2014-Miglievich-Ribeiro -A Crítica Epistemológica à Ciência Moderna. Por Um Sociologia...

download 2014-Miglievich-Ribeiro -A Crítica Epistemológica à Ciência Moderna. Por Um Sociologia Decolonial - Ler Para Todos Capitulos

of 10

description

s

Transcript of 2014-Miglievich-Ribeiro -A Crítica Epistemológica à Ciência Moderna. Por Um Sociologia...

  • 1

    Panel: Desafios Epistemolgicos Contemporneos Sociologia: perspectivas crticas da Amrica Latina e frica

    A crtica epistemolgica cincia moderna: por uma sociologia

    decolonial

    Adelia Miglievich-Ribeiro Resumo: A reviso das epistemologias modernas no um desafio singularmente latino-americano mas de uma comunidade cientfica que se quer efetivamente universal, diversa e plural, na qual vozes silenciadas historicamente sejam chamadas participao simtrica no desafio de dar inteligibilidade ao mundo. Combino a reflexo de Boaventura Santos acerca do paradigma prudente para uma vida decente com a da modernidade-colonialidade-decolonialidade que, inspirada nos estudos subalternos indianos, afasta-se das influncias neste dos estudos culturais e revigora a crtica produzida pela filosofia da libertao e pela teoria da dependncia latino-americana, chamando ainda os saberes dos povos do continente para reivindicar o descentramento dos loci de produo intelectual mediante a descolonizao epistmica, aqui defendida como o mais importante desafio sociologia tambm na academia. Palavras-chaves: ps-colonial; decolonial; Amrica Latina. Introduo A reviso das epistemologias modernas impe-se nas distintas reas do conhecimento, no menos na sociologia. No se trata de um desafio singularmente latino-americano, mas de toda uma comunidade cientfica que se quer adjetivada como universal, isto , diversa, o que resulta numa mais autntica universalidade, desta vez, menos presunosa ou mais prudente, como diz Boaventura de Souza Santos (2000; 2004). O que se quer dizer que a sociologia, em seu intento histrico de dar inteligibilidade ao real, se no evidenciar as vrias facetas da modernidade, recriadas em cada territrio e cultura, a multiplicar seus significados e modos de operar, estar inventando fbulas ao invs de cumprir com o mnimo de zelo sua pretenso de ajudar os humanos a compreender a si, aos outros, seu habitat, sua existncia, enfim. Escolho como desafios nodais prtica cientfica e ao ofcio do socilogo o que Santos (2000; 2004) chamou de paradigma prudente para uma vida decente, fazendo-o dialogar, sobretudo, com Mignolo (2003; 2004), expressivo representante da corrente da modernidade-colonialidade-decolonialidade na Amrica Latina. Importa observar que nem Boaventura Santos nem Walter Mignolo propem um saber das sociedades do sul contra os saberes produzidos no mundo do norte. No casual que Souza insista na diferena da Ibria em face do que se chamou de racionalidade moderna. Mignolo, por sua vez, ao ressaltar a face oculta da modernidade, a saber, a colonialidade, no desfaz da cosmologia moderna que moldou os valores da liberdade, da igualdade, da democracia ou dos direitos humanos, mas nota que, inevitavelmente, o discurso da emancipao colou-se s prticas seculares de violenta dominao sobre os povos colonizados, destitudos da condio humana pelos colonizadores. No uma histria passadista a colonialidade. Os neocolonialismos persistem na diviso internacional do trabalho e dos bens do trabalho na era da globalizao liberal. No menos srio como a colonialidade internaliza-se no ser, poder e saber da contemporaneidade. Disto nos fala Anbal Quijano (2010), que atenta no somente para a racializao das relaes de poder que se do entre as antigas e novas identidades sociais e geoculturais como tambm para a desigualdade de gnero, para o disciplinamento de corpos, para a sujeio de mentes que se reproduzem em pleno sculo XXI, pela lgica universalista moderna de classificao do mundo e das pessoas no mundo.

