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    ACSAAgropecuria Cientfica no Semi-rido, V. 9, n. 1, p. 67 - 74, jan - mar, 2013

    V. 9, n. 1, p. 62-61, jan - mar, 2013.

    UFCG - Universidade Federal de Campina Grande. Centro deSade e Tecnologia Rural CSTR. Campus de Patos PB BRASIL . www.cstr.ufcg.edu.br

    Revista ACSA:http://www.cstr.ufcg.edu.br/acsa/

    Revista ACSAOJS:http://150.165.111.246/ojs-patos/index.php/ACSA

    JosThales Pantal eo F err eir a1*Elvis Pantaleo Ferreira2Well ington Costa Sil va3

    Jean Hell ington Araujo Monteir o 4I gor Tenori o Mari nho Rocha5Keli zangela Nascimento Albuquerque6Fabiana Souza Pantaleao7

    ______________________

    *Autor para correspondnciaRecebido em 22 08 2012 e aceito em 21 03 20131Doutorando em Agronomia: Solos e Nutrio de Plantas, UniversidadeFederal do Cear (UFC). Fortaleza-CE. [email protected] em Agricultura do Departamento de Solos, Instituto Federal doEsprito Santo (IFES). Santa Teresa-ES. [email protected] em Proteo de Plantas, Universidade Federal de Alagoas(UFAL). Macei-AL. [email protected] em Fitopatologia, Bolsista de Desenvolvimento Cientfico eTecnolgico Regional (DCR/CNPq/FAPEAL) da Universidade Federalde Alagoas (UFAL). [email protected] em Cincia do Solo, Universidade Federal Rural dePernambuco (UFRPE). Recife-PE. [email protected] em Geografia, Universidade Federal de Alagoas (UFAL).Macei-AL. [email protected] em Biologia, Instituto Federal do Esprito Santo (IFES).

    Santa Teresa-ES.

    [email protected]

    AGROPECURIA CIENTFICA NO SEMIRIDOISSN 1808-6845Arti go Cientifico

    Estudo f itossanitrio em pomares delaranja lima (citrus sinensis (L.) Osb.)em Santana do MundaAL

    RESUMOA cidade de Santana do MundaAL a maior produtora

    de laranja lima (Citrus sinensis (L.) Osb.) do Brasil. Aproduo de laranja lima nessa regio realizada de formaextrativista, com ausncia de tratos culturais, como aadubao, calagem e controle de pragas e doenas. Nestesentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar aincidncia de doenas (gomose e fumagina) e pragas(cochonilha e larva minadora) em quatro pomares delaranja lima, com histrico de cultivo superior a 20 anos.Para tanto foram escolhidas aleatoriamente 50 plantas paradiagnose visual de pragas e doenas, em cada pomar. Agomose apresenta incidncia de mais de 40% nos

    pomares, contudo o pomar cocal possui 98% deincidncia. A elevada incidncia de gomose est associada

    principalmente utilizao de mudas com porta-enxertosuscetvel e s prticas culturais. A incidncia decochonilha e fumagina nos pomares variaramrespectivamente de 74 a 98% e 88 a 100% contudo, apesardestes valores elevados a infestao no estava causandograndes problemas. A larva minadora foi diagnosticadaem 100% das plantas em todos os pomares, causandoreduo de rea foliar e queda prematura de folhas.Segundo os agricultores a gomose a doena que vemcausando maiores prejuzos, devido a sua agressividade,causando perda de produtividade e a morte das plantas quenecessitam ser replantadas.

    Palavras-chave:gomose, cochonilha, fumagina, larvaminadora

    Study plant orchards of orange l ime(Ci trus sinensis (L .) Osb.) Santana

    Munda - AL

    ABSTRACT

    The city of Santana do Mundau - AL is the largest

    producer of lime orange (Citrus sinensis (L.) Osb.) Of

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    Brazil. The production of lime orange in this regionextraction is performed, with no cultural practices such asfertilization, liming and control pests and diseases. In thissense, the present study aimed to evaluate the incidence ofdisease (gummosis and sooty mold) and pests (larvae and

    cochineal miner) in four lime orange orchards with ahistory of cultivating more than 20 years. Therefore, werandomly selected 50 plants for visual diagnosis of pestsand diseases, in each orchard. The gummosis incidence ismore than 40% in the orchards, yet cocal orchard has 98%incidence. The high incidence of gummosis is mainlyassociated with the use of seedling rootstock susceptibleand cultural practices. The incidence of cochineal andsooty mold in orchards varied respectively 74-98% and88-100%, however, despite these high values infestationwas not causing major problems. The miner larva wasdiagnosed in 100% of all plants in orchards, causingdefoliation and premature leaf fall. According farmers

    gummosis is a disease that has caused major damage dueto their aggressiveness, causing lost productivity anddeath of plants that need to be replanted.

