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Farmácia Nova de Cerveira Sophia Vilas-Boas 2018- 2019

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Farmácia Nova de Cerveira

Sophia Vilas- Boas

2018- 2019

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Nova de Cerveira

janeiro de 2019 a agosto de 2019

Sophia Vilas-Boas

Orientador: Dra. Maria Adelaide Lopes Pereira

Tutor FFUP: Prof. Doutora Manuela Morato

Julho de 2020

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente

noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a

outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as

regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas

referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho

consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 15 de julho de 2020

Sophia Vilas-Boas

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Agradecimentos

Após o término do meu estágio profissionalizante na Farmácia Nova de

Cerveira, não poderia deixar de expressar o meu agradecimento e apreço a todos

aqueles que contribuíram para a minha aprendizagem tornando possível a realização

desta importante etapa.

Esta jornada ficou a dever-se a toda a disponibilidade, paciência, simpatia e

atenção que todos os profissionais desta farmácia sempre demonstraram. O meu

especial agradecimento à Dra. Adelaide Pereira que me aceitou na sua farmácia

mesmo sabendo da minha condição e sempre me acompanhou e ajudou.

Não posso também deixar de agradecer à equipa da Farmácia S. Vicente por

toda a compreensão e ajuda dada ao longo desta caminhada tão essencial para a

minha formação.

Obrigada à minha família, noivo e amigos por me apoiarem e compreenderem

a minha falta de paciência, o meu cansaço e a minha ausência por tantas vezes.

Para as minhas duas companheiras de curso e amigas, fica aqui o meu

obrigada pela entreajuda, pela companhia de tantas horas passadas a estudar

contrarrelógio e pelas gargalhadas no meio do desespero.

O meu mais sincero obrigado a todos os que me acompanharam e

acompanham.

Os meus agradecimentos terminavam aqui. Mas por vezes a vida prega-nos

rasteiras, talvez para sermos obrigados a abrandar e ver melhor a vida; e assim, não

seria justo acabar aqui os meus agradecimentos. A minha família, noivo e amigos

foram incansáveis, incansáveis como eu nunca pensei ser possível. O amor e o apoio

que eu senti, eu não consigo descrever e nunca conseguirei agradecer em plenitude.

À Dra. Manuela Morato e à Dra. Susana Casal não posso deixar de agradecer a

compreensão e as palavras dadas. O meu mais sincero obrigada.

Desistir nunca é o caminho!

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Resumo

O farmacêutico, um profissional especializado no medicamento, tem um papel

fundamental como agente de saúde, sendo muito provavelmente aquele que se

encontra mais próximo da população.

Os anos de ensino são muito importantes para toda a nossa base como

farmacêuticos, no entanto, o estágio é o momento em que temos a oportunidade de

colocar em prática tudo aquilo que aprendemos. O estágio representa o culminar de

anos de aprendizagem desafiantes que exigiram muito trabalho e sacrifício, mas que

valeram em tudo a pena.

O relatório torna-se assim um espelho destes últimos meses, sendo constituído

por duas partes. A primeira foca todas as atividades desenvolvidas na Farmácia Nova

de Cerveira e a segunda centra-se nos dois projetos desenvolvidos no decurso do

estágio: o fluralaner, um novo antiparasitário animal; e a escabiose, uma doença

antiga, mas que parece carecer de alguma informação junto da população.

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Índice

Declaração de Integridade ...................................................................................... iii

Agradecimentos ...................................................................................................... iv

Resumo ..................................................................................................................... v

Índice ........................................................................................................................ vi

Índice de Tabelas ................................................................................................... viii

Índice de Anexos ..................................................................................................... ix

Lista de Abreviaturas ............................................................................................... x

PARTE I – Descrição do Estágio da Farmácia Nova de Cerveira ......................... 1

1. Organização da farmácia ............................................................................................ 1

1.1. Composição e função dos recursos humanos ........................................................ 1

1.2. Contactos com os diversos espaços físicos e equipamentos .................................. 1

2. Encomendas e Aprovisionamento ............................................................................. 2

2.1. Critérios de aquisição, rotação de stock, ponto de encomenda e efetuar

encomenda .................................................................................................................... 2

2.2. Rececionar e conferir encomendas e marcação de preços ..................................... 3

2.3. Armazenar corretamente os medicamentos, conhecer o quadro legal em vigor ..... 4

2.4. Respeitar os prazos de validade e de devolução de medicamentos ....................... 5

3. Dispensa e aconselhamento de medicamentos e outros produtos de saúde ........ 6

3.1. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória ......................................... 7

3.2. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica obrigatória ................................ 11

3.3. Outros medicamentos e produtos de saúde .......................................................... 11

3.4. Posologia, modo de administração, informação oral e escrita; cuidados na

conservação domiciliária ............................................................................................. 12

4. Promoção do uso racional do medicamento ........................................................... 12

5. Contabilidade e gestão na farmácia ......................................................................... 13

5.1. Requisitos legais e administrativos do processamento de receituário e faturação 13

6. Outros cuidados de saúde prestados na farmácia ................................................. 14

6.1. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos ....................................... 14

6.2. Seguimento da evolução da saúde do doente e encaminhamento para o médico

assistente .................................................................................................................... 15

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7. Interação com o utente e diálogo com o médico .................................................... 15

8. Marketing na Farmácia Comunitária ........................................................................ 16

9. Aspetos pertinentes .................................................................................................. 16

PARTE II – Projetos desenvolvidos ...................................................................... 18

1. Fluralaner ................................................................................................................... 18

1.1. Enquadramento .................................................................................................... 18

1.2. Classificação farmacoterapêutica ......................................................................... 18

1.3. Mecanismo de ação .............................................................................................. 18

1.4. Formas disponíveis ............................................................................................... 19

1.5. Indicações ............................................................................................................ 20

1.6. Farmacocinética ................................................................................................... 21

1.7. Considerações a ter em conta .............................................................................. 23

1.8. Estudos comparativos ........................................................................................... 24

1.9. Conclusão ............................................................................................................. 25

2. Escabiose ................................................................................................................... 26

2.1. Enquadramento .................................................................................................... 26

2.2. Etiologia ................................................................................................................ 26

2.3. Sintomas............................................................................................................... 27

2.4. Transmissão ......................................................................................................... 28

2.5. Diagnóstico ........................................................................................................... 28

2.6. Tratamento ........................................................................................................... 29

2.7. Prevenção e Cuidados .......................................................................................... 31

2.8. Conclusão ............................................................................................................. 32

Referências Bibliográficas..................................................................................... 33

Anexos..................................................................................................................... 40

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Índice de Tabelas

Tabela I – Cronograma das atividades desenvolvidas ............................................... 1

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Índice de Anexos

Anexo I – Poster Fluralaner (Projeto 1) .................................................................... 40

Anexo II – Panfleto Escabiose (Projeto 2) ................................................................ 41

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Lista de Abreviaturas

AIM Autorização de Introdução no Mercado

ANF Associação Nacional das Farmácias

CNP Código Nacional do Produto

DCI Denominação Comum Internacional

FEFO “First Expire, First Out”

FIFO “First In, First Out”

Infarmed INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamentos e Produtos

de Saúde, I.P.

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

MG Medicamento Genérico

MNSRM Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MNSRM-EF Medicamento Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa

Exclusiva em Farmácia

MSRM Medicamento Sujeito a Receita Médica

PIC Preço Impresso na Cartonagem

PRM Problemas Relacionados com os Medicamentos

PVF Preço de Venda à Farmácia

PVP Preço de Venda ao Público

SNS Serviço Nacional de Saúde

SPR Sistema de Preços de Referência

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PARTE I – Descrição do Estágio da Farmácia Nova de Cerveira

Atividades desenvolvidas Período de estágio

janeiro fevereiro março abril maio junho julho agosto

Encomendas (efetuar,

rececionar e conferir) X X X X X X X X

Armazenamento X X X X X X X X

Atendimento X X X X X X

Determinação de Parâmetro

Fisiológicos e Bioquímicos X X X X X X

Marketing X X X X X X X X

Receituário e Faturação X X X X X

Projeto 1 X X X

Projeto 2 X X X

Tabela 1 – Cronograma das atividades desenvolvidas

1. Organização da farmácia

1.1. Composição e função dos recursos humanos

A Farmácia Nova de Cerveira é uma farmácia composta por duas

farmacêuticas: a Dra. Maria Adelaide Lopes Pereira – também proprietária e Diretora

Técnica, e a Dra. Carina Malheiro – farmacêutica substitua; uma técnica de farmácia

licenciada Dra. Joana Moreira; e uma técnica auxiliar de farmácia Emília Pereira. Toda

a equipa foi fantástica comigo fazendo-me sentir parte integrante da farmácia durante

o meu período de estágio.

1.2. Contactos com os diversos espaços físicos e equipamentos

Ao tratar-se de uma farmácia que mudou de gerência há 3 anos, muitas

alterações têm sido feitas, de forma gradual, de modo a tornar o espaço mais apelativo

ao público.

Encontra-se numa ótima zona uma vez que está junto à estrada nacional, zona

de bastante passagem e tem estacionamento mesmo à porta. Apesar de antigamente

a maior parte das farmácias serem no centro das cidades, cada vez mais são as que

optam por uma localização mais descentralizada com bom estacionamento e

apercebi-me que é um fator de escolha muito importante por parte dos utentes.

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A farmácia tem dois pisos, a cave, onde se encontra o armazém, a zona de

receção e conferência de encomendas, as instalações sanitárias e uma copa; e o

primeiro piso, onde se encontra a zona de atendimento composta por 3 balcões, várias

montras com produtos expostos e um gabinete de atendimento personalizado onde

se administram injetáveis e se fazem as medições de parâmetros bioquímicos. No

back-office, também no primeiro piso, encontra-se o escritório da diretora técnica onde

se pode consultar toda a bibliografia obrigatória e não obrigatória e o cofre dos

estupefacientes e psicotrópicos; também a zona de armazenamento dos

medicamentos em gavetas e o frigorífico devidamente organizados por denominação

comum internacional (DCI), marca ou forma farmacêutica.