  • 2

    Se a racionalidade moderna, na qual a sociologia se funda como disciplina, gerou uma prtica investigativa cega variedade de realidades, quase sempre estigmatizadas, subestimadas ou invisibilizadas, que conformam a humanidade, isto pode ser explicado num contexto histrico em que os cientistas sociais no reuniam instrumentais crticos para reconhecer o dito totalitarismo espistmico como tal. Hoje, porm, dispomos fartamente desta competncia crtica, ainda assim, muitos mantm-se legitimando uma narrativa - tornada metanarrativa - usurpadora da existncia de um contingente vasto de experincias e cosmologias, pessoas e coletividades. Pode-se indagar, nesse sentido, a quem interessa uma sociologia que, efetivamente, no compreende o que se passa no mundo e prefere a ignorncia ao aprendizado de novas lnguas, a diferentes pontos de vista, a inditas fontes de saberes, recusando-se construo de articulaes de vozes e propostas de amplificao dos modos de se entender a realidade, ou melhor, as realidades. Parecer a alguns quase uma heresia dizer que a sociologia necessita ser refundada. Para estes, menos hertico ser, ento, manter tal disciplina inclume a um novo universalismo, pautado na diversidade e na heterogeneidade. Contudo, para muitos outros estudiosos, ainda bem, de tal obviedade a urgncia da recusa da modernidade totalitria que notvel a fora da crtica em curso nas contribuies geradas no seio do prprio euro-norte-centrismo, a exemplo de Wallerstein, nos Estados Unidos; e de Lyotard, Foucault, Deleuze, Derrida, Guatari, na Frana. O desafio epistemolgico, entretanto, aos socilogos latino-americanos, vai alm. Requer a percepo, segundo Mignolo (2004, p.677-8), de que a crtica realizada nos limites da experincia histrica da modernidade, isto , aquela gerada pela mesma cognio que critica, pobre se no dialogar com o pensamento produzido na vivncia e no testemunho dos desmandos da colonialidade. No exclusivamente o que seria igual equvoco , h de se chamar ao debate as mulheres, os negros, mais ainda, as mulheres negras; tambm os indgenas, os expropriados, os subalternizados, quer materialmente, quer pela subestimao de suas culturas, corpos, sexualidade. No se d um argumento de m-f privilgio epistmico quele que nasce de uma experincia de sofrimento. No isso. At mesmo porque a complexidade da relao entre experincia do sofrimento, indignao, crtica e articulao da crtica tema que escapa a este paper. Tambm, ningum pode assegurar conforme nos fala Spivak (2010) que se possa representar, pela crtica terica, estados-limites de subalternizao. Da que no se pretende chegar aos porta-vozes, por excelncia, da crtica, menos ainda do conhecimento que se pretenda nico e verdadeiro. Contra qualquer crena fundamentalista na universalidade que os autores aqui chamados se insurgem. O problema que no pode haver um caminho uni-versal. Tem de haver muitos caminhos, pluri-versais. E este o futuro que pode ser alcanado a partir da perspectiva da colonialidade com a contribuio dada pela modernidade, mas no de modo inverso (MIGNOLO, 2004, p. 678). preciso, por isso, recrutar as diversas lnguas do globo, os distintos atores sociais e, no campo acadmico, enfatizar a vitalidade do pensamento crtico latino-americano, que nos diz mais diretamente respeito. Karl Marx mantm-se uma referncia necessria, mas no menos que Waman Puma de Ayala e Alvarado Tezozomoc, Gloria Anzalda, Mohammed Abed Al-Jabri, Vine Deloria Jr. e tantos outros. De ns, socilogos latino-americanos, o desafio epistemolgico de uma prtica intelectual idnea e comprometida com a inteligibilidade do real exige, primeiramente, o reconhecimento de seu teor heterogneo, tenso, hbrido, a fim de que se evidencie o quanto o mito da modernidade justificou toda forma de totalitarismo e consecutiva denegao do pluralismo. O totalitarismo epistmico no um exagero lingustico. Desafiador sociologia contempornea sobretudo, aquela feita a partir das margens da modernidade ocidental - explicitar, ao invs da mera incompletude do projeto moderno, que seus erros nunca foram efeitos perversos, imprevistos, indesejveis, porm constituintes do projeto moderno, ele mesmo. Importa aos socilogos enfrentarem a constataao de que: O futuro j no pode ser imaginado como um movimento na direo da completude do projeto incompleto da modernidade [nas suas verses marxista ou habermasiana], mas deve ser pensado, antes, em termos de transmodernidade [Dussel], de um mundo para o qual todas as racionalidades existentes

