25 Abril - Publico

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cc942328-80b6-411b-8d1e-a8c92f9f4b83 D. José Policarpo ouviu vários relatos, mas preferiu mudar padres de paróquia a bani-los do meio eclesiástico p14 Indicadores económicos na iminência de empurrar taxas do banco central para novo mínimo histórico p20/21 Inquérito aos maiores bancos nacionais revela que empréstimos às PME tiveram menos restrições p21 “Número dois” do Partido Democrático foi encarregado de formar o próximo Governo italiano p25 Padres denunciados por abusos sexuais mantidos no activo Retoma adiada na zona euro levará BCE a baixar taxas de juro Financiamento da banca às PME teve ligeira melhoria Napolitano escolhe Enrico Letta para formar governo Decisão do TC precipitou prisão de Isaltino Morais Presidente da Câmara de Oeiras perdeu mais dois recursos, mas foi a rejeição pelo Tribunal Constitucional de um outro que o levou à cadeia. Advogados alegam que prisão é ilegal e apresentaram requerimento para o libertar Portugal, 12/13 e Editorial 25 DE ABRIL 55 PERSONALIDADES DIZEM O QUE DEVIA MUDAR Destaque, 2 a 11 e Editorial MIGUEL MANSO PUBLICIDADE Liga dos Campeões mais perto de uma inédita final alemã p41 QUI 25 ABR 2013 EDIÇÃO LISBOA Ano XXIV | n.º 8415 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos GENÉTICA A DUPLA HÉLICE DO ADN QUE PODIA TER DADO UM NOBEL DA QUÍMICA FAZ HOJE 60 ANOS Ciência, 28 HOJE Colecção Chanson Française Vol. 14: Barbara Por + 6,95€ Maria tinha dez meses quando foi capa do PÚBLICO nos 25 anos do 25 de Abril. Agora conta-nos a sua história I CE DO ADN ER DADO QUÍMICA ANOS

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cc942328-80b6-411b-8d1e-a8c92f9f4b83

D. José Policarpo ouviu vários relatos, mas preferiu mudar padres de paróquia a bani-los do meio eclesiástico p14

Indicadores económicos na iminência de empurrar taxas do banco central para novo mínimo histórico p20/21

Inquérito aos maiores bancos nacionais revela que empréstimos às PME tiveram menos restrições p21

“Número dois” do Partido Democrático foi encarregado de formar o próximo Governo italiano p25

Padres denunciados por abusos sexuais mantidos no activo

Retoma adiada na zona euro levará BCE a baixar taxas de juro

Financiamento da banca às PME teve ligeira melhoria

Napolitano escolhe Enrico Letta para formar governo

Decisão do TC precipitou prisão de Isaltino MoraisPresidente da Câmara de Oeiras perdeu mais dois recursos, mas foi a rejeição pelo Tribunal Constitucional de um outro que o levou à cadeia. Advogados alegam que prisão é ilegal e apresentaram requerimento para o libertar Portugal, 12/13 e Editorial

25 DE ABRIL55 PERSONALIDADESDIZEM O QUE DEVIA MUDAR Destaque, 2 a 11 e Editorial

MIGUEL MANSO

PUBLICIDADE

Liga dos Campeões mais perto de uma inédita final alemã p41QUI 25 ABR 2013EDIÇÃO LISBOA

Ano XXIV | n.º 8415 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos

GENÉTICAA DUPLA HÉLICE DO ADNQUE PODIA TER DADO UM NOBEL DA QUÍMICA FAZ HOJE 60 ANOSCiência, 28

HOJEColecção ChansonFrançaise Vol. 14: BarbaraPor + 6,95€

Maria tinha dez meses quando foi capa do PÚBLICO nos 25 anos do 25 de Abril. Agora conta-nos a sua história

ICE DO ADNER DADO

QUÍMICAANOS

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2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

25 DE ABRIL

Adolfo Luxúria CanibalMúsico

Acabaria com a sua excessiva depen-

dência dos partidos políticos, que

detêm o papel quase exclusivo de

representação da vontade popular:

1. Grupos de cidadãos não organiza-

dos em partido político poderiam ser

eleitos para a Assembleia da Repú-

blica; 2. Os deputados eleitos repre-

sentariam os cidadãos dos círculos

eleitorais que os elegeram e não o

partido político que integram.

Reforçaria a democracia directa,

tirando aos cidadãos o papel de re-

féns indefesos dos ciclos eleitorais: 1.

O partido que forma Governo estaria

limitado ao cumprimento do progra-

ma de Governo que eleitoralmente

apresentou, sendo deposto em caso

de incumprimento; 2. Dependeria

de referendo a adopção de qualquer

medida que não estivesse prevista no

programa de Governo eleitoralmente

aprovado.

Alexandre QuintanilhaProfessor na Universidade do Porto

Dois aspectos essenciais para aumen-

tar a nossa confi ança nas instituições

e tornar a nossa sociedade mais di-

nâmica e justa:

1. Que o jornalismo fosse menos

“de opiniões” e mais “de investi-

gação”. A maioria dos meios de

comunicação está a preencher os

seus “espaços” com comentadores

individuais ou com debates entre

personalidades. Suponho que com

o objectivo de que todas as opiniões

possam ser ouvidas. Seria mais in-

teressante que a informação fosse

aprofundada e fi dedigna.

2. Que exigíssemos uma maior res-

ponsabilização a todos os cidadãos.

O que só seria possível com um sis-

tema de justiça mais transparente e

efi ciente; com meios de comunica-

ção mais independentes dos grandes

grupos fi nanceiros; com códigos de

honra exigidos e respeitados por to-

das as profi ssões; e com uma meri-

tocracia a sério.

Ana BacalhauCantora

Eu, sozinha, não conseguiria melho-

rar grande coisa. Isso é que é inte-

ressante na democracia. Precisa do

colectivo, mais do que do individual.

Melhor dizendo, o primeiro impulso

para a congregação parte do indiví-

duo, mas a fi nalidade será sempre o

trabalho em equipa. Por isso é que

é tão importante o contributo de

todos para a sua manutenção. Por

isso é que é tão perigosa a ideia do

salvador, que chega e resolve os pro-

blemas. Nenhum indivíduo poderá

representar bem todos os indivíduos.

Ao contrário, um conjunto de pesso-

as apostadas em trabalhar juntas já

estará mais bem preparado para re-

presentar o maior número de indiví-

duos possível. O ideal seria que todos

obrigássemos este individualismo

que ainda vive na nossa sociedade

a socializar e a aprender a trabalhar

em equipa, para o bem comum.

Ana Luísa AmaralPoeta, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Bastaria justiça! Quando a separação

de poderes é vista como um entrave

à governação; quando as soluções

propostas para aliviar a crise pas-

sam por empobrecer a classe média

e aqueles que vivem já no limiar da

pobreza; quando os direitos dos in-

vestidores são postos à frente dos

direitos daqueles que trabalharam

toda uma vida; quando quem rou-

bou ou defraudou o Estado e os seus

concidadãos não é punido; quando

os direitos previstos pela Constitui-

ção, como o direito à educação ou à

saúde, estão a ser desmantelados, eu

pergunto: mas que democracia? Não

me parece que se trate de “melho-

O que melhoraria na democracia portuguesa?

39 anos depois do 25 de Abril, a qualidade da democracia portuguesa está em debate. O PÚBLICO foi ouvir 55 personalidades representativas da sociedade sobre a situação do país. Esta é a avaliação que fazem, dada através das ideias que apresentam sobre como melhorar a democracia portuguesa. Inquérito organizado por São José Almeida

personalidades propõem mudanças para Portugal

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PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 3

rar” a democracia portuguesa, mas

de a salvar de uma espécie de “fascis-

mo social”, como diz Boaventura de

Sousa Santos. Bastaria justiça, esse

princípio básico que engloba direi-

tos, respeito, legalidade e igualdade.

Que ela se faça.

Ana VidigalArtista plástica

Millôr Fernandes escreveu:

“Realmente voto não enche bar-

riga, mas chega aquele momento

em que o pessoal já comeu o sufi -

ciente.”

Para melhorar (inclusive a dita

democracia) recomendo um antiá-

cido.

Ana ZanattiActriz e escritora

Ir à fonte de todas as coisas, que so-

mos nós, e fazer uma profunda aná-

lise de consciência, para distinguir o

essencial do acessório, porque é do

essencial que vimos a abdicar.

Olhar menos para a esquerda e pa-

ra a direita e mais para a frente, para

o progresso do espírito. Uma demo-

cracia que assenta apenas em valores

que se transaccionam nos mercados

fi nanceiros está condenada a ruir.

Reforma profunda no sistema

educativo, desde a infância, para

criar cidadãos conscientes da sua

responsabilidade individual em to-

dos os sectores da vida, com sólida

formação moral, que possam vir a

ocupar com dignidade e isenção os

seus lugares na família, no trabalho,

na sociedade, na política.

Uma classe política mais culta, in-

formada e humanizada. Com mais

amor a Portugal e menos à sua auto-

promoção.

António Marinho e PintoPresidente da Ordem dos Advogados

Aumentaria o grau de participação

dos cidadãos nos processos decisó-

rios relativos às grandes questões

do estado e da sociedade e, conco-

mitantemente, diminuiria as com-

petências dos titulares dos poderes

representativos. Ou seja: restringiria

o âmbito e a extensão da democracia

representativa em benefício da de-

mocracia participativa, criando um

novo equilíbrio entre a participação

dos cidadãos e o exercício do poder

pelos seus representantes.

O desenvolvimento estrondoso

das tecnologias da comunicação,

permite, hoje, auscultar, quase em

tempo real, a vontade soberana do

povo e, por isso, ele deve ser chama-

do, mais frequentemente, a pronun-

ciar-se sobre as grandes questões do

estado e da sociedade.

Nem a democracia participativa

deve esvaziar a representativa, nem

esta pode continuar a ser praticada

tal como o tem sido até agora. Uma

relação mais equilibrada entre elas

fortalecerá ambas.

António Mega FerreiraEscritor

A lista seria longa, o espaço é curto.

Duas prioridades: prazos eleitorais

e justiça. Mesmo sem entrarmos em

debates sobre o sistema de represen-

tação (candidaturas independentes,

círculos uninominais, autarquias,

etc., etc.), há algo de mais imediato

a que é preciso atender: prazos para

realização de eleições (90 dias é pré-

histórico) e para posse de novo Go-

verno (30 dias é pré-moderno). Em

Portugal, as crises governamentais

são prenúncio de catalepsia institu-

cional. Quanto à justiça: um prazo

médio de 1096 dias para resolução

de um processo (a média europeia

é de 147 dias) é um absurdo; a pos-

sibilidade de inviabilizar, através de

recursos, a execução das penas é um

escândalo. Diminuir a burocracia e

simplifi car o processo não chega: re-

ver todo o sistema de garantias dos

direitos dos arguidos pode ser arris-

cado — mas é necessário.

Boaventura Sousa SantosSociólogo catedrático jubilado da Universidade de Coimbra

É necessário refundar a democracia,

ir aos fundamentos. O primeiro é a

visão e o projecto de país. É urgente

nos dominada pelos partidos. Não há

hoje em dia nenhuma boa razão que

impeça a realização de referendos

populares com grande regularida-

de, recorrendo ao voto electrónico,

combinando a possibilidade de se vo-

tar nas juntas de freguesia, em casa

através de computadores pessoais ou

até com o telemóvel. Grupos de ci-

dadãos deveriam ter a possibilidade

de propor consultas populares, sem

que estas tivessem que ser aprovadas

pela Assembleia da República. É re-

corrente, e até tacitamente aceite, a

quebra de compromissos eleitorais.

A ideia dos nossos representantes

democráticos como uma espécie de

paizinhos que sabem o que é melhor

para nós, não faz sentido.

2. Uma democracia socialmente

mais coesa, com a adopção de polí-

ticas que contrariem a concentração

de riqueza e em que o Estado atenue

efectivamente a inevitável desigual-

dade de oportunidades entre os ci-

dadãos, em áreas como a saúde e a

educação.

Diogo Ramada CurtoHistoriador

Melhoraria a distribuição da riqueza,

multiplicaria as formas de participa-

ção política, quebraria o monopólio

dos profi ssionais da política, torna-

ria transparente o fi nanciamento dos

partidos, lutaria por uma sociedade

sem discriminações de classe, raça,

credo e género, criaria quotas para

a representação das mulheres, salva-

guardaria o serviço nacional de saú-

de e a protecção aos idosos, tornaria

mais acessível a leitura de livros, con-

tinuaria a rede de bibliotecas, daria

melhores condições aos museus e

aos arquivos, dignifi caria por todos

os meios a função dos professores,

sobretudo do básico e do secundário,

investiria mais na pesquisa científi ca

e na criação artística e musical, tra-

taria os emigrantes como parte inte-

grante do que somos, estabeleceria

relações de franca igualdade com as

antigas colónias, sem derrapar em

mitos paternalistas, e não esqueceria

os ideais da Primeira República ridi-

cularizados pelo Estado Novo.

Dulce Maria CardosoEscritoraResponsabilizaria de forma efectiva

os governantes. A existência de elei-

ções livres não faz com que os cida-

dãos sejam responsáveis por más go-

vernações nem pressupõe que sejam

delas vítimas. Uma democracia que

não penalize os que governam mal,

que não puna os que o fazem por

negligência ou dolo, determina que —

mais cedo ou mais tarde — se defenda

e se imponha uma ditadura.

Eugénia de VasconcellosPoeta

Para que a democracia tenha signi-

fi cado e exista, as acções têm de ter

consequências previsíveis. As insti-

tuições têm de ter poder real e ética

de conduta. Se nós, indivíduo e socie-

dade, confi amos no poder e na ética

das instituições sentimo-nos repre-

sentados por elas e representantes

delas. Quando não nos revemos nos

órgãos de soberania, nas empresas e

nas comunidades, quando a opacida-

de das decisões remete para a aleato-

riedade e o compadrio, ou para uma

lógica de lucro sem ganho humano,

excluímo-nos tanto como somos ex-

cluídos do tecido social que assim

ainda mais se fragiliza. Perdem-se as

expectativas de ser, produzir, intervir

e ter. Perde-se a noção do valor da

vida. Perde-se a esperança. É preci-

so acreditar. Acreditar é o primeiro

passo para fazer.

Eugénio Fonseca Presidente da Cáritas

A sua dimensão participativa. Consi-

dero que sem uma constante inter-

venção cívica teremos sempre uma

democracia anémica. Sem dúvida

que é importante continuar a valo-

rizar a componente representativa,

tanto mais que também esta está a

ser, cada vez mais, desvalorizada. A

forma mais segura de evitar a absten-

ção eleitoral é manter os cidadãos

motivados a cooperarem, a seu nível,

na governação do país.

Para que se efective a interven-

ção sociopolítica, impõe-se não dar

um debate sobre o que queremos ser

como comunidade cívica, cultural e

política. A cultura autoritária domi-

nante está a tentar convencer os por-

tugueses de que o 25 de Abril foi uma

aberração e que não merecíamos ter

saído do jugo salazarista. Segundo, é

preciso recuperar a soberania, o que

pode ser feito por duas vias: apro-

fundando a democracia europeia ou

saindo do euro. Neste momento, o

euro é o nosso modo de nem sermos

europeus nem podermos ser outra

coisa. Para recuperar a soberania,

é necessária uma classe política ca-

paz de governar ao serviço dos por-

tugueses. Medida de emergência: a

demissão do Governo. Temos um

Governo dominado por um minis-

tro que governa o país ao serviço dos

alemães. Medida de fundo: uma as-

sembleia constituinte para fortalecer

a democracia representativa com a

democracia participativa, blindar o

país contra tutelas externas não de-

mocráticas, estabelecer um sistema

político e administrativo sujeito ao

controlo dos cidadãos.

Catarina FurtadoEmbaixadora de Boa Vontade do UNFPA e presidente da Associação Corações com Coroa

Muitas das coisas a melhorar podem

não depender exclusivamente de

nós. A Europa, tal como vem sendo

construída, defendida e fundamenta-

da nos seus princípios, vai acentuar

cada vez mais a desigualdade e as de-

magogias sobre o carácter dos povos.

Sou optimista e lutadora, no entanto,

temo pelo futuro das gerações. Não

acredito que, se não mudarmos o

paradigma económico, alguma coi-

sa se altere do ponto de vista social

e político. Somos um povo amável,

solidário e aventureiro e poderíamos

contribuir para a nossa democracia

se fi zéssemos um esforço acentuado

na Educação com base na promoção

dos Direitos Humanos, uma educa-

ção de raiz, escolar, assente na igual-

dade de oportunidades e de género

e na não-discriminação. Contrariar

a dimensão mais caritativa de apoio

imediato, que tem sido política e so-

cialmente valorizada, e apostar na

prevenção e na acção construtiva pa-

ra uma mudança de mentalidades

com uma abordagem de intervenção

cívica e empoderadora.

David MarçalBioquímico

1. Uma democracia mais directa e me-

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25 DE ABRIL

apenas relevo retórico à missão da

designada sociedade civil, mas criar-

lhe, de facto, condições mobiliza-

doras e facilitadoras deste desem-

penho. Sem dúvida que os partidos

políticos são imprescindíveis à con-

cretização do regime democrático,

mas não o esgotam. Até eles teriam

a ganhar com uma maior participa-

ção organizada dos portugueses. É

urgente insufl ar mais cidadania à

nossa democracia.

Filipe VargasActor

Nós, portugueses, somos uma maio-

ria melhor que a minoria que nos re-

presenta e temos de saber usar esse

poder. Para isso, devemos começar

por voltar a ganhar a consciência da

importância de cada um na socie-

dade (com a nossa voz e trabalho,

cumprindo obrigações e exigindo

retorno) e fazer crescer o nosso po-

der, cuidando do papel educativo

(e não delegável) da família (seja

lá qual for a sua forma ou feitio),

implicando-nos mais nas nossas

comunidades (reactivando, e não

enfraquecendo, a relação entre os

eleitores e suas juntas de freguesia),

agindo de forma concreta em cada

localidade (o sucesso dos orçamen-

tos participativos é disto um bom

exemplo), fortalecendo a autonomia

regional (descentralizando, por que

não?) e intervindo a nível nacional

com movimentos de cidadãos ca-

pazes de criar hipóteses reais de

democracia directa.

Gastão CruzPoeta

A qualidade da democracia depende

da qualidade da sociedade em que

ela existe. Se essa sociedade for pou-

co culta e pouco educada, não saberá

evitar que políticos arrivistas, aven-

tureiros, alcancem lugares de topo,

utilizando-os em proveito próprio e

de uma minoria que lhes é afecta, e

brutalizando a população indefesa.

Só a educação e a cultura poderão

contribuir para “melhorar a demo-

cracia”. Porém, os oportunistas, uma

vez no poder, tudo fazem para que o

esclarecimento das maiorias votan-

tes não ocorra.

Mas a pergunta é sobre a democra-

cia portuguesa. No tempo presente,

ela foi tomada de assalto (por meio

de mentiras e falsas promessas) por

um bando de medíocres mas pertina-

zes serventuários dos poderosos.

É um tempo de monstros. Melho-

rar a democracia portuguesa? Os

monstros não vão deixar. Tentarão

não deixar…

Gonçalo M. TavaresEscritor

1. “O cantor”

Um pássaro foi atingido com um

tiro na asa direita e passou por isso

a voar na diagonal.

Mais tarde foi atingido na asa es-

querda e viu-se obrigado a deixar de

voar, utilizando apenas as duas patas

para andar no chão.

Mais tarde foi atingido por uma

bala na pata esquerda e passou por

isso a andar na diagonal.

Uma outra bala atingiu-o, semanas

depois, na pata direita, e o pássaro

deixou de poder andar.

A partir desse momento dedicou-

se às canções.”

Muitas pessoas estão a transfor-

mar-se em cantores — mas não por

vontade própria. E isto é a primeira

parte de uma tragédia.

2. Em 2013, nada tira mais liberda-

de do que o desemprego. A História

mostrou, infelizmente vezes de mais,

como a taxa de desemprego e a de-

mocracia estão ligadas.

“O desempregado com fi lhos”

“Disseram-lhe: só te oferecemos

emprego se te cortarmos a mão.

Ele estava desempregado há muito

tempo; tinha fi lhos, aceitou.

Mais tarde foi despedido e de novo

procurou emprego.

Disseram-lhe: só te oferecemos

emprego se te cortarmos a mão que

te resta.

Ele estava desempregado há muito

tempo; tinha fi lhos, aceitou.

Mais tarde foi despedido e de novo

procurou emprego.

Disseram-lhe: só te oferecemos

emprego se te cortarmos a cabeça.

Ele estava desempregado há muito

tempo; tinha fi lhos, aceitou.”

(de “O Senhor Brecht”)

Irene PimentelHistoriadora

Em situação de crise global, é bom

regressar aos clássicos que defi niram

a sociedade civil e política e deline-

aram o Estado de Direito. Foi o caso

de John Locke (1632-1704), segundo

o qual todo o poder político legíti-

mo deriva apenas do consentimen-

to dos governados que confi am as

suas “vidas, liberdades, e posses” à

comunidade, tornada política. Mais

tarde, outros fi lósofos defi niram a se-

paração de poderes, acrescentando

ao legislativo e executivo, o judicial.

Continuo adepta de uma democracia

representativa, aceitando delegar em

instituições democráticas o poder

que não exerço directamente. Mas

urge aprofundar o Estado democrá-

tico e o funcionamento da socieda-

de civil, de modo a que os partidos

voltem a representar os que neles

delegam. Por outro lado, face ao

abuso do poder, não haverá direito

de resistência civil? É que, como diz

Locke, a comunidade política pode

ser dissolvida sempre que o detentor

do poder desrespeita a lei, perdendo

assim o direito a ser obedecido.

Isabel Allegro de MagalhãesCatedrática UNL, membro do Graal

Não reconheço hoje em Portugal

democracia representativa. Se um

Governo retira garantias adquiridas,

futuro, voz, à maioria na base da pi-

râmide social, e protege o topo: o re-

gime treme. (Na Hungria já vacilou:

newstatesman.com/austerity-and-

its-discontents/2013/04/hungary-no-

longer-democracy.) No mínimo, falta

respeito pelos cidadãos e a Consti-

tuição: por cada pessoa como sujei-

to da sua história e participante do

destino comum; faltam mulheres e

homens competentes, experientes,

dos partidos e da sociedade civil or-

ganizada, que na AR e Governo dêem

prioridade aos mais frágeis e travem

os desvios; falta um PR a impedir as

sucessivas agressões ao regime, não

um mero “Residente da República”

(C. Albino). E perante o estado do

mundo: há que aprender (toda a so-

ciedade) a centrar mais a vida na ale-

gria do que não custa dinheiro: afec-

tos, imaginação, solicitude, silêncio,

riso, arte, pensamento, natureza.

Isabel Hub FariaProfessora catedrática aposentada

Melhor democracia quer dizer mais

ética, mais formação, melhor infor-

mação, mais conhecimento, menos

capelinhas, mais representativida-

de e mais instrução explícita para o

exercício pleno da liberdade indivi-

dual e da cidadania.

Na altura em que são “os merca-

dos” que mandam, melhorar a de-

mocracia signifi caria mais e melhor

regulação do sistema bancário, de

modo a que os “maus negócios” da

banca privada não pudessem ser

transformados em dívida pública.

O incumprimento injustifi cado dos

programas eleitorais deveria ser su-

fi ciente para obrigar a mudanças no

Governo ou de Governo.

Melhorar a democracia implica in-

centivar a democracia participativa,

abrir a agenda política e promover a

discussão de assuntos que, sendo do

interesse da população, raramente

são alvo de atenção dos partidos.

Uma outra ideia para melhorar a

democracia portuguesa seria prati-

cá-la “à portuguesa”: “Ou há demo-

cracia ou…!!!”

Januário Torgal FerreiraBispo das Forças Armadas e de Segurança

Ao contrário do “ninguém fi ca para

trás”, a sociedade portuguesa padece

de uma gravíssima injustiça social.

Se uma sociedade democrática tem

como responsabilidade ser inclusi-

va, a saúde deste corpo doente só se

restabelecerá atribuindo a cada um

o que lhe pertence, a começar pelos

mais esbulhados. Na resistência à di-

tadura, exigiu-se a distribuição, com

equidade e justiça social, dos frutos

do trabalho. Urgiu-se o respeito pelas

pessoas, em tantas circunstâncias,

reduzidas a meros objectos. Não vale

tudo para salvar o “clube” ou para

despoluir o patriotismo manchado.

As destruições de emprego, da indus-

trialização, do crescimento econó-

mico, da classe média, de direitos e

de deveres são “crimes”, dos quais

os “últimos” não foram constituídos

réus. Mais um motivo para lhes ser

paga a dívida do prometido. Neste

mundo em que se passou “da poesia

da revolução à prosa da segurança

social” (Marcel Gauchet), “quem vive

na miséria tem direito a receber ime-

diatamente o necessário” ( João Paulo

II, 1 de Janeiro de 1998). A única ar-

ma de Abril foi a razão do direito! O

desconsolo de uma esperança adiada

gerou um “dia inteiro e limpo”.

João BotelhoCineasta

Hoje, não sei mais se o meu país é

uma democracia ou um caso de lou-

cura. É um belo sítio mal frequenta-

do, citando o escritor. O alheamento

e a importância dos cidadãos face às

tropelias dos pequenos e grandes

poderes aproximam-se de uma ideia

única, a náusea. Portugal transfor-

mou-se num reino de intermediá-

rios sem escrúpulos e de mercearias

gigantescas (as duas ou três pessoas

mais ricas deste país são merceei-

ros). Os patos são bravos, os gover-

nantes são incompetentes e sobre-

tudo incultos.

Por que não o controlo do enri-

quecimento excessivo de ex-gover-

nantes visitando as suas off -shores,

por que não deixar cair na falência

os bancos fraudulentos, por que não

investir prioritariamente na agricul-

tura (couves e batatas, em vez de eu-

caliptos, carneiros, vacas e porcos,

em vez de campos de golfe vazios) e

nas pescas, nos recursos infi ndáveis

do nosso mar (peixe fresco e algas

fazem tão bem à saúde!) e sobretudo

na investigação e na educação? Que

decadência, meus senhores! Era

difícil mas sabia tão bem dividir as

orações de Os Lusíadas, ou resolver

uma raiz quadrada aos dez anos. E

ler, ler, ler.

Se os nossos governantes alguma

vez tivessem lido um clássico, seriam

mais humanos e, sobretudo, mais de-

mocratas.

Jorge BuescuProfessor de Matemática, FCUL

Tinha 9 anos na altura do 25 de Abril.

A minha politização foi feita com fi -

guras do calibre de Mário Soares,

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PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 5

Sá Carneiro, Freitas do Amaral ou

Álvaro Cunhal. Homens a quem,

concordando-se mais ou menos

com o respectivo ideário político,

é forçoso reconhecer uma estatura

política excepcional. O que tinham

em comum? Uma educação e forma-

ção extraordinárias. Eram homens

extraordinariamente bem prepara-

dos para a vida cultural, intelectual,

profi ssional e cívica. Personalidades

intensas e complexas cujo interesse

não se esgotava na política mas a ela

decidiram dedicar-se de corpo e al-

ma, com espírito de missão.

É com tristeza que verifi co que,

quatro décadas depois, estas quali-

dades foram hoje substituídas pelo

sucesso na navegação em estruturas

partidárias mais ou menos medío-

cres.

Joana VasconcelosArtista plástica

Eu melhoraria tudo na democracia

portuguesa. Faria um reset.

João Lobo AntunesNeurocirurgião

A justiça no sentido mais amplo do

conceito. De facto, aprendemos ra-

pidamente as regras da democracia.

Mais difícil tem sido aprender a viver

em democracia e a justiça é uma con-

dição de liberdade. Qualquer demo-

cracia, acima de tudo, exige justiça.

Refi ro-me não só ao seu exercício

célere e exemplar no domínio que

lhe é próprio, mas que atenda tam-

bém à igualdade de oportunidades

na educação, ao acesso equitativo na

saúde, à vigilância das desigualdades

sociais e da pobreza, à protecção dos

velhos e dos que não têm emprego,

ao cuidado da terra e do ambiente. É

indispensável ainda garantir justiça

na governação da República e a co-

ragem de assumir uma solidariedade

responsável que obriga à revisão de

modelos sociais caducos, quando

não irresponsáveis.

Só a justiça pode moldar a consci-

ência moral de um povo que é afi nal

uma construção colectiva indispen-

sável para enfrentar com convicção e

energia as crises com que a moderni-

dade irá, repetidamente, desafi á-la.

João Maria de Freitas BrancoFilósofo

Adicionar liberdade positiva (a social,

estar livre do medo da fome).

Reforma eleitoral para que as elei-

ções deixem de ser uma fraude e o

seu resultado a paradoxal negação

da D. Garantir que o programa exe-

cutado corresponda ao programa

eleitoral votado. Criar para tal o Con-

selho de Defesa do Cidadão Eleitor

constituído por “homens bons” elei-

tos e indigitados pelas instituições

estruturantes da D.

Fim do monopólio das direcções

partidárias na escolha dos depu-

tados (possibilidade de listas no-

minais), fi m da partidocracia que

gerou uma casta contaminada de de-

fi cientes morais que, sem elevação

ético-política, tem governado o país,

impedindo a participação cívica e as

autênticas alternativas.

Criação de instrumentos jurídico-

políticos efi cazes no combate siste-

mático à corrupção.

Mais participação cívica.

José Mouraz-LopesJuiz conselheiro no Tribunal de Contas, presidente da Associação Sindical dos Juízes

Asseguradas as garantias primárias de

um estado democrático e social, im-

porta que a democracia evolua para

uma maior participação dos cidadãos

na efectiva defi nição das políticas e

no controlo efectivo da actividade pú-

blica. Assim, importa ponderar:

— Um sistema social que quebre a

espiral de desigualdade e incentive

a maternidade enquanto factor de

crescimento e de renovação.

— Um sistema político que amplie

a participação dos cidadãos, através

da alteração do sistema eleitoral per-

mitindo a eleição de deputados em

lista uninominal, exigente na trans-

parência e na meritocracia da activi-

dade política, ampliando a respon-

sabilidade no exercício de funções

públicas.

— Um sistema de justiça simplifi ca-

do e efi caz, dotado de recursos e de

garantias de independência, que per-

mita que as decisões judiciais sejam

efectivadas no tempo devido.

Lara LiCantora

Começando por uma ponta da meada

redonda e densa, sente-se a falta do

que deveria ser o material do núcleo:

a Educação, a que deve ser intrínseca

a decência, quer dizer, ética.

Sendo a ponta da meada o que se

deve ir puxando para desenrolar o

assunto e chegar ao centro, torna-se

o problema bicudo: como fazer pas-

sar a Educação começando desde o

princípio até ao tal núcleo, o emissor

da energia que sustenta esta coisa?

Não sendo em meada doente

electrizante a decência, parece in-

dispensável falar nela para que o fi o

pense que está relativamente lavado

e macio. O núcleo lá está, a emitir

informação clara sobre como, com

o maior vigor e extraordinário esfor-

ço, impoluto, tem lutado contra as

maiores adversidades.

A sujidade tornou-se transversal

à meada e todas as camadas de fi o

estão em tal estado que a Educação

não consegue inscrever-se e ingres-

sar na meada.

Além de uma boa escolaridade,

a Educação é indispensável a quem

vota em quem todos deve servir, go-

vernando.

Sobre como melhorar a demo-

cracia portuguesa, chegada a este

ponto a meada: é possível, em de-

mocracia?

Lídia JorgeEscritora

Agora que a sociedade portuguesa

tem as veias abertas, é legítimo per-

guntar se aquilo de que enferma a

Democracia Portuguesa provém da

imperfeição das suas instituições ou

da debilidade dos seus intérpretes.

Não escondo que me inclino muito

mais para a segunda hipótese do que

para a primeira. Está à vista de to-

dos, de forma muito cruel, como a

debilidade de carácter se encontra na

base da indiferença política. Os me-

canismos que permitem o acesso dos

indiferentes ao poder deveriam ser

modifi cados. A questão da represen-

tatividade deveria ser revista. E a dis-

cussão premente, sobre uma relação

de independência entre o poder polí-

tico e o esmagador poder fi nanceiro,

coração do futuro do mundo, tem

de encontrar entre nós intérpretes à

altura. Nesse campo, e no estado de

selvajaria em que nos encontramos,

semelhante combate vai precisar não

só de heróis mas de leis.

Luís de SousaInvestigador ICS-UL e presidente da Transparência e Integridade, Associação Cívica

Alteraria por completo o modo de

fazer política e de pensar o Estado:

menos arte-&-manhas, mais ciência

de Governo; menos preocupação

pela conquista, exercício e manu-

tenção de poder, mais preocupa-

ção com a resolução de problemas

estruturantes; menos programas,

mais planos estratégicos; menos

mandar, mais consultar; menos im-

pressionismo, mais método; menos

“fazer obra”, mais smart spending;

menos leis, mais implementação;

menos monopólios de poder, mais

pluralismo; menos discricionarieda-

de, mais responsabilidade; menos

culto do sucesso, mais civilização;

menos captura do Estado, mais res

publica; menos sentido de mercado,

mais sentido de Estado; menos aus-

teridade, mais reorganização e op-

timização; menos jobs for the boys,

mais competência e mérito; menos

corrupção, mais ética.

Manuel Aires MateusArquitecto

Democracia centra a ideia de comu-

nidade, colectivo, comum. Somos

nós e não “eus”, é aceitar o estado

de todos e para todos, é aceitar os

outros. Melhorar a democracia é me-

lhorarmo-nos, é investir na cultura e

na educação, é criar uma maior cons-

ciência, exigência e capacidade em

cada um, para melhor gerirmos ou

em melhores delegarmos.

Democracia na sua relação com a

Arquitectura é aceitar o espaço co-

mum, o urbano ou a paisagem, de

todos, como central e não como re-

sultante, ou sobrante da realização

ou interesses de alguns. É concentrar

a atenção no colectivo, no que nos

une, onde estabelecemos relações

ou criamos identidade.

Manuel ClementeBispo do Porto

Somos nós todos, enquanto socieda-

de, que temos de melhorar. Socieda-

de signifi ca reconhecimento mútuo,

vizinhança, companheirismo, co-

responsabilidade. E temos de fazê-lo

num tempo novo, que traz grandes

oportunidades e grandes desafi os,

ligados a dois factores que parecem

contraditórios: globalização e indi-

vidualização.

A globalização abre espaços e hori-

zontes largos e imediatos, mas tanto

possibilita deslocações rápidas co-

mo nos sujeita a domínios que não

controlamos, extravasando a polí-

tica tradicional. A individualização

retém-nos mais na pretensão singu-

lar, imediatamente transposta para

qualquer geografi a real ou mediática,

com menos dependência e proximi-

dade concreta.

Daí a importância de desenvolver-

mos conjuntamente a solidariedade

e a subsidiariedade, quer ganhando

consciência e responsabilidade pelo

todo, quer arriscando participações

práticas e locais, onde nos possamos

exercitar como “cidadãos” propria-

mente ditos, com nome e fi gura. Nós

e os outros, nós com os outros, todos

para todos.

Para a democracia portuguesa isto

signifi ca, além do mais: informação

correcta, persistente e pedagógica

da parte de quem dispõe de mais da-

dos; diálogo e mútua escuta da parte

dos intervenientes sociais, culturais,

económicos e políticos; conhecimen-

to recíproco e habitual de eleitos e

eleitores; solidariedade e participa-

ção concretas, que unam o local e o

geral, o particular e o público.

Manuel Sobrinho SimõesCientista

Procuraria que Portugal não desco-

lasse da Europa nem do euro. Ape-

sar das limitações do regionalismo

europeu vitimado pela cupidez do

capitalismo fi nanceiro e pela fragi-

lidade das lideranças, não antevejo

futuro para a nossa democracia fo-

ra desse espaço. Procuraria ajudar

a evolução no sentido de um fede-

ralismo mitigado, com união bancá-

ria e federalismo fi scal. Apostaria na

criação de uma área privilegiada de

trocas comerciais com os EUA, Cana-

dá, Austrália, etc. e procuraria atrair

a Turquia e o Norte de África. Por

cá, temos de acabar com as propos-

tas publicitárias, avaliar e reforçar

as instituições públicas e melhorar

o funcionamento dos partidos em

termos de representação e de partici-

pação. Não vai ser fácil porque somos

uma sociedade de altíssimo contexto

(primos, cunhados, organizações se-

cretas e semi-secretas, corporações)

a sofrer os efeitos de uma partido-

cracia esclerosada com classes di-

rigentes cada vez menos capazes e

exemplares. Para além de possíveis

alterações formais (não sei o sufi cien-

te para opinar sobre a Constituição e

Page 6: 25 Abril - Publico

6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

25 DE ABRIL

o regime semipresidencialista), con-

tinua a ser fundamental apostar na

educação — sem melhorar a literacia

e numeracia dos cidadãos, não vamos

lá — e prestar uma atenção redobrada

à questão geracional.

Margarida MartinsPresidente da Abraço

Promover uma cidadania activa, in-

centivando a participação da popula-

ção em associações. O reforço destas

organizações é fundamental para a

conquista de uma sociedade mais jus-

ta, igualitária e solidária. Sublinho, a

título de exemplo, a importância das

comissões de moradores, de onde

poderão sair propostas de melhor

gestão dos bairros onde vivem. Penso

que é urgente dar voz efectiva às as-

sociações, pois estas refl ectem reais

necessidades. Acredito, no entanto,

que, para que haja cidadania activa,

deverá estar garantido o acesso à

educação, saúde e conhecimento.

Maria de Fátima BonifácioHistoriadora e membro do conselho científi co da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Melhoraria os políticos, governantes

e deputados. No plano da educação,

recomendaria a muitos deles a repe-

tição das suas licenciaturas, um ano

sabático em universidades estrangei-

ras e, em alguns casos mais afl itivos,

aconselhava mesmo a repetição do

curso dos liceus. Depois impunha o

Português como língua ofi cial obri-

gatória, banindo do Parlamento ver-

sões corrompidas da língua pátria

que agridem os nossos ouvidos e

deseducam o público. No plano da

ética, liquidava pela raiz os incon-

táveis casos de promiscuidade e ir-

responsabilidade — desrespeito pela

coisa pública e pelo bem comum —

que gangrenam a nossa democracia

e afastam muita gente boa e útil da

política. Não hesitaria em introduzir

cursos sobre a diferença entre o bem

e o mal em horários pós-laborais.

Maria do Carmo FonsecaDirectora do Instituto de Medicina Molecular e professora da Fac. de Medicina da Univ. de Lisboa

Nos últimos anos, muito por culpa

própria mas também por efeitos ex-

teriores, Portugal está a viver um pe-

ríodo de enormes difi culdades que,

não em termos inéditos, poderão pôr

em causa os próprios fundamentos

da democracia. As últimas sondagens

de opinião são um indicador violen-

tíssimo: 77% dos inquiridos conside-

raram o Governo como “mau” ou

“muito mau”, mas 61% diziam que

nenhum partido da oposição faria

melhor. Dar receitas sobre como

melhorar a democracia portuguesa

é falar de como melhorar a cultura

de exigência dos portugueses. Urge

consolidar uma ainda frágil cultura

de valores éticos, de transparência,

e de valorização do mérito. A nossa

sociedade continua mal adaptada à

inovação criativa. Investir no conhe-

cimento não pode ser um mero cha-

vão inconsequente. Não existem à

venda soluções “prontas para usar”.

Há que defi nir metas estratégicas e

ser consistente na acção, no dia-a-dia

das vidas de todos nós.

Miguel RealEscritor, ensaísta, fi lósofo

Nomeação pela Assembleia da Repú-

blica e pelo Presidente da República

de um Senado Provisório, sem po-

der legislativo, constituído por meia

centena de portugueses acima de to-

da a suspeita, os melhores nas suas

actividades e profi ssões, presidido

por Viriato Soromelho-Marques ou

João Lobo Antunes, que estabeleces-

se uma Carta do Futuro a 20 Anos

para Portugal, um plano sábio, com

objectivos, metas, instrumentos,

que, paralelo à política partidária e

institucional, pudesse fazer renascer

a esperança aos portugueses, convic-

tos de que dentro de duas dezenas de

anos Portugal seria um país europeu

“normal”, isto é, inserido numa po-

sição económica, social, fi nanceira,

demográfi ca, científi ca, cultural me-

diana face à dos quadros estatísticos

da Comunidade Europeia.

Nuno Artur SilvaAutor e produtor

A justiça. A única área de poder da

sociedade portuguesa onde o 25 de

Abril parece não ter acontecido. Há

uma profunda reforma por fazer

nas estruturas do poder judicial.

Sem ela, não há condições para que

haja de facto justiça para todos e

um efi caz combate à corrupção.

O sistema partidário e eleitoral.

É preciso ligar os partidos aos cida-

dãos e romper o bloqueio instalado

dos caciques, dos jotas e das claques

militantes.

A educação e a cultura como prio-

ridades estratégicas. Se é verdade

que a educação foi uma das áreas de

maior desenvolvimento da democra-

cia portuguesa, é absolutamente ne-

cessário que esse investimento não

se interrompa e seja alargado. E a cul-

tura, que nunca foi prioridade, deve

passar a sê-lo, no seu entendimento

mais amplo e transversal. Ligada à

educação, à economia, à estratégia

internacional e à qualidade de vida

dos cidadãos.

Nuno JúdicePoeta, professor catedrático da FSCH, Univ. Nova de Lisboa

Os dirigentes. A democracia perdeu

a capacidade de se ver representada

por uma elite com formação política

e com o conhecimento do que é a re-

lação directa do eleito com o eleitor.

Isto começou com a perseguição a

quantos iam adquirindo enverga-

dura política por uma imprensa de

escândalo a que se somaram alguns

jornais considerados sérios que, por

razões de concorrência, entraram

nesse jogo. Progressivamente, quem

tinha competência e capacidade

para se dedicar à política foi aban-

donando essa cena, deixando o es-

paço a amadores que, pelo simples

domínio de uma retórica despida

de ideias e de projecto, acederam

à direcção dos partidos e dos ór-

gãos de poder. Estamos portanto

a ser governados por instrumentos

de interesses nacionais (poucos) e

internacionais (muitos) sem que se

veja uma saída para este vazio.

Paulo Corte-RealPresidente da ILGA

Democracia não é equivalente a di-

tadura da maioria, bem pelo contrá-

rio — e é por isso que é fundamental

que exista e se aplique efectivamente

uma Constituição que salvaguarde,

nomeadamente, direitos fundamen-

tais de minorias e princípios constitu-

tivos do regime democrático.

Para isso, há desde logo uma fa-

lha que se tem tornado evidente: não

existe a possibilidade de demitir a

pessoa que exerce o cargo de Pre-

sidente da República, quando esta

pessoa não zele adequada e atem-

padamente pelo cumprimento da

Constituição.

E também em termos de respeito

pelas minorias, há um enorme traba-

lho a fazer — e aqui destaco o reco-

nhecimento legal da parentalidade

exercida por casais do mesmo sexo,

sobretudo, aliás, por uma questão

de atenção ao bem-estar de crianças

concretas, que a lei tem a especial

obrigação de proteger.

Pedro Bacelar de VasconcelosConstitucionalista

Para que serve um Presidente que

discursa, nomeia, empossa, promul-

ga, veta, viaja, convoca o povo para

decidir, mas ele próprio nem decide

nem governa? Não se vê razão para

não acabar com essa excrescência

antidemocrática que é a eleição por

sufrágio universal de um Presidente

da República que até podia demitir o

Governo ou convocar eleições, mas

só o faz quando “a maioria” o con-

sente! Para quê tão grande aparato

e investimento? Porque não elegê-lo

no Parlamento a cuja maioria, de fac-

to, já obedece? Jorge Sampaio bem

teria sido o remate digno e elegante

da história de uma instituição que,

depois da democracia atingir a maio-

ridade, apenas sobrevive para iludir

a sua própria irrelevância, para en-

gendrar intrigas e desresponsabili-

zar os eleitos. Claro que, do mesmo

passo, convém diminuir o número de

deputados e exigir-lhes prestação de

contas pelo uso que, em consciência,

fi zerem do seu mandato.

Raquel FreireCineasta e activista

Apostaria na educação para a cida-

dania, empoderando as pessoas.

Dando-lhes ferramentas para a pro-

moção da dignidade humana na sua

diversidade, dos valores humanistas

e feministas, da multi e intercultura-

lidade, do aprofundamento da de-

mocracia e da construção de uma

sociedade livre, justa, sustentável,

solidária e fraterna. Faria uma revo-

lução do Estado patriarcal, colonial,

heterocentrado, autoritário e puniti-

vo, corrigindo os desvios da Demo-

cracia representativa, reforçando a

Democracia participativa e criando

formas de Democracia directa. Como

abrir as candidaturas para todos os

órgãos, nacionais, locais e europeus,

a movimentos cívicos e a cidadãos

em condições semelhantes às dos

partidos; e criar espaços de gestão

comunitária com a concessão dos

recursos e competências às comuni-

dades auto-organizadas. Eles dizem

crise. Nós dizemos revolução.

Rui Cardoso MartinsEscritor

Uma pergunta simples mas de res-

posta infi nita. Com revisões cons-

tantes. Não “ajustamentos”, a men-

tira estúpida do Governo PSD/CDS,

que não percebe Portugal. Como se

diz cá em casa, quanto mais se bate

no fundo, mais ele desce. A queda

é rápida quando se despreza a de-

mocracia (afi nal, há uma resposta

simples): “Portugal é uma República

soberana, baseada na dignidade da

pessoa humana e na vontade empe-

nhada na construção de uma socie-

dade livre, justa e solidária” (Art. 1.º

da Constituição). Não se suspende

a soberania e a dignidade para pa-

gar juros impossíveis, destruindo o

trabalho. Em dois anos, por exem-

plo, aumentou muito o número de

gravidezes não vigiadas. Quantos

mortos e problemas nos esperam?

E se o número de pobres explodiu, o

de nascimentos encolheu. Seria um

bom recomeço acabar com isto.

Rui HortaCoreógrafo e bailarino

Portugal tem um gigantesco poten-

cial por cumprir, algo não sabemos

aproveitar, pois falta-nos a quali-

fi cação e a distância crítica para

entender um mundo que, pleno

de oportunidades, é cada vez mais

complexo. É essencial um pacto de

regime entre todos os partidos, pa-

ra uma mudança radical ao nível da

cultura e da educação, tornando-as

pilares do discurso político.

Não existe democracia num país

que separa cada vez mais os pobres

dos ricos, destruindo a classe média.

É fundamental uma discussão pro-

funda e aberta a toda a sociedade,

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PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 7

sobre o Estado Social que queremos

e podemos ter, numa óptica de defe-

sa e melhoria do S. N. de Saúde, da

justiça e da protecção social.

É urgente discutir com toda a so-

ciedade a alteração da nossa lei elei-

toral, para que os movimentos de ci-

dadãos, as estruturas não partidárias

e a sociedade civil em geral possam

intervir nas decisões. Os partidos são

indispensáveis, mas a a democracia

não se esgota neles. O Parlamento

deve abrir-se a formas de pensar di-

vergentes.