2. Encomendas e Aprovisionamento

A elaboração e receção da encomenda juntamente com o armazenamento e

conservação dos medicamentos são imprescindíveis para que os mesmos, ou outro

produto de saúde, esteja disponível e em perfeitas condições de qualidade e em

quantidades adequadas, no momento necessário e a um menor custo para a farmácia.

2.1. Critérios de aquisição, rotação de stock, ponto de encomenda e efetuar

encomenda

A delineação das aquisições é feita informaticamente, com base nos perfis de

consumo, de forma a criar um stock – entendendo-se por stock todos os produtos que

a farmácia tem, num determinado momento e que estão disponíveis para a dispensa

- capaz de responder eficazmente às solicitações, precavendo situações de rutura

bem como, a criação de excedentes e depreendidos empates financeiros.

Assim sendo, o ato de encomendar é o alicerce para a manutenção de qualquer

negócio, pela simples necessidade de se rentabilizar o capital ao máximo, impedindo

o empate do mesmo.

Quando o stock de um produto é inferior ao stock mínimo estabelecido pelo

sistema informático, este produto é inserido automaticamente na proposta de

encomenda a fim de satisfazer o stock máximo. A proposta de encomenda tem de ser

posteriormente validada pelo responsável de compras, podendo ser alterada de modo

a se ajustar às necessidades reais da farmácia.

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Os pedidos diários são feitos duas vezes por dia, um à hora de almoço e outro

ao final da tarde, e enviados via modem aos fornecedores, Cooprofar e OCP Portugal.

No entanto, quando a encomenda já foi enviada e surge algum pedido urgente, ou

quando se trata de produtos rateados a encomenda é feita via telefone. A OCP

Portugal tem também um sistema de “Via Verde” via modem para encomendar

produtos rateados, normalmente com um máximo de 4 unidades por dia por farmácia.

Efetuam-se também compras diretas a laboratórios, através dos seus

representantes que visitam a farmácia, principalmente quando se pretende adquirir

quantidades mais elevadas e tendo a vantagem de se conseguir melhores condições

financeiras.

As condições financeiras variam de farmácia para farmácia, sendo importante

negociar tanto com os armazenistas como com os delegados de venda dos

laboratórios as melhores condições possíveis para a farmácia.

No decorrer do meu estágio tive a oportunidade de efetuar encomendas por

diversas vezes.

2.2. Rececionar e conferir encomendas e marcação de preços

A farmácia, como entidade de saúde, deve garantir a qualidade dos produtos

recebidos, procedendo a um apertado controlo em termos de verificação de

conformidade. A conferência da encomenda faz-se por comparação dos dados da

fatura que a acompanha e dos produtos recebidos.

Para cada produto que entra na farmácia, durante a receção, deve ser

verificado o seu código nacional do produto (CNP), a data de validade, o preço de

venda à farmácia (PVF), o preço impresso na cartonagem (PIC) e preço de venda ao

público (PVP) e respetiva quantidade. No final, o valor obtido deverá corresponder ao

da fatura.

Sempre que o PVP do produto rececionado seja diferente dos restantes em

stock, deve consultar-se na respetiva ficha o que acaba primeiro, e proceder à

alteração ou não do preço, colocando-se uma anotação naquele que tiver de ser

dispensado primeiro e outro naquele em que se deve alterar o preço aquando da sua

venda.

No caso dos produtos que não têm o PVP previamente definido e marcado na

embalagem, é necessário calcular o mesmo a partir do preço de custo e tendo em

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consideração a margem de lucro da farmácia, adequada ao tipo de produto e à taxa

de imposto sobre o valor acrescentado (IVA) aplicável.

Certos produtos mais específicos, como são os produtos de frio - transportados

em caixas de esferovite com termoacumuladores - e os estupefacientes, psicotrópicos

e benzodiazepinas, apresentam prioridade na altura da receção, quer pelas suas

condições especiais de armazenamento, quer pela sua toxicidade ou controlo mais

rigoroso. Para este último grupo é necessário proceder à gravação do número da

requisição no final da receção da encomenda.

No caso de encomendas de estupefacientes, psicotrópicos e benzodiazepinas

o fornecedor enviava para a farmácia, juntamente com a fatura, uma requisição em

duplicado. Um dos duplicados era carimbado e assinado pela pessoa que está

responsável pela sua receção e devolvido ao fornecedor, ficando o outro arquivado

na farmácia por um período de três anos. Com a crescente informatização, já foi

possível abolir estas requisições em papel - o fornecedor tem no seu site um local

onde o responsável assina eletronicamente estas requisições, o que facilita em muito

este processo.

As encomendas são sempre acompanhadas de uma fatura original,

imediatamente arquivada e que se destina a fins contabilísticos, e um duplicado que

serve de auxílio na receção e conferência da mesma.

No caso de existirem produtos que foram encomendados, mas que não foram

enviados, é necessário transferi-los para outro fornecedor, de forma a garantir o stock

mínimo na farmácia e evitar ruturas.

Os produtos com prazo de validade curtos têm de ser autorizados pelo

responsável das encomendas e de acordo com a necessidade de consumo dos

mesmos para que se evitem desperdícios.

Para além de ter efetuado encomendas, rececionei e conferi as mesmas, tendo

sempre em atenção todos os critérios.

2.3. Armazenar corretamente os medicamentos, conhecer o quadro legal em

vigor

O armazenamento deve ser feito de modo a possibilitar uma fácil rotação de

stocks, evitando a deterioração por vencimento da validade. Deve salvaguardar a

estabilidade e a segurança dos medicamentos, facilitando a organização e

funcionalidade dos serviços, e está sujeito à especificidade de cada produto. Desta

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forma, os produtos devem ser armazenados de modo que o produto com menor prazo

de validade é o primeiro a ser dispensado, segunda a regra First Expire, First Out

(FEFO). No caso dos produtos que não possuem prazo de validade segue-se a regra

First In, First Out (FIFO).

A generalidade dos produtos deve ser armazenada num local com ventilação

e iluminação adequadas, proteção da luz solar direta e temperatura e humidade

controladas, isto é, temperatura inferior a 25ºC e humidade inferior a 60%. Os produtos

de frio são armazenados no frigorífico onde a temperatura deve estar compreendida

ente os 2-8ºC [1].

A farmácia possui 3 termo-higrómetros para um controlo regular dos valores de

temperatura e humidade, um na zona de atendimento, um no armazém e outro no

frigorífico.

Saliento ainda que, os estupefacientes se encontram no gabinete da Diretora

Técnica devido à sua apertada legislação e controlo.

Esta tarefa, apesar de por vezes ser menosprezada, é muito importante, e eu

tive a oportunidade de a realizar todos os dias. Se os medicamente não forem

corretamente armazenados, para além de se poderem estragar (no caso de um

medicamente de frio que não seja armazenado no frigorífico), podem dificultar o

atendimento ao utente. Por outro lado, se todos os medicamentos estiverem no devido

lugar, durante o meu atendimento, não vou ter dificuldade em encontrar o que

necessito.

2.4. Respeitar os prazos de validade e de devolução de medicamentos

Torna-se essencial para uma boa gestão da farmácia e para eliminar a

possibilidade de se vender um medicamento fora de validade, fazer periodicamente

um controlo de prazos de validade dos produtos em stock, recorrendo para isso a

listagens que o sistema informático fornece, bastando selecionar as datas pretendidas

(normalmente 3 meses antes do fim da validade).

Com o auxílio destas mesmas, é feita a recolha dos produtos cujo prazo de

validade expirou ou está prestes a expirar procedendo depois à sua devolução ao

armazenista ou ao fornecedor, consoante o caso. É registado na lista qual a data de

validade mais antiga do produto que ficou na farmácia, data essa que é depois inserida

na ficha do produto. Todos os meses participei nesta recolha.

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Na Farmácia, os produtos podem ser devolvidos por vários motivos, tais como

embalagens danificadas, produtos alterados, engano nas encomendas, suspensão da

autorização de introdução no mercado (AIM), retirada de um determinado lote pelo

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamentos e Produtos de Saúde, I.P.

(Infarmed), prazos de validade expirados ou quase no término.

Estes produtos serão então acompanhados por uma nota de devolução da

farmácia, onde consta o nome do produto em questão, a quantidade, o preço, a data,

o motivo da devolução e o número da fatura do mesmo. Esta deve ser devidamente

assinada e carimbada para posterior envio e impressa em triplicado, sendo que duas

das cópias são enviadas juntamente com os produtos, e a outra é devidamente

arquivado na farmácia. As quantidades indicadas dos produtos a devolver serão

retiradas do stock e a sua situação estará pendente até à regularização das

devoluções.

Posteriormente, o fornecedor ou envia o produto correto ou outros produtos, ou

uma nota de crédito cujo valor será deduzido no valor da fatura mensal a pagar. Nos

casos particulares em que os produtos não são aceites ou não podem ser devolvidos,

entram novamente no stock e são retiradas posteriormente como quebras.

3. Dispensa e aconselhamento de medicamentos e outros produtos de

saúde

A dispensa de medicamentos consiste na cedência de medicamentos ou

substâncias medicamentosas aos utentes, mediante prescrição médica, indicação

farmacêutica ou em regime de automedicação, acompanhada de toda a informação

imprescindível para o correto uso dos medicamentos. Assim, o farmacêutico deve

avaliar a medicação dispensada e estar atento a possíveis problemas relacionados

com os medicamentos (PRM), protegendo o doente de possíveis resultados negativos

associados à medicação e promovendo a sua segurança e eficácia [2].