  • 3

    possam contribuir. A socializao do conhecimento, ou seja, a superao do totalitarismo epistmico, implica a superao da modernidade/colonialidade [...]; em sntese, o mito da modernidade o mito que justificou no apenas o totalitarismo cientfico, mas o totalitarismo tout court, tal como o estamos a testemunhar no incio do sculo XXI escala global (MIGNOLO, 2004, p. 677). Qui possamos, nas universidades latino-americanas, mais do que nos preocupar em formar alunos competentes para servir racionalidade moderna, propor a estes reinventar ousadamente a sociologia, mais legtima, porque mais plural, democrtica, participativa. 1. Uma sociologia que produz no-existncia pode ser legtima? Fala-nos Santos (2004), em sua rigorosa crtica ps-moderna, que a produo de inexistncias ,no se confunde com o ps-modernismo celebratrio - que, no satisfeito em fazer desaparecer as possibilidades de superao do atual estado de coisas, tambm insensibiliza os reais problemas a serem enfrentados. No este o ps-moderno que Boaventura de Sousa Santos propugna, mas aquele combativo, que substitui a razo moderna hegemnica, arrogante por difundir certezas inquestionveis por ela prpria; metonmica, posto que, como a figura de linguagem, ao invs de se perceber como parte, entre outras, de um todo, iguala-se falsamente totalidade e convence a todos da inexistncia das mltiplas racionalidades que tambm participariam da universalidade, se percebida em seu cosmopolitismo. Santos prope, precisamente, a racionalidade cosmopolita no lugar da arrogante e metonmica que tambm chama de prolptica, visto que cria uma fantasiosa ideia de um futuro pr-definido que superar necessariamente o presente, subestimando seu pluralismo, impondo-se quase que automaticamente sem que sequer precisemos pensar sobre ele em nossas experincias contemporneas (p.779-780). A ignorncia das formas de viver, produzir, agir, saber que no cabem na particular lgica moderna, bem como o descaso em se construir, paulatinamente, nas vivncias cotidianas, possibilidades de realizao de novas formas de interao social explicitam, para o socilogo portugus, uma severa indolncia ou preguia da razo moderna em fazer o que dela alguns poderiam esperar: pensar. Talvez, seja mais fcil omitir que o mundo muito mais do que se aprendeu na infncia quando este se resumia, em geral, a um pequeno nmero de pessoas que participavam da vida da criana. A ignorncia, porm, o paradoxo da cincia que se estabelecera para dar clareza queles que a procuravam almejando no sucumbir ao obscurantismo. , portanto, a meu ver, dever moral dizer aos cientistas do presente que lhes cabe a peculiar tarefa de compreender a construo da racionalidade moderna como homognea e totalitria, a fim de observar o quanto ela silenciou e invisibilizou, declarando a inexistncia de tudo que no via, no percebia, no conseguia traduzir, posto que se o fizesse se enxergaria em sua real dimenso: uma forma de conhecimento entre tantas, no a melhor, muito menos a nica. Os binmios modernos, como norte sul, ocidente e oriente, colonizador e colonizado, rico e pobre, cultura e natureza, homem e mulher so exemplos de uma razo preguiosa de exercitar o pensamento que tambm sensibilidade e sabedoria. A realidade bem mais complexa do que tais dicotomias. Cada um desses termos um inteiro que no se define exclusivamente na relao quele par eleito. A razo moderna dualista impede de se perceber a riqueza de cada singularidade como uma totalidade em si mesma que se relaciona e faz mediaes com inmeros outros; cada qual , tambm, um inteiro que projeta sobre a primeira uma luz diferente da seguinte, evidenciando aspectos invisveis se raciocinssemos apenas dicotomicamente. Lembro aqui de uma figura geomtrica de vrias faces que se combina com outras figuras tambm de incontveis faces a ponto de , numa vista panormica, deslumbrarmos tantos desenhos possveis que os pobres e estigmatizadores binmios da modernidade longe estariam de quaisquer das visualizaes criadas. Foi a racionalidade dualista e preguiosa da modernidade que inventou o oriente como a diferena em face do ocidente, como se isto pudesse explicar um ou outro. Tambm, o dualismo

  • 4

    produziu os esteretipos do norte e do sul, do branco e do negro, do homem e da mulher, quando cada realidade muito mais do que tais rtulos pretendiam descrever. Ao fim, as realidades eram desprezadas em razo da lgica que operava a inteligibilidade do mundo. A sociologia como disciplina nascida na lgica moderna assim trabalhou desde seus incios, produzindo inexistncias a cada tratado sociolgico. Nosso desafio, pois no apenas dos cientistas sociais latino-americanos ou do sul global ou mesmo, como Boaventura de Sousa Santos, do sul da Europa -, duvidar de algumas das categorias que a cincia moderna nos ensinou se quisermos ampliar nosso escopo de viso. Trata-se de enfrentar desafios epistemolgicos de monta ao invs de seguirmos a receita do bolo que dominamos at bem demais como bons alunos que soubemos ser da cincia, que nascida na Europa importamos para o chamado Terceiro Mundo. Duvidar do tempo linear o primeiro desafio espistemolgico para o socilogo contemporneo. Conceitos derivados deste, como progresso, revoluo, modernizao, desenvolvimento impediram a percepo das modernidades entrelaadas e das histrias partilhadas (RANDERIA apud. COSTA, 2006). No se deu a devida ateno s especificidades e sua atualidade, rotulando de primitivo, obsoleto, pr-moderno, selvagem, resduo aquilo que era e experincia viva e simultnea a qualquer outra que parta das repblicas europeias elogiadas por Kant. Resistir lgica da classificao social moderna outro imperativo desafio epistemolgico apontado por Santos. Aquela que hieraquizou racial e sexualmente gentes, povos, cosmologias, atribuindo carter natural a tal classificao, impossibilitando, pois, qualquer contestao (SANTOS, 2004, p.787-8). Problematizar a importncia da escala universal frente s escalas regionais, nacionais, qui, locais. Algo que ainda hoje faz com que os socilogos que produzem conhecimento sobre fenmenos globais estejam superestimados na relao com socilogos que estudam casos locais, por exemplo, de seu bairro ou rua. H um duplo perigo nesta lgica das escalas que d superioridade ao global sobre o local. O primeiro deles que todo global local e vice-versa, exceto se se considerar, etnocentricamente, uma cultura superior s demais ou, noutra perspectiva, se se imaginar algum local absolutamente protegido das ressonncias globais. Duas possibilidades descartadas. Enfrentar este desafio epistemolgico implicar, tambm, no mais ceder s adjetivaes como pensamento latino-americano, histria da cincia no Mxico, de um lado, de outro, teoria social e histria universal. O que se quer dizer que poderemos duvidar que qualquer etnia nacional ou continental possa ter privilgio sobre outras e seus conhecimentos no sejam to localizados quanto o so os produzidos ao sul do globo. Tambm grave continuar a fazer sociologia sem se opor lgica produtivista que, nascida na dimenso econmica, espraia-se a todos os setores de vida e faz com que, ao estud-los, os socilogos estejam cegos s vrias experincias sociais que no so definidas pelo quanto de riqueza ou lucro produzem ou, o que tambm uma forma de cegueira, adjetivem negativamente tudo aquilo que rejeita o ethos capitalista. Assim, sejamos capazes de fazer relatrios de pesquisa em que a resistncia ao capital no seja por ns tratada como atraso, incompetncia, ineficcia, esterelidade, pobreza, ignorncia. Em sua sociologia das ausncias, Boaventura de Sousa Santos (2004) postula uma abordagem epistemolgica capaz de estar sensvel complexidade do real, cuja leitura foi impossibilitada pela gramtica moderna que, conforme j dito, aquilo que no era capaz de traduzir dava como morto ou como beira da morte, quando no como algo a ser morto, infelizmente, em no poucos casos literalmente. Rever tudo que nos ltimos 200 anos fomos ensinados a no ter como objeto de estudo da sociologia precisamente o que nos importa hoje estudar. Se possvel, uma outra guinada epistemolgica h de ser dada na sociologia das ausncias: tratando-se tais lacunas, na maior parte das vezes, de obras humanas relegadas desumanizao, ento, no se trata sequer de t-las como

