260-904-1-PB

download 260-904-1-PB

of 3

Transcript of 260-904-1-PB

  • 7/26/2019 260-904-1-PB

    1/3

    A origem do preconceito

    Daniela Fiorin Falco Pereira Manuel (1); Marcus Vincius Silva (2); Roselle Fernandes Torres deOliveira (3)

    (1)Graduanda do Curso de Psicologia do Centro Universitrio de Itajub;[email protected](2) Graduando do Curso de Psicologia do Centro Universitrio de Itajub;[email protected](3) Professora do Curso de Psicologia do Centro Universitrio de Itajub;[email protected]

    RESUMO

    Este artigo tem como objetivo explorar as definies de preconceito atravs dos estudos de dois psiclogos:Gordon Allport e Albert Bandura, aprofundando-se no que diz respeito a qual momento o preconceito seinstaura no indivduo. Traando um paralelo entre as teorias dos dois psiclogos e de acordo com estudosrecentes no desenvolvimento infantil discorre-se a respeito do tema, tendo em vista que seu inicio ocorre na

    terceira infncia.

    Palavras-chave: Preconceito, Pr-conceito, Terceira Infncia, idade escolar, grupo de pares.

    INTRODUO

    Na psicologia, especificamente nos estudos dapsicologia social, encontrou-se autores queexploram a definio de preconceito. Oobjetivo deste artigo dissertar a respeito domomento em que o preconceito se instaura noindivduo fazendo uma comparao entre doisautores.Inicialmente ser apresentada uma revisobibliogrfica, na perspectiva comportamental,tendo como base um autor clssico, Gordon

    Allport (1954) que abordou o tema preconceitoh mais de cinquenta anos, e outrocontemporneo, Albert Bandura (2003), cujaprincipal sustentaco a de que oscomportamentos podem ser aprendidosatravs da observao e modelao, emostrar como o tema abordado atualmente.O surgimento do preconceito no indivduo deacordo com Papalia (2013, p.368), ocorre naidade escolar: [] a influncia negativa dogrupo de pares pode reforar o preconceito:atitudes desfavorveis em relao a membrosde outros grupos diferentes, principalmentemembros de determinados grupos raciais outnicos.

    1.1 Definio de preconceito segundo Allport

    A teoria desenvolvida por Allport (1954) considerada fundamental para o estudo dotema. Segundo o autor, o preconceito uma

    atitude hostil ou preventiva a uma pessoa quepertence a um grupo, simplesmente porquepertence a esse grupo, supondo-se, portanto,que possui as caractersticas contestveisatribudas a esse grupo (ALLPORT,1954/1962, p. 22, traduo livre).

    A partir dessa perspectiva surgiram anlisesdo preconceito baseando-se, principalmente,na ligao deste com a cognio social eassim sendo entendido como um evitamentoimpermutvel sentido ou expressado a umgrupo social ou a um indivduo simplesmentepor fazer parte do grupo (ALLPORT, 1954).O comportamento de discriminar surge atravsdo relacionamento entre grupos distintos e temcinco graus de externao: verbalizaonegativa, evitamento, discriminao, ataquefsico e exterminao. Alm disso, Allport,(1954) faz distino entre os termos pr-conceito e preconceito. O primeiro diz respeitoao pr-julgamento concebido sobredeterminado indivduo e que, com aaproximao, pode ser revisto/desfeito. Osegundo a imutvel capacidade de externarpensamentos hostis em relao diferena deoutro indivduo.Para Allport (1954) a categorizao auxilia navelocidade do pensamento, portantoestereotipar os indivduos de determinadosgrupos permite, de forma rpida e automtica,distinguir caractersticas positivas ounegativas. Dessa forma os indivduoscolaboram com seus grupos e tendem asubjugar membros de outros grupos. Essadiscriminao intergrupal justificaria osurgimento do preconceito. Considerar que, ascaractersticas do grupo a que se faz parte,so melhor do que as do grupo ao qual no sepertence pode garantir uma identidade social

    positiva, pois os sentimentos seriam comunsaos dos demais indivduos deste grupo.J o preconceito se instaura na dificuldade deaceitar as diferenas ou nos conflitos comvalores rgidos (FISKE, 1998). Tanto opreconceito quanto a discriminao so

