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    Uma comunidadeem misso

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    O

    Deus elevou a penitncia dignidade de Sacramento

    s espritos celestes reunidos junto ao tro-no de Deus na origem dos tempos no

    tinham diante de si outra perspectiva seno

    a de perseverar sem declnio ou prevaricarsem remdio. Num instante eles se decidirame num instante tambm foi fixado seu destino,

    pois em tal estado impossvel a penitncia.De outro lado, entretanto, pode Deus con-

    ceber um plano menos absoluto e menos seve-ro, pondo a criatura em condies de aspirarlegitimamente reparao de suas faltas.

    Ento, a penitncia se torna uma exign-cia da ordem transtornada, nico meio derestabelecer a paz entre Deus e sua criatu-ra, e, conforme a comparao feita por SoToms, remdio indispensvel que opera navida espiritual como a medicina corporal noorganismo de um doente em perigo de morte.Nesse estado se encontra a humanidade. O

    Batismo nos engendra para a vida da gra-a; a Confirmao a aumenta e aperfeioa; aEucaristia nos alimenta. Isso seria perfeita-

    mente suficiente se no estivssemos expostosa funestos acidentes que secam ou diminuema seiva divina em nossas almas, comprome-tendo nossa salvao eterna. Sem esses aci-dentes, a penitncia no teria razo de ser,

    pois sua finalidade repar-los.A isso nos inclina a natureza racional, diz

    So Toms (Suma Teolgica. III, q.84, a.7).

    Mas, para suprir suas impotncias na ordememinente dentro da qual foi ela posta, e tam-bm para estabelecer uma continuidade noadmirvel paralelismo que harmoniza nossasduas vidas, Deus elevou a penitncia digni-dade de Sacramento.

    Pe. Jacques-Marie-Louis Monsabr, OPConferncias em Notre Dame de Paris

    Confessionrios da Igreja

    de Nossa Senhora daCandelria, Rio de Janeiro G

    ustav

    oKra

    lj

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    A luz primordial

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34

    Voc sabia que...

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40

    A palavra dos Pastores

    O que , pois, a Igreja?

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

    Aconteceu na Igreja e

    no mundo

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

    Histria para crianas...

    So Jos havia entendido...

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46

    Os santos decada dia

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48

    Alios ego vidi ventos...

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50

    Prncipe, jovem e santo

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30

    Arautos no mundo

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26

    Entre Deus e os homens...

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24

    A Cavalaria de Maria

    Uma comunidade religiosa

    em misso permanente

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    Comentrio ao Evangelho

    Elevado a alturas

    inimaginveis...

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

    A voz do Papa

    O Sacramento da

    Confirmao

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

    So Jos: o Patriarca (Editorial) . . . . . . . . . . .5

    Escrevem os leitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4

    SumriORevista mensal dos

    Associao privada internacional defiis de direito pontifcio

    Ano XIII, n 147, Maro 2014

    ISSN 1982-3193

    Publicada por:Associao Arautos do Evangelho do Brasil

    CNPJ: 03.988.329/0001-09www.arautos.org.br

    Diretor Responsvel:Pe. Pedro Paulo de Figueiredo, EP

    Conselho de Redao:Guy Gabriel de Ridder; Juliane Vasconcelos A.

    Campos, EP; Luis Alberto BlancoCorts; Ir. Mariana Morazzani Arriz, EP;

    Severiano Antonio de Oliveira

    AdministraoRua Bento Arruda, 89

    02460-100 - So Paulo - [email protected]

    Assinatura Anual:Comum R$ 123,60Colaborador R$ 240,00Benfeitor R$ 372,00Patrocinador R$ 510,00Exemplar avulso R$ 10,80

    Assinatura por internet:www.revista.arautos.org.br

    SERVIODEATENDIMENTOAOASSINANTE: (11) 2971-9050(NOSDIASTEIS, DE8 A17:00H)

    Montagem:Equipe de artes grficas dos Arautos do Evangelho

    Impresso e acabamento:Diviso Grfica da Editora Abril S/A.

    Av. Otaviano Alves de Lima, 4.400 - 02909-900 - SP

    A revista Arautos do Evangelho impressa em papel

    certificado FSC, produzido a partir de fontes responsveis

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    4 Arautos do EvangelhoMaro 2014

    ESCREVEMOSLEITORES

    ENFOQUECRISTOCNTRICOEMARIANO

    Parece-me muito interessan-te esta Revista, sobretudo os seusestudos teolgicos e os temas comos quais fazem esta evangelizao,bem como todo o enfoque cristo-cntrico e mariano de cada um deseus artigos. Chamou-me muito aateno oEditoralda edio de ja-neiro: Buscar Deus, a nica solu-o!.

    Sou consagrada e professora deReligio. Trabalho no setor muni-cipalizado, onde h muitas crian-as carentes, residentes em zonas demuita pobreza, lugar de grande mis-so para levar at elas Nosso Senhore sua Me Santssima, a Virgem Ma-ria. Gosto muito do que fao. Ape-sar de ter alunos de vrios credos,todos eles so muito respeitosos

    e querem aprender. Peo ao BomDeus e nossa Me do Cu que osabenoe por to grande e belo apos-tolado.

    Irm Iris Villamn VenegasConcepcin Chile

    AJUDOU-MEACRESCERESPIRITUALMENTE

    Considero esta Revista um ex-celente meio para evangelizar eaprender sobre todas as coisas deDeus, da espiritualidade e da obrados Arautos do Evangelho em to-do o mundo. Uma vez aberta, di-fcil deixar de v-la e de aprofun-dar em cada tema.

    Minhas sees preferidas soa da explicao do Evangelho eArautos no Mundo. A primeira,porque nos d um ponto de vistadiferente daquele que temos co-

    mumente, com uma aplicabilida-de imediata em nossa vida e emnosso apostolado; a segunda, por-que tomamos conhecimento de su-as atividades em outros lugares, asquais podemos imitar em nossascidades.

    At a seoHistr ia para crian-as... ou adultos cheios de f? nosserve para a catequese, inclusivede nossos companheiros de tra-balho e de nossa famlia. A Revis-ta me ajudou a crescer espiritual-mente, em minha vida pessoal e

    familiar.Luis Alfonso Franco Si lva

    Bogot Colmbia

    DEUMFRANCISCANOESPANHOL

    Em primeiro lugar, agradeopor esta Revista to bela e to im-portante. Tanto os artigos quantoas fotos me encantam e creio quepodem fazer muito bem a todos osseus leitores.

    Sou religioso franciscano e, de-

    vido minha avanada idade, es-tou dispensado de todos os encar-gos. Mas depois de ler a Revis-ta inteira, no convento, deixo-a naigreja para que as pessoas possamlev-la para casa, e assim fao al-gum apostolado.

    Frei Honorato Ibez Lpez, OFMAlcorcn Espanha

    SERENIDADEECONFORTODEESPRITO

    H vrios anos sou agracia-do com esta obra de evangeliza-o em meu lar: a revista Arautosdo Evangelho. Em minha residn-cia lemos todas as suas pginas,que nos trazem serenidade, con-forto de esprito, clareza nos co-nhecimentos, e despertam em nos-sos coraes a graa de Deus, nos-so Pai e Senhor.

    Parabns, e agradeo de todo ocorao pelo timo trabalho e de-sempenho que cada um da equipede redao vem fazendo nesta bels-sima Revista.

    Paulo Antnio OliniVrzea Grande MT

    LEIOEMEDITOCOMPRAZER

    Retribuo de corao os votos deNatal e agradeo-lhes pelo envio darevistaArautos do Evangelhoa cadams. Revista muito bela, que leio emedito com muito interesse e pra-zer.

    Ela me duplamente cara, poisme faz recordar trs jornalistasdessa Associao que tivemos co-mo hspedes em meados do anopassado. Sua presena foi para nsum maravilhoso testemunho. Portodos e por cada um rezo ao Se-nhor para que possam ser um sinalluminoso do amor de Cristo nestemundo.

    Madre Vittoria e Instituto das Irmsda ReparaoRoma Itlia

    APROFUNDARNAVIDADOSSANTOS

    Agradeo o envio de vossa Revis-ta. Ela fonte de verdadeira sabe-doria, o alimento de nossa f e denossa esperana.

    Esta Revista muito importan-

    te na minha famlia, pois nos ajudaa viver o Ano Litrgico. E por cau-sa dele temos tido a curiosidade denos aprofundar no conhecimentoda vida dos Santos, o que muitas ve-zes acontece com a ajuda da Revis-ta. Agradeo a vossa catequese naminha famlia.

    Pedro ngeloFunchal Portugal

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    Maro2014

    Umacomuni

    dade

    emmisso

    F

    Maro 2014Arautos do Evangelho 5

    Editorial

    Aspecto da MissoMariana realiza-da pela Cavalariade Maria em Pom-

    peia (SP)

    Foto: Sergio Cspedes

    SOJOS: OPATRIARCA

    orte e esguia, elevando-se sobre a extensa paisagem qual vigilante senti-nela, seus alicerces parecem aferrar-se rocha enquanto o cimo atingeo cu. As nuvens, suas inseparveis companheiras, formam-lhe ao redor

    uma graciosa coroa e vm acentuar o impondervel de mistrio que a circunda.Robusta mole de pedra, indiferente ao sopro dos ventos, mais do que cantar um

    passado de luta, parece apontar para um futuro de glria, luz e esplendor... Tal aimpresso que uma torre solitria causa ao esprito, sugerindo reflexes variadase ricas de simbolismo.

    No panorama da Histria, almas h que, como esta torre, emergem comum carter nico, incomparvel, superior. Sua estatura de tal modo excede aocomum dos homens, que seu vrtice conserva-se velado pelas brumas da igno-rncia dos que as rodeiam.

    Assim sucedeu ao longo dos tempos com a pessoa de So Jos. Figuraisolada, pouco se conhece de sua vida, e os Evangelhos sequer registramalguma de suas palavras. Entretanto, ele o tipo do Santo que ultrapassade modo admirvel as propores humanas. Baste-nos recordar que a pr-pria Maria Santssima, ao nome-lo diante de Jesus, deu-lhe o doce ttulode teu pai (Lc 2, 48).

    Ora, chamar Jos de pai no teria maior relevncia, e at poderia parecercorriqueiro primeira vista, se no nos detivssemos a considerar quem es-se Filho: o prprio Verbo de Deus, Onipotente e Infinito, que, ao encarnar-Sede modo inefvel no seio da Virgem, o escolheu para ser seu pai legal e o cus-tdio de Maria.

    Segundo a lei judaica, pertencia a So Jos o fruto de sua esposa virginal,e lhe competia dar o nome criana. Foi, assim, ao longo de 30 anos efetiva-mente o chefe da Sagrada Famlia.

    Ante tal sublimidade, torna-se necessrio dar-lhe o lugar que lhe devidoe, por isso, cabe aos sculos futuros rasgar as nvoas que ocultam a magnitude

    da alma de So Jos e a excelsitude do encargo por ele recebido.As vocaes mpares, como por excelncia a do Pai de Jesus, so feitaspara as grandes esperas e as grandes realizaes. Temos, portanto, a certezade ter sido So Jos criado com vistas a agir de modo especialssimo no prel-dio de uma nova era histrica, difcil de se imaginar, mas to sublime que sen-timos sua ponta tocar no Cu.

    Mais clara ficar, entretanto, a grandeza dessa era se voltarmos nossosolhos para So Jos e compreendermos que foi ele destinado a possuir incon-tveis filhos e filhas. Sim, a est o segredo por onde ele deve reinar: o Pai deJesus, chefe da Sagrada Famlia, ser o Patriarca da Histria!

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    O Sacramento

    da Confrmao

    N

    6 Arautos do EvangelhoMaro 2014

    A VOZDOPAPA

    Quando acolhemos o Esprito Santo no nosso corao e O deixamos agir, o prprioCristo que Se torna presente em ns e adquire forma na nossa vida.

    esta terceira cateque-

    se sobre os Sacramen-tos, meditemos sobre aConfirmao ou Cris-

    ma, que deve ser entendida em con-tinuidade com o Batismo, ao qual elaest vinculada de modo inseparvel.Estes dois Sacramentos, juntamentecom a Eucaristia, formam um nicoacontecimento salvfico, que se deno-mina iniciao crist, no qual somosinseridos em Jesus Cristo morto e res-suscitado, tornando-nos novas criatu-ras e membros da Igreja.