São José LapaActriz

Portugal é uma república soberana

baseada na dignidade da pessoa hu-

mana e na vontade popular e em-

penhada na construção de uma

sociedade livre, justa e solidária (2

de Abril de 1976). Constituição da

República Democrática Portuguesa.

Em 2013, Portugal não é uma repú-

blica soberana, ela é refém de um

conjunto de países e de especula-

dores que lhe retiram a sua autono-

mia política; a dignidade humana é

violentamente contrariada por um

tremendo desequilíbrio social, um

abismo entre 1% da população pos-

suidora da riqueza nacional para a

restante população onde 1 milhão

de portugueses em meros dois anos

perderam os seus empregos e se en-

contram sem meios de subsistência;

a vontade popular realizada através

das últimas eleições democráticas

acentuou exponencialmente a abs-

tenção... falta cumprir os princípios

da Constituição.

Sérgio AiresSociólogo, presidente da EAPN Europa – Rede Europeia Anti-Pobreza

A Democracia nunca estará total-

mente concretizada enquanto to-

dos os cidadãos não se sentirem to-

talmente incluídos nas sociedades

onde vivem. Democracia e pobreza

são incompatíveis. A juventude e a

história da Democracia portuguesa

ainda não lhe permitiram alcançar

a sua plenitude. É ainda uma Demo-

cracia onde elites e oligarquias estão

demasiado presentes.

Para uma melhor democracia é

fundamental investir tudo na fun-

dação de uma cidadania plena. Pa-

ra isso, é fundamental melhorar as

formas de governação a todos os

níveis. A boa governação é aquela

que entende que o Estado não se

confunde com o Governo, que a le-

gitimidade democrática se renova e

garante todos os dias pela forma co-

mo se governa, e onde a participação

e co-responsabilização de todos é a

única forma de garantir uma efecti-

va igualdade de oportunidades — a

principal riqueza e sustento de uma

Democracia.

Teresa VillaverdeCineasta

Momento difícil para se falar da nos-

sa democracia porque ela vive agora

uma fase antropofágica, uma fase em

que se come a si própria e a uma ve-

locidade muito alta, parecendo não

haver uma garantia dentro dela para

travar esse processo.

Às vezes acontece um casamento

em que um dos cônjuges maltrata o

outro, sou contra que o casamento

seja razão para autorizar o que mal-

trata a destruir o outro para sem-

pre. Neste momento, acho que a

nossa democracia foi sequestrada.

Quem dirige o país não entende que

a sua função primordial, haja o que

houver e custe o que custar, tem

que ser a defesa do bem-estar da

população. Neste momento, é um

pouco como se houvesse alguém

que não sabe nem guiar nem as

regras do trânsito, mas que guia a

toda a velocidade numa auto-estra-

da em contramão, e não se pode

mandar parar essa pessoa porque

é fi lha de um rei ou de um deus, e

algures uma lei cega diz que é proi-

bido pará-la e ponto.

Tiago Torres da SilvaEscritor, encenador

A democracia é o melhor sistema

que conheço mas também o mais

desafi ante. Aquele em que o indiví-

duo tem maior responsabilidade.

Por isso mesmo, sucessivos gover-

nos democráticos descuram a edu-

cação e a cultura, na esperança de

que todos nós nos mantenhamos

de alma míope e coração cego. Na

minha opinião, a grande melhoria

a fazer na democracia seria investir

nestes dois mundos mágicos que au-

mentam a capacidade de discerni-

mento dos povos. Para isso, teriam

os sucessivos governos de ter cora-

gem de ver a sua actividade escru-

tinada por um povo esclarecido,

interveniente, vivo!

A Música, o Teatro, a Poesia, a Dan-

ça, o Cinema deveriam ser tratados

não como luxo desnecessário mas

como motor de desenvolvimento, co-

mo prioridade absoluta na expectati-

va de aumentar a consciência cívica e

fazer-nos parte de um todo mais fra-

terno, mais solidário e mais justo!

Valter Hugo MãeEscritor

Indubitavelmente deitaria mão à

promiscuidade entre interesses pú-

blicos e privados. O modo como os

cargos públicos são ocupados por

gente com todo o tipo de compro-

misso nas mais variadas empresas

privadas é obsceno. É obsceno que,

quase invariavelmente, depois do

Governo, aqueles que aparente-

mente desempenharam uma mis-

são ocupem altas chefi as e consul-

torias, estabelecendo um leva e traz

insuportável, agredindo princípios

de confi dencialidade e honestidade

comercial a todos os níveis.

Enquanto não tivermos políticos

sem vínculos privados e sem favo-

recimentos feitos a fi lhos, primos e

primas, sobrinhos aos mil e mais tios

e tias, não temos democracia. Ape-

nas a sua aparência.

Vasco AraújoArtista plástico

Perguntar o que se melhoraria na de-

mocracia é o mesmo que perguntar

o que se melhoraria no Amor, a res-

posta é sempre subjectiva e ambígua,

mas de certeza que uma das respos-

tas mais imediatas é a sinceridade. O

exercício da sinceridade exige uma

reinvenção da amizade, ética e da

forma de viver do ser humano, como

se a liberdade e a verdade residissem

inteiras na força da sinceridade.

Ora como podemos cuidar de nós

se não construirmos uma ética assen-

te na sinceridade, só ela, enquanto

transformação do sujeito, permite

o acesso à verdade. A existir um eco

qualquer na nossa vida, que seja um

abrir do coração, e não uma aborre-

cida e monótona repetição do narci-

sismo vigente.

Vera ManteroCoreógrafa e bailarina

Não há democracia possível sem

igualdade de oportunidades. Não

há verdadeira democracia sem

uma educação liberal de qualidade

para todos. Sem sabermos pensar

e entender o que nos rodeia somos

engolidos por todas as propagandas

e manipulações (e não teremos fer-

ramentas para construir uma vida

e um país). Não há democracia que

se veja sem informação a sério. Os

média não podem estar nas mãos

daqueles que querem que a popu-

lação não perceba nada: políticos,

negócios e banca. Não há democra-

cia nenhuma enquanto não houver

justiça efi caz e célere e enquanto to-

da a gente continuar a fazer asnei-

ras (que dão cabo das nossas vidas)

e a sair sem um arranhão. Não se

melhora a democracia portuguesa

sem melhorar a europeia, é preci-

so poder votar para a Comissão Eu-

ropeia e para o Conselho Europeu.

Não há melhor democracia em ge-

ral enquanto o poder não regressar

às mãos daqueles que são democra-

ticamente eleitos, enquanto como

agora o verdadeiro poder continuar

nas mãos da fi nança e dos grandes

bancos globais. A política tem que

estar por lei totalmente divorciada

dos negócios e da fi nança. O resto

não cabe aqui.

Virgílio CasteloActor

Introdução de círculos uninominais

de deputados à Assembleia da Re-

pública já, e levantamento do sigilo

bancário para todos os responsá-

veis políticos (de presidentes de

junta de freguesia a presidentes da

República) de 1974 até agora, e para

vigorar daqui em diante. O objecti-

vo seria obrigar todas estas pessoas

a investir 10% das suas economias

na compra de dívida pública por-

tuguesa a juros baixos.

Virgínia FerreiraSocióloga, Fac. Economia e Centro de Estudos Sociais Univ Coimbra, activista na defesa dos direitos à igualdade de género1. Tornava-a mais inclusiva e parti-

cipada — o que faz a democracia é a

operacionalização da representação

substantiva dos interesses colecti-

vos nos processos decisórios que

os afectam.

2. Tornava-a mais transparente —

o antídoto para a corrupção, causa

da deslegitimação do nosso regime

democrático, é mais transparência e

prestação de contas na administra-

ção da res publica.

3. Tornava-a mais justa e iguali-

tária — actuais cortes agravam de-

sigualdades sociais, num país que é

já dos mais desiguais, no qual uma

justiça inoperante contemporiza

com a desigualdade.

4. Desmercadorizava-a — o direito

ao mercado livre deve perder a pri-

mazia que tem tido entre os direitos

individuais reconhecidos.

Assim, a democracia deixaria de

ser, em Portugal, um conjunto de

procedimentos formais reprodutor

das desigualdades sociais.

Y. K. CentenoEscritora e professora catedrática (aposentada) da Universidade Nova de Lisboa

Se há diferença, na nossa democra-

cia, quanto ao entendimento geral do

que é a Democracia — trazida até ao

Ocidente por Platão no desenho de

uma sociedade justa —, faltará muito

para melhorar.

A minha refl exão prende-se ain-

da com os conceitos de Liberdade,

Igualdade, Fraternidade, estruturan-

tes de um século XVIII que para mim

é o século I da nova Era.

Mas impõe-se:

1. Recuperar a Ética quanto à digni-

dade de carácter, à honestidade inte-

lectual, ao respeito mútuo, liberdade

e correspondente responsabilidade,

na intervenção social e política.

2. Recuperar a Estética: embora

Platão expulse o poeta da cidade per-

feita, a dimensão do Belo amplia, na

sua criação e contemplação, uma ac-

tividade e um sentimento que devem

ser repartidos dando condições de

acesso a toda a sociedade.

3. Por fi m: valorizar a Educação e

a Cultura, nos seus espaços próprios,

fomentando uma contínua existência

e desenvolvimento.

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8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

25 DE ABRIL

Terá sido “por volta dos seis

anos” que a menina aca-

rinhada como “o bebé do

PÚBLICO” viu, pela primeira

vez, a sua fotografi a na capa

evocativa do 25.º aniversário

da Revolução de 25 de Abril. Depois

disso, já folheou “algumas vezes” o

exemplar que o pai guarda com zelo

numa capa de plástico. Do dia em

que a despiram sobre uma espuma

fl oral de cravos vermelhos, um de-

les na mão direita, Maria Oliveira

Sobral Lopes não guarda memó-

rias — tinha dez meses de idade.

Mas guarda um conselho: “Não te

deixes deslumbrar com elogios, e

usa a liberdade para tomar decisões

boas, sem magoar os outros.”

“Só na escola primária comecei a

perceber o que era a revolução — Sa-

lazar, por exemplo, era um utensílio

de cozinha que a avó usava para fa-

zer bolos”, conta Maria, agora com

14 anos, longos cabelos castanhos

que brilham e esvoaçam, em tarde

de sol e vento num jardim de Lisboa.

Mantém o sorriso tímido, os olhos

doces e o rosto sereno com que en-

frentou a câmara de Miguel Silva.

A edição do PÚBLICO que teve Ma-

ria como capa (título: “a revolução

hoje”) foi planeada e realizada, do

princípio ao fi m, pelos jornalistas,

fotógrafos e designers gráfi cos do jor-

nal nascidos a partir de 1970, com

raras excepções ditadas pela actu-

alidade. A entrada para o Especial,

primeira secção de um total de 80

páginas, abria assim: “25 anos de-

pois do 25 de Abril, há novas tensões

sociais em crescendo. Que afectam

todo o mundo ocidental. A crise do

capitalismo global, o declínio do

Estado-providência e o desempre-

go estrutural. E à esquerda não há

alternativa ao sistema neoliberal.”

Os textos seguintes, centrados no

país, identifi cavam “as razões para

uma nova ruptura”, mostravam “os

caminhos que eventuais revolucio-

nários trilhariam para conquistar o

poder”; e interrogavam “25 jovens

com as mesmas idades dos homens

que fi zeram a Revolução. (…) Para sa-

ber quais são as suas causas”. Quan-

to ao resto do mundo, noticiava-se

os funerais das vítimas do massacre

no liceu de Columbine, nos Estados

Unidos, e o Novo Conceito Estratégi-

co da NATO, que permitia agir sem

mandato da ONU, numa altura em

que alastrava a guerra nos Balcãs.

Enviados a Díli davam conta de um

êxodo incessante de Timor-Leste an-

tes da independência; um outro, na

Albânia, fazia (para a revista desse

domingo) o retrato de “um país go-

vernado pelas máfi as”.

A escolha de Maria, fi lha de José

Miguel Pessoa de Amorim Sobral

Lopes, na altura gráfi co no jornal,

foi justifi cada por um colectivo de

editorialistas deste modo: “Porque

é à geração dela que queremos pas-

sar testemunho de uma revolução

que, tendo apenas 25 anos, num país

com mais de 800, é ainda uma crian-

ça, e porque queremos olhar para

o futuro sem esquecer o passado.”

Deixaram também esta pergunta:

“Será que se limitará a receber o nos-

so testemunho ou vai querer ser, ela

própria, uma revolucionária?”

“Não me vejo como revolucioná-

ria, se isso signifi car ser uma radi-

cal”, assegura Maria, sem hesitação.

“É bom sentir que sou livre. Não sou

daquelas pessoas que estão sempre

Margarida Santos Lopes

A revoluçãode MariaEla tinha dez meses quando a enfeitaram de cravos para assinalar, na capa do PÚBLICO, um quarto de século do 25 de Abril. O que se segue são histórias de uma jovem e do pai que a inspirou; de uma imagem e do fotógrafo que a captou

a queixar-se e a culpar os outros.

É certo que há quem tenha poder

e não o esteja a exercer bem, mas

acredito que encontrar uma solução

para os nossos problemas não cabe

apenas aos governantes. Não estou a

par dos programas dos partidos, mas

acho que é preciso coragem para se

ser político — um bom político, não

aquele que prejudica os mais fracos,

sem opções e alternativas. Na aula

de Geografi a, o professor disse-nos

que quando há défi ce democrático

a tendência é para favorecer as clas-

ses dirigentes. E um amigo meu, que

é bastante activista, sugeriu que os

políticos fossem voluntários durante

um ano — bastava um ano sem rece-

berem salário — para avaliar quem

está, realmente, empenhado em mu-

dar a sociedade.”

E Maria continua, voz fi rme: “Se

eu tivesse de qualifi car alguém de

revolucionário, seria o meu pai. Ele

tem imensas ideias boas. Defende,

entre outras coisas, que os lares de

idosos deveriam estar ao lado de

infantários. As pessoas mais velhas

têm muita experiência e paciência;

em troca disso, as crianças ajuda-

riam a diminuir-lhes a solidão.”

Um conto de fadasMaria frequentou, até ao 5.º ano de

escolaridade, o Colégio Moderno,

fundado pelo pai do ex-Presidente da

República Mário Soares, em 1935/36,

e com alunos ilustres como o líder

comunista Álvaro Cunhal e o irre-

verente realizador João César Mon-

teiro (que haveria de ser expulso).

“Foi aqui que comecei a ouvir falar

da revolução, como um conto de fa-

das”, relata a jovem, com eloquente

ingenuidade. “Salazar era o mau da

fi ta, a liberdade era a princesa e o po-

vo era o príncipe. Só que nem todos

fi caram felizes. Tenho amigos com

familiares que foram perseguidos

depois de cair o antigo regime.”

“O que aconteceu em 1974 foi uma

coisa boa”, acredita Maria. “Não vivi

antes da revolução, mas imagino que

devia ser difícil não poder falar com

medo de ser preso. Por outro lado,

se calhar, alguns também abusaram

da liberdade e, por isso, é que há

tanta gente egoísta. É cada um por si.

Estou consciente de que sou privile-

giada, porque tenho apoio da família

e amigos. Não me falta nada. O per-

curso escolar é bom. De 1 a 5 valores,

não tenho menos de 4. Sou tão boa a

Português como a Matemática. Mas

também sei que já não basta empe-

nhar-me e querer algo. Quando ouço

notícias sobre a taxa de desemprego,

sempre a subir, reparo que nem tudo

depende da minha vontade. Ainda

não decidi, por isso, que curso supe-

rior seguir. Sinto-me inclinada para

escolher Medicina, mas há hospitais

a fechar. Já pensei em Enfermagem,

Hoje, com 14 anos, Maria Oliveira Sobral Lopes diz: “O mais importante, para mim é, um dia, poder sentir que mudei a minha vida e a vida de alguém”

Page 9: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 9

Numa edição singular, em 1999, repórteres e gráficos do PÚBLICO nascidos a partir de 1970 passaram a Maria um “testemunho de liberdade e democracia”

MIGUEL MANSO

mas depois vi na televisão enfermei-

ros a emigrar. Quero viver e traba-

lhar em Portugal, mas as duas coisas

parecem incompatíveis. Aspiro a ser

independente, não viver em casa da

mãe ou do pai, mas o país manda

embora as pessoas mais inovadoras

e criativas. Sair deixou de ser escolha

individual e tornou-se obrigação.”

Relendo excertos da edição de

1999, Maria dá conta de progressos,

como um maior acesso das mulheres

ao mercado de trabalho, o surgimen-

to de novas tecnologias e o princípio

de mais tolerância (embora ainda en-

vergonhada) à diferença, sobretudo

no que toca à homossexualidade. O

caminho a percorrer é longo, ela re-

conhece. “Não se pode entregar às

pessoas uma frigideira com azeite

sem os ovos para fazerem omeletes.

Não gosto do que vejo à minha volta.

Vários colegas deixaram de poder ir a

visitas de estudo porque os pais deles

não têm dinheiro. Há mães que não

conseguem alimentar os fi lhos.”

“Penso às vezes numa entrevista

que fi z, para um trabalho da esco-

la, ao meu avô materno”, continua.

“Ele formou-se em Direito. No ser-

viço militar obrigatório, dava assis-

tência jurídica em Luanda, Angola,

durante a guerra colonial. Ao falar

comigo, lamentou: ‘Perdi três anos

da minha vida para nada; só sofre-

mos.’ E nem sequer foi ferido. Eu

quero contribuir para a mudança,

não desperdiçar oportunidades. O

mais importante, para mim é, um

dia, poder sentir que mudei a minha

vida e a vida de alguém.”

Maria, que leu Alice Vieira e So-

phia de Mello Breyner na infância e

é “obrigada” a estudar Os Lusíadas,

prefere Stephanie Meyer (autora da

saga Crepúsculo), Aprilynne Puke

(O Beijo dos Elfos e Feitiço), Nicholas

Sparks (Diário de Uma Paixão) e J. K.

Rowling (Harry Potter), como a maio-

ria dos adolescentes. “Adoro histó-

rias com vampiros, fi cção científi ca

e romances que fazem chorar — sim,

sou sentimental. O pai insistiu em

que eu pegasse em José Saramago,

porque ele adorou A Viagem do Ele-

fante e Ensaio sobre a Cegueira, mas

a leitura era complicada.”

Sobre música a garota aprimora-

da em jeans, sweat-shirt deslizando

sobre o ombro, blusão e ténis — uma

parte desta vaidade sustentada por

uma mesada de 20€ — deixa claro:

“Não pertenço ao clube de fãs de

Justin Bieber. Os meus favoritos são

Mumford & Sons, The Script, Ma-

roon 5, Ed Sheeran, entre outros.”

Os veteranos Zeca Afonso ou Sér-

gio Godinho não fazem parte da

sua playlist, tal como os mais jovens

cantores e bandas portugueses, que

desconhece.

Um pai heróiFilha de um casal divorciado, Ma-

ria não poupa elogios ao pai. “Ele

tem atitudes que às vezes não espe-

ramos, mas são as correctas. Se eu

tiver fi lhos, é assim que gostaria de

os educar. Ele diz: ‘Vai, experimenta,

aceita o que és. Abre e ouve o teu

coração.’ Sempre foi permissivo, e

nunca quebrei a sua confi ança. Às

vezes, quando eu e o meu irmão

éramos miúdos, e o pai estava com

amigos, nós podíamos ir explorar o

lugar das nossas brincadeiras, mas

bastava ele assobiar e nós aparecía-

mos – esse era o sinal. Ele via-nos e

fi cava descansado.”

“Tenho muito orgulho no traba-

lho que ele está a desenvolver, em

prisões, com pessoas que comete-

ram crimes graves, mas que estão a

cumprir o castigo”, sublinha Maria,

aludindo à iniciativa ricoxete.com,

que fabrica almofadas com qualida-

des terapêuticas, a partir de caro-

ços de cereja e de azeitona. “Estas

pessoas ganharam oportunidade de

aprender e obter sustento para as

suas famílias. O pai ajuda-me a ser

responsável. Dou passos pequenos,

e peço permissão. Vou a concertos

(o último foi ao Rock’in Rio, o ano

passado) mas sob vigilância, porque

ainda não sou adulta, mas sempre

me senti livre.”

Na companhia do fi lho Manuel,

de 11 anos, que foi buscar à porta

da escola, para o fi m-de-semana que

todos passam juntos a cada quinze-

na, é a vez de Zé Miguel (como ele

gosta de ser tratado) contar como

foi. “A ideia que tenho é a de que,

no jornal, andavam à procura de

uma criança para ser fotografada e

alguém veio ter comigo a perguntar

se não me importava que fosse a Ma-

ria. Eu aceitei. Sobre uma cama de

cravos, espetados num rectângulo

daquela espuma de cor verde para

fi xar fl ores, deitámos uma menina

bem-disposta. Correu lindamente, e

ela portou-se muito bem. O mais in-

crível é que, no dia em que a foto da

minha fi lha saiu na capa, na mesma

edição, foi publicado [na página 76]

um anúncio a participar o funeral da

minha avó Maria Elvira.”

O pai de Maria tinha 10 anos no

dia da Revolução. “Estava na esco-

la e mandaram-nos para casa, com

ordem para não sairmos à rua”, lem-

bra. “Os meus pais eram neutros, po-

liticamente, mas recebiam visitas,

como o historiador Cláudio Torres,

que é comunista. Eu, gaiato e curio-

so, ouvia conversas, com sussurros

sobre a PIDE. Quando se deu o 25 de

Abril, pensei: ‘As prisões vão encher-

se de pides; agora é a vez de eles se-

rem presos. Mas não foi assim. No

dia seguinte, tudo parecia normal.

Ninguém matou ninguém.”

“Foi gira, a liberdade, embora com

ela chegasse também um inferno”,

diz Zé Miguel, que não completou o

10.º ano de escolaridade, embora te-

nha concluído vários cursos técnicos

e profi ssionais. “No Liceu D. Pedro

V, as drogas duras disseminaram-se

a toda a velocidade. Nem os meus

pais, nem os professores, nem a so-

ciedade estavam preparados. Hoje,

eu pergunto à minha fi lha se lá na

escola dela fumam charros e ela diz

que sim. E eu digo-lhe: ‘Se queres

fumar, pedes-me um cigarro, não

tentes isso às escondidas.’ Quero

que os meus fi lhos sejam coerentes

e tenham a mente aberta. Se disse-

rem que não, têm de saber explicar

imediatamente a razão.”

“Foram mais de dez anos de cal-

vário – dos 16 aos 28 anos – e a sofrer

duplamente, porque ia trabalhar a

ressacar”, vai revelando. “Um dia

dei-me um ultimato: ‘Se continuas

assim é a tua desgraça, e morres sem

ter fi lhos; tens de dar o salto, é agora

ou nunca.’ Peguei num carrito que

tinha e segui até Estugarda, para me

encontrar com um amigo alemão.

Foram 48 horas a conduzir sem con-

sumir. Chorei durante metade do

percurso. Desintoxicado em 15 dias,

graças a saunas e banhos turcos, re-

gressei a Portugal, mas ainda andei

oito anos nos Narcóticos Anónimos.

Todos os dias, a qualquer hora, em

diferentes pólos. Não mais tive re-

caídas. Não bebia nada que pudesse

alterar o meu estado de espírito. Co-

nheci a mulher que seria a mãe dos

meus fi lhos quando ela, estudante

universitária, tinha 18 anos, menos

dez do que eu. Para ter qualidade

de vida, todas as manhãs, às 11h, eu

entrava com a Maria na piscina de

um ginásio ao pé de casa.”

O jardim das cerejeirasQuando saiu do PÚBLICO, em Lis-

boa, Zé Miguel abdicou do subsídio

de desemprego e formou-se, no Por-

to, em condução defensiva. Nessa

qualidade, vangloria-se de ter ensi-

nado Elizabete Jacinto “a conduzir

camiões para o rali Paris-Dakar”. Se-

guiu-se uma breve carreira de actor

no Teatro Trigo Limpo, em Tondela,

em digressão por várias povoações,

com a peça Num Abril e Fechar de

Olhos. Trabalhou, depois, como em-

pregado de mesa num restaurante e

tentou, sem êxito, gerir um bar.

“Estava há um ano quase sem fa-

zer nada — pratiquei a arte marcial

tai chi e ioga, tive aulas de tango e

abordei a técnica da cientologia”,

continua o pai de Maria. “Uma noi-

te, apercebi-me de que os meus dois

fi lhos disputavam um saco que a mi-

nha mãe fi zera e lhes oferecera. Pen-

sei: ‘Se estas crianças gostam disto,

é porque isto é bom.’ As crianças,

creio eu, não se enganam.”

Page 10: 25 Abril - Publico

10 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

“Eu era pequenina”, precisa Ma-

ria, “quando a avó Luísa trouxe um

saquinho do estrangeiro. Ela tentou

fazer um igual, e ia guardando os

caroços das cerejas que comíamos.

Quando fi cou pronto, colocou-o no

microondas, seguindo as instruções

do que tinha comprado na sua via-

gem. E percebemos, eu e o meu ir-

mão, que quem dormisse com aquilo

fi cava mais quentinho. Por isso es-

távamos sempre a reclamá-lo. Isso

chamou a atenção do pai.”

Em 2007, Zé Miguel criou a ricoxe-

te.com (escreve com “x” e não com

“ch” porque, explica, “é mais fácil pa-

ra os estrangeiros pronunciarem”). O

nome do que ele designa por “projec-

to”, porque “é mais dinâmico do que

uma empresa”, tem a ver com o tra-

jecto pessoal: “Se não vou por aqui,

vou por ali; ora bato numa parede,

ora bato noutra, mas resisto.”

Num folheto que acompanha as

almofadas que comercializa, cada

uma contendo “1500 caroços de ce-

reja ou seja 350 gramas”, lê-se que

“substitui o tradicional saco de água

quente, sendo ideal para relaxa-

mento muscular, massagens, alívio

de dores, nas costas ou no pescoço,

menstruais ou de menopausa, de

amamentação ou de osteoporose”.

Outra qualidade é a de “reduzir a

factura de consumo de electricida-

de”, já que “um a três minutos no

microondas é sufi ciente para dormir

uma noite inteira sem necessidade

de ligar o aquecedor”.

“Foi um ano de planeamento”, es-

pecifi ca Zé Miguel. “Até as medidas

das almofadas, 25x14,5cm, foram

calculadas de modo a resultarem no

chamado ‘golden number’ ou núme-

ro dourado, simbolizado pela letra

grega phi, porque eu queria congre-

gar tudo de positivo no Universo.”

Com o dinheiro resultante da

venda da casa onde habitava com

a ex-mulher, e evitando requerer fi -

nanciamento externo, o pai de Maria

mudou-se para Caxias. Registou a

patente, comprou tecido de algodão,

e encomendou dez toneladas de ca-

roços de cereja à Sérvia, na antiga

Jugoslávia. Não havia quantidade su-

fi ciente em Portugal. Depois passou

a importar de Espanha.

A mão-de-obra necessária para

fazer 10 mil almofadas é onerosa cá

fora. “Decidi ir bater à porta das pri-

sões, onde as tarefas são pagas tendo

como referência o salário mínimo

nacional. Fui bem recebido e agora

até sou conhecido como ‘O senhor

do caroço’ ou ‘do tremoço’”, diverte-

se. Com a ajuda de uma betoneira,

“onde apenas se misturam água e

25 DE ABRIL

brita, sem produtos químicos”, re-

clusos no Estabelecimento Prisional

de Sintra, lavam, tratam e secam os

caroços ao sol. As almofadas, “100%

naturais, recicláveis, biodegradáveis

e hipoalergénicas”, são cosidas por

mulheres na cadeia de Tires, em du-

as máquinas de costura que Zé Mi-

guel comprou e colocou na prisão.

O orçamento inicial foi de cerca de

20.000 euros. Cada almofada custa

22,5€, mas, se for enviada pelo cor-

reio, o preço, com portes, ascende

a 27,61€. “O volume de negócios é

residual”, reconhece o empresário,

mesmo que se tenha internaciona-

lizado. “Vendo para o Brasil, África

do Sul, Rússia e outros países, mas

ainda não esgotei o primeiro stock.

Tenho um armazém cheio de almo-

fadas. Não me preocupa, porque não

quero ser muito rico, ter uma casa

de luxo ou um carro de milhões. Os

meus produtos não são perecíveis.

Eu vou vendendo e vou vivendo.”

Às almofadas térmicas, que ven-

ceram o 2º Prémio de Design Social

num concurso em Tallin (Estónia),

Zé Miguel juntou, em 2010, um novo

elemento com as mesmas proprie-

dades: o Oliveira. Trata-se de um bo-

neco feito com caroços de azeitonas,

tendo como cliente-alvo as crianças.

Posteriormente, a Fundação Sara-

mago adoptou o Oliveira, depois de

ter cativado a atenção de Pilar del

Río, a viúva do Nobel da Literatura

1996. Está agora à venda na Casa dos

Bicos, em Lisboa, e em Lanzarote,

residência-biblioteca nas Ilhas Caná-

rias, onde o escritor viveu 18 anos.

Há duas semanas, o dono da rico-

xete.com enviou um boneco ao neto

de Manoel de Oliveira, com o pedido

explícito de que o faça chegar ao cine-

asta de 105 anos. O próximo destina-

tário será o Papa Francisco. “Eu acho

que ele vai achar piada”, confi a.

O caminho da liberdadeHá um país que marcou Zé Miguel e

Miguel Silva, o repórter que fotogra-

fou Maria: a Dinamarca, onde am-

bos trabalharam, o segundo para

a organização não-governamental

Humana-People to People, depois de

um curso de instrutor de desenvolvi-

mento e acção humanitária em Áfri-

ca. “Há muito frio e pouca luz, mas

ali tudo funciona bem”, destaca.

“Na Dinamarca, o poder respeita

a sociedade e a sociedade respeita o

poder — o que a revolução não con-

seguiu em Portugal”, aponta o fotó-

grafo de 42 anos que, ao serviço da

ONG, esteve em Moçambique e na

Roménia, depois de deixar o PÚBLI-

CO. “Os nórdicos gostam do nosso

sol e da nossa comida, mas não que-

rem investir aqui porque há muita

burocracia e a justiça é lenta.”

“Naturalmente que valeu a pena o

25 de Abril, porque nos deu a liber-

dade”, sublinha Miguel Silva, lem-

brando que “o pai lavou pratos no

exílio”, e lastimando que, na Madei-

ra, de onde a sua família é oriunda,

“ainda se vive numa ditadura onde

as pessoas votam, porque toda a

gente tem alguém a trabalhar para

o governo de Alberto João Jardim”.

Na Dinamarca, realça, “chegar com

dois minutos de atraso é como come-

ter um crime. Há um grande investi-

mento na educação. As pessoas são

realmente dedicadas ao trabalho —

não bebem álcool à hora do almoço

para não afectar o rendimento — e

são muito competentes. Não têm

a cultura do deixa-andar nem a da

ostentação — esta é como se fosse

pecaminosa”.

Aos 18 anos, Zé Miguel foi também

até uma localidade nas proximida-

des de Copenhaga, no âmbito de um

intercâmbio de jovens, semelhante

ao actual programa Erasmus, através

dos Serviços de Emprego Europeus,

quando a sua mãe, agora reformada

e com 71 anos, era ali funcionária.

“Comprei uma viagem de Inter-rail

e precisei de um visto, porque ainda

havia fronteiras, e era preciso cam-

biar moeda”, explica. “Fui integrado

num grupo de várias nacionalidades,

para tomar conta de alunos numa

escola que fi cou aberta porque os

pais decidiram, nas férias, restau-

rar praças e jardins, e precisavam

de manter os fi lhos ocupados, de

preferência em contacto com outras

culturas. Havia ali uma sala para as

crianças aprenderem a disciplina de

Gestão Doméstica, que ensinava a

cozinhar, a lavar roupa e louça. Ex-

traordinário! Não me espanta que a

Dinamarca seja considerado o país

onde o grau de felicidade é maior.”

Zé Miguel amargura-se com “a fra-

ca qualidade” dos dirigentes portu-

gueses. “A maioria dos deputados é

formada em Direito; talvez porque

saem das universidades 4000 ad-

vogados por ano. Não faria mais

sentido se deputados e ministros

tivessem licenciaturas em História

ou em Ciência Política? Estes tipos

é que pertencem à ‘geração rasca’,

para usar a expressão do Vicente

[ Jorge Silva, primeiro director do

PÚBLICO, usada num editorial, em

1994, motivado por uma imagem em

que um rapaz despiu as calças nu-

ma manifestação contra as políticas

educativas].”

Miguel e Zé Miguel, reconhecen-

do que são hoje “pessoas muito dife-

rentes” graças ao conhecimento de

outros povos que o 25 de Abril per-

mitiu, coincidem na descrição de co-

mo foi o dia em que Maria se tornou

capa do jornal. “A ideia foi minha”,

rejubila o repórter que agora traba-

lha para o semanário Sol. “Creio que

gastei uns dois ou três rolos – ainda

não era o tempo do digital. Demorei

cerca de meia hora a preparar a me-

nina e uma hora e tal a fotografar. O

pai brincava com a fi lha e ela nunca

fez birras nem chorou. Tinha de ser

tudo espontâneo, sem encenação,

para ser simbólico e nada ordinário.

Demorámos mais tempo porque era

necessário preservar a intimidade

da bebé, não a deixando demasiado

exposta. Na última etapa, não havia

cravos sufi cientes e tivemos de usar

Photoshop para os duplicar.“

O fotógrafo não sabe explicar

como lhe surgiu a ideia de colocar

Maria sobre uma espuma de cravos

semelhante às que as fl oristas usam

para garantir a retenção da água e

a fi xação dos arranjos. “Terei sido

infl uenciado por uma cena de Ame-

rican Beauty?”, em que pétalas de

rosa caem, sedutoramente, sobre

a actriz Mena Suvari, cogita Miguel.

Isso não era possível porque este fi l-

me, de Sam Mendes, teve estreia em

1999… mas em Setembro.

“São coisas que acontecem e não

se explicam”, conclui Zé Miguel.

“Aos 8 anos a Maria escreveu uma

redacção que se chamava ‘O Jardim

das Oliveiras’. Aproveitei o texto e

mudei o título para ‘O Jardim das

Cerejeiras’, e o texto [num livrinho

bilingue, sobre a ‘marca/conceito,

o produto e a Maria’] acompanha

agora cada embalagem das almofa-

das. Quem diria que eu haveria tam-

bém de fazer bonecos com caroços

de azeitonas? Já eu tinha os fl yers

prontos para a promoção, quando

ela, aos 10 anos, me apresenta ou-

tra composição, ‘As cerejas da dona

Amilda’, e não resisti a fazer tudo de

novo para incluir o que ela escreveu.

É tão bonito!”

(…) — Porquê Amilda, porquê cere-

jas, porque não cravos?

O que a dona Rosa não sabia é que o

coração de dona Amilda era como um

cravo, um cravo da liberdade, que lhe

dava a liberdade de escolher cerejas,

talvez para lhe lembrar a infância,

quando punha um brinco de cerejas

nas orelhas para mordiscar pelo ca-

minho. (…)

O editorial de 25 de Abril de

1999 tem este fi nal: “Os herdeiros

de Abril, que muitos acusam de

adormecidos, cinzentos, desinte-

ressantes, acomodados, afastados

das verdadeiras preocupações dos

cidadãos, mostram (…) que talvez

tenham guardado o melhor tesouro:

a liberdade de escolher o seu cami-

nho sem temer represálias.”

P.S. – No fi nal da reportagem, se-

guindo o conselho citado no início

deste artigo, “Usa a liberdade sem

magoar os outros”, Maria pediu para

ler o texto antes de ser publicado.

Queria ter a certeza de que não

magoara ninguém.

Sobretudo a mãe.

Zé Miguel, pai de Maria, tinha 10 anos no dia da Revolução. “Estava na escola e mandaram-nos para casa”, lembra

MIGUEL MANSO

Page 11: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESTAQUE | 11

“Quatro homens da brigada

de Inácio Afonso espan-

caram-no várias vezes até

desmaiar, com um dos

mais temíveis instrumen-

tos de tortura usados pela

polícia política: ‘uma espiral de aço

que dava a volta completa ao cor-

po, aderindo à carne.’ As agressões

sucederam-se nos cinco dias em que

esteve sob interrogatório contínuo,

impedido de dormir. Batiam-lhe em

todo o corpo, sem preocupações de

não deixar marcas, até mesmo na

cara, com estalos e murros que lhe

partiram os dentes.”

A tortura vivida por Nuno Teo-

tónio Pereira é contada no livro da

jornalista Joana Pereira Bastos, Os

Últimos Presos do Estado Novo, Tor-

tura e Desespero em Vésperas do 25 de

Abril. A obra contém os relatos crus

de alguns dos 130 presos políticos à

data do 25 de Abril de 1974. Muitos

nunca tinham conseguido falar so-

bre a experiência da prisão, sobre

os métodos de tortura usados nos

interrogatórios da PIDE no reduto

sul da cadeia de Caxias e sobre essa

“inquietação permanente” que ainda

corrói os dias de todos eles. Alguns

morreram sem falar.

Nos 48 anos de ditadura foram

presos mais de 15 mil homens e mu-

lheres, de diferentes origens sociais e

de diversos movimentos de oposição

ao regime. Carlos Coutinho conta: “O

que se sabe hoje que é feito aos presos

em Abu Ghraib ou em Guantánamo

foi o que nos fi zeram a nós.” Luís Moi-

ta “não se sente herói nem cobarde.

Apenas humano e frágil”. Conceição

Moita ainda estremece com uma mo-

eda, uma caneta ou umas chaves a

embaterem no tampo de uma mesa.

Tinha um “cansaço até ao fundo da

alma”. José Lamego evita falar, fi ca

exausto “como se não dormisse há

vários dias”. Rafael Galego diz que,

“tal como o amor, o ódio também se

cultiva. Dizem que passar por cima

destas coisas traz paz de espírito”.

Mas não quer “paz de espírito”. Ál-

varo Pato tem muitas noites em que

não consegue dormir e ainda se sente

em Caxias quando ouve um bebé a

chorar: “É desgraçado.” José Manuel

Tengarrinha tem pesadelos e, com o

“trauma da prisão, o cabelo caiu-lhe”.

“Ainda não tinha 30 anos.”

Não havia apelidos sonantes que

poupassem os presos na fase fi nal

do regime. Nuno Teotónio Pereira,

com tratamento mais brando noutras

detenções, foi brutalmente agredido.

Sucumbiu à tortura e falou. Hoje, aos

91 anos, o arquitecto ainda não sente

paz: “É a nódoa da minha vida.”

O livro demonstra como a sobre-

vivência obrigou os ex-presos a em-

purrar lembranças para o fundo da

consciência numa luta entre a me-

mória e o esquecimento. Ficaram

até hoje insónias, pesadelos, ansie-

dade, depressão. Alarmes que ecoam

da privação do sono, do método da

“estátua”, da sujeição a mudanças

súbitas de temperatura ou efeitos de

luz, das gravações de gritos e cho-

ros de bebés para alimentar medos

e alucinações. Foram devolvidos à

liberdade na madrugada de 27 de

Abril. “Não criaram associações nem

organizaram encontros. Não deram

entrevistas, não escreveram biogra-

fi as, nem contaram as suas histórias.

Alguns vieram a morrer, muitos anos

mais tarde, em silêncio.”

“A história da Revolução e da con-

quista da liberdade não se escreveu

apenas em quartéis militares. Tam-

bém foi feita na rua, clandestina mas

obstinadamente, à custa da coragem

de milhares de pessoas que arriscaram

a vida, os laços familiares e a sanidade

mental para ajudar a derrubar a dita-

dura”, escreve Joana Pereira Bastos,

num livro que faltava ao 25 de Abril.

[Nuno Teotónio Pereira partilhou a cela com o meu pai e mais três presos, em Caxias. O meu pai, Luís Guerra, faria hoje 63 anos. Este texto é para todos. R.B.G.]

Rita Brandão Guerra

Relatos inéditos do terror nas cadeias da ditadura, no livro Os Últimos Presos do Estado Novo, de Joana Pereira Bastos

O que se sabe hoje que é feito aos presos em Abu Ghraib ou em Guantánamo foi o que nos fizeram a nósCarlos CoutinhoEx-preso político em Caxias

As comemorações do 39.º aniversário do 25 de Abril decorrem num misto de indignação e

festa. Manifestações, chuvas de cravos, Grândolas e assembleias populares. Hoje é dia de sair à rua. O 25 de Abril será celebrado por todo o país, mas Lisboa promete ser o epicentro. O desfile está agendado para as 15h da Praça Marquês de Pombal até ao Rossio. A manifestação no Porto começa uma hora antes, da Rua do Heroísmo à Praça da Liberdade. Os largos de Lisboa serão hoje, como em 74, os lugares predilectos para as concentrações populares. Depois da manifestação, a Associação 25 de Abril (A25A) convida todos os lisboetas a cantar Grândola, vila morena.

Será às 18h30, no Largo do Carmo, para relembrar a detenção de Marcelo Caetano por Salgueiro Maia. Ao lado, o Largo Camões será palco de uma reflexão aberta. Se quiser participar, uma boa hora para aparecer será pelas 19h, altura em que está prevista uma chuva de cravos que deverá inundar o largo. Filipa Dias Mendes

O 25 de Abril voltaa sair à rua C

ravos, liberdade e Grândola,

vila morena mereceram

destaque nas respostas

de 84 alunos do 9.º ano

quando se lhes perguntou

o que sabiam sobre o 25

de Abril de 1974. Do povo falaram

muitos, de Salazar, alguns, da Guerra

Colonial, muito poucos. A baralhar

as ideias destes jovens de 14 a 16 anos

está a implantação da República

e o fi m da ditadura militar… que

derrubou o Estado Novo.

Três turmas de 9.º ano aceitaram

dizer ao PÚBLICO o signifi cado do

25 de Abril de 1974. Sem aviso prévio

e sabendo-se de antemão que este

tema do programa ainda não tinha

sido dado nas aulas, desafi aram-

se alunos da Escola Secundária de

Bocage (Setúbal) e da Escola Secun-

dária da Cidadela (Cascais) a, em 15

minutos, escreverem o que sabiam

sobre a data que hoje se assinala.

Contou-se com a ajuda da profes-

sora Nazaré Oliveira e do professor

Paulino Spínola, ambos a leccionar

História. Ela há 27 anos, ele há 38.

“No 25 de Abril, o regime ditatorial

foi derrubado e substituído pelo regi-

me democrático. Após o 25 de Abril,

a Junta de Salvação Nacional tomou

algumas medidas: extinção da polícia

política, abolição da censura, liber-

tação de todos os presos políticos e

permissão do regresso dos exilados”,

Duarte (E.S. de Bocage)

“Eles têm uma ideia e a maior

parte das vezes não é errada, mas

há defi ciências de pormenor. E al-

guns são ‘trapalhões’”, diz Nazaré

Oliveira, enquanto mostra os textos

dos alunos de Setúbal. Choca-a prin-

cipalmente as poucas referências à

Guerra Colonial. “Não têm em conta

o que é mais importante para mim,

que é a Guerra Colonial. Sou uma

jovem ‘culturalmente feita em Áfri-

ca’. Vim de Moçambique em Julho

de 1974”, recorda.

“Estamos a sentir uma certa ili-

teracia cultural e histórica. Porque

os programas de ensino não estão

bem feitos e porque os pais não fa-

lam com os fi lhos sobre estas ques-

tões”, diz a professora, e pergunta

que pais são estes. “Terão entre 45

e 55 anos. O que é que se passa com

eles, que não falam aos fi lhos do sig-

nifi cado da Grândola, vila morena?

Que não explicam por que é que o

25 de Abril é feriado? Que não falam

com os fi lhos quando há determina-

dos incidentes, como o da bandeira

nacional ao contrário? Porque não

se aproveita pequenos momentos

do dia-a-dia para um exercício de

pedagogia activa?”

“O 25 de Abril de 1974 foi, na mi-

nha opinião, uma revolução que te-

ve início ao som da música de Zeca

Afonso. Chamada a Revolução dos

Cravos, esta foi para a liberdade [li-

bertação] dos portugueses [da] dita-

dura militar de António O. Salazar”,

Tomás (E.S. da Cidadela)

O professor Paulino Spínola, da

Escola Secundária da Cidadela,

lembra que “os miúdos só falam

desta matéria no 6.º ano, quando

têm 11/12 anos” e “não sentem que

o assunto tenha que ver com eles,

não se interessam, habituaram-se a

viver em liberdade”.

Para este professor, “a Revolução

dos Cravos que todos apontam pare-

ce ser uma ‘revolução romântica’, e

da ‘revolução’ cada vez mais fi cam os

‘cravos’ e a Grândola, vila morena”.

Da leitura dos textos dos alunos fi -

xou-se no que escreveram João e Gui-

lherme. Um diz que “existem muitas

pessoas que não consideram esta da-

ta como um motivo de celebração,

mas de luto”; outro “sabe que o 25 de

Abril foi de mudança, mas o ‘espero

que tenha sido para melhor’ denota

sombras”. “E estes sentires do 25 de

Abril preocupam-me.”

Jovens do 9.º ano conhecem os símbolos mas confundem os factos históricos

Rita Pimenta

A Guerra Colonial foi referida por muito poucos dos 84 alunos do 9.º ano inquiridos. Todos falaram de cravos

Ver texto completo e manuscritos dos alunos emwww.publico.pt

A inquietação permanente dos últimos presos políticos

Page 12: 25 Abril - Publico

12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

Isaltino Morais foi detido pela PJ à saída do seu gabinete na Câmara de Oeiras

Acórdão do Tribunal Constitucional ditou a prisão de Isaltino Morais

O presidente da Câmara de Oeiras,

Isaltino Morais, perdeu nos últimos

oito dias mais dois recursos, um na

Relação de Lisboa e outro, ontem

mesmo, no Supremo Tribunal de

Justiça. Mas não foi por isso que a

Polícia Judiciária o foi prender, on-

tem à hora do almoço, à saída do

seu gabinete de autarca.

A ordem de detenção ficou a

dever-se à rejeição pelo Tribunal

Constitucional, no dia 13 do mês pas-

sado, de um outro dos mais de 40

recursos e reclamações que Isaltino

já apresentou no processo em que

foi condenado, em Julho de 2010, a

dois anos de prisão por três crimes

de fraude fi scal e um de branquea-

mento de capitais.

Mas ontem à tarde, já com as por-

tas do Palácio de Justica de Oeiras fe-

chadas, um novo requerimento dos

seus advogados, desta vez a pedir

a libertação do autarca, deu entra-

da na secretaria do tribunal. A sua

prisão é “ilegal”, alega o advogado

Rui Elói, tal como fez, então com

sucesso, logo que o seu cliente foi

detido, para ser libertado 24 horas

depois, em Setembro de 2011

O cerco tinha vindo a apertar-se

nos últimos meses e a esperança de

Isaltino começara a esmorecer. Mas

a sucessão de derrotas que averbara

no julgamento dos seus sucessivos

recursos, requerimentos e reclama-

ções não bastara para o convencer

de que a emissão do mandado de

detenção estaria iminente.