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
  • 7/26/2019 260-904-1-PB

    2/3

    relativamente automticos, principalmente nainfncia. A autora ressalta que o preconceito melhor preditor de discriminao do que osesteretipos Galvo (2009), uma vez que osesteretipos so caractersticas atribudas aum grupo para identifica-lo.

    1.2 Definio de preconceito segundo Bandura

    Como pontuado, as ideias de Allport (1954)dizem respeito ao ato hostil externalizado pelapresena do preconceito no indivduo. JBandura (2003) evidencia em seus estudos arelao do comportamento agressivo com amodelao: []as principais fontes de estilosde comportamento agressivo na sociedademoderna so a agresso modelada ereforada pela famlia, pela subcultura na qualvive o sujeito e os modelos simblicosabundantemente fornecidos pelos meios decomunicao de massa, de modo especial ateleviso(BANDURA et al, 2008).

    1.3 O momento em que surge o preconceitono indivduo

    Se para Albert Einsten mais fcil quebrarum tomo do que um preconceito, Papalia(2006) nos sugere que o preconceito se dquando as crianas saem do bero familiar epassam a frequentar a escola. Nestemomento, ... na terceira infncia, o grupo depares surge de forma espontnea. Os gruposse forman entre crianas da mesma origemracial ou tnica e nivel socioecomicosemelhante(PAPALIA, 2013, p. 368).Papaia (2013) tambm afirma que os gruposde amigos ajudam as crianas adesenvolverem habilidades sociais, permitindoque elas testem e adotem valoresindependentes dos aprendidos em famlia.Porm h os efeitos negativos destesrelacionamentos: []o incentivo presso eo reforo do preconceito em relao amembros de outros grupos... (p. 368), j quepara fazer parte de um determinado grupo acriana precisa adequar-se e aceitar seusvalores e normas de comportamento. Ainfluncia desses pares ainda mais fortequando existe incerteza por parte da criana eesta se sujeita aos padres comportamentaise de obedincia impostas por eles.Quando Bandura (2003) expe sua teoriasocial cognitiva e sua relao com aeducao, refere aprendizagem porobservao ou imitao ocorrendo quando asrespostas de uma pessoa, no caso, dascrianas so influenciadas pela observao deoutros, o que ele chama de modelo. Para oautor, atravs da observao do

    comportamento dos outros e de suasconseqncias, com contato indireto com oreforo, existem suas experincia j adquiridasno seio familiar. O lar que abomina qualquertipo de preconceito necessariamente noexcluiria a chance do filho, por modelao,

    aprender comportamentos discriminatrios naescola, por exemplo. Conclui-se que noapenas o grupo de amigos, mas as vivnciasda criana so fatores constituintes do queconhecemos como preconceito e observa-seseu aparecimento na terceira infncia.

    Ao se refletir o que disse La Rosa (2003), aperspectiva social da aprendizagem relaciona-se atravs da reciprocidade entre ambiente,

    fatores pessoais e comportamento. Umdepende do outro e os trs fatores relacionam-se entre si.

    Ainda em Bandura (2003) as crianas soindivduos ativos de sua aprendizagemescolhendo os modelos para imitar. Dessaforma podem escolher ambos os pais, apenasum deles, um professor ou um amigo queadmira ou qualquer combinao que sejainfluenciada pelas caractersticas do modelo epelo ambiente. Tais caractersticas soescolhidas pela criana de acordo com seuambiente. A imitao ser advinda de ummodelo que seja valorizado no seu contextocultural seja por instinto natural, poridentificao ao modelo imitado, por se sentirrecompensada de alguma forma pela imitao,entre outros.

