· 2020. 9. 23. · “Meu abrigo”, do grupo Melim, regidas pelo professor Anderson Bobsin:...

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www.joaoxxiii.com.br #31 Jornal do Colégio João XXIII - Julho de 2019 Mentes livres! Esse é o chamamento do Colégio João XXIII em 2019, data em que completa 55 anos. Não por acaso, a comuni- dade escolar mostra um brilho de entusias- mo nos olhos e um pacto fraterno renovado, como ficou claro no balanço deste primeiro semestre e na posse da nova diretoria pe- dagógica integrada por Márcia Valiati (Di- retora) e Rosane Rodriguez (Vice). No dia 3 de junho, elas foram saudadas no pátio da Escola e, juntas, plantaram um Ipê Amarelo, árvore símbolo do Brasil. Instrumento an- cestral capaz de reproduzir o som do cora- ção, o tambor marcou o ritmo da cerimônia. NOVOS TEMPOS PARA MENTES LIVRES Foto: Matheus Piccini

Transcript of  · 2020. 9. 23. · “Meu abrigo”, do grupo Melim, regidas pelo professor Anderson Bobsin:...

  • www.joaoxxiii.com.br

    #31Jornal do Colégio João XXIII - Julho de 2019

    Mentes livres! Esse é o chamamento do Colégio João XXIII em 2019, data em que completa 55 anos. Não por acaso, a comuni-dade escolar mostra um brilho de entusias-mo nos olhos e um pacto fraterno renovado, como ficou claro no balanço deste primeiro semestre e na posse da nova diretoria pe-dagógica integrada por Márcia Valiati (Di-retora) e Rosane Rodriguez (Vice). No dia 3 de junho, elas foram saudadas no pátio da Escola e, juntas, plantaram um Ipê Amarelo, árvore símbolo do Brasil. Instrumento an-cestral capaz de reproduzir o som do cora-ção, o tambor marcou o ritmo da cerimônia.

    NOVOS TEMPOSPARA MENTES LIVRES

    Foto: Matheus Piccini

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    Aline sucede Laura na presidência da Fundação

    “O Colégio João XXIII tem uma comovente histór ia construída a muitas mãos, desde sua criação, há 55 anos. Inclusive a constituição da Fundação foi exemplo de esforço coletivo, quando os pais fundadores ofereceram suas casas como garantia nos empréstimos obtidos para assegurar a aquisição da base material da Fundação.

    O patrimônio - material e pedagógico -, que hoje nos-sos filhos usufruem no colé-gio é o resultado deste es-forço e abnegação de muitos que nos antecederam. E nos-sas ações asseguram o pre-sente e constroem o futuro.

    Nos últimos três anos e meio tenho tido a honra de estar na presidência da Fun-dação. Neste período, elabo-ramos um planejamento es-tratégico com a participação de toda a comunidade, e, por meio deste trabalho coletivo, construímos pontes unindo pais, profissionais e alunos. Também realizamos a reno-vação da Direção Pedagó-gica, momento de intensa participação e discussão reveladora das diversas con-cepções abrigadas neste es-paço de convivência.

    Esta vivência me ensinou muito e tenho muito a agra-decer pela oportunidade de usufruir de tantas experi-ências gratificantes. Ocorre que, desde o início do ano, tenho compartilhado com meus companheiros de di-retoria a necessidade de dispor de mais tempo para minhas atividades profissio-nais. E entendi importan-te, naquele momento, não propor novas mudanças na diretoria da fundação, que recém se reconstituíra. No entanto, minha possibilidade

    de postergar ou represar as atividades profissionais se esgotou, e preciso dedicar tempo integral para meus ofícios.

    Preciso me ocupar, no tempo, no cérebro e no coração, com estes outros afazeres.

    Thiago de Mello me de-fine: “Como sei pouco e sou pouco, faço o pouco que me cabe me dando inteiro”. Por isso decidi declinar da presidência da Fundação. Tenho a tranquilidade de tomar esta decisão, porque sei que há um grupo de pes-soas abnegadas e prepara-das, que seguem na Direto-ria da Fundação, apoiadas por um Conselho renovado e constituído também por pessoas atuantes; e apoia-dos por uma competente Direção Pedagógica que acabamos de empossar.

    Eu acredito é na rapa-ziada!

    Fico à vontade para cha-mar a Aline para assumir a presidência da Fundação até o final desta gestão. A Aline foi eleita para a Di-retoria da Fundação junto comigo e tem cumprido um

    papel importante na condu-ção das atividades, e conta com a luxuosa companhia da Cristina, do Denilson, do Amarildo e do Ricardo, to-dos conhecidos pelo Con-selho pela participação e pelo comprometimento com a vida da Fundação.

    Não pretendo abando-nar todos os compromissos que tenho com a Fundação e o Colégio. Sigo no comitê de governança, que presido, e no comitê de satisfação. O que não poderei mais será manter minhas atividades como presidente, e gostaria de contar com a compreen-são de todos para esta mi-nha situação pessoal.

    Não quero fazer agrade-cimentos nem despedidas, porque entendo estar rea-lizando apenas uma alte-ração de tarefas. Mas não posso deixar de registrar o quanto é relevante para as atividades da Diretoria a contribuição da área admi-nistrativa e da secretaria da Fundação. A estes profissio-nais, a todos os profissionais que atuam no João XXIII e a toda a comunidade presto minhas homenagens.”

    A Fundação Educacional tem nova presidência. Laura Eifler deixou o cargo em junho e Aline Portanova assume em seu lugar. Ambas são advogadas. A sucessão acon-teceu de forma natural, pois Aline já exercia o cargo de vice-presidente e acompanhou Laura em todo o processo de reestruturação da Escola. Ambas deixam aqui, seus re-cados. Confira.

    Como avalias este mo-mento do Colégio João XXIII?

    Momento de união e for-talecimento da Instituição. Estamos presenciando au-mento na participação de toda a comunidade na vida da escola.

    Quais os teus planos e tuas propostas para a Fundação?

    Crescimento. Desde 2015 o Colégio tem número abai-xo da sua capacidade de alunos. Temos uma média anual de saída de 50 alunos, desde então. Ano passado saíram muitos alunos (172), mas entraram muitos alunos também (118), mantendo a média dos anos anteriores. Isso demonstra que o colé-gio precisa reafirmar os seus princípios, as suas origens. A capacidade máxima é 1270 alunos. Para isto, a Diretoria Executiva está melhorando as relações internas, dando continuidade a execução do projeto arquitetônico para melhoria das instalações do colégio. O ofício da Diretoria Executiva, e eu como pre-sidente, representando-a, temos a obrigação de man-ter e dar as condições ne-cessárias para a execução da Gestão Pedagógica da Diretoria Pedagógica. Assim é que estamos trabalhando, com diálogo e ações.

    Na tua opinião, quais os principais desafios que a Escola tem pela frente?

    O desafio – não só da nos-sa Escola, mas também da nossa Escola – é garantir os direitos constitucionais à educação (artigo 205) e a liberdade de ensinar e aprender (artigo 206, II e III CF) aos nosso alunos. Visando ao “ pleno desen-volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Em tempos de barbárie é necessário ga-rantir a liberdade de ensinar, aprender, pesquisar, divul-gar o pensamento, a arte e o saber. Esse é o grande de-safio do Colégio, dentro des-te contexto social e político que todos nós vivemos.

    Uma mensagem para a comunidade escolar

    A diversidade, uma palavra que identifica o João XXIII, deve nos fortalecer, nos unir, nos desenvolver como pessoas humanas, institui-ção e sociedade. Acredito nas pessoas e nas suas capacidades de superar as diferenças. Olhar para o que nos traz aqui. Olhar para o que nos une. Esta escola é comuni-tária, administrada de forma coletiva pelos pais, mas este lugar é dos alunos. Olhar para o que vem primeiro e confiar no ensino que esco-lhemos para os nossos filhos.

    Aline Carraro Portanova

    Seminário de Educaçãomarca os 55 anos do Colégio

    O Colégio João XXIII é uma obra em construção protagonizada por mentes livres. Por isso, nos seus 55 anos, reali-za o Seminário Educação em Tempos de Conflito, com o objetivo de refletir sobre os desafios da educação brasileira.

    Aberto para profissionais de educa-ção, instituições de ensino e estudantes, o encontro reúne palestrantes com re-conhecido trabalho na área educacional no país e no exterior. Além dos debates, música, arte e poesia compõem o evento.

    Confira a programação e participe.

