge o nível de controle

(Figura 4).

Figura 4. Esquema representativo da flutuação populacional de um organismo não-praga. PE (Ponto

de equilíbrio); NC (Nível de Controle); ND (Nível de Dano).

Praga secundária ou ocasional: é aquela que raramente ou ocasionalmente atinge o nível de controle

(Figura 5).

Figura 5. Esquema representativo da flutuação populacional de uma praga secundária ou ocasional.

PE (Ponto de equilíbrio); NC (Nível de Controle); ND (Nível de Dano).

Praga frequente ou primária: é aquela que frequentemente atinge o nível de controle (Figura 6).

Figura 6. Esquema representativo da flutuação populacional de uma praga primária ou frequente.

PE (Ponto de equilíbrio); NC (Nível de Controle); ND (Nível de Dano).

Praga severa: é aquela que apresenta o ponto de equilíbrio sempre acima do nível de controle ou de dano

econômico (Figura 7).

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Figura 7. Esquema representativo da flutuação populacional de uma praga severa. PE (Ponto de

equilíbrio); NC (Nível de Controle); ND (Nível de Dano).

ETAPAS DO MIP

Para o desenvolvimento e implantação do MIP, três etapas são fundamentais: avaliação do

ecossistema, tomada de decisão e escolha da estratégia de controle a ser adotada. A avaliação do

agroecossistema e seu planejamento, no sentido de conhecer as pragas-chave e os períodos críticos da

cultura em relação ao ataque de pragas, são fundamentais, pois é através do histórico da área e da cultura,

da capacidade ou possibilidade de se poder fazer previsões da ocorrência e estabelecimento de pragas, em

função dos fatores ecológicos, que outros métodos que não os químicos podem ser adotados. Pois, depois

de uma cultura implantada, as etapas seguintes, de tomada de decisão e escolha da estratégia de controle,

diz respeito basicamente à utilização de inseticidas. Pelo menos, no nível atual de conhecimentos para a

maioria das culturas.

AVALIAÇÃO DO AGROECOSSISTEMA

Dentro da filosofia do MIP, para intervir nos agroecossistemas é necessário ter uma compreensão

dos mesmos do ponto de vista ecológico. Assim, a avaliação do agroecossistema envolve conhecimentos a

cerca das influências da diversidade e estabilidade na sucessão de comunidades, sobre o processo de

colonização e sucessão ecológica, à largura dos nichos para herbívoros, predadores e parasitos, à

quantificação da migração e dispersão e a época em que ocorrem, à dinâmica das relações parasitos-

hospedeiros, ao estabelecimento de curvas populacionais dos principais herbívoros, ao valor K do ambiente

(capacidade de suporte), ao estabelecimento de níveis de controle e de dano econômico, aos fatores de

mortalidade, dentre outros.

Aspectos de grande valor prático para programas de MIP, são: reconhecer as espécies com

potencial de causar danos e de seus principais inimigos naturais. Entendemos que em agricultura o

conceito de praga está diretamente relacionado com os efeitos econômicos produzidos, e o termo praga é

dado no sentido numérico, onde uma determinada população de inseto se evidencia com seus estragos,

afetando a produção. Assim, a presença do inseto na cultura não implica a presença de praga, sendo que a

população entra como elemento unitário na determinação do momento exato em que medidas devem ser

adotadas para evitar prejuízos econômicos.

No MIP, pragas-chave seriam aqueles insetos que estão freqüentemente presentes na cultura

em níveis populacionais relativamente altos e que provocam injúrias que podem refletir em perdas

significativas na produção. Pragas ocasionais seriam aqueles insetos, cujas populações são mantidas em

níveis relativamente baixos provocando reflexos menos significativos na produção. Para tal, é necessário o

estudo do crescimento populacional e suas relações com as injúrias e, consequentemente, danos (aspecto

econômico) que causam. O estudo do crescimento populacional envolve os conhecimentos dos fatores

ecológicos sobre a população, tanto daqueles independentes da densidade (climáticos, edáficos, da planta

cultivada), como daqueles dependentes da densidade, alimentares e bióticos (disponibilidade de alimento,

competição intra e interespecífica). Estes fatores alteram taxas de mortalidade e fecundidade, ao

aparecimento de estratégias adaptativas. Além dos fatores ecológicos, o crescimento populacional é regido

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pelos fatores genéticos, que determina a capacidade reprodutiva dos insetos. O potencial biótico é dado

pelo potencial reprodutivo e pela resistência do ambiente, esta considerada principal agente de regulação

do crescimento populacional, determinando oscilações ao longo do tempo.