    Eis por que motivo, na origemdestes trs Sacramentos, eram cele-brados num nico momento, no finaldo caminho catecumenal, normal-mente na Viglia Pascal. Era assimque se selava o percurso de forma-o e de insero gradual no seio dacomunidade crist, que podia durarat alguns anos. Procedia-se passoa passo para chegar ao Batismo, de-

    pois Crisma e enfim Eucaristia.Nos d fora para difundire defender a F

    Em geral, fala-se de Sacramentoda Crisma, palavra que significa un-o. E com efeito atravs do leo,chamado Crisma sagrado, ns so-mos confirmados no poder do Esp-rito, em Jesus Cristo, o nico verda-deiro Ungido, o Messias, o Santo de

    Deus. Alm disso, o termo Confir-

    mao recorda-nos que este Sacra-mento contribui com um aumentoda graa batismal: une-nos mais so-lidamente a Cristo; leva a cumpri-mento o nosso vnculo com a Igreja;infunde em ns uma especial for-a do Esprito Santo para difundir edefender a F, para confessar o no-me de Cristo e para nunca nos en-vergonharmos da sua Cruz (cf. Cate-cismo da Igreja Catlica, n.1303).

    Por isso, importante pres-tar ateno a fim de que as nossascrianas, os nossos jovens recebameste Sacramento. Todos ns presta-mos ateno para que eles sejam ba-tizados, e isto bom, mas talvez nonos preocupemos muito a fim deque recebam a Crisma. Deste mo-do, eles permanecero a meio cami-nho e no recebero o Esprito San-to, que muito importante na vidacrist, porque nos concede a fora

    para ir em frente.Pensemos um pouco nisto, ca-da um de ns: preocupamo-nos ver-dadeiramente para que as nossascrianas, os nossos jovens recebama Crisma? Isto importante, im-portante! E se vs, em casa, tendescrianas e jovens que ainda no a re-ceberam, e que j esto na idade dea receber, fazei todo o possvel paraque levem a cumprimento a inicia-

    o crist e recebam a fora do Esp-

    rito Santo. importante!Naturalmente, necessrio ofe-

    recer aos crismandos uma boa pre-parao, que deve ter em vista lev--los a uma adeso pessoal f emCristo e despertar neles o sentido dapertena Igreja.

    Infunde em ns os donsdo Esprito Santo

    Como cada Sacramento, a Confir-mao no obra dos homens, masde Deus, que cuida da nossa vida,de maneira a plasmar-nos imagemdo seu Filho, para nos tornar capa-zes de amar como Ele. E f-lo infun-dindo em ns o seu Esprito Santo,cuja ao permeia cada pessoa e a vi-da inteira, como transparece nos setedons que a Tradio, luz da SagradaEscritura, sempre evidenciou.

    Eis os sete dons: no quero per-guntar-vos se vos recordais quais so

    os sete dons. Talvez todos vs sai-bais... Mas cito-os em vosso nome.Quais so estes dons? A sabedoria, ainteligncia, o conselho, a fortaleza, acincia, a piedade e o temor de Deus.E estes dons so concedidos precisa-mente atravs do Esprito Santo noSacramento da Confirmao. Almdisso, a estes dons tenciono dedicaras catequeses que se seguiro s re-servadas aos Sacramentos.

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    Vocaes, testemunho da verdade

    N

    Maro 2014Arautos do Evangelho 7

    Quando acolhemos o EspritoSanto no nosso corao e deixamosque Ele aja, o prprio Cristo que Setorna presente em ns e adquire for-ma na nossa vida; atravs de ns serEle, o prprio Cristo, que rezar, per-doar, infundir esperana e consola-o, servir os irmos, estar prximodos necessitados e dos ltimos, que

    criar comunho e semear paz. Pen-sai como isto importante: median-te o Esprito Santo, o prprio Cristoque vem para fazer tudo isto no meiode ns e por ns. Por isso, importan-te que as crianas e os jovens recebamo Sacramento da Crisma.

    Estimados irmos e irms, recor-demo-nos que recebemos a Confir-

    mao. Todos ns! Recordemo-loantes de tudo para dar graas ao Se-nhor por esta ddiva e, alm disso,para Lhe pedir que nos ajude a vivercomo cristos autnticos e a cami-nhar sempre com alegria segundo oEsprito Santo que nos foi concedido.

    Audincia Geral, 29/1/2014

    Quanto mais soubermos unir-nos a Jesus, tanto mais h de crescer em ns a alegriade colaborar com Deus no servio do Reino. E a colheita ser grande.

    arra o Evangelho que Jesuspercorria as cidades e as aldeias[...]. Contemplando a multido, en-cheu-Se de compaixo por ela, poisestava cansada e abatida, como ove-lhas sem pastor. Disse, ento, aos seusdiscpulos: A messe grande, mas ostrabalhadores so poucos. Rogai, por-tanto, ao Senhor da messe que en-vie trabalhadores para a sua messe(Mt 9, 35-38).

    Gratido por um amor que

    sempre nos precedeEstas palavras causam-nos sur-

    presa, porque todos sabemos que,primeiro, preciso lavrar, semear ecultivar, para depois, no tempo devi-do, se poder ceifar uma messe gran-de. Jesus, ao invs, afirma que amesse grande. Quem trabalhoupara que houvesse tal resultado? Aresposta uma s: Deus. Evidente-

    mente, o campo de que fala Jesus a humanidade, somos ns. E a aoeficaz, que causa de muito fruto,deve-se graa de Deus, comu-nho com Ele (cf. Jo 15, 5). Assim aorao, que Jesus pede Igreja, re-laciona-se com o pedido de aumen-tar o nmero daqueles que esto aoservio do seu Reino.

    So Paulo, que foi um destes co-laboradores de Deus, trabalhou

    Como cada Sacramento, a Confirmao no obra dos homens, mas de Deus, que cuida da nossa vida

    Francisco percorre a Praa de So Pedro durante a Audincia Geral de 29/1/2014

    LOsserva

    tore

    Romano

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    8 Arautos do EvangelhoMaro 2014

    incansavelmente pela causa doEvangelho e da Igreja. Com a cons-cincia de quem experimentou, pes-soalmente, como a vontade salvfi-ca de Deus imperscrutvel e comoa iniciativa da graa est na origem

    de toda a vocao, o Apstolo re-corda aos cristos de Corinto: Vssois o seu [de Deus] terreno de cul-tivo (I Cor 3, 9). Por isso, do ntimodo nosso corao, brota, primeiro,a admirao por uma messe grandeque s Deus pode conceder; depois,a gratido por um amor que semprenos precede; e, por fim, a adoraopela obra realizada por Ele, que re-quer a nossa livre adeso para agircom Ele e por Ele. [...]

    A vocao exige sair de simesmo e centrar-se em Cristo

    Embora na pluralidade das es-tradas, toda a vocao exige sempreum xodo de si mesmo para centrara prpria existncia em Cristo e noseu Evangelho. Quer na vida conju-gal, quer nas formas de consagraoreligiosa, quer ainda na vida sacer-dotal, necessrio superar os mo-dos de pensar e de agir que no es-to conformes com a vontade deDeus. um xodo que nos levapor um caminho de adorao ao Se-nhor e de servio a Ele nos irmose nas irms (Discurso Unio In-ternacional das Superioras Gerais,8/5/2013). Por isso, todos somos cha-mados a adorar Cristo no ntimo dosnossos coraes (cf. I Pd 3, 15), paranos deixarmos alcanar pelo impul-so da graa contido na semente da

    Palavra, que deve crescer em ns etransformar-se em servio concretoao prximo.

    No devemos ter medo: Deusacompanha, com paixo e percia,a obra sada das suas mos, em ca-da estao da vida. Ele nunca nosabandona! Tem a peito a realizaodo seu projeto sobre ns, mas pre-tende consegui-lo contando com anossa adeso e a nossa colabora-

    o. Tambm hoje Jesus vive e ca-minha nas nossas realidades da vi-da ordinria, para Se aproximar detodos, a comear pelos ltimos, enos curar das nossas enfermidadese doenas.

    Nenhuma vocao nasce por si,nem vive para si

    Dirijo-me agora queles que es-to dispostos justamente a pr-se escuta da voz de Cristo, que res-soa na Igreja, para compreende-rem qual possa ser a sua vocao.Convido-vos a ouvir e seguir Jesus,a deixar-vos transformar interior-mente pelas suas palavras que soesprito e so vida (Jo 6, 63). Ma-

    ria, Me de Jesus e nossa, repe-te tambm a ns: Fazei o que Elevos disser! (Jo 2, 5). Far-vos- bemparticipar, confiadamente, num ca-minho comunitrio que saiba des-pertar em vs e ao vosso redor asmelhores energias.

    A vocao um fruto que ama-durece no terreno bem cultivado doamor de uns aos outros que se fazservio recproco, no contexto dumavida eclesial autntica. Nenhuma vo-cao nasce por si, nem vive para si.A vocao brota do corao de Deuse germina na terra boa do povo fiel,na experincia do amor fraterno.Porventura no disse Jesus que poristo que todos conhecero que soismeus discpulos: se vos amardes unsaos outros (Jo 13, 35)?

    Abrir o corao a grandes ideais

    Amados irmos e irms, viver es-

    ta medida alta da vida crist or-dinria (Novo millennio ineunte,n.31) significa, por vezes, ir contraa corrente e implica encontrar tam-bm obstculos, fora e dentro dens. O prprio Jesus nos adverte:muitas vezes a boa semente da Pa-lavra de Deus roubada pelo malig-no, bloqueada pelas tribulaes, su-focada por preocupaes e seduesmundanas (cf. Mt 13, 19-22). Todas

    estas dificuldades poder-nos-iamdesanimar, fazendo-nos optar porcaminhos aparentemente mais c-modos. Mas a verdadeira alegria doschamados consiste em crer e expe-rimentar que o Senhor fiel e, com

    Ele, podemos caminhar, ser discpu-los e testemunhas do amor de Deus,abrir o corao a grandes ideais, acoisas grandes. Ns, cristos, nosomos escolhidos pelo Senhor pa-ra coisas pequenas; ide sempre maisalm, rumo s coisas grandes. Jo-gai a vida por grandes ideais! (Ho-milia na Missa para os crismandos,28/04/2013).

    A vs, Bispos, sacerdotes, religio-sos, comunidades e famlias crists,

    peo que orienteis a pastoral voca-cional nesta direo, acompanhan-do os jovens por percursos de san-tidade que, sendo pessoais, exigemuma verdadeira e prpria pedago-gia da santidade, capaz de se adap-tar ao ritmo dos indivduos; deverintegrar as riquezas da proposta lan-ada a todos com as formas tradicio-nais de ajuda pessoal e de grupo e asformas mais recentes oferecidas pe-las associaes e movimentos reco-nhecidos pela Igreja (Novo millen-nio ineunte, n.31).

    Disponhamos, pois, o nosso co-rao para que seja boa terra afim de ouvir, acolher e viver a Pa-lavra e, assim, dar fruto. Quantomais soubermos unir-nos a Jesuspela orao, a Sagrada Escritura,a Eucaristia, os Sacramentos cele-brados e vividos na Igreja, pela fra-ternidade vivida, tanto mais h de

    crescer em ns a alegria de colabo-rar com Deus no servio do Reinode misericrdia e verdade, de justi-a e paz. E a colheita ser grande,proporcional graa que tivermossabido, com docilidade, acolher emns.

    Excertos da Mensagem para o

    51 Dia Mundial de Orao

    pelas Vocaes, 15/1/2014

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    Defendei a prpria identidade

    D

    Maro 2014Arautos do Evangelho 9

    Todos os direitos sobre os documentos pontifcios esto reservados Libreria Editrice Vaticana.

    A ntegra dos documentos acima pode ser encontrada em www.vatican.va

    a identidade que caracteriza a Uni-versidade e o seu servio Igreja e sociedade norte-americana.