    Educação em Tempos de Conflito31 de agosto no Teatro Dante Barone

    Link para inscrição no site da Escola www.joaoxxiii.com.br

    PalestrantesDr. Miguel González ArroyoSociólogo e Educador

    Dr. César NunesProfessor e Chefe do Dep. de Filosofia e História da Educação (UNICAMP)

    Dra. Jaqueline MollProfessora (UFRGS) e Especialista em Educação Integral

    Dra. Gladis KaercherProfessora (UFRGS), Coordenadora do UNIAFRO e do PNAIC

    Dr. Gerson PinhoProfessor e Psicanalista

    Dra. Leni Vieira DornellesProfessora e Pedagoga (UFRGS)

    Mentes livres são sementesQue brotam somente por serem livres

    E, sendo livresTomam nas mãos a históriaTransformando o amanhã

    Em lugar e tempos melhores

    Dão Real Pereira dos Santos

    Laura Eifler

    FALA, JOÃO - Jornal do Colégio João XXIIIEdição 31 - agosto de 2019

    FUNDAÇÃO EDUCACIONAL JOÃO XXIIIPresidente: Aline Carraro Portanova Diretora de Comunicação: Cristina Toniolo Pozzobon Dir. de Obras e Patrimônio: Ricardo de Almeida Collar Diretor Financeiro:denilson Gonçalves De Oliveira Diretor Jurídico: Amarildo Maciel Martinsn

    EQUIPE TÉCNICA DO JORNALReportagens e Redação: Rosina DuarteAssessoria de Imprensa: Luana D. de Castro AlvesDiagramação e Editoração: D. MedeirosColaboração: Miguel Cury, Auxiliar da BibliotecaFotos: Audiovisual João XXIIIRevisão: Profa. Carmen Lucia Pacheco de Araújo

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    parceiras e a “madrinha” da cerimônia, Lília Rodrigues Alves, uma das quatro fundadoras do Colégio.

    Representando os estudantes – prioridade absoluta de todo o trabalho – João Pedro Abarno Dias, presidente do Grêmio Estudantil do Colégio João XXIII, abriu as falas. “Participei do Comitê de Seleção e foi um momento lindo que representou a vontade de todos. Estas duas (Márcia e Rosane) têm um Plano de Ação maravilhoso com senso de inclu-são, preocupação com o próximo e evo-lução do Colégio”, informou. E fez uma previsão animadora: “Todos nós vamos nos dar muito bem na vida porque esta-mos tendo uma educação ótima”.

    Integrantes da Associação dos Pro-fessores subiram ao palco para deixar um “recado” do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, que considerava o ensino compartilhado “um ato de amor e potente ato de coragem”. Escritores, poetas e compositores – com suas pala-vras inspiradoras – foram evocados nas mensagens de saudação, incentivo e es-perança. Hildair Garcia Câmera, a Dadá, trouxe palavras de Fernando Pessoa e de Guimarães Rosa que, por meio do per-sonagem Riobaldo, de “Grande Sertão Veredas”, inverteu as crenças da época

    O sol saudou as novas diretorasao dizer que “mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.

    Ao som dos tambores do grupo Raí-zes, integrado pelo educador Beto Silva e estudantes da Fundação de Atendimento Socioeducativo (FASE), as novas Direto-ra e Vice-diretora assinaram o termo de compromisso. Suas falas – assim como a das Coordenadoras e da então Presiden-te da Fundação Educacional, Laura Eifler e de todos que usaram a palavra – foram emocionadas e emocionantes tanto na parte da manhã quanto da tarde quando os estudantes menores participaram da cerimônia com entusiasmo contagiante. Atire a primeira pedra quem não sentiu um nó na garganta ao ouvir o coro de meninas e meninos cantando a música “Meu abrigo”, do grupo Melim, regidas pelo professor Anderson Bobsin:

    “Desejo a vocêO que há de melhorA minha companhia Pra não se sentir só

    (...)Meu abrigoNo seu colo é o meu abrigo”

    O clima parecia conspirar contra a ce-rimônia de posse da nova Diretora Márcia Valiati e da Vice Rosane Rodriguez, rea-lizada no dia 3 de junho. A festa, plane-jada com esmero por todos os segmen-tos da comunidade escolar, deveria ser logo na entrada do pátio, no Recanto do Bouganville, mas o mau tempo tornava a ideia temerária. Com a finalidade de evitar frustrações e atropelos de última hora, foi transferida para o Gazebo jun-to à cantina. Providência acertada; pois, no começo da manhã, uma garoa fina se anunciou. Para surpresa geral, o sol rompeu as nuvens no momento em que Márcia e Rosane foram anunciadas. O se-gundo capítulo da cerimônia de posse realizou-se em uma radiante tarde outo-nal. Aproveitando a deixa, a Diretora de Comunicação, Cristina Pozzobon, ao ler o parecer da Comissão de Seleção, fez um trocadilho triplo, misturando sauda-ção, comemoração e alusão a céu limpo: “Hoje é realmente um bom dia”,

    Com ares de festa comunitária, à hora do recreio matinal, o João reuniu profes-sores, funcionários, estudantes do turno da manhã e crianças do Joãozinho Le-gal. Também compareceram convidados especiais, entre eles: familiares das ho-menageadas, representantes de escolas

    Apesar do Pau Brasil dar nome ao País, o Ipê Amarelo é considerado o símbolo da Nação. Nacionalista de raiz, ele está sempre florido no dia 7 de setembro – quando se comemora o Dia da Indepen-dência – além de produzir folhas verdes e flores amarelas, cores destaques da bandeira. No dia da posse, Márcia e Rosane planta-ram uma muda desta árvore nas dependências da Escola, simbo-lizando a renovação e a conti-nuidade do projeto pedagógico preconizado pelos fundadores. A simbologia das árvores foi mencionada pela orientadora educacional Hildair Garcia Câ-mera, a Dadá, que, durante o Sarau realizado em homenagem à nova diretoria, recitou um texto do livro “A ciranda das mulheres sábias”, de Clarissa Pinkola: “Por baixo da terra, a árvore venerável abriga uma árvore oculta, feita de raízes vitais constantemente nu-tridas por águas invisíveis. A par-tir dessas radículas, a alma ocul-ta da árvore empurra a energia para cima, para que suas nature-zas mais verdadeiras, audazes e sábias vicejem a céu aberto”.

    Flores amarelas e raízes profundas

    Sobre ombros de gigantesPedagógica, assumimos enquanto premissa que o amanhã de um plano de gestão, com-prometido com um projeto educativo comu-nitário, democrático e inovador, se constrói a partir de diferentes vozes, culturas, sa-beres e direitos de todos os protagonistas que dão vida e sentido a esta obra coletiva e permanente em Educação. Especialmen-te, a juventude e a infância do João, com seu brilho dos inícios, inauguram renovada esperança, força e alegria para invertamos futuros possíveis com e para elas. Este é o João XXIII que nos convoca a as-sumirmos novos lugares e olhares, capazes de acolher as inquietações e os desejos que emergem em cada um de vocês: crianças, jovens, famílias e profissionais desta comu-nidade que aprende. É isto que nos move nesta construção coletiva, baseada na escu-ta recíproca, na ética das relações, na aber-tura ao diálogo e na decisão compartilhada enquanto comunidade comprometida com a pauta humana dos convívios e da educação. Somos uma comunidade inquieta, que pulsa, critica, sonha, brinca, crê e se transforma. Aprenderemos a fazer e ousar juntos, a valorizar nossas diferenças, a conceber e mediar conflitos como potencializadores da aprendizagem individual e coletiva, fruto da colaboração criativa capaz de trilhar novos e surpreendentes caminhos.Como aprendemos com nosso passado, hoje e no futuro, realizações significativas e duradouras não virão de pessoas extraordi-nárias, mas de extraordinárias combinações de pessoas que aprendem a pensar e a tra-balhar juntas.Assim, construiremos uma comunidade melhor neste pedacinho do mundo que é o João, enquanto lugar para viver, para tra-balhar, para conviver, para aprender e para crescer. Resgatemos a ideia de Escola en-quanto obra comum: aquilo que faço, que construo, em que me reconheço. Deseja-mos que cada um de nós, adultos, jovens e crianças, possamos nos ver como artistas capazes de criar e moldar essa obra comum, sempre viva e dinâmica em educação. Nosso muito obrigada pela acolhida desta comunidade que também nos abraça. Usa-mos a expressão “obrigada” no sentido de obrigação moral e ética. Nos sentimos obri-gadas perante esta comunidade, enquanto significado mais profundo da reciprocidade e da gratidão, pois estamos vinculadas a um diálogo e a um compromisso pedagógico, social e humano com cada um de vocês e com a Escola como um todo!