    A teoria de Bandura reconhece a importnciado pensamento no controle docomportamento.Entende-se com este estudo prvio, que oindivduo no perodo infantil tem a tendncia aemitir comportamentos que estejam emconformidade com o grupo e estaconformidade lhe traz a satisfao e aomesmo tempo a sensao de pertencimento.Por outro lado, o grupo tambm espera que acriana se comporte desta maneira,adequando-se s normas j existentes.Tendo em vista a teoria social cognitiva deBandura, pode-se afirmar que as pessoas soprodutos e produtoras do ambiente em quevivem e atuam com a intencionalidade de quesua ao produza efeito no ambiente, sendotambm por ele transformado.

    Allport (1954) props a utilizao de umaescala para avaliar o grau de preconceito ediscriminao (pouco depois do Holocausto

    judeu e bem no calor das campanhas deigualdade civis nos Estados Unidos). A escalaserviria para mensurar a intensidade depreconceito e discriminao contra algumgrupo humano. Ele a apresentou junto coma Hiptese de Contato ou Teoria de ContatoIntergrupo, para minimizar e remediarpreconceitos e discriminao entre grupos.Os meios seriam estimular a interaopessoal, buscar status igual e objetivoscomuns entre os grupos, fomentar acooperao intergrupos, ter apoio de

    autoridades, leis e costumes.Mesmo em pocas distintas, tanto Allportquanto Bandura elucidaram sobre opreconceito e observamos que ambosatribuem ao indivduo a responsabilidadecomo produtor e produto do meio em que est

  • 7/26/2019 260-904-1-PB

    3/3

    inserido. Alm disso, est propenso a reagiremocionalmente diante de qualquer atituderelacionada ao preconceito. J Papalia (2013)afirma que a criana exposta - ao que serefere ao preconceito - primeiro no ambientefamiliar e em seguida quando est em idadeescolar e passa a interagir com outrascrianas.

    CONSIDERAES FINAIS

    A partir das teorias estudadas acima,entendeu-se que o preconceito puro e simplessurge no seio familiar ou na convivncia comoutras crianas pertencentes a gruposdistintos, j na terceira infncia, atravs daobservao, imitao de modelos e comreproduo de comportamentos hostis eagressivos. Com o paralelo de ideias traadoum projeto ser idealizado para se entendercomo a dinmica dos endo e exogruposfuncionam, a fim de estudar detalhadamente oinicio das manifestaes de cada tipo depreconceito nas crianas de acordo com aperspectiva comportamental da psicologia, e,dessa forma, contribuir para criao deestratgias na educao infantil para auxiliarcrianas a distinguir e classificar atitudes dediscriminao, fazendo com que entendammelhor o processo de categorizar, estimulandopr-conceitos considerando que odesenvolvimento cognitivo nesta etapa da vidapassa por fortes alteraes.

    AGRADECIMENTOS

    Em memria de Daniela Falco, amiga queridae entusiasta pela causa contra o preconceito.

    REFERNCIAS

    ALLPORT, G. The nature of prejudice.Cambridge: Addison-Wesley, 1954.

    BANDURA, A. ModelaoIn: Bandura, Albert;Azzi Roberta Gurgel; Polydoro, Soely. Teoriasocial cognitiva: conceitos bsicos. Porto

    Alegre: Artmed, 2008. p.123-146.

    FISKE, S. T. Stereotyping, prejudice, anddiscrimination. In: Gilbert, D. T.; Fiske, S. T. &Lindzey, G. (Eds). The handbook of socialpsychology, v.2, New York: McGraw-Hill,1998. p. 357-411.

    GALVO, A. C. Os muros invisveis do

    preconceito. Braslia: DF, 2009.LA ROSA, J. Psicologia e educao: osignificado do aprender. Porto Alegre:EDiPUCR,2003.

    PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D.Desenvolvimento Humano. 12. ed. Porto

    Alegre: AMGH, 2013.