    Na minha recente ExortaoApostlica sobre a alegria do Evan-gelho pus em evidncia a dimensomissionria do discipulado cristo,

    que tem necessidade de se tornarevidente na vida das pessoas e notrabalho de cada uma das institui-es eclesiais. Este empenhamen-to a favor de um discipulado mis-sionrio deveria ser entendido demaneira totalmente especial nasUniversidades catlicas (cf. Evan-gelii gaudium, n.132-134) que, pelasua prpria natureza, esto compro-metidas em demonstrar a harmoniaexistente entre f e razo, pondo emevidncia a relevncia da mensagemcrist para uma existncia humanavivida em plenitude e autenticidade.

    A este propsito, essencial umtestemunho intrpido das Universi-

    dades catlicas a respeito do ensina-mento moral da Igreja e da defesada liberdade de fomentar tais ensi-namentos, enquanto eles so procla-mados com autoridade pelo magis-trio dos Pastores, precisamente nase atravs das instituies de forma-

    o da Igreja.Formulo votos a fim de que a

    Universidade Notre Dame continuea oferecer o seu testemunho indis-pensvel e inequvoco deste aspectoda identidade catlica fundamentalque lhe prpria, de maneira par-ticular perante as tentativas, de on-de quer que provenham, de a diluir.E isto importante: a prpria iden-tidade, como foi desejada desde osprimrdios. Defend-la, conserv-lae lev-la a progredir!

    Excerto do discurso aos membros

    da Universidade Catlica

    Notre Dame, 30/1/2014

    essencial um testemunho intrpido das universidades catlicas a respeito doensinamento moral da Igreja e da defesa da liberdade de fomentar tais ensinamentos.

    esde a sua fundao, a Universi-dade Notre Dame ofereceu uma

    contribuio notvel para a Igreja novosso pas, mediante o seu compro-misso no campo da educao religio-sa dos jovens e no ensino de um saberinspirado pela confiana na harmonia

    entre f e razo, na busca da verdadee da retido. Consciente da importn-cia especial do apostolado para a no-va evangelizao, desejo manifestar aminha gratido pelo empenhamentoque a Universidade Notre Dame de-monstrou ao longo dos anos, ajudan-do e fortalecendo o ensino catliconas escolas elementares e secundriasnos Estados Unidos.

    A inspirao que orientou o sa-cerdote Edward Sorin e os primei-ros religiosos da Congregao daSanta Cruz na instituio da Uni-versidade Notre Dame du Lac per-manece fulcral, nas circunstnciastransformadas do sculo XXI, para

    Francisco e os membros da Universidade Catlica Notre Dame Sala Clementina, ao fim da audincia, 30/1/2014

    LOsserva

    tore

    Romano

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    10 Arautos do EvangelhoMaro 2014

    a EVANGELHOA16

    Jac gerou Jos, o esposo de Maria, daqual nasceu Jesus, que chamado o Cristo.18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria,sua Me, estava prometida em casamento aJos, e, antes de viverem juntos, Ela ficougrvida pela ao do Esprito Santo. 19Jo-s, seu marido, era justo e, no querendodenunci-La, resolveu abandonar Maria emsegredo. 20 Enquanto Jos pensava nisso, eis

    que o Anjo do Senhor apareceu-lhe, em so-nho, e lhe disse: Jos, Filho de Davi, no te-nhas medo de receber Maria como tua espo-sa, porque Ela concebeu pela ao do Espri-to Santo. 21Ela dar luz um Filho, e tu Lhedars o nome de Jesus, pois Ele vai salvar oseu povo dos seus pecados. 24a Quando acor-dou, Jos fez conforme o Anjo do Senhorhavia mandado (Mt 1, 16.18-21.24a).

    So Jos - Casa-Me dosArautos do Evangelho,So Paulo

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    Elevado a alturasinimaginveis...

    Maro 2014Arautos do Evangelho 11

    COMENTRIOAOEVANGELHO- SOLENIDADEDESOJOS

    Esposo de Maria, pai virginal de Jesus e Patriarcada Igreja. Estes trs ttulos, glorioso apangio deSo Jos, proclamam a grandeza de sua misso e aelevao de dons com os quais sua alma foi adornadapela Divina Providncia.

    No seriacompreensveque o

    Homem-Deucolocasse

    junto a Si,

    como paiadotivo,uma pessoaapagada,

    sem brilho

    Mons. Joo Scognamiglio Cl Dias, EP

    I UMSANTOINSUFICIENTEMENTEVENERADO

    Figura mpar, exaltada pela Igreja junto coma de Maria, nunca ser suficiente louvar So Jo-s, tal a quantidade de maravilhas e privilgioscom que aprouve a Deus cumul-lo. Infelizmen-te este glorioso Patriarca muitas vezes esque-cido, sendo seu culto menor do que mereceria.Encontramos uma explicao para isso no des-vio ocorrido nos primeiros tempos do Cristia-nismo com relao devoo a Nossa Senhora.Com efeito, os fiis admiravam tanto a grande-za dEla que alguns chegaram a reverenci-La

    como se fosse uma deusa.1

    Ensina So Toms de Aquino2que toda situ-ao intermediria, considerada a partir de umdos extremos, se parece com o oposto. E foi oque se deu com o culto Santssima Virgem,pois, analisada a partir de nossa condio decriaturas concebidas no pecado original, Ela pa-rece mais perto de Deus do que de ns. A Igre-ja evitou esse erro mantendo certos limites nasdemonstraes de piedade mariana. S no scu-lo IV declarou o dogma da maternidade divina,

    definindo a participao relativa de Maria noplano da unio hiposttica, o mais alto grau detoda a ordem da criao, e deixou passar lon-gos sculos para, afinal, proclamar sua Concei-o Imaculada. Foi preciso, no incio, fixar aadorao a Nosso Senhor Jesus Cristo para de-pois estimular o amor Me de Deus, ao sabordos ritmos divinos soprados pelo Esprito San-to. Com relao a So Jos, no parece ser ou-tra a razo. Talvez Nosso Senhor tenha queridoque certos aspectos desse varo permaneces-sem ocultos para impedir que, exageradamenteenaltecidos, viessem a ofuscar a figura de Cris-

    to, pois as atenes deviam estar todas voltadaspara Ele.No compreensvel, entretanto, que sen-

    do Jesus o Homem-Deus, nascido de uma MeImaculada, colocasse junto a Si, como pai ado-tivo, uma pessoa apagada, sem brilho. Portan-to, se durante vinte sculos So Jos permaneceescondido e retirado, de se esperar que estejachegando a hora em que a teologia explicite ver-dades novas a seu respeito, pelas quais se torneconhecido, com exatido e nas suas mincias,

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    12 Arautos do EvangelhoMaro 2014

    Apesar dasinmerasinfidelidades,Deus nodeps do tronoa linhagem

    de Davi e amanteve ato ltimo elo

    seu papel na Sagrada Famlia e a categoria desua elevao enquanto esposo de Maria, pai deJesus e Patriarca da Santa Igreja.

    Confirmarei sua realeza

    Na primeira leitura desta Solenidade, ex-

    trada do Segundo Livro de Samuel, a Igrejaaplica a So Jos e, sobretudo, a Jesus Cristoas palavras dirigidas pelo Senhor a Davi, pe-la boca do profeta Nat. Uma vez garantida aestabilidade de seu trono, Davi tinha grandeempenho em edificar um templo para Deus,pois se sentia insatisfeito pelo fato de possuirpara si um bom palcio, quando para o cultodivino e a custdia da Arca da Aliana aindano existia um recinto altura. Por isso, coma bno divina, ele comeou a fazer planos, areunir material para as obras e preciosos ele-

    mentos de ornamentao. Certo dia, o profetaNat lhe fez saber que no seria ele quem le-vantaria a morada para Deus, mas um de seusfilhos: Assim fala o Senhor: Quando chegaro fim dos teus dias e repousares com teus pais,ento, suscitarei, depois de ti, um filho teu, econfirmarei a sua realeza. Ser ele que cons-truir uma casa para o meu nome, e eu firma-rei para sempre o seu trono real. Eu serei paraele um pai e ele ser para Mim um filho. Tuacasa e teu reino sero estveis para sempre

    diante de Mim, e teu trono ser firme parasempre (II Sm 7, 5a.12-14a.16).

    No h movimento mais forte na alma de ummonarca do que o desejo da continuidade desua dinastia no governo do reino aps sua mor-te. Sem dvida, tal era o anelo de Davi, o qual

    qui nem ousasse formular o pedido, julgando--o atrevido, a ponto de ofender a Deus. Mas Elemesmo, tomando a iniciativa, lhe anunciou queiria estabelecer sua casa e confirmar nela a rea-leza, significando que no aconteceria sua es-tirpe algo anlogo de Saul, primeiro soberanode Israel, que perdeu a dignidade real devido aseus mltiplos pecados (cf. I Sm 15, 23).

    Ao analisarmos esta leitura, poderamos in-correr no erro de concluir que todos os descen-dentes de Davi foram perfeitos A realidadehistrica, contudo, demonstra que houve in-

    meras infidelidades. Apesar disso, Deus no de-ps do trono sua linhagem e a manteve at o l-timo elo, Aquele que ligou a estabilidade dessereino eternidade, conforme sublinha o Sal-mo Responsorial: Eis que a sua descendnciadurar eternamente (Sl 88, 37). Jos faz par-te desta genealogia, junto com Maria Santssi-ma, para dar origem a Nosso Senhor Jesus Cris-to, realizando a promessa feita ao Rei-Profeta.A este pensamento, porm, poder-se-ia alegaro fato de no ser ele o verdadeiro pai de Jesus,j que no prestou concurso humano para suaconcepo.

    O vnculo espiritual supera o de sangue

    Ora, a perenidade de uma descendncia nopode estar baseada na consanguinidade, mas,sim, em algum fundamento divino que a tor-ne eterna, ou seja, na graa. So Paulo sublimaainda mais esta ideia, na Epstola aos Romanos(4, 13.16-18.22), contemplada nesta Liturgia,lembrando as palavras de Deus a Abrao: Eufiz de ti pai de muitos povos (Rm 4, 17a).

    Abrao pater multarum gentium pai de mui-tos povos, no respeitante f e no raa. Exis-te, portanto, um nvel superior ao natural, aohumano, uma famlia constituda pela f e nopelo sangue. Insiste o Apstolo: Ele pai dian-te de Deus, porque creu em Deus que vivifica osmortos e faz existir o que antes no existia. Con-tra toda a humana esperana, ele firmou-se naesperana e na f. Assim, tornou-se pai de mui-tos povos, conforme lhe fora dito: Assim ser atua posteridade. Esta sua atitude de f lhe foi

    O Rei Davi - Predela do retbulo deSo Joo e Santa Catarina, Catedral de Santa Maria,

    Sigenza (Espanha)

    Serg

    ioHo

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    Jos conheciaa fundo Marie acreditavamais nacastidade de

    sua esposa do

    que naquiloque seusolhos viam

    creditada como justia (Rm 4, 17b-18.22). EmSo Jos, por ser descendente de Davi, se cum-prem todas as promessas da Aliana. Ele paide Jesus pela f herdada de Abrao e por ele le-vada perfeio. O vnculo existente entre ele eo Redentor uma relao de f.

    II A REALIZAODAMAIORMISSODAHISTRIA

    Tendo j considerado em outra ocasio oEvangelho escolhido para a Liturgia desta So-lenidade, em sua primeira opo,3o analisare-mos agora, de forma breve, a fim de extrairmosdele ensinamentos teis para crescer na devo-o a So Jos.

    Uma posio de humildade e admirao

    16 Jac gerou Jos, o esposo de Ma-ria, da qual nasceu Jesus, que chama-do o Cristo. 18A origem de Jesus Cristofoi assim: Maria, sua Me, estava pro-metida em casamento a Jos, e, antes deviverem juntos, Ela ficou grvida pelaao do Esprito Santo. 19Jos, seu ma-rido, era justo e, no querendo denun-ci-La, resolveu abandonar Maria emsegredo.