A indicação farmacêutica caracteriza-se pela seleção de um medicamento não

sujeito a receita médica (MNSRM) e ou indicação de medidas não farmacológicas por

parte do farmacêutico, com o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde

considerado menor, considerando as preferências do utente [2].

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O farmacêutico deve estabelecer um diálogo com o doente de modo a obter

toda a informação que lhe permita avaliar corretamente o problema de saúde, como

complemento da análise das queixas, que o levam a procurar o tratamento. Há

problemas de saúde, como patologias graves, em que o farmacêutico deve

encaminhar o doente para o médico.

De salientar que foi implementado, nas embalagens de medicamentos de uso

humano, dois dispositivos de segurança: o dispositivo de prevenção de adulterações

– na maioria dos casos um autocolante do laboratório que sela a embalagem e que

permite assim verificar se a embalagem foi violada; e o Identificador Único – que

consiste num código bidimensional (datamatrix) que permite verificar a autenticidade

e a identificação de uma embalagem individual de um medicamento. Estas medidas

ocorrem de forma a tentar minimizar as fraudes de medicamentos [3].

A equipa da Farmácia Nova de Cerveira deu-me a oportunidade de, desde

cedo, cimentar a minha experiência na dispensa e no aconselhamento de

medicamentos e outros produtos de saúde, tendo-se mostrado sempre disponível

para me esclarecer qualquer dúvida.

3.1. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória

Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) englobam todos aqueles

que necessitam de prescrição médica válida, para serem dispensados. Estão sujeitos

a receita médica os medicamentos que, direta ou indiretamente, constituam risco para

a saúde, se forem utilizados sem vigilância médica ou se foram utilizados com

frequência, em quantidades consideráveis, para fins diferentes daquele a que se

destinam; ou aqueles que contenham substâncias cuja atividade ou reações adversas

seja indispensável aprofundar, assim como os se que destinem a ser administrados

por via parentérica [4].

3.1.1. Receção da prescrição médica, interpretação e avaliação da mesma

A prescrição de medicamentos deve ser realizada eletronicamente e só deve

ser realizada por via manual, em casos excecionais devidamente justificados: falência

informática; inadaptação do prescritor; prescrição ao domicílio (não aplicável a lares

de idosos) e outras situações até um máximo de 40 receitas por mês [5]. Assim, as

receitas manuais tem uma validade de apenas 30 dias, podendo ser prescritos até 4

medicamentos distintos, com um máximo de 2 embalagens iguais, a não ser que se

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tratem de medicamentos de dose unitária, nunca ultrapassando as 4 embalagens na

totalidade da receita [6].

As receitas eletrónicas surgiram de modo a “aumentar a segurança no

processo de prescrição e dispensa, facilitar a comunicação entre profissionais de

saúde de diferentes instituições e agilizar processos”. Temos assim a prescrição

eletrónica materializada quando a receita é impressa e a desmaterializada quando a

receita é acessível por equipamentos eletrónicos [6]. Nestes casos, a validade das

receitas já pode ir de 30 dias a 6 meses conforme se trate de medicamentos de uso

agudo ou uso crónico.

Nas receitas eletrónicas materializadas, podem ser prescritos até 4

medicamentos distintos, num total de 4 embalagens por receita. No máximo, podem

ser prescritas 2 embalagens por medicamento a não ser que se tratem de

medicamentos de dose unitária onde podem ser prescritas até 4 embalagens ou até

12 embalagens no caso de medicamentos de longa duração (divididas em três vias)

[6].

Por último, nas receitas eletrónicas desmaterializadas, cada linha de prescrição

apenas contém um medicamento até ao máximo de 2 embalagens, no caso de

medicamentos destinados a tratamentos de curta ou média duração ou de 6

embalagens, no caso de medicamentos destinados a tratamentos de longa duração.

No caso dos medicamentos de dose unitária podem ser prescritas até 4 embalagens

ou até 12 embalagens no caso de medicamentos de longa duração [6].

Sempre que a receita não apresente exceções assinaladas pelo médico, é

dado ao utente o direito de escolha, nomeadamente se que optar pelo medicamento

de marca ou por um dos genéricos no mercado. No entanto, ocasionalmente, existem

prescrições nas quais o médico prescritor inclui uma justificação técnica e não se pode

dar o direito de escolha ao utente ou então esse direito encontra-se limitado. São elas:

Margem ou índice terapêutico estreito (alínea a) - a receita tem que conter

a menção “Exceção a) do n.º 3 do art. 6.º” (limitada ao conjunto de

medicamentos previamente identificado pelo Infarmed);

Reação adversa prévia (alínea b) - a receita tem de conter a menção

“Exceção b) do n.º 3 do art. 6.º - reação adversa prévia” (limitada às situações

em que tenha havido reação adversa reportada ao Infarmed, isto é, a um

determinado medicamento e a um utente em particular);

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Continuidade de tratamento superior a 28 dias (alínea c) - a receita tem de

conter a menção “Exceção c) do n.º 3 do art. 6.º - continuidade de tratamento

superior a 28 dias” (apesar da justificação, é permitido ao utente optar por

medicamentos com a mesma DCI, forma farmacêutica, dosagem e tamanho de

embalagem similares ao prescrito, desde que sejam de preço inferior) [6].

O farmacêutico deve interpretar científica e tecnicamente a receita médica, de

modo a validá-la e proceder à dispensação dos medicamentos nela referidos. Assim,

é importante que o farmacêutico verifique a quem se destinam os medicamentos,

confirme a sintomatologia apresentada, verifique a possibilidade de efeitos adversos,

contraindicações ou interações, e se estamos perante uma nova terapêutica ou uma

continuação de tratamento.

3.1.2. Medicamentos genéricos

Os medicamentos genéricos (MG) são aqueles que apresentam a mesma

composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma

farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência foi

demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados. Para ser MG, têm de ter

caducados os direitos de propriedade industrial relativo às respetivas substâncias

ativas ou processo de fabrico (patente) [4].

A implementação dos MG foi uma medida muito positiva para os utentes, na

medida em que podem usufruir de um medicamento similar aos já existentes no

mercado, com a mesma substância ativa e eficácia terapêutica, mas com um preço

reduzido, sem prejuízo da sua qualidade e segurança. As farmácias devem ter em

stock pelo menos três medicamentos genéricos de cada grupo homogéneo de entre

os cinco com preço mais baixo. Assim, no ato da dispensa, devem ser prestadas as

informações relevantes sobre o preço dos medicamentos e as opções disponíveis ao

utente já que a farmácia contribui para a poupança de recursos em saúde com a

promoção da utilização dos medicamentos genéricos e de medicamentos de menor

custo, nos casos em que tal for aplicável [4, 7].

O Sistema de Preços de Referência (SPR) encontra-se definido no Decreto-Lei

n.º 97/2015, de 1 de junho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 115/2017, de 7 de setembro.

Assim, este sistema engloba os medicamentos comparticipados, prescritos no

âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), e para os quais já existem

medicamentos genéricos autorizados, comparticipados e comercializados.

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O preço de referência é o valor sobre o qual incide a comparticipação do Estado

no preço dos medicamentos incluídos em cada um dos grupos homogéneos, de

acordo com o escalão ou regime de comparticipação que lhes é aplicável. “O preço

de referência para cada grupo homogéneo corresponde à média dos cinco PVP mais

baixos praticados no mercado, tendo em consideração os medicamentos que

integrem aquele grupo.” O SPR estabelece um valor máximo a ser comparticipado

pelo Estado correspondendo ao escalão ou regime de comparticipação aplicável

calculado sobre o preço de referência ou igual ao PVP do medicamento, conforme o

que for inferior [8].

3.1.3. Psicotrópicos e/ou estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes contém substâncias que

atuam ao nível do sistema nervoso central, funcionando como depressores ou

estimulantes. Apesar de poderem ser usados em diversas terapêuticas como controlo

da dor oncológica ou doenças psiquiátricas, são também muitas vezes associados a

atos ilícitos e acarretam elevados riscos de habituação e dependência física e

psíquica, sendo por isso alvos de elevada atenção e controlo por parte das

autoridades competentes.

Estes medicamentos apresentam-se regulados por entidades legislativas e

pelo Decreto-Lei nº15/93, de 22 de janeiro [9]. No caso de prescrição eletrónica

materializada ou manual, estes medicamentos têm de ser prescritos isoladamente, ou

seja, a receita médica não pode conter outros medicamentos. No entanto, na

prescrição eletrónica desmaterializada estes medicamentos já não precisam de vir

isolados uma vez que cada receita pode ter diferentes tipos de linha de prescrição,

sendo possível a aplicação de regras distintas consoante as situações [6].

Para finalizar a dispensa é obrigatório o registo no sistema informático do

médico prescritor – nome e nº da ordem; do doente - nome e morada; e do adquirente

– nome, morada, idade, data de nascimento, nº e validade de um documento de

identificação. Note-se que estes medicamentos só podem ser adquiridos pelo próprio

utente ou por alguém responsável maior de idade e sem doença psiquiátrica. No final

da dispensa é emitida um documento próprio de registo de estupefacientes e

psicotrópicos que é arquivado sozinho (nas receitas desmaterializadas) ou anexado à

fotocópia da receita (nas receitas manuais ou materializadas) por um período de 3

anos [6].