    Key words: gummosis, cochineal, sooty mold, minerlarva

    INTRODUO

    O Brasil o maior produtor de citros do mundo,com produo superior a 19 milhes de toneladas (IBGE,2011), grande quantidade dessa produo exportada na

    forma de suco de laranja para todo o mundo (USDA,2009).

    A regio Nordeste a segunda maior produtorade citros do Brasil, ficando atrs apenas da regio Sudeste(FEICHTENBERGER, 2001). Dentre os estados da regio

    Nordeste, Alagoas concentra a maior produo de laranjalima (Citrus sinensis (L.) osb.) do Brasil. A regio demaior destaque na produo o Vale do Munda, tendocomo maior produtor o municpio de Santana do Munda

    AL. A cultura teve sua introduo no vale do Mundaem meados dos anos 50, por sua adaptabilidade e o

    potencial para substituir o cultivo da banana, que noperodo encontrava-se dizimada pelo mal-do-panam

    causado pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. cubences(PEREIRA & GASPAROTO, 2006).

    Embora os plantios de laranja lima (Citrussinensis(L.) Osb.) em Santana do Munda AL sejam degrande importncia econmica para o municpio, osinvestimentos em tecnologia so limitados, resultando em

    baixos ndices de produtividade. A inexistncia deviveiristas credenciados e a ausncia de tecnologiasadequadas refletem-se na maioria dos laranjais queconvivem com problemas fitossanitrios. Frente a estesfatos negativos, admite-se que a tradicional citricultura deSantana do Munda encontra-se diante do desafio demodernizar-se, a fim de fugir ao risco de tornar-se

    economicamente insustentvel, apesar da excelentequalidade de seus frutos (COELHO, 2004).

    A citricultura na cidade de Santana do Mundaapresenta srios problemas com doenas e pragas, quelimitam a produo e compromete a segurana econmica

    dos agricultores, reflexo do pouco suporte tcnicodisponibilizado aos agricultores durante vrios anos e daquase ausncia de prticas culturais essenciais para omanejo das fitomolstias da citricultura.

    Contudo, pouco se sabe cientificamente sobre areal infestao e distribuio das vrias doenas e pragasno municpio. Entretanto de conhecimento de todos osagricultores, tcnicos e dos rgos competentes aexistncia do problema na regio. Neste sentido, o

    presente trabalho teve como objetivo avaliar a incidnciade doenas (gomose e fumagina) e pragas (cochonilha elarva minadora) em quatro pomares de laranja lima(Citrus sinensis (L.) Osb.), com histrico de cultivo

    superior a 20 anos em Santana do Munda - AL.

    MATERIAL E MTODOS

    O estudo foi realizado no municpio de Santanado MundaAL, localizado na Microrregio Serrana dosQuilombos do Estado de Alagoas, mais precisamente naregio do Vale do Munda. A cidade possui relevo

    bastante acidentado, formados principalmente por solosdistrficos classificados como Argissolos e em menorexpresso se encontram os Latossolos e Gleissolos(EMBRAPA, 2006). O municpio apresenta precipitaona ordem de 1.600 mm anuais, tendo incio em fevereiro e

    trmino em outubro (CPRM, 2005).As avaliaes foram realizadas em campo, no

    primeiro semestre de 2012, por meio de diagnose visual,em quatro grandes propriedades produtores de laranja lima(Citrus sinensis (L.) Osb.) (Figura 1), com idade de

    plantio superior a 20 anos (P1: Pomar Cocal; P2: PomarCh de Areia; P3: Pomar Jussara e P4: Pomar Cigarra). Olevantamento teve como foco as pragas: cochonilha(Unaspis citri) e larva minadora (Phyllocnistis citrella) eas doenas: fumagina (Capnodiumcitri) e gomose(Phytophthora spp.). As observaes foram feitas em 80

    plantas de laranja lima (Citrus sinensis (L.) Osb.) deforma aleatria em cada rea avaliada.

