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SÃO JOÃO E A TRADIÇÃO MAÇÔNICA Na mesma data em que se comemora o solstício de verão, 24 de junho, no Hemisfério Norte, dia de São João Batista, estamos comemorando aqui, o solstício de inverno. Recordemos as festas juninas (São João). No dia 25 de dezembro, comemoramos o solstício de verão e, no Hemisfério Norte, o solstício de inverno. É a data do nascimento de Avatares como: Krishna, Mitra, Hórus, Buda e Jesus Cristo, todos considerados grandes Sóis (Deuses). Perceba que quem trouxe a Maçonaria para o Hemisfério Sul, não se preocupou com isso. Simplesmente copiou seus Templos com as mesmas características, esquecendo-se de “inverter as posições” de suas “estrelas”, seus “planetas” e também o altar de nossas Dignidades. A Terra faz um movimento de translação ao redor do Sol em uma órbita plana, quase redonda, com período definido de um ano. Enquanto isso, ela gira em torno de si mesma, originando os dias. O equinócio (Do latim: aequinoctiu = noite igual; aequale = igual + nocte = noite) é o ponto da órbita da Terra onde a duração do dia e da noite são iguais. É o dia a partir do qual, os dias ou as noites começam a crescer (respectivamente primavera e outono), até que se chegue ao solstício (Do latim: solstitiu = Sol Parado), que é o ponto da órbita da Terra onde existe a maior disparidade entre a duração do dia e da noite. Os solstícios são, então, o dia e a noite mais longos do ano (no verão e inverno, respectivamente).

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SÃO JOÃO E A TRADIÇÃO MAÇÔNICA

 Na mesma data em que se comemora o solstício de verão, 24 de junho, no Hemisfério Norte, dia de São João Batista, estamos comemorando aqui, o solstício de inverno. Recordemos as festas juninas (São João). No dia 25 de dezembro, comemoramos o solstício de verão e, no Hemisfério Norte, o solstício de inverno. É a data do nascimento de Avatares como: Krishna, Mitra, Hórus, Buda e Jesus Cristo, todos considerados grandes Sóis (Deuses). Perceba que quem trouxe a Maçonaria para o Hemisfério Sul, não se preocupou com isso. Simplesmente copiou seus Templos com as mesmas características, esquecendo-se de “inverter as posições” de suas “estrelas”, seus “planetas” e também o altar de nossas Dignidades. A Terra faz um movimento de translação ao redor do Sol em uma órbita plana, quase redonda, com período definido de um ano. Enquanto isso, ela gira em torno de si mesma, originando os dias. O equinócio (Do latim: aequinoctiu = noite igual; aequale = igual + nocte = noite) é o ponto da órbita da Terra onde a duração do dia e da noite são iguais. É o dia a partir do qual, os dias ou as noites começam a crescer (respectivamente primavera e outono), até que se chegue ao solstício (Do latim: solstitiu = Sol Parado), que é o ponto da órbita da Terra onde existe a maior disparidade entre a duração do dia e da noite. Os solstícios são, então, o dia e a noite mais longos do ano (no verão e inverno, respectivamente).

Iniciando então no solstício de inverno (noite mais longa do ano), é a partir dessa data que os dias começam a crescer, até que se alcance uma igualdade entre o dia e a noite (equinócio de primavera), e continua até o ápice do dia no solstício de verão (dia mais longo do ano), data a partir da qual os dias diminuirão até que, mais uma vez, a igualdade se faça presente entre dia e noite (equinócio de outono), seguindo, novamente, para o solstício de inverno, onde começamos nossa explicação, em um ciclo perpétuo.  Durante o intervalo de um ano temos dois solstícios e dois equinócios. Desse modo é possível dividir o intervalo de um ano em quatro períodos, a saber: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Esses períodos são chamados de estações do ano. As estações do ano são conseqüência das variações da inclinação do eixo da Terra, girando em sua órbita elíptica em torno do Sol. Não tem a ver com a distância da Terra ao Sol.  O solstício deve ser comemorado com “ágapes solsticiais”. Isso não significa se reunir para comer ou beber, mas sim para compartilhar, agradecer e unir energias a serviço do “Mais Elevado” e da ajuda à humanidade. E por esse motivo,compartilhar uma comida simples. O historiador José Castellani, explica: “Por herança recebida dos membros das organizações de ofício, que, tradicionalmente, costumavam comemorar os solstícios, essa prática chegou à Maçonaria moderna, mas já temperada pela influência da Igreja sobre as corporações operativas. Como as datas dos solstícios são 21 de junho e 21 de dezembro, muito próximas das datas comemorativas de São João Batista, 24 de junho, e de São João Evangelista, 27 de dezembro, elas acabaram por se confundir com estas, entre os operativos, chegando à atualidade. Hoje, a posse dos Grão-Mestres das Obediências e dos Veneráveis Mestres das Lojas realiza-se a 24 de junho, ou em data bem próxima; e não se pode esquecer que a primeira Obediência maçônica do mundo foi fundada em 1717, no dia de São João Batista.

Graças a isso, muitas corporações, embora houvesse um santo protetor para cada um desses grupos profissionais, acabaram adotando os dois São João como padroeiros, fazendo chegar esse hábito à moderna Maçonaria, onde existem, segundo a maioria dos ritos, as Lojas de São João, que abrem os seus trabalhos (à glória do Grande Arquiteto do Universo Deus e em honra a S. João, nosso padroeiro), englobando, aí, os dois santos. No templo maçônico, essas datas

solsticiais estão representadas num símbolo, que é o Círculo entre Paralelas Verticais e Tangenciais. Este significa que o Sol não transpõe os trópicos, o que sugere, ao maçom, que a consciência religiosa do Homem é inviolável; as paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio e os dois S. João. Tradicionalmente, por meio da noção de porta estreita, como dificuldade de ingresso, o maçom evoca as portas solsticiais, estreitos meios de acesso ao conhecimento, simbolizados no círculo cósmico, no círculo da vida, no zodíaco, pelo eixo Capricórnio Câncer, já que Capricórnio corresponde ao solstício de inverno e Câncer ao de verão (no Hemisfério Norte, com inversão para o Sul). A porta corresponde ao início, ou ao ponto ideal de partida, na elíptica do nosso planeta, nos calendários gregorianos e também em alguns pré-colombianos, dentro do itinerário sideral.