Pelo menos para o exterior fez

tudo o que pôde por mostrar que

a normalidade reinava na sua vida

e na Câmara de Oeiras. De acordo

com alguns dos seus colaboradores,

mostrava-se ultimamente obcecado

em convencer toda a gente sobre a

sua alegada inocência e não foi por

acaso que aceitou, pela primeira

vez, no princípio de Abril, dar uma

entrevista (à RTP) sobre a sua situ-

ação e, na semana passada, fazer

novas proclamações de inocência

à agência Lusa.

Nesta última declaração afi rmou

Quinze meses após a juíza decidir que os crimes não prescreveram, chegou anteontem a Oeiras o acórdão do TC que há um mês pôs fi m aos recursos dessa decisão. Isaltino foi preso no dia seguinte

mesmo: “Sou um optimista. Senão

já me tinha suicidado.” Aquilo que

nestas derradeiras tentativas de

ganhar apoios não conseguiu, co-

mo não o conseguiu em tribunal,

foi explicar a origem dos quase 1,2

milhões de euros que depositou na

Suiça entre 1993 e 2002.

Alheia à estratégia do arguido e

considerando irrelevantes para o

caso os recursos, pelo menos dois,

que o mesmo ainda tinha penden-

tes, a juíza Marta Gomes assinou ao

fi m da manhã de ontem o despacho

que ordena a sua detenção. Pouco

mais de uma hora depois, dois agen-

tes da PJ dirigiram-se discretamen-

te ao gabinete do autarca nos Paços

do Concelho de Oeiras e levaram-

no para o estabelecimento prisional

daquela polícia, em Lisboa. Isaltino

ter-se-á limitado a ordenar aos seus

colaboradores: “Cancelem tudo!”

Da prisão da PJ, o detido deverá

ser transferido para a cadeia on-

de fi cará a cumprir a pena a que

foi condenado — a menos que os

tribunais venham a dar razão aos

requerimentos e recursos que apre-

sentou, ou venha a apresentar. A sua

transferência, segundo o presidente

do Sindicato Nacional do Corpo da

Guarda Prisional, Jorge Alves, não

poderá, contudo, acontecer antes

de terça-feira, dia em que acaba a

greve dos guardas ontem iniciada.

A rapidez e a discrição com que o

mandado de captura foi ontem exe-

cutado indiciam que, ao contrário

do que sucedeu em Setembro de

2011, quando o autarca foi preso pe-

la primeira vez, a operação foi agora

objecto de concertação entre dife-

rentes entidades e cuidadosamente

preparada. Pouco depois de concre-

tizada a detenção, a Procuradoria-

Geral da República emitiu uma no-

ta em que anunciou a condução do

arguido à “zona prisional da PJ”. O

Ministério Público, do qual a PGR é

o órgão superior, vinha mostrando,

nos últimos meses, uma impaciência

cada vez maior face à não execução

da pena a que Isaltino foi condena-

do, já que, no seu entendimento, a

sentença transitou em julgado no

fi nal de 2011, altura em que devia

ter regressado à prisão.

No curto despacho ontem emiti-

do, a juíza de Oeiras explica os fun-

damento da sua decisão. O acórdão

do Tribunal da Relação de Lisboa

que condenou o arguido a dois anos

de prisão em 13 de Julho de 2010

transitou em julgado, afi rma, em 19

de Setembro de 2011. Três meses de-

pois, a 14 de Dezembro de 2011, o

mesmo Tribunal da Relação revogou

um despacho do Tribunal de Oeiras,

determinando que fosse apreciada

a alegação do arguido de que duas

das três fraudes fi scais pelas quais

foi condenado tinham prescrito.

Analisada a questão, o tribunal

indeferiu o pedido de declaração

de prescrição em 30 de Janeiro de

2012. Esta decisão foi alvo de recur-

so por parte de Isaltino Morais, sen-

do depois confi rmada pela Relação.

Chegada aqui, a juíza, sem detalhar

os passos do recurso depois inter-

posto pelo arguido para o Tribunal

Constitucional, afi rma que o apen-

so referente a esse recurso “desceu

agora do Tribunal da Relação” e que

o despacho de 30 de Janeiro de 2012

— que indeferiu a questão da pres-

crição — “já transitou em julgado”.

Assim sendo, escreve a juíza, “na-

da obsta à execução da decisão con-

denatória”. Pelo exposto, conclui,

“determina-se a emissão de manda-

dos de detenção do arguido Isaltino

Afonso Morais, a fi m de assegurar

o cumprimento da pena na qual foi

condenado”.

O apenso a que se refere a magis-

trada contém o acórdão do Tribunal

Constitucional que, no dia 13 do mês

passado, rejeitou o recurso através

do qual o autarca pretendia ver anu-

lada a decisão da Relação que con-

fi rmou a não prescrição das fraudes

fi scais. Este acórdão “baixou” no

mesmo dia à Relação e a 12 deste

mês o Tribunal Constitucional certi-

fi cou que o mesmo havia transitado

em julgado, comunicando o facto

Justiça José António Cerejo

O despacho que declara os crimes não prescritos já transitou em julgado. “Assim sendo nada obsta à execução da decisão condenatória.”Marta Rocha GomesJuiza do Tribunal de Oeiras

Page 13: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | PORTUGAL | 13

ENRIC VIVES-RUBIO

à Relação no dia 16. Passados sete

dias, anteontem, o apenso com a

decisão do Constitucional chegou

a Oeiras e foi apresentado à juíza

Marta Rocha Gomes que ontem,

pouco depois do meio-dia, mandou

prender o arguido.

Por coincidência, ontem de ma-

nhã também o Supremo Tribunal

de Justiça rejeitou um recurso em

que Isaltino alegava a existência de

decisões contraditórias da Relação

no seu processo. Faz hoje uma se-

mana (dia 18) a Relação já indeferira

um outro recurso seu, tendo ainda

para apreciação um segundo que

deu entrada no dia 5.

Embora estes últimos recursos

não tenham efeitos suspensivos

da aplicação da pena, o advogado

de Isaltino entende que a prisão é

“ilegal” e apresentou de imediato

um requerimento a pedir a liberta-

ção do autarca. O pedido está em

apreciação.

Cronologia

Datas-chave no processo Isaltino2003A demissão do ministroNotícias sobre alegadas contas bancárias não declaradas na Suíça e na Bélgica levam Isaltino Morais a demitir-se do cargo de ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, que ocupava desde 2002. Em Junho de 2005 é constituído arguido.

2005De arguido a acusado Reeleição para presidente da Câmara de Oeiras, com 34,2%. Três meses depois, em Janeiro de 2006, o MP deduz acusação, imputando-lhe sete crimes. A decisão de levar o autarca a julgamento acontece em Junho de 2008.

2009Condenado e reeleitoTribunal de Sintra condena Isaltino a sete anos de prisão efectiva, perda de mandato e ao pagamento de 463 mil euros ao fisco. Isaltino recorre. A condenação não o impede de ser reeleito dois meses depois para mais um mandato, desta vez com 41,5%.

2010De recurso em recursoA Relação de Lisboa mantém condenação, mas reduz a pena para dois anos de prisão e o valor da indemnização ao Estado, anulando ainda a perda de mandato. O caso sobe ao Supremo, que confirma a condenação e restitui o valor original da indemnização.

2011Prisão-relâmpagoEnquanto ainda aguardava a decisão de um último recurso para o Constitucional, Isaltino é detido em sua casa pela PSP de Oeiras e conduzido ao estabelecimento prisional da Polícia Judiciária, em Lisboa. A defesa considera a detenção ilegal e requer a sua libertação imediata, o que vem a acontecer passadas 24 horas.

Foi quase tudo na vida pública e

mesmo depois de renegado pelo

PSD Isaltino Morais manteve-se

activo e actuante na cena política.

Mais que um sobrevivente, o

autarca de Oeiras, que ontem

voltou à prisão, bem pode ser visto

como uma espécie de sempre-

em-pé da política, apoiado num

misto e energia, arrogância e

autoconfi ança. Chegou a ser a

estrela do PSD, o autarca-modelo,

ocupou cargos de destaque e

integrou o conselho nacional

durante as lideranças de Durão

Barroso, Santana Lopes e Marques

Mendes. Foi também presidente

da comissão política distrital de

Lisboa e liderou ainda a associação

de autarcas sociais-democratas

antes de ter chegado ao Governo

pela mão de Durão Barroso. A

pasta de ministro das Cidades,

Ordenamento do Território e

Ambiente pareceu criada à sua

imagem, de acordo com a auréola

de presidente de câmara activo e

empreendedor, mas aquilo que

parecia ser o auge veio a revelar-se,

afi nal, como início de um rápido

ocaso dentro do partido.

Surgem as primeiras notícias

sobre contas na Suíça e na Bélgica,

com verbas de proveniência

duvidosa e Isaltino é forçado a

demitir-se depois de pouco mais

de um ano no cargo. Promete

afastar-se da política até que

tudo esteja esclarecido, mas não

o faz. Rapidamente começou a

construir o caminho de regresso à

Câmara de Oeiras, onde tinha sido

presidente desde 1986. Marques

Mendes, então líder do partido,

invocou questões de ética para

vetar a recandidatura, mas Isaltino

não via limites. Desfi lia-se do PSD

para avançar como independente

e volta ao cadeirão da autarquia,

derrotando a candidatura ofi cial do

partido. Como autarca, foi sempre

muito elogiado e reconhecido.

Oeiras cresceu, ganhou peso e

atractividade e o ambiente de

consenso que gerou em redor da

sua gestão autárquica como que

o levou a pensar que nada tem

limites, tudo é possível. Mesmo

tendo passado pela magistratura

do Ministério Público antes de

abraçar a política.

Foi com uma atitude de

permanente desafi o que enfrentou

o julgamento, a condenação e

até a maratona de recursos em

que procurou enredar o aparelho

judicial. Mesmo perante a sucessão

de fracassos e decisões adversas,

deixou sempre a ideia do eterno

resistente, de nunca acreditar no

caminho da prisão. É certo que

há ainda processo para correr nos

tribunais, mas este parece ser já o

fi m da linha para a longa corrida de

Isaltino no campo da justiça.

“As questões que levaram à detenção do presidente ‘em nada afectam o funcionamento da autarquia’”Paulo VistasVice-presidente da CM Oeiras

O fim da linha para quem foi “autarca-modelo”

PerfilJosé Augusto Moreira

Isaltino Morais não deverá poder

continuar à frente da Câmara de

Oeiras a partir da prisão. O seu vice-

presidente, Paulo Vistas, garantiu

ontem, no início da reunião de câ-

mara, que as questões que levaram

à detenção do presidente “em nada

afectam o funcionamento” da autar-

quia, sugerindo assim que Isaltino

poderia dirigir a autarquia a partir

da prisão. Porém, se o autarca fi car

a cumprir os dois anos de prisão a

que foi condenado, a lei determina

a suspensão ou, no limite, a perda

do mandato.

“A assembleia municipal tem que

declarar a suspensão de mandato

e nomear um substituto, que em

princípio será o vice-presidente”,

Autarca deverá ser impedido de continuar a dirigir a Câmara de Oeiras a partir da prisão

diz o especialista em direito admi-

nistrativo Pacheco Amorim, tendo

por base o artigo n.º 67 do Código

Penal. Segundo esta norma, “o ar-

guido defi nitivamente condenado

a pena de prisão, que não for de-

mitido disciplinarmente de função

pública que desempenhe, incorre

na suspensão da função enquanto

durar o cumprimento da pena”. A

regra aplica-se a “profi ssões ou acti-

vidades cujo exercício depender de

título público”, como é o caso.

Caso a assembleia municipal não

declare a suspensão do mandato,

poderá aplicar-se uma outra norma

que leva quase “inevitavelmente” à

perda de mandato, explica Pache-

co Amorim: “Pode haver perda de

mandato por faltas, uma vez que o

cumprimento de pena de prisão não

confi gura falta justifi cada.”

A Lei n.º 27/96, que defi ne o regi-

me jurídico da tutela administrativa,

prevê a perda de mandato, caso os

membros de órgãos autárquicos não

compareçam, “sem motivo justifi ca-

tivo”, a três sessões da assembleia

municipal ou a seis reuniões de câ-

mara seguidas. Estando preso, Isal-

tino esgotaria o número de faltas in-

justifi cadas permitido, muito antes

das autárquicas de Outubro.

“Há uma situação de impossibili-

dade física que, a médio prazo, in-

viabiliza a gestão da câmara”, afi rma

o também professor da Universida-

de do Porto, embora admita que a

lei não é clara neste ponto, por não

dizer se a prisão pode ou não ser

similar a doença. A perda de man-

dato teria que ser determinada pelo

tribunal, na sequência de uma acção

interposta pelo Ministério Público.

Marisa Soares

Page 14: 25 Abril - Publico

14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

PAULO PIMENTA

Igreja mantém no activo padres denunciados por abusos sexuais

A Igreja Católica mantém no activo

vários padres denunciados por cri-

mes sexuais, sem que se conheça

qualquer tipo de investigação feita

no seio da instituição. Isso mesmo se

concluiu da leitura do despacho do

Departamento de Investigação e Ac-

ção Penal de Lisboa, que arquivou,

por prescrição ou insufi ciência de

provas, as denúncias da ex-provedo-

ra da Casa Pia Catalina Pestana.

Em causa estão oito queixas de

crimes sexuais que terão vitimado

mais de uma dezena de menores e

adolescentes, factos que na maior

parte dos casos ocorreram na déca-

da de 90 do século passado.

Os relatos feitos por mais de duas

dezenas testemunhas ouvidas pelos

investigadores identifi cam o nome

dos alegados agressores sexuais,

quase todos padres e membros de

instituições ligadas à Igreja — a maio-

ria dos quais se mantém actualmen-

te em funções.

Muitos dos casos foram reporta-

dos à hierarquia da Igreja, nomea-

damente ao Patriarcado de Lisboa,

sem que se conheça qualquer tipo

de processo de averiguações den-

tro da Igreja. Em vários casos a hie-

rarquia da Igreja optou apenas por

transferir os suspeitos para outras

paróquias ou missões, incluindo

algumas fora do país, como é o ca-

so de um padre destacado para São

Tomé e Príncipe e outro para um

santuário em Paris.

Contactado pelo PÚBLICO, o

porta-voz do Patriarcado de Lis-

boa, o padre Nuno Fernandes, não

respondeu ao email das jornalistas

nem atendeu o telemóvel nas várias

tentativas de contacto feitas ao lon-

go da tarde de ontem. Questiona-

do anteontem sobre a abertura de

eventuais processos de inquérito aos

padres suspeitos, à luz do direito ca-

nónico, o porta-voz da Conferência

Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel

Morujão, afi rmou, numa resposta

escrita enviada ao PÚBLICO, que

“o tratamento de qualquer eventu-

al caso diz respeito a cada diocese

e não à CEP”.

Já quanto ao facto de se ter con-

gratulado com o arquivamento do

inquérito, que identifi cou factos que

no despacho de arquivamento do

Ministério Público.

Entre as vítimas, a maior parte

adolescentes, existem acólitos que

acompanhavam os padres de perto

na vida das respectivas paróquias.

Num dos casos, que envolve uma

instituição de solidariedade social

de Cascais, que acolhe rapazes dos

6 aos 18 anos, o administrador que

é denunciado por usar os computa-

dores da instituição para ver sites de

pornografi a infantil manteve-se nos

corpos sociais daquela instituição até

Dezembro do ano passado, mês em

que foi aberta esta investigação.

Noutro dos casos, um jovem de 15

anos morador na Cruz Quebrada e re-

petidamente assediado pelo pároco,

segundo os pais do menor, acabou

mais tarde por se suicidar, atirando-

se à linha do comboio. Os progenito-

res receberam anos mais tarde um

telefonema do então bispo auxiliar

de Lisboa, D. Albino Cleto (entretan-

to falecido) “a pedir perdão por não

ter actuado de forma mais decisiva

no assunto”, conta o despacho de ar-

quivamento, citando o pai do rapaz.

O adolescente preparava-se para en-

trar no Instituto Superior Técnico no

ano seguinte. Pouco tempo depois

da sua morte, os pais descobriram

que o padre tinha aberto uma conta

bancária em nome do jovem e que

ele podia movimentar.

A mãe de um ex-seminarista dos

Olivais, em Lisboa, também contou

às autoridades como o fi lho de 17

anos tinha desistido da vida religiosa

depois de um padre “em cuecas o

ter tentado agarrar quando ele es-

tava deitado”, numa viagem ao Al-

garve. A mulher ainda foi recebida

pelas autoridades eclesiásticas, mas

fi cou convencida de que não leva-

ram a sério as suas denúncias. As

autoridades não duvidaram da ve-

racidade do seu depoimento, mas ti-

nha passado demasiado tempo uma

vez mais e ninguém havia apresen-

tado queixa. Ciente de outros casos

relacionados com o mesmo pároco,

um capelão militar chegou a aler-

tar a hierarquia eclesiástica para o

problema. Mas isso nada provocou

além da transferência do suspeito

para outra paróquia.

A Rede de Cuidadores vai analisar

o despacho de arquivamento destes

casos, porque põe a hipótese de pe-

dir uma aclaração do mesmo, de for-

ma a não deixar morrer o assunto.

confi guram crimes sexuais prescri-

tos, o porta-voz refere que “não se

congratulou propriamente pelo ar-

quivamento deste inquérito, mas

pela reabilitação possível do bom

nome das pessoas visadas, sobre as

quais recaíam graves acusações”.

Há denúncias feitas nos últimos

três anos, mas nestes casos as parti-

cipações foram quase sempre feitas

de forma anónima à Associação Re-

de de Cuidadores, de que Catalina

Pestana é vice-presidente, não tendo

a Polícia Judiciária e o Ministério Pú-

blico conseguido identifi car as ale-

gadas vítimas e até os denunciantes

dos alegados crimes.

Vários padres da diocese de Lis-

boa são referidos por várias teste-

munhas como agressores sexuais,

uns por terem apalpado menores

nos órgãos genitais, outros por te-

rem beijado com a língua as vítimas

e outros por assediarem jovens. Há

relato de um caso de penetração

anal violenta de um menor que te-

rá tido assistência médica prolonga-

da numa casa particular em Oeiras,

mas a investigação apenas conse-

guiu confi rmar que a dita habitação

existe. “Por falta total de indícios do

cometimento de crime, determina-

se o arquivamento dos autos”, lê-se

Muitos dos casos de abusos sexuais foram reportados ao Patriarcado de Lisboa

Párocos foram simplesmente transferidos de paróquia, nalguns casos para fora do país. Não se conhece qualquer processo de averiguações desencadeado pela hierarquia eclesiástica

Justiça Ana Henriquese Mariana Oliveira

‘Abusos sexuais normais’ na Casa do Gaiato

Inspectores da Segurança Social depararam com situação-limite em 2004

Foi em 2004 que os rapazes internados nas várias Casas do Gaiato tiveram de arranjar abrigo noutro lado,

na sequência de um relatório explosivo da Inspecção-Geral da Segurança Social dando conta do tratamento desumano a que eram sujeitos. Os inspectores contam como os rapazes eram humilhados pelos responsáveis da instituição, que os desincentivavam de contactar os familiares e a quem confiscavam os telemóveis a seu bel-prazer. À frente da Casa do Gaiato do Tojal, no concelho de Loures, estava um padre que Catalina Pestana também denunciou às autoridades, depois de uma freira lhe ter contado como o vira “a manusear o pénis de uma criança do sexo masculino” que tinha ao colo. Os responsáveis

da instituição nunca assumiram ter abusado dos menores que tinham à sua guarda, mas não lhes custava a admitir que isso sucedia entre os rapazes, de noite e também de dia. “Os directores admitem a existência de abusos sexuais no interior da instituição, que consideram situações absolutamente normais, nada fazendo para as evitar”, descrevem os inspectores da Segurança Social no seu relatório, feito a pedido do então ministro Bagão Félix. “Propomos a retirada urgente dos menores de todas as Casas do Gaiato.” Os responsáveis da Casa do Tojal foram transferidos para o Porto. O facto de a identidade da freira ser desconhecida, bem como a da criança, levou ao arquivamento do inquérito aberto pelo DIAP sobre este caso.

Page 15: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | PORTUGAL | 15

As unidades do Serviço Nacional de

Saúde (SNS) só podem adquirir dis-

positivos médicos, como pensos, lu-

vas e suturas, se os preços unitários

forem pelo menos 15% inferiores aos

cobrados em 2012. O cerco aperta-

se mais ainda para as unidades que

atinjam um valor acumulado de cin-

co milhões de euros de despesa com

este tipo de material e que, nesse ca-

so, terão de conseguir uma redução

adicional de 5% sobre o preço da úl-

tima aquisição.

O despacho do Ministério da Saú-

de que estabelece as novas regras e

que ontem entrou em vigor abrange

mais de duas dezenas de dispositi-

vos médicos de vários tipos — equi-

pamentos hospitalares de pequeno

porte para tratamento e diagnóstico

e consumíveis como umas simples lu-

vas, suturas, pensos ou desinfectan-

tes. O ministério exclui deste regime

apenas os “equipamentos de gran-

de porte destinados ao tratamento e

ao diagnóstico”, como equipamen-

tos de raios x, de tomografi a axial

computorizada, auto-analisadores

de amostras de diagnóstico in vitro.

No despacho, assinado pelo secre-

tário de Estado Manuel Teixeira, o

ministério explica que é necessário

desacelerar o crescimento das des-

pesas com dispositivos médicos.

Entre outras regras, impõe-se que,

SNS tem de comprar pensos e luvas 15% mais baratos

nos casos em que não tenha sido ad-

quirido em 2012 nenhum dispositivo

similar ao que se pretende comprar

este ano, as unidades devem ter em

consideração o “preço unitário da

última aquisição”. E para esta refe-

rência devem ser tidos em conta “os

preços mais baixos de aquisição por

cada serviço ou estabelecimento do

SNS”. No fi nal de 2012, a dívida dos

hospitais públicos às empresas de

dispositivos médicos ascendia a 667

milhões de euros, e o prazo médio

de pagamento era de 361 dias.

Manuel Teixeira exige ainda rela-

tórios trimestrais a todas as unidades

sobre este tipo de despesas.

Atrair estrangeirosOntem, foi também publicada uma

portaria que reduz substancialmente

muitos dos preços cobrados pelos

hospitais públicos às seguradoras e a

países terceiros pelos atendimentos

em urgências, internamentos e trata-

mentos em comparação com os das

tabelas em vigor desde 2009. Além

disso, pela primeira vez, as unida-

des do SNS vão poder cobrar preços

mais baixos do que os das tabelas,

adiantou a Administração Central do

Sistema de Saúde (ACSS), que justifi -

cou a medida com a necessidade de

promoção do “turismo de saúde” e

da “captação de doentes provenien-

tes de outros países”. Desta forma,

os hospitais públicos “entram no

mercado”, acrescentou.

Em muitos casos, a redução é mui-

to acentuada. Alguns exemplos: um

atendimento num serviço de urgên-

cia polivalente passa de 147 euros pa-

ra 112,07 euros, enquanto uma ur-

gência médico-cirúrgica desce de

108 euros para 56,16 euros. Mas é

nos chamados grupos de diagnóstico

homogéneo (GDH) que as variações

de preços são consideráveis: apesar

de haver alguns casos em que os tra-

tamentos fi cam mais caros, muitos fi -

cam bem mais baratos. Por exemplo,

se na tabela de 2009 um transplante

hepático custava às seguradoras ou

a um estrangeiro 103.103,21 euros,

agora o preço baixa para 41.377,40

euros e um transplante renal dimi-

nui de 27.934,28 euros para 9.390,40

euros. Pelo contrário, um transplan-

te cardíaco aumenta de preço (de

53.329,02 euros para 64.275,90 eu-

ros). Também as cesarianas baixam

de 1848,95 euros para 669,50 euros e

um parto vaginal com diagnóstico de

complicações passa de 1625,14 euros

para 363,36 euros, enquanto uma

interrupção de gravidez, sem dilata-

ção ou curetagem, desce de 848,99

euros para 249,63 euros.

Saúde Andrea Cunha Freitas e Alexandra CamposUnidades públicas obrigadas a cortar 15% em relação ao ano passado nos gastos com diversos dispositivos médicos

Hospitais públicos reduzem preços para as seguradoras

Breve

Meteorologia

Temperatura vai cair até 12 graus nos próximos diasO Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê para os próximos dias uma alteração do estado do tempo, com uma descida acentuada da temperatura a partir de sábado, e até queda de neve nas terras altas. Hoje, o céu vai estar em geral pouco nublado, já com um aumento da nebulosidade nas regiões do Norte e Centro durante a tarde. Amanhã, está prevista a ocorrência de precipitação que poderá ser acompanhada de trovoada no interior das regiões Norte e Centro.

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O Conselho Coordenador dos Institu-

tos Superiores Politécnicos (CCISP)

quer que os politécnicos passem a

ser designados como Universidades

de Ciências Aplicadas, uma suges-

tão que faz parte de um conjunto

de propostas de remodelação do

sistema de ensino superior.

“Não há outro país europeu com a

designação de Instituto Politécnico,

o que torna difícil a comparação em

níveis internacionais”, explicou o

presidente do CCISP, Joaquim Mou-

rato, durante a apresentação de um

relatório encomendado pelo conse-

lho à Universidade de Twente, na

Holanda.

A proposta “não resulta por se

querer a designação de universi-

dade, até porque a diferença entre

universidades e politécnicos conti-

Politécnicos querem passar a chamar-se Universidades de Ciência Aplicada

nuaria”, avançou Joaquim Mourato,

sublinhando que se trata de um mo-

do de “afi rmação internacional”.

O CCISP pede também a criação

de Centros de Investigação Aplica-

da e de Transferência de Tecnologia

que “possam dar cobertura a todas

as instituições politécnicas e que

estejam associadas ao tecido em-

presarial regional”. De acordo com

Joaquim Mourato, a constituição e

existência destes centros deve ser

apoiada por projectos e investimen-

tos da Fundação para a Ciência e a

Tecnologia (FCT). Quanto a fusões

ou consórcios, Joaquim Mourato

alerta que “não é com o objectivo

de reduzir a despesa do Estado que

se avança para uma fusão”.

Após a apresentação do relatório,

o presidente da Federação das As-

sociações de Estudantes do Ensino

Superior Politécnico revelou que os

estudantes estão disponíveis para

discutir as sugestões do CCISP.

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Page 16: 25 Abril - Publico

16 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

O social-democrata Fernando Seara,

que o PSD escolheu para encabeçar

a lista do partido à presidência da

Câmara de Lisboa, não vai tomar

nenhuma decisão em relação à sua

candidatura enquanto o Tribunal da

Relação não se pronunciar sobre o

recurso que apresentou na sequência

da providência cautelar que o impe-

de de se apresentar a eleições.

Em silêncio desde que o Tribunal

Cível de Lisboa o declarou impedido

de se candidatar à Câmara de Lisboa,

Fernando Seara, que preside ao mu-

nicípio de Sintra há três mandatos

consecutivos, não se vai desviar das

declarações que fez na altura em que

o tribunal decretou que não podia

ser candidato.

Licenciado em Direito, Seara cum-

prirá na íntegra as decisões dos tribu-

nais e em circunstância alguma viola-

rá qualquer sentença dos tribunais.

O PSD e o CDS — de acordo com a

decisão do Tribunal Cível de Lisboa,

estão impedidos de apresentar Seara

como candidato — vão ter, assim, de

aguardar pela decisão da Relação de

Lisboa. Fernando Seara foi anuncia-

do pelo PSD e CDS como candidato,

mas ele próprio nunca chegou a for-

malizar a sua candidatura e tão cedo

não o fará. Um candidato que esteja

impedido pelos tribunais e decida

anunciar a candidatura comete um

crime de desobediência, que pode

ser simples ou qualifi cada, segundo

juristas contactados pelo PÚBLICO.

O PSD acredita que a decisão da

Relação possa ser conhecida em Ju-

nho, altura em que o Governo já te-

rá marcado as eleições, que deverão

realizar-se entre fi nais de Setembro

e meados de Outubro.

“O entendimento de que o candi-

dato só pode ser limitado na autar-

quia onde cumpre o limite de man-

datos, podendo andar sem limites

de tempo a saltar, passe o termo, de

câmara em câmara, levaria a perpe-

tuação de cargos em manifesta opo-

sição do artigo 118.º da Constituição;

numa palavra: a lei deixaria entrar

pela janela o que não quisera deixar

entrar pela porta”, diz a sentença do

tribunal sobre a providência cautelar

Seara recusa anunciar candidatura a Lisboa antes da decisão do Tribunal da Relação

interposta pelo Movimento Revolu-

ção Branca (MRB) contra Seara.

O mesmo MRB vai também apre-

sentar uma providência cautelar con-

tra a candidatura de Ribau Esteves

em Aveiro. Este ex-secretário-geral

do PSD, que tem também o apoio do

CDS, presidiu à autarquia de Ílhavo

durante, pelo menos, três mandatos.

Paulo Cafofo ao FunchalA coligação pela Mudança, formada

por seis partidos da oposição regio-

nal liderados pelo PS, apresenta hoje

a candidatura de Paulo Cafofo à pre-

sidência da Câmara do Funchal. Este

professor, independente, terá como

adversários Bruno Pereira (PSD), José

Manuel Rodrigues (CDS-PP) e Artur

Andrade (PCP).

Cafofo vê na coligação Mudança,

envolvendo seis partidos (PS, BE,

PND, PTP, MPT, e PAN), um projec-

to político capaz de se afi rmar como

alternativa na capital madeirense aos

tradicionais directórios partidários.

“Devolver a esperança dos funchalen-

ses” é um dos objectivos da candida-

tura que pretende colocar o Funchal

“no caminho do crescimento econó-

mico e social” e no exercício de “no-

vas formas de cidadania, de solida-

riedade, de criatividade e inovação”.

Licenciado em História pela Uni-

versidade de Coimbra, Paulo Cafofo,

de 41 anos, tem exercido a docência

em várias escolas da Madeira e foi

vice-coordenador do Sindicato dos

Professores, entre 2009 e 2911. In-

tegrou o secretariado da Fenprof e a

direcção da Associação de Arqueo-

logia e Defesa do Património da Ma-

deira. Aproximou-se da actividade

política nos últimos meses ao aceitar

a vice-presidência do Laboratório de

Ideias, criado pela actual direcção do

PS-Madeira para promover debates

sectoriais tendo em vista a governa-

ção regional e local.

Ao maior município do arquipé-

lago, actualmente presidido pelo

social-democrata Miguel Albuquer-

que, que não poderá recandidatar-se

devido à limitação de mandatos, o

PSD apresenta Bruno Pereira que se

faz acompanhar do também verea-

dor João Rodrigues. O CDS, que não

aderiu à coligação oposicionista, lan-

çada pelo líder regional do PS Vítor

Freitas, candidata o presidente do

partido, José Manuel Rodrigues.

Também o PCP, que não aderiu à

coligação, anunciou que vai concor-

rer a todos os órgãos dos 11 muni-

cípios do arquipélago. No Funchal,

candidata o advogado Artur Andra-

de à câmara e o seu coordenador

regional, Edgar Silva, à assembleia

municipal. PS e CDS-PP apoiam em

Santa Cruz a candidatura do Movi-

mento Juntos Pelo Povo, encabeçada

por Filipe Sousa, e, em São Vicente, a

lista independente liderada por José

António Garcês, dissidente do PSD.

Autárquicas Margarida Gomese Tolentino de NóbregaPresidente da Câmara de Sintra respeita decisão do Tribunal Cível de Lisboa e manterá o silêncio até que a decisão seja conhecida

As palavras compromisso e consenso

entraram nos discursos das bancadas

da maioria PSD/CDS que assumem

querer seduzir o PS para o novo ciclo

virado para o crescimento. Os socia-

listas e a restante oposição respon-

dem com cepticismo e perguntam

mesmo se o ministro das Finanças

vai travar o plano do ministro da

Economia.

O primeiro convite para o PS dar

o seu contributo surgiu pela voz do

deputado do PSD Paulo Baptista

Santos, que elogiou o plano para o

crescimento económico apresentado

ontem pelo ministro Santos Pereira,

colocando-o ao “lado da vanguarda

europeia”. A resposta do deputado

socialista Rui Paulo Figueiredo surgiu

em forma de pergunta: “Desta vez é

mesmo para valer? Desta vez vão mu-

dar de política? Desta vez o ministro

das Finanças não vai vetar a adopção

destas medidas? Ou vai ser apenas e

só mais um anúncio, mais um núme-

ro político para ser repetido daqui

a seis meses, e continuaremos com

esta espiral recessiva e sem mudar

de política?”

Paulo Baptista Santos contornou

estas perguntas e lembrou que os

sociais-democratas tomaram boas

notas das iniciativas que o PS propôs

para o crescimento. O BE e o PCP

criticaram o Governo por chegar

tarde à estratégia do crescimento e

PSD e CDS tentam seduzir PS para o plano de crescimento económico, socialistas estão cépticos

por ignorar o estímulo do mercado

interno no plano agora apresenta-

do. “Como é possível falar em cres-

cimento sem falar de consumo? O

consumo das famílias é miserável”,

apontou a deputada bloquista Cecília

Honório, acrescentando ainda que os

cortes das funções sociais do Estado

são contraditórios com o plano do

Governo. Bruno Dias, deputado do

PCP, lembrou que a maioria recen-

temente chumbou um projecto da

bancada comunista para incentivar

o fi nanciamento pelo banco público.

E atacou o “carácter propagandístico

e fraudulento” do plano de Santos

Pereira, já que “as famílias não têm

poder de compra”.

Pelo CDS, o deputado Hélder Ama-

ral voltou a apelar à oposição, em

particular ao PS, para olhar para o

plano do ministro, que é “um ponto

de partida, que precisa de tempo,

de estabilidade, de compromisso,

de consenso, de contributos”.

Numa outra declaração política,

pela voz do líder da bancada do PS

sobre o “desastre” da execução or-

çamental, a maioria foi branda na

resposta e lamentou apenas que os

socialistas não tivessem salientado a

folga de 500 milhões de euros.

O CDS voltaria a desafi ar o PS a

comentar o plano para a economia.

Carlos Zorrinho disse esperar que o

Governo passe “das palavras aos ac-

tos”, mas garantiu que as medidas

positivas para a economia “terão o

voto favorável do PS”.

ParlamentoSofia Rodrigues

No plenário, a maioria insistiu em trazer os socialistas para as medidas de crescimento. Oposição diz que o plano é tardio

“Desta vez as Finanças não vão vetar a adopção destas medidas?”

Capucho com independentes em Sintra

Eventual punição do PSD não preocupa

António Capucho, ex-conselheiro de Estado e antigo dirigente do PSD, deverá encabeçar a lista à

Assembleia Municipal de Sintra do candidato independente Marco Almeida, disse ao PÚBLICO fonte da candidatura. A mesma fonte adiantou que o processo ainda não está fechado — deverá ficar concluído dentro de uma semana —, mas o “processo de sintonia” que existe entre Marco Almeida e António Capucho aponta para um entendimento entre o ex-conselheiro de Estado e o candidato independente. Mesmo reconhecendo que pode ser alvo de um processo disciplinar do PSD, Capucho mostra disponibilidade para integrar a lista do actual vice-presidente

da Câmara de Sintra. “Embora seja militante há 38 anos e tenha ajudado a fundar o PSD com Sá Carneiro estou disponível para apoiar Marco Almeida. Estou a abrir portas porque estou empenhado no sucesso desta candidatura”, afirmou ao PÚBLICO o ex-presidente da Câmara de Cascais. Sobre um eventual processo disciplinar, não se mostra preocupado. “Eu conheço os estatutos. Se entenderam processar-me que me processem”. M.G.

RUI GAUDÊNCIO

Zorrinho diz esperar que o Governo passe “das palavras aos actos”

Page 17: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 17

José Sócrates comenta a actualidade política ao domingo

O provedor do telespectador da RTP

discorda da contratação de José Só-

crates como comentador residente

da estação e diz que não percebe os

critérios de pluralismo da direcção

de Informação. José Carlos Abrantes,

que termina o seu primeiro mandato

no fi nal do mês — por não ser renova-

do, como a lei permite —, dedicou o

seu último programa ao comentário

que o ex-primeiro-ministro tem na

RTP1, ao domingo à noite.

Apesar de o director de Informa-

ção Paulo Ferreira desvalorizar as crí-

ticas e garantir que usou apenas crité-

rios editoriais na escolha de Sócrates

para principal fi gura do comentário

da estação, o provedor considera que

se tratou de um “critério político” e

questiona por que não se deu lugar

às outras forças políticas, “fugindo ao

bloco central”. “O comentário para

ser credível deve ser feito por pes-

soas independentes e não por quem

tem interesses directos ou indirectos

na matéria que comenta”, afi rma o

provedor, considerando, sobre Só-

crates, que “é reveladora a força da

imagem televisiva que transformou,

em tempo acelerado, um vencido

na luta política num vencedor nos

ecrãs da RTP”. A estação pública

deveria “criar espaços verdadeira-

mente democráticos pelos assuntos

e pelos protagonistas, funcionan-

do o serviço público como padrão

de exigência e não como imitação

Provedor da RTP contra comentário de José Sócrates

apressada das outras televisões.”

No programa ouve-se a opinião de

cidadãos contra e a favor da matéria

discutida. Entre outros, José Carlos

Abrantes ouviu o ex-ministro da Cul-

tura Manuel Maria Carrilho, muito

crítico sobre a escolha de Sócrates

e para quem os protestos se “com-

preendem bem”. Carrilho diz ser

“surpreendente e um caso inédito na

Europa um antigo primeiro-ministro

transformar-se em comentador resi-

dente de uma estação”. Para este mi-

litante socialista, é “totalmente injus-

tifi cável que isso aconteça no serviço

público de TV, que tem duas obriga-

ções fundamentais: a isenção e o plu-

ralismo”. Carrilho classifi ca a invasão

dos ecrãs de TV por políticos como

um “desfi le de máscaras” e integra-a

no domínio do “info-entretenimen-

to”. Pluralismo, diz, é “ouvir os vários

pontos de vista que o país tem” e não

apenas os dois principais partidos.

Sebastião Lima Rego, membro do

Conselho de Opinião, defende que

o comentário político “tem que ser

feito por especialistas, jornalistas,

politólogos e académicos, que se-

jam independentes do objecto que

esteja a ser comentado”. “Não faz o

mínimo sentido pedir a políticos que

comentem sobre qualquer coisa em

que eles têm interesse.”

Já o politólogo André Freire alerta

para o problema da “transparência e

diversidade”. Mesmo que um políti-

co já não esteja no activo, “levanta-se

a dúvida sobre qual é o seu interesse,

em sentido lato, nas tomadas de po-

sição”. O académico, que considera

positivo que além do socialista a RTP

tenha também contratado o social-

democrata Nuno Morais Sarmento,

realça que ninguém critica o facto

de a TVI manter apenas o ex-líder do

PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, “sem

contraponto”.

PAULO PIMENTA

Comunicação socialMaria Lopes

Prestes a deixar a RTP, que não lhe renovou o mandato, José Carlos Abrantes foi muito crítico com a decisão da direcção de Informação

O ministro da Presidência e dos As-

suntos Parlamentares, Luís Marques

Guedes, foi ontem apresentar “cum-

primentos” ao grupo parlamentar

do PS, a quem explicou a forma co-

mo vê o exercício das suas funções,

que passa pelo estabelecimento de

“pontes pessoais”.

Luís Marques Guedes — que já

tinha visitado os restantes líderes

parlamentares, mas não o do PS,

por ausência deste — reiterou estar

“plenamente convicto” de que há

“um espaço muito importante, pa-

ra bem de Portugal, para entendi-

mentos”. “O relacionamento com o

Partido Socialista tem que ver com

a importância dos problemas que

o país tem e com a leitura que cada

um dos partidos, com a sua autono-

mia, faz dessa mesma importância

e da necessidade de resolver esses

problemas”, afi rmou, quando con-

frontado com a relação com o PS,

em particular.

À saída do encontro com o gru-

po parlamentar socialista, acom-

panhado pela secretária de Estado

dos Assuntos Parlamentares, Teresa

Morais, Marques Guedes disse aos

jornalistas que foi apresentar cum-

primentos aos deputados do PS,

assim como tem vindo a fazer com

outros grupos parlamentares.

“É assim que entendo a função

de um ministro dos Assuntos Par-

lamentares, tem que estabelecer

pontes pessoais, porque, indepen-

dentemente das nossas diferenças

políticas, se não houver um bom

relacionamento no plano pessoal,

tudo se torna mais difícil”, afi rmou.

“Na situação em que o país está, já

tem difi culdades sufi cientes, não va-

mos acrescentar a essas difi culdades

outras difi culdades de natureza pes-

soal”, sublinhou.

O ministro da Presidência e dos

Assuntos Parlamentares disse ter

manifestado aos grupos parlamen-

tares a sua disponibilidade e expli-

cado a forma como vê o exercício

das suas funções e da senhora se-

cretária de Estado, “e, a partir daí,

criar as pontes”. Luís Marques Gue-

des substituiu recentemente Miguel

Relvas como ministro dos Assuntos

Parlamentares.

Marques Guedes leva ao PS “pontespessoais”

Parlamento

Novo ministro dos Assuntos Parlamentares diz haver espaço para entendimentos, “para bem de Portugal”

ipsilon.publico.ptDísponível em formato digitalpublico.pt/digital/

Sexta

José Rentes de Carvalho

Gael Garcia Bernal

derruba Pinochet

Camané

O fado das nossas vidas

Aos 83 anos, vasta obra publicada, edita um romance na sua língua antes de ser traduzido para holandês. Não acontecia desde 1971

Um escritor novo aos 83 anos

Page 18: 25 Abril - Publico

18 | LOCAL | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

Câmara de Lisboa exige ser ouvida sobre concessão do metro e da Carris

António Costa diz-se disposto a “pagar” os serviços públicos de transporte, com verbas do estacionamento e do Imposto Municipal sobre Imóveis, mas só se também “mandar”

RUI GAUDÊNCIO

Câmara diz que o Governo quer aplicar novo modelo de gestão do metro e da Carris “à revelia” do município

A Câmara de Lisboa expressou on-

tem, por unanimidade, a sua “fi rme

oposição” a que o Governo “se ar-

rogue o direito” de concretizar um

novo modelo de gestão da Carris e

do Metropolitano de Lisboa “à re-

velia” do município e “em descon-

sideração” das suas “atribuições

e competências”. Já a ameaça de

recorrer aos tribunais para travar

a concessão e a exigência do paga-

mento de uma indemnização pela

nacionalização das duas empresas

em 1975, que também constavam

da moção apresentada por António

Costa, foram classifi cadas pelo PSD

e pelo CDS como “uma declaração

de guerra”.

Essas duas últimas reivindicações

acabaram por ser também aprova-

das na reunião camarária, mas com

os votos favoráveis da maioria e do

PCP e com os votos contra dos vere-

adores da direita, fi cando por alcan-

çar o consenso que o presidente da

autarquia ambicionava. O vereador

social-democrata Victor Gonçalves

ainda sugeriu que as alíneas alvo de

crítica fossem retiradas da moção,

mas António Costa rejeitou essa hi-

pótese.

“Temos de dizer a terceiros even-

tualmente interessados na conces-

são que consideramos um acto hos-

til ao município a participação nes-

te processo”, justifi cou o autarca,

defendendo também a necessidade

de essas entidades terem presente

o facto de o município ter “direitos

patrimoniais” pelos quais, em seu

entender, deve ser ressarcido.

Quanto à acusação, feita por

Santana Lopes e por António Car-

los Monteiro, respectivamente do

PSD e do CDS, de que estaria a fa-

zer “uma declaração de guerra” ao

Governo, António Costa negou que

assim fosse. “Acho que devemos ter

uma posição construtiva, de abertu-

ra e de diálogo, mas muito fi rme”,

disse, classifi cando como “absolu-

tamente inaceitável” que o secretá-

rio de Estado dos Transportes tenha

anunciado que iria concessionar a

Carris e o Metropolitano de Lisboa

sem ouvir a Câmara de Lisboa.

Santana Lopes, que esteve pre-

sente na reunião de ontem depois

de uma suspensão temporária do

empresa de que era detentor, res-

pondeu António Costa.

Já o vereador do CDS António

Carlos Monteiro lembrou o pesado

endividamento da Carris e do Me-

tropolitano de Lisboa e perguntou a

António Costa se porventura era um

“génio” que tinha encontrado uma

solução para o problema. O presi-

dente da Câmara de Lisboa lembrou

que essa é uma questão que também

se colocará aos privados, no caso

de avançar a concessão anunciada.

E defendeu que o Governo deve

assumir a percentagem da dívida

que diz respeito a investimentos

em infra-estruturas e pagar as in-

demnizações compensatórias em

atraso, avaliando-se depois quem

assume a dívida respeitante a custos

de exploração.

“Estamos disponíveis para pagar,

mas temos de mandar também”,

acrescentou António Costa, ante-

cipando que as verbas municipais

para manter os serviços públicos de

transportes poderiam vir das recei-

tas com o estacionamento em zonas

tarifadas e com a “publicidade exte-

rior” e do Imposto Municipal sobre

Imóveis. “Temos capacidade para

ajudar a fi nanciar, desde que tenha-

mos razão para isso”, concluiu.

MobilidadeInês Boaventura

mandato, lembrou que quando era

presidente da autarquia o PS se opôs

à municipalização daquelas empre-

sas. Quanto ao pagamento de uma

indemnização, reclamado por Antó-

nio Costa, o vereador do PSD ques-

tionou se tal direito não terá prescri-

to e perguntou se não seria melhor

o autarca optar pela “via do amor,

da concertação”, como terá feito no

caso dos terrenos do aeroporto. “O

tempo não revogou o decreto-lei de

nacionalização do Metropolitano de

Lisboa, que diz expressamente que

o município tem direito a ser indem-

nizado pelos 98,5% do capital” da

Repavimentações custam 13 milhões

Manuel Salgado apresentou plano para 2013

Manuel Salgado apresentou ontem, depois de o vereador do CDS o ter questionado sobre o

assunto em várias reuniões camarárias, o “plano de pavimentação” para o ano de 2013. Segundo o vereador das Obras Municipais, estão previstas “33 empreitadas de repavimentação” e “11 de conservação de pavimentos betuminosos, calçadas e espaços públicos”, num total de 13 milhões de euros. A isso juntam-se empreitadas de “conservação de pavimentos”,

que o autarca apelidou de “tapa-buracos” e que custam 600 mil euros, em quatro zonas de Lisboa: Oriental, Central, Ocidental e Segunda Circular. Também na sequência de uma interpelação do centrista António Carlos Monteiro, Manuel Salgado falou nas árvores da Ribeira das Naus, garantindo que “grande parte” dos exemplares a abater estava na zona em que vão ser construídas as rampas previstas no projecto de requalificação. E avisou que os plátanos “vão sofrer um desbaste grande” para permitir a sua transplantação. I.B.