    Para a diagnose visual das pragas foram levadasem considerao as caractersticas descritas por GALLOet al. (2002) e para as doenas segundo descries deFeichtenberger et al. (1997), alm da experincia decampo dos pesquisadores envolvidos no trabalho, queforam capacitados pela Agncia de Defesa e InspeoAgropecuria de Alagoas (ADEAL), para inspeofitossanitria de pragas e doenas em citros.Posteriormente, com o auxilio da planilha MicrosoftExcel os dados obtidos foram tabulados e expostos em

    percentual, sendo esboados em grficos de forma afacilitar o entendimento.

    Nos dias 17, 18, 19 e 20 de janeiro o Secretrio

    Municipal de Agricultura SMA, o presidente do

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    Sindicato dos Trabalhadores Rurais STR, o presidenteda Cooperativa dos Produtores de Laranja Lima COOPLAL e agricultores locais foram entrevistados. Asentrevistas pautadas em questionrios semi estruturadovisaram, sobre tudo, busca de informaes sobre atuao

    dos rgos frente cultura da laranja no municpio. Asentrevistas foram registradas em gravadores digitais e emseguida os dados relevantes foram utilizados.

    Figura 1.Localizao do municpio de Santana do Munda no mapa de Alagoas e os pomares estudados (P1: PomarCocal; P2: Pomar Ch de Areia; P3: Pomar Jussara e P4: Pomar Cigarra).

    RESULTADOS E DISCUSSO

    O diagnstico fitossanitrio serviu de parmetropara avaliar o nvel de conhecimento dos agricultores e acarncia de assistncia tcnica no auxlio do manejo

    produtivo da citricultura de Alagoas. Os resultadosreferentes ocorrncia das doenas e das pragas nos

    pomares de citros do municpio de Santana de Munda -

    AL encontram-se na Tabela 1.

    Tabela 1.Doenas e pragas diagnosticadas em pomares de laranja lima (Citrus sinensis (L.) Osb.) no municpio deSantana do Munda - AL em 2012.Cultura Doena Patgeno

    Laranja lima

    Gomose Phytophthora sp.

    Fumagina Capnodium citri

    Praga Inseto

    Cochonlha Unaspis citri

    Larva minadora dos citros Phyllocnistis citrella

    Observou-se que todos os quatro pomaresapresentaram a incidncia de gomose superior a 40%(Grfico 1), sendo o pomar Cocal com a maior incidncia(98%) e os pomares Cigarra (42%) e Jussara (44%) osmenores valores de incidncia da doena.

    Os principais sintomas da gomose (Phytophthorasp.) visualizados nos pomares de laranja lima, so leses

    no troco acompanhadas de podrides e rachadurasprximo ao ponto de enxertia (Figura 2A), estes sintomasso tpicos da gomose conforme descrito porFeichtenberger et al. (1997); Feichtenberger (2001);Siviero et al. (2002).

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    Grfico 1. Percentual de incidncia de gomose (Phytophthora sp.), em quatro pomares de laranja lima no municpio deSantana do Munda-AL.

    No pomar Cocal os sintomas da gomose erambastante evidentes, vrias plantas se encontravam emestgio avanado de deteriorao, com apodrecimento dotronco prximo ao solo e plantas quase mortas (Figura2A). Entretanto, na Fazenda Cigarra e Jussara as plantasapresentavam sintomas de gomose em estgio poucoavanado. Nestes pomares possivelmente foi observadoresistncia e/ou tolerncia infeco dos troncos delaranja Phytophthorasp. Este resultado corrobora com oobtido por PIO (2005) ao realizar um trabalho semelhante

    em pomares de laranja, verificou tambm possvelresistncia e/ou tolerncia infeco de troncos por

    Phytophthora nicotianaeem pomares de So Paulo.Observa-se em campo e tambm confirmar-se

    com os dados obtidos nas entrevistas realizadas com osagricultores e tcnicos da regio, que a gomose estreduzindo o tempo de vida dos pomares de laranja lima de

    Santana do Munda AL. Este fato justificado porausncia de manejo adequado nos pomares da regio.