O homem primitivo distinguia a diferença entre duas épocas, uma de frio e uma de calor, conceito que, inicialmente, lhe serviu de base para organizar o trabalho agrícola. Graças a isso é que surgiram os cultos solares, com o Sol sendo proclamados – como fonte de calor e de luz – o rei dos céus e o soberano do mundo, com influência marcante sobre todas as religiões e crenças posteriores da humanidade. E, desde a época das antigas civilizações, o homem imaginou os solstícios como aberturas opostas do céu, como portas, por onde o Sol entrava e saía, ao terminar o seu curso, em cada círculo tropical. A personificação de tal conceito, no panteão romano, foi o deus Janus, representado como divindade bifásica, graças à sua marcha pendular entre os trópicos; o seu próprio nome mostra essa implicação, já que deriva de janua, palavra latina que significa porta. Por isso, ele era, também, conhecido como Janitur, ou seja, porteiro, sendo representado com um molho de chaves na mão, como guardião das portas do céu. Posteriormente, essa alegoria passaria, através da tradição popular cristã, para São Pedro, mas sem qualquer relação com o solstício.

Janus era um deus bicéfalo, com duas faces simetricamente opostas, cujo significado simbolizava a tradição de olhar, uma das faces, constantemente, para o passado, e a outra, para o futuro. Os Césares da Roma imperial, em suas celebrações e para dar ingresso ao Sol nos dois hemisférios celestes, antepunham o deus Janus, para presidir todos os começos de iniciação, por atribuir-lhe a guarda das chaves. Tradicionalmente, tanto para o mundo oriental, quanto para o ocidental o solstício de Câncer, ou da Esperança, alusivo a São João Batista (verão no Hemisfério Norte e inverno no Hemisfério Sul), é a porta cruzada pelas almas mortais e, por isso, chamada de Porta dos Homens, enquanto que o solstício de Capricórnio, ou do Reconhecimento, alusivo a São João Evangelista (inverno no Hemisfério Norte e verão no Hemisfério Sul), é a porta cruzada pelas almas imortais e, por isso, denominada Porta dos Deuses. Para os antigos egípcios, o solstício de Câncer (Porta dos Homens) era consagrado ao deus Anúbis; os antigos gregos o consagravam ao deus Hermes. Anúbis e Hermes eram, na mitologia desses povos, os encarregados de conduzir as almas ao mundo extraterreno .  A importância dessa representação das portas solsticiais pode ser encontrada com o auxílio do simbolismo cristão, pois, para o maçom, as festas dos solstícios são, em última análise, as festas de São João Batista e de São João Evangelista. São dois São João e há, aí, uma evidente relação com o deus romano Janus e suas duas faces: o futuro e o passado, o futuro que deve ser construído à luz do passado. Sob uma visão simbólica, os dois encontram-se num momento de transição, com o fim de um grande ano cósmico e o começo de um novo, que marca o nascimento de Jesus: um anuncia a sua vinda e o outro propaga a sua palavra. Foi a semelhança entre as palavras Janus e Joannes (João, que, em hebraico é Ieho-hannam = graça de Deus) que facilitou a troca do Janus pagão pelo João cristão, com a finalidade de extirpar uma tradição “pagã”, que se chocava com o cristianismo. E foi desta maneira que os dois São João foram associados aos solstícios e presidem as festas solsticiais.

Continua, aí, a dualidade, princípio da vida: diante de Câncer, Capricórnio; diante dos dias mais longos, do verão, os dias mais curtos, do inverno; diante de São João (do inverno), com as trevas, Capricórnio e a Porta de Deus, o São João (do verão), com a luz, Câncer e a Porta dos Homens (vale recordar que, para os maçons, simbolicamente, as condições geográficas são, sempre, as do Hemisfério Norte). Dentro dessa mesma visão simbólica, podemos considerar a configuração da constelação de Câncer. Suas duas estrelas principais tomam o nome de Aselos (do latim Asellus, i = diminutivo de Asinus, ou seja: jumento, burrico). Na tradição hebraica, as duas estrelas são chamadas de Haiot Ha-Kadosh, ou seja, animais de santidade, designados pelas duas primeiras letras do alfabeto hebraico, Aleph e Beth, correspondentes ao asno e ao boi. Diante delas, há um pequeno conglomerado de estrelas, denominado, em latim, Praesepe, que significa presépio, estrebaria, curral, manjedoura, e que, em francês, é crèche, também com o significado de presépio, manjedoura, berço. Essa palavra créche já foi, inclusive, incorporada a idiomas latinos, com o significado de locais onde crianças novas são acolhidas, temporariamente. Esse simbolismo dá sentido à observação material: Jesus nasceu a 25 de dezembro, sob o signo de Capricórnio, durante o solstício de inverno, sendo colocado em uma manjedoura, entre um asno e um boi. Essa data de nascimento, todavia, é puramente simbólica. Para os primeiros cristãos, Jesus nascera em julho, sob o signo de Câncer, quando os dias são mais longos no Hemisfério Norte.