Museu no Torreão

Exposição em Junho

O Museu da Cidade, hoje instalado num palácio no Campo Grande, vai adoptar a designação

de Museu de Lisboa e a sua sede será transferida para o Torreão Poente do Terreiro do Paço. O anúncio foi feito pela vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, que revelou que a primeira exposição no novo espaço abrirá já em Junho.

Catarina Vaz Pinto lembrou, na reunião camarária de ontem, que há muito se discutia no município a necessidade de encontrar novas instalações para o Museu da Cidade, dada a “exiguidade” do Palácio Pimenta. A expansão para um terreno contíguo no Campo Grande chegou a estar em cima da mesa, mas a solução escolhida acabou por ser a transferência do “núcleo-sede” deste equipamento cultural para a Baixa pombalina.

“É um espaço fantástico”, diz a vereadora sobre o Torreão Poente do Terreiro do Paço, explicando que serão utilizados os dois andares de cima deste imóvel e o sótão. Catarina Vaz Pinto quer que o estudo de reabilitação do espaço esteja concluído “até ao fim do ano”, mas adianta que a primeira exposição, dedicada aos anos 40, “será feita com o edifício no estado em que está”.

Os planos ontem apresentados pela vereadora da Cultura serão concretizados, segundo a própria, de forma “faseada” e baseiam-se num estudo apresentado por António Mega Ferreira sobre os museus municipais de Lisboa. A contratação do escritor em 2012 gerou polémica, por implicar uma despesa de cerca de 19 mil euros. I.B.

Page 19: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | LOCAL | 19

O presidente da Junta de Freguesia

da Costa da Caparica está indignado

com o fi m do programa Polis, anun-

ciado ontem pelo Estado, e acusou

os poderes políticos de prejudicarem

a cidade por cederem aos “lobbies da

linha do Estoril e Algarve”.

O Estado, accionista maioritário,

anunciou na assembleia geral da Cos-

taPolis que a sociedade responsável

pelo programa Polis na Caparica será

liquidada até Junho de 2014.

O presidente da Junta de Freguesia

da Costa da Caparica, António Neves

(PSD), disse à Lusa que a cidade pre-

cisava do programa de reabilitação

Autarca da Costa da Caparica acusa Governo de ceder a lobbies ao acabar com o Polis

urbana “como de pão para a boca”,

acrescentando que o Polis permitiria

“transformar uma terra com voca-

ção turística, com uma capacidade

enorme dos seus recursos naturais, e

tornar Lisboa na única capital euro-

peia com um santuário destes a dez

minutos de distância”. Mas, subli-

nhou, “os poderes políticos não têm

querido que isso aconteça por causa

dos lobbies da linha do Estoril, Cas-

cais e Oeiras e do Algarve”. “É uma

indecência completa”, lamentou.

A Costa da Caparica, disse ainda

António Neves, “está a ser espoliada

de uma intervenção que era urgente

e necessária” quando apenas dois

dos projectos do programa Polis

estão realizados — frente urbana de

praias e jardim urbano. “Redimen-

sione-se o investimento, redimen-

sionem-se os projectos, chamem-se

investidores, mas a preços agradá-

veis”, propôs.

O autarca social-democrata aponta

Assembleia geral

Social-democrata António Neves está indignado com decisão do Governo de acabar com o programa

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também o dedo à Câmara de Almada

(liderada pela CDU): “Alguém anda a

dormir. As ‘terras da Costa’, em vez

de terem batatas e cenouras planta-

das, têm anexos que são alugados a

peso de ouro e de que as Finanças

não sabem. A câmara não vê isto?”

António Neves vai pedir esclareci-

mentos ao Governo e à câmara — ac-

cionista minoritário que votou con-

tra a decisão do Estado, acusando o

Governo PSD/CDS de “abandonar a

Costa da Caparica, o seu potencial

de desenvolvimento económico e

ambiental e as populações” — sobre

o fi m do programa Polis. O progra-

ma — “o mais abrangente de todas

as intervenções Polis” — previa um

investimento inicial de 214,5 milhões

de euros e envolvia oito “projectos

estruturantes”, numa área total de

cerca de 650 hectares e oito quiló-

metros de “uma linha de costa que

constitui a praia, por excelência, da

área metropolitana de Lisboa”.

Breves

Setúbal

PJ detém suspeito de abuso sexual de criançasA PJ de Setúbal deteve um homem de 29 anos, que ficou em prisão preventiva, por suspeita de abusos sexuais de crianças. O comunicado da PJ diz que se trata de um ex-treinador de camadas juvenis masculinas: “A proximidade entre o presumível autor e as vítimas e a promessa de que as mesmas poderiam vir a ter um futuro brilhante no desporto convenciam-nas a sujeitar-se a contactos físicos, os quais se configuravam como reais abusos sexuais sobre as mesmas.”

O projecto do futuro Museu da Resis-

tência e Liberdade, na antiga cadeia

do Aljube, em Lisboa, foi ontem apre-

sentado, faltando a partir de hoje um

ano para a sua inauguração, quando

a revolução de Abril completar 40

anos. O Museu do Aljube Resistência

e Liberdade pretende “preservar a

memória e ser uma transmissão de

gratidão a todos aqueles que se ba-

teram contra a ditadura durante 48

anos”, realçou o presidente da câ-

mara, António Costa. E apresenta-

rá “um retrato alargado da História

contemporânea portuguesa, cobrin-

do múltiplos aspectos da resistência

contra a ditadura e da luta pela li-

berdade”. A obra de conversão do

edifício em museu custa cerca de 1,5

milhões de euros, com projecto dos

arquitectos Manuel Graça Dias e Egas

José Vieira.

Aljube recebe Museu da Resistência em 2014

Lisboa

Page 20: 25 Abril - Publico

20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

Retoma adiada na zona euro torna corte de taxas do BCE mais provável

Mario Draghi, na última conferên-

cia de imprensa em Frankfurt, já

tinha deixado um aviso, os últimos

indicadores económicos quase que

acabaram com as dúvidas: o Banco

Central Europeu (BCE) deverá mes-

mo baixar as suas taxas de juro para

um novo mínimo histórico dentro

de uma semana, quando o Conselho

de Governadores se reunir a 2 de

Maio em Bratislava, Eslováquia.

A expectativa de um corte, que

colocará a principal taxa de refi -

nanciamento em 0,5% (contra os

0,75% actuais), é generalizada entre

os analistas dos principais bancos

de investimento internacionais. A

agência de notícias Bloomberg fa-

lou com os especialistas em política

monetária de três instituições — No-

mura, UBS e Royal Bank of Scotland.

Todos eles estão a apostar que uma

descida das taxas de 0,25 pontos

percentuais venha a ser anunciada

na quinta-feira.

Esta previsão ganhou força no iní-

cio de Abril, no decorrer da confe-

rência de imprensa dada pelo presi-

dente do BCE no fi nal da última reu-

nião do Conselho de Governadores.

Nessa altura, Draghi falou de uma

economia da zona euro ainda sem

recuperar da forte queda do fi nal de

2012, deu conta da existência de ris-

cos para a actividade e reconheceu

que a taxa de infl ação está contro-

lada e com uma trajectória descen-

dente. Tudo indicadores que podem

justifi car uma descida dos juros.

E, como se quisesse transmitir

uma mensagem, Mario Draghi afi r-

mou que “o BCE está preparado pa-

ra agir”, uma frase que, no passado,

foi usada para sinalizar uma futura

mexida nas taxas.

Se, a seguir a estas declarações, a

expectativa de um corte era elevada,

passadas três semanas, ainda mais

forte é. Durante este período, os da-

dos económicos que foram sendo re-

velados na zona euro confi rmaram a

manutenção da economia em sérias

difi culdades. Na terça-feira, um dos

índices mais seguidos para avaliar o

ritmo da actividade económica — o

Purchasing Managers Index (PMI)

— registou na zona euro uma estag-

nação em Abril, fi cando-se pelos

46,5 pontos. Neste índice, é a mar-

ca dos 50 pontos que separa uma

economia de estar em contracção

ou em expansão. Isto signifi ca que,

depois da queda no quarto trimes-

tre de 2012 e da manutenção da ten-

dência no primeiro trimestre deste

ano, a zona euro continua em sérias

difi culdades para arrancar.

Para confi rmar a tendência, ontem

o índice de confi ança Ifo, que me-

de as expectativas dos empresários

alemães, caiu de 106,7 para 104,4

pontos, um resultado muito mais

negativo do que o esperado.

“A principal razão para a nossa pre-

visão [de corte de taxas] é o tom dos

comentários dos membros do Con-

selho de Governadores durante o úl-

timo mês. Outro mês de indicadores

fracos sobre a actividade económica

não nos diz que a retoma está irreme-

diavelmente perdida, mas diz-nos que

a retoma fi cou adiada mais um mês,

e isso, para nós, já é sufi ciente para

confi rmar a nossa previsão”, afi rmou

à Bloomberg Richard Barwell, um

analista do Royal Bank of Scotland.

Com as previsões de um corte de

taxas cada vez mais consensuais

crescem também em simultâneo as

dúvidas em relação ao impacto real

que essa decisão pode vir a ter na

economia da zona euro.

O problema, identifi cado pelo pró-

prio Mario Draghi e outros respon-

sáveis do BCE, é que, apesar de as

taxas de juro já estarem a um nível

muito baixo, continua a ser difícil fa-

zer chegar este crédito à empresas e

às famílias. Em particular, nos países

Mário Draghi disse há um mês que o Banco Central Europeu estava preparado para agir

O banco central reúne-se a 2 de Maio para decidir o que fazer às taxas de juro. Os dados económicos na zona euro mostram que Draghi deverá ter de cumprir a sua promessa de acção

Política monetária Sérgio Aníbal

0,75%É a taxa de juro de refinanciamento aplicada actualmente pelo BCE, o valor mais baixo desde a sua criação em 1999

BCE pode não devolver lucros aos Estados, diz Constâncio

OBanco Central Europeu (BCE) não pode devolver aos países sob pressão especulativa os lucros

conseguidos com o seu programa de compra de títulos de dívida pública porque isso constituiria uma “severa violação” do Tratado da União Europeia (UE), afirmou ontem o vice-presidente da instituição. Vítor Constâncio reagia a uma pergunta de Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda, durante uma audição no Parlamento Europeu (PE).

Retomando uma questão que tem invocado várias vezes, Marisa Matias perguntou a Constâncio se não considera “imoral” e o “contrário da retórica

da solidariedade” que o BCE obtenha lucros com a compra de dívida de países como Portugal e se não os deveria distribuir aos governos em causa.

Lembrando que os governos da zona euro decidiram no ano passado devolver à Grécia os ganhos obtidos pelos seus bancos centrais com a compra de dívida grega no quadro do financiamento do seu segundo programa de ajuda externa, Constâncio afirmou que o BCE também se disponibilizou para fazer o mesmo, mas sempre através dos governos. Ou seja, afirmou, “o compromisso foi assumido pelos governos”, que “podem fazer o que querem com os lucros que recebem

dos bancos centrais nacionais”. Em contrapartida, “nem o BCE, enquanto tal, nem nenhum banco central nacional pode fazê-lo, porque isso seria uma severa violação do tratado”.

O vice-presidente do BCE rejeitou ainda a crítica sobre a moralidade da operação, afirmando que os lucros em causa constituem “o resultado automático” do programa de compra de dívida lançado em plena crise da dívida grega, em Maio de 2010. Neste programa, os Estados estão a pagar juros a níveis mais baixos do que os do mercado, afirmou, insistindo: “Não estamos a tirar vantagem da crise nem do stress nem das condições de mercado”.

Page 21: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | ECONOMIA | 21

O Governo quer disponibilizar, até

Junho, uma linha de crédito de 2000

milhões de euros destinada às pe-

quenas e médias empresas (PME)

que vai permitir que estas tenham

mais tempo para pagar os emprésti-

mos contraídos junto da banca.

A ideia integra a Estratégia para o

Crescimento, Emprego e Fomento

Industrial 2013-2020, enviada ontem

aos parceiros sociais e aos partidos

políticos e que pretende servir de

base ao crescimento económico de

Portugal até 2020. As principais li-

nhas do documento foram apresen-

tadas pelo ministro da Economia,

Álvaro Santos Pereira, no fi nal do

Conselho de Ministros extraordiná-

rios de terça-feira.

Segundo o documento, a renego-

ciação das condições do empréstimo

entre as PME e a banca “permitirá

um alargamento das maturidades

em 50%”. Assim, nas micro e pe-

quena empresas, o prazo máximo

de reembolso passará de quatro

para seis anos. Nas empresas geral

e exportadoras, de seis para nove

anos e serão dados ainda “prazos

de carência de 12 meses em todas as

operações”. O objectivo é diminuir

pressões de tesouraria e estabilizar

as fontes de fi nanciamento.

O documento diz ainda que serão

“analisadas as condições de spreads

(margem do banco) praticados, com

o objectivo de “permitir a diminui-

ção dos mesmos”.

O Governo vai também avançar

com o regime de IVA de caixa na

segunda metade do ano e obrigar

a Caixa Geral de Depósitos (CGD) a

adiantar o IVA que o Estado ainda

não tenha devolvido às empresas.

“Introdução do ‘IVA de caixa’ pa-

ra as empresas com volume de negó-

cios até 500 mil euros, permitindo

que a entrega ao Estado do IVA seja

devida apenas após a cobrança das

facturas emitidas”, lê-se no docu-

mento. Cerca de 85% das empresas

nacionais têm facturações abaixo

de meio milhão de euros.

No mesmo texto, o executivo ex-

plica que a sua intenção passa tam-

bém por avançar com uma linha de

apoio à tesouraria das empresas.

Esta linha será disponibilizada pe-

PME vão ter mais tempo para pagarem empréstimos

la CGD, que fi ca assim com a tarefa

de adiantar às empresas o IVA que o

Estado ainda não lhes devolveu.

O Governo dizia já em Novembro

que pretendia avançar rapidamente

com a introdução do regime de IVA

de caixa, mas nunca indicou com

uma data-limite para a introdução

do regime.

O Governo anuncia ainda que

pretende criar, este trimestre, um

gabinete de apoio aos investidores

internacionais, que fi cará na depen-

dência da Autoridade Tributária e

Aduaneira (AT), que vai ter uma

equipa para esclarecer e apoiar po-

tenciais investidores estrangeiros

em Portugal.

Será igualmente analisada “a

possibilidade de criar” uma linha

de crédito fi scal extraordinário ao

investimento, para montantes até

aos 5 milhões de euros, que permi-

tirá a dedução à colecta em sede de

IRC de 20% do montante investido,

desde que não exceda os 70% do

montante daquela colecta.

Santos Pereira anunciou também,

na terça-feira, a criação de um ban-

co de fomento, que se designará por

Instituição Financeira de Desenvol-

vimento (IFD). No documento envia-

do ontem aos parceiros, explica-se

que, numa fase inicial, o fi nancia-

mento será quase todo dependente

da engenharia de fundos estruturais,

mas numa fase de maior maturidade

da instituição a ideia é conseguir di-

nheiro nos mercados de capitais. A

IFD, defende o documento, deverá

fazer uma gestão prudente e conser-

vadora, “diversifi cando as suas fon-

tes de fi nanciamento que deverão

ser enquadradas numa estratégia

de equilíbrio de maturidades entre

a composição do passivo e do acti-

vo”. Lusa

Financiamento

Na Estratégia para o Crescimento, o Ministério da Economia promete também criar o IVA de caixa no segundo trimestre

Ministro Álvaro Santos Pereira

periféricos como Portugal, os bancos

continuam a praticar taxas elevadas

nessas operações.

Será que um novo corte, de 0,75%

para 0,5% chega para mudar este ce-

nário? Todos concordam que não.

“Temos de ter noção que a efi cácia

de um corte de taxas de juro é limi-

tada, porque o mecanismo de trans-

missão não está a funcionar em par-

tes da união monetária”, disse, numa

entrevista recente ao Financial Times,

um dos mais importantes membros

do conselho executivo do BCE, o ale-

mão Jörg Asmussen.

Para que o efeito na economia fos-

se mais forte, seria necessário que o

BCE avançasse com uma nova ron-

da de medidas não convencionais,

que conduzissem a uma maior injec-

ção de liquidez na economia. Mario

Draghi disse, no início do mês, que o

banco central está a estudar várias al-

ternativas, mas os analistas não con-

tam com decisões a este nível para já,

talvez só em Junho.

YURI GRIPAS/REUTERS

O inquérito aos maiores bancos na-

cionais, divulgado ontem, revela

que “os critérios de concessão de

crédito e as condições aplicadas aos

empréstimos a empresas e a particu-

lares permaneceram praticamente

inalterados”, revelando, no entanto,

“a evidência de uma ligeira diminui-

ção da restritividade nos emprésti-

mos ou linhas de crédito a pequenas

e médias empresas (PME)”.

Das respostas dos cinco maiores

bancos nacionais, divulgadas on-

tem pelo Banco de Portugal (BdP)

“é visível uma ligeira diminuição

da restritividade reportada no que

diz respeito aos spreads aplicados

a empréstimos de risco médio, no

caso dos empréstimos ou linhas de

crédito a PME”.

Em sentido contrário, e ainda que

com menor intensidade do que em

trimestres anteriores, alguns bancos

continuaram a reportar um aumen-

to dos spreads aplicados aos emprés-

timos de maior risco, em todos os

segmentos de crédito analisados.

Os resultados do inquérito apon-

tam ainda para uma relativa estabi-

lização da procura de empréstimos

por parte das empresas e por par-

ticulares no caso dos empréstimos

para consumo e outros fi ns, obser-

vando-se uma ligeira diminuição no

caso dos empréstimos para aquisi-

ção de habitação.

Ainda de acordo com as respos-

tas dos bancos, “as condições mo-

netárias e fi nanceiras da economia

portuguesa permaneceram conside-

ravelmente restritivas no primeiro

trimestre de 2013, mas não se agra-

varam relativamente ao trimestre

anterior”.

Apesar de evidenciarem alguma

melhoria nos empréstimos às PME,

os cinco grupos bancários portugue-

ses incluídos na amostra esperam

que, para o trimestre em curso, “os

critérios de concessão de crédito se

mantenham virtualmente inaltera-

dos, tanto no caso das empresas,

como dos particulares (habitação

e consumo e outros fi ns)”.

Em sintonia com o resultado do

inquérito, Faria de Oliveira, presi-

dente da Associação Portuguesa de

Financiamento da banca às PME melhorou ligeiramente

Bancos, afi rmou que, “nos últimos

quatro meses, tem-se registado al-

guma descida de spreads por parte

de instituições, que deriva do facto

de a liquidez dos bancos estar con-

fortável”.

Mas, apesar desta descida, Fa-

ria de Oliveira salientou que as ta-

xas de juro cobradas pelos bancos

aos clientes não deverão descer de

forma signifi cativa nos próximos

tempos devido às “desvantagens

competitivas” do sistema bancário

português.

“Na situação actual, em que o

sistema bancário vive cheio de des-

vantagens competitivas, com custos

de fi nanciamento muito elevados e

com imparidades a aumentar, não

se pode esperar a curto prazo uma

grande diminuição dos spreads das

instituições”, disse Faria de Olivei-

ra aos jornalistas, no Parlamento, à

margem de uma audição na Comis-

são de Orçamento e Finanças.

Faria de Oliveira afi rmou ainda

que a fi xação das taxas de juro, se-

jam altas ou baixas, não é feita “por

gosto”, mas com base num conjunto

de factores que infl uenciam o preço

do dinheiro. No mesmo sentido, o

governador do Banco de Portugal,

Carlos Costa, disse, também no Par-

lamento, que os bancos têm todo o

interesse em conceder crédito para

melhorarem a sua rentabilidade e

que, se não há mais fi nanciamen-

to, isso deve-se à “percepção de

risco” da banca face às empresas.

com Lusa

Rosa Soares

Carlos Costa foi ao Parlamento

Page 22: 25 Abril - Publico

22 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

É difícil comentar a execução de

um Orçamento que já não o é. O

Orçamento do Estado (OE) 2013,

terá que ser substantivamente

alterado pelo Orçamento

rectifi cativo. O objectivo para o

défi ce orçamental aumentou para

5,5% do PIB, é preciso considerar

o aumento das despesas com

pensões e salários da função

pública para acomodar as

decisões de inconstitucionalidade

do Tribunal Constitucional,

bem como compensar os cortes

previstos nos subsídios de doença

e desemprego que também foram

considerados inconstitucionais.

Para além disto, as receitas fi scais

foram estimadas num cenário de

recessão de 1%, quando ele agora

é de 2,3%. Em suma, o rectifi cativo

que aí vem não é apenas uma

pequena rectifi cação, mas uma

alteração com impacto nos

grandes agregados orçamentais.

De qualquer modo, o

OE2013 é a base que temos e é

importante compreendê-lo para

se perceber coisas tão diferentes

como estas: que margem de

manobra tem (ou não tem) o

Governo após as decisões do

TC? Em que falamos quando

referimos “reforma do Estado”?

A fi gura apresenta a estrutura

da despesa (consolidada) da

administração central e Segurança

Social (AC+SS) orçamentada no

OE, isto, é onde se retiraram

apenas as transferências para

a administração regional e

local. A despesa com pensões

e as despesas com pessoal

representam 50% desta despesa.

Aqui a margem de manobra do

Governo reduziu-se drasticamente

com o acórdão. Ao não poder

mexer em salários, o Governo

mexerá porventura no emprego

público, o que é muito pior.

Adicione-se agora as despesas

na aquisição de serviços na

área da saúde (medicamentos,

meios auxiliares de diagnóstico,

aquisição de serviços a hospitais

empresarializados, etc.), as outras

prestações sociais (desemprego,

RSI, CSI) e as transferências para

as instituições particulares de

solidariedade social (da SS), que

são quem assegura a esmagadora

maioria de lares de idosos deste

país, e chegamos a 66,4% da

despesa. Por fi m, adicionem-

se os juros da dívida e estamos

em mais de três quartos da

despesa (77,6%). Desta, em 27,6

pontos percentuais poderá haver

poupanças, mas são difíceis e

terão elevados custos sociais, em

particular nas áreas da saúde e da

Segurança Social.

Há outra leitura dos dados

que espero que contribua

para acabar com um primeiro

mito em torno da “reforma do

Estado”, do “peso do Estado” e

das suas “gorduras”. Da despesa

consolidada da AC+SS, só cerca

de um terço (38%) corresponde

a despesas com actividades do

Estado. É a soma de pessoal,

aquisição de serviços (incluindo

transferências para hospitais

EPE) e do investimento. Cerca de

dois terços (62%) não tem nada

a ver com “gorduras”, “peso” ou

“máquina do Estado”. São verbas

AnálisePaulo Trigo Pereira

que constituem despesa, mas

“saem” sob a forma de pensões,

outras prestações sociais, juros,

subsídios, transferências para

IPSS, etc. Isto nada tem a ver com

o peso da “máquina” do Estado.

Outro mito é o de que se pode

cortar facilmente na aquisição de

bens e serviços. Pode-se cortar

algo, mas os dados mostram que

mais de metade desta é na Saúde,

e portanto é difícil cortar naquela

sem haver cortes nesta.

É preciso encontrar novos

caminhos, mas não será nada

fácil...

P.S. – No 25 de Abril de 1974,

estávamos cheios de alegria e de

esperança. Hoje, apesar de todos

os progressos económicos e nos

direitos individuais e sociais,

estamos muito apreensivos e

vivemos sob protectorado. Deixo

aqui fragmento de um poema de

Jorge Luis Borges (Aprendiendo)

“Con el tiempo aprendes a

construir todos tus caminos en

el hoy, porque el sendero del

mañana no existe.”

O Orçamento que já não o é e os mitos da despesa pública

Orçamento 2013

Fonte: OE2013 e cálculos Paulo Trigo Pereira

Despesa consolidada da administração central e Segurança Social,OE2013

Transferência de capital e outras

Investimento

Outras transf. correntes

Transf. corrente IPSS (S.S.)

Outras prestações sociais

Pensões (CGA+SS+bancários)

Juros e outros encargos

Subsídios

Aquisição outros serviços

Aquisição de serviços saúde

Despesas com o pessoal 17,7%

9,7%

7,4%

2,5%

11,5%

32,3%

4,7%

2,0%

8,0%

3%

1,2%

O Constitucional e a execução orçamental

As metas para o défice trimestral estabelecidas pela troika são iguais em 2012 e 2013. A boa notícia

é que este ano, assim como no ano passado, cumpriu-se as metas estabelecidas para o primeiro trimestre (défice de 1990 milhões). Convém, porém, realçar que este trimestre o défice é mais do triplo do que em Março de 2012 (ver figura). Uma razão é desde logo a administração central onde as empresas públicas (reclassificadas) agravaram o défice, sobretudo porque receberam menos transferências de capital do Estado. Já que o subsector Estado transferiu menos, esperar-se-ia, tudo o resto constante, que melhorasse o seu saldo. Tal não aconteceu, pois está a haver um ligeiro crescimento das despesas com pessoal (devolução em duodécimos de um subsídio aos funcionários), mas sobretudo transferências acrescidas para a Segurança Social (SS) que recebeu mais 459 milhões do que no primeiro trimestre de 2012. Mesmo com essa receita adicional a SS diminuiu o seu excedente e isso deve-se ao aumento das pensões (338 milhões) e dos subsídios de desemprego (92). De registar uma pequena redução no complemento solidário para idosos, uma prestação atribuída a idosos pobres em função

da avaliação de recursos (ao contrário da pensão mínima). O rendimento social de inserção diminuiu mais significativamente, registando-se decréscimo no subsídio de doença.

Na parte da receita do Estado, embora seja cedo para tirar conclusões definitivas, todos os impostos (à excepção do imposto sobre o tabaco) têm crescido menos, ou regredido mais do que o previsto no OE2013. Por exemplo, espera-se que no final do ano o IRS cresça 31,9% e até agora cresceu 22,6% em relação a Março de 2012. A colecta de IVA, orçamentada em mais 4% do que no ano anterior, de momento regrediu 0,6%.

A administração local também tem um agravamento significativo do défice orçamental, quer pela diminuição das receitas de impostos directos, indirectos e taxas, quer pelo ligeiro aumento da despesas com pessoal pelas razões acima aduzidas.

A decisão do Tribunal Constitucional vai agravar as despesas com pessoal e as já de si altas e crescentes despesas com pensões e aumentar a desigualdade entre insiders e outsiders: desemprego para precários e mobilidade especial na função pública, cortes em outras prestações sociais, mesmo havendo medidas correctas como a nova taxa sobre as PPP.

MIGUEL MANSO

Fonte: MFAP Boletins de execução orçamental e cálculos Paulo Trigo Pereira

Março 2013Março 2012

Segurança Social

Administração local

Administração regional

Entidades públicas reclassificadas

Serviços e fundos autónomos excluindo EPR

Estado

Administração central

Saldo das administrações públicas (C.P.)

Limites do PAEF -1900

-1441

-1469

-1852

-390

-110

773

135

4

-1900

438,0

-760,9

-1637

-68,1

24,1

19,3

278,2

944,2

Execução orçamental do 1.º trimestreExecução dos vários subsectores das administrações públicas

Page 23: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | ECONOMIA | 23

PAULO RICCA

Comissão de Trabalhadores acusa ministro da Defesa de desconhecer o que “anda a pôr à venda”

O presidente da Câmara de Viana

do Castelo, José Maria Costa, anun-

ciou, ontem, numa conferência de

imprensa conjunta com a comissão

de trabalhadores (CT) dos Estaleiros

Navais (ENVC), que o município já fez

o “trabalho de casa” e enviou para o

Governo as bases de um plano de re-

estruturação da empresa, face à “in-

capacidade” do ministro da Defesa

“de defender o sector, por não ter ne-

nhum projecto nem estratégia, a não

ser vender a patacos”. Já o porta-voz

dos trabalhadores, António Costa,

exigiu o “afastamento imediato” de

Aguiar-Branco do processo dos ENVC.

A posição conjunta surgiu na se-

quência das declarações do ministro

da Defesa, Aguiar-Branco, que, na

terça-feira, à agência Lusa garantiu

que o Governo não avançará para

uma “discussão contenciosa” com

a Comissão Europeia sobre os Esta-

leiros. “Esta discussão contenciosa

é uma situação que, pela natureza

do processo, nunca teria qualquer

conclusão antes, na melhor das hi-

Câmara de Viana propõe plano para reestruturar os Estaleiros Navais

póteses, de seis meses, e, num pra-

zo normal, seria sempre superior a

seis meses. Por isso haveria sempre

o risco de, no fi nal, a decisão, como

é o mais provável, não ser favorável

ao Estado português”, disse Aguiar

Branco.

Uma atitude “surpreendente” afi r-

mou o autarca socialista: “O senhor

ministro não vai defender uma coi-

sa que é sua, um património que é

de todos, 181 milhões de euros que

todos nós pusemos, com dinheiro

dos nossos impostos. Julgava que um

membro do Governo estava para de-

fender os interesses nacionais e não

outros interesses.”

O município preparou uma pro-

posta de um plano de apoio à rees-

truturação do sector industrial na-

val “que, ontem mesmo, fez seguir

para o Governo, para o Presidente

da República e para os partidos com

representação parlamentar”. Plano

que, diz o autarca, poderá ser iden-

tifi cado como um “projecto-piloto”,

integrando as “estratégias” do Go-

verno para omar e para a economia

para ser candidatado aos fundos do

Quadro de Referência Estratégico

Nacional (QREN).

O autarca apelou ainda a um enten-

dimento dentro do próprio Governo:

“É surrealista. Por um lado, temos

um ministro que não defende uma

empresa e, por outro, temos um mi-

nistro que diz que quer reindustria-

lizar o país. Acho que se devem en-

tender e ter uma estratégia comum.”

O porta-voz da CT, António Cos-

ta, pediu o “afastamento imediato”

de Aguiar Branco “depois de ter

demonstrado uma inqualificável

desonestidade para com os traba-

lhadores” e por ter “posto de lado

o interesse público em detrimento

de interesses dos investidores”. “É

como quando estamos a vender

a nossa casa. Temos que vender e

saber aquilo que estamos a vender.

E o senhor ministro anda a pôr esta

casa à venda e não sabe o que está

a vender.”

Costa garantiu ter fi cado “estupe-

facto” com as declarações de Aguiar-

Branco face à abertura manifestada

por Bruxelas. Na terça-feira à agência

Lusa a Comissão Europeia admitiu

que se Portugal apresentar um pla-

no de reestruturação que satisfaça as

regras comunitárias da concorrên-

cia, os estaleiros poderão não ter de

devolver, pelo menos, parte dos 181

milhões de euros em apoios públicos

concedidos desde 2006.

Indústria navalAndrea Cruz

Comissão de trabalhadores nota contradições entre o ministros da Defesa e o da Economia, que tem projecto de reindustrialização

620Os estaleiros de Viana têm, actualmente, no quadro, 620 trabalhadores que dificilmente encontrarão emprego num quadro de encerramento

O despacho do Ministério das Fi-

nanças que, desde o passado dia 8

de Abril, tinha congelado a realiza-

ção de novas despesas na adminis-

tração pública, deixou, a partir de

ontem, de estar em vigor.

A declaração de caducidade do

despacho foi feita através de um

outro despacho assinado por Vítor

Gaspar, ministro das Finanças, com

data de 23 de Abril, mas que ape-

nas ontem foi publicado no site da

Direcção-Geral do Orçamento.

Nesse documento, Vítor Gas-

par afirma que, com os ajusta-

mentos da despesa para cada

ministério decidido no Conselho

de Ministros da semana passada,

foi “atingido o objectivo para o

qual foi elaborado” o despacho

de congelamento da despesa.

Vítor Gaspar descongela realização de nova despesa no Estado

O ministro das Finanças relem-

bra, contudo, “a necessidade de

cumprimento da lei dos compro-

missos e dos pagamentos em atraso

e respectiva regulamentação por

parte de todas as entidades, não

assumindo, em particular, com-

promissos para os quais não dis-

ponham de fundos disponíveis para

o efeito”.

O despacho de congelamen-

to da despesa foi justifi cado pelo

Governo pela necessidade de ga-

rantir que, depois do acórdão do

Tribunal Constitucional, os limites

do défi ce público continuassem a

ser cumpridos. O executivo sem-

pre afi rmou que a sua vigência seria

curta, até que fi cassem defi nidos

novos limites de despesa para os

ministérios.

A execução orçamental do pri-

meiro trimestre mostra que a des-

pesa primária do Estado cresceu

cerca de 7,1%.

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FÁBRICA DOS PENTESos bastidores do Canal Q

DOMINGO, ÀS 23H

3 ANOS

Page 24: 25 Abril - Publico

24 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2013

PSI 20 INDEX 1,74 6132,360 342759144 6064,850 6179,160 6064,850 3,86 8,44ALTRI 0,52 1,945 178636 1,930 1,948 1,923 7,56 22,48BANIF -0,855 0,116 115335 0,117 0,119 0,115 3,54 -20,55BPI 1,74 1,055 2102169 1,040 1,085 1,032 4,33 11,88BCP -0,96 0,103 290467947 0,104 0,107 0,099 14,29 37,33BES 0,72 0,835 24731773 0,838 0,858 0,808 6,28 -6,70COFINA 0,6 0,499 73203 0,500 0,500 0,492 -3,69 -15,28EDP 0,75 2,569 9125751 2,557 2,619 2,557 3,66 12,18EDP RENOVÁVEIS 1,95 3,860 1269578 3,801 3,890 3,797 0,72 -3,36GALP ENERGIA 0,68 11,890 1761605 11,860 11,940 11,760 0,72 1,11J. MARTINS 6,78 18,100 3090408 17,200 18,280 17,200 5,97 23,97MOTA ENGIL 1,73 1,999 208634 1,980 1,999 1,964 3,91 27,57NOVABASE 0,828 2,800 19190 2,800 2,800 2,742 1,91 21,74PT 0,39 3,875 3803876 3,875 3,921 3,865 -0,52 3,36PORTUCEL -0,56 2,671 206632 2,686 2,713 2,664 1,7 17,15REN 1,61 2,274 116463 2,250 2,279 2,235 3,04 10,66SEMAPA 1,93 7,068 26315 6,980 7,077 6,977 -1,39 24,22SONAECOM 1,3 1,710 448998 1,693 1,718 1,693 1,69 15,46SONAE IND. 0 0,538 188828 0,539 0,548 0,534 2,09 10,02SONAE 5,28 0,738 4566719 0,706 0,738 0,701 2,34 7,42ZON MULTIMEDIA 0,52 3,311 257084 3,283 3,350 3,283 1,64 11,48

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juro Euribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 290.467.947BES 24.731.773EDP 9.125.751SONAE 4.566.719PT 3.803.876

J. Martins SGPS 6,78Sonae 5,28EDP Renováveis 1,95%

BCP -0,96%Banif -0,855%Portucel -0,56%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

5,70

5,95

6,20

6,45

6,70

1,30150,8527129,392,62321,2322

0,206%0,319%

101,871427,21

2,918%5,765%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

2500

2575

2650

2725

2800

5500

5750

6000

6250

6500

0,300

0,325

0,350

0,375

0,43

1,74%1,47%

0,26%

Breves

Impostos

Função pública

Fisco concluiu avaliação de 4,9 milhões de imóveis

STE quer subsídio pago em Junho e Julho

O processo de avaliação de 4,9 milhões de imóveis urbanos foi concluído pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) em Março, dentro do calendário negociado com a troika, anunciou ontem o Ministério das Finanças. Nos casos em que o contribuinte foi notificado do valor do IMI a pagar antes da conclusão da avaliação patrimonial, o montante é corrigido este ano. Se o imposto pago tiver sido superior ao valor apurado, o reembolso é imediato. Já se a avaliação determinar um aumento do IMI, o acerto é feito em Novembro. No caso em que o imposto a pagar é superior a 500 euros e o valor entretanto apurado na avaliação for mais baixo, “não haverá lugar à prestação referente ao mês de Julho”, esclarece uma circular da AT.

O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) espera que o Governo altere a proposta e pague o subsídio que queria retirar a todos os funcionários e pensionistas ainda em Junho e Julho. “A proposta que foi apresentada é uma proposta que está confusa. Nós acreditamos que é um primeiro borrão que o Governo fez em relação a esta matéria e que virá, agora, discutir com as organizações sindicais a possibilidade de se alterar e melhorar”, afirmou a vice-presidente do STE, Helena Rodrigues. Ainda assim, e da primeira “leitura”, o sindicato manifesta-se “preocupado com a facilidade com que o Governo mexe naquilo que são a remuneração e as pensões, colocando a incerteza nos trabalhadores e nos pensionistas”.

Lucros da Apple caíram 18% no primeiro trimestre deste ano

A emissão de dívida que a Apple vai

realizar para recompensar os accio-

nistas pela quebra nos lucros não

vai benefi ciar da notação máxima

de risco concedida pelas agências,

o famoso triple A (AAA). Tanto a

Moody’s como a Standard & Poor’s

(S&P) já anunciaram que vão con-

ceder à operação apenas a segunda

notação mais elevada.

Os responsáveis da S&P ainda não

publicitaram as razões para esta po-

sição, mas um dos supervisores da

Moody’s afi rmou que a opção por

um degrau abaixo do triple A tem a

ver com a “mudança da preferência

dos consumidores” face aos produ-

tos da marca da maçã trincada.

O aumento da atractividade dos

produtos da concorrência é, preci-

samente, a principal razão na ba-

se da queda de 18% dos lucros da

companhia no primeiro trimestre

deste ano. Algo que não acontecia

há uma década.

Na sequência destes resultados

— pelo menos, um pouco decepcio-

nantes —, o presidente da Apple,

Tim Cook, anunciou, através de

uma videoconferência com inves-

tidores e analistas, que iria reforçar

o programa de remuneração dos ac-

cionistas. O montante destinado a

este plano, que irá estender-se até

2015, ascende a 100 mil milhões de

dólares, que a Apple pretende ir le-

Apple sem triple A na operação de emissão de dívida

vantar ao mercado — não usando,

portanto, os 145 mil milhões de dó-

lares que tem nos cofres.

A agência Reuters afi rma que este

monte de dinheiro (cash pile) é mui-

to superior às reservas de todas as

empresas cotadas em Nova Iorque,

muitas delas com dívida acumulada

em vez de um superavite.

Longe dos tempos áureosA situação actual da Apple está lon-

ge de se assemelhar a tempos áure-

os dos últimos anos, quando exercia

um domínio claro e absoluto sobre

o mercado dos gadgets e impunha

as regras que muito bem entendia

aos seus clientes, forncedores e con-

correntes.

Hoje, o reforço da dinâmica de

algumas das fi rmas que operam no

mesmo mercado, nomeadamente

da sul-coreana Samsung na área

dos telefones móveis e dos tablets,

retirou quota de mercado à empre-

sa criada por Steve Jobs e diminuiu

a sua rentabilidade. No primeiro

trimestre deste ano, os lucros da

empresa de Cupertino, Califórnia,

somaram 9500 milhões de dóla-

res, contra os 11.600 apresentados

no fi nal dos últimos três meses de

2012.

Com este novo enquadramento,

as acções da Apple têm vindo a so-

frer na Bolsa de Nova Iorque. Depois

de um pico ligeiramente superior a

700 dólares atingido em meados de

Setembro do ano passado, as acções

da companhia iniciaram um ciclo de

quebra que culminou, no início da

semana, nos 390 dólares. Anteon-

tem, o anúncio do programa de re-

muneração dos accionistas aliviou,

por algumas horas, o declínio do

título, que depois voltou a entrar

em ritmo de perda.

WANG ZHAO/AFP

TecnológicasJosé Manuel Rocha

A companhia vai levantar 100 mil milhões de dólares no mercado para remunerar accionistas em tempo de queda de lucros

Page 25: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | MUNDO | 25

Napolitano escolhe Enrico Letta, do PD, para formar o Governo italiano

O primeiro-ministro indigitado é jovem, pelas normas italianas, mas tem mais de 20 anos de experiência política. E três prioridades: o emprego, a credibilidade da política e as reformas institucionais

MAX ROSSI/REUTERS

Enrico Letta conhece bem os bastidores da política e a “piscina de tubarões” não lhe mete medo

O Presidente Giorgio Napolitano en-

carregou ontem Enrico Letta, “nú-

mero dois” do Partido Democrático

(PD), de formar o próximo Governo

italiano. “A única perspectiva possí-

vel é uma ampla coligação”, escla-

receu o Presidente. Leia-se: deverá

incluir o Povo da Liberdade (PdL),

de Silvio Berlusconi. Letta prome-

teu “um Governo de serviço” e disse

que “não nascerá a qualquer preço,

nascerá se forem reunidas as con-

dições.”

Apontou três prioridades: com-

bater o desemprego, sobretudo o

dos jovens, restaurar a credibilidade

da política e fazer as reformas insti-

tucionais. Quer também mudar as

políticas europeias: “Na Europa, as

políticas de austeridade deixaram

de ser sufi cientes.” Concluiu: “Os

italianos já não suportam os jogos

e joguinhos da política, querem

respostas. Apresento-me perante

eles com grande humildade, com o

sentido dos meus limites e com uma

responsabilidade que me honra.”

A escolha de Letta é natural, na

medida em ele passou a dirigir in-

terinamente o partido mais votado

nas eleições de Fevereiro. Era um

dos três nomes citados nos meios

políticos após a reeleição de Napo-

litano — ao lado do antigo primeiro-

ministro Giuliano Amato e do presi-

dente de Florença, Matteo Renzi. Os

matutinos de ontem apostavam em

Amato. Nos bastidores, diz-se que

Amato desagradava ao PD e Renzi a

Berlusconi. A decisão do Presidente

marca uma mudança geracional na

política italiana.

Jovem e veteranoCom 46 anos, doutorado em Direito

Comunitário, Enrico Letta é um dos

mais jovens chefes de Governo da

República. Tem, no entanto, uma já

longa carreira. Está na política des-

de 1990, ano em que conheceu o seu

mentor, Nino Andreatta, ministro

democrata-cristão que o levou para

o seu gabinete no Ministério dos Ne-

gócios Estrangeiros. Trabalhou de-

pois com o antigo Presidente Ciampi

na Comissão para o Euro.

Vice-presidente do Partido Po-

pular, que sucedeu à democracia

cristã, integrou o primeiro Gover-

Letta é descrito como um político

discreto e pragmático, “pós-ideoló-

gico”, que sabe negociar e unir. É

um homem de redes e think tanks,

com boas relações com os rivais no

PD ou com Berlusconi, com o Vati-

cano e com o mundo empresarial,

com as instâncias europeias e com

os Estados Unidos.

Na “piscina dos tubarões”O primeiro-ministro indigitado co-

nhece os bastidores da política, sa-

be discutir na televisão e “a piscina

dos tubarões” de Roma não lhe mete

medo, sintetiza o Handelsblatt, o di-

ário económico alemão.

Os obstáculos são imensos. Letta

apoiou fi elmente a linha de Bersani

que recusava liminarmente a pos-

sibilidade de um acordo governa-

mental que incluísse Berlusconi.

Cabe-lhe agora convencer o PD da

inevitabilidade desse acordo. Rober-

to Speranza, líder parlamentar do

PD, já avisou os deputados: “O voto

de confi ança não é um voto de cons-

ciência, mas um voto que determina

a pertença ao partido.”

A relação com Berlusconi será

ainda mais crítica. Após a dramática

semana que culminou na eleição de

Napolitano e no seu duro discurso

de crítica aos políticos, os partidos

têm interesse em parecer virtuosos.

O verniz poderá estalar nos debates

sobre as reformas institucionais. O

PD aceita “o roteiro” desenhado pe-

los “sábios”, nomeados pelo Presi-

dente. Mas o PdL tem um “roteiro”

diferente e Berlusconi insiste numa

reivindicação que o PD recusa: a

imediata abolição do IMI imposto

pelo Governo Monti.

Mas, por trás do primeiro-minis-

tro, estará sempre a fi gura tutelar

de Napolitano. “O Quirinal estará

vigilante”, diz um analista.

Itália Jorge Almeida Fernandes

no de centro-esquerda de Massimo

D’Alema, em 1998, como ministro

das Políticas Comunitárias. Será

depois ministro da Indústria e do

Comércio. Em 2006, é escolhido por

Romano Prodi para o vital lugar de

subsecretário de Estado da Presidên-

cia do Conselho, sucedendo a seu

tio, Gianni Letta, o “braço direito”

de Berlusconi. Devolverá o lugar ao

tio dois anos depois, na sequência

da derrota do centro-esquerda e do

regresso do Cavaliere. Foi a seguir

deputado europeu pela coligação

Oliveira (centro-esquerda).

Em 2007, é um dos fundado-

res do Partido Democrático, que

reúne três famílias políticas: pós-

comunistas, democratas cristãos

e centristas liberais, sendo eleito

para o secretariado. Em 2009, foi

eleito vice-secretário nacional, o

“número dois” do partido, a seguir

a Pierluigi Bersani.

“Os italianos já não suportam os jogos e joguinhos da política e querem respostas. Apresento-me perante eles com grande humildade e com o sentido dos meus limites”Enrico Lettaprimeiro-ministro indigitado

Page 26: 25 Abril - Publico

26 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

O dono do edifício disse que a fissura não era problema

Bombeiros e militares trabalharam

sem parar durante todo o dia de

ontem para resgatar sobreviventes

e retirar corpos dos destroços pro-

vocados pela derrocada de um edi-

fício no Bangladesh, nos arredores

da capital, Daca. Mais de duas mil

pessoas trabalhavam em fábricas de

vestuário e num centro comercial do

Rana Plaza, que ruiu por volta das

9h locais (4h em Lisboa).

Ao fi m do dia, as equipas de resga-

te e salvamento tinham encontrado

112 corpos, mas o caos provocado

pela derrocada deixava perceber

que o número fi nal poderá ser bas-

tante superior. “Parecia um terra-

moto”, disse à agência Reuters um

habitante de Savar, a 30 quilómetros

de Daca. Zohra Begun, uma das mui-

tas operárias das fábricas de vestuá-

rio que funcionavam no Rana Plaza,

contou à mesma agência que no mo-

mento da derrocada estava no 3.º

andar do edifício de oito pisos: “De

repente ouvi um som ensurdecedor,

mas não consegui perceber o que

se passava. Comecei a correr e fui

atingida por algo na cabeça.” Um

dos médicos do hospital de Enam,

para onde foram transportadas mui-

tas das vítimas, disse à AFP que há

feridos em estado grave.

A proliferação de fábricas de ves-

tuário no Bangladesh, devido aos

contratos com conhecidas marcas

Derrocada no Bangladesh fez mais de 100 mortos

ocidentais e à mão-de-obra barata,

tem deixado atrás de si um rasto trá-

gico. No mês passado, 117 pessoas

morreram num incêndio numa fá-

brica. Nos últimos oito anos, o ba-

lanço dos maiores incidentes ascen-

de a 225 mortos, sem contar com as

vítimas mortais de ontem: em 2005,

75 pessoas morreram no desmoro-

namento de uma fábrica, também

nos arredores da capital; em 2010,

um edifício de quatro andares ruiu,

matando 25 pessoas; e em Novem-

bro do ano passado, 13 pessoas mor-

reram na queda de uma ponte em

construção, em Chittatong.