    Juntas. É assim que Márcia e Rosane pretendem trabalhar. O discurso de posse foi um sinal inequívoco disso. Elas o escre-veram em parceria e o pronunciaram em sequência, como um jogral.

    “É com carinho e forte sentimento de grati-dão e responsabilidade que nos dirigimos a cada um de vocês aqui presentes, neste lu-gar que um dia foi só um morro, numa zona pouco desenvolvida da nossa cidade. Sobre esta terra vermelha, a coragem pedagógica continuou o sonho dessa Escola, criada em 1964, numa pequena casa da Avenida João Pessoa. Desde então, aqui brota vida cul-tural e humana, graças à ousadia de quatro educadores que, subindo o morro “ não ape-nas construíram um colégio, mas uma obra em educação”, como afirmava Zilah Totta, junto aos outros fundadores: Frederico La-machia, Leda de Freitas e Lilia Rodrigues.É importante lembrarmos dessa nossa ori-gem e é em reverência a ela que alicerçamos nosso olhar para o hoje e para o futuro do Colégio Joao XIII. “Caminhamos sobre ombros de gigantes”, metáfora que, desde a mitologia grega, nos remete aquilo que, recentemente, o notável cientista Stephen Hawkings afirmou: “ cada geração está sobre os ombros daqueles que vieram antes”. Nos sentimos nos ombros de Zilah, Frederico, Leda e Lilia, e dali miramos nossa comunidade educativa e os horizon-tes possíveis que atravessam o tempo que vivemos. Deste legado, herdamos a mesma inquieta-ção pedagógica que deu origem ao sonho e à fundação desta escola, há 55 anos. Nessa tessitura social e histórica, é possível significar o passado, nos conectar com a complexidade do presente e projetar pos-sibilidades de um futuro que não pode ser previsto, mas pode ser sonhado e construído por todos.Diante do desafio de abraçar as responsa-bilidades pertinentes à função de Direção

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    No João, todos os anos são de eleições, pois parte do Con-selho Deliberante e a Diretoria do Grêmio se renovam anual-mente, sendo que, em 2019, ocorreu também a eleição da nova Diretoria Pedagógica.

    Na mesma reunião em que Márcia e Rosane foram anun-ciadas, em 28 de maio, toma-ram posse os 81 conselheiros eleitos em maio de 2019. A vo-tação para a renovação parcial do Conselho Deliberante da Fundação Educacional João XXIII ocorreu no período de 6 a 10 de maio de forma presen-cial e, no dia 12, pela internet, elegendo um conselheiro titu-lar e um suplente por turma. A participação dos responsá-veis é considerada de extrema importância para uma institui-ção com gestão democrática, transparente e participativa.

    Já a nova diretoria do Grêmio Estudantil do Colé-gio João XXIII, integrante da ChapAtiva, foi empossada em 20 de março. Uma das primeiras providências foi estabelecer uma linha direta com os estudantes por meio de um jornal mural – “Vozes do João” – e de um espaço no Fala João (veja contraca-pa). Eleitos por 351 dos 493 votantes, o grupo tem como principais objetivos promover eventos humanitários e tor-nar o Grêmio uma voz signi-ficativa para a realização de desejos dos estudantes.

    Confira quem são os no-vos conselheiros e os inte-grantes do GEJ:

    Diretores GEJ:João Pedro Abarno, presidente; Julia Weber, vice-presidente; Maria Cara Lisboa, tesoureira ajudante/Cultura; Eduarda Verardi, tesoureira ajudante/Social; Valentina Nicolazzi,

    Comunicação; Clara Stack, Comunicação/Social/Ensino Fundamental; Ana Carolina Abarno, atividades e Comunicação Ensino Fundamental; Cecília Martins, Comunicação/Ensino Fundamental; Vitor Zanon, tesoureiro; Flávio França, Esporte;Laura Deboni, Esporte/Social;Victoria Bueno, Cultura/Social; Roberta Schmitz, Comunicação; Vicente Schimtz, Esportes;Ana Pretto, Comunicação/Social.

    Conselho Deliberante:Geisa Amador RochaJuliana da Silva VieiraJoana HennemannRoberta Sirangelo MachadoCristiano Silveira BarcellosFabrício Valmorbida Marçal PessôaSandro Duarte da SilvaTailane Rehlein da SilvaÂngela CecconMauren Martins de Martins BarcellosDelcio Antonio MorettiHanyk de Faria Melo OrsiDaniela Costa CorezolaCamila Boff MageroGraziela Flores KundeLuciana Salaverry Gomes da SilvaRenata Rodrigues de OliveiraDaiana Castro Borges Salvadigo da SilvaJoice Pavek FigueiróJanaina TólioDanielle Barcos NunesFrancis Campos BordasAna Laura GiongoRegis Alberto WeberSamara Ferrazza AntoniniAmarildo Maciel MartinsBibiana Sampaio de Oliveira FamHelena Luce Moreira AlthausGiovani PerdominiBeatriz de Lima AbrahãoViviane Rosa ClavijoMirelle Barcos NunesRosiléia Inês Boff GermannRaul Gonçalves CunhaAngélica Carvalho da Silva ArmaniAdriana Maria NeumannEunice Aita Isaia KindelLuciane Ernesta MazucoJaqueline MollMaria Henriqueta Creidy SattMaria Luiza PontPaula Miranda de BrittoFabíola Slongo SviroskiRenata Castilhos SeveriniEduardo Antonio de Oliveira TavaresJaqueline TittoniLiane Elisa FritschEdgar da Silva AristimunhoClaúdia Paiva Nunes

    Ano eleitoral

    Laura Eifler – presidente da Fundação Educacional João XXIII na ocasião da posse – definiu com pre-cisão o processo vivido pela Escola na sua sauda-ção à nova Direção Peda-gógica: “Estamos vivendo um novo capítulo da história do João. Um ca-pítulo escrito por muitas mãos que iniciou há dois anos quando, por meio de um processo realmente comunitário, fizemos um diagnóstico sobre a ne-cessidade de renovação. Nós nos revolucionamos”. Laura também leu um poema de Tiago de Melo, que, entre outros versos, diz: “Não importa que doa, é preciso avançar de mãos dadas”.O processo sucessório foi meticuloso e nada fácil, porém. Envolveu grandes debates, reflexões difí-ceis, controvérsias, pola-rização de ideias. Como um dos antídotos ao conflito, criou-se a Co-missão de Seleção, for-mada por representares de todos os segmentos da comunidade escolar, que avaliou as candida-turas de Márcia Valiati e Rosane Rodriguez. Entre 6 a 22 de maio, a comis-são se debruçou sobre a análise dos currículos e do projeto de gestão, en-carregando-se, também, das entrevistas com a dupla. Durante a reunião de maio do Conselho Deliberante, aconteceu

    a homologação da nova Direção Pedagógica em-possada em 3 de junho de 2019 e com gestão prevista até 31 de de-zembro de 2022.

    Os integrantes da Comissão de Seleção foram:

    • Amarildo Martins, membro da Comissão Eleitoral; • Eunice Kindel, Conse-lheira; • José Mário Neves, pai de estudante do Colégio; • Mirelle Barcos, Conse-lheira, • Luciene Barroso, Professora da Educação Infantil; • Maria Aparecida Hil-zendeger, Professora do 9º ao Ensino Médio; • Melissa Klein, Profes-sora da etapa de 1º ao 5º ano; • Patricia Dyonisio, Pro-fessora da etapa de 6º ao 8º; • Rosa Berrutti, Orien-tadora Educacional e membro do CTAP; • Fabiana Souza, Con-tadora de Histórias; • Priscila Gonçalves, Coordenadora de TI; • Cristina Pozzobon, Di-retora de Comunicação; • João Pedro Abarno Dias, representante Grê-mio Estudantil do João XXIII; • Edgar Nunes, repre-sentante do Conselho de Alunos.