    A narrao de So Mateus ressalta o acimadito, pois mostra o quanto So Jos era ntegroe homem de f inquebrantvel diante das maio-res dificuldades. Em sua alma no cabia nenhu-ma febricitao, exemplo para um mundo noqual se cultua a agitao e a trepidao. Comefeito, na vida dos santos tudo transcorre calmae serenamente, ainda em meio provao. Equando so atingidos por dramas, refletem, to-mam uma deciso e continuam em frente, semperder a paz.

    Jos era justo, e quando viu Maria em pe-rodo de gestao no levantou qualquer sus-peita em relao pureza dEla, pois A conhe-cia a fundo e acreditava mais na castidade desua esposa do que naquilo que seus olhos viam,mais na graa do que na natureza.4No entan-to, amante e cumpridor da Lei como se re-flete em outros episdios do Evangelho , via--se ele obrigado a repudi-La em pblico ou emprivado, ou a denunci-La, entregando morteAquela de cuja inocncia tinha plena convico.

    Poderia, pelo contrrio, ret-La consigo, abs-tendo-se de acus-La, e assumir a criana co-mo sua, mas tal opo tambm no lhe agrada-va considerando-se indigno de sucesso to altoe extraordinrio.5Assim, no compreendendo oque nEla se realizava, logo adotou uma posturade humildade e de inferioridade: entregou tudonas mos de Deus, aceitou a humilhao e deli-berou retirar-se ocultamente, antes que se ma-nifestasse o acontecido, como a dizer: Dominenon sum dignus.

    Ests altura!20 Enquanto Jos pensava nisso, eis que

    o Anjo do Senhor apareceu-lhe, em so-nho, e lhe disse: Jos, Filho de Davi,no tenhas medo de receber Maria co-mo tua esposa, porque Ela concebeu pe-la ao do Esprito Santo.

    J determinado a partir, transido de dor, re-cebeu de um Anjo a revelao: o fruto de MariaSantssima era o prprio Deus feito Homem, eEla seria Me sem deixar de ser Virgem! Quan-to a ele, diferentemente do que pensava, estava,

    O sonho de So JosCatedral de Santo Andr, Asola (Itlia)

    Franc

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    Lecaros

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    A partir domomento emque ambos seuniram, SoJos tornou--se senhor deMaria e, em

    consequncia,de todo ofruto dEla

    sim, altura de sua celestial esposa, tornando--se um dos primeiros a conhecer o mistrio sa-grado da Encarnao do Verbo.

    Sers pai do Menino21 Ela dar luz um Filho, e tu lhe da-rs o nome de Jesus, pois Ele vai salvaro seu povo dos seus pecados.

    difcil conceber qual foi a consolao e oarrebatamento de So Jos ao saber-se liga-do a esse mistrio e ao ouvir do Anjo o ann-cio de que cabia a ele, por ser o Patriarca e osenhor da casa, dar o nome ao Menino. Da mes-ma forma que na gerao eterna da SegundaPessoa da Santssima Trindade o nome foi pos-

    to por Deus Pai, ao cham-Lo de Salvador pois Jesus significaaquele que salva , Jos Lheassinalaria tambm a misso com relao a seunascimento temporal, assumindo, por especialconcesso divina, um papel humano paraleloao do Padre Eterno. A esse propsito, comen-ta o piedoso padre Isidoro de Isolano: cos-tume que os pais sejam os que tenham autorida-de para dar o nome a seus filhos. E como Jesusera o Filho de Deus, So Jos fez nisto as ve-zes do Pai celeste. Quando os prncipes so ba-

    tizados oportunidade na qual os cristos doo nome a seus filhos , quem, seno outro rei,embaixador ou alto personagem, costuma fazeras vezes dos pais na atribuio do nome? Poisem circunstncia semelhante ningum pareceuto grato ao Pai celeste, to digno e to precla-

    ro, como So Jos.6

    Deste modo, cumpria-seem plenitude a profecia de que o Messias seriaFilho de Davi, e o seria tanto por parte do paiquanto da Me.7

    24a Quando acordou, Jos fez conformeo Anjo do Senhor havia mandado.

    Jos, obediente, recebeu Maria e passou a vi-ver com Ela numa atmosfera de paz e tranquili-dade, na expectativa do nascimento do MeninoJesus, sem, todavia, comentar nada do ocorrido,

    pelo enorme respeito que Lhe devotava. Massabia que o esperado pelos profetas, o Ema-nuel, o Cristo viera morar em sua casa e ele po-dia ador-Lo, desde ento, realmente presenteno tabernculo das entranhas purssimas de suavirginal esposa.

    III GRANDEZADESOJOSLUZDOEVANGELHO

    Nestes breves versculos torna-se patente oquanto So Jos pai legal de Nosso Senhor,pois o santo Patriarca exerceu de fato esse en-cargo, a ponto de, no Evangelho de So Lucas,Maria mencionar Jos como sendo pai de Jesus,ao encontr-Lo no Templo: Eis que teu pai eEu andvamos tua procura, cheios de aflio(Lc 2, 48).

    Com efeito, o matrimnio realizado entreNossa Senhora e So Jos foi inteiramente vli-do, segundo a Lei. E como todo casamento, porser um contrato bilateral, dependia da anunciade ambos. tambm uma verdade admitida por

    todos os Padres e telogos que tanto Maria co-mo Jos estiveram vinculados a um voto de vir-gindade. Decerto, Ela lhe ter comunicado essepropsito que fizera e ele o aceitou, pois tambmter feito o mesmo voto, pelo que os dois concor-daram em mant-lo dentro do matrimnio. Por-tanto, Ela foi Virgem com o conhecimento e oconsentimento de seu esposo, ficando ligados delivre e espontnea vontade a esse compromisso.

    Como sabemos, segundo a Lei antiga o varotornava-se dono de sua esposa, de modo que a

    Casamento de Maria e Jos - Capela de Notre Damede Bon Secours, Montreal (Canad)

    Frano

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    mulher israelita costumava chamar seu mari-do com os termosbaal amo e adn se-nhor, como faziam os escravos com seu donoe o sdito com seu rei.8A partir do momen-to em que ambos se uniram, So Jos tornou-sesenhor de Maria e, em consequncia, senhor de

    todo o fruto dEla. So Francisco de Sales expli-ca esta situao por meio de uma bela alegoria:Se uma pomba [...] leva em seu bico uma tma-ra e a deixa cair num jardim, no diramos quea palmeira que vier a nascer pertence quele dequem o jardim? Ora, se isto assim, quem po-der duvidar que o Esprito Santo, tendo dei-xado cair essa divina tmara, como uma divinapomba, no jardim encerrado e fechado da San-tssima Virgem (jardim selado e rodeado por to-dos os lados pelas cercas do santo voto de vir-gindade e castidade toda imaculada), a qual

    pertencia ao glorioso So Jos, como a mulherou esposa pertence ao esposo, quem duvidar,digo, ou quem poder dizer que essa divina pal-meira, cujos frutos alimentam para a imortali-dade, no pertence ao grande So Jos?.9

    Para a Encarnao era indispensvel NossaSenhora conceber dentro das aparncias de umcasamento humano, a fim de no criar uma si-tuao incompreensvel, que dificultasse a mis-so do Messias. Logo, a gestao de Jesus noseio de Maria Santssima tinha em Jos o seloda legalidade, de forma a garantir que o Me-nino viesse ao mundo emcondies de normalida-de familiar, a fim de ope-rar a Redeno da huma-nidade.

    O fiat de So Jos

    Esta prerrogativa deSo Jos, da paternida-de legal do Menino, bri-lha ainda com maior ful-

    gor quando constatamosque, sendo seu o fruto deMaria, ele poderia ter re-cusado o convite do Anjono sonho, mas no o fez.Desse modo, paralela-mente ao Fiat!de Nos-sa Senhora em resposta aSo Gabriel no momentoda Anunciao, tambmele pronunciou outro fiat

    sublime, ao aceitar, pela f, ser pai adotivo deNosso Senhor Jesus Cristo.

    Uma vez que ele consentiu em manter o es-tado de virgindade e aceitou o mistrio da con-cepo do Menino Jesus em Maria, So Josdeve ser considerado, ademais, pai virginal do

    Redentor, pois teve uma grande ligao com aEncarnao, embora extrnseca. Ele foi neces-srio para que houvesse a unio hiposttica, efoi vontade de Deus que tambm participassedesta ordem hiposttica, de forma extrnseca,moral e mediata.10

    Um esposo altura de Nossa Senhora

    Feitas essas consideraes, lembremo-nosde outro princpio enunciado por So Toms deAquino: Aqueles que foram eleitos por Deuspara alguma coisa, Ele os prepara e dispe de

    modo que sejam idneos para desempenhar amisso.11 De fato, desde toda a eternidade,So Jos esteve na mente de Deus com a voca-o de ser chefe da Sagrada Famlia e para talfoi criado. Como diz a Orao do Dia da SantaMissa desta Solenidade, a ele foram confiadasas primcias da Igreja.12E teve sob sua cust-dia estas primcias, que foram o Menino Jesuse Nossa Senhora. Devemos concluir, ento, queSo Jos recebeu graas especficas para estar altura de sua misso de esposo e guardio deMaria Santssima, bem como de pai legal e atri-

    budo de Jesus Cristo, ouseja, pai de Deus.

    Modelo de humildade

    Entretanto, o que trans-parece acerca da perso-nalidade de So Jos nosEvangelhos? No cons-ta que fosse falador, espa-lhafatoso ou demasiadocomunicativo. Pelo con-

    trrio, semelhana deMaria, Jos destacava-sepela seriedade, recato edespretenso. Certamen-te seguia uma rotina comhoras marcadas para todosos seus deveres e uma apli-cao ao trabalho notvelpela constncia.

    Eis um exemplo doquanto Deus ama essas

    So Jos - Vitral da Catedral

    de Notre Dame, Paris

    So Josrecebeu graaespecficas

    para estar altura de

    sua missode pai legal e

    atribudo deJesus Cristo,ou seja, paide Deus

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    Ao abandonaresta vida,os olhos deSo Jos seabriram paraa eternidade

    e viram Jesussorridente

    virtudes e escolhe para as grandes misses osque as praticam. Para conviver com Jesus e pro-teger todo o ambiente no qual Ele habitaria, afim de realizar a mais alta obra de toda a Hist-ria da criao, a Providncia preferiu dois, umadama e um varo, que fossem recolhidos, apa-

    gados e humildes...So Jos, patrono da confianae da boa morte

    So Jos tambm um impressionante mo-delo da virtude da confiana. Ele aceitou todasas incertezas que sua misso acarretava co-mo constatamos, por exemplo, no episdio dafuga para o Egito (cf. Mt 2, 14) , pois de sesupor que, com relao ao atendimento das ne-cessidades materiais e concretas da vida, a Pro-vidncia no interviesse de forma direta, e dei-

    xasse essa responsabilidade aos cuidados dele.Portanto, era ele que tinha de garantir o sus-tento da Sagrada Famlia. A ele se aplica, demaneira especial, a belssima frase empregadamais tarde por Nosso Senhor para indicar a ra-zo do prmio a ser dado aos justos, no fim domundo: tive fome e me destes de comer; tivesede e me destes de beber; era peregrino e meacolhestes; nu e me vestistes (Mt 25, 35-36).

    Do mesmo modo que Nossa Senhora rece-beu a revelao dos padecimentos que o Salva-dor deveria sofrer na Terra para operar a Re-deno, sem dvida, tambm So Jos teve

    noo do que ia acontecer e assumiu todos osdramas e dores de Jesus e de Maria. Inflama-do de amor por Jesus, seu grande desejo era decontinuar neste mundo para proteger sua espo-sa virginal em todas as circunstncias. Deus, po-rm, resolveu lev-lo antes de Jesus iniciar sua

    vida pblica. Qui porque ele no tolerariapresenciar todas as perseguies e tormentos daPaixo, e, enquanto varo, teria de manifestarseu desacordo com o plano da morte de Cristo etomar a defesa dEle. Faria isso com tal mpetode zelo que talvez impossibilitasse que a Paixochegasse a seu termo.

    Ao abandonar esta vida, So Jos morreunos braos de seu Divino Filho. Seus olhos apa-garam-se para a contemplao de Deus-Ho-mem no tempo e, abrindo-se para a eternidade,viram Jesus sorridente, que o deixou no Limbo

    dos Justos, para ser colhido no dia em que Eledescerrasse as portas do Cu.