A derrocada do Rana Plaza acon-

teceu menos de uma semana após

as autoridades terem avisado os

responsáveis de que tinha sido de-

tectada uma fi ssura no edifício. O

chefe da polícia local, Mohammad

Asaduzzaman, disse à Reuters que

os donos das empresas ignoraram

o aviso, mas alguns proprietários

dizem que não receberam ordens

para suspender os trabalhos. “Havia

uma fi ssura qualquer no 2.º andar,

mas a minha fábrica fi cava no 5.º an-

dar”, disse Mohammad Anisur Rah-

man, citado pela mesma agência.

“O dono do edifício disse ao nosso

gerente que não era um problema

e que podíamos manter a fábrica

a funcionar”, disse o empresário,

cuja empresa foi subcontratada pa-

ra fabricar vestuário para a norte-

americana Walmart.

O Bangladesh é o segundo maior

exportador de vestuário do mundo.

A mão-de-obra barata (os salários

mais baixos rondam os 27 euros por

mês) e os contratos com empresas

multinacionais têm levado à cons-

trução de muitos edifícios sem auto-

rização, segundo os corresponden-

tes da agência Reuters no país.

ANDREW BIRAJ/REUTERS

ÁsiaAlexandre Martins

No edifício Rana Plaza trabalhavam mais de duas mil pessoas, muitas delas em fábricas de vestuário com mão-de-obra barata

Breves

Grécia

China

Afeganistão

Atenas vai mesmo pedir reparações de guerra a Berlim

Confrontos entre polícia e civis mata 21 pessoas em Xinjiang

Sismo e cheias matam 33 pessoas na região leste

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Grécia, Dimitris Avramopoulos, anunciou ontem no Parlamento que o país vai mesmo avançar com um pedido de indemnizações à Alemanha por danos na II Guerra Mundial. O ministro não avançou em que instância será feito o pedido nem de quanto será. Segundo um relatório do Ministério das Finanças, a Grécia poderia pedir 162 mil milhões de euros.

Confrontos entre a polícia e civis provocaram a morte de pelo menos 21 pessoas, entre as quais polícias, na região de Xinjiang, nordeste da China. As autoridades atribuíram a responsabilidade da violência a um grupo que estaria a preparar “actos terroristas”; o lado civil disse que a polícia provocou o confronto. Em Xinjiang são constantes os incidentes entre os han, etnia maioritária na China, e os uigures, muçulmanos.

Um sismo de magnitude 5,7 e as chuvas intensas que caíram ao mesmo tempo mataram ontem 33 pessoas no Afeganistão; há centenas de feridos e muitas casas destruídas. O epicentro foi a 25km de Jalalabad, perto da fronteira com o Paquistão. Foi sentido nas cidades paquistanesas de Peshawar e Islamabad e na Índia. Foi o mais recente dos sismos na Ásia na última semana.

Zubeidat Tsarnaeva diz que os filhos estão inocentes

Agentes do FBI estão na república rus-

sa do Daguestão a interrogar os pais

de Tamerlan e Djokhar Tsarnaev, nu-

ma tentativa para reconstituir o per-

curso dos irmãos e perceber o que os

levou a atacar a maratona de Boston,

nos Estados Unidos. Na mira das au-

toridades estão os seis meses que Ta-

merlan passou no Cáucaso, em 2012,

ainda que os pais assegurem que não

contactou com os grupos jihadistas

que ganham força na região.

As diligências foram conhecidas

depois de a imprensa ter noticiado

que Djokhar — hospitalizado com fe-

rimentos graves sofridos durante a

perseguição policial, na sexta-feira —

disse aos procuradores federais que

ele e o irmão agiram em retaliação

pelas guerras no Iraque e Afeganis-

tão. Os investigadores acreditam,

ainda assim, que os dois agiram por

iniciativa própria, sem ligação a gru-

pos no estrangeiro.

No entanto, todas as hipóteses

continuam em aberto e agentes do

FBI viajaram até ao Daguestão, com

o aval do Presidente russo. Sexta-

feira, quando se soube que os dois

irmãos eram de origem tchetchena,

Vladimir Putin falou com o homólo-

go norte-americano, Barack Obama,

numa conversa que terminou com a

promessa mútua de reforço da coo-

peração antiterrorismo.

“Investigadores do FBI interroga-

ram toda a noite [de terça-feira] os

pais dos irmãos Tsarnaev na sede do

FSB [Serviço de Segurança Federal,

ex-KGB] no Daguestão”, contou à

AFP um responsável da polícia local,

acrescentando que o casal regressou

a casa na madrugada de ontem, mas

Pais dos suspeitos do atentado de Boston interrogados pelo FBI no Daguestão

de manhã a mãe, Zubeidat Tsarna-

eva, “foi conduzida de novo ao FSB

para continuar a ser interrogada”.

O responsável disse à agência fran-

cesa que os investigadores questio-

naram o casal “sobre as pessoas que

Tamerlan contactou durante a sua

estadia no Dagestão” e que ambos

repetiram o que têm dito em públi-

co, assegurando que o fi lho mais ve-

lho “nunca entrou em contacto com

representantes do islão radical”. A

mesma convicção foi manifestada pe-

lo ministro do Interior daquela repú-

blica. “Tentar provar que Tamerlan

foi contaminado pelas ideias do islão

radical é uma manobra destinada a

omitir as faltas dos outros”, disse Ab-

durachid Magomedov, à AFP.

Numa entrevista à televisão ame-

ricana ABC, antes de ser ouvida pelo

FBI, Tsarnaeva reafi rmou a convic-

ção na inocência dos fi lhos e disse ter

sido ela quem incentivou Tamerlan a

tornar-se mais religioso, por desapro-

var o seu anterior estilo de vida.

Em 2011, o FBI investigou o mais

velho dos irmãos Tsarnaev a pedido

da Rússia, que dizia ter indicações de

que ele aderira a uma visão radical

do islão e se estaria a preparar pa-

ra viajar até à região para entrar em

contacto com grupos radicais.

Na altura, a polícia federal ame-

ricana não encontrou razões que

confi rmassem as suspeitas, mas o

seu nome foi, ainda assim, incluído

numa base de dados do Centro Na-

cional de Contraterrorismo, noticiou

ontem a Reuters. A lista, classifi cada

como secreta e conhecida pela siga

TIDE (Terrorist Identities Datamart

Environment), inclui cerca de 450

mil nomes de “conhecidos, suspeitos

ou potenciais terroristas”, mas nem

todos são alvo de vigilância.

Segundo a mesma fonte, Tamerlan

não era, porém, considerado uma

ameaça activa, pelo que não foi in-

cluído nas listas de pessoas proibidas

de viajar de avião nos EUA ou nas

que estão sujeitas a controlos mais

rigorosos nos aeroportos.

TerrorismoAna Fonseca Pereira

Nome de Tamerlan Tsarnaev foi incluído em 2011 numa base de dados de pessoas sob suspeita

REUTERS TV

Page 27: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | MUNDO | 27

Inauguração do museu de George W. Bush relança debate sobre legado

O Presidente americano, que nunca se mostrou preocupado com o julgamento da História, corta hoje a fi ta do seu centro, projectado para “promover uma melhor compreensão” da sua presidência

G.J. MCCARTHY/DALLAS MORNING NEWS/MCT

A entrada do complexo dedicado à presidência de George W. Bush na universidade texana e uma das salas, onde se destacam estátuas dos cães Barney e Beazley

Os cinco anos que passaram desde

que George W. Bush deixou a Casa

Branca e saiu de cena não permiti-

ram, ainda, uma avaliação desapai-

xonada sobre a sua presidência, e a

inauguração do Museu e Biblioteca

Presidencial George W. Bush, hoje,

em Dallas, revela até que ponto as

opiniões continuam a infl amar-se e

a dividir-se no debate sobre o seu

legado histórico e a sua herança

política.

Essa é uma discussão que o pró-

prio sempre disse não lhe provocar

qualquer entusiasmo. “Quando che-

ga o julgamento da História, já esta-

mos todos mortos”, disse uma vez.

O facto de se ter reformado imedia-

tamente parece ser a prova do seu

desinteresse com a “posteridade”:

ao contrário de outros presidentes,

Bush retirou-se completamente da

arena política e encontrou novos in-

teresses na vida, particularmente a

pintura, à qual se dedica com “pai-

xão” e “impressionante disciplina”,

segundo os seus amigos.

Mas, nas vésperas da abertura do

Centro Presidencial George W. Bush

— que está integrado na Southern

Methodist University, uma das mais

conceituadas universidades norte-

americanas e alma mater da sua

mulher, Laura Bush —, vários histo-

riadores, comentadores e analistas

políticos têm andado a discutir a

possível “reabilitação” da imagem

do ex-Presidente republicano, que

se distinguiu pelo seu “conservado-

rismo compadecido” e cujos man-

datos foram defi nidos pelos aten-

tados terroristas de 11 de Setembro

de 2001, as guerras do Afeganistão

e do Iraque e a recessão mundial

provocada pela falência do Lehman

Brothers.

“Na melhor das hipóteses, Ge-

orge W. Bush foi um homem bem-

intencionado, que ocasionalmente

produziu bons discursos e acabou

por ser completamente ultrapassa-

do pelos acontecimentos. Na pior

das hipóteses, foi o responsável pela

política externa mais desastrosa da

América na era pós-Segunda Guerra

Mundial”, escreveu Daniel Drezner,

professor de Política Internacional

na Fletcher School of Law and Di-

plomacy da Tufts University, num

xas de aprovação e que actualmente

integram a lista dos mais queridos

e respeitados para os norte-ameri-

canos.

O biógrafo de Ronald Reagan,

Craig Shirley, tem dúvidas que o

caso de George W. Bush possa ser

enquadrado da mesma forma. “To-

dos os presidentes modernos aspi-

ram a cruzar essa linha imaginária

que os transforma de fi guras polí-

ticas em fi guras históricas. Roose-

velt e Reagan cruzaram essa linha

imediatamente; outros demoraram

mais tempo. Clinton provavelmente

jamais o fará por ter sido tão aberta-

mente partidário. Penso que George

W. Bush tem hipóteses, mas muito

reduzidas. A sua presidência tam-

bém foi agressivamente partidária”,

comparou, em declarações para o

site The Daily Beast.

Já Larry Sabato, director do Cen-

ter for Politics da Universidade da

Virginia, considera que uma alte-

ração tão radical das opiniões dos

académicos e da sociedade ameri-

cana relativamente à presidência de

George W. Bush é virtualmente “im-

possível”. “Nem pensar: a História

não vai perdoar-lhe nunca a guerra

do Iraque, o Katrina e o colapso eco-

nómico. Com alguma sorte, um dia

poderá ser considerado um Presi-

Estados Unidos Rita Siza

artigo sobre o “revisionismo” his-

tórico da presidência de Bush para

a revista Foreign Policy.

Vários especialistas em História

presidencial argumentaram que o

estudo dos mandatos de George W.

Bush (2001-2009) poderá ainda levar

a uma regeneração da sua imagem e

a uma reconsideração das suas po-

líticas: o seu argumento assenta na

reavaliação dos presidentes Harry

Truman e Dwight Eisenhower, que

se despediram da Casa Branca com

números terríveis nas respectivas ta-

dente mediano”, antecipou.

Essa parece ser a presente “incli-

nação” da opinião pública, de acor-

do com os dados das sondagens:

os números recolhidos para o Wa-

shington Post/ABC News mostram

que 47% dos americanos aprovam

o desempenho de George W. Bush

na Casa Branca, contra 50% que de-

saprovam.

Como sempre acontece neste tipo

de cerimónias, as disputas políticas

e rivalidades pessoais serão momen-

taneamente esquecidas, quando os

últimos ocupantes da Casa Branca

— Jimmy Carter, George H. Bush, Bill

Clinton e Barack Obama — se encon-

trarem para louvar um dos seus: é

um momento de reverência públi-

ca pela instituição da presidência

e não necessariamente do homem

que ocupou o cargo.

Nos últimos dias, os amigos pes-

soais e aliados políticos do ex-Pre-

sidente têm repetido em sucessivas

entrevistas como a inauguração tem

provocado sentimentos ambivalen-

tes em George W. Bush, que “relu-

tantemente” regressa à ribalta para

cortar a fi ta do museu e biblioteca

com o seu nome. Mas se o evento

inaugural nada contém de político, o

mesmo não pode dizer-se do Centro

Presidencial George W. Bush. Dividi-

do em três valências distintas, o pro-

jecto nasceu para “promover uma

melhor compreensão da sua presi-

dência, da História contemporânea

da América e importantes matérias

de política pública”.

Na parte museológica, o destaque

vai para uma “peça” proveniente do

chamado Ground Zero: um pedaço

da estrutura de aço que sustentou

uma das Torres Gémeas de Nova Ior-

que, torcido com o impacto de um

dos aviões desviados pelos terroris-

tas. O seu papel é preponderante no

percurso da exposição, bem como

outros artefactos que evocam os ata-

ques de 11 de Setembro.

A biblioteca e o centro de docu-

mentação, que fazem ofi cialmente

parte da rede dos arquivos nacio-

nais, contêm mais de 70 milhões de

páginas de documentos impressos,

bem como registos electrónicos e

material audiovisual. Finalmente, o

centro integra ainda um think tank,

informalmente designado como

“Instituto da Liberdade”, cuja mis-

são é promover a “visão conserva-

dora” de Bush.

TOM FOX/DALLAS MORNING NEWS/MCT

Page 28: 25 Abril - Publico

28 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

A dupla hélice do ADN podia ter dado um Nobel da Química

O 25 de Abril não é só o dia da Revolução dos Cravos. Foi também nesta data que, há 60 anos, uma das descobertas científi cas mais essenciais do século XX foi anunciada

DR

James Watson (à esquerda) e Francis Crick, em Maio de 1953, a olhar para o seu modelo da molécula de ADN

A publicação pela revista Nature da

estrutura em dupla hélice do ADN, a

molécula que contém o património

hereditário dos seres vivos e permite

a replicação da vida, faz neste dia 60

anos. Em jeito de comemoração, a

Nature revela, na sua edição de hoje,

25 de Abril de 2013 (que este ano é a

uma quinta-feira, o seu dia habitual

de publicação), elementos inéditos

sobre o processo que culminaria, em

1962, com a atribuição a James Wat-

son, Francis Crick e Maurice Wilkins

do Prémio Nobel da Medicina.

1953: na página 737 da sua edição

de 25 de Abril, a Nature traz um curto

artigo: Estrutura Molecular dos Áci-

dos Nucleicos – Uma Estrutura para o

Ácido Deoxirribonucleico. Assinado

por Watson e Crick, da Universidade

de Cambridge, Reino Unido, arranca

assim: “Vimos sugerir uma estrutura

para o sal do ácido deoxirribonuclei-

co (A.D.N.). Esta estrutura tem pro-

priedades inéditas de considerável

interesse biológico.”

Com peças metálicas de tipo “me-

cano”, Watson e Crick construíram,

no seu laboratório, um modelo 3D a

partir de radiografi as do ADN obtidas

por uma jovem cristalógrafa, Rosa-

lind Franklin, que trabalhava com

Maurice Wilkins, do King’s College

de Londres, procurando também

elucidar a estrutura do ADN.

O que é que se sabia naquela altura

sobre a hereditariedade? Que os ca-

racteres hereditários eram transmi-

tidos por entidades chamadas genes;

que os genes estavam nos cromos-

somas, estruturas que se dividiam

em duas cópias idênticas durante a

divisão celular, conferindo a cada

uma das células-fi lhas um conjunto

de cromossomas idênticos aos da

célula-mãe; e que os cromossomas

continham ADN. Assim, ao desven-

darem a estrutura em dupla hélice do

ADN, Watson e Crick permitiam um

avanço absolutamente fundamental,

que, aliás, também delineavam no

seu artigo de 1953: “Não deixámos de

reparar que a organização específi ca

das bases [os “tijolos de construção”

do ADN] por pares, que nós propo-

mos aqui, sugere imediatamente um

mecanismo possível para a replica-

ção do material genético.”

O trabalho de Watson e Crick co-

meçou a ser nomeado para o Nobel

da Medicina a partir de 1960. Em De-

zembro de 1961, Crick enviou a Jac-

ques Monod, a pedido deste — que

trabalhava no Instituto Pasteur em

Paris com François Jacob (que mor-

reu há poucos dias) —, nove páginas

descrevendo o trabalho sobre o ADN,

explicam hoje na Nature Alexander

Gann e Jan Witkowski, do Laborató-

rio de Cold Spring Harbor (EUA). Mas

enquanto outros eminentes cientis-

tas, também solicitados, nomeavam

Watson, Crick e Wilkins na categoria

de medicina, Monod preparava-se

para os nomear, ao contrário do que

se pensava até aqui, na da química.

A prova disso é a carta de nomeação

GenéticaAna Gerschenfeld

que Monod escreveu a seguir, recen-

temente descoberta nos arquivos do

Instituto Pasteur. Todavia, os respon-

sáveis pela atribuição dos Nobel con-

sideraram a descoberta tão impor-

tante para a biologia que a escolha

que se conhece acabou por vingar.

O relatório que Crick enviou a Mo-

nod em 1961 restabelece ainda uma

justiça histórica. Acontece que, no

artigo de 1953 na Nature, Watson e

Crick apenas mencionavam Rosa-

lind Franklin em passant, declaran-

do terem sido “estimulados (...) pelos

[seus] resultados experimentais ain-

da não publicados”. A jovem cien-

tista morrera em 1958 — e portanto

nunca poderia ter sido incluída nas

nomeações para o Nobel, mas muitos

criticaram os laureados por terem

menorizado o seu contributo. Ora,

na sua carta a Monod, explicam ain-

da Gann e Witkowski, Crick já reco-

nhecia claramente “a importância

das imagens de Franklin para a de-

terminação de certas características

da estrutura do ADN”.

Assim que são lançados ao mar, mer-

gulham até mil metros e andam aí

nove dias ao sabor das correntes.

Vão depois até aos dois mil metros,

para subirem logo, enquanto medem

a temperatura e salinidade. Uma vez

na superfície, enviam os dados por

satélite. Cerca de três mil fl utuado-

res, os Argo, estão a fazer isto numa

rede global de observação dos ocea-

nos — e agora um deles foi lançado a

25 milhas do cabo Espichel pelo Cen-

tro de Oceanografi a da Faculdade de

Ciências de Lisboa, levado pelo navio

Noruega, do Instituto Português do

Mar e da Atmosfera.

No fi nal da década de 1990, nasceu

o Sistema Global de Observação dos

Oceanos (GOOS), rede mundial que

recolhe dados oceanográfi cos para

previsões ligadas aos oceanos. Ora,

uma componente do GOOS é o pro-

grama Argo, que pretende cobrir to-

dos os oceanos com estes fl utuadores

e conta hoje com a participação de

mais de 30 países. O projecto Euro-

Argo é a contribuição da Europa pa-

ra o programa internacional e visa

criar uma infra-estrutura europeia

que faça a gestão dos dados e a ma-

nutenção dos fl utuadores (cada um

dura em média quatro anos).

Portugal não é membro efectivo

do Argo, mas a Irlanda é — e o seu

Marine Institute perguntou ao Centro

de Oceanografi a se queria receber de

graça um dos seus fl utuadores (cada

um custa 15 mil euros) para lançar ao

mar, o que ocorreu a 26 de Março.

“Assim podíamos escolher o sítio”,

conta a oceanógrafa Isabel Ambar,

do Centro de Oceanografi a, explican-

do que a entrada de Portugal no Argo

representaria um valor “diminuto”

de alguns milhares de euros por

ano. “Escolhemos uma região que

no momento actual não está muito

povoada com estes fl utuadores.” Por-

tugal tem muito mar profundo, o que

torna a observação particularmente

interessante.

O novo fl utuador, já a enviar da-

dos, está agora a dirigir-se para sul.

Além da temperatura e salinidade, os

dados do Argo permitem conhecer as

correntes marinhas, à superfície e a

mil metros de profundidade. Poderá

assim traçar-se um retrato rigoroso

dos oceanos e, por exemplo, incor-

porar estes dados nos modelos de

simulação da circulação oceânica —

e, como oceanos e atmosfera estão

interligados, fazerem-se melhores

previsões meteorológicas.

Flutuador Argo lançado ao largo do cabo Espichel

OceanosTeresa Firmino

Page 29: 25 Abril - Publico

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Page 30: 25 Abril - Publico

30 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

ENRIC VIVES-RUBIO

O fi lme em viagem de André Príncipe e os cinco elementos

Campo de Flamingos sem Flamingos é um olhar pessoal e aberto sobre o modo como os homens e a natureza coabitam ao longo das fronteiras

Mais reconhecido como fotógrafo

mas igualmente cineasta e

editor, André Príncipe tem em

carteira cinco livros, múltiplas

exposições, a direcção da editora

livreira Pierre von Kleist e alguns

fi lmes (rodados a solo ou em

parceria). Hoje, Príncipe, de

37 anos, estreia no concurso

nacional do IndieLisboa uma

longa-metragem a meio caminho

entre o documentário e o fi lme-

ensaio, Campo de Flamingos sem

Flamingos (hoje, 18h, e sábado

27, 16h45, Culturgest). É um

olhar pessoal e aberto sobre

o modo como os homens e a

natureza coabitam ao longo

das fronteiras (terrestres ou

marítimas, administrativas ou

naturais), rodado ao longo de

uma “volta a Portugal” de três

meses realizada com o director

de fotografia Takashi Sugimoto

e o operador de som Manuel

Sá. Dessa viagem saíra já um

livro de fotografias publicado

no ano passado, O Perfume do

Boi, e foi por essa multiplicidade

de formatos que começou,

mais do que uma entrevista,

uma conversa à volta das ideias

que norteiam o novo fi lme do

fotógrafo.

O Perfume do Boi inclui fotos

tiradas durante as rodagens

de Campo de Flamingos sem Flamingos. O que surgiu

primeiro, o livro ou o fi lme?

O fi lme. Tenho uma prática

diarística com a fotografi a;

quanto ao cinema não

tanto, por uma questão de

tecnologia, [senão] teria

também naturalmente uma

prática diarística. Mas o cinema

é incomparavelmente mais

exigente, e as fotografi as estão

subordinadas ao pensamento

e ao trabalho do fi lme. Procuro

em cada [disciplina] coisas

diferentes, explorar o que é

específi co àquele medium.

Entendo um livro de fotografi a

como uma sequência de imagens,

algo de muito primitivo, como

uma caverna, com uma imagem

atrás de outra. O cinema é muito

mais sofi sticado; tal como a

coisa escultórica: uma pedra

que eu trouxe para o estúdio e

que tem uma forma que já está

ali contida. É muito arriscado

e muito angustiante, porque

durante a rodagem penso que

não tenho nada, mas ao mesmo

tempo há uma confi ança que

vem do próprio cinema, do real

e do tempo: se eu me permitir

viver essa angústia sem fazer

nenhuma batota nem contrariá-

la, no fi m o fi lme vai existir. E

cabe ao espectador responder se

conseguimos ou não.

O fi lme tem uma sensação de

ancestralidade, de inscrição

numa continuidade...

Isso é muito importante para

mim. Tem a ver com o tempo e

com a disponibilidade. Para os

japoneses, para lá dos quatro

elementos [fogo, ar, água e terra],

há um quinto elemento que é

o vazio, de uma forma muito

simplista, uma dimensão sem

tempo onde tudo existe, a ruína e

o que não é ruína, o que há-de vir

e o que há-de passar, uma espécie

de vento que passa. O título do

fi lme tem a ver com isso, com

esse vazio. Os sufi s dizem que

em cada objecto há sempre pelo

menos sete níveis de leitura, e eu

acredito numa coisa desse estilo.

Do meu ponto de vista, faço 50%

do trabalho e quero estar em

sintonia com a minha audiência,

para que as pessoas venham

completar o fi lme.

ENRIC VIVES-RUBIO

André Príncipe Fotógrafo e cineasta apresenta hoje a concurso no IndieLisboa a longa Campo de Flamingos sem Flamingos, fi lmada ao longo das fronteiras portuguesas

Entrevista Jorge Mourinha

arquitectura, é uma das artes

multimédia por excelência —

abrange a literatura, a pintura,

a fotografi a, a dramaturgia, o

teatro...

Campo de Flamingos sem Flamingos é um fi lme “em

viagem”. Os fotógrafos

parecem ter um gosto especial

por este tipo de road movies...

Mas não só os fotógrafos — estou

a pensar no Werner Herzog, ou

nos primeiros fi lmes do Wim

Wenders... Também é uma

grande tradição do cinema,

muito, muito antiga. O cinema é

um travelling.

Existe uma razão para esse

interesse pela estrada?

Ter um mapa físico como guião

é uma ideia muito atraente para

um tipo de cinema que quer

dançar com o real, que quer

estar em diálogo com o real,

dentro do cinema e não dentro

de um pensamento do cinema.

Aqui, o nosso ponto de partida é

realmente um ponto de partida:

uma viagem pelas fronteiras

portuguesas, que fi zemos durante

três meses numa caravana.

[Garante] um princípio, meio e

fi m automático....

Havia alguma razão específi ca

para este percurso em

particular?

A fronteira com Espanha é

a fronteira mais antiga do

mundo, há 800 anos que nunca

mudou. Havia estas camadas

de algo muito primitivo, que

existe há muito tempo, que eu

queria confrontar com coisas

mais recentes que os humanos

fazem, como é que o tempo vai

passando. Mas não havia nenhum

guião conceptual que fôssemos

seguindo.

É, então, uma viagem no

sentido mais puro do termo,

de ir à descoberta?

Sim. Enquanto viajante, uma

das coisas mais mágicas e

interessantes é, quando o

comboio chega a um sítio onde

nunca estivemos, não saber o que

é que vem a seguir. Gostava que o

fi lme pudesse ter essa qualidade,

a inocência e a energia mais

primordial de avançar por um

território desconhecido.

Como é que se restitui isso a posteriori?Há uma crença que o fi lme se

irá revelar como um fi lme e

não como um amontoado de

planos. Quando acabo de fi lmar,

acredito que é como se fosse uma

“Havia estas camadas de algo muito primitivo, que existe há muito tempo, que eu queria confrontar com coisas mais recentes que os humanos fazem, como é que o tempo vai passando”

Page 31: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | CULTURA | 31

Quem observar o grafi smo do pro-

grama Música & Revolução, que hoje

começa na Casa da Música, no Por-

to, poderá perguntar-se se a músi-

ca se mede a metro. A resposta não

será totalmente negativa: é que, a

partir de dado momento da Histó-

ria, a música começou a ser também

pensada em função do espaço para

que era concebida. António Jorge

Pacheco, director artístico da Casa,

justifi ca assim o facto de o progra-

ma da 7.ª edição deste ciclo recuar

até aos séculos XVI-XVII e à “música

espacializada” de Adrian Willaert

(c. 1490-1562) e Giovanni Gabrielli

(c. 1555-1612).

“O espaço, enquanto parâmetro

da mesma importância que a altura,

a duração, a dinâmica e o timbre, é

mesmo uma das temáticas a decli-

nar no Música & Revolução”, escreve

Pacheco no programa. E nota, ao

PÚBLICO, que Gabrielli “foi pioneiro

na atenção à relação do som com o

espaço”, quando decidiu espalhar

por vários sítios da Catedral de São

Marcos, em Veneza, os cantores de

grupos vocais, criando uma experi-

ência sensurround antes de tempo.

A revolução instaurada por com-

positores como Gabrielli, ou Willa-

ert (um fl amengo que emigrou para

Veneza), Carlo Gesualdo (1566-1613)

Revoluções italianas na história da música de hoje a domingo no Porto

ou Claudio Monteverdi (1567-1643) e,

já no século XX, por Giacinto Scelsi

(1905-1988), Luigi Nono (1924-1990)

ou Luciano Berio (1925-2003), cons-

titui o fi o condutor do Música & Re-

volução, este ano exclusivamente

dedicado ao país-tema da Casa.

Neste desejo de “partilhar com o

público algumas das maiores revo-

luções da música italiana”, o direc-

tor artístico realça também o papel

histórico de Monteverdi, com quem

se passou da música renascentista

para a barroca — “um salto enorme

e mesmo um corte epistemológi-

co”, com a passagem da polifonia à

monodia, e “uma maior atenção à

voz e à compreensão do texto que

se cantava”.

Mais conhecidas são as revoluções

contemporâneas de Nono e Berio.

Já o mesmo não se poderá dizer da

obra de Scelsi, de quem a Orquestra

Sinfónica do Porto — pela primeira

vez conduzida pelo maestro alemão

Lothar Zagrosek — vai interpretar,

no dia 27, a obra Hymnos, com ima-

gens em fundo do templo budista de

Angkor Wat, no Camboja, criando o

cenário para uma música que dialo-

ga com o sagrado.

Todas as estruturas residentes da

Casa intervêm no programa Música

& Revolução, que começa hoje com

o Digitópia Collective a interpretar a

Música-manifesto de Nono, e termi-

na, na tarde de domingo, com o Co-

ro a cantar também Monteverdi.

Casa da Música Sérgio C. Andrade

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ADRIANO MIRANDA

Dussaud tem olhado de forma dedicada para Portugal

No Verão de 2007, o fotógrafo fran-

cês Georges Dussaud (n. Brou, Bre-

tanha, 1934) apresentou no Porto,

no Centro Português de Fotografi a/

Cadeia da Relação, uma exposição

retrospectiva dos trabalhos que foi

fazendo em Portugal desde que vi-

sitou o país, pela primeira vez, em

1980. Chamou-lhe Crónicas Portu-

guesas — uma viagem que fi cou tam-

bém registada no livro-catálogo com

o mesmo título editado pela Assírio

& Alvim. Cento e cinco da colecção

de 135 fotografi as que compuseram

esta exposição foram doadas à Câ-

mara de Bragança, que, com este

acervo, criou o Centro de Fotografi a

Georges Dussaud, que hoje é inau-

gurado no âmbito do programa de

comemoração do 25 de Abril.

“Que a Câmara de Bragança te-

nha decidido atribuir o meu nome a

um centro de fotografi a, e que tenha

ainda decidido inaugurá-lo num dia

de tão grande importância para o

país deixa-me muito emocionado”,

comentou para o PÚBLICO Georges

Dussaud, num email enviado no iní-

cio desta semana, no mesmo dia em

que partia da sua Bretanha natal pa-

ra uma viagem de barco e de carro

até à cidade de Trás-os-Montes.

Trata-se da 86.ª viagem que o fo-

tógrafo e a sua companheira de vida

e de trabalho, Christine Dussaud, fa-

zem a Portugal, onde têm realizado

sucessivas reportagens e produzido

livros — o primeiro dos quais, Trás-

os-Montes, foi editado em 1984, com

um texto de Miguel Torga — e exposi-

ções. Algo que promete continuar a

fazer no nosso país, “enquanto tiver

saúde e energia”.

A decisão de doar a Bragança

parte da colecção das fotografi as de

Crónicas Portuguesas tomou-a de-

pois de lhe terem comunicado que

a autarquia tinha o projecto de criar

um centro de fotografi a com o seu

nome. E também depois de, durante

mais de dois anos, não ter recebido

por parte do Centro Português de

Fotografi a (CPF) nenhuma resposta

concreta à sua anterior oferta da-

quele acervo a esta instituição nacio-

nal. “Inicialmente, propus esta do-

ação ao CPF, há mais de dois anos,

mas, apesar do interesse e do desejo

As Crónicas Portuguesas de Georges Dussaud foram oferecidas a Bragança

que desafi e outros olhares, e não

apenas de fotógrafos”, acrescenta

a responsável autárquica, realçan-

do que a instituição vai ter também

“uma função pedagógica” aberta às

escolas da região.

Das quatro salas que constituem o

centro, três estarão destinadas à co-

lecção Crónicas Portuguesas, sendo

a quarta aberta a exposições tempo-

rárias. “O negro e a luz são a matéria

com que Georges Dussaud descorti-

na, como um poema visual, a carto-

grafi a de um universo visceralmente

telúrico, ainda que aparentemente

antigo e agreste”, escreve Jorge da

Costa no texto de apresentação da

exposição. “Da sua ampla narrativa

de imagens, que convocam simulta-

neamente as suas vivências, sobres-

saem histórias de vida, povoadas de

homens, mulheres e crianças, mas

também de lugares, de olhares, de

gestos, de instantes irrepetíveis que

congela a cada rigoroso disparo da

máquina fotográfi ca”, acrescenta

o comissário.

Georges Dussaud é um nome de

referência na fotografi a francesa.

Está ligado, desde 1986, à agência

Rapho, criada em Paris em 1933 pe-

lo húngaro Charles Rado, e refunda-

da depois da 2.ª Guerra (na época

em que Cartier-Bresson e Robert Ca-

pa lançavam a Magnum), num mo-

mento em que o fotojornalismo se

afi rmava como veículo privilegiado

de comunicação. Com fi guras como

Robert Doisneau e Edouard Boubat,

a Rapho sempre cultivou uma foto-

grafi a de pendor humanista. É esta

a marca de Dussaud, e Portugal (e a

região de Trás-os-Montes) tem nele

um dos olhares mais dedicados.

manifestado em receber a colecção,

o centro não avançou com nada de

concreto”, justifi ca Dussaud.

No arquivo do CPF fi caram, con-

tudo, 30 fotografi as das 135 que

fi zeram a exposição Crónicas Por-

tuguesas — e que entretanto foram

também expostas no Museu de Por-

timão. Às 105 que transitam agora

para o novo centro em Bragança,

Dussaud acrescentou 43 novos tra-

balhos realizados para o novo espa-

ço. O centro é hoje inaugurado com

uma selecção de 92 imagens desse

acervo, comissariada por Jorge da

Costa, director do Centro de Arte

Contemporânea Graça Morais, que

fi ca na mesma rua da nova galeria.

Memórias de Trás-os-MontesA decisão da Câmara de Bragança

de criar o Centro de Fotografi a Ge-

orges Dussaud foi tomada, por una-

nimidade, em Novembro, e regista-

da num protocolo assinado com o

fotógrafo em Janeiro. Para acolher

a nova colecção — que “representa

um relevante valor artístico e docu-

mental”, diz-se no texto do proto-

colo —, a autarquia decidiu recon-

verter quatro salas no Edifício Paulo

Quintela, velha sede da câmara no

centro histórico da cidade.

“A doação de Georges Dussaud

é muito importante para Bragan-

ça, porque, para além do seu valor

estético e documental, as fotogra-

fi as vão certamente trazer muitas

memórias às pessoas da terra e da

região de Trás-os-Montes”, disse

ao PÚBLICO a vereadora da Cul-

tura da autarquia, Fátima Fernan-

des. “Queremos que o centro seja

um espaço de arquivo e de estudo

FotografiaSérgio C. Andrade

Câmara inaugura hoje o centro de fotografia a que deu o nome do fotógrafo francês

CAMPO DE FLAMINGOS SEM FLAMINGOSAndré Príncipe, doc., 120’18H00, CULTURGEST GA

CARTA BRANCA REGARD SUR LE COURT MÉTRAGE AU SAGUENAY22H00, CULTURGEST PA

YOUTHTom Shoval , fic., 107’18H00, CINEMA SÃO JORGE, SMO

BIBLIOGRAFIAMiguel Manso, João Manso, doc., 70’15H30, CINEMA SÃO JORGE, SMO

Destaques de Quinta-Feira, 25 de Abril

Page 32: 25 Abril - Publico

32 PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H

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Venda mediante proposta em carta fecha-da, a serem entregues na Secretaria do supra-mencionado Tribunal, pelos interes-sados na compra, fi cando como data para abertura das propostas o dia 13 de Maio de 2013, pelas 14.00 horas, no Tribunal Judi-cial de Murça.VALOR-BASE: 46.400,00 euros.Será aceite a proposta de melhor preço, em montante igual ou superior a 32.480,00 eu-ros, correspondente a 70% do valor-base. Nos termos do n.º 1 do art.º 897.º C. P. Civil “os Proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visa-do, à ordem do Agente de Execução ou, na sua falta, da secretaria, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda, ou garantia bancária no mesmo valor”. Os Proponentes deverão, ainda, indicar o seu nome completo, morada, números de bilhete de identidade e contribuinte, e apresentar as propostas até ao dia e hora designados para a sua abertura.A sentença que se executa está pendente de recurso ordinário: NãoEstá pendente oposição à execução: NãoEstá pendente oposição à penhora: NãoA Agente de Execução - Alexandra GomesPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.

Alexandra GomesAgente de Execução

CPN 4009

TRIBUNAL JUDICIAL DE MURÇASecção Única

ANÚNCIO DE VENDA

Processo 119/11.2TBMUR - Execução Comum (Sol. Execução)Ref. Interna: PE-636/2011 - Data: 22-04-2013

Exequente: Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região de Bragança e Alto Douro, C.R.L.

Executados: Carmelina Maria Pires Catarino Teixeira e outros.

Nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 04 de Junho de 2013, pelas 14:00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues no referido 4.º Juízo Cível do Tribunal Família Me-nores e Comarca de Cascais, pelos interessados na compra do seguin-te bem imóvel:Prédio urbano, composto por edifí-cio de rés-do-chão com abrigo para carro e primeiro andar, destinado à habitação, sita em Travessa Jo-aquim Miguel Serra e Moura, Lote 21, Alapraia, freguesia de Estoril e concelho de Cascais, descrito na 2.ª Conservatória do Regis-to Predial de Cascais, sob o n.º 3214/19950530, da freguesia de Es-toril, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o art.º 3848.O bem será adjudicado a quem me-

lhor preço oferecer, acima de 70% do valor-base de 235.000.00 (du-zentos e trinta e cinco mil euros), ou seja, 164.500,00 (cento e sessenta e quatro mil e quinhentos euros).São fi éis depositários os executa-dos João Carlos de Andrade Cruz e Espregueira e Débora Alexandra Teixeira dos Santos Silva, que a pedido o devem mostrar.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem do Agente de Execução, no montante corres-pondente a 5% do valor anunciado para a venda.

A Agente de ExecuçãoHelena Chagas

Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do PinhalTel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]úblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL FAMÍLIA E MENORES E DECOMARCA DE CASCAIS

4.º Juízo Cível

HELENA CHAGASAgente de Execução

Cédula 2621

ANÚNCIOVenda mediante propostas em carta fechada

Processo: 8008/11.4TBCSCExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.

Executados: João Carlos de Andrade Cruz e Espre-gueira e Débora Alexandra Teixeira dos Santos SilvaEDITAL

Citação de Ausente em Parte Incerta (Artigo 244.º e 248.º do Código de Processo Civil)OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃONos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 233.º n.º 6, e 248.º do Código Processo Civil, e por despacho do(a) M.º(a) Dr. Juiz, correm éditos de 30 (trinta dias), contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando a ausente Tânia Maria de Barros Ferreira, com última sede conhecida no Lugar Belos Ares, Nespereira - Lousada, para nos termos do processo executivo supra-identifi cado, que lhe foi mo-vido pelo(s) Exequente(s) acima referenciado(s), com o pedido constante no requerimento executivo, pelo que nos termos do artigo 833.º, n.º 5, tem o prazo de 10(*) dias, decorrido que seja o dos éditos, para se opor à execução pagar ou indicar bens para a penhora, com a advertência das consequências de uma declaração falsa ou da falta de declaração, nos termos do n.º 7 do referido artigo 833.º, ou seja, se não indicar quaisquer bens à penhora e posteriormente se verifi que que tinha bens penhoráveis, fi ca sujeito à sanção pecuniária com-pulsória, no montante de 1% da dívida ao mês, desde a data da omissão até à descoberta dos bens.MEIOS DE OPOSIÇÃO: Nos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. é obrigatória a constituição de Advogado, quando o valor da execução seja superior à alçada do Tribunal de primeira instância (3.740,98 euros).COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA: Caso não se opo-nha à execução consideram-se confessados os factos constantes do requerimento executivo, seguindo-se os ulteriores termos do processo.* Tendo a presente nota sido afi xada nos termos do n.º 3 do artigo 240.º do CPC, adverte-se o citando que o duplicado da mesma e os documentos anexos fi cam à sua disposição na secretaria judicial.* Este Edital encontra-se afi xado na porta do último domicílio conhecido do citando, na Junta de Freguesia e no Tribunal Judicial.Artigo 143.º do C.P.C. - Sem prejuízo dos actos realiza-

dos de forma automática, não se praticam actos proces-suais nos dias em que os tribunais estiverem encerrados nem durante o período de férias judiciais.Artigo 144.º do C.P.C. - O prazo processual estabeleci-do por lei ou fi xado por despacho do juiz, é contínuo, suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais; 2. Quando o prazo para a prática do acto processual terminar em dia em que os tribunais estiverem encer-rados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte. 3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se encerrados os tribunais quando for con-cedida tolerância de ponto.Artigo 12.º da LOFTJ - As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro, do Domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 16 de Julho a 31 de Agosto.Artigo 252.º-A do CPC (Dilação) 1 - Ao prazo de defesa do citando acresce uma dilação de cinco dias quando: a) A citação tenha sido realizada em pessoa diversa do réu, nos termos do n.º 2 do artigo 236.º e dos n.ºs 2 e 3 do artigo 240.º; b) O réu tenha sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a acção, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2 - Quando o réu haja sido citado para a causa no território das regi-ões autónomas, correndo a acção no continente ou em outra ilha, ou vice-versa, a dilação é de 15 dias. 3 - Quan-do o réu haja sido citado para a causa no estrangeiro, a citação haja sido edital ou se verifi que o caso do n.º 5 do artigo 237.º-A, a dilação é de 30 dias. 4. A dilação resultante do disposto na alínea a) do n.º 1 acresce à que eventualmente resulte do estabelecido na alínea b) e nos n.º 2 e 3.

O Agente de Execução - Manuel LeiteRua da Igreja, 18 - 1.º Esc. 1, 4475-641 Maia

Tel. 229827523 - Fax 229863261 - [email protected]úblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.

MANUEL LEITEAgente de Execução

Cédula 3475

TRIBUNAL JUDICIAL DE LOUSADA2.º Juízo

Processo: 1293/08.0TBLSDACÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA

VALOR: 593,74 €Exequente: BPN - Banco Português de Negócios, S.A.

Executados: Maria Goreti Ribeiro de Barros e outroReferência Interna: PE/1180/2008

Faz-se saber que nos autos acima identi-fi cados, encontra-se designado o dia 03 de Maio de 2013, pelas 14.00 horas, no Tribunal Família, Menores e Comarca Vila Franca de Xira, para Abertura de Propostas, que sejam entregues até esse momento, na Secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra dos seguintes bens:Fração “U” do prédio descrito na 2.ª Con-servatória do Registo Predial de Vila Franca de Xira sob o n.º 1125 e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 1235 da fregue-sia de Póvoa de Santa Iria, composta por 3 divisões, cozinha, casa de banho e na cave 1 arrecadação. - Valor-base 85.000,00 €, (oitenta e cinco mil euros).- 70% do valor-base 59.500,00 € (cinquenta e nove mil e quinhentos euros).O bem pertence aos executados Hugo Fili-pe Lopes Coelho Furtado da Costa e Maria Lurdes Pinto Gonçalves da Costa, com domicílio fi scal na Rua Padre Manuel da

Conceição Duarte, n.º 3, 6.º Frente – Póvoa de Santa Iria – Vila Franca de Xira.Serão aceites as propostas de melhor preço acima do valor correspondente a 70% do valor-base. Os proponentes de-vem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do Agente de Execução, no montante correspondente a 5% do valor-base do bem. Sendo aceite alguma proposta, é o proponente, ou prefe-rente, notifi cado para, no prazo de 15 dias, depositar à ordem do Agente de Execução a parte do preço em falta.É fi el depositário, que o deve mostrar, a pedido, o executado Hugo Filipe Lopes Coelho Furtado da Costa, na morada aci-ma indicada.Este edital encontra-se afi xado na Junta de Freguesia respetiva e no Tribunal compe-tente. São também publicados dois anún-cios consecutivos no jornal Público.

O Agente de Execução - Carlos PazPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.

CARLOS PAZAgente de Execução

Cédula 2186

TRIBUNAL FAMÍLIA, MENORES E COMARCA VILA FRANCA DE XIRA

3.º Juízo Cível

ANÚNCIO/EDITAL DE VENDANos termos do disposto no Artigo 890.º e Artigo 876.º, n.º 1 do Código de Processo Civil

Processo n.º 4672/09.2TBVFXEXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA

CERTA SOB A FORMA COMUMExecutado(s): Hugo Filipe Lopes Coelho Furtado da

Costa e Maria Lurdes Pinto Gonçalves da Costa Exequente(s): Hefesto STC, S.A.

Ref.ª Interna - PE-520/2009

Faz-se saber que nos autos acima iden-tifi cados se encontra designado o dia 13 de Maio de 2013, pelas 14.00 horas, no Tribunal Judicial de Sesimbra - Secção Única, sito no Edifício da Falésia, Bloco K, em Sesimbra para a ABERTURA DE PRO-POSTAS EM CARTA FECHADA, que sejam entregues até esse momento na secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem:BEM A VENDER:Prédio urbano sito em Quinta de S.José, freguesia de Sesimbra (Castelo), concelho de Sesimbra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Sesimbra, sob o número 4105 e inscrito na respectiva matriz sob o artigo 18167.PROPOSTASSerá aceite a proposta de melhor preço acima do valor de 280,000,00 € (duzentos e oitenta mil Euros), correspondente a 70% do valor-base, acompanhada de cheque caução à ordem da Agente de Execução no montante de 20% do valor-base do bem, ou, em sua substituição, de garantia bancária do mesmo valor.

INFORMAÇÕESO bem pertence ao(s) executado(s) abaixo indicado(s) constituido(s) fi el(éis) depositário(s):- Paula Cristina Rodrigues Ramalho, Av. du Crochetan, 67-1870 Monthey - Suíça - 1618 - Chatêl - Saint-Denis- José António Pereira Rodrigues, Av. du Crochetan, 67 - 1870 Monthey, Suíça - 1618 - Chatêl - Saint-Denis.Mais informações por consulta do Edital ofi cial em www.tribunaisnet.mj.pt e htpp://www.solicitador.org/gpese/consultarDocu-ment ou junto da Agente de Execução: IDA-LINA CARREIRA, escritório: Rua da Palmei-ra, n.º 5, r/c, 1200-31 Lisboa, Telf. 21 346 81 95 - Fax 21 343 17 54 - [email protected] - [email protected].

A Agente de Execução - Idalina CarreiraRua da Palmeira, n.º 5, r/c - 1200-311 LisboaTel. 21 346 81 95 - Fax 21 343 17 [email protected] - [email protected]ário de atendimento: 2.ª a 6.ª feira - 10-12h

Público, 25/04/2013 - 2.ª Pub.