  • 5

    objeto de conhecimento mas como sujeito. O desafio epistemolgico se completa com a capacidade do socilogo interagir com as realidades que tiveram negadas sua existncia real. Santos tambm nos apresenta a sociologia das emergncias, pela qual dilata o presente e contrai o futuro a fim de que tambm ns, socilogos, ao invs de apostarmos numa utopia jamais alcanada e nos desolarmos, ao fim, por causa disso, possamos estar mais atentos s carncias cotidianas e fora que da nasce para supri-las. H, na realidade imediata, latncias, possibilidades, tendncias. A realidade no apenas formada pelo que existe e pelo que no existe. H aquilo que podemos nomear como ainda no existindo, porm real, em grmen. A sociologia das ausncias estuda o ainda no, as sementes e seu cultivo, as pragas e as resistncias, as metamorfoses e os recomeos. Nada para ela desprezvel. Sem criar fbulas, o desafio epistemolgico est tambm em no se recair no niilismo, to vazio como o triunfalismo das foras hegemnicas (SANTOS, 2004, p.797). Prope-se, assim, uma nova semntica das expectativas: As expectativas modernas eram grandiosas em abestracto, falsamente infinitas e universais. Justificaram, assim, e continuam a justificar a morte, a destruio e o desastre em nome de uma redeno vindoura [...]. As expectativas legitimadas pela sociologia das emergncias so contextuais porque medidas por possibilidades e capacidades concretas e radicais, e porque, no mbito dessas possibilidades e capacidades, reivindicam uma realizao forte que as defenda da frustrao. So essas expectativas que apontam para os novos caminhos da emancipao social, ou melhor, das emancipaes sociais (SANTOS, 2004, p.797-8). Boaventura de Sousa Santos tambm percebe como importante desafio epistemolgico aos socilogos, na mesma linha da recusa objetificao do outro, o delicado trabalho da traduo, sobretudo, quando os universos culturais do pesquisador e do pesquisado parecem muito distanciados. H vrios obstculos e um deles refere-se barreira lingustica, mas ela est longe de ser a mais difcil de ser enfrentada. H muitos silncios intraduzveis mas que precisam ser escutados tambm, conforme dissera Spivak (2010). H algo que se quer, porm, com o xito da traduo: ampliar o nmero de falantes que so ouvidos e que atuam, portanto, na construo do conhecimento. Tem-se como pressuposto a chance de que significados possam ser partilhados e prticas de justia social efetivamente globais porque diversas e democrticas possam ser exercitadas na perseguio de uma mais efetiva justia cognitiva num mundo que ainda lida com a crena no mesmo projeto moderno a fundar a colonialidade. A traduo requida como desafio epistemolgico aqui, chamamos de sociologia decolonial.

    2. Modernidade-Colonialidade-Decolonialidade H uma trade que comea por Memmi e o une a Csaire e a Fanon, cujas obras, quase simultneas, todas em lngua francesa, so tidas como fundadoras do ps-colonial. Albert Memmi (1920-) escritor e professor, nascido na Tunisia, de origem judaica escreveu Retrato do colonizado precedido de retrato do colonizador [1 Ed. 1947] (1977); Aim Csaire (1913-2008) poeta, negro, tambm nascido na Martinica lanou Discurso sobre o colonialismo [1. Ed. 1950] (2010); Frantz Fanon (1925-1961) psicanalista, negro, nascido na Martinica e revolucionrio do processo de libertao nacional da Arglia , sobretudo por Os condenados da terra [1. Ed. 1961] (2010). Soma-se a elas a obra Orientalismo [1. Ed.1978] (2007), de Edward Said (1935-2003), crtico literrio de origem palestina, intelectual e militante da causa, denunciando o Oriente como uma inveno do Ocidente no exerccio de dominao sobre o outro mediante o artifcio do esteretipo, sempre genaralista e, por isso, redutor, pejorativo e falso. Tais autores contribuiram de forma inegvel para a ampliao do escopo de viso, que aqui ainda trazemos como um desafio epistemolgico a ser abraado pela comunidade das cincias sociais. O enfrentamento de tamanho desafio j foi iniciado pelo grupo de estudiosos americanistas, oriundos da Amrica Latina e instalados nas universidades dos Estados Unidos, tomando a reimpresso do