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3.2. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica obrigatória

Os MNSRM são os medicamentos que não preenchem as condições referidas

para os MSRM citadas acima. Estes destinam-se, na maior parte das vezes, ao alívio,

tratamento ou prevenção dos sintomas ligeiros que não requerem, à partida, vigilância

médica. Todavia, tal como todos os outros, estes medicamentos têm de obedecer a

critérios muito rigorosos de qualidade, segurança e eficácia para estarem disponíveis

no mercado e, apesar de não carecerem de prescrição médica, não significa que

estejam isentos de efeitos adversos, daí que devam ser dispensados por um

profissional de saúde que possa fazer uma correta avaliação do problema [4].

O Infarmed pode autorizar a reclassificação de MSRM em medicamentos não

sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia (MNSRM-EF)

constituindo estes uma sub-categoria dos MNSRM, atendendo ao seu perfil de

segurança ou às suas indicações terapêuticas sendo igualmente aplicável à

classificação de medicamentos que obtenham AIM [10, 11].

Assim, são medicamentos que embora possam ser dispensados sem

prescrição médica, a sua dispensa é condicionada à intervenção do farmacêutico e à

aplicação de protocolos de dispensa. Estes protocolos definem a indicação

terapêutica para a qual o medicamento pode ser dispensado e são atualizados sempre

que surja nova informação de segurança ou outra considerada imprescindível à sua

dispensa em farmácia [12].

3.3. Outros medicamentos e produtos de saúde

A venda destes produtos tem cada vez mais impacto na farmácia. Destaco os

produtos para alimentação como os iogurtes hipercalóricos ou hiperproteicos

destinados aos idosos, a doentes oncológicos ou a qualquer pessoa que esteja com

carências nutricionais e não aceite muito bem os alimentos; estes acabam por ajudar

as famílias e cuidadores a conseguir suprimir, mais facilmente, as necessidades que

advém da falta de apetite, de doença ou mesmo das dificuldades de deglutição.

Também os produtos e medicamentos de uso veterinário tem vindo a ganhar

mais expressão com uma já grande quantidade de produtos que estão disponíveis

para venda e dispensa na farmácia; não esquecendo que alguns carecem de receita

médica veterinária.

Os produtos de dermocosmética têm um grande destaque na farmácia: tanto

os que se destinam apenas à beleza como os cremes antirrugas ou os usados para o

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tratamento de doenças de pele. Um exemplo desta situação são os cremes destinados

à pele atópica que cada vez são mais procurados.

Os dispositivos médicos como é o caso dos produtos destinados ao apoio dos

doentes ostomizados ou com incontinência ou retenção urinária, são agora

dispensados na farmácia com a sua total comparticipação mediante a apresentação

de prescrição médica adequada.

3.4. Posologia, modo de administração, informação oral e escrita; cuidados na

conservação domiciliária

Apesar de a posologia, no caso de prescrição médica, vir quase sempre

descrita na receita, há casos em que falha e é importante resolver a situação ao

doente tentando falar com o médico. Deve-se sempre explicar oralmente ao utente a

posologia e o modo de administração, mas também escrever porque muitas vezes ao

chegar a casa o utente já não se lembra do que ouviu.

Se antigamente o farmacêutico escrevia na caixa dos medicamentos com a sua

própria letra o que às vezes também não era de fácil interpretação para o utente

podendo-se mesmo enganar a passar a posologia para a caixa, recentemente foram

implementadas por muitas farmácias um sistema de etiquetas impressas que saem

com o nome da farmácia, do utente, do medicamento e a posologia indicada pelo

médico, o que minimiza em muito os erros.

Não se deve nunca descurar também alertar os utentes para as condições de

conservação dos medicamentos, nomeadamente os que carecem de permanecer no

frigorífico já que pode interferir negativamente na eficácia do produto em causa.

4. Promoção do uso racional do medicamento

O farmacêutico tem um papel importantíssimo no que concerne à saúde e bem-

estar do utente e esse deve ser o seu principal foco. Muitas vezes somos deparados

com pedidos de indicação farmacêutica, mas não só, cada vez são mais os utentes

que se automedicaram ou querem só tirar alguma dúvida, às vezes até por telefone

como por exemplo saber a posologia de um determinado medicamento.

Várias vezes no decurso do meu estágio me deparei com utentes que por

exemplo não cumpriram a posologia de um antibiótico até ao final e escreveram na

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caixa que era para “dores de garganta” e quando surgiu nova dor, começaram a tomar

o que ainda tinham em casa. Por vezes ainda solicitam outra caixa igual porque dizem

que não vai chegar. O farmacêutico deve consciencializar o utente para os perigos da

automedicação, se na primeira situação o utente estaria com uma infeção bacteriana

na segunda poderia simplesmente estar com uma inflamação na garganta não

necessitando de tomar antibiótico, um ibuprofeno seria à partida o suficiente. Apenas

se está a contribuir para a crescente resistência aos antibióticos. Este é um problema

de saúde pública cada vez mais difícil de resolver.

Não podemos por de parte a consciencialização do utente em cada

atendimento acerca do uso racional do medicamento pelo bem de todos nós.

5. Contabilidade e gestão na farmácia

5.1. Requisitos legais e administrativos do processamento de receituário e

faturação

As receitas eletrónicas sem papel vieram facilitar a faturação do receituário uma

vez que a receita ao ser aviada é automaticamente processada em com erros de

validação ou sem erros de validação, entrando faturados em lotes diferentes. Além

disso, ainda existem as receitas manuais e as eletrónicas em papel e para detetar

possíveis falhas que possam ter ocorrido durante o atendimento é realizada a

conferência desse receituário. Assim, o profissional deve ter em atenção vários

aspetos.

Num primeiro momento, as receitas são divididas por organismos, neste

momento existem dois grandes grupos, nomeadamente o SNS (01) e os Pensionistas

do SNS (48), e vários outros pequenos organismos e subsistemas de saúde; e

seguidamente ordenadas em lotes de 30 receitas.

Após esta divisão, para cada receita, tem de se ter em conta várias condições:

o correto preenchimento da receita - assinatura do médico, data, vinhetas,

carimbos, nome e nº de beneficiário do utente, presença de rasuras ou emendas;

a correspondência entre os medicamentos prescritos e os medicamentos

cedidos;

a verificação do organismo de comparticipação, despachos legislativos e

portarias;

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a presença do carimbo da farmácia, data, a assinatura do profissional que

dispensou a medicação e a do utente que a recebeu (no verso da receita).

Caso sejam detetados erros, não apenas de modo a evitar a devolução do

receituário e não pagamento do mesmo, mas principalmente pela responsabilidade

que nós temos na saúde do nosso utente, os profissionais de saúde, médicos ou

utentes são informados, de modo a corrigir os mesmos.

No final de cada mês imprime-se o verbete de identificação para cada lote, o

resumo de lotes, a fatura mensal e a guia da fatura. Assim, até dia 10 do mês seguinte,

os lotes respetivos ao SNS são enviados via CTT para o Centro de Conferência de

Receitas e os lotes respetivos às complementaridades são enviados também via CTT

para a Associação Nacional de Farmácias (ANF) juntamente com um comprovativo

de entrega uma vez que é a ANF que os distribui pelos diferentes subsistemas de

saúde. As notas de crédito/débito que antes eram enviadas via CTT são agora

enviadas apenas via eletrónica.

Caso seja detetado algum erro, a respetiva receita é devolvida à farmácia com

o motivo que levou à sua não aceitação. Posto isso, a farmácia pode proceder à sua

correção caso seja possível a fim de receber o valor da comparticipação.

No decurso do meu estágio tive a oportunidade de assistir e de ajudar em vários

fechos mensais, uma atividade de grande responsabilidade para a farmácia.

6. Outros cuidados de saúde prestados na farmácia

6.1. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos

A farmácia oferece uma variedade de cuidados farmacêuticos, entre os quais

a determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos como pressão arterial, peso,

colesterol total e glicose. No decorrer destes meses tive oportunidade de os realizar a

todos com os devidos cuidados.

Saliento o caso de um utente que, num espaço de 2 meses tinha uma diferença

no valor do colesterol total de 175mg/dL para 250mg/dL; como se encontrava a fazer

medicação achei um pouco estranho e tentei perceber a razão desse aumento – tinha

deixado de tomar a medicação por iniciativa própria porque o valor da última vez

“estava bom”. Certamente que isto não é um caso isolado, é importante

consciencializar o utente para que siga as indicações do médico e do farmacêutico;

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não é por num dia os valores estarem normais que no dia seguinte deva parar de

tomar a medicação.

6.2. Seguimento da evolução da saúde do doente e encaminhamento para o

médico assistente

No período do meu estágio, foi-me sempre aconselhado que durante o

atendimento ao utente, tentasse perceber, de forma subtil, como o próprio estava, se

tinha melhorias ou queixas, a fim de, caso fosse necessário, encaminhar o utente de

novo para o médico.

De referir que esta farmácia tem também disponível um serviço de seguimento

farmacoterapêutico. Por exemplo, decorridos alguns dias da compra de um antibiótico,

a farmácia telefona para o utente para saber se sentiu melhorias, ou mesmo para se

oferecer como intermediário entre o utente e o médico para resolver alguma questão

relacionada com o medicamento.

7. Interação com o utente e diálogo com o médico

Durante todo o decorrer do meu estágio, foi-me aconselhado que

estabelecesse a melhor relação possível com o utente e que me adaptasse à sua

realidade já que cada utente é um só. Se por vezes me era perguntado o porquê de

um medicamento baixar o colesterol outras vezes o utente só queria saber se o

medicamento era para o coração ou para a bexiga.

É desafiante conseguirmos estabelecer uma relação com o utente, ele tem de

ser o nosso principal foco junto com a sua saúde, e não é por estarmos a lidar com

alguém que não tem escolaridade ou que tem um mestrado que devemos fazer o

nosso trabalho melhor ou pior, mas sim sempre o mais adaptado possível à pessoa

que temos à nossa frente porque confiam em nós para tal.