O sentido cristão, no plano simbólico, abordaria, então, apenas a Porta dos Homens e, assim, só haveria a compreensão de Jesus, como ser, como homem. Mas Jesus é o ungido, o messias, o Cristo – segundo a teologia cristã – e o outro pólo, obrigatoriamente complementar, é a Porta de Deus, sob o signo de Capricórnio, tornando a dualidade compreensível. Dois elementos, entretanto, um material e um religioso, viriam a influir na determinação da data de 25 de dezembro. O material refere-se aos hábitos dos antigos cristãos e o religioso, ao mitraismo da antiga Pérsia, adotado por Roma: Os primeiros cristãos do Império Romano, para escapar às perseguições, criaram o hábito de festejar o nascimento de Jesus durante as festas dedicadas ao deus Baco, quando os romanos, ocupados com os folguedos e orgias, os deixavam em paz. Mas a origem mitraica é a que é mais plausível para explicar essa data totalmente fictícia: os adeptos do mitraismo costumavam se reunir na noite de 24 para 25 de dezembro, a mais longa e mais fria do ano, numa festividade chamada – no mitraismo romano – de Natalis Invicti Solis (nascimento do Sol triunfante). Durante toda a fria noite, ficavam fazendo oferendas e preces propiciatórias, pela volta da luz e do calor do Sol, assimilados ao deus Mitra. “O cristianismo, ao fixar essa data para o nascimento de Jesus, identificou-o com a luz do mundo, a luz que surge depois das prolongadas trevas”.

O BATISTA São João Batista, também dito “o Precursor”, era filho de Isabel, prima da Virgem Maria e, por conseguinte, também parente de Jesus. Ele ganhou o epíteto de “batista” porque, no rio Jordão, “batizava” as pessoas, derramando-lhes água sobre as cabeças, assim limpando-as espiritualmente (batismo significa banho). Era também conhecido por viver no deserto, alimentando-se de mel e gafanhotos, vestindo apenas com uma pele de carneiro, andando assim meio nu, meio vestido. Seguramente, pertencia, entre os judeus, ao grupo dos essênios, que vivia em Qunram, perto do mar Morto. Local onde, em 1947, foram encontrados alguns documentos de sua época. Tinha vários seguidores, mas se dizia Precursor de Alguém Maior que ele, e de quem não era digno sequer de “lhe desatar as

sandálias.” Vituperava a Herodes Antipas, o rei imposto pelos romanos aos judeus, porque Antipas mandara matar a seu meio-irmão para ficar com a sua esposa. Antipas mandou decapitar a João Batista, atendendo ao pedido de Salomé, sua enteada, filha de seu meio-irmão, acima referido. O dia 24 de junho foi estipulado pela Igreja Católica como o de sua comemoração.

O EVANGELISTA O outro São João, o Evangelista, era apóstolo de Jesus. Chamam-no de Evangelista porque, além de pregar os ensinamentos do Mestre, foi o autor do 4o Evangelho, de três epístolas e do famoso Apocalipse. Essa palavra quer dizer “revelação”. Nele, João relata as revelações que teria tido sobre o fim dos tempos e dos caminhos para a salvação. Por falar no fim dos tempos, catástrofes, guerras, pestes, castigos, a palavra “apocalipse” ganhou a conotação de “algo ruim, apavorante, cataclismático, terrificante”. A linguagem é extremamente simbólica, de difícil compreensão. É comemorado em 27 de dezembro.

MAÇONARIA OPERATIVA Na verdade, porém, como vem registrado no item XXII, dos Regulamentos Gerais das Constituições de Anderson, de 1723, e com elas publicado, o dia que os maçons operativos do passado tinham escolhido para a reunião anual era o de São João Batista, em 24 de junho, ou, opcionalmente, no dia de São João Evangelista, em 27 de dezembro. Mas, com ênfase ao primeiro. Aliás, notem que a fundação da Grande Loja de Londres, em 1717, ocorreu precisamente nesse dia, 24 de junho. Veja-se como vem redigido esse cânone dos Regulamentos Gerais, aprovados, pela segunda vez, no dia de São João, 24 de junho de 1721, por ocasião da eleição do Príncipe João, duque de Montagu, para Grão-Mestre:

“XXII. Os Irmãos de todas as Lojas de Londres e Westminster e das imediações se reunirão em uma COMUNICAÇÃO ANUAL e Festa, em algum Lugar apropriado, no Dia de São João Batista ou então no Dia de São João Evangelista, como a Grande Loja pensa fixar por um novo Regulamento, pois essa reunião ocorreu nos anos passados no Dia de São João Batista: Provido(…)”

RAZÕES ESOTÉRICAS

Só por uma segunda opção a reunião e festa ocorreria, portanto, no dia 27 de dezembro, na festa do outro São João. Mas, por quê? O porquê dessa alternativa tem uma explicação esotérica, que remonta às prováveis origens da Maçonaria, aos Colegiatti Fabrorum dos romanos. Eles acompanhavam as tropas romanas, para o trabalho de reconstrução e instalação da administração imperial, nas terras conquistadas e colonizadas. E com eles ia a sua religião ou religiões, para ser mais exato, ainda que entre os romanos a predominante fosse a da adoração à Mitra, que era representado por uma figura humana. No lugar da cabeça, um Sol. Havia muitos outros deuses, notadamente, Jano, com suas cabeças que, sabidamente, simbolizavam os solstícios. Esses solstícios estavam sempre presentes nas festas pagãs, porque eram vinculadas à Natureza. É aí que encontramos uma provável explicação histórica para os festejos juninos e natalinos, que a nova religião romano-cristã, não podendo desenraizar dos costumes populares, o mínimo que conseguiu foi a substituição. Todavia, no seio da Maçonaria operativa, mesmo sob tal disfarce, ambas as datas sobreviveram, em face do conteúdo esotérico de seus significados. Os colégios, principalmente os dos construtores, seriam depositários dos conhecimentos e mistérios de antiqüíssimas sociedades iniciáticas, todas praticantes de ritos solares.

                                                                            BIBLIOGRAFIAhttp://blog.madras.com.br/2006/09/05/sao-joao-e-a-tradicao-maconica/ *Wagner Veneziani Costa, Grande Secretário de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP. **Celso Ferrarini - Jornalista

AS LOJAS DE SÃO JOÃO

Quando os trabalhos são declarados abertos, há referência a São João, dito nosso padroeiro. Porém, qual o São João?  São muitos, na Igreja Católico-Cristã, os santos com o nome de São João "disso e daquilo, etc." Os regulamentos maçônicos recomendam se festejar a dois, a São João, "o Batista", e a São João, "o Evangelista".