    Alguns problemas foram levantados, sendopossveis agravantes da gomose na regio: a declividadeelevada do terreno favorece o arraste de propgulos dofitopatgeno; o acmulo de solo junto ao colo das plantas;o encharcamento dos solos nas reas mais baixas; autilizao de instrumentos (enxada, foice e faco)contaminados nos tratos culturais; plantio de mudas com

    porta-enxerto suscetvel doena (limo galego); plantiode mudas no certificadas; plantio de mudas

    contaminadas; permanncia de plantas doentes nospomares; mudas enxertadas com menos de quinzecentmetros do solo e mudas plantadas muito profundas,favorecendo o contato com o fitopatgeno.

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    Figura 2. Sintomas de doenas e pragas da laranja lima. (A) leses, rachaduras e podrido causados pela gomose(Phytophthora sp.) no caule; (B) fumagina (Capnodiumcitri) na folha e fruto; (C) presena de cochonilha (Unaspiscitri) na parte inferior da folha e (D) larva minadora (Phyllocnistis citrella) na parte abaxial da folha.

    No pomar Jussara foi observado um plantio delaranja muito antigo, com stand muito homogneo e com

    baixa incidncia de gomose (grfico 1), segundo oagricultor e grande produtor de mudas da regio, este

    pomar constitudo de mudas que tem como porta-enxerto o limo galego. Segundo este agricultor e

    produtor de mudas, as plantas de laranja produzidas comporta-enxerto de limo galego so mais resistentes adoenas e possuem uma vida til maior, contudo,apresenta algumas desvantagens, como o porte maiselevado que dificulta a colheita e a menor precocidade das

    plantas.As caractersticas negativas do porta-enxerto de

    limo galego, fizeram com que os produtores de mudas daregio optassem pelo porta-enxerto de limo cravo (Citruslimonia Osbeck cv. Cravo), que mais precoce, rstico,menor porte, facilitando a colheita e adensamento dos

    plantios, resistente ao vrus da tristeza dos citros (Citrus

    tristeza virus, CTV) e por induzir boa qualidade aos frutossobre ele produzidos (MEDINA FILHO et al., 2004).Contudo, segundo SILVA & SOUZA (2002) estavariedade de citros utilizada como porta-enxerto possuialta suscetibilidade a doena gomose (Phytophthora sp.), oque deve ter favorecido a disseminao em todos os

    pomares de laranja lima de Santana do MundaAL.O porta-enxerto de limo cravo (Citrus limonia

    Osbeck cv. Cravo) o principal porta-enxerto utilizado noBrasil (cerca de 80%) (SCHFER et al., 2001). Segundoo mesmo autor isso torna a citricultura vulnervel aosurgimento de molstias que afetem estes porta-enxertos,como ocorreu na dcada de 40 em todo o Brasil com a

    'Tristeza' dos citros em plantas enxertadas sobre laranjeiraazeda, e, mais recentemente, com o 'declnio'.

    Alm da ausncia de medidas adequadas demanejo dos pomares avaliados, as condies ambientais(temperatura e umidade), que em determinadas ocasiesfavorecem ao desenvolvimento da gomose dos troncos doscitros (WHITESIDE et al., 2000). Estas condiesambientais so facilmente alcanadas no Vale Munda,

    principal polo produtor citrcola de Alagoas. O clima daregio caracterizado como Tropical Chuvoso com veroseco, apresentando precipitaes anuais na ordem de1.600 mm segundo CPRM (2002).

    De acordo com o trabalho de Feichtenberger etal. (1997) a temperatura tima para o crescimento micelialdo fungo do gnero Phytophthora varia de 24 a 32 C emais especificamente de 30 a 32 C para P. parasitica, ede 24 a 28 C para P. citrophthora, produzindo esporosmais frequentemente nas estaes quentes e chuvosas doano, quando os solos apresentam temperaturas maiselevadas e grandes variaes nos teores de umidade. A

    produo de esporngios sempre ocorre na superfcie dosolo, ou de rgos afetados, pois a aerao essencialpara sua formao. Uma nova gerao de esporngiospode ser produzida em menos de 24 horas. Portanto, ociclo de produo de esporngios pode ser repetido muitasvezes durante o perodo chuvoso do ano (SIVIERO et al.,2002).