N.º do Processo: 868/07.0TBSSBExequente: Banco Bilbao & Vizcaya Argentaria

(Portugal), SAExecutada: Paula Cristina Rodrigues Rarnalho

Referência Interna: PE/846/2007

TRIBUNAL JUDICIAL DE SESIMBRASecção Única

EDITAL - VENDA JUDICIAL

Idalina CarreiraAgente de Execução

Cédula 2148

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E-mail: [email protected]ção da Região Autónoma da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21

Sala E, 9000-135 FUNCHAL - Tel. e Fax: 291 772 021 - E-mail: [email protected]úcleo do Ribatejo: Rua Dom Gonçalo da Silveira, n.º 31-A - 2080-114 Almeirim - Tel.: 243 000 087 - E-mail: [email protected]

Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha - 3810 Aveiro - Tel.: 234 940 480E-mail: [email protected]

Page 33: 25 Abril - Publico

33PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 CLASSIFICADOS

Faz-se saber que nos autos acima iden-tifi cados, encontra-se designado o dia 6 de Maio de 2013, pelas 13.30 horas, no Tribunal Judicial de Marco de Canaveses – 1.º Juízo, para Abertura de Propostas, que sejam entregues até esse momento, na Secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra dos seguintes bens:Prédio Urbano, correspondente a casa de um pavimento e logradouro, destinado a garagem e arrumos, sito em Monte da Cruz, 4575-068 Alpendurada e Matos, descrito na Conservatória do Registo Predial de Marco de Canaveses, sob o n.º 300, inscrito na matriz sob o artigo 1650.º, freguesia de Alpendurada e Matos.- Valor-base 60.000,00 € (sessenta mil euros).- 70% do valor-base 42.000,00 € (quarenta e dois mil euros).O bem pertence aos executados António da Silva Pinto e Carolina Graça Morais Moreira, com domicílio fi scal na Rua de Egas Moniz, B Direito, Alpendurada e Matos, 4575-068 Alpendurada e Matos.

Serão aceites as propostas de melhor preço acima do valor correspondente a 70% do valor-base. Os proponentes de-vem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do Agente de Execução, no montante correspondente a 20% do valor-base do bem. Sendo aceite alguma proposta, é o proponente, ou prefe-rente, notifi cado para, no prazo de 15 dias, depositar à ordem do Agente de Execução a parte do preço em falta.É fi el depositário, que o deve mostrar, a pedido, os executados António da Silva Pinto e Carolina Graça Morais Moreira, na morada acima indicada.Sobre este bem existem créditos reclama-dos pela Caixa Económica do Montepio Geral.Este edital encontra-se afi xado na Junta de Freguesia respetiva, no Tribunal Judicial de Marco de Canaveses - 1.º Juízo, e na porta do prédio. São também publicados dois anúncios consecutivos no jornal Público.

O Agente de Execução - Carlos PazPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.

CARLOS PAZAgente de Execução

Cédula 2186

TRIBUNAL JUDICIAL DE MARCO DE CANAVESES1.º Juízo

ANÚNCIO/EDITAL DE VENDANos termos do disposto no Artigo 890.º e Artigo 876.º, n.º 1 do Código de Processo Civil

Processo n.º 1363/08.5TBMCNEXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA

SOB A FORMA COMUMExecutado(s): António da Silva Pinto e Carolina Graça

Morais MoreiraExequente(s): Caixa Económica Montepio Geral

Ref.ª Interna - PE-227/2008 ANÚNCIOVenda mediante propostas em carta fechada

Nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 23 de Maio de 2013, pelas 14:00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues no referido 1.º Juízo, do Tribunal Judicial da Moi-ta, pelos interessados na compra do seguinte bem imóvel:Prédio urbano, composto por edi-fício de rés-do-chão, com quintal, destinada a habitação, sito em Rua do Esteiro Furado, n.º 20, Chão Duro, freguesia e concelho da Moita, descrito na Conserva-tória do Registo Predial de Moita, sob a fi cha 155/19850516, da freguesia da Moita, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o art.º 2443.O bem será adjudicado a quem melhor preço oferecer, acima de

70% do valor-base de 70.000,00 euros (setenta mil euros), ou seja, 49.000,00 euros (quarenta e nove mil euros).São fi éis depositários os executa-dos Manuel Guilherme Cardoso Lopes e Maria da Assunção Afon-so Santos Lopes, que a pedido o devem mostrar.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como cau-ção, cheque visado, à ordem do Agente de Execução, no montan-te correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.

O Agente de ExecuçãoJosé Maria Soares

Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do PinhalTel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]úblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.

JOSÉ MARIA SOARESAgente de Execução

Cédula 2616

TRIBUNAL JUDICIAL DA MOITA1.º Juízo

Processo: 2149/08.2TBMTAExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.

Executados: Manuel Guilherme Cardoso Lopese Maria da Assunção Afonso Santos Lopes

TRIBUNAL DO TRABALHO DE VILA FRANCA DE XIRA

2.º JuízoProcesso: 698/11.4TTVFX

ANÚNCIOAção de Processo ComumAutora: Marcela de Castro SantosRéu: Constroextremo - Soc. Constru-ções, Lda.Nos autos acima identifi cados, correm éditos citando a Ré Constroextremo - So-ciedade de Construções, Lda., com último domicílio na Av. Dr. Manuel Lopes de Almei-da, ns.º 1, 3 e 5, Benavente, 2130-016 BE-NAVENTE, para comparecer pessoalmente neste Tribunal no dia 30-04-2013, às 13:30 horas, fazendo-se representar pelo legal representante, a fi m de se proceder à audi-ência de partes, ou em caso de justifi cada impossibilidade de comparência, se fazer representar por mandatário com poderes de representação e os especiais para con-fessar, desistir ou transigir, sob pena de, nos termos do disposto no artigo 54.º n.º 5, do Código de Processo do Trabalho, fi car sujeita às sanções previstas para a Iitigância de má-fé (multa e indemnização à parte con-trária se esta a pedir, conforme artigo 456.º do Código de Processo Civil, aplicável ex vi do artigo 54.º, n.º 5, do mesmo diploma).Se não comparecer ou não se fi zer repre-sentar na audiência de partes ou, compa-recendo, se venha a frustrar a conciliação entre as partes, adverte-se a Ré de que deve contestar a presente ação no prazo de 10 (dez) dias contados a partir do dia seguinte à data designada para a realização da au-diência de partes, sob pena de se conside-rarem confessados os factos que a Autora alega na petição inicial que apresentou nos autos e ser de imediato proferida sentença, conforme disposto nos artigos 56.º alínea a), e 57.º n.º 1, ambos do Código de Pro-cesso do Trabalho.O duplicado da petição inicial encontra-se nesta secretaria, à disposição da Ré.N/ Referência: 898054Vila Franca de Xira, 19-04-2013.

A Juíza de DireitoDr.ª Isabel Cristina Ferreira

A Ofi cial de JustiçaM.ª Helena L. Resende Cardoso

Público, 25/04/2013 - 2.ª Pub.

TRIBUNAL JUDICIAL DE ALBUFEIRA

2.º JuízoProcesso: 2060/11.0TBABF

ANÚNCIOAção de Processo SumárioAutora: Maria Margarida Matias do Nas-cimentoRéu: Ricky Joop Marinus StaatsNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da publicação do anúncio, citando:Réu: Ricky Joop Marinus Staats, contri-buinte fi scal n.º 198481284, Segurança Social - 11203212297, com último domicílio conhecido: Bar Ricky, Rua Alves Correia 14, 16 e 18, Albufeira, 8200-000 Albufeira, com última residência conhecida na(s) morada(s) indicada(s) para, no prazo de 20 dias, decor-rido que seja o dos éditos, contestar, que-rendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste:a) Despejar imediatamente o local arrendado, entregando-o à A. completamente devoluto de pessoas e coisas nos termos melhor supra-expostos;b) Pagar à A. as rendas vencidas até à presente data, no montante de € 8.739,51 e as vincendas até à entrega efectiva do imóvel à A., juros já vencidos no montante total € 379,31 e juros vincendos até tal data de entrega;c) Custas, procuradoria condigna e demais encargos legais, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encon-tra nesta Secretaria, à disposição do citando.Devendo com a contestação apresentar o rol de testemunhas e requerer outras provas.O prazo acima indicado suspende-se, no entanto, nas férias judiciais.Terminando o prazo em dia que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu ter-mo para o primeiro dia útil.Fica advertido de que é obrigatória a consti-tuição de mandatário judicial.N/ Referência: 5337837Albufeira, 03-04-2013.A Juíza de Direito - Dr.ª Ana Cristina Barateiro

A Ofi cial de Justiça - Manuela SilvestrePúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.

TRIBUNAL JUDICIAL DE SÃO ROQUE DO PICO

Secção ÚnicaProcesso: 107/12.1TBSRQ

ANÚNCIOAção de Processo Sumário Autor: Zurich Insurance Plc - Sucursal em PortugalRéu: Paulo António Azevedo da SilvaNos autos acima identifi cados, correm édi-tos de 30 dias, contados da data da segun-da a última publicação do anúncio, citando:Réu: Paulo António Azevedo da Silva, fi lho de Manuel Vitorino da Silva e de Armandina Lourenço de Azevedo Silva, estado civil: desconhecido, nascido em 07-03-1977, concelho de São Roque do Pico, freguesia de São Roque do Pico (São Roque do Pico), BI - 11595958, domicílio: Rua da Terra Alta, 154, Ribeirinha, 9930-337 RIBEIRINHA, com última residência conhecida na morada indi-cada para, no prazo de 20 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pelo autor e que em substância o pedido consiste:A) pagar à autora; Zurich Insurance Public Limited Company - Sucursal em Portugal, sita na Rua Barata Salgueiro, 41, 1269-058 Lisboa, a quantia de € 7.200,00, relativa às despesas com o sinistrado de que é único culpado;B) Pagar à Autora os juros de mora referen-tes à quantia supra-descrita, à taxa legal de 4%, a contar desde a citação até integral e efectivo pagamento;C) Pagar as custas, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.O prazo acima indicado suspende-se, no entanto, nas férias judiciais.Fica advertido de que é obrigatória a consti-tuição de mandatário judicial.Passei o presente e mais dois de igual teor para serem afi xados.N/ Referência: 562254São Roque do Pico, 11-04-2013

O Juiz de Direito - Renato GrazinaO Ofi cial de Justiça

Paulo Jorge Abrantes R. SilvaPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.

COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTESintra - Juízo Família e Menores - 4.ª Secção

Processo: 30999/12.8T2SNT

ANÚNCIODivórcio Sem Consentimento do Outro CônjugeAutora: Dirce Helena Tomásia Silva SoutoRéu: Felipe Ramos Souto SilvaNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o réu, Felipe Ramos Souto Silva, com última resi-dência conhecida em domicílio: Rua Elias Garcia, N.º 195 - 4.º A, 2735-682 Cacém, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, que-rendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de con-testação não importa a confi s-são dos factos articulados pela autora e que em substância o pedido consiste na dissolução do casamento por divórcio en-tre a autora e o réu, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obriga-tória a constituição de mandatá-rio judicial.N/ Referência: 21432882Sintra, 02-04-2013.

A Juíza de DireitoDr.ª Teresa Carla Batista M. S.

Faria de BritoA Ofi cial de Justiça

Maria Adélia Rodrigues MacelaPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.

COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTESintra - Juízo Família e Menores - 4.ª Secção

Processo: 6087/12.6T2SNT

ANÚNCIODivórcio Sem Consentimento do Outro CônjugeAutora: Maria Joaquina Melo TeixeiraRéu: Manuel Gomes Fernandes TeixeiraNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o(a) ré(u) Manuel Go-mes Fernandes Teixeira, com última residência conhecida em domicílio: Rua Comandante Kassanje, N.º 5, 5.º Esq.º, Ben-guela, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presen-te acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste em decretar o divórcio, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que Não é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 21525595Sintra, 08-04-2013.

O Juiz de DireitoDr. Rogério PereiraA Ofi cial de Justiça

Alina Maria Baunites RochaPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.

TRIBUNALJUDICIAL DE

OEIRAS4.º Juízo Competência

CívelProcesso: 8626/12.3TBOER

ANÚNCIOLiquidação Herança Vaga em Benefício EstadoRequerente: Ministério Pú-blico e outro(s)...Correm éditos de 20 dias para citação dos credores desconhecidos da herança de Fernando Ribeiro Mar-tins, fi lho de João Martins e de Alice de Sousa Ri-beiro Martins, com última residência conhecida na Av.ª Infante D. Henrique, 34, Oeiras, declarada vaga para o Estado, para recla-marem o pagamento dos respetivos créditos pelo produto de tais bens, no prazo de 15 dias, fi ndo o dos éditos, que se come-çará a contar da data da segunda e última publica-ção do anúncio.N/ Referência: 12046977Oeiras, 08-04-2013.

O Juiz de DireitoDr. Luís Pinto

A Ofi cial de JustiçaMaria dos Prazeres

DelgadoPúblico, 25/04/2013 - 2.ª Pub.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO DE CÍRCULO DE LISBOA

1.ª Unidade OrgânicaProcesso n.º 1603/10.0BELSB

ANÚNCIOOutros processos (DEL. 825/05)Autor: Ministério Público;Réu: Ossamy Pires Afonso Fernandes e SilvaCatarina Moura Ribeiro Gonçalves Jar-mela, Juíza de Direito deste Tribunal.FAZ SABER que pela 1.ª Unidade Or-gânica deste Tribunal, nos autos acima identifi cados, correm éditos de TRINTA DIAS, (30 dias) contados da data da publicação do último anúncio, CITAN-DO, o requerido, Ossamy Pires Afonso Fernandes e Silva, de nacionalidade São-Tomense, natural de Conceição, República Democrática de S. Tomé e Príncipe, fi lha de Bernardo d’Assunção da Costa Fernandes e de Paula Tomé Pires Honório ausente em parte incer-ta, e com última residência conhecida 6 Spout Lane, Caldmore - Walsall, West Midlands WS1 4 HU Reino Unido, para, no prazo de TRINTA DIAS (30 dias) de-corrido que seja o dos éditos, deduzir, querendo, contestação a estes autos de Oposição à Aquisição de Nacio-nalidade, nos termos das disposições conjugadas dos art.ºs, 9.º, al. a), 10.º, n.º 1, 25.º, 26.º, da Lei da Nacionalida-de n.º 37/81, de 03/10 - (na redacção introduzida pelo art.º 1 da Lei Orgânica n.º 2/2006, de 17/4) e art.º 4.º do (DL n.º 237-A/2006, de 14/12, e art.º 56.º e ss. do Regulamento da Nacionalidade Portuguesa, aprovado pelo mesmo Decreto-Lei e nos termos do art.º 81.º n.º 1 e 2 do CPTA, em que o Autor é o Ministério Público, pelos fundamentos constantes da petição inicial e docu-mentos, que se encontram à sua dis-posição na Unidade Orgânica acima indicada, sob pena de ser ordenado o arquivamento do processo.Caso deduza contestação é obrigató-ria a constituição de advogado, nos termos do art.º 11.º, n.º 1 do CPTA;Na contestação deve deduzir, de forma articulada, toda a matéria relativa à de-fesa e juntar os documentos destina-dos a demonstrar os factos cuja prova se propõe fazer;A falta de contestação não importa a cor são dos factos articulados pelo au-tor, mas o Tribunal aprecia livremente essa conduta para efeitos probatórios;Lisboa, 11 de Abril de 2013

A Juíza de DireitoCatarina Moura Ribeiro

Gonçalves JarmelaO Ofi cial de Justiça

Nuno Miguel MoreiraPúblico, 23/04/2013 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DOTRABALHO DE LISBOA

3.º Juízo - 2.ª SecçãoProcesso n.º 4618/12.0TTLSB

ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Yevhen StepanyukRéu: Leoloy Lda.Nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando a ré Ré: Leoloy Lda., domicílio: Rua Dr. António Granjo, n.º 26 - 3.º Esq., Algés, 1495-037 Algés com última re-sidência conhecida na morada indicada, para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articula-dos pelo autor sendo logo pro-ferida sentença a julgar a causa conforme for de direito e que em substância o pedido consis-te, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, jun-tar os documentos, apresentar o rol de testemunhas e requerer quaisquer outras provas.Fica advertido de que é obriga-tória a constituição de manda-tário judicial.N/Referência: 5078024 Lisboa, 17-04-2013

A Juíza de DireitoDr.ª Simone Abrantes de

Almeida PereiraA Ofi cial de Justiça

Florbela RamosPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DOTRABALHO DE LISBOA

4.º Juízo - 2.ª SecçãoProcesso n.º 3885/12.4TTLSB

ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Francisco SilvaRequerido: Pinto & Almeida - Empresa de Temporário Trabalho, Lda.Nos autos acima identifi cados, correm éditos citando a ré Pinto & Almeida - Em-presa de Temporário Trabalho, Lda., NIF: 505210827, com última sede conhecida na Rua das Murtas, n.º 9, Loja Esquerda, Rinchoa, 2635-110 Rio de Mouro, para comparecer pessoalmente neste Tribunal no dia 22-05-2013, às 09.15 horas, a fi m de se proceder à audiência de partes.Fica ainda advertida de que, em caso de justifi cada impossibilidade de com-parência, se deve fazer representar por mandatário judicial com poderes de representação e os especiais para con-fessar, desistir ou transigir, fi cando sujei-ta às sanções previstas no CPC para a litigãncia de má-fé (art.º 54.º n.º 5 do CPT e 456.º CPC, se faltar injustifi cadamente à audiência).A RÉ FICA AINDA CITADA COM A AD-VERTÊNCIA de que, se faltar à diligência ora designada, ou, estando presente, as partes não chegarem a acordo, deve apresentar contestação, no prazo de 10 dias a contar da data marcada para tal audiência sob pena de. não o fazendo, se considerarem confessados os factos articulados pelo Autor, nos termos do art.º 57.º do mesmo diploma.Fica ainda advertida de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.O duplicado da petição inicial encontra-se nesta secretaria, à disposição da citanda.N/Referência: 5079615Lisboa, 18-04-2013

A Juíza de DireitoDr.ª Alexandra Pecegueiro

A Ofi cial de JustiçaMaria Carlos Lima Nogueira

Público, 25/04/2013 - 1.ª Pub.

COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTE

Sintra - Juízo de Média Instância Cível - 2.ª Secção

Processo n.º 1859/08.9TMSNT

ANÚNCIOAção de Processo SumárioA Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Sandra Luísa de Moura Gonçalves Gomes, do(a) Sintra - Juízo de Média Instân-cia Cível - 2.ª Secção - Comarca da Grande Lisboa-Noroeste:Faz saber que nos autos acima iden-tifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e úl-tima publicação do anúncio, citando a Ré Nádia do Rosário Ventura Gon-çalves, domicílio: Rua Melquiades Marques, 5, 3 A, 2735-573 Cacém, com última residência conhecida na morada indicada para, no prazo de 20 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pela autora e que em substância o pedido consiste em a Ré ser condenada a pagar à Autora a quantia de € 7.089,65 acrescida de juros vincendos à taxa legal sobre o capital em dívida e até integral pagamento, custas e procu-radoria tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposi-ção do citando.O prazo acima indicado suspende-se, no entanto, nas férias judiciais.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/Referência: 21696018Sintra, 18-04-2013

A Juíza de DireitoDr.ª Sandra Luísa de Moura

Gonçalves GomesO Escrivão Adjunto

Álvaro FidalgoPúblico, 25/04/2013 - 1.ª Pub.

Sede: Quinta do Peru, Freguesia da Quinta do Conde, SesimbraPessoa Colectiva n.º 503 239 410

ASSEMBLEIA GERALCONVOCATÓRIA

Convocam-se os Ex.mos Sócios do Clube de Golf Quinta do Peru para a As-sembleia Geral a ter lugar na sede social, no local acima referido, no próximo dia 25 de Maio de 2013, pelas 16.30 horas, com a seguinte Ordem de Tra-balhos:

1.º Aprovação do Relatório e Contas do exercício fi ndo aos 31 de Dezembro de 2012;

2.º Aprovação do Orçamento e Plano de Actividades para o ano de 2013;

3.º Proceder à Eleição dos Órgãos Sociais para o quadriénio de 2013 a 2016.

Podem participar na Assembleia os Sócios que se encontrem no pleno gozo dos seus direitos sociais, sendo as deliberações tomadas por maioria dos Sócios presentes ou representados.

No caso de a Assembleia não poder ser constituída à hora marcada por não se encontrarem presentes a maioria dos Sócios, a Assembleia reunirá 30 minutos depois com a presença de qualquer número de Sócios.

Quinta do Peru, 21 de Abril de 2013

O Presidente da Mesa da Assembleia GeralEng.º D. Frederico José da Cunha Mendonça e Meneses

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SAIR

CINEMALisboa CinemaCity Classic AlvaladeAvª de Roma, nº 100, Lisboa . T. 218413045Não Sala 2 - 13h20, 15h40, 18h30, 21h30; Os Croods M6. Sala 4 - 11h20 (V.Port.); Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 4 - 17h45; Regra de Silêncio M12. Sala 4 - 15h20; Os Amantes Passageiros M16. Sala 4 - 13h30, 19h55, 21h45 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Os Amantes Passageiros M16. Sala 1 - 14h10, 16h30, 19h, 21h30; Nome de Código Paulette M12. Sala 2 - 14h30, 17h, 19h30, 22h; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 14h20, 16h45, 19h15, 21h45 Medeia KingAv. Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808A Rapariga de Parte Nenhuma M12. Sala 1 - 14h10, 16h, 18h, 20h, 22h; Volver - Voltar M12. Sala 2 - 14h, 16h30, 19h, 21h30 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Os Amantes Passageiros M16. Sala 4 - Cine Teatro - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 00h30; Não Sala 1 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; Regra de Silêncio M12. Sala 1 - 00h15; Fintar o Amor M12. Sala 2 - 13h50, 16h30, 19, 21h30, 24h; Nome de Código Paulette M12. Sala 3 - 13h30, 17h30, 21h30, 24h; Professor Lazhar M12. Sala 3 - 15h30, 19h30 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Fausto M12. Sala 1 - 15h30, 18h30, 21h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Professor Lazhar M12. Sala 1 - 14h15, 16h45, 19h20, 21h40, 24h; Um Homem a Abater M16. Sala 2 - 14h, 16h35, 21h55, 00h30; A Melhor Oferta M12. Sala 2 - 19h10; Ladrões com Estilo M12. Sala 3 - 23h30; Gladiadores Sala 3 - 14h15,18h35 (V.Port./2D), 16h25, 21h15 (V.Port./3D),; O Profundo Mar Azul M12. Sala 4 - 14h15, 19h10; Dou-lhes Um Ano M12. Sala 4 - 16h30, 21h30, 23h55; Fintar o Amor M12. Sala 5 - 14h15, 16h50, 19h15, 21h45, 00h15; Esquecido Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h55, 00h30; Taxi Driver M16. Sala 7 - 19h10, 00h10; Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 7 - 14h05, 16h45, 21h40; Não Sala 8 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h50, 00h25; Homem de Ferro 3 M12. Sala 9 - 14h, 16h35, 19h15, 21h50, 00h30; É o Amor M16. Sala 10 - 15h, 18h15, 21h30, 00h25; Nome de Código Paulette M12. Sala 11 - 14h20, 16h30, 18h55, 21h30, 23h40; Transe M16. Sala 12 - 14h15, 16h55, 19h10, 21h35, 00h05; Os Amantes Passageiros M16. Sala 13 - 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 00h10; Regra de Silêncio M12. Sala 14 - 14h, 16h35, 19h10, 21h45, 00h20 ZON Lusomundo AlvaláxiaEstádio José Alvalade, Campo Grande. T. 16996Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h45, 16h30, 22h; Um Homem a Abater M16. 13h30, 16h20, 18h55, 21h35; Gladiadores 11h15, 13h40, 16h10, 18h30 (V.Port.); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 11h, 13h15, 15h30, 17h40 (V.Port.); Os Croods M6. 11h, 13h20, 15h40 (V.Port.); Esquecido 13h10, 15h50, 18h40, 21h20; Transe M16. 13h30, 16h25, 19h, 21h25; Nome de Código Paulette M12. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; Homem de Ferro 3 M12. 13h05, 16h, 18h50, 21h40; Fintar o Amor M12. 13h25, 16h40, 19h10, 21h45; O Frágil Som do Meu Motor 13h35, 17h, 21h30; Homem de Ferro 3 M12. 13h50,

16h50, 21h10 (3D); G. I. Joe Retaliação M12. 21h15; Celeste e Jesse Para Sempre M12. 18h45; Um Refúgio para a Vida M12. 21h; Os Amantes Passageiros M16. 18h10, 21h20 ZON Lusomundo AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996A Oportunidade da Minha Vida M12. 13h45, 16h05, 18h25, 21h15, 23h35; Nome de Código Paulette M12. 13h20, 15h25, 17h50, 21h, 23h30; Homem de Ferro 3 M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h15; Transe M16. 13h05, 15h55, 19h, 21h40, 24h; Regra de Silêncio M12. 21h, 00h05; Os Amantes Passageiros M16. 13h10, 15h20, 17h45, 21h45, 23h50; O Frágil Som do Meu Motor 12h55, 15h40, 18h40, 21h30, 00h20; Gladiadores 10h10, 13h30, 15h55, 18h10 (V.Port.) ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 16996Fintar o Amor M12. 12h55, 15h20, 17h50, 21h20, 23h50; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h15, 16h, 18h20, 21h10, 23h45; Transe M16. 13h05, 15h45, 18h15, 21h15, 00h15; Celeste e Jesse Para Sempre M12. 21h35, 00h20; Gladiadores 10h50, 13h20, 18h10 (V.Port./2D), 15h50(V.Port./3D); Esquecido 12h50, 15h40, 18h40, 21h40, 00h30; Os Amantes Passageiros M16. 13h10, 16h10, 18h35, 21h25, 00h15; Nome de Código Paulette M12. 13h, 15h25, 18h, 21h05, 23h40; Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h25 (3D); Homem de Ferro 3 M12. 13h30, 17h, 21h, 24h ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Esquecido 13h, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20; Um Homem a Abater M16. 21h50, 00h30; Gladiadores 11h, 13h10, 15h20, 17h30, 19h40 (V.P./3D); Os Amantes Passageiros M16. 21h30, 23h40; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h40, 16h10, 18h10; Homem de Ferro 3 M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10 (3D); Transe M16. 13h30, 16h, 18h20, 21h10, 23h50

Almada ZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Esquecido 12h35, 15h20, 18h20, 21h15, 00h10; Nome de Código Paulette M12. 13h, 15h30, 18h40, 21h20, 00h15; Homem de Ferro 3 M12. 12h25, 15h15, 18h10, 21h05, 24h (3D); Celeste e Jesse Para Sempre M12. 18h10; Um Refúgio para a Vida M12. 12h40, 15h20, 21h30, 24h; Os Croods M6. 13h35, 16h10, 18h40 (V.Port.); Comboio Nocturno Para Lisboa M12. 21h25, 00h05; Os Amantes Passageiros M16. 13h40, 16h, 18h25, 21h, 23h20; O Caçador: Último Tigre da Tasmânia M12. 21h10, 23h50; Gladiadores 15h25, 15h50, 18h45 (V.Port./3D); Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h35, 18h30, 21h30, 00h25; G. I. Joe Retaliação M12. 13h05, 15h40, 21h05, 23h45; Fintar o Amor M12. 12h50, 15h25, 18h, 21h10, 23h55; Regra de Silêncio M12. 18h15; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 12h55, 15h10, 17h20, 19h35, 21h45, 00h20; Um Homem a Abater M16. 13h, 15h45, 18h35, 21h20, 00h15; O Frágil Som do Meu Motor 12h30, 15h25, 18h20, 21h15, 00h10; Transe M16. 13h10, 15h40, 18h15, 21h, 23h45

Amadora UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Um Refúgio para a Vida M12. Sala 1 - 21h40; Os Croods M6. Sala 1 - 14h (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. Sala 2 - 13h45, 16h20, 19h, 21h40; Gladiadores Sala 3 - 13h45, 18h45

NãoDe Pablo Larraín. Com Gael García Bernal, Alfredo Castro, Antonia Zegers. EUA/FRA/Chile. 2012. 118m. Drama, Histórico. Chile, 1988. Devido a várias

pressões internacionais, o general

Pinochet, que chegou ao poder

através do golpe militar que

derrubou Salvador Allende, é

forçado a convocar um referendo

sobre a sua presidência. Os

cidadãos votarão o “sim“ ou o

“não“ que determinará o seu

direito de concorrer a um novo

mandato. É então que os líderes

da oposição persuadem um

jovem publicitário a liderar a sua

campanha pelo “não“. Assim,

contra todas as expectativas, esses

homens corajosos conseguem

ganhar e libertar o Chile de uma

longa ditadura de 17 anos.

A Rapariga de Parte NenhumaDe Jean-Claude Brisseau. Com Virginie Legeay, Claude Morel, Lise Bellynck. FRA. 2012. 91m. Drama. M12. Após um violento ataque que

a deixa quase inconsciente,

uma jovem é salva por Michel

Deviliers, um professor de

Matemática reformado. Desde

o falecimento da mulher,

algum tempo antes, que vive

exclusivamente para as suas

intensas pesquisas sobre a

Bíblia. Porém, a presença

daquela mulher vai alterar a

dinâmica a que ele se habituara,

transformando a vida do velho

professor para sempre...

É o AmorDe João Canijo. Com Anabela Moreira, Sónia Nunes, Francisco Torrão. POR. 2012. 135m. M16. Caxinas, zona piscatória de Vila

do Conde. A relação entre os

pescadores da zona e as suas

mulheres funda-se tanto na

confi ança como na dependência

recíproca. A mulher confi a e

depende do pescador para ganhar a

vida e o pescador confi a e depende

da mulher para zelar pela vida

familiar. Neste fi lme sobre o amor,

Canijo acompanha um grupo de

mulheres no seu dia-a-dia.

TranseDe Danny Boyle. Com James McAvoy, Rosario Dawson, Vincent Cassel. GB. 2013. 101m. Drama, Thriller. M16.

Simon envolve-se com um grupo

de assaltantes no roubo de um

quadro de valor incalculável.

Quando tenta atraiçoar os seus

parceiros e fi car com a pintura

para si, leva uma pancada na

cabeça e fi ca amnésico. Ao

perceber que ele se tornou

incapaz, mesmo sob tortura,

de se recordar do local onde

escondeu a pintura, o líder do

grupo de assaltantes, contrata

uma hipnoterapeuta de forma

a explorar todos os recantos

da mente de Simon. Assim, à

medida que ela vai entrando no

seu subconsciente, as fronteiras

entre verdade, desejo e sugestão

hipnótica começam a ganhar

novos contornos.

Fintar o AmorDe Gabriele Muccino. Com Gerard Butler, Jessica Biel, Dennis Quaid, Uma Thurman, Catherine Zeta-Jones. EUA. 2012. 105m. Comédia Romântica. M12. George Dryer, antiga estrela de

futebol, está disposto a tudo

para reconquistar Stacie, a sua

ex-mulher. Para provar que é um

homem diferente e totalmente

dedicado à família, aceita treinar a

equipa do fi lho de ambos. Porém,

o que George não poderia imaginar

era que a fama de sedutor, que

antes contribuira para o sucesso

da sua carreira e para o fracasso do

seu casamento, viria a assombrá-lo.

Agora, constantemente perseguido

pelas mães dos jovens jogadores,

como poderá George ganhar de

novo a confi ança de Stacie?

O Frágil Som do Meu MotorDe Leonardo António. Com Alexandra Rocha, João Villas-Boas, Gustavo Vargas, Rui Luís Brás. POR. 2011. 124m. Thriller.

Gabriela é enfermeira na Unidade

de Queimados de um hospital.

Com um casamento em declínio,

envolve-se numa relação

extraconjugal assente numa

fantasia: em todos os encontros ela

está de olhos vendados. Vítor é um

investigador a trabalhar num caso

de assassínios em série. As vítimas,

todas mulheres, são queimadas

por alguém que, meses antes, as

engravida. Depois de conhecer

a única vítima sobrevivente no

hospital onde trabalha, Gabriela

começa a desconfi ar que o seu

amante poderá ser o responsável

pelos crimes...

Homem de Ferro 3De Shane Black. Com Robert Downey Jr., Guy Pearce, Gwyneth Paltrow, Ben Kingsley, Paul Bettany, Don Cheadle, Jon Favreau, Rebecca Hall. China/EUA. 2013. 109m. Acção, Aventura. M12. Enquanto génio e bilionário,

Tony Stark criou uma armadura

praticamente imbatível, que o

transformou num super-herói ao

serviço dos outros. Agora, Tony

encontra o seu mundo ameaçado

pelo megalomaníaco Mandarin,

que tenciona dominar o mundo

com o seu exército de super-

soldados. Assim, como Homem

de Ferro, ele tem de usar os seus

instintos mais apurados para

proteger todos os que lhe são

próximos, enquanto luta para

destruir Mandarin e o terrível

poder dos seus anéis malignos.

GladiadoresDe Iginio Straffi. Com Luca Argentero (Voz), Laura Chiatti (Voz), Julianne Hough (Voz). ITA. 2012. Animação, Comédia. M6Órfão após a terrível erupção do

Vesúvio, em Pompeia, o jovem

Timo é levado pelo general

Quíron e criado na escola

de gladiadores mais famosa

de todo o Império Romano.

Apesar de admirar a bravura

daqueles homens, a verdade é

que ele nunca esteve lá muito

empenhado em aprender o

ofício. Mas a sua motivação

altera-se quando a bela Lucilla,

fi lha de Quíron, regressa depois

de vários anos ausente. Desde

sempre apaixonado pela rapariga,

Timo está disposto a tudo para

demonstrar a sua coragem e,

quem sabe, convencer o general

Quíron de que é digno da mão da

sua fi lha.

Em [email protected]@publico.pt

cia

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Não

Page 35: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 35

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Os Amantes Passageiros mmmmm – mmmmm

O Capital mmmmm – –Cativos mmmmm mmmmm mmmmm

É o Amor mmmmm mmmmm mmmmm

Fausto mmmmm mmmmm mmmmm

O Frágil Som do Meu Motor mmmmm – –Não mmmmm mmmmm mmmmm

Professor Lazhar – – mmmmm

A Rapariga de Parte Nenhuma – mmmmm –Transe mmmmm – –

(V.Port./2D), 16h15, 21h15 (V.Port./3D); Um Homem a Abater M16. Sala 4 - 14h10, 16h35, 19h15, 21h45; Dou-lhes Um Ano M12. Sala 5 - 19h10; Os Amantes Passageiros M16. Sala 5 - 14h25, 16h50, 21h50; G. I. Joe Retaliação M12. Sala 6 - 19h05, 21h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 6 - 14h30, 16h50 (V.Port.); Esquecido Sala 7 - 14h05, 16h35, 19h10, 21h45; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 8 - 14h20, 16h45, 19h20, 21h50; Fintar o Amor M12. Sala 9 - 13h50, 16h15, 18h55, 21h25; Transe M16. Sala 10 - 14h, 16h30, 19h05, 21h35; Nome de Código Paulette M12. Sala 11 - 13h55, 16h25, 18h55, 21h35

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 13h, 15h30 (2D), 18h30, 21h30 (3D); Gladiadores Sala 2 - 12h50, 17h20 (V.Port.); Nómada M12. Sala 3 - 12h40, 15h20, 18h10, 21h10; Esquecido Sala 4 - 12h55, 15h40, 18h20, 21h20

Cascais ZON Lusomundo CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Fintar o Amor M12. 12h50, 15h30, 18h30, 21h30, 23h50; Dou-lhes Um Ano M12. 21h40, 00h10; Os Amantes Passageiros M16. 13h10, 15h35, 18h10, 21h15, 23h30; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h20, 15h45, 18h15, 21h05, 23h20; Nome de Código Paulette M12. 13h, 15h40, 18h40, 21h10, 23h40; Gladiadores 13h30, 15h50, 18h25 (V.Port./3D); Homem de Ferro 3 M12. 12h30, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20 (3D)

Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197G. I. Joe Retaliação M12. Sala 1 - 21h25; Gladiadores Sala 1 - 15h25, 18h (V.Port.); Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 2 - 15h40, 18h, 21h15; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 15h25, 18h15, 21h05; Esquecido Sala 4 - 15h30, 18h10, 21h20; Os Croods M6. Sala 5 - 15h35, 18h10 (V.Port.); Um Homem a Abater M16. Sala 5 - 21h30

Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. Com. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; Celeste e Jesse Para Sempre M12. Sala 2 - 15h45; A Melhor Oferta M12. Sala 2 - 21h30

Sintra Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789G.I. Joe: O Ataque dos Cobra M12. Sala 1 - 21h20; Nome de Código Paulette M12. Sala 1 - 13h10, 15h20, 18h, 21h; Os Croods M6. Sala 2 - 12h55, 15h, 17h10, 19h15 (V.Port.); Gladiadores Sala 2 - 12h50, 15h10, 19h30, 21h35 (V.Port./3D); Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 13h, 15h40, 18h30, 21h30; Esquecido Sala 4 - 13h15, 16h, 18h40, 21h40; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 5 - 13h20, 15h30, 18h10, 21h10; Transe M16. Sala 6 - 13h05, 15h50, 18h20, 21h50

Montijo

ZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Um Refúgio para a Vida M12. 21h; Gladiadores 16h, 18h40 (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. 15h35, 18h25, 21h20; Esquecido 15h45, 18h30, 21h15; Transe M16. 16h10, 18h35, 21h30; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 16h05, 18h10, 21h40; Nome de Código Paulette M12. 15h50, 18h, 21h45

Odivelas ZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Esquecido 13h, 15h40, 18h20, 21h10; Homem de Ferro 3 M12. 12h50, 15h30, 18h20, 21h15; G. I. Joe Retaliação M12. 21h20; Um Refúgio para a Vida M12. 21h; Os Croods M6. 13h20, 15h50, 18h15 (V.P.); Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h, 15h20, 18h, 21h30; Gladiadores 13h10, 15h30, 18h10 (V.P.)

Oeiras ZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Regra de Silêncio M12. 13h10, 16h; Esquecido 12h50, 15h40, 18h40, 21h40, 00h30; Os Amantes Passageiros M16. 18h50, 21h15, 24h; Um Homem a Abater M16. 21h10, 00h15; Nome de Código Paulette M12. 13h, 15h15, 17h25, 19h40, 21h50, 00h10; O Frágil Som do Meu Motor 13h20, 17h20, 21h, 23h55; Gladiadores 13h05, 15h20, 18h10 (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h30, 18h30 (2D), 21h30, 00h25 (3D); Transe M16. 13h15, 15h50, 18h20, 21h20, 00h05

Miraflores ZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresC. C. Dolce Vita - Av. Túlipas. T. 707 CINEMAEsquecido 15h20, 18h20, 21h20; Gladiadores 11h, 15h10, 17h30, 19h40 (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 15h30, 18h30, 21h30; Os Croods M6. 15h, 18h (V.Port.); Comboio Nocturno Para Lisboa M12. 21h; Dou-lhes Um Ano M12. 21h50

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 13h, 15h40 (2D), 19h10, 21h30 (3D); Esquecido Sala 2 - 12h50, 15h30, 18h20, 21h20; Gladiadores Sala 3 - 12h40, 17h15 (V.Port./2D), 15h, 19h30, 21h40 (V.Port./3D)

Torres Vedras ZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Homem de Ferro 3 M12. 12h55, 15h45, 18h35, 21h30; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h30,16h, 18h10, 21h; Dou-lhes Um Ano M12. 14h, 16h30, 19h, 21h50; Esquecido 12h45, 15h30, 18h20, 21h10; Os Amantes Passageiros M16. 21h45; Gladiadores 13h45, 16h15, 18h50 (V.Port.)

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Snitch - Infiltrado Sala 1 - 13h, 15h30, 18h20, 21h, 23h30; G.I. Joe: O Ataque dos Cobra M12. Sala 2 - 13h10, 15h40, 18h30, 21h10, 23h40; Gladiadores Sala 4 - 12h50, 15h10, 17h20, 19h30, 21h40 (V.Port.); Os

Croods M6. Sala 5 - 12h40, 14h50, 17h, 19h10, 21h20, 23h20 (V.Port.); Dou-lhes Um Ano M12. Sala 6 - 13h30, 16h10, 18h50, 21h50, 00h10

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. António Manuel Gamito, 11. T. 265522446Os Amantes Passageiros M16. Sala 1 - 21h30 Castello Lopes - SetúbalCentro Comercial Jumbo, Loja 50. T. 707220220Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 13h, 15h20, 18h, 21h30; Argo M12. Sala 2 - 13h10, 15h30, 18h20, 21h10; Os Croods M6. Sala 3 - 13h20, 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 4 - 13h30, 15h40, 18h10, 21h20

Évora Auditorio Soror MarianaRua Diogo Cão, 8. T. 707 CINEMAOutro País M12. Sala 1 - 18h, 21h30

Faro SBC-International CinemasC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Gru - O Maldisposto M6. Sala 1 - 11h (V.Port.); Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 1 - 13h, 15h, 17h, 19h, 22h; Os Croods M6. Sala 2 - 10h45, 13h10 (V.Port.); Dou-lhes Um Ano M12. Sala 2 - 14h15, 16h30, 18h45, 21h; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 13h35, 16h20, 19h05, 21h50; O Frágil Som do Meu Motor Sala 4 - 21h40; Gladiadores Sala 4 - 10h50, 13h, 15h10, 19h10, 17h20 (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. Sala 5 - 12h55, 15h40, 18h25, 21h10; Esquecido Sala 6 - 13h35, 16h15, 18h55, 21h35; Um Homem a Abater M16. Sala 7 - 13h25, 16h, 18h40, 21h15; O Expatriado M12. Sala 8 - 17h25, 19h40, 21h55; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 8 - 11h20, 14h10; G. I. Joe Retaliação M12. Sala 9 - 13h55, 16h20, 18h45, 21h10; Força Ralph M6. Sala 9 - 11h20, 14h10

Olhão Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 15h30, 18h30, 21h30; Snitch - Infiltrado Sala 2 - 15h20, 18h30, 21h30; Nómada M12. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15

Portimão

Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Homem de Ferro 3 M12. Sala 1 - 15h, 17h30, 19h30, 21h30; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 2 - 14h, 15h45 (V.P.); Um Refúgio para a Vida M12. Sala 2 - 15h45, 18h, 21h45

Tavira Zon Lusomundo TaviraR. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996Dou-lhes Um Ano M12. 21h45; Esquecido 15h45, 18h30, 21h15; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 15h15, 17h20, 19h20, 21h25; Nome de Código Paulette M12. 15h20, 17h25, 19h30, 21h40; Gladiadores 15h15 (V.P./2D), 17h25, 19h35 (V.Port./3D); Homem de Ferro 3 M12. 15h35, 18h20, 21h10

TEATROLisboaA Barraca - Teatro Cine ArteLargo de Santos, 2. T. 213965360 Menino de sua Avó Enc. Maria do Céu Guerra, Adérito Lopes. De 10/4 a 28/7. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h (excepto dia 27 de Abril). M/12. Estrela HallRua da Estrela, 10. T. 213961946 When Were You Happiest Enc. Robert Clowes. De 25/4 a 27/4. 5ª a Sáb às 21h. De 3/5 a 5/5. 6ª e Sáb às 21h. Dom às 16h. De 9/5 a 11/5. 5ª a Sáb às 21h. LX FactoryRua Rodrigues Faria, 103. T. 213143399 Conversas Depois de um Enterro Enc. Renato Godinho. De 18/4 a 28/4. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. Teatro BocageR. Manuel Soares Guedes, 13A. T. 214788120 A Alegre História de Portugal em 90 minutos Comp.: Companhia do Teatro Bocage. Enc. Mauro Toledo. Dia 25/4 às 16h. Dia 1/5 às 16h. M/6. 90m. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Por Tudo e Por Nada Enc. Jorge Silva Melo. De 13/3 a 27/4. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. M/12. Teatro do BairroR. Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358

Pequenas Comédias Enc. António Pires. De 10/4 a 28/4. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12. Teatro Maria VitóriaAv. Liberdade (Parque Mayer). T. 213461740 Humor com Humor se Paga Enc. Mário Rainho. A partir de 1/11. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h30 e 21h30. Dom às 16h30. M/12. Teatro RápidoRua Serpa Pinto, 14. T. 213479138 A Liberdade é um Lugar Inquieto Enc. Marco Paiva. De 4/4 a 29/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h , 18h30, 19h, 19h30 e 20h. M/12. 15m. Cinderela a Dias - I Think We Have Made The Fairytale Fashionable Again Enc. Laura L. Tomaz. De 4/4 a 29/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h05 , 18h35, 19h05, 19h35 e 20h05. M/12. 15m. E a que brindamos? Enc. Adriano Luz. De 4/4 a 29/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h20 , 18h50, 19h20, 19h50 e 20h25. M/12. 15m. Lápis Azul Enc. Tiago Torres da Silva. De 4/4 a 29/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h15 , 18h45, 19h15, 19h45 e 20h15. M/12. 15m. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 TOC TOC Enc. António Pires. A partir de 13/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Teatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 TimeLine De Cecília Henriques, Raimundo Cosme, Rita Chantre. De 25/4 a 5/5. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Teatro VillaretAv. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586 Casa de Campo Enc. Frederico Corado. De 31/1 a 27/4. 5ª a Sáb às 19h30. Isto É Que Me Dói! Enc. Francisco Nicholson. De 2/1 a 19/5. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h e 21h30. Dom às 16h. M/12.

AlmadaTeatro Municipal Joaquim BeniteAvenida Professor Egas Moniz. T. 212739360 Negócio Fechado Comp.: Companhia de Teatro de Almada. Enc. Rodrigo Francisco. De 28/3 a 28/4. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h.

CascaisTeatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo. T. 214670320 Viagem à Roda da Parvónia Teatro Experimental de Cascais. Enc. Carlos Avilez. De 13/4 a 26/5. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12.

Olival BastoCentro Cultural da MalapostaRua Angola. T. 219383100 Tudo a Nu Enc. Fraga. De 20/3 a 27/4. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. 120m.

PombalTeatro-Cine de PombalPç. Manuel Henriques Júnior. T. 236210540 Capuchinho Vermelho XXX Grupo: Teatro de Marionetas do Porto. Enc. João Paulo Seara Cardoso. Dia 25/4 às 22h. M/12. 35m.

EXPOSIÇÕESLisboaCarlos Carvalho - Arte ContemporâneaR. Joly Braga Santos, Lote F - r/c. T. 217261831 Flat-Pack Native and Other Pacific Constructions De Carlos Noronha Feio. De 16/3 a 27/4. 2ª a 6ª das 10h às 19h30. Sáb das 12h às 19h30. Pintura. Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400

No ano que marca o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal (1913-2005), o espectáculo Um Dia os Réus Serão Vocês: O Julgamento de Álvaro Cunhal lembra esta figura histórica, baseando-se na defesa que o líder comunista apresentou para si próprio em Maio de 1950. Uma ideia original do recentemente falecido Joaquim Benite, com

encenação e dramaturgia de Rodrigo Francisco e participação de Luís Vicente (na foto), João Farraia e Manuel Mendonça. Até 28 de Abril, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, com sessões às 21h30, domingo às 16h. O bilhete custa 13€, sujeito a desconto. A peça segue depois para Faro, de 1 a 4 de Maio, e Portimão, a 5. M/12.