    Novo capítulo escrito por muitas mãos

    Quatro foram os fundadores

    do Colégio João XXIII e quatro

    foram as coordenadoras que

    assumiram a direção do Colégio

    durante o processo de transição

    da diretoria pedagógica em 2019:

    Mirian Zambonato, Ianne Godoy

    Vieira, Rosa Maria Limongi Ely e

    a própria Márcia Elisa Valiati, hoje

    Diretora. As coincidências não

    param por aí, como ficou claro

    na fala das coordenadoras:

    “Hoje, neste momento históri-

    co (...), queremos trazer o sonho. O

    sonho que iniciou em 1964, intitu-

    lado Colégio João XXIII, concebido

    pelos ideais de quatro educa-

    dores: Zilah de Mattos Totta, Li-

    lia Rodrigues Alves, Leda Falcão

    de Freitas e Frederico Lamachia

    Quatro por quatro

    Filho, e que não foi um sonho so-

    nhado sozinho. Desde o início, esta

    Escola, trouxe o encontro, a po-

    tência do mais de um, do coletivo,

    para a construção de um projeto

    em educação. E o contexto do so-

    nho? Adverso, complexo, com ten-

    sionamentos que poderiam indicar

    que o momento deveria ser de cal-

    maria, acomodação. Mas não. Foi

    de luta, de produção de conheci-

    mento, de ousadia, de abertura. Foi

    nesse “panorama” que propuse-

    ram um projeto educativo baseado

    na construção de valores sociais,

    capazes de oferecer novas alter-

    nativas à educação, assim como

    incentivar e valorizar a liberdade

    de expressão das crianças, dos

    jovens e das famílias, acreditando

    na força da democracia.

    Ao olhar a nossa história,

    55 anos depois, reencontramos

    semelhanças interessantes (...)

    e consideramos a tradução da

    palavra RECOMEÇO. Vivemos um

    contexto histórico bastante adver-

    so, conflitivo, de polarizações, de

    fraturas. Presenciamos o desejo de

    fazer (re)nascer uma escola comu-

    nitária numa sociedade em que (...)

    o individual ultrapassa coletivos e

    a fluidez das relações se opõe a

    sonhos duradouros, a inteirezas.

    Experimentamos a perspec-

    tiva do coletivo como possibilida-

    de de reafirmação de um projeto

    educativo, oportunizando que

    (...) a Escola tivesse uma direção

    colegiada (...) A história é feita de

    mudanças. Em todas as mudan-

    ças, tal qual no pensamento há

    dor. Como afirma Mariza Eizirik,

    a própria palavra diz: pensaDOR.

    Correm-se riscos; enfrentam-se

    perigos. Não se sai ileso (...) Não

    saímos ilesos, mas encontramos

    frestas. Enfrentamos o desafio de

    empreender a aventura de analisar

    a própria experiência e encontrar

    Lilia Rodrigues Alves é uma guardiã de sonhos e memórias. Uma espécie de sopro de es-perança e uma musa inspira-dora. No dia da posse da nova Direção Pedagógica, lá estava ela, com seu sorriso suave, seu humor delicado e seu co-lar de pérolas. Sem sombra de nostalgia, participou da festa com entusiasmo, acompanha-da das sobrinhas Sílvia Beatriz Alves Rolin e Rosaura Rolin Ca-valheiro, matrículas 2 e 3 da Escola, respectivamente.

    As lembranças de Lilia, diante da galeria de ex-dire-toras e da célebre tapeçaria do Papa João XXIII são, qua-

    A musa e suas sobrinhas

    se sempre engraçadas: “Se eu vir algum professor trancado dentro da sala de aula com um sol maravilhoso, eu demito”, costumava brincar. Vanguar-dista, pregava, desde os anos 60, que ensinar a decorar a ta-buada era uma perda de tem-po. Mas prezava a disciplina, tanto que até hoje costuma referir-se às irreverentes so-brinhas como “uma incomo-dação permanente”. Mas faz isso dando boas risadas.

    Motivos não faltavam. Tan-to Sílvia quanto Rosaura não eram meninas comportadas. Rosaura, por exemplo, um belo dia simplesmente decidiu tro-car de fila (e de turma) porque não gostava da professora. Para sua própria surpresa, a decisão foi acatada com na-turalidade pela Escola. A tia, entretanto jamais fez qual-quer concessão especial às sobrinhas. Ao contrário: além

    de não terem regalias, pre-cisavam dar exemplo. Tanto que a professora querida da menina acabou levando uma ralhada de Lilia porque pegou Rosaura no colo ao descer uma escada.

    Para Sílvia, a educação do João é, até hoje, um eco da pa-lavra liberdade. “Aqui aprendi algo que, cada vez mais me parece fundamental: a neces-sidade de aproximar o discurso

    da prática, de ser autêntica, de ter coragem de falar mesmo se isso causar sofrimento”.

    Desfiando recordações como a das memoráveis gin-canas “que provocavam uma ciumeira na sociedade por-que o João ganhava todas”, Lilia despediu-se com sua frase costumeira, repetida quando comparece à Escola: “Eu estava com uma saudade daqui...”

    novas formas de atuar, de sonhar.

    Um sonho novamente coletivo que

    vem ganhando cada vez mais força

    pelo apoio de todos os segmentos

    dessa escola comunitária (...)

    Hoje, passamos às mãos da

    Márcia e da Rosane, a Direção

    e Vice-direção do Colégio João

    XXIII, com uma convicção: sin-

    tam-se sabedoras que não estão

    sozinhas. A coragem de sonhar e

    ousar traz a força e, quando ali-

    mentamos mais a nossa coragem

    do que nossos medos, passamos

    a derrubar muros e a construir

    pontes. Para nós vocês são as

    pontes de um recomeço.

    Persistam, tal qual afirma

    Michael Apple, porque é preciso

    manter viva a memória coletiva

    da luta pela igualdade, pelos di-

    reitos das pessoas em todas as

    instituições de nossa sociedade,

    o que é uma das tarefas mais sig-

    nificativas que um (a) educador(a)

    pode empreender. (...) Somos to-

    dos, hoje, juntos, a tradução do

    sonho de 1964”.

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    Foto: Matheus Piccini

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    “Que noite tão grandiosa/que lua ma-ravilhosa”, cantou Nei Lisboa ao encerrar o Sarau realizado no dia 5 de junho, em homenagem à Diretora Márcia Valiati e à Vice Rosane Rodriguez. A letra da música não poderia ser mais justa. A temperatu-

    Sarau saúda novas diretorasra apresentou-se amena, nada de vento, poente colorido seguido por um quarto crescente no céu estrelado. Algo como o verso “resistindo na boca da noite um gosto de sol”, da canção “Nada será como antes” interpretado por professores de música do Colégio durante o evento.

    Decorado como uma tenda circen-se, com tecidos coloridos e guirlandas de luzes, o gazebo do Recanto do Bou-ganville recebeu os presentes ao cair do sol, quando a mestre de cerimônias Fernanda Radajeski anunciou o início do Sarau. A comunidade não arredou pé por quase três horas.

    Além de Nei, responsável pelo gran finale da noite, participaram do show

    outros pais e uma mãe da Escola: Jor-ge Hugo Souza Gomes, o Jotagá, Dão Real Pereira dos Santos, Amarildo Maciel Martins e Carolina Soares de Abreu. Tudo isso sem falar nos ecléticos espetáculos preparados pelos professores do João e da Toque Musical, e pelos estudantes, in-cluindo canções, poesias, vídeos e perfor-mances teatrais, como a encenada pelo grupo da Educação Infantil, simulando a rotina diária da etapa e concluída com animada dança ao som do grupo Abba.

    As apresentações começaram com a Banda da Toque Musical, que também acompanhou Amarildo, um singular ro-queiro de terno e gravata. A etapa 1º ao 5º - onde Rosane lecionava Português

    – homenageou-a com um emocionan-te coral de professores cantando “Novo tempo”, de Ivan Lins e também com um cordel feito e recitado pela estudante Beatriz Martins, do 5º ano. A Diretora e a Vice receberam, ainda, o “Pote do En-corajamento”, com mensagens de incen-tivo, além de “um carinho especial” dos parceiros da Feira Ecológica.

    Entre as atrações, lá estavam a Ban-da J23 – com Isadora Bernardes, João Pedro Abarno Dias e Stella Farias –, a meninada do 6º ano regida pela profes-sora Ana Maestri (em vídeo), a contado-ra de histórias e poeta Fabiana Souza e os professores Matheus Zanola Chaves, Marcello Soares (contando com o auxílio

    luxuoso de Anderson Bobsin executando cajón na tela), Neyla Azevedo e Aline Bra-ga de Lima. Isabela Becker, do 8C, deu seu recado declamando o poema de sua autoria “Despeço-me”.

    Responsável pelo encerramento do Sarau, o cantor e compositor Nei Lisboa – normalmente de poucas palavras – fez questão de dar o seu recado. “Minha fi-lha Maria Clara tem me passado uma imagem do Colégio como um lugar de livre pensar. Isso é muito importante em um momento político tão desastroso”, declarou. E, ao encerrar sua apresen-tação, quando já estava quase se reti-rando, voltou ao microfone para acres-centar: “Viva o João!”.

