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32 Caminhoneiro Natal O melhor U ma árvore de Natal, as lâmpa- das, os presentes em volta, crianças e a esposa. Este é o melhor Natal para a maioria dos caminhoneiros. Porém, poucos conseguem realizá-lo. Sempre ro- dando pelas estradas, sem o direito de parar. Como estava escrito em um pára-choque, “se correr o bicho pega, se ficar o banco toma”, a necessidade de traba- lhar acaba tirando o caminhoneiro de sua casa, não importando o dia. Em uma rápida e pequena pesquisa com alguns caminhoneiros presentes no 7º Santa Rosa Truck Show, realizado em Itajaí, SC, ficou muito claro uma diferença: os motoristas que não viajam, e, normalmente passam o Natal com a família, pediriam de presente de Natal, um caminhão. Para aqueles que não passam com a família, mesmo que não tenham caminhão, o melhor presente seria estar com a família. É o caso de Cléo Valmer Gil, com 53 anos e 30 de estrada, que ainda batalha num caminhão que não é seu. A bordo de um Scania 420, transporta cargas diversas, do Chile para São Paulo e de Buenos Aires para Salvador. “Se Deus quiser, quero ver se passo o Natal com a minha família”, diz esperançoso Cléo Gil. “Geralmente estou no Chile ou na Argentina. Em São Paulo mesmo passei um ou dois Natais. Normalmente passo fora e sozinho. Apenas com Deus e com os colegas de estrada”. O experiente caminhoneiro sabe que não adianta colocar um par de meia na janela do caminhão, nem ficar esperando por um presente embaixo de uma árvore. Mas mesmo assim, ele diz meio sem jeito, que se pudesse pedir algo para o Papai Noel, pediria para passar o Natal com sua família. Menos experiente que Cléo Gil, Josué Ferreira da Silva Filho, de 33 anos e apenas seis como caminhoneiro, tem o mesmo sonho do colega de estrada: passar o Natal com seus três filhos e a esposa. “Mas isso depende de onde eu estiver”, conforma-se Josué Filho. “Faz muito tempo que não passo o Natal em casa. Passo sempre nas estradas, sozinho”. Sozinho, a bordo de um Scania 124 de uma transportadora com o qual leva carga geral de Ponta Grossa para São Paulo, Fortaleza, praticamente pelo Brasil inteiro. Com o mesmo tempo de experiência de seu companheiro de estrada Josué Ferreira, mas ainda mais jovem, com 29 anos, Denílson Bueno de Andrade dirige um Iveco Stralis de uma empresa, transportando frios de Nova Mutum, MT, para Itajaí, SC. Com a “mordomia” de ter passado os últimos três Natais com a família, Andrade está apreensivo. “Nesta nova empresa, a gente só fica sabendo nosso destino no dia anterior”, diz o caminhoneiro. “Sou novo na empresa e não sei qual será o esquema de Natal, mas eu gostaria de estar com a família, mas ainda não tenho previsão”. presente Nesta época do ano, todos fazem seus pedidos para que o “bom velhinho” traga um presente. Para os caminhoneiros, mais importante que um caminhão, é a família. Por: Francisco Reis Fotos: Mayckon Gentil

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Nesta época do ano, todos fazem seus pedidos para que o “bom velhinho” traga um presente. Para os caminhoneiros, mais importante que um caminhão, é a família. Serviços Natal 32 Caminhoneiro Por: Francisco Reis Fotos: Mayckon Gentil Apesar de ter passado os últimos Na- tais com a família o jovem caminhoneiro quer manter a tradição. “Se pudesse pe- dir algo para o Papai Noel, pediria mais um Natal com a família”. 33 Caminhoneiro Por Francisco Reis Fotos: Roberto Silva

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32Caminhoneiro

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ServiçosNatal

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Uma árvore de

Natal, as lâmpa-das, os presentes

em volta, crianças e a esposa. Este é o melhor

Natal para a maioria dos caminhoneiros. Porém, poucos

conseguem realizá-lo. Sempre ro-dando pelas estradas, sem o direito

de parar. Como estava escrito em um pára-choque, “se correr o bicho pega, se

ficar o banco toma”, a necessidade de traba-lhar acaba tirando o caminhoneiro de sua casa,

não importando o dia.Em uma rápida e pequena pesquisa com alguns

caminhoneiros presentes no 7º Santa Rosa Truck Show, realizado em Itajaí, SC, ficou muito claro uma diferença: os

motoristas que não viajam, e, normalmente passam o Natal com a família, pediriam de presente de Natal, um caminhão.

Para aqueles que não passam com a família, mesmo que não tenham caminhão, o melhor presente seria estar com a família.