O julgamento de Álvaro Cunhal em AlmadaRUI CARLOS MATEUS

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36 | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

SAIRARX Arquivo/Archive De Nuno Mateus + José Mateus. De 21/3 a 21/7. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arquitectura. CulturgestRua Arco do Cego. T. 217905155 Esculturas Sonoras 1994-2013 De Rui Toscano. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Retrato de Michel Auder De Michel Auder. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Espaço Round The Corner - Porta 9F/9GR. Nova da Trindade . T. 213420000 Em Casa De Rui Telmo Romão. De 6/4 a 27/4. 4ª, 5ª e 6ª das 13h às 18h. Sáb das 13h às 19h. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 Estes e Outros Encontros: Obras da Colecção Fundação Luso-Americana e Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva Com Ana Hatherly, Vieira da Silva. De Helena Almeida, Lourdes Castro, Rui Chafes, Ana Jotta, Vítor Pomar, António Poppe, Rui Sanches. De 18/4 a 14/7. 4ª a Dom das 10h às 18h. Vieira da Silva, Agora De 14/3 a 16/6. 4ª a Dom das 10h às 18h (grátis ao Dom das 10h às 14h). Pintura. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 360º Ciência Descoberta De 2/3 a 2/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Clarice Lispector - A Hora da Estrela De 4/4 a 23/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Ocupações Temporárias De 11/4 a 26/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Galeria 111Campo Grande, 113. T. 217977418 Laurissilva De Pedro Vaz. De 16/3 a 27/4. 3ª a Sáb das 10h às 19h. Pintura. Galeria DiferençaRua São Filipe Neri, 42 - Cave. T. 213832193 As meninas que habitam em mim De Maria Eugénia Medeiros. De 13/3 a 27/4. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 15h às 20h. Galeria Luís Serpa - ProjectosRua Tenente Raúl Cascais, 1B. T. 213977794 Apanhar Cogumelos é uma Atitude Perigosa De Gerard Hemsworth, Pedro Proença, Cindy Sherman, Susanne Themlitz, Inez Teixeira, Robert Wilson. De 9/3 a 26/4. 2ª a 6ª das 15h às 19h.Galeria Miguel NabinhoRua Tenente Ferreira Durão. T. 213830834

10h às 18h. Desenho. Ilusionismos - Os Tectos Pintados do Palácio Alvor De 8/3 a 26/5. 3ª das 14h às 17h30. 4ª a Dom das 10h às 17h30. Pintura. Obra Convidada: Lucas Cranach, o Velho. Judite com a cabeça de Holofernes De 24/1 a 28/4. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX De Vários autores. A partir de 16/12. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h.Paços do ConcelhoPraça do Município. Tráfico de Mulheres - Escravatura dos Tempos Modernos De 14/3 a 28/4. 2ª a 6ª das 10h30 às 18h. Documental, Outros. Picadeiro do Antigo Colégio dos NobresR. Escola Politécnica, 60. The Devil’s Breath - Parte I De Pedro Valdez Cardoso. De 21/3 a 27/4. 5ª a Sáb das 14h às 19h.Prova de ArtistaRua Tomás Ribeiro, 115 - Loja 1. T. 213199551 Nas Margens da Linha De António Areal, Fernanda Maio, Francisco Simões, J. M. Rocha de Sousa, Manuela Cristóvão, Ricardo Pacheco, Teresa Gonçalves Lobo, Diogo deCalle, entre outros. De 7/3 a 30/4. 2ª a 6ª das 10h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Desenho. Sociedade Nacional de Belas ArtesRua Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 Exposição Antológica: Jaime Silva De 12/3 a 27/4. 2ª a 6ª das 12h às 19h. Pintura, Desenho. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Sérgio Pombo De 13/2 a 27/4. 3ª a 6ª às 17h (até ao final do espectáculo). Sáb às 15h (até ao final do espectáculo). VPFCream ArteRua da Boavista, 84 - 2º. T. 213433259 Vita Brevis De Fabrizio Matos. De 7/3 a 27/4. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação.

MÚSICALisboaColiseu dos RecreiosR. das Portas de Santo Antão. T. 213240580 Amadou & Mariam Dia 25/4 às 22h.Espaço Brasil (Lx Factory)Rua Rodrigues de Faria, 103. T. 213143399 Celso Fonseca + Banda de Pífanos de Bendegó Dia 25/4 às 22h. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Into the Little Hill + Dido e Eneias Orq.Gulbenkian. Enc. Luca Aprea. De 25/4 a 26/4. 5ª às 21h. 6ª às 19h. Em inglês com legendas em português. Duração: 2h. Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Jorge Reis Quinteto De 25/4 a 27/4. 5ª a Sáb às 22h30. MusicBoxRua Nova do Carvalho, 24. T. 213430107 Simply Rockers SoundSystem Dia 25/4 às 23h. Ritz ClubeRua da Glória, 57. T. 937900346 Indie by Night: Enchufada Dia 25/4 às 23h. TMN ao VivoRua Cintura Porto Lisboa. T. 213220160 The Ramblers Dia 25/4 às 22h (I Lisbon Blues Fest).

AmadoraEspaço Cultural Recreios da AmadoraAvenida Santos Mattos, 2. T. 214369055 Orquestra Municipal Geração Amadora Dia 25/4 às 18h30.

LeiriaTeatro José Lúcio da SilvaAvenida Heróis de Angola. T. 244834117 Pedro Barroso Dia 25/4 às 21h30 (M/3).

OdemiraLargo Brito PaisEnsemble Project: Tributo de Ary a Zeca Dia 25/4 às 22h.

SAIRAna Maria De Ana Jotta. De 25/1 a 30/4. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Pintura. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Are you still awake? De João Pedro Vale, Hugo Canoilas, João Tabarra, Alexandre Estrela, Julião Sarmento, Ana Hatherly, Mauro Cerqueira, entre outros. De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arte Portuguesa 1850-1975 De João Cristino da Silva, Columbano Bordalo Pinheiro, João Marques de Oliveira, António Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy, entre outros. De 20/2 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Hetero Q.B. De Ana Bezelga, Ana Pérez-Quiroga + Patrícia Guerreiro, Carla Cruz, Elisabetta di Sopra, Lilibeth Cuenca Rasmussen, Mare Tralla, Oreet Ashery, Rachel Korman, Roberta Lima, Zanele Muholi, entre outros. De 9/4 a 30/6. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30).MUDE - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 Com esta Voz me Visto. O Fado e a Moda De 22/11 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Design, Documental. Interiores: 100 anos de Arquitectura de Interiores em Portugal De 20/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Design, Arquitectura. Made In Portugal - Iberomoldes De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Nacional e Ultramarino. BNU e a Arquitectura do Poder: entre o Moderno e o Antigo De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Percursos. Barro Negro/ Castanho/Ferro/ Granito De Linde Burkhardt. De 11/4 a 18/8. 3ª a Dom às 10h (última admissão às 17h45. Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 20h. Museu Colecção BerardoPraça do Império, CCB. T. 213612878 Angela Detanico, Rafael Lain. Amplitude De 20/2 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). BES Photo 2013 De Albano Silva Pereira, Filipe Branquinho, Pedro Motta, Sofia Borges. De 17/4 a 2/6. Todos os dias das 10h às 19h. Da Solidão do Lugar a um Horizonte de Fugas De Douglas Gordon, Ângela Ferreira, Miguel Palma, Eugenio Dittborn,

Caetano Dias, João Tabarra, Augusto Alves da Silva, Justine Triet, Jimmie Durham. De 19/12 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Exposição Permanente do Museu Colecção Berardo (1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. Todos os dias das 10h às 19h (última admissão às 18h30). Pintura, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Cartazes de Propaganda Chinesa - A Arte ao Serviço da Política De 25/1 a 27/10. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Documental, Outros. Deuses da Ásia De Vários autores. A partir de 9/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última admissão 17h30). 6ª das 10h às 22h (última admissão 21h30) (gratuito 18h às 22h). Do Vasto e Belo Porto de Lisboa De 1/3 a 27/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Macau. Memórias a Tinta-da-China De Charles Chauderlot. De 1/2 a 30/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Presença Portuguesa na Ásia. O Coleccionismo de arte do Extremo Oriente De Vários autores. A partir de 9/5. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última admissão 17h30). 6ª das 10h às 22h (última admissão 21h30) (gratuito das 18h às 22h). Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes, 1249. T. 213912800 Deambulações. Desenhadores Franceses em Portugal nos séculos XVIII e XIX De 28/2 a 5/5. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das

Amadou & Mariam apresentam Folila

FARMÁCIAS

Serviço PermanenteAlmeida (Campo de Ourique) - Rua Silva Carvalho, 136 - Tel. 213881726 Geny (Luz - Parque dos Principes) - Rua Fernando Namora 44 - C - Tel. 217111730 Moz Teixeira (Conde Barão) - Rua do Poço dos Negros, 115/117 - Tel. 213901961 Veral (Chile - Alto de S. João) - Rua Morais Soares, 109 - 111 - Tel. 218123608 Picoas (São Sebastião da Pedreira) - Rua Viriato, 29A - Tel. 213548966213548966 Parque das Nações (Santa Maria dos Olivais) - Jardim dos Jacarandás, Lote 4.28.01, H - Tel. 218947001/218947000

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Mota Ferraz Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Campeão, Alves (Benedita), Nova (Benedita) Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Nobre Brito, Higiene (Carregado) Aljustrel - Dias Almada - Vaz Carmona, Central - Almada, Nita (Charneca de Caparica), Pepo (Vila

Nova da Caparica) Almeirim - Mendonça Almodôvar - Aurea Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Girassol, Jardim, Alto da Brandoa (Brandoa) Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Central, Miranda Barrancos - Barranquense Barreiro - Roldão Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - J. A. Pacheco Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central Cadaval - Central, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)), Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Branco Lisboa Campo Maior - Central Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Das Fontainhas, Marques dos

Santos (Estoril), Artur Brandão (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Morgado Duarte Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Moura (Vale de Cavalos) Constância - Baptista Coruche - Frazão Covilhã - São Cosme Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Rosado e Silva Entroncamento - Almeida Gonçalves Estremoz - Grijó Évora - Diana Faro - Da Penha Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Avenida Gavião - Gavionense, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - A Lacobrigense Leiria - Oliveira (Marrazes) Loulé - Miguel Calçada, Nobre Passos (Almancil), Pinto Loures - Banha (S. Cosme), Faria (Santo António dos Cavaleiros), Pedro Santos (Vale Figueira) Lourinhã - Marteleirense, Pacheco (Ribamar) Mação - Saldanha

Mafra - Ericeirense (Ericeira), Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha Grande - Guardiano Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Do Vale Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Silvério, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Odemira - Confiança Odivelas - Cipriano, Nova de Odivelas Oeiras - Miramar, Central Park (Linda-a-Velha), Sacoor Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Olhanense Ourém - Iriense, Moderna Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Central do Pinhal Novo Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Central Pombal - Torres e Correia Lda. Ponte de Sor - Matos Fernandes Portalegre - Portalegrense Portel - Misericordia Portimão - Pedra Mourinha Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo -

Casa do Povo de Redondo Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Baptista Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Quinta da Torre Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia, Rodrigues Pata, Lopes Setúbal - Alice, Isabel Silves - Dias Neves, Ass. Soc. Mutuos João de Deus Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - Baião Santos, De Fitares, Fidalgo, Garcia (Cacém), Nave Ribeiro (Montelavar), Azeredo (Queluz) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Sousa Tomar - Dos Olivais Torres Novas - Nicolau Torres Vedras - Espadanal Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Botto e Sousa, Do Forte, Simões Dias (Bom Sucesso), César Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Duarte

Page 37: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 37

FICAR

CINEMAUma Traição Fatal [Haywire]TVC1HD, 21h30Mallory Kane é uma das mais bem

treinadas agentes da CIA. Mas,

depois de uma bem-sucedida

missão, que consistia em libertar

um jornalista chinês, Mallory é

atraiçoada e abandonada à morte

pelas pessoas em quem confi ava.

Ao sobreviver, torna-se uma

ameaça e, por isso, um alvo a

abater. Porém, preparada ao mais

alto nível para enfrentar todo o

género de ameaças, a ex-agente

vai usar todas as suas armas

contra os seus perseguidores,

num jogo em que a vingança,

e não a sobrevivência, se torna

o grande objectivo. De Steven

Soderbergh.

Tabu [Tabu]TVC2HD, 22h00Aurora é uma idosa

temperamental e excêntrica; Pilar,

uma vizinha dedicada; e Santa,

a empregada cabo-verdiana.

Ao sentir a aproximação do

fi m, Aurora faz-lhes um pedido

invulgar: quer encontrar-se com

Gianluca Ventura, alguém que até

àquele momento ninguém sabia

existir. Assim, dispostas a cumprir

o desejo da velha senhora, Pilar

e Santa acabam por descobrir

que os dois viveram uma história

de amor e crime no passado.

Realizado por Miguel Gomes.

Rocky Balboa [Rocky Balboa]Hollywood, 23h05Sequela produzida em 2006, 16

anos depois de Rocky V. Escrito,

realizado e interpretado por

Sylvester Stallone, o fi lme narra

o regresso ao ringue para um

último round do mítico Rocky. Há

anos que o boxeur está afastado

da ribalta e a sua vida é solitária:

a mulher morreu e o fi lho não

vive com ele. Mas um combate

virtual na televisão dá Rocky

como vencedor num embate

com o actual campeão, Mason

“The Line” Dixon. Rocky é então

incitado a regressar para este

último combate.

INFORMAÇÃO

Linha da FrenteRTP1, 21h00A crise está a levar ao

encerramento de muitas lojas em

Lisboa. No entanto, uma avenida

contraria todas as expectativas

e regista um aumento de ano

para ano. Trata-se da avenida

mais procurada pelas grandes

marcas de luxo. Afi nal, o que se

passa na Avenida da Liberdade?

A 10.ª Avenida é uma reportagem

de Elsa Marujo, com imagem de

Pedro Boa-Alma e edição de Paulo

Nunes.

DESPORTO

Futebol: Fenerbahçe x BenficaSIC, 19h55Directo. O Benfi ca desloca-se a Istambul para enfrentar o Fenerbahçe em jogo da 1.ª mão das meias-fi nais da Liga Europa. André Almeida, Enzo Pérez e Luisão não estão convocados para o compromisso europeu.

SÉRIES

Hatfields & Mccoys: Uma História de SangueSIC, 14h10Estreia da mini-série de três

episódios. Produzida por Kevin

Costner, retrata a rivalidade

entre duas famílias, no período

pós-Guerra Civil Americana.

Anse Hatfi eld (Kevin Costner)

e Randall McCoy (Bill Paxton)

são dois amigos que lutaram

juntos na guerra. Com o fi m do

confl ito, cada um retorna às suas

famílias. Mas o destino leva ao

início de uma violenta rivalidade:

Asa Harmon McCoy, primo de

Randall, é assassinado e Hatfi eld

torna-se o principal suspeito.

INFANTIL

Winx - O Segredo do Reino PerdidoPanda, 17h00Era uma vez, muito longe, no

Reino da Dimensão Mágica, uma

menina chamada Bloom, que

descobriu que era uma fada e

uma princesa. Desde então, a vida

dela transformou-se num conto

maravilhoso. Mas, um dia, Bloom

resolve descobrir a verdade sobre

os seus pais... Por isso parte com

as suas inseparáveis amigas, as

Winx, para o planeta Hoggar, a

fi m de conhecer Hagen, o Senhor

do Aço Brilhante, que lhe pode

dar informações preciosas sobre o

seu passado.

Discovery, 22.55 Jóias sobre Rodas: Porsche Boxster

[email protected]

RTP19.30 Assembleia da República: Sessão Solene 25 de Abril - Directo 12.07 AntiCrise - Compacto 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Windeck - O Preço da Ambição 15.04 Éramos Seis 15.44 Portugal no Coração 18.00 Portugal em Directo 19.08 O Preço Certo 20.00 Telejornal - Inclui 360º 21.00 Linha da Frente - A 10.ª Avenida 21.42 AntiCrise 22.05 Sinais de Vida 22.54 Música Maestro 23.46 5 Para a Meia-Noite - Pedro Fernandes convida Manuel João Vieira 0.57 True Justice 1.48 Californication 2.20 Vidas em Jogo

RTP29.01 Dia D - Fernando Bento 9.58 Dia D - Um Boémio de Espírito 10.59 Dia D - Hermínia, Actriz e Fadista 11.58 Dia D - Laura, A Inquietação de Estar Viva 12.50 Dia D - A Preto e Branco e a Cores 13.45 Dia D - Os Presidentes (de Arriaga a Bernardino Machado) 14.47 Dia D - Os Presidentes (de Sidónio Pais a António José de Almeida) 15.49 Dia D - Os Presidentes (de Mendes Cabeçadas a Américo Tomás) 16.53 Dia D - Os Presidentes (Spínola e Costa Gomes) 17.52 Dia D - Os Presidentes (de Ramalho Eanes a Cavaco Silva) 18.55 Dia D - Maria de Lurdes Pintasilgo 19.50 Dia D - António Ferreira Gomes – De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens 20.54 Dia D - Em Nome da Terra, Gonçalo Ribeiro Telles 21.50 24 - Sumário 22.00 Dia D - Joana Vasconcelos - Coração Independente 22.57 Dia D - Fausto - No Final da Trilogia 0.00 24 Horas 1.06 Dia D - Longe de Abril 2.05 Olhar o Mundo

SIC8.45 Filme: Sinbad, A Lenda dos Sete Mares 10.15 Filme: O Gato 11.35 Filme: Space Buddies, Aventura no Espaço 13.00 Primeiro Jornal 14.10 Hatfield´s e Mcoy´s: Uma História de Sangue - Estreia 19.15 Jornal da Noite 19.55 Futebol: Fenerbahçe x Benfica - Directo. Jogo da primeira mão das meias-finais da Liga Europa 22.05 Dancin´ Days 23.00 Avenida Brasil 0.00 Páginas da Vida 1.00 C.S.I. Nova Iorque 1.40 Futebol: Liga Europa - Resumos 2.00 Cartaz Cultural

TVI 6.30 Diário da Manhã 10.08 Você na TV! - Directo 13.00 Jornal da Uma 14.10 Mini-série: O Dia Em Que a Terra Tremeu 17.42 Filme: Soldados da Fortuna 20.00 Jornal das 8 21.45 Big Brother Vip - Diário 22.20 Destinos

Cruzados 23.20 Mundo ao Contrário 00.25 Big Brother Vip - Extra 1.55 Autores 2.52 O Rosto da Mentira

TVC1 10.50 Ghost Rider 12.40 Florbela 14.35 Filhos e Enteados 16.10 A Bússola Dourada 18.00 Ghost Rider 19.50 Drive - Risco Duplo 21.30 Uma Traição Fatal 23.10 Warrior - Combate Entre Irmãos 1.30 Filhos e Enteados

FOX MOVIES13.20 Die Hard: A Vingança 15.25 Alien Vs. Predador 17.03 Porcos & Selvagens 18.40 Viciados no Amor 20.18 Psico 22.00 Jackie Brown 0.35 A 3000 Milhas de Graceland

HOLLYWOOD11.55 Action Zone: Ep. 204 12.20 Um Pai à Maneira 13.55 Mamma Mia! 15.50 Do Cabaré para o Convento 17.30 De Repente, já nos 30! 19.20 A Lenda de Zorro 21.30 Os Flintstones 23.05 Rocky Balboa 0.50 Delírio em Las Vegas

AXN14.41 Jogo de Audazes 15.31 C.S.I. Miami 17.11 Mentes Criminosas 18.51 Jogo de Audazes 19.41 Sherlock 21.30 Inesquecível 22.26 The Mob Doctor 23.20 Hannibal 0.15 Londres Distrito Criminal 1.15 Hospital Central

AXN BLACK14.29 Filme: Cinco Minutos de Paz 16.00 Torchwood 16.55 Boardwalk Empire 18.00 Chuck 18.47 Torchwood 19.42 Sangue Fresco 20.37 Roma Criminal 21.35 Chuck 22.23 Filme: O Misterioso Assassínio em Manhattan 0.12 Chuck 1.00 Sangue Fresco

AXN WHITE14.12 Smash 14.57 Regras do Jogo 15.44 Filme: O Homem Bicentenário 17.54 Gossip Girl 18.40 Smash 19.26 Las Vegas 20.12 Regras do Jogo 21.00 Gossip Girl 21.50 Filme: As Palavras Que Nunca Te Direi 0.00 Gossip Girl

FOX 15.20 Foi Assim Que Aconteceu 16.10 Ossos 17.40 Lei & Ordem 18.25 Lei & Ordem: Intenções Criminosas 19.15 Family Guy 20.00 Os Simpson 20.50 Foi Assim Que Aconteceu 21.20 Casos Arquivados 22.20 Investigação

Criminal: Los Angeles 23.05 Hawai Força Especial 0.55 Spartacus: A Revolta dos Escravos 2.00 Dexter

FOX LIFE 15.36 Body of Proof 16.20 No Meio do Nada 16.44 Uma Família Muito Moderna 17.30 Um Homem Entre Mulheres 18.13 90210 19.01 Masterchef USA 20.30 Body of Proof 21.19 Anatomia de Grey 22.08 American Idol 22.56 Tudo Acaba Bem 23.26 The New Normal 23.50 Body of Proof 0.36 Medium 1.29 Revenge

DISNEY15.30 Um Mar de Esperança 17.00 Phineas e Ferb 17.50 Monster High 17.55 As Aventuras de Disney Fairies 18.55 Boa Sorte, Charlie! 19.45 Jessie 20.35 Phineas e Ferb 21.00 Hannah Montana 21.25 Os Feiticeiros de Waverly Place

DISCOVERY19.10 Mestres de Engenharia: Ponte Fantástica 20.05 Duo de Sobreviventes - Brasil: Seca Verde 21.00 Perdido, Vendido 22.00 Guerra de Propriedades: Aguenta o Calor 22.25 Guerra de Propriedades: Madeira!!!! 22.55 Jóias sobre Rodas: Porsche Boxster 23.45 Armas de Última Geração: Espingardas 0.35 Mestres do Restauro

HISTÓRIA 16.20 O Preço da História: Disparar a Matar 16.45 Revolução Estudantil de Coimbra 17.40 Alienígenas: Tecnologia Extraterrestre 18.30 Grandes Evasões da Segunda Guerra Mundial: A Porta do Inferno 19.25 Alienígenas: Debaixo da Terra 20.10 Pontes do Porto 20.35 Elevadores de Lisboa 21.05 25 Minutos de uma Revolução 21.35 O Preço da História: O Pacificador 22.00 O Terceiro Reich: A Queda, Ep. 1 e 2 23.40 II Guerra Mundial, os Arquivos Perdidos: Preparando o Dia D

ODISSEIA17.00 Os Aventureiros do Mundo Perdido 18.00 Madagáscar: Terra de Pó e Calor 19.00 Materiais de Última Geração: O Mais Inteligente 20.00 Garbage Dreams (O Povo do Lixo) 21.00 1000 Formas de Morrer II: Ep. 1 e 2 22.00 Armas que Mudaram o Mundo II: A Metralhadora Browning M2 23.00 Armas que Mudaram o Mundo II: Espingardas de Combate

covery, 22.55 Jóias sobre das: Porsche Boxster

pt

Os mais vistos da TVTerça-feira, 23

FONTE: CAEM

SICTVISICTVISIC

16,115,913,412,711,9

Aud.% Share

32,331,7

33,527,225,0

RTP1

2:

SICTVI

Cabo

12,5%%

2,6

22,025,9

27,5

Dancin' DaysBig Brother VipAvenida BrasilJornal das 8Jornal da Noite

Page 38: 25 Abril - Publico

38 | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

JOGOSCRUZADAS 8315

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

Viana do Castelo

Braga11º 26º

Porto13º 22º

Vila Real11º 25º

13º 23º

Bragança8º 24º

Guarda10º 21º

Penhas Douradas8º 18º

Viseu12º 24º

Aveiro13º 23º

Coimbra13º 26º

Leiria10º 25º

Santarém13º 27º

Portalegre9º 25º

Lisboa15º 26º

Setúbal11º 27º Évora

9º 25º

Beja10º 25º

Castelo Branco11º 26º

Sines12º 23º

Sagres13º 22º

Faro13º 25º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

14º 16º

14º 17º

Flores

Terceira14º 17º

16º 22º

18º 24º

15º 18º

25º

19º

6h47

Cheia

20h23

20h5725 Abr.

1-1,5m

3-4m

25º

2-3m

18º1m

18º1,5-2m

20h57 3,515h30 3,5

09h18 0,421h37 0,4

20h57 3,515h05 3,5

08h52 0,621h11 0,5

20h57 3,415h13 3,4

08h47 0,421h07 0,4

2-2,5m

2-2,5m

5m

14º

16º

15º

Horizontais 1. Faculdade de uma pes-soa poder dispor de si, fazendo ou dei-xando de fazer por seu livre arbítrio qual-quer coisa. 2. Do feitio de ovo. Terreno onde crescem oliveiras. 3. Contracção da prep. “de” com o pron. dem. “a”. Substância alcalóide obtida da espiga do centeio, e que tem aplicação medi-camentosa. 4. Televisão. Sal derivado de ácido úrico. 5. Por um triz. Preposição que designa posse. 6. Alternativa. Terceira nota musical. Instrumento cur-vo para ceifar. 7. Senhora (Bras.). Cingir. Outra coisa (ant.). 8. O açúcar empre-gado como excipiente (Farmácia). Escudeiro. 9. Guarnecer com abas. Unidade monetária da Nigéria. 10. Sofrimento. Realidade. 11. Curral de ovelhas. Verbal.

Verticais: 1. Terra misturada com de-tritos orgânicos no fundo da água. Esqueleto. 2. Imposto sobre o Valor Acrescentado (abrev.). Fruto capsular

cónico, produzido pelo quiabeiro (Bras.). 3. Bário (s.q.). A tua pessoa. Animal arac-nídeo de pequenas dimensões (alguns microscópicos), que provoca no ho-mem a sarna e alergias. 4. Fazem subir. Atmosfera. 5. Fechar as asas (a ave) para descer mais rapidamente. Observei. 6. Raça de cão de guarda, de cabeça vo-lumosa, focinho achatado e pêlo curto. Vasilha de aduelas, de grande lotação, para vinhos. 7. Impulso. Proferir por pa-lavras. 8. Indivíduo que reúne tempo-rariamente em si todos os poderes do Estado. Partido. 9. Impedi. Lavrar. 10. Espaço de 12 meses. Nome de um pás-saro dentirrostro de arribação. 11. Fileira. Diligência e pontualidade em qualquer serviço. Artigo antigo.

Depois do problema resolvido en-contre o título de uma obra de Clarice Lispector (3 palavras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Empata. Emir. 2. TERMINADA. 3. Ao. Imerso. 4. Or. Selim. 5. Ar. Zanga. 6. ATINADA. Ali. 7. Aqui. Danar. 8. Cru. Piela. 9. Elar. Gris. 10. Nazarita. Mo. 11. Alar. Zurro.Verticais: 1. Etno. Cena. 2. Me. Ratar. Al. 3. Pra. RIQUEZA. 4. Amos. Nu. Lar. 5. Ti. Enaipar. 6. Anil. Iriz. 7. AMIZADE. Tu. 8. Edema. Algar. 9. Mar. Nanar. 10. Sigla. Imo. 11. Rio. Airoso.Provérbio: Riqueza atinada, amizade terminada.

Oeste Norte Este Sul 1♣ passo 1♥passo 2♣ passo 3STpasso 3ST Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre.

Carteio: Saída: J♠. Qual a melhor linha de jogo?

Solução: A melhor linha de jogo con-siste em jogar desde logo um pequeno pau do morto, com a intenção de jogar o 8 da mão. Este plano assegurará o con-trato contra qualquer distribuição 3-2 dos paus, assim como as distribuições 4-1 desde que o singleton seja o Ás ou o Valete.Na configuração que estava, Este não conseguirá fazer melhor do que pren-der a vaza com o seu Valete para voltar a jogar espadas. Uma segunda volta de paus, para o Rei do morto, e Este ficará sem defesa. Pode fazer o seu Ás agora, ou na volta seguinte, e atacar copas, li-mitando o declarante a nove vazas, mas não mais do que isso.Existem duas esparrelas a evitar. A pri-

Dador: NorteVul: EO

Problema 4818 Dificuldade: fácil

Problema 4819 Dificuldade: difícil

Solução do problema 4816

Solução do problema 4817

NORTE♠ K♥ J85♦ AJ6♣ KQ10975

SUL♠ AQ53♥ K964♦ K93♣ 82

OESTE♠ J10986♥ AQ103♦ 42♣ 63

ESTE♠ 742♥ 72♦ Q10875♣ AJ4

João Fanha/Luís A.Teixeira ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

meira é a vir à mão no Rei de ouros para jogar o 8 de paus e deixar correr. Depois de fazer o Valete, Este contra-atacará com o 7 de copas, para a Dama de Oeste que, virará um ouro, para eliminar a últi-ma entrada do morto.A segunda armadilha é a de jogar o Rei de paus à segunda vaza. Na configura-ção atual, Este deixa fazer e, assim, fica-remos com problemas de entradas para o naipe de paus.

Oeste Norte Este Sul 1♦ 2♦* passo?*- Bicolor rico

O que marca com a seguinte mão?♠95 ♥82 ♦K54 ♣QJ10982

Resposta: Embora seja tentador mar-car 3 paus, o mais sensato é marcar 2 copas, por forma a manter o leilão em lume brando. A voz de 3 paus, embora não seja forcing, deverá prometer mais jogo, pois deixa ainda a possibilidade de se jogar uma partida caso o parceiro te-nha uma boa intervenção. A boa voz: 2 copas.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt

Page 39: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 39

Life&StyleVer mais emlifestyle.publico.pt/pessoas

Rihanna foi ver strip e gastou 8 mil dólares!

As 50 Sombras de Grey chamam por Van Sant

Ben vai viver um dia com apenas 1,15 euros

É a mais odiada, mas também é a mais bonita

Hoje não se critica uma ida ao clube

de strip — já é aceite no circuito

da noite e por isso não vamos

condenar Rihanna. A questão

aqui é que há um vídeo desse

acontecimento e a América desatou

a comentá-lo. Dia: 22 de Abril.

Cidade: Atlanta. Local: Magic City.

Segundo o site TMZ, Rihanna gastou

8 mil dólares (mais de 6 mil euros)

com as dançarinas, entre notas

atiradas ao ar e outras colocadas

na invisível roupa interior. Rihanna

adorou e tweetou: “Best stress

reliever=$tripper$” (melhor forma

de acalmar o stress — strippers).

E se a adaptação para cinema da

excitante obra para uns, mal escrita

para outros As Cinquenta Sombras

de Grey fosse da autoria de Gus van

Sant? Seria melhor do que o livro.

Pois o realizador está interessado

no projecto e para mostrar que é

o homem certo para o trabalho

decidiu fazer um teste real: diz o

Guardian que fi lmou uma tórrida

cena de sexo com Alex Pettyfer no

papel do bilionário Christian Grey.

Seja como for, este será um fi lme

que não pode ser visto por crianças,

cardíacos e humanos em geral que

não tenham vida sexual activa.

Ben Affl eck vai participar na

campanha contra a pobreza Live

Below the Line de forma original:

viverá pelo menos um dia com 1,5

dólares (1,15 euros) para angariar

dinheiro — segundo o site da

iniciativa há 1,4 mil milhões de

pessoas no mundo que vivem

abaixo da linha de pobreza. Ben

não é o único famoso a participar,

mas é o mais sonante. Ben é um

homem de causas, mas teria muito

mais impacto se em vez de 24

horas vivesse essa experiência

durante pelo menos uma semana.

Seria de fugir do aspecto dele...

Para a revista Star Gwyneth Paltrow é a celebridade mais odiada de Hollywood; para Robert Downey Jr. ela é uma snob, disse há dias, meio a brincar e ao lado da actriz, na conferência de imprensa de promoção do filme Iron Man 3; para a revista People ela é a mulher mais bonita do mundo em 2013, destronando Beyoncé (rainha em 2012). A People diz que Gwyneth está fabulosa, agora que chegou aos 40. A actriz não queria acreditar na escolha: “Honestamente, pensei que era alguém a gozar comigo. Tive de ler o email três vezes. Pensei: ‘Isto não pode ser verdade.’ Até desenvolvi dislexia a pensar que não estava a ler a mensagem correctamente!” Na lista das top ten mais belas de 2013 seguem-se Kerry Washington, Amanda Seyfried, Zooey Deschanel, Jane Fonda (será erro?), Jennifer Lawrence, Kelly Rowland, Halle Berry, Drew Barrymore e Pink. Este ranking foi estreado pela People em 1990, com Michelle Pfeiffer. Julia Roberts foi eleita quatro vezes: 1991, 2000, 2005 e 2010.

DANNY MOLOSHOK/REUTERS

PESSOAS

HOJE FAZEM ANOS

Alberto Martins, deputado do PS, 68; Mário Laginha, pianista, 53; Maria José Canhoto (“Alexandra”), cantora, 63; Albert Uderzo, autor de BD, 86; Johann Cruyff, antigo jogador, 66; Al Pacino, actor, 73; Renee Zellweger, actriz, 44; Paul Mazursky, actor e realizador, 83; Bertrand Tavernier, realizador de cinema, 72

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40 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

O ambiente não assusta o Benfi ca,o Fenerbahçe talvez

Jorge Jesus prevê equilíbrio na meia-fi nal da Liga Europa e admite montar estratégia de contenção, mas quer fazer golos em Istambul. Treinador dos turcos promete “pressionar muito” o adversário

Fenerbahçe 4-3-3

Benfica 4-2-3-1

ZieglerYoboKorkmazGonul

Demirel

Artur

Gaitán

Lima

MaxiJardelGarayMelgarejo

SalvioOla John

Topal

R. Meireles

Sow

Estádio Sukru SaracogluIstambul

Árbitro: Milorad Mazic Sérvia

20h05SIC

Webo

Cristian

Kuyt

Matic André Gomes

MURAD SEZER/REUTERS

Um momento de descontracção durante o treino de ontem, já no relvado do Estádio Sukru Saracoglu

O Benfi ca joga esta noite (20h05,

SIC), frente ao Fenerbahçe, os pri-

meiros 90 minutos de uma eliminató-

ria que poderá levar os “encarnados”

de regresso a uma fi nal europeia, 23

anos depois. Caso consiga superar o

emblema turco e garantir um lugar

no jogo que decidirá o vencedor da

Liga Europa, marcado para Maio, em

Amesterdão, o Benfi ca voltará a ter

a hipótese de juntar um troféu euro-

peu à galeria. Jorge Jesus tem reitera-

do que a prioridade passa pelo cam-

peonato, mas, tendo chegado a uma

fase tão adiantada, não quererá des-

perdiçar uma oportunidade destas.

Na antevisão da partida, ontem,

em Istambul, o técnico falou apenas

de passagem sobre os compromissos

internos que ainda faltam aos “encar-

nados”. E para dizer que vai “pensar

numa coisa de cada vez”, quando

questionado sobre a proximidade do

importante jogo na Madeira frente ao

Marítimo, da 27.ª jornada da I Liga.

Quanto ao encontro desta noite

contra o Fenerbahçe — que já está a

fazer história pelo simples facto de

disputar esta meia-fi nal —, o treina-

dor do Benfi ca assegurou que os seus

jogadores estão preparados para o

que vão encontrar. Dentro e fora de

campo. O ambiente fervoroso pelo

qual são reconhecidos os estádios

turcos não assusta os “encarnados”,

garantiu Jorge Jesus. “Ao longo destes

quatro anos de competições euro-

peias, estamos habituados a todo o

tipo de ambientes. Não é por aí que o

Fenerbahçe poderá ter vantagem so-

bre o Benfi ca”, disse, apontando: “A

maior difi culdade será a mobilidade

dos três avançados e a qualidade dos

seus jogadores. Mas já contra o New-

castle apanhámos avançados rápidos

e com muita qualidade.”

À confi ança manifesta no discurso

de Jorge Jesus deverá juntar-se uma

dose de calculismo. Porque o téc-

nico admitiu apresentar esta noite

uma equipa mais vocacionada para

a contenção: “Não vamos fugir das

nossas ideias, [mas] nestas alturas a

componente estratégica do jogo tem

infl uência. É natural que avancemos

para uma situação dessas”.

O Benfi ca nunca ganhou em solo

turco, somando dois empates e uma

FutebolTiago Pimentel, em Istambul

derrota em visitas à Turquia. E vai en-

contrar no Fenerbahçe uma equipa

ferida no orgulho. Na última jornada

do campeonato, foi derrotada (2-0)

pelo Gençlerbirligi, deixando o Gala-

tasaray ampliar para sete os pontos

de vantagem que tem na liderança da

classifi cação. A Liga Europa pode ser

a salvação da época para a equipa de

Raul Meireles. E o treinador dos “ca-

nários”, Aykut Kocaman, está cons-

ciente disso mesmo: “Este é um dos

jogos mais importantes da história do

Fenerbahçe. Vamos pressionar muito

o Benfi ca. Nós e os adeptos acredita-

mos que podemos vencer.”

Tendo isso em mente, para Jorge

Jesus o resultado de Istambul não se-

rá decisivo. “Acreditamos que esta

eliminatória não se vai resolver num

jogo”, sublinhou. “Queremos estar

ao nível do que temos feito, princi-

palmente quando jogamos fora do

nosso estádio”, acrescentou o trei-

nador do Benfi ca. E isso passa por

marcar golos. “Fazemos golos em to-

do o lado, e amanhã [hoje] também

queremos que assim seja”, vincou.

Luisão não está disponível e será

rendido por Jardel no eixo da defesa.

Já para o lugar de Enzo Pérez, casti-

gado, há várias alternativas, admitiu

Jorge Jesus: “O André Gomes tem si-

do a alternativa mais utilizada, mas

não é a única”, frisou, juntando-lhe

os nomes de Roderick Miranda e de

Carlos Martins.

Rejeitando o “ligeiro favoritismo”

atribuído ao Benfi ca pelo treinador

do Fenerbahçe, Aykut Kocaman,

Jorge Jesus previu uma eliminatória

equilibrada. “Numa meia-fi nal da

Liga Europa não há favoritismo pa-

ra ninguém. As equipas têm os seus

defeitos e virtudes”, concluiu. Imune

— garantiu o técnico — ao fervor que

o Estádio Sükrü Saracoglu mostrará

esta noite, o Benfi ca terá de demons-

trar que as virtudes são mais do que

os defeitos.

Chelsea na Suíça

Turcos vêem prémio subir para 3,8 milhões

Cinco milhões de dólares (cerca de 3,8 milhões de euros) é quanto o plantel do Fenerbahçe,

incluindo o médio português Raul Meireles, vai receber como prémio monetário, caso elimine o Benfica nas meias-finais da Liga Europa.

De acordo com a imprensa turca, os donos do Fenerbahçe decidiram abrir os cordões à bolsa e aumentar os prémios de jogo para os seus jogadores, podendo esse montante subir aos 10 milhões de dólares (cerca de 7,7 milhões de euros) caso vençam mesmo a competição.

A equipa orientada por Aykut Kocaman está praticamente afastada do título nacional e, apesar de se ter apurado para as meias-finais da Taça da Turquia, aposta tudo na Liga Europa e na primeira conquista de uma competição do velho continente. Até porque, até esta temporada, o máximo que o Fenerbahçe tinha alcançado nas competições da UEFA tinham sido os quartos-de-final da Liga dos Campeões, em 2007-08, fase na qual seria derrotado pelo Chelsea.

A formação londrina, de resto, poderá até voltar a encontrar os turcos na Europa, se ambos vencerem as eliminatórias que têm pela frente. Hoje, o primeiro round das meias-finais da competição completa-se com o Basileia-Chelsea. Os blues, que cumprem esta época a primeira participação na Liga Europa, terão de fazer algo que nenhum outro clube conseguiu até agora na prova: vencer no Estádio St. Jakob-Park. Benayoun, que já marcou nas meias-finais da prova pelo Liverpool, em 2009-10, pode ser uma ajuda importante para os britânicos.

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PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 41

Lewandowski soma agora 10 golos em 11 jogos na competição

Robert Lewandowski foi tudo me-

nos discreto na sua primeira parti-

cipação num jogo das meias-fi nais

da Liga dos Campeões de futebol.

O ponta-de-lança polaco deixou o

Borussia de Dortmund às portas da

fi nal — e a Alemanha muito perto de

um jogo do título 100% nacional —,

ao marcar os quatro golos da vitória

caseira da sua equipa sobre o Real

Madrid (4-1).

O duelo de ontem no Estádio

Signal Iduna Park, em Dortmund,

será para sempre recordado como

o jogo de Lewandowski, que viveu

uma noite histórica que aproximou

a equipa orientada por Jürgen Klo-

pp da sua segunda fi nal da Liga dos

Campeões, depois do triunfo em

1996-97 (com a contribuição de

Paulo Sousa).

“Defi nitivamente ganhou a melhor

equipa”, admitiu José Mourinho.

“Perdemos Lewandowski de vista em

três golos”. O avançado de 24 anos

tornou-se o primeiro na história da

principal prova europeia de clubes a

anotar quatro golos numa meia-fi nal

e também nenhum outro jogador ti-

nha obtido um póquer contra o Real

nas competições europeias.

A formação espanhola, por seu la-

do, só se pode agarrar ao golo mar-

cado por Cristiano Ronaldo, que a

deixa numa posição ligeiramente me-

lhor do que o rival Barcelona, que na

véspera também sofreu quatro golos

perante o Bayern Munique, mas não

obteve nenhum. José Mourinho, que

além de Ronaldo apostou também

em Fábio Coentrão e Pepe de início,

pode sempre referir aos seus jogado-

res os três casos em que o Real recu-

perou uma desvantagem de três ou

mais golos nas provas da UEFA.

Mas o resultado traduz fi elmente a

diferença de qualidade e andamento

que os dois clubes mostraram nesta

primeira mão. Lewandowski, que

na próxima época deve seguir Mario

Götze para Munique, marcou todos

os golos do Dortmund, mas não jo-

gou sozinho. O polaco foi um quebra-

cabeças para Pepe, que foi batido em

dois golos e ainda o colocou em jogo

em outro, mas também Marco Reus,

Götze, Kuba e Ilkay Gündogan foram

Lewandowski histórico: primeiro póquer numa meia-final e ao Real Madrid na UEFA

pois de uma bola metida na área por

Reus, e o terceiro aos 55’ num lance

semelhante (o remate desta vez é de

Marcel Schmelzer) concluído com

grande classe. Este último foi o me-

lhor golo do jogo, mas Lewandowski

ainda não tinha terminado o seu tra-

balho, marcando o seu 10.º golo em

11 jogos na prova: desta vez na trans-

formação de um penálti por empur-

rão de Xabi Alonso a Reus (67’). Pelo

meio houve uma grande jogada indi-

vidual do médio Gündogan, travada

por uma grande defesa do guarda-re-

des visitante, que também teve de se

esforçar aos 78’ para evitar o quinto

do ponta-de-lança adversário.

O Real foi dominado, mas teve

oportunidade nos momentos fi nais

de reduzir a goleada: Roman Wei-

denfeller saiu rápido aos pés de Ro-

naldo e o central Varane errou o alvo

num canto. Depois da Taça UEFA de

1979-80 entre Eintracht Frankfurt e

Borussia Mönchengladbach, a Ale-

manha está perto de voltar a ter dois

clubes numa fi nal europeia.

problemas de difícil resolução para

o Real Madrid. O facto de o guarda-

redes Diego López ter sido um dos

melhores da sua equipa foi outro si-

nal de desequilíbrio.

O Dortmund, que é como quem diz

Lewandowski, marcou cedo. Reus foi

o primeiro a testar López e aos 8’ já

os adeptos da casa festejavam. Götze

cruzou da esquerda e o homem da

noite inaugurou o marcador. Ronal-

do tentou empatar de livre, mas foi

de bola corrida que o conseguiu. Pa-

ra marcar, o Real Madrid precisou de

um erro grave do normalmente fi ável

Mats Hummels, que deixou a bola à

mercê de Higuaín para este fazer a

assistência para o golo fácil do inter-

nacional português. Ronaldo chegou

aos 12 golos esta época na Liga dos

Campeões e marcou pelo sexto jogo

seguido na prova, igualando os feitos

do turco Burak Yilmaz e do franco-

marroquino Marouane Chamakh.

Mas o registo famoso do encontro

pertenceu ao n.º 9 dos visitados. O

seu segundo golo chegou aos 50’, de-

Liga dos CampeõesManuel Assunção

Noite de sonho do polaco e de pesadelo para a equipa de Mourinho, que tem de recuperar três golos para estar na final

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Page 42: 25 Abril - Publico

42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

O futebol esteve longe de ser

um veículo de propaganda do

Estado Novo, que até atrasou o

desenvolvimento da modalidade.

Eusébio só não saiu de Portugal

mais cedo porque tinha de ir à

tropa. E não houve um clube do

regime, embora o Sporting tenha

sido o emblema que teve mais

fi guras ligadas ao poder. Estas são

algumas das ideias defendidas

pelo historiador Ricardo Serrado,

no livro O Estado Novo e o Futebol,

recentemente publicado.

No seu livro refuta a ideia de

que o Estado Novo se ancorou

nos três “efes”: fado, futebol e

Fátima. Como constatou isso?

Quando parti para a minha tese,

que serve de base a este livro, tinha

a ideia comum de que o futebol

fora intensamente politizado e

instrumentalizado neste período.

Desde que me lembro, ouço dizer

que Portugal era futebol, fado

e Fátima. Para grande surpresa

minha, apercebi-me de que as

coisas não eram de todo assim. O

futebol não foi instrumentalizado,

da forma como se diz. Nem há

provas, documentos ou indícios

de que este desporto tenha sido

politizado durante o Estado Novo

e apresento vários argumentos

que suportam esta ideia, como

o facto de o futebol não ter sido

profi ssionalizado mais cedo. E

podia tê-lo sido, porque logo

desde a década de 1920 ganhou

uma importância social muito

grande, mas o Estado Novo, ainda

nos princípios da década de 1940,

proíbe o seu profi ssionalismo.

Porquê?

Porque a ideia que o Estado Novo

tinha do futebol, e do desporto

em geral, era que deveria ser

amador, ao serviço da nação, da

educação física, para o cultivo do

corpo. O desporto de espectáculo,

de massas, era amplamente

condenável para o regime.

Apesar desse travão, o futebol

continuou a ser a grande

modalidade. Nisso o Estado

Novo não foi bem-sucedido?

O ciclismo foi a modalidade-rainha

no fi nal do século XIX e início do

século XX, mas, a partir de 1910,

sobretudo em Lisboa e depois

no Porto, o futebol ganha grande

pujança. E, a partir da década

de 1920, o futebol tem já um

modus operandi e características

que hoje em dia identifi camos

como fenómenos de massas:

a agressividade dos adeptos, a

contestação à arbitragem e os

campos cheios de gente. Antes de o

Estado Novo surgir, já o futebol era

o desporto-rei.

