27283513 Espiritismo Jacob Mello O Passe

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7/13/2019 27283513 Espiritismo Jacob Mello O Passe http://slidepdf.com/reader/full/27283513-espiritismo-jacob-mello-o-passe 1/103 O PASSE SEU ESTUDO Jacob Mello Obs. Esta obra não contém os capítulos VIII e IX: As técnicas. O Sumário se encontra no final da obra.

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  • O PASSE

    SEU ESTUDO

    Jacob Mello

    Obs. Esta obra no contm os captulos VIII e IX: As tcnicas. O Sumrio se encontra no final da obra.

  • A SUBLIME DOAO "E disse Pedro: No tenho prata nem ouro; mas o que tenho isto te

    dou. Em nome de Jesus-Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. (Atos, 3:6)

    porta do templo, chamada Formosa, o apstolo Pedro e o deficiente fsico. Entre ambos um momento de expectativa. Da alma cansada e sofrida - que espera. Da alma plena de f e estuante de amor - que doa. No h indagaes nem hesitaes. Apenas a sublime doao. Eis a o significado profundamente belo e sublimado do passe: a doao de alma para alma.

    * * *

    Nosso amigo, Jacob Luiz de Melo, apresenta, nestas pginas que se vai ler, todo o processo dessa doao (em cuja passagem acima citada alcana a culminncia) que denominamos, em nosso meio esprita - passes.

    As tcnicas, a cura, os fluidos, o doador, o paciente, as diversas escolas, os efeitos, tudo, enfim, que necessrio para aprimoramento desse trabalho de verdadeira caridade, em nossas Casas Espritas.

    Para tanto, Jacob Melo se empenhou em pesquisar, estudar e meditar o passe. E mais ainda: apresenta a sua prpria vivncia, numa interao entre o conhecimento e a prtica, especialmente porque tem ele, desde cedo, uma constante familiaridade com o ambiente esprita.

    H muito as nossas letras se ressentiam de uma obra deste porte, que abordasse o tema em suas angulaes e peculiaridades; que atendesse necessidade de cunho cientfico e quelas da praticidade; que avaliasse, numa anlise sensata e clara o que est sendo feito nesse campo de atendimento aos que chegam s instituies em busca de alvio e consolo. Para isso faz o autor uma leitura bastante atualizada e lcida do nosso Movimento Esprita no tocante a essa rea de atividade, tirando ilaes e apresentando sugestes que possibilitem uma reciclagem e mudanas para que os objetivos superiores que norteiam essa tarefa se-jam alcanados plenamente.

    Vale ressaltar, de forma preponderante, que Jacob de Melo consegue transmitir tudo isto com distino e arte, encontrando sempre a palavra adequada, o conceito bem colocado, a crtica sbria e elevada que nos permitem entrever a sua prpria nobreza ntima e o acendrado amor com que revestiu todo este trabalho, desde a sua ideao at o ponto final.

    * * *

    "O que tenho isto te dou" - diz Pedro. Jacob Luiz de Melo, guardadas as devidas propores, tambm faz a sua doao.

    Suely Caldas Schubert Juiz de Fora (MG), outubro de 1991

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  • GUISA DE EXPLICAO Aquele, porm, que a pratique (uma religio) por interesse e por ambio se torna des

    prezvel aos olhos de Deus e dos homens. A Deus no podem agradar os que fingem humilharse diante dele to somente para granjear o aplauso dos homens. Esprito da Verdade1

    A despeito de quanto se tenha dito ou falado da validade ou no do passe na Casa Esprita, fato insofismvel que sua importncia ali tem sido, e ser sempre, muito grande. difcil imaginarmos uma Instituio Esprita sem possuir trabalhos de assistncia espiritual atravs desse dispositivo teraputico. Seu uso to comum e suas tcnicas, em geral, so to simples que nos perguntamos por que tanta confuso, por que tanto impasse quando se quer entender o passe ou abordar-lhe os princpios?!

    Nos ensina a lgica que, quando um assunto afeta a tantos e comporta exames, anlises, comparaes, comprovaes e experincias, imediatamente surgem os pesquisadores e divulgadores srios - apesar dos "mistificadores" de todos os tempos , fazendo brotar boas obras e importantes referncias, em nmero proporcional ao uso e ao interesse. Entretanto, estranha e contrariamente a isso, o passe, mesmo com seu milenar conhecimento e sua eficcia ecumenicamente propalada, tem sido muito pouco pesquisado, notadamente por quem mais lhe difunde o valor em nossas "bandas ocidentais": os espritas.