O BATISTA

São João Batista, também dito "o Precursor", era filho de Isabel, prima da Virgem Maria e, por conseguinte, também parente de Jesus. Ele ganhou o epíteto de "batista" porque, no rio Jordão, "batizava" as pessoas,derramando-lhes água sobre as cabeças, assim limpando-os espiritualmente(batismo significa banho). Era também conhecido por viver no deserto, alimentando-se de mel e gafanhotos, vestindo apenas com uma pele de carneiro, andando assim meio nu, meio vestido. Seguramente, pertencia, entre os judeus, ao grupo dos essênios, que vivia em Quram, perto do mar Morto.                                                                                     

Local onde, em 1947, foram encontrados alguns documentos de sua época. Tinha vários seguidores, mas se dizia Precursor de Alguém Maior que ele, e de quem não era digno sequer de Lhe desatar as sandálias. Vituperava a Herodes Antipas ¾o rei imposto pelos romanos aos judeus ¾ , porque Antipas mandara matar a seu meio-irmão para ficar com a sua esposa. Antipas mandou decapitar a João Batista, atendendo o pedido de Salomé, sua enteada, filha de seu meio-irmão, acima referido. O dia 24 de junho foi estipulado pela Igreja Católica como o de sucomemoração. 

O EVANGELISTA

O outro São João, o Evangelista, era apóstolo de Jesus. Chamam-no de Evangelista porque, além de pregar os ensinamentos do Mestre, foi o autor do 4o. Evangelho, de três epístolas e do famoso Apocalipse. Essa palavra quer dizer "revelação". Nele, João relata as revelações que teria tido sobre o fim dos tempos e dos caminhos para a salvação. Por falar nos fins dos tempos, catástrofes, guerras, pestes, castigos, a palavra "apocalipse" ganhou a conotação de "algo ruim, apavorante, cataclismático, terrificante". A linguagem é  extremamente simbólica, de difícil compreensão.

É comemorado a 27 de dezembro.

MAÇONARIA OPERATIVA

Na verdade, porém, como vem registrado no item XXII, dos Regulamentos Gerais das Constituições de Anderson, de 1723, e com elas publicados, o dia que os maçons operativos do passado tinham escolhido para a reunião anual era o de São João Batista, em 24 de junho, ou, opcionalmente, no dia de São João Evangelista, em 27 de dezembro. Mas, com ênfase ao primeiro. Aliás, notar que a fundação da Grande Loja de Londres, em 1717, ocorreu precisamente nesse dia, 24 de junho. Veja-se como vem redigido esse cãnone dos Regulamentos Gerais, aprovados, pela segunda vez, no dia de São João, 24 de junho de 1721, por ocasião da eleição do Príncipe João, duque de Montagu, para Grão-Mestre:

"XXII. Os Irmãos de todas as Lojas de Londres e Westminster e das imediações se reunirão em uma COMUNICAÇÃO ANUAL e Festa, em algum Lugar apropriado, no Dia de São João Batista, ou então no Dia de São João Evangelista, como a Grande Loja pensa fixar por um novo Regulamento, pois essa reunião ocorreu nos Anos passados no Dia de São João Batista: Provido(...)"

RAZÕES ESOTÉRICAS

Só por uma segunda opção a reunião e festa ocorreria,portanto, no dia 27 de dezembro, na festa do outro São João. Mas, por quê? O porque dessa alternativa tem uma explicação esotérica, que remonta às prováveis origens da Maçonaria, aos Colegiatti Fabrorum dos romanos. A esses colégios de artesãos, de diferentes ofícios, pertenciam também os da construção. Eles acompanhavam as tropas romanas, para o trabalho de reconstrução e instalação da administração imperial, nas terras conquistadas e colonizadas. E com eles ia a sua religião ou religiões, para ser mais exato, ainda que entre os romanos a predominante fosse a da adoração à Mitra, que era representado por uma figura humana. No lugar da cabeça, um Sol. Havia muitos outros deuses, notadamente, o de Jano, uma figura   de duas cabeças

coladas e opostas, cada uma olhando em sentido contrário a da outra, e que simbolizavam: uma, o solstício da entrada do verão (24 de junho, hemisfério norte); a outra, o solstício da entrada do inverno (27 de dezembro, hemisfério norte). Esses solstícios estão sempre presentes, nas festas pagãs, porque vinculadas à Natureza. 

É aí que encontramos uma provável explicação histórica para os festejos juninos e os natalinos, a que a nova religião romano-cristã, não podendo desenraizar dos costumes populares, o mínimo que conseguiu foi a substituição. Todavia, no seio da maçonaria operativa, mesmo sob tal disfarce, ambas as datas sobreviveram, em face do conteúdo esotérico de seus significados. Não esquecer que os colégios, principalmente, os dos construtores, seriam depositários dos conhecimentos e mistérios de antiguíssimas sociedades iniciáticas, todas praticantes de ritos solares. Se você, leitor e freqüentador da Loja Virtual, tiver algo a acrescentar, ou mesmo a reparar, por favor, escreva para nós.

BIBLIOGRAFIAESTA PEÇA DE ARQUITETURA  É UM FRASCO DE PERFUME RARO. Ir. Silva Pinto.   Email :   [email protected] Loja Virtual da Arte Real Brasilhttp://www.geocities.com/SoHo/Museum/6506

             