O estudo das populações só é possível através de programa de amostragens, chamado de

monitoramento. Diversos programas de amostragens tem sido estabelecidos para diferentes culturas,

procurando permitir o estabelecimento de previsões dos danos, ou seja, relacionar densidades

populacionais com prejuízos. Assim é possível estabelecer os níveis populacionais de equilíbrio, de controle

e de dano econômico. O nível de equilíbrio corresponde à densidade populacional média, durante um

longo período de tempo sem que ocorram mudanças permanentes. O nível de controle representa a

densidade populacional na qual medidas de controle devem ser tomadas para evitar prejuízos econômicos.

O nível de controle representa a menor densidade populacional capaz de causar perdas significativas para o

agricultor. As questões referentes à amostragem e ao levantamento ou determinações das perdas serão

discutidas separadamente.

TOMADA DE DECISÃO

A tomada de decisão é efetuada através da análise dos aspectos econômicos da cultura e da

relação custo/benefício do controle de pragas. Para determinação do momento de controle, pode-se

considerar que o ND é a densidade populacional que causa perda econômica igual ao custo de controle.

Esse prejuízo ou dano é uma porcentagem do valor da produção equivalente ao custo de controle e pode

ser obtido pela fórmula:

% D = duçãovalordapro

troleXCustodecon 100

Uma vez conhecido % D, é necessário conhecer a correlação entre população e injúria e entre

injúria e dano, ou diretamente população e dano. A %D corresponde a uma determinada injúria, que por

sua vez corresponde a uma dada densidade populacional. No monitoramento podem ser avaliadas tanto

injúria quanto a densidade. Assim, é importante considerar que levantamentos populacionais devem

permitir uma correlação direta com a injúria causada ou dano. Se a avaliação do efeito do inseto for feita

em termos populacionais, o nível populacional no qual devem ser tomadas medidas de controle pode ser

expresso pela fórmula:

ND = P

DxNP%

Onde:

% D+ % dano = custo de controle

NP= nível populacional que causa o prejuízo P

P = prejuízo causado pelo nível pop. (NP)

Uma vez determinado o nível populacional que causa o prejuízo econômico, faz-se necessário

avaliar o parasitismo e predação, observados ao longo do programa de monitoramento, para a

determinação da tendência de crescimento populacional do inseto. A partir desses dados são estabelecidas

as árvores de decisão, um processo que permite relacionar custos e probabilidades dos resultados para as

diversas alternativas de controle. Na verdade, na maioria das árvores de decisão, as regras são

estabelecidas unicamente para se adotar ou não o controle químico.

ESCOLHA DO SISTEMA DE REDUÇÃO POPULACIONAL

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Dada a necessidade de se adotar um sistema de controle, será necessário optar por um sistema

que poderá envolver um ou mais métodos de controle, teoricamente. Na prática, numa cultura já instalada,

se não houve um planejamento, a escolha recai sobre a utilização de inseticidas. Isto porque, os outros

métodos de controle exigem planejamento e ações antecipadas. Assim medidas culturais como a utilização

de variedades resistentes, rotação de culturas, preparo do solo, alteração da época de plantio ou colheita,

adubação, manejo das plantas daninhas, manejo da água e da adubação, etc., devem ser previstas antes da

instalação da cultura. Assim como os métodos biológicos e genéticos. No planejamento devemos

considerar logicamente o tipo de cultura se anual ou perene, e o sistema de colonização dos artrópodes. De

modo geral e bastante resumido, pode-se dizer que em culturas anuais os organismos são selecionados

para a velocidade com que colonizam o habitat, que apresentam alto potencial reprodutivo, exploram

completamente o habitat e apresentam uma tendência em abandoná-lo. Tais insetos são denominados de

estrategistas r. Em culturas perenes os insetos são selecionados para a utilização mais uniforme do

terreno, altamente especializados, adaptados à capacidade de suporte do meio, muito competitivos e

adaptados a habitats mais estáveis. Compreendem os insetos denominados de estrategistas K. Nenhum