    Se recorrermos bibliografia Esprita, que em inmeras reas de uma fartura impresionante, nos espantaremos com o reduzido nmero de obras que tratam do assunto, mormente se de forma especializada. E se formos exigentes quanto qualidade, como, inclusive, deveremos ser, tal nmero no caber na contagem dos dedos de uma nica mo. , deveras, de espantar to estranho comportamento pois, bem o sabemos, no apenas este assunto interessa muito (e a muitos), como ainda no temos sobre ele uma abordagem mais consentnea com a universalidade dos ensinos pertinentes - tal como se faz requerida e como bem sugeriu Allan Kardec, atravs de seu exemplo, pelo comportamento pessoal dado ao trato da Codificao.

    Mesmo sem precipitar julgamentos, o que se nos afigura como justificativa para esse comportamento uma certa e generalizada acomodao. Ao que vimos sentindo, todos queremos aprender, fazer certo, entender, mas, situaes como: "fulano disse que assim que se aplica passe" ou "no preciso estudar tcnicas e teorias porque Jesus apenas impunha as mos e curava", tm servido de desculpas para um genrico "cruzar os braos", em vez de "pormos mos obra".

    De outra maneira, como comum se querer aprender a aplicar passe "rapidinho", quase sempre se busca, apenas, "breves estudos", simplrios "manuais"... Nessa "pressa", costumamos assimilar certas orientaes equivocadas e, muitas vezes, nelas nos cristalizamos, adotando tcnicas e posturas nem sempre coerentes. Em conseqncia, com o passar do tempo, tentamos justificar nosso procedimento com frases tipo: "j aplico passes h "tantos" anos e tenho obtido excelentes resultados", ou usamos da cmoda transferncia de deveres: "deixo aos Espritos a responsabilidade pois a tcnica deles mesmos e eles podem usar meus fluidos como quiserem que no atrapalho".

    Antes de prosseguirmos, analisemos as situaes apresentadas j que, por serem muito comuns, justificam aproveitemos o ensejo.

    1. "Foi fulano que me ensinou assim"; esta a tpica desculpa da pessoa que se sente (ou se diz) sempre "indisposta" e que, portanto, "no tem tempo para estudar". Perguntamos: ser que s falta tempo mesmo para o estudo? E nosso propsito de servir ao prximo no merece de ns mesmos um pouco mais de esforo e dedicao? Ser que ns gostaramos de sermos atendidos, por exemplo, por um mdico que nunca tem tempo para estudar? E ser que a pessoa (ou a obra, Instituio, curso, etc.) que nos ensinou, ensinou "tudo" mesmo e, se ensinou, o fez correto? Como saber reconhecer sem estudar? Bem se v que s o estudo pode fornecer a segurana devida e nos coloca racionalmente ante nossos compromissos para com os irmos que buscam nossa ajuda.

    2. Jesus s impunha as mos e curava, portanto (...)"; aqui j no se trata de simples falta de estudo, mas, de desconhecimento at d'O Novo Testamento. Ao longo do livro, teremos oportunidade de

    1 KARDEC, Allan. Da lei de adorao. In O Livro dos Espritos, Parte 3, cap.2, item Adorao exterior, questo 655. 3

  • apresentar vrias situaes envolvendo a ao fludico-magntica do Cristo e veremos que no era s por imposio de mos que Ele agia. Fica, desde j, a recomendao de que faamos uma leitura daquele livro, para conhecermos mais proximamente a figura de Jesus e seus exemplos morais e prticos de como atuar nas curas.

    3. "J faz tanto tempo que aplico assim e d bons resultados"; de fato, nada nos impede de procedermos sempre de uma nica maneira em nossas atividades e, ainda assim, nos sairmos bem; contudo, is-to jamais querer dizer devamos limitar nosso aprendizado - no que quer que seja - a apenas um mtodo, a uma s ao, pois, nada h no mundo que seja ou deva ser to restritamente especializado, Alm do estudo e da pesquisa, nos compete, igualmente, um pouco de empenho e criatividade (no bom sentido) a fim de favorecermos nosso progresso. Afinal, o que "hoje" considerado como resultado positivo no descarta a grande possibilidade de, em se melhorando o mtodo ou as tcnicas, obt-lo mais excelente ainda "amanh".