A Flauta Mágica e a Maçônaria

O texto abaixo foi retirado da página http://www.suigeneris.pro.br/literatura_variedades14.htm Nele, fala, o autor, várias vezes, do Ritual Maçônico de São João, como sendo o praticado pela loja vienense onde Mozart havia sido iniciado. Embora não reproduza todo o ritual, o texto é muito interessante.Representada pela primeira vez no Theater auf der Wieden de Viena, a 30 de setembro de 1791, a obra obteve um êxito imediato, perante a satisfação de Mozart, apesar de o músico escrever, a 7-8 de outubro do mesmo ano: "Aquilo que me faz mais feliz é a aprovação silenciosa!". Decorria o ano de 1790 e a capital austríaca estava a atravessar um árduo período de desorientação sombria. A dura fase de adaptação imposta pela subida ao trono de Leopoldo II, sucessor do seu irmão José II, não era certamente facilitada, devido às preocupantes notícias procedentes da França, que naquela época estava submergida em plena revolução. Naquele clima de incertezas e suspeitas, a maçonaria, em particular, que tanto despertara o interesse de Mozart, especialmente pelo espírito de fraternidade que promovia, caiu em desgraça. Por outro lado, o compositor também não estava a viver a época mais fácil da sua vida. A saúde dava-lhe continuamente razões para preocupar-se, a sua situação financeira estava seriamente comprometida e o teatro da corte afastara Lorenzo da Ponte, grande amigo de Mozart e seu libretista mais valioso, da sua convivência. Foi exatamente nesse momento que Emanuel Johann Schikaneder, empresário de um pequeno teatro popular situado nos arredores de Viena, o Freihaus Theather, propôs a Mozart a composição da música para um singspiel , a opereta alemã. Este gênero, bastante recente na época, estava diretamente inspirado na Opéra comique francesa (muito apreciada em Viena desde 1752) e abrangia uma combinação heterogênea de diversos ingredientes que iam da ária italiana à romança francesa, passando pelos lieder alemães. A proposta de Schikaneder não podia deixar de suscitar o entusiasmo de Mozart que, dois anos antes, numa carta dirigida ao seu pai, afirmara ser "capaz de adaptar ou imitar qualquer gênero musical ou estilo de composição". O compositor sentia também uma simpatia bastante especial por Schikaneder, autor do libreto e, sobretudo, extravagante personagem, admirador incondicional do teatro espetacular, excelente intérprete das obras de William Shakespeare e, na sua forma de viver, abertamente contrário a todas as convenções sociais. As fontes literárias que influíram mais diretamente na obra do libretista foram Sethus, o romance de J. Terrason (que contém abundantes referências aos ritos egípcios e às provas de inciação), e a fábula Lulú, de Liebeskind, que se inseria no inesgotável filão da Zauberoper (ópera mágica), um gênero que ganhava cada vez mais popularidade nos teatros alemães, graças sobretudo, aos fascinantes efeitos conseguidos pelas encenações na representação dos elementos mágicos.

 Na verdade, o texto sofreu uma transformação profunda durante a fase de redação. Essa transformação teve como resultado final um libreto de aspecto muito diferente ao dos textos puramente fantásticos que durante aqueles anos estavam muito em voga. Isso deveu-se, sem qualquer dúvida, ao acréscimo de ritos de clara inspiração maçônica, que contribuíram bastante para enriquecer o significado íntimo da ópera. No que diz respeito à música desta ópera, a grandeza e genialidade de Mozart reside por um lado, em ter sabido conferir, de uma maneira verdadeiramente magistral, uma grande unidade às diversas vertentes estilísticas típicas do Singspiel, elaborando novíssimos princípios formais e também de equilíbrio e por outro lado, em ter utilizado, com uma destreza que poderia ser considerada excepcional, o vasto panorama dos estilos como poderoso meio expressivo. O êxito de A Flauta Mágica foi imediato e colossal. Basta mencionar que, só no primeiro ano foram efetuadas mais de uma centena de representações, e que o próprio Goethe declarou que aquela música era a única digna de acompanhar seu Fausto. No entanto, Mozart saboreou muito pouco da aceitação unânime do público, visto que morreu cerca de um mês depois da estréia. A Flauta Mágica e a sua relação intensa com a Maçonaria Quando surgiu o primeiro libreto impresso de A Flauta Mágica que deveria coincidir com a estréia da ópera, os leitores se depararam com uma página de rosto executada pelo próprio gravador, Ignaz Alberti, um membro da Loja Maçônica de Mozart Zur gekrönten Hoffnung. Para os não-iniciados esta folha de  papel poderia parecer então uma então conhecida reprodução de uma escavação arqueológica no Egito: à esquerda, a base de uma pirâmide com alguns símbolos (inclusive Ibis); no meio, uma série de arcos conduzindo a uma parede com nichos e um portal redondo, tudo isto inundado de luz. Do arco do meio vê-se pendurada uma corrente com uma estrela de cinco pontas. À direita, um elaborado vaso rococó com estranhas figuras agachadas na base; no primeiro plano, uma colher de pedreiro, um par de compassos, uma ampulheta e fragmentos em ruínas. Muitas pessoas acreditavam estar vendo uma obscura visão oriental; algumas damas e cavalheiros da classe média, sem dúvida, pensaram no culto de Ísis e Osíris. Porém, alguns membros da platéia sabiam que aquele simbolismo referia-se, numa série completa de inequívocas alusões, à Antiga e Venerável Ordem da Maçonaria. Estes homens (as Lojas maçônicas para mulheres só existiam na França), que ainda pertenciam à confraria (claudicante em 1791 e não mais a brilhante sociedade de elite de meados de 1780 como tinha sido em Viena na época em que Mozart e Haydn ingressaram na Maçonaria) deveriam estar se perguntando se seus segredos não teriam sido revelados. E caso, como geralmente acontece quando se folheia despreocupadamente um libreto, deparassem com a última página, teriam lido com considerável as seguintes palavras (que é o último parágrafo do último movimento da ópera):  Heil sey euch Geweithen! Ihr drängt durch die Nacht!