inseto é completamente estrategista r ou K, devendo-se ter em mente uma seleção contínua r _____> K, e

a posição de um inseto na cultura deve ser analisada num dado instante do tempo. Segundo alguns autores

populações intermediárias (entre r e K) são normalmente reguladas por inimigos naturais. Ainda sugerem

que a principal técnica apropriada para pregas estrategistas r (afídeos, mosca branca, cigarrinhas, etc.) é o

uso de inseticidas. Para estrategistas K, inseticidas também são adequados quando baixos níveis

populacionais causam perdas significativas, mas a preferência é pela adoção de estratégias alternativas

como as práticas culturais.

DETERMINAÇÃO DAS PERDAS

Um dos grandes entraves do MIP é justamente a determinação das perdas e a correlação com

a densidade populacional, que permitam o estabelecimento dos níveis de ação e as regras de decisão para

adoção ou não de medidas de controle. As relações danos-praga podem ser estudadas de várias maneiras,

vários esquemas de parcelas e modelos de análises estatísticas têm sido empregados. O método mais

amplamente utilizado é aplicar inseticidas de vários tipos, ou dosagens distintas e em diferentes intervalos

de tempo para se conseguir diferentes densidades populacionais da praga visada. No entanto, esta

metodologia pode levar a diversos tipos de erros: o inseticida pode ter ação fitotóxica ou apresentar efeitos

estimulatórios de crescimento; perdas podem ser superestimadas ou subestimadas se não se conhece o

efeito do produto sobre inimigos naturais ou outras pragas; a grande variação entre parcelas tratadas de

forma distinta porque o ataque da planta pode não ser ao acaso, podendo estar relacionada aos aspectos

intrínsecos do campo, pode ocorrer compensação do crescimento em plantas não atacadas por causa da

reduzida competição entre as plantas adjacentes atacadas, etc.

Outros métodos para obtenção de diferentes níveis de ataque de pragas incluem o uso de

infestações artificiais ou danos artificiais ou simulados. Tais métodos apresentam limitações,

principalmente na interpretação dos resultados. Os danos podem ser corretamente simulados, mas

geralmente diferem significativamente dos danos apresentados em condições de campo. Então,

imprecisões no levantamento de perdas ocorrem principalmente por causa das variações nas interações

das diferentes pragas e doenças, da habilidade da planta em compensar injúrias, pela variação temporal e

espacial do ataque da praga e pelas grandes variações no campo. Em muitas situações, culturas podem

apresentar aumentos na produção após o ataque de pragas, devido à remoção da dominância apical,

favorecendo a planta para produzir mais caules (colmos de cana-de-açúcar, por exemplo).

Os efeitos das pragas devem ser avaliados numa área particular, pois as diferenças nas práticas

agronômicas e condições ambientais influenciam a severidade dos danos. Então, para que comparações

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possam ser feitas, há necessidade de levantamentos, durante vários anos, sob diferentes condições

ambientais, usando sempre que possíveis métodos padronizados de levantamentos de pragas.

A despeito das variáveis econômicas e ecológicas envolvidas, muitos níveis tem sido desenvolvidos

e, quando implementados, têm reduzido a quantidade de inseticidas requerida. Alguns autores

reconhecem que os níveis de dano econômico podem ser estabelecidos a partir de evidências empíricas.

Esses níveis, embora imprecisos, podem ser de considerável valor prático, particularmente em situações

onde tratamentos preventivos rotineiros são usados. Níveis mais precisos podem então, com o tempo,

serem determinados e mais rapidamente adaptados para mudanças nas situações econômicas e da praga.

Mas, o que tem ocorrido no Brasil, devido à falta de dados básicos, é a importação não só de níveis de ação

como também de esquemas de amostragens. Além dessas dificuldades, um importante aspecto deve ser

considerado: para o estabelecimento do nível de dano, ou seja a densidade populacional que causa

prejuízos igual ao custo de controle, há equívocos, no meu ponto de vista. Normalmente considera-se

apenas o custo do tratamento químico, dado pelo custo do produto e pelo custa da aplicação, não estando

embutidos o custo da resistência aos inseticidas, custo do possível impacto do nível de dano econômico

sobre as pragas secundárias, etc.