    4. "Como a tcnica dos Espritos, deixo que me utilizem e no atrapalho"; com toda franqueza, os que assim agem tomam uma postura, no mnimo, ridcula. Se ns evolumos tanto nos Planos Espiritu-ais quanto na Terra, por que no comearmos nosso aprendizado aqui, para aprimor-lo quando l estivermos? Por que no pensarmos, a despeito dos Espritos serem os grandes detentores das tcnicas, que nossos conhecimentos e estudos contribuiro eficazmente nos processos de atendimentos fluidoterpicos, pois, permitiro que o trabalho se realize de forma mais participativa? E afinal, queremos ser mdiuns passistas de fato ou simples marionetes nas mos dos Espritos? E os Espritos Superiores, por sua vez, estaro solicitando nossa participao como meros brinquedos liberadores de fluidos ou como companheiros efetivos nas atividades fraternas em favor das criaturas necessitadas? Meditemos; meditemos bem, pois, assim como no nos cabe "atrapalhar" os trabalhos dos Espritos amigos, compete-nos o dever de darmos e fazermos o melhor de ns mesmos, sempre!

    Retomando nossa idia inicial, quando nos propusemos escrever esta obra, com surpresa descobrimos que a bibliografia no Esprita sobre o assunto muitas vezes mais volumosa e variada que a nossa, o que, de certo modo, nos deixou levemente desapontados. Aps "correr" as obras Espritas sobre o passe e as "clssicas do Magnetismo" que conseguimos consultar, partimos para aquelas outras, nas quais encontramos: fartas pesquisas, srios aprofundamentos, hipteses intrigantes e instigantes, e muitas novidades. Infelizmente, porm, tudo de bom que l se encontra quase sempre est misturado com muitas bobagens, montes de coisas sem qualquer fundamento, algumas (poucas, graas a Deus) afrontas moral, a Medicina e aos princpios ticos do bom senso, e tantos absurdos destitudos de qualquer lgica ou respaldo.

    Como resultado disso tudo, tivemos que nos "vestir" de "garimpeiros do passe" para conseguirmos extrair dali as "prolas dos bons ensinamentos", procurando no confundi-las com as "argilas endurecidas e cristalizadas dos equvocos e despropsitos" to virulentamente a elas agregadas.

    Nessa "garimpagem", conclumos pelo que excedia em evidncia: grandes descobertas, graves estudos, profundas pesquisas e excelentes prticas podem e devem ser encetados nesta rea pelos espritas, pois, sem dvida alguma, somos "garimpeiros" privilegiados. Dispomos de uma "mina a cu aberto" (a Doutrina Espirita), o que nos livra de qualquer escurido; contamos com cinco "mapas" (o Pentateuco Kardequiano) magnanimamente codificados; acompanham-nos "guias" (a Espiritualidade Superior) com profundos conhecimentos do terreno e das tarefas; dispomos de "detalhes tcnicos" (as obras subsidirias de Espritos como Andr Luiz, Emmanuel e Manoel Philomeno de Miranda) de riqussima preciso; temos mo informaes "geolgicas do solo" com perfis (as obras clssicas e modernas do Magnetismo) j devidamente testados; no nos faltam "elementos" ("nossos" pacientes) para trabalharmos em nossa minerao; possumos "ferramentas" de primeira qualidade (nossa boa vontade e a disposio de servir); e, como se no bastasse, o nosso senhor o maior e o melhor de todos os amos (Nosso Senhor Jesus-Cristo, em nome de Deus).

    Foi refletindo assim que decidimos aprofundar um pouco mais o estudo sobre o passe, mesmo porque, aquilo que apresentamos como crtica generalizada logo no incio desta "explicao", antes que em qualquer pessoa ou Instituio, ela foi aplicada sobre ns mesmos, com toda veemncia e honestidade possvel. E por pensarmos que no seria justo fazermos todo um trabalho de pesquisa, anlise e estudo, no qual encontramos verdadeiras "jias raras", e no dividirmos as benesses da advindas (tal como exemplificou Allan Kardec quando acabou de compor aquele que seria a primeira edio de "O Livro dos Espri

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  • tos"), aqui trazemos nossa modesta "garimpagem", no intuito de assim contribuirmos para um enriquecimento, um conhecimento e um estudo mais acurado sobre o passe, da parte de todos ns.

    preciso confessar, entretanto, que no garimpamos sozinhos; contamos com muitas ajudas, de to-dos os nveis e de todos os "planos". Todas, sem exceo, foram valiosssimas; mesmo aquelas que, de momento, no conseguimos entender, fossem por estarem alm de nossa capacidade de tirocnio ou por extrapolarem os largos limites de nossa imperfeio.