  Dank sey dir, Osiris und Isis, gebracht!  Es siegte die Stärke, und krönet zum Lohn  Die Schönheit und Weisheit mit ewiger Kron.  (Salve sagradas criaturas que se impõem através da noite!  Agradecimentos a vós, Osiris e Isis, sejam apresentados! A força venceu, e como recompensa Apresenta a eterna coroa à beleza e à sabedoria.)  No ritual maçônico de São João, quase no final da reunião na Loja, estas mesmas palavras (Mozart teria as ouvido na versão alemã) eram proferidas: "Weisheit...Schönheit...Stärke", formando também um triângulo central do trigésimo terceiro grau do chamado Ritual Maçônico Escocês — que poderia ser considerado um paralelo ou uma extensão da cerimônia de São João. Sentindo -se desconfortavelmente preparados para algo um tanto relacionado com o ritual maçônico, diversos Irmãos naquela platéia de 1791 teriam ficado ainda mais chocados quando, no meio da Abertura, ouviram, após uma pausa na músicas, em continuação a um tempo muito lento (Adagio) em três-vezes-três acordes o seguinteParte do ritual maçônico é o emprego de um bater rítmicos três vezes sucessivas. Esta é a parte central da cerimônia, sendo repetida diversas vezes - como o tema em A Flauta Mágica. Segundo Philippe A. Autexier, que editou um livro sobre Mozart e A Flauta Mágica, nas Lojas vienenese do Século XVIII, o ritual empregado nessa época de Mozart continha ritmos característicos para cada grau:  — U — para o Aprendiz U — — para o Companheiro U U — para o Mestre  Portanto, os repetitivos acordes três-vezes-três se refeream ao Companheiro ou Segundo Grau. À medida que a ópera se desenrolava, os maçons da platéia deviam ficar estupefatos: um símbolo atrás do outro advinha da Confraria. O número simbólico três domina toda a obra: três bemóis na clave principal (Mi bemol maior), três meninos, três senhoras. Tamino é obviamente apresentado como um

"profano" (ou seja, um não maçom), em seguida como um neófito (observem sua conversa com o orador, I ato, Cena 15: o orador lhe pergunta: "Wo willst du kühner Fremdling, hin? Was suchst du hier im Heiligthum?" (Onde quéres ir, intrépido estrangeiro? Que procuras neste lugar sacro?), depois como um jovem maçom com o grau de Aprendiz (com sua cerimônica de viagem e voto de silêncio) e mais tarde, no segundo grau, como Companheiro (com o voto de jejum), e por fim o terceiro grau, Mestre (II Ato, Cena 21) A passagem simbólica da escuridão para a luz, parte integram da cerimônia de São João, ocorre com um brilhante efeito em A Flauta Mágica, sendo claramente indicada na ilustração do libreto de 1791. Porém Mozart e Schikaneder pretendiam mostrar mais do que a Maçonaria na cerimônia de São João, representado também os graus mais altos (os chamados Graus Escoceses). Na cena 28 do II Ato a cortina se abre, mostrando dois homens vestidos com armaduras negras e em seguida Tamino e Pamina. É o início das famosas provas de fogo e água, que nos conduzem a um poutro mundo maçônico: o soberano Grau Rosa-Cruz, o décimo oitavo no "Antigo e Aceito Rito Escocês 33º". O libreto original de 1791 observa discretamente que "eles (os homens armados) lêem para ele (Tamino) a escrita transparente que está gravada numa pirâmide". Ao som das palavras "fogo, água, ar e terra" o tetragrama sagrado JHVH talvez aparecesse por ser a parte central deste Grau Rosa-Cruz. A 30ª cena no II Ato em que Monostatos, o criado africano, junto com a Rainha da Noite e seu cortejo, tentam invadir e destruir o templo de Sarastro é um simbolismo do 30º grau do Rito Escocês, o "Grau da Vingança", enquanto que o final da ópera, II Ato, Cena 33, quando a escuridão (a Rainha da Noite) foi vencida e a luz (Sarastro, Tamino/Pamina, Papageno/Papagena) triunfa é representado pelo grau final (33º) do rito escocês — no triângulo cujo significado é "sabedoria, beleza e força" (Weisheit, Schönheit, Stärke), como no libreto. O lema do 33º é Ordo ab Chao (ordem advinda do caos) ou da escuridão para a luz. Para sublinhar a parte musical desta importante cena da Cruz Soberana com os homens armados, Mozart escolheu um tipo de prelúdio coral, empregando a antiga melodia luterana de 1524 "Ach Gott, von Himmel sieh darein" (ele havia escrito estas palavras num contexto diverso como um estudo contrapotístico para sua aluna Barbara Ployer ou no livro manuscrito de outra pessoa em 1784). A solenidade desta parte da ópera é assim diferente de qualquer experiência austríaca ou católica. É uma solenidade bíblica e com isso quero dizer, derivada da Bíblia. Ver Isaías 43:2:  Quando passares pelas águas eu estarei contigo: quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.  Caso você, leitor, passe a encarar todo este simbolismo numerológico com ceticismo, com certeza devo acrescentar que a introdução orquestral desta cena contém dezoito grupos de notas. Sarastro, o Sumo Sacerdote (ou seja, Venerável Mestre da Loja) aparece pela primeira vez no I Ato, na cena 18. No começo do II Ato, Sarastro e seus sacerdotes entram: em cena estão (como o libreto de 1791 faz questão de especificar)

precisamente dezoito sacerdotes e dezoito cadeiras e a primeira parte do coro que eles cantam, O Isis und Osiris, tem a duração de dezoito compassos. Quando Papageno interroga a monstruosa velha, que se tornará Papagena, quantos anos tem, ela responde: Dezoito (provocando sempre hilariedade na platéia). E quando os três meninos aparecem suspensos no palco em uma máquina (o libreto de 1791 enfatiza) ela está "coberta de rosas" . Porém abandonando esta fascinação hipnótica com o 18º (Rosa-Cruz) devemos lembrar que dezoito é formado por seis vezes três, e três na verdade é o número simbólico crucial e básico da ópera. (Enquanto o Rito Escocês sempre fora uma organização de elite, o ritual mais comum de São João seria o mais familiar para os maçons vienenses que assistiram à primeira representação de A Flauta Mágica.) Num livreto publicado em Londres em 1725 intitulado O grande mistério da Maçonaria revelado lemos o seguinte trecho: Exame ao entrar na Loja:  P. Quantas Jóias preciosas? R. Três; um prato quadrado, um Diamante e um Quadrado. P. Quantas luzes? R. Três; uma Leste à direita, Sul e Oeste. P. O que representam? R. As Três Pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo.  P. Quantos degraus pertencem a um verdadeiro maçom? R. Três.  P. Quantos Pontos particulares pertencem a um verdadeiro maçom? R. Três: Fraternidade, Fidelidade e Seriedade, P. O que representam? R. Amor Fraternal, Lenitivo e Verdade entre todos os verdadeiros maçons; para o qual todos os maçons foram ordenados no Edifício da Torre de Babel e no Templo de Jerusalém. Em 1723, outra publicação revelava:  Se um Mestre-maçom queres ser Observa bem a Regra dos Três...  Portanto, ao acabar de ouvir A Flauta Mágica o maçom freqüentador do Freyhaustheatjer auf der Wieden se deu conta de ter escutado a primeira ópera