  • 6

    clssico de Anbal Quijano, Colonialidad y modernidad-racionalidad, como o manifesto de inaugurao do Grupo Latino-americano de Estudos Subalternos, em clara referncia ao j existente Grupo Sul-Asitico dos Estudos Subalternos. Segundo Ballestrin (2013), o manifesto, originalmente publicado em 1993, na Revista Boundary, nmero 2, da Universidade de Duke, traduzido por Santiago Castro-Gomez para o espanhol, marcava um redirecionamento da crtica ps-colonial na Amrica Latina. O trabalho do Grupo de Estudos Subalternos, uma organizao interdisciplinar de intelectuais sul-asiticos dirigida por Ranajit Guha, inspirou-nos a fundar um projeto semelhante dedicado ao estudo do subalterno na Amrica Latina. O atual desmantelamento dos regimes autoritrios na Amrica Latina, o final do comunismo e o consequente deslocamento dos projetos revolucionrios, os processos de democratizao, as novas dinmicas criadas pelo efeito dos meios de comunicao de massa e a nova ordem econmica transnacional: todos esses so processos que convidam a buscar novas formas de pensar e de atuar politicamente. Por sua vez, a mudanca na redefinio das esferas poltica e cultural na Amrica Latina durante os anos recentes levou a vrios intelectuais da regio a revisar epistemologias previamente estabelecidas nas cincias sociais e humanidades. A tendncia geral para uma democratizao outorga prioridade a uma reconceitualizao do pluralismo e das condies de subalternidade no interior das sociedades plurais (GRUPO LATINO-AMERICANO DE ESTUDIOS SUBALTERNOS, 1998, p. 70 apud BALLESTRIN, 2013, p. 94).

    O reconhecimento da influncia dos estudos do grupo liderado pelo indiano Ranajit Guha ao realizar uma reconstruo historiogrfica que rompesse com as narrativas oficiais, a saber, dos colonizadores; antes deste, tambm, a marca deixada por guerrilheiros pensadores como Frantz Fanon, Fidel Castro, Che Guevara, Camilo Torres; ou por lideranas negras como Stockley Carmichael, Malcom X e Eldridge Cleaver; ou Amlcar Cabral, Agostinho Neto, Kwane NKrumah (GUIMARES, 2013, p.33), somaria-se filiao, linhagem do pensamento crtico latino-americano: A teologia da libertao desde os anos sessenta e setenta; os debates em filosofia e cincia social latino-americana sobre noes como filosofia da libertao e uma cincia social autnoma (ex: Enrique Dussel, Rodolfo Kusch, Orlando Fals Borda, Pablo Gonzles Casanova, Darcy Ribeiro); a teoria da dependncia; os debates em Amrica Latina sobre a modernidade e a ps-modernidade dos anos oitenta, seguidos das discusses sobre hibridez na antropologia, na comunicao e nos estudos culturais nos anos noventa; e, nos Estados Unidos, o grupo latino-americano dos estudos subalternos. O grupo da modernidade/colonialidade tem encontrado inspirao num amplo nmero de fontes, desde as teorias crticas europeias e norte-americanas da modernidade, at o grupo sul-asitico dos estudos subalternos, a teoria feminista chicana, a teoria ps-colonial e a filosofia africana; assim mesmo, muitos de seus membros tm operado numa perspectiva modificada de sistemas mundo. Sua principal fora orientadora, contudo, uma reflexo continuada sobre a realidade cultural e poltica latino-americana, incluindo o conhecimento subalternizado dos grupos explorados e oprimidos (ESCOBAR, 2003 apud. BALLESTRIN, 2013, p.99).

    Diversos nomes, como os j citados Anbal Quijano e Walter Mignolo, tambm, Fernando Coronil, Edgardo Lander, Oscar Guardiola, Freya Schiwy, Zulma Palermo e Santiago Castro-Gmez assumem o desafio epistemolgico do giro decolonial. Mignolo destaca que as teorias ps-coloniais das quais bebem no apenas Ranajit Guha, mas tambm Gayatri Spivak, Homi Bhabha e outros tericos indianos no poderiam ser to facilmente aplicadas no caso latino-americano, uma vez que, concordando com Vidal e Klor de Alva, seu locus de enunciao estavam nas ex-colnias do imperio britnico. Fazia-se, assim, imprescindvel que os intelectuais latino-americanos pudessem fundar sua especfica crtica ao ocidentalismo a partir da experincia histrica de seu prprio continente (BALLESTRIN, 2013, p.95). Como observa Jos Jorge de Carvalho (2013), em que pese a gerao dos latino-americanos no ter sido formada na prtica sistemtica da etnografia verificada nos estudos contemporneos alhures,

  • 7

    era ela bastante ciosa de que sua crtica remontava a processos de independncia poltica cujos incios no sculo XIX anteciparam, em muito, os movimentos de descolonizao nos outros continentes.