    “Guarda-chuvas, livros e mentes só servem se o abrirmos”. Essa frase simbólica compunha o ambiente na manhã em que foi apresentado e debatido o Plano de Gestão da Dire-ção Geral, no dia 17 de agosto. Não por acaso, o Colégio estava deco-rado com guarda-chuvas das cores do arco-íris, ou seja: do prisma ca-paz de iluminar. O evento começou com um café comunitário embalado por poesias recitadas pela Coorde-nadora da Educação Infantil, Clara Coelho, e pelo Auxiliar da bibliote-ca, Miguel Cury, vestidos a caráter. Apresentado pela Diretora, Márcia Valiati, e pela Vice, Rosane Rodri-guez, o Plano de Gestão, foi deba-tido por representantes de toda a comunidade escolar. Com um sarau musical, o professor Mateus Zanolla Chaves e Amarildo Maciel Martins, pai da Escola, encerraram o evento, emocionando e a plateia.

    Plano de Gestão é debatido pela comunidade escolar

    Fotos Matéria: Felipe Farias

    Fotos Matéria: Felipe Farias

  • 1110

    Único colégio comunitário de Porto Alegre, o João XXIII faz por merecer o título. Desde o início do ano letivo, os si-nais desta proposta mostram-se eviden-tes. A preparação do ano letivo, o início das aulas, o piquenique coletivo, o Fei-joão, as atividades de acolhida, os pro-cessos eleitorais – incluindo o da nova Direção Pedagógica – e a efervescência dos Comitês são indícios inequívocos do espírito comunitário que ressurge com força às vésperas dos 55 anos da Escola, fundindo festa e trabalho.

    As aulas ainda não tinham começado quando o ano letivo se anunciou com o Seminário de Formação e Acolhida – carinhosamente apelidado Seminário de Verão – organizado, anualmente, para reunir os professores e planejar a nova jornada. Neste ano, o encontro aconte-ceu no período de 13 a 15 de fevereiro com programação intensa. Mais do que organizar planos de trabalho e de sele-cionar materiais didáticos e pedagógi-cos, o evento proporcionou experiências construtivas a partir da socialização de projetos e um resgate do espírito comu-nitário. Durante o evento, os educadores percorreram a Escola seguindo o som do tambor, em uma espécie de redes-coberta do João.

    O resgate do espírito comunitário e o carinho pela Escola foram expressos em móbiles batizados “55 motivos para amar o João”. O retorno às aulas, aliás, foi festivo, marcado pela volta do Tercei-rão, com os estudantes fantasiados “de férias”, com boias na cintura, Hipoglós

    Comunidade escolar tem a mente livre

    sobre o nariz, chapéus de palha, cangas e bermudas de surfista. Como no ano an-terior não houve turma de 3ª série ano no Ensino Médio em função da mudança de currículo, os estudantes redobraram o entusiasmo, sendo recebidos com um café especial no Ginásio.

    Um café também foi servido no meio do pátio para recepcionar a comunida-de, que participou de uma espécie de sarau de música, performances e poe-sia. A Escola de Música Toque Musical e o professor Marcello Soares abriram a programação no gazebo; em seguida, a banda J23 assumiu o palco ocupado ainda pelas professoras Daniela Dutra- com seu esvoaçante vestido de noite e uma mímica da canção “Emoções”, de Roberto Carlos – e Neyla Manica, com uma irreverente interpretação de “Ma-landragem”, de Cássia Eller. O recomeço das aulas da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental foi igualmente criativo, com brincadeiras capazes de unir crianças, educadores e familiares em torno do mesmo prazer da convivên-cia compartilhada.

    Flutuando em torno de bambolês colo-ridos, 55 mensagens anunciavam de-clarações de amor à Escola, na volta do ano letivo. Confira algumas delas:

    Algumas das 55 razões para amar o João

    Famílias antigas ou famílias novas são invariavelmente acolhidas no João. As que já fazem parte da comunidade escolar reforçam o compromisso com a proposta de educação forte, humana, diversa e única, nos encontros com os professores, coordenadores, orientado-res e diretores da Fundação Educacional. As recém chegadas são apresentadas à Escola em todos os seus aspectos e convidadas a esclarecer as dúvidas e a compartilhar angústias. Nesses encon-tros de acolhimento – assim como nas demais reuniões realizadas ao longo do

    ano – são firmadas ou renovadas parce-rias e laços de confiança.

    Cada etapa organiza-se de forma própria e criativa, mas, quando se tra-tam de famílias estreantes, é feito um encontro geral – aberto à participação dos próprios novos estudantes – e um passeio guiado pela área escolar. Em to-dos os encontros, os depoimentos dos pais e das mães costumam tocar os co-rações. Muitos do que estão chegando, inclusive, já traduzem a sua surpresa e o seu encantamento, sejam eles adultos, crianças ou adolescentes.

    “Tudo que eu pensei sobre edu-cação, tem aqui. É incrível poder experenciar o que sempre sonhei. E tive certeza que minha escolha era certa quando ouvi meu filho dizer; Adoro minha escola nova!”

    Daniele Costa Corezola, mãe do Bruno – Maternal F

    “Vocês me ajudaram muito. As pes-soas estão gostando de mim”

    Theo Arruda Rodrigues – 9º ano C

    “O João é diverso, mesmo. Passa-mos por 10 escolas antes de chegar aqui. Esta foi a última que visitamos e a acolhida das professoras e das turmas foi emocionante. Os colegas levam o Marcos de lá para cá, já na portaria o chamam pelo nome. E, outro dia, ele chegou em casa con-tando como surgiram os alimentos industrializados e querendo comer alface e tomate”

    Darlize Mello, mãe do Mar-cos – 5º ano C

    “No começo eu estava na contra-mão, não queria vir. Estávamos con-tentes com escola da minha filha. Mas ela não. Ela pediu para vir para cá. Quando cheguei vi tudo colorido, estranhei muito porque estava acos-tumada com um colégio tradicional. Me senti uma estranha no ninho. Mas a acolhida me deixou mais à vontade. E foi incrível ver minha filha chegar feliz já no primeiro dia e me dizer: ‘Já tenho uma amiga, mãe’”

    Mariele de Moraes Gomes Inghes, mãe da Luisa – 5º ano C

    “Eu já tinha visitado o João quan-do era muito pequena, mas não lembrava. Quando cheguei pela se-gunda vez, adorei de cara. Eu tinha certeza que ia gostar. Não é comum em lugar algum encontrar uma ami-ga já no primeiro dia”

    Luisa Inghes – 5º ano C

    • Trabalho compartilhado• Liberdade de Expressão• Ter voz e vez• Permite trabalho humano e diversi-ficado• Permite ousar• Ser autor• Ar livre

    Bem-vindas!

    Mentes livres são sementesQue brotam somente por serem livresE, sendo livres, descortinam segredosIluminam caminhos, redefinem enredosTomam nas mãos a históriaTransformando o amanhãEm lugar e tempos melhores É o pensar que se projetaPara além dos invisíveis murosE constrói saberes que serão pilaresPara novos futurosE, terra fértil, para mentes livresPara germinar outras sementes E um novo tempo nascerÉ a verdade para entender o mundoE a liberdadePara aprender como ensinarE ensinar como aprender Mentes livres são inquietasNão se dobram a verdades inventadasNão se acomodam com razões não Nem se acovardam diante do não saberMentes livres têm nos livrosSeu poder de transformarDo saber como fazer o que vai ser e o que viráO saber, que, a uns perturbaO saber que incomodaSaber que desacomoda o velho jeito de pensar É o saber que se rebela na quietude de uma celaSe revolta contra a pena, que condena a não pensarE transforma cada fresta em uma imen-sa janelaPois não há como ser livre sem ser livre para pensarE nem como ser humano sem ser huma-no para amarMentes livres, livremente, construindo seu saberMentes livres, simplesmente, sendo li-vres para aprenderMentes livres que dementem preconcei-tos imoraisMentes livres são potências na inquietu-de das criançasQue transformam a esperança em ações tranascendentais Mentes livres, livres mentes, livremente livresSe livros mentem, mentes livres os des-mentemE se as mentes não são livres, cativas, pois, de outras mentesLivres, não se sentemPois são somente instrumentos de ra-zões demais dementesMentes livres não oprimem, nem se sub-metem à opressão Mentes livres livram mentes do que mentes por poder e obsessãoSão sementes de esperança, de liberda-de e razão. Dão Real Pereira dos Santos

    Mentes livres

    Foto: Felipe Farias

    Foto: Felipe Farias

    Foto: Audiovisual João XXIII

    Foto: Felipe Farias

  • 1312

    Sábado de chuva e de narrativas sobre educação

    Um piquenique é irmão-gêmeo da alegria. Um sábado de sol, idem. Junte os dois e teremos o “Piquenique Mentes Livres” re-alizado em 16 de março no pátio da Escola. Toalhas xadrez, cestos com frutas ou outras delícias, e, especialmente cabelos ao ven-to, rostos corados e sorridentes foram as marcas registradas do evento. Por todo o pátio viam-se mesinhas, almofadas coloridas, pneus decorados, floreiras, brin-cadeiras, araras com fantasias, apresentações artísticas, barra-quinhas com venda de quitutes feitos pelos próprios familiares. Neste dia, com a presença de quase 200 pessoas, o João virou parque e o espírito comunitário foi presença garantida.