maçônica. É evidente que o ritual propriamente dito não era apresentado em cena, mas havia suficientes indícios, exibidos de forma oblíqua e fortemente ilustrados por numerologia, para não deixar dúvidas sobre seu conteúdo maçônico. E como isto foi possível? Na publicação de 1725, já citada, lemos:  P. Em nome de .... c, você é um maçom? O que é um maçom? R. Um homem vindo de um home, nascido de uma mulher, Irmão de um Rei. P. O que é um confrade? R. Um Companheiro de um Príncipe. P. Como saberei se você é um maçom? R. Através de Sinais, Provas e Normas da minha Iniciação. P. Qual é a Norma da sua Iniciação? R. Ouço e Escondo, sob a penalidade de ter minha Garganta cortada, ou minha Língua arrancada de minha Cabeça.  Deve ter havido, portanto, razões muito prementes para Mozart e Schikaneder haverem rompido este juramenteo de silêncio, tendo sido sugerido há muito tempo (sugestão esta que foi reforçada por três médicos alemães num livro intitulado Mozarts Tod [ A Morte de Mozart ] publicado em 1791 onde eles usam o termo "assasinato ritual") que os maçons mataram Mozart. Existem simplesmente dois fatos que tornam esta teoria — considerada muito plausível nos dias de hoje — não só improvável como inexeqüível. A primeira é que ninguém assassinou Schikaneder, que foi tão responsável quanto Mozart "ao trair os segredos maçônicos". ( Schikaneder tinha entrado para a Confraria em em Regensburg, mas nunca se aliara à Loja de São João em Viena.) Schikaneder continuou vivendo, até a "venerável" (para a época) idade de 61 anos e morrei em 1812 louco, é verdade, mas os maçons não podem ser responsáveis por isso uma vez que deixaram de existir oficialmente em 1795 e a morte de Schikaneder ocorreu dezessete anos mais tarde. O segundo fato é igualmente, senão mais, convincente: a própria Loja de Mozart Zur Gekrönten Hoffnung celebrou uma Loja das Tristezas para o compositor, imprimiu o discurso principal, assim também a  cantata Maçônica (K-623) que Mozart havia escrito pouco antes de morrer. Portanto deve ter havido uma outra razão pela qual Mozart e Schikaneder tiveram permissão para escolher um tema de ópera que glorificava a Maçonaria. Trata-se de um ponto que muitos pesquisadores negligenciaram ou interpretaram mal, mas que pode ser solucionado após se examinar os arquivos maçônicos mantidos pela polícia austríaca durante aquele período. A verdade é que a Maçonaria na Áustria estava em

perigo iminente de extinção — como se pode verificar com o fechamento voluntário, pelos maçons, das suas Lojas em 1794; enquanto que em 1795, um jovem e novo Imperador proibia todas as sociedades secretas, incluindo, é claro, a Maçonaria. O motivo para este repentino perigo em que os maçons se encontraram teria sido o pretenso envolvimento dos mesmos com a Revolução Francesa e o jacobinismo, e com um movimento semelhante na Áustria, que a polícia secreta — com razão, como foi comprovado mais tarde — suspeitava existir. Em Viena, enquanto A Flauta Mágica estava em cartaz, Leopoldo II observava com crescente apreensão o que acontecia na França e esta mesma apreensão estava se tornando um medo quase paranóico em sua intensidade nas mentes da polícia secreta e outros membros do governo austríaco.  Irmão José Maria Florêncio*  1º Vig. da Grande Loja Nacional da Polônia indicou este texto *Currículo do Irmão José Maria Florêncio: Teatro da Ópera de Lodz;  Ópera Estatal de Wroclaw;  Diretor e Maestro titular da Orquestra de Rádio e TV da Cracóvia;  1º Regente da Ópera Nacional de Varsóvia; Diretor Musical do Teatro da Ópera de Poznan;  Nos últimos 7 anos, é o diretor titular da Filarmônica de Poznan. Hoje, com 43 anos de idade, José Florêncio já regeu em todos os continentes, e conhece 7 línguas diferentes. Ele rege toda semana em um lugar diferente, e se apresentou em São Paulo nos dois últimos domingos (03 e 10/06), a OSM (Orquestra Sinfônica Municipal)                  LOJAS DE SÃO JOÃO-ESTUDOS MAÇÔNICOS

Lojas de São João

Maçonaria azul é a denominação dada as chamadas Lojas Simbólicas, onde se praticam os três primeiros graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre. O Rito Escocês Antigo e Aceito chama a essas Lojas, Lojas de São João. Não se sabe exatamente qual é o São João que patrocina a Maçonaria. Alguns autores afirmam ser o São João Evangelista, outros dizem ser o Batista. Há os que dizem ser o São João “Esmoler”, fundador da Ordem do Hospital de São João, durante as Cruzadas. Essa crença foi disseminada principalmente por Ransay, que no seu famoso discurso, afirmou a existência de uma interação entre as Lojas Maçônicas e os

cavaleiros membros do Hospital de São João, ocorrida por ocasião da primeira cruzada. “Certo tempo depois, nossa Ordem se uniu com os Cavaleiros de São João de Jerusalém”, diz Ransay. “ Desde então, nossas Lojas todas trouxeram o nome de Lojas de São João. Essa união foi feita a exemplo dos israelitas quando construíram o Segundo Templo. Enquanto manipulavam a trolha e a argamassa com uma mão, traziam na outra o escudo e a espada”.