    O grupo decolonial se prope ainda como uma alternativa ao projeto terico dos Estudos Culturais, que, em suas inmeras verses, desde os anos 1980, tendia a uma nfase muito prxima ao que se chamou aqui de ps-moderno celebratrio, cujos objetos de estudo, como a mdia e as novas tecnologias do imaginrio, pareciam abandonar as categorias de classe, nao, gnero, tidas, para a modernidade-colonialidade-decolonialidade, como imprescindveis a uma crtica relevante das desigualdades econmicas e da injustia social vigente. Sobretudo, para Mignolo, os estudos ps-coloniais em geral no realizaram a ruptura necessria com o eurocentrismo na academia.

    Cabe, portanto, modernidade-colonialidade-decolonialidade ampliar e aprofundar a potente crtica do ps-colonial, fazendo emergir o pensamento liminar, que revela, enfim, uma gnosiologia poderosa emergente (MIGNOLO, 2003, p.35). O pensamento liminar ele uma enunciao fraturada em situaes dialgicas com a cosmologia territorial e hegemnica (p.11), como um novo medievalismo, abrange um mundo de histrias locais ao mesmo tempo em que suscita inditas articulaes da diferena cultural que tem a diversalidade como projeto universal (p.420). Seu especfico ps-colonial a constao da colonialidade moderna e de sua latente decolonialidade, se se lembrar da sociologia das emergncias de Boaventura de Sousa Santos. Para Mignolo: A ps-colonialidade tanto um discurso crtico que traz para o primeiro plano o lado colonial do sistema mundial moderno e a colonialidade do poder embutida na prpria modernidade, quanto um discurso que altera a proporo entre locais geoistricos (ou histrias locais) e a produo de conhecimentos. O reordenamento da geopoltica do conhecimento manifesta-se em duas direes diferentes mas complementares: 1. A crtica da subalternizao na perspectiva dos estudos subalternos; 2. A emergncia do pensamento liminar como uma nova modalidade epistemolgica na interseo da tradio ocidental e a diversidade das categorias suprimidas sob o ocidentalismo; o orientalismo (como objetificao do lcus do enunciado enquanto alteridade) e estudos de rea (como objetificao do Terceiro Mundo, enquanto produtor de culturas, mas no de saber). (MIGNOLO, 2003, p.136-7)

    O pensamento liminar mais que ps-colonial. A modernidade-colonialidade-decolonialidade quer destacar seu carter ps-ocidental i1 e anti-imperialista, fazendo meno ao fato de que, se no sculo XVI, missionrios espanhis violentaram a cultura dos povos amerndios, hoje, os Estados Unidos, ex-colnia britnica, transformaram-se no outro imperial (MIGNOLO, 2003, p.16). Uma sociologia ps-ocidental , pois, o que de fato nos desafia intelectualmente, como socilogos latino-americanos atentos aos novos movimentos sociais e tericos. Trata-se de contestar a nova ordem mundial mediante o empenho em remapear as culturas do conhecimento acadmico e os loci acadmicos de enunciao em funo dos quais se mapeou o mundo (p.418).

    Nosso desafio est em formular teorias a partir do chamado Terceiro Mundo, embora no sejam apenas para o Terceiro Mundo, como se se tratasse de uma contra-cultura brbara perante a qual a teorizao do Primeiro Mundo tem de reagir e acomodar-se (Mignolo, 2003, p.417). Uma sociologia no-colonizada no implica desejar o lugar do colonizador. Portanto, ao desafio da insubordinao soma-se o cuidado lembrado por Santos (2004) para que a razo aqui renovada, para ser efetivamente cosmopolita, seja antes modesta e prudente, coerente com um propsito de vida que o socilogo portugus chamou simplesmente de decente. Consideraes Finais

    1 O conceito do cubano Roberto Retamar que, em 1974, props o ps-ocidentalismo que o ajudaria a perseguir melhor algumas questes. Com este, a crtica ps-colonial que, em seus incios, no inclua as Amricas, as teria, agora, reunidas, assim como o Caribe, a frica do Norte e a frica subsaariana. Tambm, o ps-ocidentalismo contemplava desde o imprio espanhol aps o sculo 16 at a emergncia dos EUA. Cf. MIGLIEVICH-RIBEIRO, Pensamento Latino-Americano e Ps-Colonial: o dilogo possvel entre Darcy Ribeiro e Walter Mignolo, 2012.

  • 8

    A possibilidade de se fundar, nas terras amerndias, um projeto decolonial deve-se, em muito, como dizem seus intelectuais, ao desmantelamento dos regimes autoritrios na Amrica-Latina, ao ressurgimento dos processos de redemocratizao, tambm, ao final do comunismo e ao deslocamento dos projetos revolucionrios, no menos, s novas dinmicas criadas por efeito da mass media e nova ordem econmica mundial transnacional. Todos esses processos convocam a ns socilogos a buscar novas formas de pensar e de atuar politicamente.