    Em corpo e alma na glria do Cu

    So Francisco de Sales sustenta a tese de quequando Cristo ressuscitou, So Jos tambm re-cuperou seu corpo para entrar no Paraso juntocom as almas de todos os justos que nesse mo-mento foram libertadas do Limbo e alcanarama viso beatfica. E se verdade, o que deve-mos acreditar, que em virtude do SantssimoSacramento que recebemos nossos corpos res-suscitaro no dia do Juzo, como poderamosduvidar que Nosso Senhor tenha feito subir aoCu, em corpo e alma, o glorioso So Jos queteve a honra e a graa de lev-Lo em seus ben-ditos braos, nos quais Nosso Senhor tanto secomprazia?.13

    Em favor disso argumentam ainda outros san-tos e doutores,14apoiando-se na estreita intimida-de que uniu a Sagrada Famlia aqui na Terra. SeJesus e Maria subiram em corpo glorioso ao Cu,no compreensvel que no esteja l tambm

    So Jos, pois o prprio Nosso Senhor afirmou:No separe o homem o que Deus uniu (Mt 19,6; Mc 10, 9). Por conseguinte, segundo uma for-te corrente teolgica, dado que esta unio que-rida por Deus, h trs pessoas em corpo e almana bem-aventurana eterna, antes mesmo da res-surreio final no ltimo dia: Nosso Senhor JesusCristo, Nossa Senhora e So Jos.

    Ao considerarmos, admirados, a figura de SoJos e a elevao inimaginvel de sua vocao a ponto de ser impossvel cogitar outra mais

    Morte de So Jos - Igreja Abacial de SantoAustremonio, Issoire (Frana)

    Martia

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    Essa relaoentre Filho e

    pai se mantmna eternidadede modo que

    Nosso Senhoratende com

    particularbenevolnciaaos pedidos

    feitos porSo Jos

    alta , vemos que ele est to acima da nossacondio que o julgamos na mesma proporo deMaria. Cabe, pois, perguntar: acaso foi ele con-cebido sem pecado original? At hoje o Magist-rio da Igreja no afirmou o contrrio de maneiradefinitiva, razo pela qual podem ser feitas con-

    sideraes teolgicas favorveis a tal hiptese.

    IV ACORRAMOSASOJOS!

    Ante os horizontes grandiosos que a contem-plao amorosa da figura de So Jos nos des-cortina, podemos centrar agora nossa atenoem sua misso de Patriarca da Igreja e prote-tor de toda a ao dela. Qual essa ao? Dis-tribuir as graas como administradora dos Sa-cramentos, que tornam efetivo o desgnio desalvao de Cristo. A Igreja, no seu nascedou-

    ro, reduzia-se a Jesus e a Maria, que obedeciama So Jos como Patriarca e chefe da SagradaFamlia. Essa relao entre Filho e pai se man-tm na eternidade, de modo que Nosso Senhoratende com particular benevolncia aos pedidosfeitos por So Jos.

    Em nossos dias encontramo-nos em uma si-tuao de decadncia moral terrvel, talvez piordo que aquela na qual viviam os homens quandoNosso Senhor Jesus Cristo Se encarnou e So Jo-s recebeu as primcias da Igreja em suas mos.O mundo inteiro est imerso no neopaganismo;os crimes e abominaes que se cometem hojeso, s vezes, piores que os da Antiguidade. Mastal como nos seus primrdios a Igreja propagou

    Sagrada Famlia - Catedral de So Martinho,Colmar (Frana)

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    a Boa-nova do Evangelho e deu incio a uma erade graas purificadoras e santificadoras da socie-dade, tambm podemos ter a certeza firme e ina-balvel de que ela triunfar sobre o mal em nos-sos dias. Por isso, a Solenidade de So Jos odia especialssimo para abrir nossos coraes devoo a este to grande Santo, na certeza desermos bem conduzidos, bem tratados e bemamparados. E valendo-nos de seu poderoso au-xlio, devemos pedir-lhe, enquanto Patriarca daIgreja, que intervenha nos acontecimentos, ob-tendo de Jesus a renovao da face da Terra.

    1 Cf. ALASTRUEY, Gregorio. Tra-tado de la Virgen Santsima. 4.ed.Madrid: BAC, 1956, p.841.

    2 Cf. SO TOMS DE AQUINO.Suma Teolgica. I, q.50, a.1, ad 1.

    3 Cf. CL DIAS, EP, Joo Scogna-miglio. Dois silncios que mu-daram a Histria. In:Arautosdo Evangelho. So Paulo. N.108(Dez., 2010); p.10-17. Para a se-gunda opo de Evangelho paraesta Solenidade (Lc 2, 41-51a),e tambm comentado pelo Au-tor, ver: Como encontrar Jesusna aridez? In:Arautos do Evan-gelho. So Paulo. N.96 (Dez.,2009); p.10-17.

    4AUTOR INCERTO. Opus imper-fectum in Matthum.Hom.I, c.1:MG 56, 633.

    5 Cf. SO TOMS DE AQUINO.In IV Sent. D.30, q.2, a.2, ad 5.

    6 DE ISOLANO, OP, Isidoro. Su-ma de los dones de San Jos. II,c.11. In: LLAMERA, OP, Boni-facio. Teologa de San Jos. Ma-drid: BAC, 1953, p.484-485.

    7 Cf. SO TOMS DE AQUINO.Suma Teolgica. III, q.31, a.2.

    8 TUYA, OP, Manuel de; SALGUE-RO, OP, Jos.Introduccin a laBiblia. Madrid: BAC, 1967, v.II,p.316.

    9 SO FRANCISCO DE SALES.Entretien XIX. Sur les vertus deSaint Joseph. In: uvres Com-pltes. Opuscules de spiritualit.Entretiens spirituels. 2.ed. Paris:Louis Vivs, 1862, t.III, p.541.

    10 Cf. LLAMERA, op. cit., p.129-139.11 SO TOMS DE AQUINO. Su-

    ma Teolgica. III, q.27, a.4.12 SOLENIDADE DE SO JO-

    S. Orao do Dia. In: MISSALROMANO. Trad. Portuguesa da2a. edio tpica para o Brasil re-alizada e publicada pela CNBB

    com acrscimos aprovados pelaS Apostlica. 9.ed. So Paulo:Paulus, 2004, p.563.

    13 SO FRANCISCO DE SALES,op. cit., p.546.

    14 Cf. SO BERNARDINO DE SE-NA. Sermones de Sanctis. DeSancto Ioseph Sponso Beat Vir-ginis. Sermo I, a.3. In: SermonesEximii.Veneza: Andre Poletti,1745, t.IV, p.235; DE ISOLANO,op. cit., IV, c.3, p.629-630.

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    Uma comunidade religiosa

    em misso permanente

    C

    18 Arautos do EvangelhoMaro 2014

    CAVALARIADEMARIA

    ada poca histrica apre-senta desafios ao zelo e criatividade do apsto-lo, com novas possibilida-

    des de atuao e novas dificuldades aenfrentar. E um dos grandes desafiospara a Igreja, no Brasil atual, o dereaproximar o enorme nmero de ca-tlicos que se afastaram da prtica re-ligiosa, deixando vazias tantas igrejas.Como reverter tal situao?

    Com esse objetivo, inspirou a Di-

    vina Providncia a criao, no seioda Associao Privada de Fiis deDireito Pontifcio Arautos do Evan-gelho, de uma unidade itineranteque sai procura das ovelhas disper-sas: a Cavalaria de Maria, institudaem 2002 por Mons. Joo Scognami-glio Cl Dias. Trata-se de um con-junto de missionrios que percor-rem o Brasil de norte a sul, no emfogosos corcis, como os cavaleiros

    de outrora, mas utilizando moder-nos meios de locomoo.

    Conduzem a imagem do Imacula-do Corao de Maria de casa em ca-sa literalmente por vales e montes,com chuva ou bom tempo e trans-mitem a todos uma mensagem dealento e de esperana no auxlio dagraa divina para a soluo de todosos problemas espirituais e materiais.

    Como se desenvolve essa ativida-de? E como a vida cotidiana des-

    ses missionrios?Vida comunitria emcada parquia

    Duas caractersticas principaismarcam as atividades apostlicasdessa comunidade itinerante. A pri-meira que a Misso Mariana sem-pre se realiza a pedido do proco.E o seu maior ou menor sucessodepende em grande parte do zelo e

    do entusiasmo desse sacerdote, queacaba influenciando todos os fiis.H muitos casos em que o procofez questo de acompanhar os arau-tos durante todo o tempo da misso,em geral, uma semana.

    Entretanto, por muito intensasque sejam suas atividades evangeli-zadoras, os integrantes da Cavalariade Maria jamais abandonam a vidacomunitria, adaptada, claro, scircunstncias. De manh assistem

    Santa Missa, celebrada por um sa-cerdote arauto, e recitam em con-junto, ante o Santssimo Sacramen-to exposto, a Liturgia das Horas e oRosrio.

    Por vezes tambm o proco par-ticipa desses atos de vida comunit-ria e recebe graas especiais. A Ca-valaria de Maria salvou a vocaode um padre! confidenciou umdeles, emocionado. E outro comen-

    Thiago de Oliveira Geraldo

    Ouve-se de repente uma msica e surge na esquina uma belaimagem de Nossa Senhora, conduzida de casa em casa pelosArautos do Evangelho. a Cavalaria de Maria! Mais de 250 cidadesbrasileiras j presenciaram essa cena...

    Fo

    tos:

    Cava

    laria

    de

    Maria

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    Maro 2014Arautos do Evangelho 19

    tou: Pelo exemplo dado, inclusivepelos arautos mais jovens, de se con-

    fessarem toda semana, passei a imi-t-los e estimulo outros padres a fa-zerem o mesmo.

    Como se desenvolve umaMisso Mariana?

    As Misses Marianas costumamdurar uma semana. O incio sem-pre impactante. A imagem de Nos-sa Senhora entra na cidade precedi-da por uma animada carreata, com

    rojes e msica. Essa recepo fes-tiva atrai os paroquianos para a ma-

    triz, onde celebrada a Eucaristiade abertura da misso e se anunciaque todos sero visitados ao longoda semana.

    Nos dias subsequentes, os missio-nrios percorrem as ruas da par-quia, de casa em casa. Quem queirareceber de portas e corao abertosa imagem da Me de Deus, aten-dido. E quantas vezes isso se d emmomentos de extrema aflio!

    Entre centenas de casos comove-dores, veja-se este, ocorrido numa ci-

    dade paulista. Uma jovem que ia serme, tomara a desesperada resolu-o de pr fim sua vida justamenteno dia em que os Arautos bateram porta de sua casa. Ao fitar o expressi-vo olhar da imagem, ela sentiu NossaSenhora dizer-lhe no fundo do cora-o: No faa isso! No faa isso!.Tal foi a fora da graa recebida, queela passou o dia acompanhando aimagem pelas casas do bairro. A par-

    Alguns aspectos da vida diria da Cavalaria de Maria em diversas cidades do Brasil

    Paulo Afonso (BA)

    Cascavel (PR)

    Adamantina (SP) Sororoca (MA)

    Salvador (BA)

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    20 Arautos do EvangelhoMaro 2014

    tir da, tudo mudou em sua vida. Elatornou-se coordenadora de um gru-po do Oratrio. E meses depois, deu sua filhinha recm-nascida o nomede Ftima, em homenagem celes-tial Protetora.

    As visitas comeam de manh ese prolongam at a noite. Em cadaresidncia, a famlia se rene paraalguns minutos de orao diante daimagem da Virgem Maria. Muitaspessoas aproveitam a ocasio paraexpor Me de Deus e nossa os pro-blemas que as afligem no momento.Se h na casa ancios ou doentes, aimagem levada at eles. Os missio-nrios fazem um levantamento dosmoradores que querem receber al-gum Sacramento, e dos que desejamser dizimistas. No fim da Misso, osformulrios so entregues ao procopara que este possa providenciar oatendimento de todos os pedidos.