PAPEL DA AMOSTRAGEM NO MIP

A amostragem é um aspecto fundamental para o desenvolvimento de programas de MIP, sendo

fundamental nas etapas de avaliação do ecossistema como para o monitoramento visando a tomada de

decisão sobre a necessidade ou não de controle da praga e quando intervir no agroecossistema. Existem

várias técnicas de amostragem, mas a método deve ser rápido, simples de executar, fornecer uma

avaliação o mais próximo possível da situação real e ser facilmente correlacionável com os objetivos a

serem alcançados. Então, os objetivos podem determinar os métodos usados, sendo fundamental que

estejam claramente definido.

No MIP, tanto estudos intensivos como extensivos são fundamentais. Estudos intensivos envolvem

observações contínuas de uma população numa mesma área, permitindo elaborar tabelas de vida (sobre

estágios sucessivos de desenvolvimento) ou determinar os fatores que causam as maiores flutuações no

tamanho da população e aqueles que a regulam, apresentando geralmente objetivos mais específicos,

como determinação da taxa de parasitismo, taxa de dispersão, etc., geralmente nestes casos os níveis de

precisão requeridos são maiores. Estudos extensivos são voltados para distribuição de espécies de insetos

ou para predizer danos, bem como para a aplicação de medidas de controle.

Em qualquer caso, o esquema de amostragem deve ser definido de forma criteriosa, desde a

escolha da unidade amostral, do número mínimo de amostras, da distribuição espacial do inseto na cultura,

tipo de caminhamento, custo, eficiência das armadilhas e o nível de precisão requerido em função do

objetivo. Tem-se verificado, em muitos casos, que etapas fundamentais para o desenvolvimento de

amostragens não são cumpridas, a exemplo da determinação da distribuição espacial dos insetos e número

mínimo de amostras. A distribuição dos organismos na lavoura pode ser considerada segundo três tipos

principais: agregada, uniforme e ao acaso. Tais distribuições, ao nível da estatística são denominados

Binomial negativa, Binomial e Poisson. Comumente os insetos seguem a distribuição binomial negativa ou

Poisson. Para cada tipo de distribuição há uma variação na metodologia para estabelecimento das

amostragens. A distribuição espacial depende da unidade amostral, do comportamento da espécie e do

tipo de avaliação que é feita. O padrão de distribuição de uma praga pode variar ao longo do tempo, sendo

que no início da colonização a tendência é de se ajustar à série de Poisson, evoluindo para uma distribuição

agregada, raramente atingindo a distribuição uniforme. A escolha da unidade amostral adequada e o

número de unidades amostrais devem ser determinados de forma criteriosa e com base nos

conhecimentos biológicos e comportamentais do inseto. O modelo de Poisson pode ser usado para

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determinação do tipo de distribuição, através da freqüência esperada de Poisson, ou pelo índice de

dispersão de Morisita, que é um método independente da distribuição, do número de amostras e do

tamanho da média. Uma vez determinado o tipo de distribuição, deve-se determinar o tamanho mínimo de

amostras, através de modelos e parâmetros, de cada tipo de distribuição, levando-se em conta a precisão

desejada. Ou então por método gráficos, calculando-se a média e variância com dados acumulados.

Esses procedimentos são básicos tanto para a amostragem comum, isto é quando o número de

amostras é fixo e determinado antes de se iniciar o procedimento de amostragem. No caso da amostragem

seqüencial, o número de observações não é fixado e a decisão de terminar ou não a amostragem, depende

das informações parciais fornecidas. Os índices de precisão, geralmente são utilizados de forma arbitrária.

As taxas de erro deveriam ser determinadas levando-se em consideração a relação densidade dano-

produção, preço do produto no mercado, custo da aplicação de controle, ressurgência de pragas, pragas

secundárias, desenvolvimento de resistência.

Em muitos trabalhos que estabelecem planos de amostragens para o MIP, esses critérios básicos

não são levados em conta, ou apenas constam no trabalho, sem a descrição detalhada da metodologia

empregada para obtê-los. A amostragem sequencial vem ganhando espaço no MIP, segundo alguns autores

é bastante apropriada para o MIP, pois a ênfase está em propor uma classificação de populações do que

estimar seus parâmetros, evitando-se uma amostragem excessiva, resultando em economia de tempo e

esforço.