Para além de toda a dinâmica com o utente, por várias vezes tive de entrar em

contato com o médico prescritor, muitas das vezes através dos Centros de Saúde e

do Hospital, que sempre se mostraram recetivos quando referimos que se trata de

uma dúvida com a prescrição. De entre os motivos salienta-se o facto de por inúmeras

vezes um produto se encontrar esgotado não havendo alternativa, o não conseguir

interpretar a prescrição (no caso das receitas manuais) ou mesmo o engano por parte

do médico como o colocar numa receita manual um medicamento psicotrópico com

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um outro sujeito a receita médica. Nem sempre é fácil interagir com a classe médica,

mas consegue-se chegar à resolução do problema que motivou o contacto. E isso é

o mais importante.

8. Marketing na Farmácia Comunitária

Cada vez mais se fala em marketing e não posso deixar de referir que

realmente é de extrema importância. Quando se fala em cosmética por exemplo, se

um produto estiver guardado no armazém ninguém o vê, logo ninguém o compra, ou

só o compra quem o conhece e pede. No entanto, muitas vezes, o utente ao não ver

o produto exposto já nem sequer pergunta se o temos e como tal não compra. A

exposição dos produtos aos olhos do utente é fundamental.

Na farmácia tive a oportunidade de mudar produtos de sítios e de fazer montras

com produtos que estavam com baixa rotação.

Para além disso, é cada vez mais importante que as farmácias se deem a

conhecer nas redes sociais, um universo agora tão importante. Quase toda a

população tem um smartphone, tablet ou computador e está ligado a pelo menos uma

rede social. Quando entramos na mesma, somos bombardeados com publicidades,

sugestões de páginas, publicações; se a farmácia do lado está presente no

Facebook e a nossa não, a população vai vendo as promoções, as sugestões de

produtos, rastreios, etc, e vai acabar por ir a essa farmácia e não à nossa.

Assim, a Farmácia Nova de Cerveira, como não poderia deixar de o fazer, está

presente no Facebook, onde se vão colocando informações pertinentes, promoções,

divulgação de produtos, workshops, rastreios, de forma a que a população se vá

inteirando do que se passa na farmácia podendo tirar o melhor proveito disso e para

que não esqueçam que a farmácia está ali ao seu dispor.

9. Aspetos pertinentes

Apesar da informatização ter vindo melhorar e facilitar o trabalho na Farmácia

Comunitária, muitas ainda são as falhas. Com a implementação das prescrições

eletrónicas desmaterializadas surgiram vários problemas que na minha opinião ainda

não conseguiram ser resolvidos.

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Primeiro temos o simples facto de em caso de falência informática não

conseguirmos saber o que está na receita já que a maioria dos utentes só tem os

códigos no telemóvel e nem tem a guia nem está registado na Área do Cidadão do

site do SNS nem tem a app “MySNS carteira”.

Por outro lado, apesar de ter inúmeras vantagens, principalmente para a

população mais jovem, no que toca aos mais idosos ainda vejo mais desvantagens.

Ao não dominarem tão bem as novas tecnologias na maioria das vezes estão um

pouco perdidos. Não sabem que medicação ainda tem para levantar, não sabem em

que receita a suposta medicação está, não sabem até quando a podem levantar; e

tudo porque não tem um papel para se puderem guiar. Por vezes um atendimento

pode durar o dobro do tempo simplesmente à procura da receita certa entre 10 que

estão no telemóvel do utente. Nesses casos, com vista a facilitar a vida do utente e

da farmácia, opto por imprimir eu, através do sistema informático, um talão com os

medicamentos e respetivas quantidades que cada receita tem por aviar, assim como

a validade de cada um, não esquecendo de complementar com os códigos de

dispensa e de opção para o caso do utente apagar a mensagem.

Outra questão que eu não posso de maneira nenhuma deixar de abordar é a

falta de medicamento. Não foi só no estágio que me deparei com esta realidade

porque já trabalho há alguns anos em farmácia comunitária e tenho assistido a uma

crescente falta de medicamentos. Quando existe uma alternativa ainda se vai

conseguindo resolver o problema, mas quando falamos de medicamentos que não

tem genérico nem outra marca acho gravíssimo. Neste momento não há um dia em

que durante um atendimento eu não tenha de explicar ao utente que não tenho o

medicamento que ele quer por estar esgotado em todos os fornecedores. Posso dizer

que por vezes não é nada fácil explicar esta realidade ao utente e que muitas vezes

ele fica chateado, vai a outra farmácia e consegue encontrar o produto porque ainda

tinham em stock e ficam a achar que nós estamos a mentir. Acho que esta questão já

se vem a arrastar há muito tempo e que sinceramente está a ser desvalorizada.

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PARTE II – Projetos desenvolvidos

1. Fluralaner

1.1. Enquadramento

O fluralaner, aprovado na União Europeia em fevereiro de 2014 sob o nome

comercial de Bravecto, é um medicamento veterinário usado em cães e gatos contra

ectoparasitas. No decorrer do meu estágio fui-me apercebendo da enorme procura do

fluralaner face aos antiparasitários mais conhecidos e antigos, assim como da falta de

informação científica não só da minha parte, mas também dos trabalhadores de

farmácia no geral. Como tal decidi elaborar um poster com um resumo da substância

ativa de modo a ser visível por todos e de fácil consulta quando uma dúvida surgisse.

1.2. Classificação farmacoterapêutica

Os parasitas podem ser classificados de acordo com a zona do corpo do

hospedeiro onde vivem, dividindo-se assim em ectoparasitas e endoparasitas,

conforme vivam fora ou dentro do hospedeiro, respetivamente. O fluralaner faz parte

do grupo farmacoterapêutico dos ectoparasiticidas de uso sistémico. Este faz parte de

uma nova classe de medicamentos antiparasitários, as isoxazolinas, potentes e

seguros acaricidas e inseticidas indicados no tratamento de infestações por

ectoparasitas como as pulgas, carraças e ácaros que vivem na pele, no pelo ou no

ouvido do cão ou do gatos, isto é, no exterior do seu hospedeiro [13, 14].

1.3. Mecanismo de ação

O fluralaner, como se trata de um fármaco ativo contra os parasitas

sistemicamente, só surte o seu efeito quando o parasita se fixa à pele do cão ou do

gato e se começa a alimentar do sangue do seu hospedeiro [15-18]. O fluralaner é um

antagonista dos canais de cloreto dependentes de ligando controlados pelo GABA e

pelo glutamato, dois importantes neurotransmissores do sistema nervoso dos

parasitas [13, 19-22]. O GABA, para além de estar presente no sistema nervoso do

parasita onde é responsável por gerar um potencial de ação inibitório, encontra-se

também nas junções neuromusculares, promovendo aí relaxamento muscular [24]. O

GABA é um neurotransmissor inibitório crucial na transdução do sinal nervoso no

parasita: quando é libertado pela célula pré-sináptica do parasita, atravessa a fenda

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sináptica e alcança a membrana pós-sináptica onde se liga aos canais de cloreto

dependentes; esta ligação abre os canais e o ião cloro pode assim atravessá-los

dando origem a um sinal inibitório [13, 19-22]. Assim, quando o parasita ingere e

absorve o fluralaner, este vai-se ligar aos canais de cloreto dependentes de ligando

impedindo assim que os iões cloreto passem através dos canais e consequentemente

interrompe a condução do sinal inibitório, resultando num excesso de estimulação que

leva à paralisia e morte do parasita [20, 23, 24]. Um estudo, que pretendia verificar a

inibição seletiva dos canais de cloreto dependentes do GABA e do glutamato no

parasita por parte do fluralaner, comprovou que o mesmo possui uma alta seletividade

para os neurónios dos parasitas quando comparados com os neurónios dos

mamíferos, nomeadamente na ratazana [13, 19-22]. O glutamato forma tanto canais

catiónicos (excitatórios) como canais aniónicos (inibitórios); no entanto, o facto dos

canais inibitórios se encontrarem apenas nos invertebrados, contribui para que a

especificidade do fluralaner para os parasitas seja ainda maior [13, 20].

No caso particular das pulgas, um dos principais ectoparasitas do cão e do

gato, o fluralaner consegue quebrar o seu ciclo de vida e por conseguinte é

competente no combate a este parasita. Demonstra assim uma eficácia duradoura

contra pulgas adultas e um início de ação rápido, o que leva a que as mesmas morram

antes sequer de conseguirem produzir ovos viáveis, prevenindo assim a reprodução

das pulgas [14, 25, 26]. Num estudo realizado in vitro foi também verificado que,

mesmo em concentrações sub-terapêuticas, o fluralaner consegue descontinuar a

produção de ovos pelas pulgas [26]. De referir que o controlo da reprodução das

pulgas contribui, adicionalmente, para que o ambiente onde o animal vive esteja livre

deste parasita e como tal, previna uma recidiva da infestação do mesmo [23].

1.4. Formas disponíveis

Este fármaco encontra-se disponível em duas formas farmacêuticas diferentes:

em solução para unção punctiforme (também designada como spot-on) e em

comprimidos mastigáveis, ambos oferecendo uma proteção contra ectoparasitas

durante 12 semanas. Enquanto que os comprimidos se destinam apenas ao cão, a

solução para unção punctiforme existe tanto para o cão como para o gato.

Relativamente às formulações dos cães, estas dividem-se em 5 dosagens

conforme o peso do animal:

112,5mg de fluralaner - cães de porte muito pequeno 2–4,5kg;

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250mg de fluralaner - cães de porte pequeno >4,5–10kg;

500mg de fluralaner - cães de porte médio >10–20kg;

1000mg de fluralaner - cães de porte grande >20–40kg;

1400mg de fluralaner - cães de porte muito grande >40–56kg [15, 16].