    Desde sua fundao, os Cavalei-ros de Maria visitaram 298.313 resi-

    dncias, alm de 33.292 repartiespblicas, escolas e estabelecimen-tos comerciais, em 258 cidades bra-sileiras. Durante essas visitas, 25.430pessoas pediram para receber o Ba-tismo, 47.091 a Primeira Comunho,

    57.856 a Crisma e 16.924 a Unodos Enfermos. E 22.064 pessoas sealistaram como dizimista para a res-pectiva parquia.

    Em 2013 a Cavalaria de Maria re-alizou misses no Distrito Federale em 13 Estados brasileiros: do RioGrande do Sul at o Par, passan-do por Santa Catarina, Paran, SoPaulo, Mato Grosso do Sul, MinasGerais, Gois, Piau, Cear, Espri-to Santo, Bahia e Maranho.

    Promovendo a devooa Maria Santssima

    Para propiciar uma maior uniode cada fiel com a Santssima Virgem,os arautos da Cavalaria de Maria re-servam uma noite da Misso Maria-

    na para realizar uma palestra, sempremuito concorrida, sobre as apariese a mensagem de Nossa Senhora emFtima.

    Tambm propagam o uso do es-capulrio de Nossa Senhora do Car-

    mo. Ao conhecerem a histria destadevoo e os privilgios a ela ligados,todos manifestam o desejo receb-lo.Apenas nos dois ltimos anos, foramimpostos escapulrios do Carmo em72 mil pessoas. Em Quintana (SP),por exemplo, 2.200 mil pessoas o re-ceberam numa s noite, cifra muitaexpressiva numa cidade de 6.500 ha-bitantes. Em Teresina (PI), tiveram omesmo privilgio cerca de 3 mil fiisda Igreja da Santssima Trindade.

    Um momento especial na MissoMariana aquele em que os novosOratrios do Imaculado Coraode Maria so bentos pelo proco eentregues aos respectivos Coorde-nadores. Graas, em boa medida, ao da Cavalaria de Maria, cerca

    Diversos aspectos da Misso Mariana

    Agua (SP) Ibitinga (SP)

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    de 18 mil oratrios visitam todo ms540 mil lares brasileiros.

    Nossa Senhora nos recomendou,em Ftima, a Comunho reparado-ra dos Primeiros Sbados. Em todas

    as cidades por onde passa, a Cavala-ria de Maria procura implantar estadevoo, de forma que ela seja rea-lizada mensalmente em pelo menosuma das parquias do municpio.

    As visitas da Imagem Peregrinaaos lares, as Missas dirias, a Ado-rao matutina, da qual um crescen-te nmero de paroquianos partici-pa, aumentam nos fiis o fervor e osfazem sentir a necessidade de ma-nifestar publicamente sua f. Dessemodo, foi o prprio entusiasmo po-pular que levou os missionriosarautos a promoverem a procissoluminosa, que percorre as ruas da ci-dade noite, da qual participa gran-de multido de paroquianos portan-do tochas acesas, rezando o Santo

    Rosrio e cantando hinos de louvora Jesus e a Maria.

    Confisses e Missa deencerramento

    durante a Missa de encerra-mento da Misso Mariana que sepodem medir melhor os frutos dotrabalho realizado na semana. Asigrejas costumam lotar como nunca,para surpresa dos prprios procos:

    Eu nunca vi essas pessoas aquina igreja! uma exclamao fre-quente.

    Cerca de 60% das pessoas queesto assistindo Missa, no fre-quentam regularmente a parquia observam outros, admirados.

    De fato, numerosas pessoas rela-tam, durante as misses, que esta-vam afastadas das atividades ecle-siais h 25 ou 30 anos.

    Prova inequvoca do afervora-mento dos fiis a extraordinria

    demanda do Sacramento da Recon-ciliao. So dias de rdua atividadepara o proco e os sacerdotes da Ca-valaria de Maria! Na cidade de BoaViagem (CE), por exemplo, um sa-

    cerdote arauto atendeu num diaconfisses das 9h s 23h. Em Ipa-tinga (MG), as filas de Confisso naMatriz eram to grandes que foi ne-cessrio distribuir senhas, para evi-tar confuso; os padres s puderamretirar-se meia-noite, depois deatender at o ltimo penitente! EmPaulo Afonso (BA), o Bispo dioce-sano, Dom Guido Zendron, afirmoudurante a Missa de Encerramento:O que mais me tocou nesta missodos nossos queridos amigos Arautosdo Evangelho foi o nmero impres-sionante de pessoas que procuraramo Sacramento da Confisso; tive me-do de que o Padre Wanderlei e o Pa-dre Francisco nem conseguissem noite chegar em casa....

    Aps ser recebida em carreata, a Imagem Peregrina venerada pelos fiis na parquia e preside a prociso luminosa

    Dom Jos Benedito Simo, Bispo de Assis (SP); Dom Angelo Pignoli, Bispo de Quixad (CE) e Dom Srgio daRocha, Arcebispo de Braslia, entre outros pastores, tm participado das Misses Marianas da Cavalaria de Maria

    Paulo Afonso (BA) Pinheiro (MTeresina (PI)

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    Dom Guido Zendron com os coordenadores do Oratrio durante a Missa de Encerramento da Misso Marianarealizada em Paulo Afonso (BA), em maro de 2013

    Uma missoque marcou a histria

    Nesses 12 anos de contnua ativi-dade missionria, em qual cidade foiNossa Senhora recebida com maiordevoo e carinho? Pergunta nadafcil de responder! Mas aps algumtempo de anlise retrospectiva, vem memria dos Cavaleiros de Maria amisso realizada em Paraibuna (SP).

    Estavam nos primeiros anos dainstituio e, portanto, sua atuaoera muito menos conhecida do quehoje. Dificuldades surgidas no in-cio da misso pareciam conden-la aum estrepitoso fracasso. Mas a aode alguns dos fiis, em combinaocom o proco, reverteu a situao.

    De tal forma os paroquianos seempenharam pela visita dos missio-nrios, que estes ficaram impressio-

    nados por verem, durante a carrea-ta inicial, todas as janelas enfeitadascom bales coloridos e bandeirinhasem homenagem Virgem Santssi-ma. Em cada casa visitada encon-travam um pequeno altar, recobertocom uma linda toalha e velas acesas, espera da celestial Visitante.

    Os moradores aguardavam do la-do de fora da casa a chegada dosmissionrios. E quando estes se des-

    locavam para um quarteiro maisdistante, eram seguidos por crianasem bicicleta, incumbidas de comuni-car aos pais o endereo para onde fo-ra levada a Imagem. O resultado foique a misso, iniciada pela manh,se prolongava todo dia at as 23 ho-ras. No final, paroquianos que ha-viam colaborado mais de perto comos missionrios, lamentavam-se co-movidos: Agora que a Cavalaria deMaria parte para outras cidades, oque ser de nossas vidas?. E um de-les resumiu nesta curta frase o pro-fundo efeito produzido nas almas poraquela semana de Misso: A hist-ria de nossa parquia pode ser dividi-da entre antes e depois desta visita!.

    Quero ser arauto do Evangelho

    Ora, marcar um ponto de infle-

    xo na vida de todas as pessoas vi-sitadas justamente a meta visadapor esses jovens missionrios. Al-mejam eles que cada uma tenha umencontro individual com Jesus, tor-ne-se assdua frequentadora dos Sa-cramentos e cresa na devoo aMaria Santssima a ponto de tam-bm poder afirmar: A histria deminha vida pode ser dividida entreantes e depois desta visita!.

    E por isso sentiram uma grandealegria ao ouvir de Dom Guido Zen-dron, Bispo de Paulo Afonso (BA) es-tas palavras: Desde que conheci osnossos amigos e aceitamos que eles fi-zessem misso em nossa Diocese, eume pergunto sempre: O que esta pre-sena diz minha vida? O que a pre-sena deles provoca na minha voca-o? O que devo levar mais a srio naminha vida, observando a eles?.

    E acrescentou: No podemos fi-car s contemplando sua atuao econtinuar a vida como antes. Peoque, pela intercesso de Nossa Senho-ra, possamos valorizar profundamen-te a beleza destes dias, e dizer tambmns: Quero ser arauto do Evangelho,mensageiro, testemunha. Tambm eu,segundo a minha vocao, quero seruma presena de Cristo. No vamos

    tocar a trombeta como eles, nem fazermuitas outras coisas que eles fazem,mas a trombeta maior, que anunciaa presena de Cristo, ser a unidadeentre ns, ser uma maior participa-o na Eucaristia ou no Sacramentoda Confisso. Esta ser a verdadeiramsica, o verdadeiro hino que tere-mos de aprender, de aprofundar sem-pre mais, no dia a dia da nossa vidapessoal e comunitria.

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    O depoimento dos procos

    I

    Maro 2014Arautos do Evangelho 23

    nmeros sacerdotes enviaram cartas de agradeci-mento pela realizao da Misso Mariana nas res-

    pectivas parquias. Transcrevemos abaixo, a ttuloexemplificativo, expressivos trechos de algumas dessasmissivas:

    Deus no poderia ter-nos dado melhor presente

    Foi pela graa divina que tivemos a alegria de receberos Arautos do Evangelho aqui conosco, onde por meiodas celebraes, Confisses, visitas s comunidades edemais atividades desenvolvidas neste perodo, semprecom a presena edificante destes irmos, pudemos no-tar a f do nosso povo em Deus, o gosto em participarda Igreja, o fervor da comunidade, o retorno de muitos

    fiis outrora afastados, a devoo ao Imaculado Corao(Oratrios), alm da doce presena de Maria; estes etantos outros elementos no sairo do corao humilde,acolhedor e alegre do nosso povo. O nosso bom Deusno poderia ter-nos dado melhor presente. (Pe. Fernan-do Antnio Carvalho Costa, Parquia Nossa Senhora da

    Salette, Fortaleza)

    At os evanglicos acolheram suas visitas

    O testemunho destes homens magnfico pela firme-za da f, pela orao constante que fazem, pela coragemde estarem num mundo como o nosso, levando pelasruas a imagem de Nossa Senhora, no temendo humi-lhaes e ofensas. A presena deles renovou a devoo aMaria Santssima e fortaleceu a f dos vacilantes. At ir-mos de igrejas evanglicas receberam suas visitas commuito carinho. Eu mesmo caminhei com eles alguns mo-mentos da semana e acompanhei as visitas nas famlias;e vi como continua atual e importante estarmos semprecom o esprito missionrio em nossa vida crist. (Pe. JosAfonso Maniscalco, Parquia Sagrado Corao de Jesus,

    Marlia, SP)

    As pessoas chegavam entusiasmadas e felizes

    As duas Missas dirias chamavam muito a ateno detodos. O silncio era profundo e os olhares ficavam fi-xos contemplando a beleza, a suavidade, o sentido e oamor em cada passo. Os cantos gregorianos nos ajuda-vam a criar um clima interior para acolher e amar Jesus.As trs ltimas noites foram de grande participao e aspessoas chegavam entusiasmadas e felizes para coroar odia. (Pe. Jorge Luiz da Silva, Parquia So Jos Operrio,Joinville, SC)

    Estar perto desses homens que transmitem Deus

    Chamou-nos a ateno nestes dias a sinceridade, orespeito e o amor pelas coisas de Deus por parte dosArautos , o carinho e o acolhimento ao povo. Vimosbem claro isso atravs do olhar das pessoas, o desejode estar perto desses homens que transmitem Deus.(Pe. Sandro Romrio de Lima, Parquia So Sebastio,Arax, MG)

    Respeito, dignidade e reverncia no trato do Sagrado

    O que ficou marcado foi ver a seriedade, o respeito, adignidade, a reverncia com que o Sagrado era tratado.Por aes foi mostrado que o litrgico, os smbolos e ri-tos, os Sacramentos no so qualquer coisa, pois eles nosremetem glria de Deus, quando devidamente amadose vividos. (Pe. Luiz Antnio de Almeida, Parquia SantaMaria, Piratininga, SP)

    Reavivamento da f das lideranas e movimentos

    As misses trouxeram um reavivamento da f paramuitos, a comear pelas prprias lideranas de nossasdiversas pastorais e movimentos, bem como para in-meras famlias que receberam a visita dos missionriosarautos, juntamente com a Imagem da Santssima Vir-gem de Ftima. Ressaltamos ainda que a passagem dosArautos do Evangelho, por meio da Cavalaria de Maria,pela nossa cidade foi certamente algo que ficar na me-mria de nosso povo. (Pe. Rafael Fabiano, Parquia doSenhor Bom Jesus, Agua, SP)

    Fac-smile de algumas das cartas recebidas

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    Entre Deus e os homens...