    O João virou parque

    O toque do tambor tem chamado a comunidade escolar durante as ativi-dades coletivas do Colégio João XXIII em 2019. Executado pelo percussio-nista e educador social Beto Silva, o instrumento é um símbolo. “O tambor nos remete a uma conexão ancestral, pois é na barriga da mãe que estabe-lecemos o primeiro contato com este pulsar. O toque do tambor busca um compasso rítmico, assim como as ba-tidas do coração. Quando entramos em contato com esse som, o coração vibra transmitindo essa mensagem ao corpo que responde de maneira vis-ceral. Ao nos conectarmos com esse pulsar, resgatamos nossa história, nossas memórias e nossas origens”, explica o educador.

    O chamado do tambor

    Chovia naquele sábado. Uma ma-nhã de outono já fresquinha. Dia per-feito para dormir até mais tarde, se encaramujar em casa. Mas lá estavam elas e eles, os professores, monitores, e equipe técnica do Colégio João XXIII, reunidos para trocar experiências em uma reunião batizada de “Narrativas Docentes”.

    O encontro, realizado no dia 27 de abril, véspera do Dia Mundial da Educa-ção, não foi o único do primeiro semestre de 2019, é verdade. A equipe pedagógica já havia se reunido em mais um Seminá-rio dos Professores para refletir e plane-jar. Entretanto, o evento promoveu uma partilha ainda maior entre os profissio-nais de todas as etapas.

    Ao apresentarem a proposta, ainda no início do ano letivo, as Coordenadoras Pedagógicas citaram Hannah Arendt: “O espaço da Escola é um conjunto concre-to de condições de aprendizagem onde as pessoas se reúnem para falar, para se envolver em diálogo, para compartilhar as suas histórias e para lutar juntas por meio de relações sociais que fortaleçam, em vez de enfraquecer, as possibilidades de uma cidadania ativa”.

    Desta forma, ouvindo e falando, de-batendo ideias, narrando experiências e práticas pedagógicas desenvolvidas nas diferentes etapas, a comunidade docen-te compartilhou saberes e vivências que instituem e promovem a identidade pe-dagógica do João XXIII.

  • 1514

    Metade da população do brasileira não lê - conforme a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil - e, de acordo com um levantamento do Banco Mundial, os estudantes do Brasil deverão demorar mais de 260 anos para atingir os níveis qualitativos dos alunos de países desen-volvidos. Entretanto, dos 7,2 livros lidos por crianças e jovens, anualmente, 5,5 são indicados pela escola. Por isso, é tão importante a realização de eventos de incentivo ao livro dentro de uma institui-ção educativa, como é o caso do Planeta Literatura do Colégio João XXIII, neste ano realizado entre 27 e 31 de maio.

    “A criação literária e suas múltiplas linguagens” pautou o evento em 2019. A escrita transformada em música, em teatro ou em diversas outras formas de expressões artísticas, foi apresentada numa eclética semana literária, com am-pla participação dos estudantes, desde

    País com pouca leituratem um Planeta Literatura

    Brasil lê poucoO baixo índice de lei-tura é uma mazela histórica e aponta para o empobrecimento dos debates brasileiros. O repertório amplo de leituras contribui para o amadurecimento do espírito crítico do cida-dão. O que é a realida-de senão a leitura que fazemos dela?• Em recente edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro (2016), com o apoio da Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares, Câmara Brasileira do Livro e Sindicato Na-cional dos Editores de Livros, estima-se que 56% da população aci-ma dos cinco anos de idade se enquadram como leitores regulares (aqueles que leem, pelo menos, partes de um li-vro a cada três meses).• O índice de leitura apresentou um pe-queno aumento desde 2011, quando a média

    era de 50%. Porém a Bíblia figura como a obra mais citada pelos entrevistados com idade acima dos 18 anos. Ao todo, 42% dos participantes da pesquisa afirmaram ler a Bíblia, enquanto outros livros religiosos figuram no segundo lugar entre os gêneros mais populares, com 22% da preferência.• O outro avanço diagnosticado foi a ampliação do índice de leitura per capita, que passou de quatro títu-los por ano para 4,96. Contudo, se os livros didáticos forem retira-dos da conta, o núme-ro cai para 2,9 livros/ano. Em países desen-volvidos, por exemplo, a média é de 7 livros/ano na França, 5,1 nos Estados Unidos e 4,9 na Inglaterra.

    Fontes: Instituto Pró-Livro, Agência Brasil (EBC)G1 e CNM Notícias

    os bebês até os adolescentes. A chuva castigou alguns dos traba-

    lhos expostos no pátio, como as crianças aladas – com asas feitas com páginas de livros – pelas crianças do Joãozinho Legal e pelos seres de papel “Retratos do Cotidiano: Corpos em arte e crônica’, que carregavam mensagens elaboradas pelas turmas do 9º ano. Sem esmorecer, os autores recuperaram os trabalhos, ajeitando ou colando novamente frases como: “Percebi que nesses momentos chegamos às melhores conclusões, te-mos as melhores ideias e lembramos coi-sas brilhantes”. Ou “Muitas pessoas não se colocam no lugar dos outros”.

    A comunidade pode apreciar em torno de 40 projetos produzidos pelas diversas etapas, além de beberem o de-licioso “Chá da Alice – Um encontro má-gico”, oferecido pelo 7º ano. Na mesa co-berta por alva toalha, um vaso de flores,

    xícaras de porcelana, um leque rendado, bolachinhas e, claro, o coelho apressado.

    Nos vidros da Biblioteca – transfor-mados em vitrines – por exemplo, desta-cam-se as “Caricaturas Literárias – Au-tores que marcaram a nossa trajetória leitora” desenhadas por estudantes do 5º ano. Os escritores retratados represen-tavam diversos gêneros e variados perío-dos históricos da Literatura já estudados pelas crianças: Monteiro Lobato, Daniel Munduruku, Josué Guimarães, Eva Fur-nari, entre outros.

    Também o corredor dos armários virou galeria de arte, com os trabalhos multidisciplinares “Eu me sinto Estran-geiro”, do 7º ano –, reinterpretação da obra “A chegada”, em coloração sépia, com temática intimista –, e as colagens do 8º ano “Vozes Silenciadas” – Um ma-nifesto” com fotos autorais dos estudan-tes simulando cenas de violência contra

    a mulher. Ainda no mesmo espaço, o 6º ano expôs “Uma viagem a Lua – Rela-ções Literárias com a Invenção de Hugo Cabret, Sherlock Holmes and The Duck’s son” com criativos autômatos. Neste úl-timo caso, os frequentadores do Plane-ta Literatura eram convidados a decifrar enigmas, tarefa, aliás, bem difícil, devido às letras minúsculas dos papeizinhos. Era necessário utilizar lupas.

    Nas proximidades do GEJ, as mos-tras “Zines e Mitos” e “A minha arte é ser eu – Personagens da História” foram or-ganizadas pelos estudantes de 3ª série do EM. O local, inclusive, transformou-se em um show de diversidade devido à presença de seres tão distintos como Roberto Bolaños (o impagável Chaves), o sinistro Edgar Allan Poe, a efuziante Beyoncée, a corajosa Viola Davis e o anticonvencional Basquiat, sem falar em Quentin Tarantino, Madonna, Tina

    Baush, Crioulo e Ferrei-ra Goullar. Aliás, o poeta contribuiu com a frase “Sei que a vida vale a pena mesmo que o pão seja caro e a liberdade pequena”.

    O prédio da Etapa do 1º ao 5º se transformou em território dos livros. Cenas poéticas foram apre-sentadas pelas professoras da Educação Infantil, que também se encarregaram dos Saraus Literários e dos Encontros Literários entre turmas (da Classe-Bebê aos Níveis Multiidade).