O Estado Novo preocupou-se

mais em controlar o fenómeno

do futebol do que em aproveitá-

lo para a sua propaganda?

O Estado Novo defi niu uma política

desportiva concreta. Sendo um

regime autoritário, à imagem

do seu líder (reservado, que não

ia em convulsões), e não tanto

um regime de massas, como o

fascismo italiano ou o nazismo,

o Estado Novo adapta o modelo

fascista à realidade portuguesa e às

ideias do seu líder. E no desporto

segue essa linha. O desporto

devia servir para educar, civilizar,

desenvolver os valores defendidos

pelo Estado Novo, que era

completamente contra as massas

e a profi ssionalização de qualquer

modalidade.

Não detectou nenhuma pulsão

para aproveitar os êxitos

internacionais do Benfi ca e da

selecção na década de 1960?

Existe algum aproveitamento,

mas mais como consequência.

As coisas aconteciam e o Estado

Novo colava-se a elas. Quando o

Benfi ca foi campeão europeu e a

selecção fi cou em terceiro lugar em

1966, havia a ideia de que não era

o Benfi ca ou a selecção, mas sim o

país. Aí, o Estado Novo faz algum

aproveitamento, mas é algo natural

e espontâneo num Governo que

quer chamar a si alguns desses

feitos. Não considero que seja um

aproveitamento planeado.

Não muito diferente do que

acontece actualmente?

Exactamente. Quando o FC

Porto é campeão nacional, vai à

Câmara do Porto [desde que Rui

Rio tomou posse, essa tradição

mudou]. E o Benfi ca à Câmara

de Lisboa. Até tenho a ideia

de que o futebol é hoje mais

instrumentalizado, também de

uma forma espontânea, do que no

período do Estado Novo. Basta ver

o Euro 2004 e a aposta do Estado

no futebol, para retirar dividendos

com a sua promoção. O Estado

Novo nunca apostou no futebol,

antes pelo contrário.

Porquê?

Em 1942, o Estado Novo criou

a Direcção-Geral de Educação

Física, Desportos e Saúde Escolar

(DGEFDSE), que é o organismo

que vai tutelar todo o desporto

nacional, e o futebol fi cou ali

preso. E, em 1943, lança as leis-

bases do desporto e diz que o

profi ssionalismo é proibido. Foi

preciso esperar até 1960 para

alguma equipa portuguesa fazer

algo relevante.

Uma das ideias do seu livro

é que Salazar não gostava de

futebol, mas não houve outras

fi guras do regime a tentar

instrumentalizar o futebol?

O facto de Salazar não gostar de

futebol não impedia que outros

gostassem, como era o caso de

Américo Tomás, Craveiro Lopes,

Henrique Tenreiro, Cancella

Abreu. Claro que havia agentes

do Estado Novo que gostavam

de futebol, mas sobre Salazar

não há indícios de que tivesse

clube. Aliás, poucas vezes se

manifesta sobre desporto. Fá-lo

para anunciar o Estádio Nacional,

quando o Benfi ca foi campeão

europeu em 1961 e no Mundial de

1966, mas é um homem à parte

do fenómeno desportivo. Aliás,

quando ele recebe o Benfi ca, em

1961, vê-se que é um homem que

não está muito à vontade com

a gíria do futebol e nem sequer

seguiu a carreira da equipa. Disse

qualquer coisa como: “Foi então

Ricardo Serrado Historiador defende que o futebol não foi um dos “efes” do Estado Novo. E também assegura que não houve um clube do regime

“O futebol é mais instrumentalizado hoje do que foi durante o Estado Novo”

“Claro que havia agentes do Estado Novo que gostavam de futebol, mas sobre Salazar não há indícios de que tivesse clube. Aliás, poucas vezes se manifesta sobre desporto”

“O clube com mais personalidades ligadas ao regime foi o Sporting”

EntrevistaHugo Daniel Sousa e Paulo Curado

Page 43: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | DESPORTO | 43

A fiscalização do diploma tinha sido requerida por Cavaco Silva

A impossibilidade de as futuras deci-

sões do Tribunal Arbitral do Despor-

to (TAD) poderem ser alvo de recur-

so para a justiça civil levou ontem o

Tribunal Constitucional (TC) a chum-

bar o projecto para a criação deste

órgão. A fi scalização preventiva do

diploma fora requerida pelo Presi-

dente da República, Cavaco Silva,

no princípio do mês de Abril.

“A irrecorribilidade das decisões

arbitrais proferidas pelo TAD, nos

termos do Anexo ao Decreto n.º

128/XII, no âmbito da sua jurisdi-

ção arbitral necessária, representa

uma violação do direito de acesso

aos tribunais, consagrado no artigo

20.º da Constituição”, sustentou o

TC, em comunicado, considerando

também estar em causa uma “dele-

gação de tarefas públicas” a “entida-

des privadas”. Os juízes considera-

ram ainda que o diploma aprovado

na Assembleia da República conti-

nha “limitações à autodeterminação

das partes”, por estas “não disporem

de plena liberdade de escolha dos

árbitros e da atribuição, em certas

situações, ao presidente do TAD, en-

quanto entidade administrativa, de

funções jurisdicionais relativamente

a providências cautelares”.

“Estou satisfeito com este acór-

dão. O fundamental é que esta de-

cisão do TC tenha sido tomada an-

tes da entrada em funcionamento

Tribunal Constitucional chumba TAD

do TAD. Este acórdão iria surgir de

qualquer forma, mas poderia vir a

acontecer mais tarde, o que impli-

caria uma série de custos a todos os

níveis”, referiu ao PÚBLICO José Ma-

nuel Meirim, um dos juristas que já

tinham alertado várias vezes para a

inconstitucionalidade desta solução

arbitral, apresentada pelo Governo

de Passos Coelho.

“Do ponto de vista político, há

agora algumas ilações a tirar. Hou-

ve um autismo por parte dos dois

principais responsáveis pela área

do desporto dos dois últimos go-

vernos [os secretários de Estado

Laurentino Dias e Alexandre Mes-

tre]. Ambos estavam de acordo em

relação à arbitragem no desporto e

não ligaram a todo um conjunto de

reservas e opiniões que maioritaria-

mente chamaram a atenção para a

sua inconstitucionalidade. Correram

esse risco”, defendeu Meirim, que se

congratulou pela decisão de Cavaco

Silva em solicitar ao TC a fi scalização

preventiva deste diploma.

A criação de um TAD é uma ideia

antiga em Portugal, já proposta, por

exemplo, pelo Governo de José Só-

crates, quando Laurentino Dias era

secretário de Estado do Desporto.

Na presente legislatura, a maioria

PSD/CDS aprovou a criação do TAD,

um projecto também querido de

Alexandre Mestre, que entretanto

já abandonou a Secretaria de Estado

do Desporto e Juventude, tendo sido

substituído por Emídio Guerreiro, na

sequência da demissão do ministro

Miguel Relvas.

“Este é o fi m deste TAD e não vejo

com muita facilidade como é que vão

construir outro. Pelo menos desta

forma, imposto pela lei do Estado, já

que, por vontade expressa das par-

tes, pode sempre ser constituído”,

concluiu José Manuel Meirim.

ENRIC VIVES-RUBIO

DecisãoPaulo Curado

Impossibilidade de recurso para a justiça civil das decisões do Tribunal Arbitral do Desporto foi considerada inconstitucional

Breves

Ténis

Xadrez

Kuznetsova, Koehler e Elias convidados para o Portugal Open

Ponomariov completa trio de líderes em Zug

Gastão Elias é o destinatário do primeiro dos três wild-cards (convites) disponíveis para o quadro principal do Portugal Open. O tenista de 22 anos é o segundo melhor português no ranking mundial, no 113.º lugar, a sua melhor classificação de sempre, depois de, no domingo, ter conquistado o segundo título challenger da carreira, em Santos. Aguarda-se que os outros dois beneficiados sejam portugueses, sabendo-se que João Sousa (104.º) só há dias regressou aos treinos. Para o quadro feminino, foram contempladas Svetlana Kuznetsova (42.ª), campeã do Open dos EUA (2004) e Roland Garros (2009), e Maria João Koehler (105.ª), a melhor portuguesa da actualidade, que se juntam à já anunciada Julia Goerges (30.ª).

O ucraniano Ruslan Ponomariov voltou a igualar Veselin Topalov e Alexander Morozevich no comando do terceiro torneio da série Grand Prix, que decorre em Zug, Suíça, ao vencer na sexta jornada Gata Kamsky, aproveitando os empates cedidos pelos seus rivais. O comando só não é constituído por um quarteto porque o russo Sergei Karjakin desperdiçou uma posição de vitória fácil perante o italiano Fabiano Caruana e teve de contentar-se com o empate. Em Paris, no Museu do Louvre, realizou-se a quarta jornada do Memorial Alekhine. Levon Aronian, ao alcançar a única vitória da ronda impondo-se ao russo Peter Svidler, igualou o inglês Michael Adams, o israelita Boris Gelfand e o francês Vachier-Lagrave no comando da prova.

muito difícil resolver o vosso

problema de futebol?”.

Terá fi cado impressionado com

o impacto social das vitórias do

Benfi ca de 1961 e 1962?

Sim, porque esse impacto social

é algo sem precedentes no

país. Foi uma manifestação da

portugalidade e penso que o

Estado Novo deixou as pessoas

expandirem-se, embora não

tenha valorizado em demasia

essas conquistas. Aliás, em 1966,

quando o Eusébio tem o seu

grande Mundial e a consagração

internacional, o Diário da Manhã,

que era o órgão ofi cial do Estado

Novo, escreveu que o melhor

jogador do mundo não era o

Eusébio mas sim o Pelé.

Outra das ideias comuns é que

Salazar impediu Eusébio de

sair do país. Algo que também

contesta no seu livro…

Sim. Nunca encontrei nenhum

indício que leve a pensar

que Eusébio tenha sido

“nacionalizado” ou impedido de

sair do Benfi ca por ser um herói

nacional. O que aconteceu foi

que, em 1962-63, ele teve um pré-

acordo com a Juventus e acabou

por não sair devido à intervenção

do Estado Novo, mas porque

tinha de ir à tropa. À luz do Estado

Novo, era impensável dispensar

fosse quem fosse. O que costumo

dizer é que não foi o Eusébio-

jogador que foi impedido de sair,

mas sim o Eusébio-militar ou

cidadão. Ainda para mais, em 1966,

o Inter de Milão quis contratar

Eusébio, que chegou mesmo a

escolher casa, e só não foi porque a

federação italiana fechou as portas

a estrangeiros, por causa de ter

feito um mau Mundial e de querer

potenciar os jogadores nacionais.

Não houve um clube do regime?

Não, primeiro porque o mentor

do regime não tem clube, ao

contrário de Franco [em Espanha],

que se diz que era do Real Madrid.

Depois, o clube que mais ganhou

durante a segunda metade do

Estado Novo foi o Benfi ca, que era

quem tinha mais oposicionistas ao

regime e que, na sua direcção, teve

menos pessoas ligadas ao mesmo.

O clube com mais personalidades

ligadas ao regime foi o Sporting,

onde contabilizei cerca de 12 ou 13

dirigentes com ligações ao poder.

Terá a ver com a génese mais

elitista do Sporting?

Penso que sim. Talvez pela

posição social mais elevada,

esses dirigentes estivessem mais

próximos do poder. Pelo contrário,

na confrontação com o Governo foi

o Benfi ca quem mais se aproximou

desse papel, nomeadamente por

causa do hino censurado a Félix

Bermudes (Avante Benfi ca)… Foi o

clube que teve mais oposicionistas

declarados.

E teve mesmo um presidente

comunista…

Sim, o que é inédito. Manuel da

Conceição Afonso foi o único caso

conhecido de um comunista a

presidir um clube no Estado Novo.

A inter-racialidade no futebol

português foi usada pelo regime

para passar uma mensagem

positiva para o exterior, de um

Portugal colonial harmonioso?

Quando Portugal foi à fase fi nal do

Mundial de 1966 essa mensagem

passou. Foi uma oportunidade

muito boa para transmitir uma

harmonia entre a metrópole e as

colónias, numa altura em que os

impérios coloniais europeus se

desmoronavam.

MIGUEL MANSO

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44 | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

Que fazer com esta democracia?

Neste 39.º aniversário do 25 de Abril, o

PÚBLICO fez uma simples pergunta a

mais de meia centena de cidadãos com

conhecida actividade em várias áreas:

professores, escritores, historiadores,

poetas, actores, músicos, artistas plásticos,

sociólogos, juízes, advogados, cineastas,

bispos, médicos, cientistas, fi lósofos,

coreógrafos, dirigentes de associações. A tal

pergunta simples foi: “O que melhoraria na

democracia portuguesa?” E as respostas,

sem que delas se ambicionasse qualquer

conclusão “científi ca”, dão-nos conta de

um sentimento quase comum: à liberdade

faltam alicerces e o mais citado é a urgência

de dar um novo impulso à cidadania. Se

alguns contestam abertamente os líderes

políticos e o actual sistema partidário,

havendo apenas uma minoria que acentua

Um maior exercício da cidadania é uma das sugestões que diversas personalidades colocam na mesa

claramente a importância (apesar todas

as suas conhecidas falhas) da democracia

representativa na qual se baseia o nosso

sistema político, quase metade das 55

respostas ao inquérito falam em múltiplas

formas de incentivar a chamada “democracia

participativa”. E isso é sugerido a diversos

níveis: não apenas nos processos eleitorais

(contra a “partidocracia”), mas também na

educação, na família, nas comunidades, nos

movimentos cívicos, nas associações locais

e regionais, nas empresas, em todo o lado

onde, para que haja resultados, seja bem

vinda uma menor apatia. Se esse poder for

exercido com empenho e conhecimento

das causas, se uma melhor educação e uma

melhor cultura ajudarem a alicerçá-lo, se os

portugueses forem cada vez mais cidadãos

e menos autómatos (e, sendo-o, também

cada vez mais vítimas), a incompetência,

a corrupção, a mediocridade e a mentira

terão menos campo livre. E a Justiça poderá,

pelo contrário, funcionar como deveria. A

liberdade, que há 39 anos foi conquistada

contra um poder ditatorial e arrogante, fi ca

por si só incompleta, se o país assentar numa

sociedade civil amorfa. Que, como se sabe, é

a melhor base para os piores governos.

Se a saga acabar

A saga judicial de Isaltino Morais acabou ontem, quando a Justiça considerou que a sentença a que fora condenado transitou em julgado e determinou o cumprimento da pena respectiva.

Será mesmo assim? Num sistema judicial normal, não haveria dúvidas. No sistema judicial português e nos labirintos formados pela interpretação das garantias individuais, tudo é possível. Principalmente neste caso, que contribuiu até para o enriquecimento do léxico da língua ao cunhar o verbo “isaltinar” para signifi car a multiplicação de fi ntas processuais que permitem a um condenado evitar a mão da Justiça. Mas vamos acreditar que, após anos de sessões, de dezenas de recursos que nenhum português pobre conseguiria apresentar, de avanços e recuos, o caso Isaltino chega mesmo ao fi m. Terá também chegado a hora de todos os envolvidos, desde os legisladores aos magistrados, fazerem a avaliação do que se passou. E de tirarem daí as devidas ilações para evitar que o circo com que o país foi confrontado nunca mais se repita.

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

CARTAS À DIRECTORA

Jogando com o dinheiro de todosInacreditável como, numa

gravíssima situação de crise, em

que o contribuinte é despojado

constantemente para tapar

buracos, isso continuar a suceder

dois anos depois de este primeiro-

ministro, em período eleitoral,

se ter mostrado tão moralista e

respeitador dos cidadãos!

— Aplicaram-se milhares de

milhões para eliminar défi ces da

banca. E seus gestores continuam

incólumes!

— Em Out/Nov 2012 veio

a público que o Fundo de

Estabilização da Segurança Social

tinha perdido ca. 2000 milhões

em operações bolsistas, em que

se dispôs das contribuições de

trabalhadores e empresas, numa

total irresponsabilidade, em vez de

se gerir com todo o rigor um capital

tão precioso para a estabilidade

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

do fundo e o futuro das pessoas.

Ora, aos respetivos gestores nada

aconteceu!

— Agora, perderam-se mais 2700

milhões em operações fi nanceiras

de empresas públicas, as quais

envolveram secretários de Estado,

logo substituídos à pressa.

Pergunta-se, porém, porque não

fez o primeiro-ministro aquilo que

é corrente lá fora: demitir-se?

António Catita, Lisboa

ENVC – Desenvolvimento ou definhamento?

No que parece ser o epílogo

da triste história recente dos

Estaleiros Navais de Viana do

Castelo e consequência directa

da luta primária, simplista e

populista pela manutenção

dos postos de trabalho, vale

a pena recordar os episódios

signifi cativos da (má) gestão da

empresa. Um grande navio de

transporte misto encomendado

pelo governo autónomo dos Açores

foi rejeitado por supostamente não

cumprir o caderno de encargos

da encomenda e não vi em sítio

nenhum esclarecido: o caderno de

encargos era claro? De quem foi

a responsabilidade da concepção

e da suposta falha? Nada! Uma

ausência de responsabilização

espantosa. Ficou tudo em “águas

de bacalhau”, como se se tratasse

duma simples fornada de pão que

saiu mal e que o cliente não quis.

A empresa Douro Azul não

conseguiu concretizar uma

encomenda, supostamente por

falta de resposta dos gestores dos

estaleiros. O encarregado pelo

Estado da venda da empresa

afi rmava publicamente que aquilo

valia pouco, assumindo o discurso

habitual do comprador, que é

desdenhar o que quer comprar.

Por irresponsabilidade escandalosa

e inépcia confrangedora foram

mantidas centenas de pessoas

desocupadas durante dúzias

de meses, a serem pagas não

pelo que produziam, mas por

um desesperado Orçamento do

Estado que não sabe mais onde

cortar e magoar. Agora, descobre-

se que o acumulado de ajudas

públicas, passíveis de terem de ser

devolvidas, suspende o processo

de privatização e condena a

continuidade da empresa.

Provavelmente uma privatização

em devido tempo bem contratada

e com responsabilidades claras de

investimento e de modernização

poderia ter sido a solução, mas é

tarde. (...) Os cartazes na cidade

apregoando que os Estaleiros

públicos estavam no coração do

desenvolvimento da região soam

agora de forma ironicamente triste.

Esta história irresponsável está

efectivamente na base sim, mas do

defi nhamento da região e do país!

Carlos J. F. Sampaio, Esposende

Page 45: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 45

39 anos depois (I)

Um país que, depois de

construir o futuro, é

empurrado de regresso ao

passado. Com o 25 de Abril,

não foi apenas a Poesia a sair

à rua, como pintou Vieira da

Silva. A madrugada por que

os portugueses havia muito

esperavam, como escreveu

Sophia, trazia consigo uma

promessa de futuro que as conquistas da

Revolução e uma Constituição empenhada

na dignidade fi nalmente concretizaram

nas nossas vidas. Milhões de portugueses

passaram a dispor de coisas tão básicas,

tão evidentes, como uma consulta médica

gratuita, uma pensão de reforma, uma

escola pública decente com professores

condignamente formados, uma torneira de

onde saía água corrente, um interruptor que

ligava uma lâmpada que não mais era um

luxo de cidade rica, um transporte público

que vinha mitigar uma das tantas causas da

exaustão quotidiana de quem trabalhava

para sobreviver. As mulheres, mais do que os

homens, experienciaram todas as mudanças.

Como escreveu Maria Velho da Costa, “elas

ouviram falar de uma grande mudança que ia

entrar pelas casas”, “souberam dizer salário

igual e creches e cantinas”, “sentaram-se a

falar à roda de uma mesa a ver como podia ser

sem os patrões” e “disseram à mãe, segure-

me aqui nos cachopos, senhora, que a gente

vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como

é”. A Liberdade trazia o futuro, a confi ança

no futuro, o fi m da guerra, três/quatro anos

roubados a sangue e a saudade da vida de um

milhão de homens de 20-30 anos. Abril trouxe

voz, arrojo, a reapropriação de um país por

quem nele vivia e a ele queria voltar!

39 anos depois, o medo foi regressando à

fábrica, ao escritório, as bocas dos patrões

e dos gestores voltaram a encher-se da

arrogância do “se não gosta, ponha-se a

andar!”, ao desempregado é dito que a culpa é

dele (porque parece que não quer trabalhar, se

não aceita o meio salário que lhe propõem), e

aos jovens é explicado que o problema é não

serem empreendedores e não saírem da sua

área de conforto... A todos nos repetem que

“não estamos em 1975!”, mesmo que a maioria

nem saiba o que isso foi, a todos se quer

ensinar que “não se meta em trabalhos...”,

“isso dos sindicatos é coisa do passado”. Os

trabalhadores passaram a ser colaboradores,

e, apesar de todo o palavreado da procura da

produtividade, é a obediência a disfarçar-se

de reverência, a indignidade a disfarçar-se de

empenho. Num país que vinha do salazarento

elogio da incultura, que dizia que os fi lhos do

povo que tinham ido à escola “nada ganharam.

Perderam tudo. Felizes os que esquecem as

letras e voltam à enxada” (deputada Virgínia C.

Almeida, 1938), a democracia fez-nos dar um

salto de gigante na qualifi cação, na realização

pessoal através da escola, da universidade,

formou os portugueses mais preparados da

história. 39 anos depois de Abril, insinua-

se que estudar é inútil e faz-se com que seja

caro; e a quem objetar que, dessa forma,

se promove o maior abandono escolar da

Europa e o regresso da injustiça no acesso à

universidade, faz-se o discurso rançoso da

necessidade de reduzir as expetativas, “nem

todos podem ser doutores!”, que nunca

devíamos ter abandonado a escola dual (isto

é, discriminatória), que habituava os fi lhos

do povo ao único futuro a que deveriam

aspirar: o de um trabalho manual, repetitivo,

de execução do que outros decidirem,

consequentemente mal pago. Não gostam?

Emigrem!

Um país forçado ao envelhecimento e

à fuga. E emigram... E Portugal envelhece.

As sociedades envelhecem por bons e maus

motivos. Porque vivemos mais (78,4 anos,

29º país do mundo onde mais se vive), bem

mais do que há 40 anos (67,4 anos, 45º),

porque construímos desde o 25 de abril um

sistema público de saúde que abriu a (quase)

todos a possibilidade de deixar de pensar

que a doença e a morte prematuras são

simplesmente um fado individual. Mas hoje,

sem condições (horários de trabalho cada

vez mais longos, desemprego e precariedade

de longa duração) e sem ânimo para se

empenharem na construção de novas vidas,

os portugueses envelhecem. Quando a

Revolução trouxe a liberdade e a democracia,

a convicção de que se podia tomar o

destino nas próprias mãos, os portugueses,

confi antes, não tiveram medo de ter fi lhos.

Porque confi avam na própria capacidade de

organização de novas condições para crianças

e mães, abrindo creches e consagrando

direitos sociais de que se não havia disposto

nunca. Nasceram

180 mil crianças em

1975, 187 mil em 1976

— e hoje, 1,5 milhões

mais do que éramos

então, nascem menos

de metade. Claro

que a extraordinária

mudança no estatuto

das mulheres

portuguesas, as

mudanças evidentes

no que move os

portugueses a

serem pais e mães

(cada vez mais

vontade e menos

acaso) contribuíram

decisivamente para

reduzir o número de

fi lhos. Mas sabemos

bem como a nova

economia da austeridade e a violência e a

chantagem quotidiana em que o trabalho se

tem transformado adiam quaisquer planos de

parentalidade para depois dos 30, ou 40, além

de fazer fugir de Portugal aqueles que querem

iniciar a aventura do amor transformado em

família. Cínico é que sejam os que falam nos

valores familiares a prescrever salários baixos

e encerramento de serviços públicos. Talvez

pensem que devam ser os mesmos avós a

quem cortam a reforma a tomar conta dos

fi lhos dos seus fi lhos.

Historiador. Escreve quinzenalmente à quinta-feira

Cínico é que sejam os que falam nos valores familiares a prescrever salários baixos

Manuel Loff Pelo contrário

Venha a anarquia

Gugle “David Graeber

sadomasochism” e lerá um artigo

pontiagudo sobre a situação

económica dos países endividados

mais pobres da União Europeia.

Graeber é um anarquista

interessante. O livro dele de 2011

sobre a dívida — Debt: The First

5000 Years — faz abrir os olhos e

repensar a dívida, o dinheiro e o

capitalismo, como nomes mais recentes para

as maneiras antiquíssimas usadas pelos ricos

e poderosos para continuarem assim à custa

dos pobres e dos fracos.

Num deserto de livros politicamente

atrevidos contra o capitalismo que são

também contra as organizações políticas

permanentes, Debt é um banho num lago

de água fresca com a garantia intelectual

de não ser uma miragem. Graeber é um

bom antropólogo e, ao mesmo tempo, um

activista entusiástico. Convence-nos que

o movimento Occupy Wall Street foi um

momento anarquista, citando todos os

esforços de organizações de esquerda para

apropriá-lo e aproveitá-lo. O anarquismo foi,

é, e sempre será a reacção mais atraente,

humana e moralista a todos os outros

ismos. Até aos anos 80 do século passado

era impossível não conhecer os textos

anarquistas ou não ceder à sedução dos

autores e das autoras que variamente os

propuseram e defenderam.

Cheira-me que vem aí uma nova vaga.

Os comunismos refrescados de Fredric

Jameson, Alain Badiou e Slavoy Zizec são

apetitosos mas anseiam por uma ordem,

mais nova do que antiga.

Os anarquistas sonham com a liberdade da

desordem, sem querer adivinhá-la.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

BARTOON LUÍS AFONSO

Page 46: 25 Abril - Publico

46 | PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013

O futuro é a nossa invenção de todos os dias. Desiludam--se os que pensam que a democracia é um regime fácil

A democracia não é um regime fácil

Francisco Assis

Hoje é dia de celebrarmos a

liberdade, principal legado

do acontecimento histórico

que assinalamos no nosso

calendário colectivo. O

passado, como sabemos,

não é reconduzível a uma

representação única, antes

proporciona interpretações

plurais e, nalguns casos,

potencialmente contraditórias. Por isso

mesmo celebrar é escolher, trabalhar a

memória com o fi m de a transformar em

projecto. Procuramos, dessa forma, atribuir

uma densidade excepcional a um momento

irrepetível. Haverá certamente muitas

formas de enaltecer o 25 de Abril. Pela parte

que me toca, opto pela enfatização do valor

da liberdade.

Tal como os acontecimentos geram

leituras diversas, também os conceitos

suscitam apreciações divergentes.

A liberdade, que associo ao melhor

da herança de Abril, comporta um

peso especial: situa-se no ponto de

cruzamento onde se intersectam os

projectos de emancipação colectiva de

índole republicana e democrática com as

mais genuínas aspirações do liberalismo

clássico. Nessa perspectiva, deve tanto ao

pensamento liberal de John Locke, como

à aspiração democrática de um Rousseau,

como ainda à opção pela capacidade

crítica do entendimento humano própria

de Kant. É um conceito que se fi lia na

grande tradição democrático-liberal

que identifi ca aquela que considero a

faceta mais luminosa da modernidade

europeia. Infelizmente, o século XX fi cou

assinalado, em vários momentos, pela

radical dissociação destas duas pulsões

históricas, a democrática e a liberal. Essa

oposição conduziu a uma das maiores

tragédias contemporâneas — o confronto

entre a utopia igualitária e a vontade de

preservação da autonomia individual.

Contudo, no pequeno espaço geográfi co

do Ocidente europeu, durante várias

décadas foi possível conciliar essas

duas heranças fi losófi co-políticas tão

relevantes, devido ao sucesso do chamado

“compromisso social-democrata”. Esse

compromisso assentou na sábia articulação

entre a economia de mercado, um sólido

Estado de direito, e um efi ciente Estado-

providência. A História nunca tinha

conhecido sociedades simultaneamente tão

igualitárias e tão livres. Foi essa experiência

notável que, apesar das difi culdades

enfrentadas, também foi possível realizar

em Portugal nos últimos 30 anos. Basta

recordarmos que iniciámos esse processo

no momento em que as economias

ocidentais se deparavam com os efeitos

perniciosos do primeiro choque petrolífero

e começavam a assistir ao fi m dos chamados

“30 gloriosos anos do pós-guerra”, para

termos noção do extraordinário esforço

empreendido pelo nosso país. Para isso

contribuiu o fortíssimo consenso social

e político que estribou a construção da

nossa democracia

contemporânea.

Quando hoje

enaltecemos o

valor da liberdade

e o associamos

a um período

histórico recente,

estamos a referir-

nos não apenas a

um sólido sistema

de protecção de

direitos, liberdades

e garantias

fundamentais, como

a um conjunto de

prestações sociais

indispensáveis para

a plena afi rmação

da dignidade

humana em áreas

tão decisivas

como a Educação

ou a Saúde. A

escola pública

de qualidade que soubemos criar, e o

Serviço Nacional de Saúde, legítimo

motivo de orgulho no próprio plano

internacional, contribuem decisivamente

para a afi rmação do valor da liberdade

individual. É provável que os seguidores

dessa caricatura da grande tradição liberal

que o neoliberalismo constitui se recusem

a admitir a pertinência destas afi rmações.

Basta, contudo, olhar para a nossa

sociedade para compreendermos como

estão errados.

Infelizmente, este consenso está hoje

posto em causa, com as consequências

dramáticas que se podem antecipar.

É por isso que nesta celebração de

Abril, sob a égide do valor matricial da

liberdade, há lugar para alguma angústia,

que tão visivelmente atravessa largos

sectores da sociedade portuguesa. No

entanto, celebrar é também lutar, recusar

qualquer tipo de fatalismo, contrariar o

desespero da vontade. E é justamente de

vontade que precisamos, neste tempo

de crise tão tenebroso que estamos a

atravessar. Vontade como projecto,

vontade como melancolia de uma outra

realidade possível.

Temos consciência que já não é

estritamente à escala nacional que

poderemos relançar um programa desta

natureza. A Europa é, nessa perspectiva,

o nosso destino. É certo que tanto o pode

ser numa versão trágica ou enquanto

aspiração utópica. Como portugueses, que

nas últimas décadas, após o encerramento

do ciclo imperial, encontramos no projecto

europeu um novo elemento conformador

Nesta celebração de Abril, sob a égide do valor matricial da liberdade, há lugar para alguma angústia

da nossa identidade nacional, estaremos

em condições especialmente favoráveis

para entender a importância do desafi o

que se coloca ao Velho Continente. A

Grécia Antiga não nos deixou apenas uma

herança fi losófi ca, também nos legou

o património literário da tragédia. Por

isso mesmo sabemos que não estamos

condenados a superar as difi culdades

que nos atormentam, o que nos advertirá

contra optimismos infundados. Só que

também não estamos impossibilitados de

aprender com a História e de ter a ousadia

de romper com o pior do nosso percurso

colectivo anterior. A democracia, que

hoje tão vivamente saudamos, consiste

nisso mesmo, na possibilidade e na

responsabilidade de escolhermos todos os

dias o nosso próprio destino. No fundo, de

transformarmos o destino em liberdade.

Aqueles que fi zeram o 25 de Abril

prestaram justamente esse inestimável

serviço ao nosso país. Fizeram de um

povo acorrentado a uma fatalidade um

povo livre. Não é fácil ser livre. É a nossa

tarefa cívica de todos os dias. Neste dia

especial, 25 de Abril, a memória inunda o

presente para nos lembrar uma verdade

que tem ao mesmo tempo qualquer coisa

de prometaico e de cruel: o futuro é a nossa

invenção de todos os dias. Desiludam-se

os que pensam que a democracia é um

regime fácil. Pelo contrário, é o mais frágil

e exigente de todos os regimes políticos. É

bom lembrá-lo, neste tempo tão difícil que

nos é dado atravessar.

Deputado (PS). Escreve à quinta-feira

PAULO PIMENTA

Page 47: 25 Abril - Publico

PÚBLICO, QUI 25 ABR 2013 | 47

Dívida e limites do crescimento

O debate sobre se a culpa é da

ciência ou do mau uso que

dela pode ser feito não é novo

nem original. Poderíamos

voltar a perguntar se o mundo

seria melhor se Einstein não

tivesse desenvolvido a Teoria

da Relatividade, e, como tal, a

bomba atómica nunca tivesse

sido produzida. O génio judeu

morreu angustiado por essas agruras, mas

o pragmatismo talvez mandasse que das

coisas se tivesse uma visão mais objectiva.

Pelas mesmas razões, também, a

econometria não tem culpa do mau uso, ou

do uso menos escrupuloso, que dela possa

ser feito. Infelizmente, o caso de Reinhart e

Rogoff não é o primeiro e não será o último:

nos anos oitenta, Milton Friedman e Anna

Schwartz convenceram o mundo que o

crescimento excessivo da oferta monetária

face ao do produto gerava infl ação, algo que

David Hendry, do outro lado do Atlântico,

concluiu ser verdade apenas em alguns

países e períodos históricos específi cos.

Como os que, “por acaso”, serviam de

exemplo empírico no artigo de Friedman

e Schwarz. Os media preferiram então

centrar-se no confronto das personalidades,

acabando com a amizade entre Hendry

e Friedman, em lugar de discutirem

as diferenças de metodologias e suas

consequências.

O problema da relação entre o

crescimento económico e o rácio da dívida

no PIB mereceria mais atenção do que a que

lhe deram quer Reinhart e Rogoff , quer os

que agora os questionam na Universidade

de Amherst, no Massachusetts. Se

os primeiros manipularam dados, e

demonstraram falta de profi ciência em

Excel, o esforço de réplica de resultados dos

segundos não é acompanhado do necessário

rigor técnico que a sua refutação procura.

Contestam-se resultados, aproveita-se o

apetite dos media para a polémica fácil,

obtém-se alguma notoriedade, mas pouco,

ou nada, se contribui para uma matéria

tão importante como a da relação entre

nível de endividamento e crescimento.

Tecnicamente, parecem esquecer-se,

voluntariamente ou não, que a relação

estatística entre variáveis nada nos diz

sobre qual a causa e qual o efeito. Dito de

outra forma, olhando para equações tão

simplifi cadas como as que nos propõem,

desprestigiam, uns e outros, a econometria,

em nome porventura de agendas políticas

contrárias. Ronald Fisher, o maior dos

estatísticos, alertou para isto mesmo.

Uma análise séria da questão em apreço

exige que se considere, ademais, o efeito

em realidades intermédias como, por

exemplo, as taxas de juro. Provavelmente,

num contexto de uma política monetária

restritiva, como a que prevaleceu durante

muito tempo na zona euro, o excesso de

absorção de recursos pelo sector público

tem custos no fi nanciamento ao sector

privado: pela escassez de crédito, e pelo

risco que a alavancagem elevada das

economias provoca.

Nem R&R nem os

seus detractores se

parecem preocupar

com a diferença que

existe entre a zona

euro e outros países

da sua amostra, por

exemplo. Ambos

incorrem no erro do

receituário fácil.

Em conclusão,

mais do que saber

se o endividamento

das economias só

é pernicioso acima

dos 90% do PIB,

seria desejável não

desviar a atenção

do essencial: as reformas estruturais e a sua

relação com o crescimento. Mais do que

um chavão político, estas são fundamentais

para adequar a dimensão do sector

público às possibilidades da economia

e para potenciar as capacidades dos

agentes económicos. Ao deixar que fossem

confundidas com os cortes orçamentais

e as ditas políticas de austeridade, as

autoridades europeias, entre outras,

perderam tempo e dinheiro, centraram-se

no curto prazo e levaram a uma efectiva

perda de base de apoio que seria crítica

para o sucesso das medidas que poderiam

libertar o potencial para o crescimento e a

criação de emprego.

Talvez a econometria pudesse ajudar a

dilucidar estas questões, mas, para isso,

seria preciso que os investigadores não

deixassem que a sua agenda ideológica, a

sua ânsia de reconhecimento, a sua fi xação

na obtenção do Nobel se sobrepusessem.

Era preciso que não fossem humanos. Ora,

para o bem e para o mal, é isso que torna a

Economia uma ciência estimulante.

Faculdade de Economia e Gestão, Universidade Católica (Porto)

Seria desejável não desviar a atenção do essencial: as reformas estruturais e a sua relação com o crescimento

JOSÉ MANUEL RIBEIRO/REUTERS

Debate Crise e econometriaCarlos Santos e Alberto Castro

Militares a caminho da indigência

Por esse mundo fora, os

governantes e respectivas

comunidades respeitam os seus

militares e tudo fazem para

garantir umas Forças Armadas

à altura das responsabilidades

que cabem a uma instituição

dessa natureza, dotando-as das

capacidades e condições para a

prossecução do nobre objectivo

da defesa e garantias de segurança para que

foram mandatadas.

Pelo contrário, no país que nos

orgulhamos de servir, os governantes e as

elites dominantes consomem uma parcela

da sua energia a descredibilizar esse

fundamental instrumento de sustentação

do Estado, aditando riscos maiores aos

que vão acumulando em matéria de

preservação de soberania da pátria cujos

interesses foram incumbidos de acautelar.

Filhos de uma geração arredada de

valores cultivados pelos seus pais, os actuais

responsáveis políticos não conhecem e,

porventura, causa-lhes alguma estranheza

a cultura de uma instituição como a

militar, regida por normas de conduta

em que sobressaem valores éticos, como

o sentido de disciplina, a camaradagem,

a solidariedade, o espírito de sacrifício

e de serviço público, em clara oposição

ao distante e supremo paradigma do

“mercado”, que tudo cilindra, ao ponto de

alienar países e povos inteiros para satisfação

de egoístas e gananciosos interesses.

Vem isto a propósito de notícias que têm

vindo a lume, relacionadas com a alegada

reforma do Estado, em que as Forças

Armadas e os militares serão uma vez

mais fustigados com leoninas e gravosas

medidas que, adicionadas a tudo o que os

vem afectando, traduzem bem o desvalor

conferido a um dos pilares fundamentais do

Estado.

Exauridas como estão as Forças Armadas,

só uma irresponsabilidade sem limite

explica o anunciado corte de 218 milhões de

euros no seu orçamento.

Neste contexto e sob o manto da

cegueira fundamentalista de empobrecer

os cidadãos deste país, têm surgido na

imprensa alusões à peregrina ideia de

suprimir o Suplemento da Condição Militar

(SCM) aos militares na situação de reserva.

Porque a desinformação,

sistematicamente sustentada na distorção

dos factos e até na própria mentira, faz

parte de uma estratégia repetidamente

utilizada para manipular a opinião pública,

procurando descredibilizar os militares e

as Forças Armadas, é para levar a sério uma

“encomenda” noticiosa deste jaez!

E essa intenção surge numa altura

em que os militares têm, no respectivo

posto, as suas remunerações reduzidas a

valores correspondentes a dois/três postos

inferiores à remuneração auferida em 2010.

Mais: surge ainda quando, de acordo com

um estudo recente, sustentado em dados

da Direcção-Geral da Administração e do

Emprego Público, em termos médios, a sua

remuneração-base ocupa o 27.º lugar, num

conjunto de 31 grupos socioprofi ssionais

da Administração Pública! Depois dos

militares contam-se

apenas os técnicos

de diagnóstica

e terapêutica,

assistentes

técnicos, técnicos

operacionais e a

Polícia Municipal.

Por outro lado,

considerando

que, no âmbito da

remuneração dos

militares, o SCM

assume a natureza

de remuneração

certa e permanente,

tendo em conta

ainda os descontos

que sobre esse

valor incidiram

durante toda uma

carreira, são óbvias

as implicações que

a sua subtracção

traria ao já parco

rendimento e ao

cálculo da pensão

de reforma. Os

efeitos seriam

de magnitude sísmica se e quando fosse

aplicada uma medida cega desta natureza!

Finalmente, importa ainda ter a noção de

que está em causa um universo fustigado

de há longos anos a esta parte por medidas,

qual delas a mais penalizadora das condições

de vida daqueles que um dia juraram servir

e defender a pátria, se necessário com

o sacrifício da própria vida, cumprindo

exemplarmente as suas missões, altamente

exigentes em diferentes domínios e aos quais

são cerceados inúmeros direitos, liberdades

e garantias constitucionalmente consagrados

para os restantes cidadãos.

Mesmo resistente, a corda um dia pode

partir-se…

Coronel, presidente da AOFA (Associação de Oficiais das Forças Armadas)

Exauridas como estão as FA, só uma irres-ponsabilidade sem limite explica o anunciado corte de 218 milhões de euros no seu orçamento

NUNO FERREIRA SANTOS

Debate Forças ArmadasManuel Cracel

Page 48: 25 Abril - Publico

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ESCRITO NA PEDRA

“As revoluções não concernem a pequenas questões, mas nascem de pequenas questõese põem em jogo grandes questões” Aristóteles (-384/-322), filósofo e cientista, Grécia Antiga

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QUI 25 ABR 2013

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José Carlos Abrantes muito crítico com decisão da direcção de Informação p17

Centro de Fotografi a Georges Dussaud é hoje inaugurado.Francês doou 105 fotos p31

Historiador Ricardo Serrado escreveu o livro O Estado Novo e o Futebol p42/43

Provedor da RTP contra comentário de José Sócrates

Dussaud ofereceu a Bragança as Crónicas Portuguesas

“Futebol é hoje mais instrumentalizado do que no Estado Novo”

Totoloto

5 6 8 13 29 9

2.000.000€1.º Prémio

SOBE E DESCE

Robert Lewandowski

Depois do Barcelona na véspera, ontem foi a vez de o Real Madrid ser

goleado na Alemanha. A equipa de Mourinho fez uma segunda parte muito abaixo do que se esperava frente ao Borussia, que esta época venceu o Real pela terceira vez na prova (já se tinham encontrado na fase de grupos). O avançado polaco Lewandowski foi a figura do jogo ao marcar os quatro golos da sua equipa. Está à vista uma final alemã entre Bayern de Munique e Borussia. (Pág. 41)

Enrico Letta

O Presidente Napolitano escolheu-o para formar o Governo italiano, o

que se esperava depois de ter passado a liderar interinamente o partido mais votado nas

eleições. Letta é jovem, segundo as normas políticas do país, mas tem grande experiência. E não tem ilusões: sabe

das tremendas dificuldades para formar governo e já disse que não está disposto a formar um executivo a qualquer preço. Será que vai ter habilidade para resolver o impasse que dura desde Fevereiro? (Pág. 25)

Apple

Apesar da imponência dos lucros no primeiro trimestre (9500 milhões

de dólares, menos 18% face a 2012), a empresa vê cada vez mais perigar o domínio no mercado dos gadgets. Os sinais dessa mudança vêem-se no valor da empresa em bolsa (a cair) e na necessidade de agora avançar com uma emissão de dívida de 100 mil milhões para recompensar os accionistas pela quebra nos lucros. E até a emissão não terá o triplo A, o que para muito contribuiu a mudança de preferência dos consumidores. (Pág. 24)

Isaltino Morais

Foi “autarca-modelo” do PSD, ministro de Durão Barroso e figura de proa

do partido. A ruptura deu-se quando Marques Mendes travou a sua candidatura em Oeiras. Isaltino avançou como independente e ganhou. Então já estava a contas com a Justiça. Para evitar a prisão, andou de recurso em recurso – quase cinco dezenas. Ontem, foi detido. E quer dirigir a câmara a partir da prisão. Está tudo dito. (Pág. 12/13)

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

Os alhos e os bugalhos

O Rui Tavares escreveu

ontem nesta última página

um texto que é exemplar

da maneira como a

esquerda portuguesa

encara a crise: parte de

uma crítica inteiramente justa à

desregulação que conduziu ao

colapso do Lehmann Brothers, à

falência do BPN e agora, segundo

parece, a mais um fenomenal

buraco nas contas das empresas

nacionais de transportes públicos,

para a partir daí concluir que

sem a velha e pecaminosa

ganância capitalista estaríamos

todos a viver no Paraíso. Isso

simplesmente não é verdade. E

mais: é essa espécie de confusão

original, tão disseminada, entre

causa e consequência, que nos

impede de chegar a um mínimo

de consenso sobre os nossos

problemas, para depois podermos

discordar proveitosamente das

soluções de cada um.

Este ponto é muito importante.

Há quem pense que esquerda

e direita não se entendem por

terem, como é suposto, diferentes

respostas para os problemas do

país. Mas não: esquerda e direita

nem sequer se entendem quanto

à doença, quanto mais em relação

João Miguel Tavares

à cura. O Rui tem toda a razão

quando aponta o dedo ao papel

dos credit default swaps (CDS) no

nascimento da crise global, à forma

como as instituições fi nanceiras se

transformaram em casa de apostas,

acabando por retirar enormes

vantagens de falências alheias,

à maneira como as CDS foram

propositadamente criadas para

fugir à regulação dos mercados

(ao contrário dos seguros

tradicionais), ou à imprudência

de permitir a proliferação de uma

miríade de produtos fi nanceiros

com uma tal complexidade que se

criou uma sofi sticadíssima fi cção

matemática sem qualquer ligação

à economia real. Tudo isto é

verdade. Só que depois…

Só que depois o Rui dá o

clássico salto ideológico

que consiste em sugerir

que se não houvesse maus

capitalistas o país teria

dinheiro sufi ciente para

sustentar o seu Estado e todas

as funções que actualmente

desempenha. Diz ele, após

denunciar o novo e escandaloso

buraco nacional por causa das

CDS: “Lembrem-se disto quando

se disser que as empresas de

transportes públicos não são

viáveis, que a decisão do Tribunal

Constitucional custou mil e tal

milhões de euros, que temos

de cortar quatro mil milhões

em gastos sociais, ou quando o

Governo fi zer uma festa porque

tenciona injectar três mil milhões

na economia. Só isso arriscamos

perder sem que as administrações,

os ministros ou até o Tribunal de

Contas tenham dado pelo caso.”

E é aqui, neste preciso ponto,

que um bom argumento se

transforma numa má conclusão.

O défi ce português em 2012 foi de

8,3 mil milhões de euros, cerca de

5% do PIB. Talvez o buraco do BPN

venha a atingir esse astronómico

valor e, inexistindo, pagasse o

défi ce de 2012. Talvez o novo

buraco dos transportes públicos

venha a duplicar (não seria

inédito) e, inexistindo, pagasse o

défi ce de 2013. Mas nem no nosso

desregrado Portugal existem

buracos destes todos os anos,

capazes de tapar a eternização de

défi ces da actual dimensão.

Ou seja, as críticas que

são feitas aos desvarios do

capitalismo, à ganância dos

bancos ou à vergonha das

off shores são mais do que justas.

Mas ainda que Ricardo Salgado

tivesse asinhas nas costas; ainda

que o BES apenas empregasse

anjos, arcanjos, serafi ns e

querubins; ainda que as contas

do Metro do Porto fossem tão

cristalinas como as ribeiras do

Gerês, ainda assim Portugal

continuaria a ser incapaz de

pagar as suas contas. E enquanto

não nos entendermos todos em

relação a isto, não vale realmente

a pena discutir coisa nenhuma.

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