Enquanto as formulações dos gatos se dividem apenas em 3 diferentes

dosagens, também tendo em atenção o peso do gato:

112,5mg de fluralaner - gatos de porte pequeno 1,2–2,8kg;

250mg de fluralaner - gatos de porte médio >2,8–6,25kg;

500mg de fluralaner - gatos de porte grande >6,25–12,5kg [17].

Mais recentemente, surgiu uma combinação, para gatos, de fluralaner com

moxidectina, que teve como intuito fornecer um espectro mais amplo de atividades

numa formulação de baixo volume. A moxidectina trata-se de uma lactona macrocílica

com potente atividade nematocida, com segurança e eficácia demonstrada [27]. Esta

substância já é utilizada em gatos há mais de 15 anos em produtos spot-on mensais

[27, 28]. Esta nova solução contendo fluralaner (dose mínima recomendada de

40mg/kg) associado a moxidectina (dose mínima recomendada de 2mg/kg), está

aprovada para o tratamento e controlo de pulgas e carraças durante 12 semanas, para

prevenção de dirofilariose durante 8 semanas, e no tratamento de infeções por

nemátodes [27]. Um recente estudo de campo europeu demonstrou a sua eficácia e

segurança no tratamento de infeções por parasitas gastrointestinais (lombrigas e

ancilostomídeos) e Capillaria spp. [29].

Esta formulação existe em 3 dosagens distintas:

112,5mg de fluralaner + 5,6mg de moxidectina - gatos de porte pequeno

1,2–2,8kg;

250mg de fluralaner + 12,5mg de moxidectina - gatos de porte médio

>2,8–6,25kg;

500mg de fluralaner + 25mg de moxidectina - gatos de porte grande

>6,25–12,5kg [18].

1.5. Indicações

O fluralaner, quando isolado em solução para aplicação tópica no gato, está

indicado contra as pulgas, carraças e ácaros auriculares; pode, no entanto, também

ser utilizado como adjuvante de outros tratamentos em caso de dermatite alérgica à

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picada da pulga [17]. Enquanto que na eliminação das pulgas a substância demora

cerca de 12 horas até surgir efeito, nas carraças o tempo é maior, demorando cerca

de 48 horas até iniciar a sua eficácia [17].

No entanto, quando falamos por sua vez do fluralaner em associação com a

moxidectina temos de englobar também as indicações deste último fármaco,

nomeadamente nemátodes gastrointestinais, ancilostomídeos e dirofilariose [18].

Relativamente ao fluralaner quando utilizado no cão, ambas as formas

farmacêuticas spot-on e comprimido, estão indicadas contra as pulgas e carraças, e

no tratamento da demodicose causada por Demodex canis e da sarna sarcóptica; no

entanto, pode também ser utilizado como adjuvante de outros tratamentos em caso

de dermatite alérgica à picada da pulga uma vez que, devido ao seu rápido início de

ação e eficácia prolongada, mata as pulgas e reduz drasticamente a produção de

ovos, o que ajuda no controlo ambiental deste parasita, levando a um menor número

de picadas [15, 16]. O início de ação no cão é mais rápido do que no gato; na

eliminação das pulgas a substância demora cerca de 8 horas até surgir efeito e nas

carraças cerca de 12 horas [15, 16].

1.6. Farmacocinética

No que respeita à farmacocinética desta substância – o fluralaner - é importante

ter em atenção as duas espécies (cães e gatos) e as duas formas de administração

(tópica e oral).

O fluralaner, por via oral, atinge a concentração plasmática máxima no prazo

de 1 dia após a sua administração, diminuindo progressivamente ao longo do tempo,

com alguns picos secundários que sugerem redistribuição ou recirculação [15]. No

entanto, foi observada uma variação individual na concentração máxima e no tempo

de semi-vida, maior quando administrado em doses mais baixas e menor quando

administrado em doses mais altas [15, 19]. Pode ser quantificado no plasma

(>10ng/ml) até 112 dias após o tratamento, o que demonstra uma longa persistência

sistémica [19]. Quando falamos na administração oral é importante saber quais os

efeitos dos alimentos na farmacocinética do fluralaner. Apesar deste ser rapidamente

absorvido tanto em cães em jejum como em cães alimentados, a administração oral

de fluralaner em cães, juntamente com a sua ração, resultou numa exposição total ao

medicamento 2,5 vezes maior do que nos cães em jejum; da mesma forma, a

concentração plasmática máxima foi 2,1 vezes maior nos cães que comeram [33]. A

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administração do fluralaner com alimentos mais do que duplica a biodisponibilidade

do fluralaner e por esse motivo é recomendada a administração dos comprimidos com

a refeição do cão [33].

Nos cães, após administração tópica, o fluralaner penetra rapidamente na pele

e tecidos subjacentes, sendo absorvido para o sistema vascular em quantidade

suficiente para garantir o rápido início da morte efetiva das pulgas e carraças expostas

a este fármaco [30]. Possui ainda uma alta atividade após exposição pela alimentação

do parasita e uma baixa atividade de exposição ao contato, isto é, não chega o

parasita se fixar ao corpo do hospedeiro já que o fluralaner não tem uma ação

repelente: o parasita tem de se fixar ao corpo do hospedeiro e começar a alimentar-

se do sangue do hospedeiro [30]. As concentrações plasmáticas de fluralaner

mostraram um plateau entre os dias 7 e 63 após a aplicação, tendo sido observado

dentro deste período de tempo o pico de concentração em cada animal [16]. Após o

plateau plasmático, as concentrações de fluralaner diminuem lentamente, sendo

detetáveis e quantificáveis concentrações por mais de 12 semanas após a

administração tópica [31]. A lavagem do cão, quando ocorrida 3 dias após a

administração tópica, não afeta a eficácia contra as pulgas e carraças durante as 12

semanas em que a substância ativa protege o cão após a sua aplicação [32].

Nos gatos, o fluralaner é prontamente absorvido sistemicamente a partir do

local de administração tópica, e atinge a concentração máxima no plasma entre 3 a

21 dias após a administração; seguidamente as concentrações diminuem lentamente,

tendo sido também quantificáveis por mais de 12 semanas [31].

Num estudo realizado em cães onde se pretendia estudar a farmacocinética do

fluralaner por via oral e intravenosa (não estando esta última disponível no mercado),

os valores médios de semi-vida (15 dias) e de tempo médio de permanência (20 dias)

sugerem um processo de eliminação lento, tanto após administração oral em

diferentes doses, como após administração intravenosa, o que nos indica que a

cinética de eliminação parece ser independente da dose e via de administração [19].

A principal via de eliminação do fluralaner é a hepática sendo excretado inalterado

nas fezes [19, 25]. Por sua vez, eliminação por filtração renal é menor uma vez que o

fármaco tem uma alta ligação às proteínas plasmáticas [19].

Os perfis farmacocinéticos dos cães e gatos são ambos caracterizados por uma

longa persistência sistémica do fluralaner uma vez que este pode ser quantificado no

plasma por mais de 12 semanas após a sua administração, verificando-se assim um

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longo tempo de semi-vida (11 dias nos gatos e 15 dias nos cães) assim como um

longo tempo de permanência médio (15 dias nos gatos e 20 dias nos cães). A

eliminação do fluralaner é lenta, no entanto, é mais rápida em gatos do que em cães,

mais precisamente 0,14L/kg/dia em cães e 0,23L/kg/dia em gatos [19, 31]. Estas

diferenças fazem com que a dose mínima eficaz recomendada para os gatos

(40mg/kg de peso corporal) seja superior à dose mínima eficaz recomendada para os

cães (25mg/kg de peso corporal) [31].

Como o fluralaner tem rápida absorção, uma semi-vida e tempo médio de

permanência longos, volume de distribuição elevado e baixa eliminação, passa a ser

mais fácil explicar o porquê de possuir uma eficácia duradoura contra pulgas e

carraças tanto nos cães como nos gatos [19].

1.7. Considerações a ter em conta

Quando em formulação para o uso em gatos, o fluralaner não deve ser

administrado em gatos com menos de 11 semanas, nem em gatos com menos de

1,2kg; e nunca num intervalo de tempo inferior a 8 semanas [17]. Tendo em conta que

ainda não existem estudos que demonstrem a segurança na gestação e lactação, o

seu uso nestes grupos deve ser tido em conta pela análise do benefício/risco por parte

do médico veterinário [17].

Apesar de poucos, foram relatados alguns efeitos adversos, nomeadamente

reações cutâneas leves e transitórias no local onde a pipeta foi colocada, tal como

alguns casos de apatia, tremores, anorexia, vómitos e hipersalivação logo após a

aplicação [17].

No que reporta aos cães, o fluralaner não deve ser administrado em cães com

menos de 8 semanas, nem com menos de 2kg; e, tal como nos gatos, nunca num

intervalo de tempo inferior a 8 semanas [15, 16]. Por sua vez, a segurança na

reprodução, gestação e lactação dos cães foi já estudada e comprovada, pelo que o

seu uso nestes grupos não tem qualquer perigo [15, 16].

Nos cães, aquando da aplicação da pipeta, foram relatados alguns casos de

reações cutâneas leves e transitórias [16]. No entanto, quanto aos comprimidos de

fluralaner, estes apresentam, para além de alguns efeitos adversos gastrointestinais,

alguns casos espontaneamente reportados de convulsões e letargia, pelo que devem

ser administrados com precaução ou mesmo não ser administrados, em cães com

epilepsia [15, 16, 34].

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Nunca esquecer que o fluralaner, comercializado no nosso país como

Bravecto, se trata de um medicamento para uso animal sujeito a receita médica

veterinária, não podendo ser dispensado pelo farmacêutico sem a apresentação da

mesma. O animal pode ter alguma patologia, como é o caso da epilepsia, em que a

toma do antiparasitário não é aconselhada.