    Os projetos envolvendo estudantes da etapa do 1º ao 5º ano, por sua vez, alastraram-se pelo prédio com os “Ca-dernos Cantantes” – Um caderno que canta e encanta gerações”, do 1º ano; o mural interativo “Viveram felizes para sempre...Ops! Aqui quem cria o final

    é você”, e a exposição “É possível ler uma história sem letras?”– estes dois últimos realizados pelas crianças do 2º ano. O 3º ano apresentou a mostra “Va-mos (re)conhecer os parques de Porto Alegre? Espaços para conhecer, inte-ragir e se divertir”, inspirado na obra de Sofia e Otto “Conhecendo Porto Alegre. Por conta destes, ficou, ainda a exposição “Acroosport – o 3º ano em movimento”. Os “Contos para ouvir e degustar!” do 4º ano e os encontros com as famílias de todos os anos para a realização de brincadeiras com rimas,

    Fotos: Felipe Farias

  • 1716

    A música e o fogo unem as comunidades ao longo da história da humanidade. Não foi diferente na noite de 29 de maio quando a Orquestra Villa-Lobos se apresentou sob o toldo central da Escola e, no pátio, as fogueiras reuniram as famílias para compartilhar histórias. Parte da programa-ção do Planeta Literatura, o evento também foi marcado pela doação de 80 flautas doces compradas por meio de campanha realizadas pelos profissionais do Colégio João XXIII. Os instrumentos per-mitirão a educação musical de novos jovens integrantes deste projeto social e cultural.

    Samba ou erudita? MPB ou tango? Bob Marley ou Jonh Lennon? Todos e muito mais. Assim é o repertório da

    Em torno do fogo e da música

    Um mago e uma poetisa sus-surrante circularam pelo Planeta Literatura. Ela, com sua saia feitas com tiras de papelão, carregava uma cesta com bilhetes poéticos distribuídos como balas entre a gurizada. Mas não antes de ofe-recer um sinuoso cano de PVC usado como telefone sem fio. Nele murmurava poesias até para be-bês. Atentos e com os olhos arre-galados, eles ouviam em silêncio.

    Apelidados de “livros-vivos” pelo responsável do estande da Bamboletras, Milton Ribeiro, a contadora de histórias Fabiana Souza, andava acompanhada pelo “mago” Miguel Henrique Cury, bi-bliotecário da Escola. Longo man-to negro, chapéu cônico e barbas prateadas, ele atraía olhares como ímãs. Também acendia a curiosi-dade da gurizada, como aconte-ceu com dois alunos do 3º ano, que travaram o seguinte diálogo.

    - Olha, ele é azul- Não é não. Os dedos são

    brancos- A cara é dourada- Não. É prateada. Só a lágrima

    é de ouro

    Livros-vivos

    “Costumo dizer que a gente sai do João, mas o João não sai da gente”, disse Cecília ao lembrar de sua tra-jetória profissional. “Quando entrei aqui eu ainda era estudante. Então foi aqui que aprendi a ser professo-ra. Me constitui como profissional em função da apos-ta que a Escola fez em mim”.

    Cecília SilveiraMaestrina da Orquestra Villa-Lobos, ex-professora e ex-mãe da Escola

    contação de histórias, encontro com autores, autógrafos, apresentações teatrais contribuíram ainda mais para a animação da festa.

    Além das exposições instaladas no corredor dos armários e do Chá da Alice, os estudantes do 7º ano – orientados por seus professores – fo-ram os responsáveis pela apresenta-ção “Vozes do Mundo”.

    Os adolescentes do 9º ano ao En-sino Médio se embrenharam na lin-guagem visual ao produzirem o blog “Diálogos Ruidosos: Resenhas digitais do impossível” (9º ano) e na produção de vídeos com base no conhecimen-to científico “Desmistificando o Senso Comum – Desconstruindo Fake News”

    (1ª série EM). A 3ª série, por sua vez, produziu as entrevistas “Mujeres Im-portantes”, além de conversarem com o escritor Samir Machado, autor de “Homens Elegantes”. A retrospectiva das 16 edições da Mostra de Curtas – batizada com o nome “Uma histó-ria de amor com a linguagem audio-visual” ficou por conta da 2ª série do EM, que também se embrenhou pelos mistérios dos “Contos extraordinários. pero no mucho”. E literalmente (ou li-terariamente) os mesmos estudantes expandiram os horizontes ao cruzarem os muros da Escola na visita à exposi-ção “Quando o horizonte é tão vasto”, do artista plástico Claudio Goulart, na Fundação Chaves Barcelos.

    Orquestra Villa-Lobos, vence-dora do troféu Açorianos em 2019. Integrado pelos alunos da Escola Municipal Heitor Villa-Lobos, da Lomba do Pi-nheiro, a orquestra é regida pela maestrina Cecília Rhein-gantz Silveira, ex-professora do João. O grupo conta, tam-bém, com a participação de um antigo estudante do Co-légio, Geyson William, hoje instrutor musical.

    Ao saudar e agradecer a presença da orquestra, a pro-fessora de música Ana Maes-tri – com seus sobrenome tão adequado à profissão – dese-

    jou que “se destaque (...) no ano em que nossa escola com-pleta 55 anos, e nas diferentes dormas expressivas propos-tas, encenadas, vivenciadas, experenciadas, um fazer que é, sobretudo, algo que nos torna mais humanos, de forma individual ou coletiva”. E citou a preciosa definição de arte do cantor e compositor Vitor Ramil: “Ela não se faz e/ou se apresenta em forma de mito. É pensar, debruçar-se, con-jugar e comungar esforços, concentração, confluência e trabalho. Vivenciadas desde os tempos mais remotos, as

    formas de expressão gráfi-cas, literárias, performáticas, corporais e, agora, midiáticas e midializadas sob formas, recursos e aplicativos mil, as artes já eram antes de existi-rem aqueles a que chamamos com tanta ênfase, reverência e respeito, de artistas”.

    Após o show da orques-tra, subiram ao palco grupos musicais formados por estu-dantes do 7º ano cantando da Jovem Guarda à Tropicália. O 8º fez uma apresentação à capela, ao som de palmas e regido pelo colega André Pre-diger. A noite também teve um sabor de acampamento proporcionado pelo projeto “No princípio era o fogo – lei-tura ao redor de fogueiras”, organizado pela etapa do 6º ao 8º ano.

    “O Ensino Médio é marcante para todo mundo e no João é ainda mais”.

    Geyson WilliamInstrutor de Música ex-aluno do João

    Fotos Matéria: Felipe Farias

    Fotos Matéria: Felipe Farias

    Fotos Matéria: Felipe Farias

  • 1918

    Faça chuva, faça sol, todo os anos tem Festa junina no João. De origem muito antiga, anterior ao cristianismo, as festas juninas viraram homenagens a São João, Santo Antonio, São Pedro e São Paulo, mas acabaram sendo come-moradas por pessoas de todos os credos em um país laico como o Brasil. Por pura brincadeira, houve quem comentasse que a chuva parou porque a comemora-ção do Colégio João XXIII aconteceu em 29 de junho, dia de São Pedro, guardião do clima, conforme a tradição.

    Pelo sim, pelo não, o chuvisqueiro não atrapalhou a função, nem esfriou

    os ânimos da comunidade escolar que lotou o Pátio Central desde o meio-dia quando foi servido um carreteiro. À tar-de, a animação aumentou em torno das barracas, das brincadeiras e das apre-sentações culturais protagonizadas pe-los estudantes. Como a previsão era de mau tempo, o Gazebo e o Recanto Bou-ganville foram especialmente prepara-dos para abrigar os presentes. Mas todo o Pátio foi tomado pela festa. Além das indispensáveis barracas de quentão sem álcool, pipoca, cachorro-quente, bolos e outras delícias juninas, ocorreram diver-sas apresentações, entre elas o “Projeto

    Brincadeira Musical”, do 1º ano do Ensino Fundamental, o trabalho multidisciplinar de Música, Língua Portuguesa e Histó-ria “Dança, Cordel e Histórico da Festa Junina” e a indispensável “Quadrilha” do Ensino Médio.

    Sempre atenta à questão ambiental, a Escola inseriu o eco copo no evento. Com isso, evitou o descarte de um vo-lume considerável de resíduos descar-táveis, pois cada eco copo equivale ao uso de quatro copos plásticos, aproxi-madamente.