    De Weber a Huntington, povos no europeus ou que no se enxergaram como seus equivalentes foram estigmatizados como pr-modernos, fundamentalistas, tradicionais. A inveno do binmio modernidade-tradio dava ao primeiro termo primazia e superioridade sobre o segundo. Conforme tivemos chance de dizer, a lgica dual da racionalidade moderna , ela mesma, falsificadora da realidade, posto que redutora: no so os modernos apenas modernos nem so os tradicionais somente tradicionais. Na prtica, porm, valiam as classificaes reducionistas e mortificadoras com as quais contribui fortemente a cincia moderna. No de outro assunto nos falava Anbal Quijano (2010) ao descrever a colonialidade do poder, a colonialidade do ser e a colonialidade do saber, que, em consonncia com o que j se explicou, difere do colonialismo por no se prender a uma experincia histrica datada, mas espraiar-se contemporaneamente noutras dimenses. A colonialidade comea quando o outro classificado pelo detentor do poder como subalterno, havendo o paradigma moderno eleito a ideia de raa como especial elemento articulador da dominao e hierarquizao entre pessoas, povos e sociedades, privilegiando o branco-europeu em detrimento do amplo contingente de ndios, negros e mestios que habitavam o mundo, que nada tinha de novo. A colonialidade do saber da derivada confinou os conhecimentos e saberes exteriores ao modelo newtoniano de racionalidade cientfica, inexistncia, isto , ao silenciamento e invisibilidade. Todas as dimenses da vida, tais quais o trabalho, o gnero, a sexualidade, a intersubjetividade, foram do mesmo modo violadas por no se moldarem pelos critrios eurocntricos. Se dissermos que a prtica sociolgica nada tem a ver com esta histria de mortificaes, nem ontem nem hoje, j fizemos a opo pelo paradigma moderno que, dentre outras arbitrrias cises, provocou a fratura entre cincia, experincia, sabedoria, por que no dizer, entre razo e sensibilidade, entre conhecimento e ao. Assim, podemos confortvel nos colocarmos acima da realidade numa pretensa neutralidade que, uma vez insustentvel, revela, sim, nossas opes poltico-ideolgicas a favor da manuteno de um status quo incompatvel com os valores da dignidade humana. Noutro sentido, podemos ousar e propor uma agenda de pesquisas disposta a comtemplar temas como o papel das novas tecnologias, as polticas de propriedade intelectual (desde os saberes orais aos intelectuais indgenas), os propsitos do desenvolvimento, dentre outros. No basta, porm, identificar uma pauta de pesquisa; necessria, antes, a descolonizao epistmica mediante o investimento numa hermenutica pluritpica ii, que supera a atual hierarquia dos centros produtores/receptores de conhecimento e estabelece a simetria dos saberes. Se no ouvirmos, como aprendizes de fato, o que o outro nos diz e no sabamos at ento, numa referncia clara quebra de hierarquia entre conhecimentos acadmicos e no acadmicos, no poderemos, tambm, reivindicar, como docentes e pesquisadores, que a produo intelectual realizada quer em espanhol ou portugus seja lida e respeitada nos centros hegemnicos. Uma das consequncias negativas da geopoltica do conhecimento impedir que o conhecimento se gere a partir de outras fontes, que beba noutras guas. [...] Como vou pensar a partir dos zapatistas ou de Fanon que produziram conhecimentos baseados em outras histrias: a histria da escravido negra no Atlntico e a histria da colonizao europeia sobre os indgenas nas Amricas? Outra consequncia da geopoltica do conhecimento que se publicam e traduzem precisamente aqueles nomes cujos trabalhos contm e reproduzem o conhecimento geopoltico marcado. Quem conhece na Amrica Latina o intelectual e ativista Osage, Vine Deloria Jr.? Quantos em Amrica Latina tomaram Frantz

  • 9

    Fanon como lder intelectual em vez de Jacques Derrida ou Jrgen Habermas? (MIGNOLO, entrevista concedida a WALSH, 2002, p. 20). Ser que falamos de uma utopia? Caso sim, seria tudo que Boaventura de Sousa Santos (2004) tentou evitar em seu conhecimento prudente para uma vida decente. Mas, se observarmos que cada professor capaz de transformar sua sala de aula numa roda de conversa instigante e fecunda com seus alunos, cada pesquisador em campo produz conhecimento na dialogia com o sujeito com quem aprende aspectos inditos da realidade. Cada congressista aqui, mais do que ler seu paper, espera aprender com a exposio alheia, pensar junto, e, ao voltar para casa, retomar o estado da arte de sua reflexo para, quem sabe, critic-la, rev-la, dar-lhe seguimento, sabendo-a necessariamente intersubjetiva. Ento, no cabe falarmos em utopia, longnqua, inatingvel, mas em expectativas possveis desde o momento em que algum comea a pratic-las.