1.8. Estudos comparativos

A eficácia do fluralaner por via oral foi comparada com a eficácia da aplicação

tópica de imidaclopride/moxidectina contra a demodicose num grupo de 16 cães

durante 12 semanas. Nos animais tratados com fluralaner, após 4 semanas do início

do tratamento houve uma redução dos ácaros de 99,8% e após 8 e 12 semanas não

foram detetados quaisquer ácaros; no caso da imidaclopride/moxidectina, apesar de

também eficaz contra a demodicose, os cães ainda apresentavam alguns ácaros nos

3 momentos avaliados: verificou-se uma diminuição do número de ácaros de 98%

após 4 semanas, de 96,5% após 8 semanas e 94,7% após 12 semanas do início do

tratamento [35]. Um outro estudo que desta vez usa o fluralaner de aplicação tópica,

chega a uma conclusão semelhante: o fluralaner é mais eficaz a eliminar os ácaros

do que a combinação de imidaclopride e moxidectina [36].

Também a eficácia do fluralaner por via oral em 479 cães infestados com

pulgas e/ou carraças foi comparada com o fipronil, existe no mercado em soluções

spot-on. O estudo concluiu que o fluralaner é superior contra pulgas mas que contra

carraças o efeito dos dois produtos é muito semelhante [14].

Comparou-se também a eficácia da administração oral de fluralaner com a

aplicação tópica de permetrina/imidaclopride contra a transmissão de Ehrlichia canis

para os cães por carraças Rhipicephalus sanguineus infetadas. Neste caso, os cães

tratados com permetrina/imidaclopride abrigaram menos carraças R. sanguineus

durante o estudo quando comparados com os cães tratados com fluralaner. A

combinação permetrina/imidaclopride conseguiu matar a carraça em menos tempo,

sendo assim capaz de bloquear a transmissão de E. canis ao contrário do fluralaner

que apenas foi capaz de conferir um bloqueio parcial [37].

Um outro estudo realizado em cães, concluiu que uma coleira de

imidaclopride/flumetrina é mais eficaz do que o fluralaner por via oral contra carraças

uma vez que para além de as matar tem também um efeito repelente [38].

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Nenhum produto atualmente disponível no mercado é capaz de conferir uma

total proteção contra os parasitas externos e como tal não consegue prevenir também

a transmissão de doenças por estes mesmos. Uma estratégia plausível para aumentar

a eficácia de proteção deveria ser o uso combinado dos dois tipos de produtos: tópico

e oral [20]. No entanto, e apesar de o fluralaner não possuir uma atividade repelente,

o facto de uma só aplicação ter uma duração de ação de 3 meses faz com que os

donos dos animais de estimação adiram mais facilmente à terapêutica quando

comparados por exemplo com as aplicações mensais de fipronil [14]. Uma hipótese

para tentar minimizar as falhas dos antiparasitários é a combinação de diferentes

produtos, no entanto, para tal, essas possibilidades devem ser estudadas.

A título de exemplo temos o facto do fluralaner não proteger o cão contra a

leishmaniose; por sua vez a deltametrina, que existe em coleira, confere uma ação

contra ectoparasitas, incluindo mosquitos e flebótomos durante 6 meses, sendo estes

últimos os vetores da Leishmania spp. [39]. Assim, uma forma de colmatar esta falha

é a utilização concomitante destes dois produtos que foi já estudada num grupo de

cães saudáveis por um período de 24 semanas, tendo sido bem tolerado [40].

1.9. Conclusão

Para a realização deste projeto, a pesquisa e leitura foram indispensáveis,

nomeadamente do Resumo das Características do Medicamento assim como de

outros documentos presentes no website da Agência Europeia do Medicamento. A

obtenção de toda a informação e respetivas explicações para a elaboração do poster

não foi fácil, todavia, permitiu-me aprender conceitos e aprofundar conhecimentos.

A apresentação do poster à equipa permitiu um importante momento de

instrução e debate sobre esta nova substância desparasitante. Após a sua

apresentação, o poster foi afixado na farmácia para permitir que fosse fácil a sua

consulta pelos membros da equipa, nomeadamente aquando do surgimento de

dúvidas colocadas pelos utentes, o que se verificou por várias vezes.

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2. Escabiose

2.1. Enquadramento

No decurso do meu estágio, realizei por várias vezes atendimentos de utentes

diagnosticados com escabiose, apercebendo-me que a maioria deles achava que esta

doença já não existia ou que era exclusiva dos animais, não entendendo como a

tinham contraído, notando muitas vezes os utentes um pouco envergonhados. Devido

à falta de informação em geral no que se refere a esta doença, elaborei um panfleto

resumo de fácil leitura para os utentes.

2.2. Etiologia

A escabiose, mais conhecida como sarna, é uma infestação cutânea causada

pelo ácaro Sarcoptes scabiei var. hominis, causadora de um intenso prurido [41, 42].

O S. scabiei é um artrópode ectoparasita obrigatório que se move lentamente e

penetra na pele do hospedeiro [43-45]. Taxonomicamente pertence à classe

Arachnida, subclasse Acari, ordem Astigmata e família Sarcoptidae [43-45].

O ciclo de vida do S. scabiei começa com o acasalamento dos ácaros adultos,

após o qual se acredita que o macho morre, enquanto a fêmea atravessa a epiderme

e escava túneis na camada córnea, onde começa a depositar ovos [44]. Em média,

durante um período de cerca de 6 semanas, a fêmea não sai da sua galeria e põe

cerca de 1 a 3 ovos por dia [44, 45]. Estes ovos passam por várias fases de

desenvolvimento, demorando cerca de 2 semanas até atingirem o estadio adulto [44-

46]. No entanto, menos de 1% dos ovos são capazes de se transformar em ácaros

adultos [44-46]. A entrada destes parasitas na pele pode ocorrer em menos de 30

minutos, sendo que para isso, secretam enzimas capazes de dissolver a epiderme

que é subsequentemente ingerida [44].

Estes ácaros são capazes de sobreviver fora do hospedeiro por um período de

24 a 72 horas à temperatura ambiente, observando-se os tempos mais longos em

climas mais frios e húmidos [44, 47-51].

A carga média num caso de escabiose clássica é de cerca de 10 a 15 ácaros,

ao invés dos casos mais graves, como é a escabiose crostosa ou norueguesa, onde

se observam de milhares a milhões de ácaros [44, 48, 49, 51].

Estima-se que a prevalência mundial da escabiose se encontre entre os 200 a

300 milhões de pessoas, não diferenciando género, idade, etnia ou nível

socioeconómico, estando o papel da falta de higiene frequentemente sobrestimado

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[48, 52-54]. Apesar de se tratar de uma doença endémica em vários países em

desenvolvimento de clima tropical, no nosso país, tal como acontece com os outros

países desenvolvidos, a sarna ocorre normalmente de forma esporádica ou em

pequenos surtos epidémicos [48, 51, 54-57]. Em 2017, a escabiose foi incluída na lista

de Doenças Tropicais Negligenciadas pela Organização Mundial de Saúde [53].

2.3. Sintomas

Os sintomas da escabiose devem-se a uma reação de hipersensibilidade por

parte do sistema imunitário do hospedeiro face ao parasita e seus produtos. O início

da sintomatologia ocorre normalmente ao fim de 3 a 6 semanas, no caso de se tratar

de uma infestação primária, ou após 1 a 3 dias quando falamos de uma re-infestação

isto porque a reação de hipersensibilidade é mais rápida sendo o período de

incubação da doença mais curto [48, 54, 58-60].

O sintoma mais característico desta doença é o intenso prurido que

normalmente se agrava à noite, uma vez que o aumento da temperatura torna mais

fácil ao parasita a sua movimentação [48, 50, 51, 54, 55, 61].

Podem observar-se pápulas, nódulos, vesículas e até mesmo as galerias ou

túneis que são lesões patognomónicas que se apresentam como uma linha fina [54,

55, 59]. Na população adulta, as lesões encontram-se abaixo do pescoço,

nomeadamente nas axilas, cotovelos, umbigo, cintura, nádegas, face interna das

coxas, tornozelos, pés, espaço interdigital dos dedos da mão e face anterior do punho

[50, 51, 61]. As mulheres podem apresentar lesões nas auréolas mamárias e os

homens na região genital [50, 51, 61]. Já no caso dos bebés e crianças, a escabiose

pode-se manifestar praticamente em todo o corpo, não sendo a cabeça, pescoço e

tronco poupados, explicando-se o envolvimento da cabeça devido ao elevado

contacto com a pele infetada da mãe durante a amamentação; no entanto estão

concentradas nas mãos, pés [51, 54, 62, 63]. Apesar de tudo, as crianças podem não

apresentar prurido e apresentar outros sintomas não específicos como falta de apetite

e irritabilidade [48, 51, 54, 64]. De referir que no idoso, tal como na criança, a cabeça

e o dorso podem também ser acometidos [49, 51, 65].

Existem variantes clínicas da escabiose, nomeadamente a escabiose nodular

(reação de hipersensibilidade exagerada com aparecimento de nódulos), a escabiose

crostosa ou norueguesa (forma mais grave da doença onde se dá a hiperproliferação

do patogéneo e que normalmente ocorre em doentes imunocomprometidos) e a

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escabiose bolhosa (aparecimento de bolhas podendo ser confundida com o pinfigóide

bolhoso) [51, 61, 66].

Enquanto o prurido causa sofrimento e irritação, as aberturas na epiderme

causadas pela escavação dos ácaros e as lesões na pele que causamos a nós

próprios enquanto arranhamos, podem servir de porta de entrada a muitas bactérias

patogénicas [44, 54, 59].

2.4. Transmissão

A sarna é uma doença altamente contagiosa, ocorrendo a sua transmissão

principalmente pelo contacto cutâneo prolongado pessoa a pessoa, sendo por isso

comum entre os membros de uma família e em instituições como lares e escolas [45].