É o caso de Cléo Valmer Gil, com 53 anos e 30 de estrada, que ainda batalha num caminhão que não é seu. A bordo de um Scania 420,

transporta cargas diversas, do Chile para São Paulo e de Buenos Aires para Salvador. “Se Deus quiser, quero ver se passo o Natal com a minha família”,

diz esperançoso Cléo Gil. “Geralmente estou no Chile ou na Argentina. Em São Paulo mesmo passei um ou dois Natais. Normalmente passo fora e sozinho. Apenas

com Deus e com os colegas de estrada”.O experiente caminhoneiro sabe que não adianta colocar um par de meia na janela

do caminhão, nem ficar esperando por um presente embaixo de uma árvore. Mas mesmo assim, ele diz meio sem jeito, que se pudesse pedir algo para o Papai Noel, pediria para passar

o Natal com sua família.Menos experiente que Cléo Gil, Josué Ferreira da Silva Filho, de 33 anos e apenas seis como

caminhoneiro, tem o mesmo sonho do colega de estrada: passar o Natal com seus três filhos e a esposa. “Mas isso depende de onde eu estiver”, conforma-se Josué Filho. “Faz muito tempo que não

passo o Natal em casa. Passo sempre nas estradas, sozinho”. Sozinho, a bordo de um Scania 124 de uma transportadora com o qual leva carga geral de Ponta Grossa para São Paulo, Fortaleza, praticamente pelo

Brasil inteiro.Com o mesmo tempo de experiência de seu companheiro de estrada Josué Ferreira, mas ainda mais jovem, com

29 anos, Denílson Bueno de Andrade dirige um Iveco Stralis de uma empresa, transportando frios de Nova Mutum, MT, para Itajaí, SC. Com a “mordomia” de ter passado os últimos três Natais com a família, Andrade está apreensivo.

“Nesta nova empresa, a gente só fica sabendo nosso destino no dia anterior”, diz o caminhoneiro. “Sou novo na empresa e não sei qual será o esquema de Natal, mas eu gostaria de estar com a família, mas ainda não tenho previsão”.

presente

Nesta época do ano, todos fazem seus pedidos para que o “bom velhinho” traga um presente. Para os caminhoneiros, mais importante que um caminhão, é a família.

Por: Francisco ReisFotos: Mayckon Gentil

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Por Francisco ReisFotos: Roberto Silva

Apesar de ter passado os últimos Na-tais com a família o jovem caminhoneiro quer manter a tradição. “Se pudesse pe-dir algo para o Papai Noel, pediria mais um Natal com a família”.

Caminhão na lareiraPara os caminhoneiros que não via-

jam e irão passar o Natal com a família, o que todos eles querem encontrar embaixo da árvore de Natal, sem sombra de dúvida, é um caminhão. Francisco de Assis Loch, de 46 anos e há 28 trabalhan-do como caminhoneiro, proprietário de um Scania 112, transporta contêiner dentro da cidade de Itajaí, e com certeza estará com a família no Natal. “Viajar pra fora não compensa porque o frete está

muito ruim”, afirma Loch. Modesto, o caminhoneiro sonha baixo. “Se eu pu-desse pedir um presente para o Papai Noel, pediria um Scania 113. Já estaria bom demais”.

Mais ambicioso, Cláudio Henrique, de 37 anos e 10 de profissão, enquanto dirige um Fiat 94, transportando con-têiner entre Barra Velha e Itajaí e com a certeza de que irá passar o Natal com a família, sonha mais alto. “Se eu pudesse fazer um pedido para o Papai Noel, eu pediria um Volvo FH520 que está expos-to ali”, diz o caminhoneiro apontando o modelo exposto no estande da Volvo, no 7º Santa Rosa Truck Show. “Você viu que coisa mais linda? É o sonho de todos os motoristas. É muito bonito”.

Para quem já conseguiu ter seu

próprio caminhão e pode planejar a permanência com a família durante o Natal, o pedido para Papai Noel muda de figura. Oeden Paulo de Almeida, de 44 anos e 17 de profissão é um desses caminhoneiros. Proprietário de um Volvo FH 380, 2004, apesar de transportar carne de Cuiabá, para o Brasil todo, sabe que irá ficar em casa no Natal, como no ano passado. Ele tem um pedido muito especial a Papail Noel. “Se eu tivesse ligação direta com Papai Noel, pediria menos violência nas estradas”.

A todos vocês, caminhoneiros au-tônomos ou empregados, que Deus abençoe seus caminhos, ilumine suas estradas e traga vocês de volta, sempre em paz, para o lar e para o abraço de seus familiares. E que Papai Noel traga aquilo que vocês mais querem. m

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