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    24 Arautos do EvangelhoMaro 2014

    Se o sacerdote digno de tanta considerao da partedos fiis, dele tambm deve ser exigida a retido naconduta e a sabedoria no conselho.

    riado para as alegrias doeterno convvio com Deus,

    o homem procura natural-mente o infinito, o bem n-

    tegro, a verdade absoluta. Esta aspi-rao, infundida em seu prprio sera fim de facilitar as relaes entre elee o Criador, nem os piores crimes ouos fugazes e enganosos prazeres des-ta vida conseguem apagar. Numa pa-lavra, a paz e a felicidade autnticas spodem ser encontradas em Deus. Ogrande Santo Agostinho descreveu talanelo da alma humana, em clebre epotica frase: porque nos fizeste paraTi, inquieto est o nosso corao en-quanto em Ti no repousar.1

    O homem se transformouem criminoso

    Todavia, se o pecado original e aexpulso do Paraso no fizeram de-saparecer esta sede de infinito, o ho-mem comeou a experimentar asterrveis consequncias de sua de-

    sobedincia: apreenses, incerteza,dor, sofrimento, tendncia a prati-car o mal, desamparo em uma Terrasobre a qual no tinha mais o dom-nio, e na qual a sua natureza sentia--se apequenada e ameaada pela jus-ta clera de um Deus ofendido. Defilho de Deus, o homem se transfor-mou em criminoso. Extinguiu-se ne-le a vida sobrenatural. Passou a serum condenado morte e perda do

    Cu, um ser dbil, enfermio, fatiga-do, devastado interiormente por pro-

    blemas e lutas cruciantes.2Sua fragilidade de inteligncia e

    vontade tornaram-no um ser dividi-do entre as mentirosas atraes doerro e os nobres e serenos apelos daverdade e do bem. Desta constan-te dilacerao queixa-se So Paulo,em sua Carta aos Romanos: Eu seique em mim, isto , na minha car-ne, no habita o bem, porque o que-rer o bem est em mim, mas no soucapaz de efetu-lo. No fao o bemque quereria, mas o mal que noquero (7, 18-19).

    A necessidade de mediadores

    Perante a dolorosa constatao,sentiam os homens a necessidade dehaver algum que servisse de ligaoentre eles e Deus. Era preciso queexistissem intermedirios oficiaispara comunicar ao povo as ordensdo Altssimo, ser os instrumentos de

    sua misericrdia e os intrpretes desua justia.Como tais aparecem No, Abrao,

    Isaac e Jac, o famoso e misteriosoMelquisedec, rei de Salm e sacer-dote do Deus Altssimo (Gn 14, 18),Moiss, condutor de seu povo e, so-bretudo, Aaro, escolhido para ini-ciar uma linhagem sacerdotal, dedi-cada exclusivamente ao servio doSenhor. Essas figuras apontam j pa-

    ra o ideal do sacerdcio cristo, cujafuno ser mediador entre Deus e

    o povo.3Inclusive nos povos da Antiguida-

    de, imersos na idolatria, os magos edetentores do culto eram tidos emgrande respeito e considerao, em-bora os ritos destas religies fossemmaculados pela superstio e porsacrifcios muitas vezes repugnan-tes. Vemos assim se impor, de mo-do geral, o princpio da superiorida-de sacerdotal, oriundo de um anseioprofundo enraizado no esprito hu-mano.

    Ele deve ser santo na sua vida

    Tendo sido institudo o verdadei-ro sacerdcio pelo prprio NossoSenhor Jesus Cristo Ele mesmoSacerdote e Mediador eterno dian-te do Pai , a misso dos minis-tros de Deus elevou-se a um pata-mar incomparvel, realidade excelsada qual a anterior constitua apenas

    uma plida sombra ou uma infelizdeturpao.Por esta razo, os homens desig-

    nados para ser ministros e embaixa-dores do Senhor, ungidos na SantaIgreja com o Sacramento da Ordem,veem-se cercados de especial reve-rncia e admirao, participativa da-quela tributada ao Altssimo.

    Entretanto, como reza o dita-do francs, noblesse oblige. Se o sa-

    Irm Mariana Morazzani Arriz, EP

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    Maro 2014Arautos do Evangelho 25

    Perante a dolorosa constatao dos efeitos do pecado original,

    sentiam os homens a necessidade de haver algum que servisse de ligao entre eles e DeusSacrifcios de Abel e Melquisedec - Baslica de So Vital, Ravena (Itlia)

    Gus

    tavo

    Krla

    j

    O indito sobre os Evangelhos

    Editada pela Libreria Editrice Vaticana, a coleo O indito sobreos Evangelhos contm comentrios de Mons. Joo Scognamiglio ClDias, EP, aos Evangelhos de todos os domingos e solenidades dociclo litrgico.

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    cerdote digno desta considerao,dele tambm exigida a retido naconduta e a sabedoria no conselho.Se ele quer guardar inteiramente afidelidade vocao que recebeu,procurar fazer esquecer sua pr-pria pessoa para pr em evidnciaseu sacerdcio, cnscio de ser re-presentante dAquele que eterna-mente perfeito (Hb 7, 28).

    O sacerdote afirma Mons.Joo Scognamiglio Cl Dias precisa ser santo. A sociedade querver no sacerdote a santidade. Ne-le vo procurar o apoio quela sede

    de perfeio que a graa lhes pe naalma. [...] Ele deve ser santo na suavida, na sua conduta, na sua integri-dade moral, na sua integridade depensamento, na sua integridade depalavra. Deve ser santo para poderarrastar, para poder convencer e pa-ra poder arrebatar.4

    De fato, grande o poder de umsacerdote santo, pois nele aliam-se ocarter sagrado pelo qual o presb-tero atua in persona Christiao minis-trar os Sacramentos e a fora irre-sistvel da virtude praticada em grauheroico, que nada pode vencer. Quan-

    do estas duas potncias esto unidasnuma mesma pessoa, no h maravi-lha que no se possa esperar!.

    1 SANTO AGOSTINHO. Confessionum.L.I, c.1, n.1. In: Obras. 7.ed. Madrid:BAC, 1979, v.II, p.73.

    2 CORRA DE OLIVEIRA, Plinio. O

    adversrio. In:Dr. Plinio. So Paulo.Ano V. N.56 (Nov., 2002); p.28.3 SO TOMS DE AQUINO. Suma Teo-

    lgica. III, q.22, a.1.4 CL DIAS, EP, Joo Scognamiglio.Ho-

    milia na Sexta-feira da III Semana doAdvento. Caieiras, 19 dez. 2008.

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    F

    Quem d aos necessitados,

    empresta a Deus

    26 Arautos do EvangelhoMaro 2014

    Visitas a colgios A Imagem Peregrina do Imaculado Corao de Maria tem visitado regularmente instituiesde ensino do Distrito Federal, como o Colgio La Salle de Seglares. Ali, professores e alunos recitaram o Santo

    Rosrio, renovaram da Consagrao Me de Deus, e dEla se aproximaram para oferecer-Lhe flores.

    ortemente flagelado pela tormenta Manuel, doPacfico, e afetado tambm pelo furaco Ingrid,Guerrero foi um dos estados do Mxico que mais

    sofreu com as terrveis consequncias das chuvas torren-ciais e das enchentes. Mais de cem pessoas perderam avida neste estado, plantaes e rebanhos foramdestrudos, e seis das 16 escolas do pas maisgravemente afetadas pelo mal tempo en-contram-se no seu territrio.

    A fim de aliviar o sofrimento dasvtimas, os Arautos do Evangelho

    organizaram, com o apoio de em-presrios e particulares, a campa-nha Quem d aos necessitados,empresta a Deus, destinada a ar-recadar cobertores, comida, rou-pas e brinquedos para as crianasde algumas das parquias mais afe-tadas pelos desastres naturais na ser-ra de Acapulco.

    A entrega desses materiais e, sobre-tudo, a visita realizada pela Imagem Pe-regrina do Imaculado Corao de Maria re-gio entre os dias 14 e 16 de dezembro trouxe paraessas populaes momentos de muita alegria e paz es-piritual, em meio s calamidades sofridas pelas incle-mncias da natureza.

    As Parquias So Jernimo, de Colotepec, eNossa Senhora das Dores, de Tres Palos, foram asencarregadas de organizar a recepo da ImagemPeregrina e a distribuio dos presentes (fotos 1

    e 2), bem como de hospedar o grupo de missio-nrios arautos que ali chegaram vindos da

    capital federal.Missas, santos rosrios, procisses e

    viglias foram alguns belos frutos pro-duzidos pela visita da Imagem Pere-grina. Na Parquia Nossa Senhora

    das Dores os fiis passaram a noi-te em orao em honra Me deDeus, e em So Jernimo orga-nizaram uma procisso durante aqual foram percorridas, ao longode oito horas, sete comunidades

    adjacentes a Colotepec (foto 3). NaCapela Nossa Senhora do Refgio

    a Imagem foi recebida com especialfervor e carinho (fotos 4 e 5).Em Colotepec houve tambm cateque-

    se para os ancios e agricultores (foto 6) e umprograma especial para crianas do ensino primrio(foto 7). E, no domingo, a despedida da imagem foiacompanha pelas badaladas do sino na Parquia Nos-sa Senhora das Dores (foto 8).

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    Oratrios Novos oratrios foram entregues pelo Pe. Rubn Snchez Olmos na Reitoria de Nossa Senhora doRosrio, na Cidade do Mxico (foto esquerda), e pelo Pe. Miguel Aguiaga Ontiveros na Parquia da Divina

    Providncia, em Arandas (foto direita). Nesta ltima j so mais de dez que circulam entre os fiis.

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    Ruanda No dia 18 de janeiro, famlias participantes do Apostolado do Oratrio da Parquia de Rango reuniram--se para uma jornada mariana, que teve incio s 6:15h com a Santa Missa, seguida de procisso e visita sresidncias. No percurso, rezou-se o Santo Rosrio, intercalado de cnticos em louvor a Maria Santssima.

    Itlia Em presena de Dom Francesco Milito, Bispo de Oppido Malmertina-Palmi, do parco e de numerososfiis, o prefeito, Carmelo Panetta, proclamou o municpio calabrs de Galatro Cidade Mariana (foto 1). O anncioda deciso tomada pela Cmara Municipal foi feito durante a Santa Missa presidida pelo Bispo na Parquia deSo Nicolau (foto 2). Nos dias sucessivos realizou-se nessa cidade uma Misso Mariana, que incluiu, entre muitasoutras atividades, visitas a escolas (foto 3) e procisses (foto 4).

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    Cursos de Frias

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    e, infelizmente, grande parte da juventude hodierna se

    deixa levar pela avalanche do hedonismo do pecadoque varre a sociedade, fato que parcela significativa dosjovens procura na Religio resposta para a crise existencial.

    Tal fenmeno pde ser comprovado mais uma vez norecente Curso de Frias promovido pelos Arautos doEvangelho com a participao de 750 rapazes e 500 mo-as. O evento do setor masculino realizou-se no semin-rio dos Arautos em Caieiras, Grande So Paulo, e foi de-dicado ao tema Ambientes e Costumes na Histria da

    Igreja (foto 1). E o do setor feminino, na Casa Monte

    Carmelo, situada no mesmo municpio, versou sobre ossonhos de So Joo Bosco.

    O Fundador dos Arautos do Evangelho, Mons. JooScognamiglio Cl Dias, celebrou a Santa Missa diaria-mente para eles na Baslica de Nossa Senhora do Ro-srio (foto 2) e administrou a primeira comunho paraalgumas jovens (foto 3). Como habitual, as reuniesforam acompanhadas de animados debates (foto 4) e es-meradas encenaes teatrais (foto 5).