Entre os adultos, o contacto sexual é um meio de transmissão importante [45, 51, 67].

A probabilidade de um indivíduo saudável ficar infetado está relacionada diretamente

com o número de ácaros na pessoa infetada e com a duração do contacto [45, 48, 54,

58]. Esta doença pode também, apesar de muito menos frequente, ser transmitida por

fómites como toalhas e roupas; é uma transmissão que deve ser considerada

sobretudo em casos de escabiose mais grave como a crostosa devido à elevada carga

de ácaros [45, 48, 50, 51, 68].

Tal como o Homem, animais como o cão e o gato, com quem grande parte da

população contacta diariamente, podem estar infetados com S. scabiei [50, 54]. No

entanto, nestes casos trata-se de uma subespécie diferente, e embora seja possível

a transmissão entre espécies, esse cenário é pouco provável – dificilmente o animal

vai passar a sarna ao Homem [50, 54].

2.5. Diagnóstico

O diagnóstico da sarna é sobretudo clínico: a combinação de uma história de

prurido mais intenso à noite, aliada à observação das lesões que caracterizam a

doença, assim como a sua distribuição são indícios que podem levar ao diagnóstico

da escabiose [42, 44]. A existência de contacto com outros casos pode ainda suportar

mais o diagnóstico [42].

A confirmação da doença pode ser feita pela observação microscópica dos

ácaros e/ou ovos após uma raspagem cutânea ou ainda por dermatoscopia, técnica

não-invasiva que permite a observação de típico sinal de “asa-delta” que representa

uma parte do ácaro [51, 69, 70].

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Por sua vez, existem ainda alguns diagnósticos diferenciais da escabiose, entre

os quais se destaca a dermatite atópica, dermatite herpetiforme, urticária papular,

urticária pigmentosa, líquen plano e pinfigóide bolhoso [50, 54, 58, 71]. No caso das

crianças, a sarna faz parte do diagnóstico diferencial com acropustulose infantil,

histiocitose das células de Langerhans e mastocitomas [51, 72, 73].

2.6. Tratamento

Existem inúmeros medicamentos aprovados e aconselhados para o tratamento

da escabiose, no entanto, nem todos estão disponíveis em todos os países. Os

principais medicamentos recomendados pela European guideline for the management

of scabies são: permetrina a 5% em creme; ivermectina 200g/kg via oral; e o

benzoato de benzilo a 10-25% em loção [60]. O malatião a 0,5% em loção aquosa; a

ivermectina a 1% em loção; o enxofre a 5-10% em pomada; e o crotamiton a 10% em

loção ou creme são outros dos medicamentos recomendados para o tratamento da

escabiose [53, 60, 74]. Já o caso do lindano a 1% em loção, parece não reunir tanto

consenso devido ao seu potencial neurotóxico [53, 60, 74].

Em Portugal, os fármacos que se encontram aprovados e comercializados para

o tratamento desta doença parasitária são o benzoato de benzilo e a crotamiton,

embora o enxofre esteja também disponível no nosso país na forma de manipulado

nomeadamente na forma farmacêutica de precipitado de enxofre a 5-10% em vaselina

[51].

O benzoato de benzilo 277 mg/ml em solução cutânea encontra-se no nosso

país sob o nome de Acarilbial e a crotamiton 100 mg/g creme e líquido cutâneo sob

o nome de Eurax.

O sucesso da terapêutica instituída encontra-se relacionado com a realização

de um diagnóstico correto e com a explicação detalhada de como usar os

medicamentos receitados [54]. No entanto, também se devem tratar em simultâneo

as pessoas mais próximas do afetado mesmo que assintomáticas, como os familiares

da mesma casa, desinfetar os fómites e não repetir o tratamento só pela continuidade

do prurido, uma vez que é normal que possa durar cerca de 2 a 4 semanas [54].

O mecanismo de ação do benzoato de benzilo é ainda desconhecido, no

entanto pensa-se que atua no sistema nervoso do parasita com a sua consequente

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morte [75]. Relativamente a este fármaco, as indicações para uma correta utilização

são:

Tomar banho de água quente e secar a pele;

Embeber algodão hidrófilo no medicamento e aplicar levemente em

todo o corpo exceto face, olhos, mucosas e meato uretral, e deixar

secar;

Repetir a aplicação, deixar secar novamente e vestir;

Repetir todo o processo novamente 1 a 2 dias depois tendo o cuidado

de não esquecer de mudar a roupa do corpo e da cama;

Se necessário, isto é, se ocorrer o aparecimento de novas lesões

passados 7 a 10 dias, repetir o tratamento [75].

O volume usado em cada aplicação não deve ultrapassar os 20ml em crianças

e os 30ml em adultos; no entanto, em crianças com menos de 10 anos deve ser usado

com precaução e, devido à inexistência de estudos durante a gravidez e aleitamento,

a sua prescrição deve avaliar a relação risco/benefício [75].

Como efeitos adversos pode ocorrer irritação, sensação de queimadura,

prurido e reação alérgica na pele; nos idosos pode causar xerose e irritação cutânea

[48, 54, 75].

Quanto à crotamiton, o seu mecanismo de ação enquanto acaricida passa por

suspender irreversivelmente a movimentação espontânea do ácaro, atuando assim

no seu sistema motor; adicionalmente é capaz de aliviar a irritação e prurido e possui

uma atividade bacteriostática sobre o Estafilococos e o Estreptococos que pode ajudar

nos casos mais graves de escabiose [76].

Relativamente a este fármaco, as indicações para uma correta utilização são:

Tomar banho de água quente e secar a pele;

Aplicar o medicamento levemente em todo o corpo exceto na face e no

couro cabeludo, até que se complete a sua absorção;

Repetir a aplicação, de preferência à noite, durante 3 a 5 dias;

Dar mais atenção às regiões preferidas pelos ácaros como espaços

interdigitais, punhos, axilas e órgãos genitais;

Em caso de piodermia, aplicar um penso com o fármaco;

Não esquecer de mudar a roupa do corpo e da cama;

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O paciente não deve tomar banho durante o tratamento, só o podendo

fazer 2 ou 3 dias após o seu término [76].

Este produto não deve ser aplicado em pele lesada exsudativa e/ou inflamada

tal como em eczema (este deve ser tratado antes da escabiose) [76]. Devido à

inexistência de estudos durante a gravidez e aleitamento, o seu uso não está

recomendado durante a gravidez, principalmente no 1º trimestre, e só deve ser usado

em mães a amamentar quando prescrito pelo médico após avaliar a relação

risco/benefício [76].

Como efeito adverso mais comum temos o prurido, estando também reportados

casos de dermatite de contacto e reações de hipersensibilidade [76].

O enxofre é o tratamento mais antigo para a escabiose, sendo pouco

dispendioso e com baixa toxicidade; pela sua segurança é normalmente o tratamento

de eleição para grávidas, mães a amamentar e crianças pequenas [48, 51, 54]. A sua

aplicação deve ser feita à noite após o banho durante 3 dias seguidos, sendo preciso

repetir a aplicação 1 semana depois [48, 54, 58, 63, 77].

Quando um escabicida é prescrito, o paciente deve ser informado que o prurido

pode continuar por 4 semanas de forma a evitar que repita o tratamento sem

necessidade e por livre vontade, sem aconselhamento médico prévio [42]. Dois

importantes alertas a ter também em atenção é não esquecer de dizer ao doente que

não deve lavar as mãos após aplicar o tratamento ou, caso seja uma outra pessoa a

aplicar o tratamento, a utilização de luvas por este mesmo [54, 78].

Como são comuns as queixas de prurido intenso mesmo após o tratamento, o

uso de anti-histamínicos oral, corticosteroides tópicos leves, hidratantes corporais ou

mesmo loções contendo calamina, podem fazer parte duma estratégia pós-tratamento

[51, 60].

2.7. Prevenção e Cuidados

A sarna pode ser prevenida evitando o contato direto de pele com pele com

uma pessoa infestada ou com artigos pessoais como roupa, lençóis e toalhas [79]. O

tratamento concomitante de todas as pessoas próximas do doente é importantíssimo

até para evitar as possíveis re-infestações [51, 67, 79]. Os animais domésticos não

precisam ser tratados [50, 51, 54].

Todo o vestuário usado tem se ser lavado na máquina com água a pelo menos

60º, ou lavado a seco, ou seco na máquina de secar; por sua vez, os itens não

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passíveis de serem lavados devem ser selados num saco de plástico por pelo menos

3 dias [42, 48, 51, 54, 57, 79].

2.8. Conclusão

A pesquisa para a elaboração do panfleto recaiu principalmente em artigos de

revisão e em entidades como a Organização Mundial de Saúde, de modo a fornecer

um resumo fidedigno e de fácil leitura e compreensão para o utente. Foram impressos

cerca de 250 panfletos que foram distribuídos pelos balcões da farmácia de modo a

estarem acessíveis ao utente.

O panfleto permitiu acima de tudo informar os utentes acerca desta doença e

minimizar o estigma de que a sarna é uma doença só dos animais ou que reflete falta

de higiene. Como se trata de um documento físico que o utente pode levar para mais

tarde consultar, isto é, não obriga o utente a consultar a informação na farmácia,

acaba por se tornar um meio eficaz de informar a população, principalmente a que

não faz perguntas, muitas vezes por vergonha, nem mostra abertura para a

possibilidade de explicações da nossa parte.

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Referências Bibliográficas

1. Administração Central do Sistema de Saúde: Orientac oes para o

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Anexos

Anexo I – Poster Fluralaner (Projeto 1)

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Anexo II – Panfleto Escabiose (Projeto 2)

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2018 - 2019