Quem era esse São João ele não diz, mas não é difícil descobrir, pois quem fundou a Ordem dos Hospitalários foi exatamente o São João “Esmoler”, filho do rei de Rodes, que se deslocou para a Terra Santa junto com a primeira Cruzada para ali servir como monge. A Ordem dos Hospitalários tornou-se uma das mais importantes instituições a serviço dos cristãos na Terra Santa, e depois do término das Cruzadas, esses Irmãos cavaleiros continuaram a servir a humanidade, espalhando pela Europa inteira os seus hospitais. Com a dissolução da Ordem dos Templários, em 1312, muitos dos membros sobreviventes se filiaram aos Hospitalários. Estes não foram incomodados pela Igreja nem pelas autoridades seculares, e na maioria dos países latinos, especialmente Portugal e Espanha, os Hospitalários foram os principais responsáveis pelos serviços de saúde desenvolvidos nesses países. As instituições conhecidas como Santas Casas de Misericórdia são o resultado do trabalho desses antigos Irmãos. Por isso, ainda hoje, nas Lojas Simbólicas se conserva a tradição de manter um Imão Hospitalário pararecolher as contribuições para o “Hospital”. Quanto ao São João Evangelista, o seu nome como patrocinador da Maçonaria só aparece a partir da introdução dos temas gnósticos em seus ritos, ocorridos a partir do advento da transição do ritual operativo para o especulativo. São João Evangelista é um santo de grande prestígio entre os esoteristas. Ele é tido como verdadeiro introdutor da Gnose cristã na Bíblia. Seu evangelho é francamente inspirado em temas gnósticos, e a ser verdadeiro que ele também é o autor do Apocalipse, então não há qualquer dúvida que ele foi, realmente, um pensador formado naquela escola.O Apocalipse é, francamente, um livro de inspiração gnóstica. Os temas cristãos ali tratados são desenvolvidos no estilo daquela escola de pensamento e tem uma forte influência da Cabala. A maioria dos historiadores acredita que o São João Evangelista tenha sido, na verdade, um rabino judeu convertido ao Cristianismo, já que tanto o Evangelho de São João, quanto o Apocalipse apresenta claros traços da filosofia dominante entre os cristãos gnósticos dos primeiro e segundo séculos, época em que predominava o gnosticismo cristão, temperado por uma forte influência cabalística. Já as alusões a São João Batista, entretanto, já são mais antigas. Elas provém de tradições medievais, nas quais esse santo era homenageado com grandes festas. Na Escócia, segundo informa Jean Palou, a festa de São João Evangelista era celebrada pelos maçons escoceses em 27 de dezembro, época em que se escolhiam o Supervisor (Venerável Mestre), seus diáconos e oficiais para presidirem a Loja. São João Batista também é um personagem muito venerado entre os gnósticos. Para algumas seitas, inclusive, ele seria o verdadeiro Messias, e não Jesus, como pregam os Evangelhos. Para os discípulos de Hermes, São João Batista é um símbolo de grande significado. Como “precursor” da Grande Obra de redenção universal, realizada por Jesus, ele simboliza o “mediador”, aquele que tem a missão de “abrir” a porta da iniciação, da

mesma forma que o vitríolo fiilosófico. Por isso, na iconografia alquímica, esse composto é representado por uma caveira num prato de prata, significando que é preciso o sacrifício dessa matéria para que a bela Salomé (símbolo da natureza), possa apresentar-se ao adepto em toda sua deslumbrante nudez. Daí o porquê de pensarmos que a escolha de São João Batista para patrocinador das Lojas Simbólicas tem sua fundamentação em temas alquímicos. Esse santo, que provavelmente foi um adepto da seita dos essênios, é considerado pelos esotéricos um mediador das duas estruturas cósmicas, representadas pelas partes, material e espiritual. Ele preside, na tradição romântica dos povos ocidentais, a união dos cônjuges, quando esta se consuma na noite a ele consagrada (24 de junho). Para a Maçonaria, a tradição de invocar esse santo como patrocinador, teria o condão de despertar a sua mediação para a realização da transmutação do caráter profano do recipiendário, para o estado de consciência superior que caracteriza o iniciado. Essa idéia é interessante porquanto São João Batista é o introdutor do Cristianismo. Foi ele o “Mestre” que iniciou Jesus. Na verdade, foi ele também que rompeu as velhas estruturas do Judaísmo, inaugurando uma nova era teológica, na qual o Verdadeiro Deus, o Deus de Israel, deixava de ser um deus local, confinado á um povo, para ser um Deus universal, pai de toda a criação .João Batista, com seu batismo em água, antecedeu o batismo em fogo que Jesus traria em seguida. Observe-se que essa simbologia foi apropriada na iniciação maçônica, na qual o recipiendário é purificado primeiro pela água e depois pelo fogo. Nesse simbolismo também se pode identificar o processo alquímico operatório, pois a “matéria prima da obra” não pode ser levada ao fogo antes de ser convenientemente purificada pela água.

Seja qual for o São João o santo protetor da Maçonaria, é evidente que cada um deles, por sua vida, obra e doutrina, tem muito a ver com a tradição maçônica. Seja o ascético João Batista, o filósofo gnóstico João, O Evangelista, ou o filantropo João, O Esmoler, todos eles são lídimos representantes da tradição maçônica.

1. Jean Palou-A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática, pg. 72 2. A seita dos Mandeanos, que sobrevive em algumas regiões da Pérsia, ainda conservam essa tradição. Embora os Evangelhos sustentem que João Batista reconheceu e indicou Jesus como sendo o Messias que havia de vir, historicamente, porém, registra-se uma certa rivalidade entre os discípulos dele e os cristãos. Essa rivalidade foi referida por Philo de Alexandria e por diversos escritores antigos, como Plínio, o Velho.

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DO LIVRO CONHECENDO A ARTE REAL- MADRAS, SÃO PAULO- 2007João Anatalino