    Outra medida de manejo agrcola ausente nospomares estudados o controle qumico da gomose. Deacordo com o trabalho de Feichtenberger et al. (1997), ocontrole qumico realizado com os fungicidas sistmicosfosetyl-Al e metalaxyl, apresentam comprovada eficciano controle preventivo e curativo da gomose.

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    Grfico 2.Percentual de incidncia de fumagina (Capnodium citri), em quatro pomares de laranja lima na cidade deSantana do MundaAL.

    Entre as doenas diagnosticadas nos pomaresanalisados, a fumagina foi a segunda mais importante,com incidncia acima de 85% (grfico 2) de fumagina,entretanto, com baixa infestao. Esta baixa infestao

    pode ser atribuda ao perodo seco em que foi realizada asavaliaes, todavia, os dados indicam para um elevado

    potencial de infestao na poca chuvosa, onde o clima

    estar mais mido e propcio ao desenvolvimento dadoena.

    Mesmo em baixa infestao, a doena possuipotencial para causar danos econmicos aos agricultores,pois se espalha na forma de uma crosta espessa e negracobrindo total ou parcialmente por toda a rea da folha eem alguns casos tambm os frutos (Figura 2B),

    prejudicando a planta por reduzir rea fotossinttica, arespirao, a transpirao e por tornar os frutos comaparncia pouco aceitvel no mercado. Geralmente,formigas, cochonilhas e pulges esto associados

    presena de fumagina nas plantas (LEMOS FILHO &PAIVA, 2006).

    O controle da fumagina realizadoindiretamente, atravs do controle de insetos (cochonilhas,

    pulges e moscas) que liberam uma secreo aucarada,que serve de alimento para a fumagina. A fumagina podeser controlada mediante a aplicao de leo mineral ouinseticida (dimetoato) nas folhas infestadas pelos insetos(FACHINELLO & NACHTIGAl, 2011).

    Grfico 3. Percentual de incidncia de cochonilha (Unaspis citri), em quatro pomares de laranja lima na cidade deSantana do MundaAL.

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    A cochonilha (figura 2C), conhecida peloscitricultores como escama-farinha ou neve, recebeesse nome em vista de a carapaa do macho ser branca(GUIRADO et al., 2003). Ela est presente em todos os

    pomares de laranja lima avaliado em Santana do Munda -

    AL, com incidncia variando de 74 a 98 % das plantas(Grfico 3). A menor incidncia foi verificada no pomarCocal, porm, mesmo com o valor elevado de incidnciaem torno de 74% das plantas (Grfico 3).

    A cochonilha pode causar prejuzos aoscitricultores de laranja lima em Santana do Munda, poisse trata de uma praga com capacidade de sugar a seiva da

    planta, injetar toxinas prejudiciais ao seudesenvolvimento, enfraquecendo a planta, diminuindo sua

    produo, servindo de vetor na transmisso de doenas epodendo causar rachaduras em troncos e galhosdependendo da infestao, enfraquecendo a planta ediminuindo a produo (CESNIK, 2000; GUIRADO et

    al., 2003; BENVENGA et al., 2011).Os frutos de uma planta atacada por cochonilhas

    podem ficar aguados, com baixo teor de acar e decidos, tambm tendo o tamanho imprprio ao comrcioin natura e, muitas vezes, at mesmo imprprio para a

    indstria de sucos (CESNIK, 2000).As cochonilhas juntamente com a fumagina

    possivelmente esto sendo disseminadas nos pomares delaranja lima estudados, no perodo de colheita dos frutos.

    Devido entrada de trabalhadores para colher os frutos eanimais com caoares e cangaias que soequipamentos colocados nos equinos para transportar alaranja, ocorre o contato com as plantas infestadas,disseminando, para outros pomares, a fumagina e

    cochonilha, durante o processo de transporte dos frutoscolhidos. Pois, segundo Cesnik (2000); Guirado et al.(2003) e Benvenga et al. (2011) as principais formas dedisseminao da cochonilha ocorrem, pelo vento e pelohomem.

    Seu controle tem sido realizado pela aplicao deprodutos qumicos ou leo mineral, utilizado isoladamenteou pela mistura de ambos em pulverizao dirigida aotronco e ramos (SOUZA et al., 2001). Recomenda-se,tambm, a raspagem do tronco com escova de ao e o

    pincelamento ou pulverizao do tronco com calda de calhidratada misturada com enxofre, sal e inseticida seletivo(GUIRADO et al., 2003).