    O melhor colégio do Rio Grande do Sul, assim foi classificado o João XXIII na Olimpíada Nacio-nal de História do Brasil, em que também foi o úni-co representante gaúcho selecionado. E os desa-fios olímpicos não param por aí. Diversos grupos

    de estudantes da Esco-la concorrem em outros concursos do gênero e, com a finalidade de dar suporte aos candidatos, o Colégio organizou grupos de estudos preparatórios durante o turno inverso de aula. Confira, abaixo, todos os eventos:

    Nem a chuva esfriou a Festa Junina do João

    Desafios olímpicos mobilizam o João

    Olimpíada Nacional de História do BrasilA equipe “As Moiras”, da 2ª série do EM, tirou o 1° lugar no Estado e, em agosto, participou da final em Campinas. Em razão da boa colocação, as passagens foram custeadas pela Unicamp e a professora Patrícia Dyonisio de Carvalho, que orienta o grupo, ganhou um curso de formação de professores. Voltada aos estudantes do 8º ano o Ensino Fundamental ao Ensino Médio, a Olimpíada Na-cional de História do Brasil - 11ª edição foi composta por seis fases online e uma presencial, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

    Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras A OIMSF, seção brasileira do evento “Mathématiques sans Frontières”, envolveu 47 es-tudantes do 5º ano do Ensino Fundamental, sendo uma com-petição resolvida em equipe. Entre os prêmios para as equi-pes ou escolas que se destaca-rem está o credenciamento para competições internacionais.

    Olimpíada Brasileira de FísicaA OBF mobilizou, no Colégio, 31 estudantes do 9º ao EM. Com-posta de fases objetiva, disser-tativa, experimental e teórica no mesmo dia, o evento, assim como nos anos anteriores, rea-liza as provas entre maio a ou-tubro. Em 2018, dos oito jovens inscritos do João XXIII, um foi classificado para a final.

    Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica O céu está longe de ser o limite para os estudantes que parti-ciparam a Olimpíadas Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Manoela Pont dos San-tos, Mateus Batista Capaver de

    Silva, Vanessa Dorfmann Ara-novich, Maria Fernanda Nagel Pinho e Artur Corrêa – repre-sentantes do 9º ano ao Ensino Médio – estão nas seletivas internacionais. A professora Marina Valenzuela, responsável pelo grupo, e a equipe pedagó-gica, comemoraram a conquista junto com a meninada e já pre-param a próxima etapa.Estimulados pelo projeto “As-tronomia: Um mundo muito além do nosso planeta” e pelas aulas práticas e contextualiza-das, 50 estudantes do 9º ano ao EM se inscreveram na OBA. Os primeiros colocados na Olimpí-ada vão participar da Jornada Espacial realizada em São José dos Campos, no Polo de As-tronáutica do Brasil. Em 2017, quatro alunos do João conquis-taram medalhas de bronze e prata e, no ano passado, em ra-zão de sua boa classificação, o estudante Artur Beineke Corrêa, do 9º ano do Ensino Fundamen-

    tal, foi convidado a participar das “Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica” e “Olimpíada Latino Americana de Astronomia e Astronáutica”.

    Mostra Brasileira de Foguetes de Garrafa PetOs 37 estudantes inscritos na Mostra Brasileira de Foguetes, da 1ª série do EM foram respon-sáveis pela construção e pelo lançamento dos foguetes. As 200 melhores equipes serão se-lecionadas para participarem da Jornada de Foguetes, em Barra do Piraí, Rio de Janeiro.

    Olimpíada Brasileira de Matemática em Escolas Públicas e PrivadasNeste ano, a Escola inscreveu 98 participantes na OBMEP.

    Voltada para estudantes do 6º ao EM, a competição acontece em duas etapas e os candidatos são divididos em três níveis: nível 1 – alunos do 6º e 7º ano do Ensino Fundamental; nível 2 – alunos do 8º e 9º ano do EF; nível 3 – alunos do Ensino Mé-dio. A primeira fase, com prova objetiva ocorreu em maio, no próprio João XXIII. A próxima, que acontece em setembro, é a aplicação de prova discursiva. Em 2018, quatro estudantes receberam menção honrosa. Em 2017, 10 passaram para a segunda fase e seis receberam menções honrosas - dois de cada nível, além do 14º lugar no nível 3 conquistado pelo ex-aluno Eduardo Castelli Kroth.

    Olimpíada MatemágicaA 3ª edição da Olimpíada Ma-temágica, da etapa de 1º ao 5º ano, começou no dia 1º de julho com um passeio pelos 55 anos do Colégio João XXIII e uma homenageando Procó-pio Mendonça, ex-professor da Escola e criador dos jogos boole. Os jogos visam o de-senvolvimento da capacidade de raciocínio lógico por meio de histórias construídas sobre estruturas lógico-matemáti-cas, sob a forma de enigmas ou problemas. O nome é uma homenagem ao matemático George Boole, um dos inven-tores da Álgebra. Compare-ceram a esposa e a filha de Procópio, Dora Anita e Helena Mello, que contaram sobre a trajetória deste educador. Durante a Olimpíada, o 5° ano também recebeu os ex-profes-sores de Matemática Nubem Medeiros e Olga Rejane – a Jô –, além de disponibilizar jogos e desafios para serem compar-tilhados com as famílias nos horários de entrada e saída das aulas. No prédio, foi montada, ainda, uma exposição sobre Ma-temática criada pelos estudan-tes e seus professores. Os jogos de diferentes cantos do mundo e desafios de álgebra fizeram parte da programação.

    Fotos Matéria: Felipe Farias

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    Confira as edições anteriores do Fala, João em:

    fala.joaoxxiii.com.br

    Jornalista é uma pessoa que escreve, fala e apura o que está acontecendo no país, no estado ou no mundo. Poder falar a verdade, sem filtros e cortes, é funda-mental e por isso o jornalismo está tão ligado com a democracia.

    Ser jornalista no Brasil está se tor-nando cada vez mais difícil. Liberdade de imprensa é muito importante para essa profissão e o Brasil está em 105º colocado no ranking de países com mais liberdade de imprensa, entre 180 países, de acordo com a ONG Repórteres Sem Fronteiras. A liberdade de imprensa é o direito das pessoas de publicarem e terem acesso à informação, sem inter-ferência do Estado.

    Ameaças, insultos e agressões estão se tornando “comuns” aos jornalistas e sendo considerados “riscos ocupacio-nais”, em algumas redações ameaças de demissão também são frequentes. Isso é muito preocupante porque as pes-soas não deveriam se sentir inseguras em espalhar informações jornalísticas, esse direito é garantido pela Constitui-ção Federal.

    Nosso país está na 6ª posição entre os países mais perigosos para jornalis-tas no mundo, de acordo com a Unesco. Esses dados só provam como a violação da liberdade de imprensa é frequente e como isso atinge os jornalistas brasilei-ros. Foram 64 jornalistas assassinados entre 1995 e 2018 e o Brasil é o 8º colo-cado entre os países que mais matam profissionais de imprensa no mundo, de acordo com a Press Emblem Cam-paign (PEC).

    O papel do jornalista é fundamental para a democracia e para um mundo justo. Levar informação às pessoas é essencial para que a população saiba o que acontece no mundo.

    Proibir os jornalistas de falarem, si-lenciá-los, é um ataque à liberdade de imprensa. Enquanto tivermos gente sen-do morta, ameaçada ou insultada pelo que falam ou escrevem, teremos uma sociedade oprimida e com medo.

    Larissa Neumann Both 8A

    Liberdade de Imprensa

    "A Escola de vocês é extraordiná-ria porque cria oportunidades volta-das para a autonomia das crianças e dos jovens". A opinião é de ninguém menos do que Aldo Fortunati, educa-dor italiano mundialmente reconhe-cido como um dos principais pesqui-sadores da infância. Na sua última visita a Porto Alegre, em 14 de agos-to, ele percorreu o espaço escolar do João e palestrou sobre “As crianças e a revolução da diversidade”.

    Antigo parceiro do Colégio, Aldo foi o idealizador do Centro de Pesqui-sa e Documentação sobre a Infância “La Bottega di Geppetto”, localizada em San Miniato (Toscana). No cau-daloso currículo consta também a participação no Gruppo Nazzionale Nidi-infanzia, o cargo de diretor da área educacional do dell’Instituto degli Innocenti di Firenze e a coor-denação de projetos de cooperação internacional na América Latina. Também assina os livros “Educação Infantil como Projeto da Comunida-de” (2009), “A Abordagem de San Mi-niato para a Educação das Crianças” (2014) e “Por um Currículo Aberto ao Possível” (2016).

    Aldo Fortunati volta ao João