    i O conceito do cubano Roberto Retamar que, em 1974, props o ps-ocidentalismo que o ajudaria a perseguir melhor algumas questes. Com este, a crtica ps-colonial que, em seus incios, no inclua as Amricas, as teria, agora, reunidas, assim como o Caribe, a frica do Norte e a frica subsaariana. Tambm, o ps-ocidentalismo contemplava desde o imprio espanhol aps o sculo 16 at a emergncia dos EUA. Cf. MIGLIEVICH-RIBEIRO, Pensamento Latino-Americano e Ps-Colonial: o dilogo possvel entre Darcy Ribeiro e Walter Mignolo, 2012. ii Hermenutica pluritpica, para Mignolo, e hermenutica diatpica para Boaventura Santos renovam a hermenutica de Gadamer, cientes de seus limites. A conscincia pluritpica aquela que, dada sua condio de subalternidade, conhece a si prpria e conhece a ordem social imposta, de maneira que capaz de combinar simultaneamente saberes, prticas e valores chamados de seus e os que derivam da ao colonial. A hermenutica pluritpica exercida na versatilidade da dupla inscrio, que permite o conhecimento pelos colonizados da forma como neles impressa a colonizao epistmica. Por sua vez, Boaventura de Sousa Santos prope uma hermenutica diatpica, que se sustenta na noo de isonomia cultural, a se realizar no empenho do dilogo entre esferas culturais muito diversas, capaz de se insurgir contra a prevalncia ocidental-norte-eurocntrica. Cf. BORSANI, 2011.

    Referncias Bibliogrficas

    COSTA, Srgio. (2006). Desprovincializando a sociologia: a contribuio ps-colonial. Revista Brasileira de Cincias Sociais - vol. 21 n. 60, p. 117- 134.

    BALLESTRIN, Luciana. (2013). Amrica latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Cincia Poltica, n11. Braslia, maio - agosto, p. 89-117.

    BORSANI, Mara Eugenia. (2011). Hermenuticas para un pensar geo-situado, o derivas de la hermenutica en Latinoamrica. II Jornadas Internacionales de Hermenutica, Buenos Aires, 6, 7 y 8 de julio.

    CARVALHO, Jos Jorge. (2013). O olhar etnogrfico e a voz subalterna: para uma teoria da subalternidade e do luto cultural. In: ALMEIDA; MIGLIEVICH-RIBEIRO; TOLLER GOMES (Org.). Crtica ps-colonial. Panorama de leituras contemporneas. Rio de Janeiro: Faperj/7Letras, p. 55-99.

    CSAIRE, Aim. (2010). Discurso sobre o colonialismo, 1. ed. 1950. Blumenau, SC: Letras Contemporneas.

  • 10

    FANON, Frantz. (2010). Os condenados da terra, 1. ed. 1961. Juiz de Fora: Editora UFJF.

    GUIMARES, Antonio Srgio Alfredo. (2013). A recepo de Fanon no Brasil e a identidade negra. In: ALMEIDA; MIGLIEVICH-RIBEIRO; TOLLER GOMES (Org.). Crtica ps-colonial. Panorama de leituras contemporneas. Rio de Janeiro: Faperj/7Letras, p. 33-54.

    MEMMI, Albert. (1977). Retrato do colonizado precedido de retrato do colonizador, 1 ed. 1947. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

    MIGLIEVICH-RIBEIRO, Adelia Maria. (2012). Pensamento Latino-Americano e Ps-Colonial: o dilogo possvel entre Darcy Ribeiro e Walter Mignolo. 36 Encontro Anual da Anpocs.Trabalho apresentado no GT26 - Pensamento social latino-americano. guas de Lindoia (SP), p. 1-25.

    MIGNOLO, Walter. (2004). Os esplendores e as misrias da cincia: colonialidade, geopoltica do conhecimento e pluri-versalidade epistmica. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente. Um discurso sobre as Cincias revisitado. So Paulo: Cortez, p. 667-709.

    ______. Histrias locais/projetos globais. (2003). Colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG.

    QUIJANO, Anbal. (2010). Colonialidade do poder e classificao social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa & MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do sul. So Paulo: Cortez, p. 84-130.

    SAID, Edward. (2007). Orientalismo. O Oriente como inveno do Ocidente, 1. Ed. 1978. So Paulo: Cia das Letras.

    SANTOS, Boaventura de Sousa. (2000). A crtica da razo indolente. Contra o desperdcio da experincia. Para um novo senso comum. A cincia, o direito e a poltica na transio paradigmtica. So Paulo: Cortez.

    ______. (2004). Para uma sociologia das ausncias e uma sociologia das emergncias. In: ______ (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente. Um discurso sobre as Cincias revisitado. So Paulo: Cortez, p. 777-821.

    SPIVAK, Gayatri. (2010). Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG.

    WALSH, Catherine. (2002). Las geopolticas de conocimiento y colonialidad del poder. Entrevista a Walter Mignolo. In: CASTRO-GMEZ et al.. Indisciplinar ls cincias sociales. Geopolticas del conocimiento y colonialidad Del poder. Perspectivas desde lo andino. Quito: Universidad Andina Simon Bolivar Ecuador; Abya-Yala, p. 17-44.