    Uma das formas de controlar a cochonilha autilizao de defensivos alternativos, a exemplo do extratoe leo extrado de sementes de Azadirachta indica (A.Juss), planta popularmente conhecida com Nim. Guiradoet al. (2003) constatou melhor eficincia no controle daconchonilha quando o leo de sementes de Nim a 1,0% foimisturado com leo mineral (Triona) a 1,0%, verificandouma efeito sinergstico da mistura.

    Grfico 4. Percentual de incidncia de larva minadora (Phyllocnistis citrella), em quatro pomares de laranja lima nacidade de Santana do MundaAL.

    A larva minadora dos citros a praga com maiorincidncia nos pomares de laranja lima de Santana doMunda AL. Todos os pomares avaliados apresentam100% (grfico 4) de suas plantas com sintomas de ataqueda praga em suas folhas.

    Devido forma de ao da larva minadora nasfolhas dos citros (figura 2D), a rea foliar reduzida pela

    presena das galerias manchadas e quando ainda muito

    pequenas, o limbo fica todo danificado; o crescimento dafolha alterado, havendo formao de reas atrofiadas,dando-lhe um aspecto amarrotado. Dessa forma, h grandereduo de rea foliar e queda prematura de folhas, tendocomo consequncia, reduo na produtividade dalaranjeira (SILVA, 1998).

    Alm dos danos diretos causados pela larvaminadora, indiretamente esta praga tem um importante

    papel como agente disseminador do cancro ctrico, devido

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    s leses que provoca nas folhas facilitando a entrada dabactria Xanthomonas axonopodis pv. citri e seucrescimento na epiderme (SILVA, 1998; MONTES et al.,2001; BELASQUE JNIOR et al., 2005).

    Uma larva danifica cerca de 1 a 7 cm2de folha e

    a presena de mais de uma mina pode causar dano maisexpressivo, provocando a queda da folha. Tem sidoestimado que a infestao de uma larva por folha causadanos de at 20% na produtividade; duas a trs larvas porfolha ocasionam uma reduo de 40% na produo defrutos; e, infestaes acima de sete larvas por folha a

    perda pode chegar a 100%. A reduo de 30% de reafoliar ocasiona a perda da produo do ano seguinte(SILVA, 1998).

    Nas entrevistas realizadas, os citricultores foiobservado que h uma enorme carncia de assistnciatcnica das Secretarias Municipal e Estadual daAgricultura. Ainda segundo os citricultores, a principal

    doena que vem causando prejuzos a gomose, a qualvem causando a morte da planta, necessitando dereplantio, o que eleva os custos com a compra de novasmudas. A fumagina tambm foi indicada como umas dasgraves doenas que causam prejuzos. Os citricultores porfalta de assistncia tcnica e conhecimentos, muitas vezescortam os ps de laranja lima com o intuito de controlar afumagina. Uma atitude muito extrema de controle, poisexistem outras medidas bem mais simples e econmicasque podem ser tomadas.

    CONCLUSES

    Os pomares de laranja lima avaliados apresentamelevada percentagem de incidncia de doenas (gomose(42 - 98%) e fumagina (96 100%)) e pragas (cochonilha(74 98%) e larva minadora (100%)), necessitando deinterveno com urgncia.

    A gomose (Phytophthora sp.) a doena quemais causa prejuzos aos citricultores de laranja lima,causando perda de produtividade e morte de plantas.Estando associada utilizao de mudas no certificadas ecom porta-enxerto suscetvel, a declividade acentuada dasterras e a utilizao de instrumentos cortantes (enxada,foice e faco) nas prticas culturais.

    A incidncia de cochonilha (Unaspis citri) (74 a

    98%), juntamente com a fumagina (Capnodiumcitri) (88a 100%) preocupante nos pomares de laranja, pelo fatodos citricultores muitas vezes eliminarem as plantas pordesconhecimento do controle.

    A larva minadora (Phyllocnistis citrella)apresentou 100% de incidncia nas plantas de laranjalima, causando prejuzos, apesar de seu efeito no ter sido

    percebido pelos citricultores.

    REFERNCIAS

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