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    Prncipe,

    jovem

    e santo

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    SOCASIMIRO

    Vivendo numa sociedade j voltada para os

    prazeres desenfreados, soube visar a glriade Deus, antes de tudo, permanecendontegro de corpo e alma, firme na F ezeloso pelo bem de seus sditos.

    m sua sabedoria divina, aSanta Igreja sempre tem pa-lavras adequadas para ele-var o corao e a mente dos

    fiis em todas as suas comemoraesou festas. E ao recorrer intercessode So Casimiro, no dia de sua me-mria 4 de maro , ela comeapor pedir: Deus todo-poderoso, aquem servir reinar....1

    De fato, quem deposita a con-

    fiana em Deus e entrega toda asua existncia ao servio dEle, querabraando o estado religioso quero estado leigo, como So Casimiro,recebe o cntuplo ainda nesta Terra,e mais ainda no Cu. A este jovemno faltaram grandes qualidades,tampouco territrios para gover-nar, e ele soube eleger para sua vidaum caminho que lhe legasse o Reinoeterno. Sem dar largas cobia, to

    comum aos monarcas de sua po-ca, manteve-se ntegro na fidelida-de ao seu nobre ideal: ser um prn-cipe santo.

    Nascido no esplendor de uma corte

    Casimiro nasceu a 3 de outubrode 1458, no castelo de Wawel, emCracvia. Seu pai, Casimiro IV, erarei da Polnia e gro-duque da Li-tunia, cabendo-lhe governar como

    tal um extenso territrio que se es-tendia pelo leste quase at Moscoue pelo sul at o Mar Negro. Sua meera a arquiduquesa Isabel, filha deAlberto II de Habsburgo, rei dos ro-manos e soberano da ustria, Hun-gria e Bomia.

    Nosso Santo foi o terceiro de 13filhos, e diz-se que sua progenito-ra j no bero ninava para eles ostronos europeus.2Tanto ele quanto

    seus irmos receberam excelen-te formao, pois, como Isabel viaem cada filho um futuro monarca, eem cada filha uma rainha, no pou-pou esforos na instruo das crian-as. Embora sendo piedosa, educa-va-os tendo em vista a corte e a vidadiplomtica, e no a santidade, jul-gando de forma errada comomuitos fazem, infelizmente, tam-bm hoje que a procura da per-

    feio est reservada apenas que-les que se retiram do mundo paralevar uma vida religiosa. Casimiro,pelo contrrio, desde tenra idadeentendeu que devia ser santo, semdeixar de ser prncipe e isso signifi-cava ser fiel aos desgnios de Deus,mesmo cercado de luxo da cortereal e das atraes mundanas,3co-mo diz a orao da Missa de sua fes-ta, na Litunia.

    So Casimiro - Parquia de SoCasimiro, South Bend (Estados Unidos)

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    Lucilia Lins Brando Veas, EP

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    A corte de Cracvia era to luxu-osa e requintada como as demais da-quela quadra histrica. mesa ser-viam-se ricas iguarias e os banquetesprolongavam-se por longas horas.Compenetrado dos deveres ineren-

    tes sua condio de prncipe, SoCasimiro no se recusava a partici-par da vida social. Mostrava-se am-vel e alegre nas festas, mas delas seretirava to logo podia. No des-prezava as finas vestimentas princi-pescas, contudo, por esprito de po-breza, usava uma tnica interior detecido comum. Sabia-se que seus ri-cos trajes ocultavam um cilcio e queele fazia muitas outras mortifica-es. Sempre discreto nessas prti-

    cas religiosas e penitncias, chegoua ser chamado de a encarnao desilenciosa devoo.4

    Adolescente puro, pacientee magnnimo

    Dentro da vida palaciana era no-tvel sua extrema generosidade paracom os pobres, vivas, peregrinos,prisioneiros ou ancios, pois, no secontentando em dar do que era seu,doava at seu prprio tempo em be-nefcio alheio.

    Se era magnnimo nas obras decaridade corporais, muito mais oera nas espirituais, admoestandocom sabedoria, bondade e pacinciaos que o circundavam at mes-mo seu pai , sempre que via algo

    contundir a verdade ou estar priva-do da maior perfeio possvel. Sa-bia tambm perdoar as ofensas quelhe eram feitas, rezar por seus maisprximos e por seus sditos, os quaisdesejava ver no caminho do bem eardorosos na F.

    Seus bigrafos destacam sua ex-mia pureza, a qual reluzia a pontode um de seus mestres, Bonaccorsi,cham-lo de divus adolescens jo-vem divinizado.5Praticar com per-

    feio esta virtude, no corpo e na al-ma, era a meta de sua vida. Por issonunca entregou seu corao a qual-quer afeto deste mundo e se mante-ve sempre vigilante para que nadalhe manchasse.

    Amor pela orao e pela liturgia

    De onde lhe vinham tantas virtu-des? De Jesus Crucificado, de quemmeditava amide a Paixo, e da San-tssima Virgem, a quem dedicava to-da a sua vida.

    Estando em Cracvia ou em Vil-nius, capital do gro-ducado da Li-tunia, viam-no repetidas vezespercorrendo as estaes da Via-Sa-cra, devoo surgida naqueles anose que tocou profundamente a sua

    alma. Estas meditaes o levavam aamar a cruz e o sacrifcio, e a dese-jar dar a vida por Aquele que quisser escarnecido e Se deixou crucifi-car por amor humanidade.

    As cerimnias litrgicas o entu-siasmavam e nunca perdia o ensejode assistir a uma Missa. Nessas oca-sies, ficavam patentes aos olhosdos circunstantes sua piedade e seuardente amor ao Santssimo Sacra-mento.

    Quando no Pao Real ningumsabia onde ele estava, o encontra-vam em alguma igreja, absorto emorao. Tanto na Polnia quanto naLitunia, gostava de visit-las e notitubeava em rezar junto s suas por-tas, caso as encontrasse fechadas.

    Era comum v-lo, nas mais di-versas oportunidades, ajoelhadoaos ps de Nossa Senhora, a rezar.Contam que recitava a cada dia o hi-no Omni die dic Mari me laudesanima Que a cada dia minha alma

    Casimiro foi o terceiro de13 filhos, e diz-se que suaprogenitora j no beroninava para eles os tronoseuropeus

    Acima: Casimiro IV e Isabelde Habsburgo, pais de SoCasimiro; direita, vista atualdo Castelo de Wawel, emCracvia (Polnia)

    Jakub

    Haun

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    cante louvores a Maria,6divulgan-do-o entre seus sditos. Atraa-o,sobretudo, a esplndida pureza daMe de Deus. Pedia a Ela o dom dasabedoria e a virtude da justia parasaber governar, bem como o esprito

    de vigilncia, a fim de nunca sucum-bir como Salomo (cf. I Rs 11, 1-6).

    Dois anos como regente da Polnia

    No ano de 1481, o rei CasimiroIV, seu pai, precisou transferir suaresidncia para a Litunia, deixan-do-o como regente em Cracvia.

    Por dois anos governou So Casi-miro a Polnia, durante os quais nodeixou de atender a nenhum dosseus sditos, seja qual fosse a classe

    social qual pertenciam. Tanto cl-rigos quanto nobres ou plebeus sen-tiam-se bem acolhidos em suas de-mandas e aplicou-se com tanto bomsenso administrao, que conse-guiu em pouco tempo estabilizar otesouro real, cortando os gastos in-teis e afastando dele os aproveita-dores. Com isso, livrou de hipotecasmuitas propriedades reais.

    Jovem de nimo resoluto e tem-perante, fazia grandes esforos pa-ra manter entre seus vassalos a boaconduta nos negcios do Estado.

    Para ele a glria de Deus envolviatudo: desde um simples clculo alg-brico s grandes decises nas quaisestavam em xeque os mais impor-tantes interesses da nao. Apesarda constncia e firmeza nos interes-

    ses do reino, no deixava de ouvir osque o rodeavam, como atesta umade suas cartas, de 1 de fevereiro de1481, destinada aos nobres dirigen-tes da cidade de Braslava: Eu gos-taria muito no s porque dejustia, que prezo muito e procurorespeitar de deix-los satisfeitos,o que de modo especial almejo.7

    E sendo a Polnia um pas catli-co, So Casimiro, enquanto prnciperegente, no pde deixar de procu-

    rar estreitar com afinco as relaescom Roma, um tanto negligenciadaspor seu pai.

    ltimos meses de vida

    O peso das responsabilidades eos intensos trabalhos desses anos frente do governo polons aca-baram por extenuar o santo prnci-pe. Somavam-se a isso as contnuasmortificaes que fazia, como tive-mos a oportunidade de contemplar.Retirou-se com a famlia, ento, pa-ra a Litunia, na primavera de 1483,

    a fim de recobrar um pouco as ener-gias.

    Ali, como acontecera na Pol-nia, os anais de sua histria regis-tram um especial desvelo para comos mais necessitados, e eram os con-

    ventos e as igrejas, de modo espe-cial, o objeto de sua prodigalida-de. No se sentia bem se no visse oRei dos reis e Senhor dos senhores,Jesus Sacramentado, honrado e ser-vido atravs de um digno templo ede ricos objetos litrgicos.

    Os ltimos seis meses de sua vida,ele os passou entre Vilnius e Trakai,auxiliando o pai na chancelaria doEstado lituano e promovendo a Fentre o povo. Estando, entretan-

    to, com a sade comprometida e oorganismo extremamente debilita-do, foi atacado por uma violenta tu-berculose, que consumiu suas lti-mas foras. Tinha 25 anos de idadee havia guardado intacta sua purezavirginal, mas sua me ainda alimen-tava as esperanas de v-lo casadocom a filha do imperador Frederi-co III, sem compreender serem ou-tros os desgnios divinos para estevaro eleito.

    Mais admirvel ainda no Cu

    No dia 4 de maro de 1484, eleentregou a alma a Deus. Seu cor-po foi sepultado no jazigo da famliareal, na catedral de Vilnius. E ape-sar da umidade do local, estava in-teiro e incorrupto quando foi exu-mado, 120 anos depois, em 1604.Segundo o relato das testemunhas,dele exalava um agradvel odor. In-

    tactas estavam tambm suas vestes.Sobre seu peito repousava uma c-pia do hino mariano que rezava dia-riamente: Omni die dic Mari. Be-lo smbolo de uma santa vida, naqual cada dia foi um hino de louvor Me de Deus!

    Quem se entrega sem reservas aDeus neste vale de lgrimas, quan-do chega glria da viso beatfi-ca no abandona aqueles que na

    Os ltimos seis meses de sua vida passou-os entre Vilnius e Trakai

    Vista atual do Castelo de Trakai (Litunia)

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    Terra ficaram privados de sua pre-sena. Pelo contrrio, muitas vezesrealizam por estes mais do que pu-deram fazer durante a sua peregri-nao terrena. Tal o ministrioprprio dos Santos. Conhecido co-mo amvel, caridoso e amigo dospobres, para os lituanos e polonesesSo Casimiro , sobretudo, o prote-tor de sua Ptria.

    Em momentos nos quais a Li-tunia passou por difceis pero-dos enquanto nao, o jovem e san-to prncipe nunca deixou de prestarsocorro a seus compatriotas. E a de-voo a ele foi um poderoso instru-mento nas mos dos jesutas, pa-ra preservar a Religio Catlica nopas diante da propaganda protes-

    tante. Atrados por sua nobreza de

    Quando, 120 anos depois, foi exumado seu corpo, ele estavaincorrupto e exalava um agradvel odor

    Afresco representando a exumao do corpo de So Casimiro e retrato do Santo veneradojunto ao seus restos mortais - Capela de So Casimiro, Catedral de Vilnius

    Albertus

    teo

    log

    Alistairyoung

    carter e pela fora de sua f, os fi-lhos de Santo Incio exortavam os li-tuanos a permanecerem fiis aos en-sinamentos da Igreja, tal como SoCasimiro. A partir de ento, igre-jas foram construdas em sua honra,surgiram confrarias colocadas sobsua proteo, milhares de recm--nascidos receberam o seu nome,propagando-se a devoo ao Santono s em terras litunias e polone-sas, mas, posteriormente, em todo omundo. At nos sinos dos campan-rios eram gravados