    Por isso mesmo, todos os mritos deste trabalho so dos Espritos (encarnados e desencarnados) que - na pessoa dos vrios autores consultados, dos amigos que sempre vibraram por ns outros, dos familiares e companheiros que aturaram nossa "teimosia por escrever um livro", dos crticos que escolhemos (e aqui queremos fazer uma ressalva especial para citar a estimada confreira Sarah Jane, pois, devemos a ela uma gratido enorme, pelo seu empenho e destemor, inteligncia e seriedade, estudo e ateno, sem o que esta obra estaria incompleta e com limitaes) e dos que se escolheram, dos irmos que apreciaram os rascunhos e os originais, orientando-nos, todos, com suas judiciosas ponderaes, daqueles que tenham tentado nos deter ou atrapalhar nossa manifesta inteno de concluir tal trabalho, e dos que nos ajudaram direta e indiretamente, de forma reconhecida ou anonimamente - s contriburam para a ocorrncia de tudo de bom que aqui se encontre.

    Entretanto, queremos registrar, explicitamente, que do autor, e s dele, de maneira indivisvel e absoluta, todo e qualquer nus que pese por quaisquer equvocos, indelicadezas, desvios ou colocaes me-nos felizes que, porventura, sejam ou venham a ser localizadas nesta obra, pois, temos certeza plena de que se tal se der ter sido por exclusiva pequenez deste menor dos menores irmos de Jesus, deste que se reconhece como um dos mais modestos dos discpulos de Kardec.

    Jacob Luiz de Melo Natal (RN), outubro de 1991.

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  • CAPTULO I - O PASSE - DEFINIES A mediunidade coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se h um gnero de me

    diunidade que requeira essa condio de modo ainda mais absoluto a mediunidade curadora - (Allan Kardec)2

    fora de dvida que nenhuma Cincia pode ser bem entendida quando no se busca, antes, o conhecimento de sua base, de seus fundamentos. Sendo o Espiritismo, de fato e por definio, uma Cincia e como tal estabelecida por seu insigne Codificador, compete-nos buscar-lhe os princpios para no vagarmos em raciocnios perifricos quando nosso propsito o do conhecimento coerente.

    Os conhecidos fatos espritas, hoje denominados fenmenos medinicos, ao lado da aplicao analisada e estudada do Magnetismo, foram os propiciadores da parte cientifica da Doutrina Esprita. Allan Kardec, entretanto, no se limitou a observ-los e estud-los com profundidade; a partir da, ele comps todo o arcabouo terico e prtico do Espiritismo. Desde ento tornou-se inconcebvel estudar-se a mediunidade sem sedimentar alicerces nos registros kardequianos. Tal tentativa equivaleria a se querer edificar uma construo de grande porte sem antes certificar-se das condies do solo nem cuidar da robustez de suas fundaes. Afinal, sem base slida e robusta no h construo segura.

    Decorrentemente, o presente estudo sobre o passe, o qual uma das mais usuais derivaes prticas da mediunidade e do magnetismo na Casa Esprita, para ser coerente e consentneo com a Doutrina dos Espritos, estar revestido de grande cuidado quanto a sua fundamentao doutrinria. No queremos fugir da figura evanglica que lembra ser prudente o homem que constri sua casa sobre a rocha para assim suportar a chuva que cair, os rios que transbordarem e os ventos que sobre ela se abaterem3. Da iniciarmos por Allan Kardec e seu Pentateuco, smbolos maiores da slida rocha doutrinria do Espiritismo, e com ele seguirmos at o fim da obra.

    Na sntese em epgrafe, inequvoca a seriedade com que Kardec se postou ante a mediunidade curadora. Tanto assim que a ela se refere como uma coisa santa, claramente ressaltando a nobreza de carter da qual deve se revestir todo aquele que se disponha a esse verdadeiro labor divino, a fim de agir, em todos os momentos, santamente, religiosamente. Mas, carter nobre formatura adquirida nos modos e hbitos dirios e no apenas em certos momentos, quase sempre vivenciados na esporadicidade de fundo imediatista, interesseiro ou comodista.

    Conscientes dessa posio, podemos analisar inicialmente alguns aspectos que dizem respeito as definies e menes que adiante iremos apreciar. Isso porque no foi normalmente sob o nome passe, mas, via de regra, como dom de curar, mediunidade curadora, imposio de mos, que o Codificador se referiu ao assunto em estudo. Alm disso, em diversas ocasies tratou deste tema nominando-o, genericamente, magnetismo, ainda que nessas oportunidades no deixasse dvidas sobre que tipo de magnetismo4 se referia.

    Na definio de mediunidade curadora dada por Kardec ( gnero de mediunidade que consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicao5), j se percebe a abrangncia com que ele tratou a matria.

    Uma outra verificao bastante comum que, se formos analisar enciclopdias e dicionrios, notaremos que nem todas as referncias existentes so em relao ao passe (no singular), que a maneira usualmente empregada tanto no meio Esprita como na literatura espiritualista em geral, mas, preferencialmente, aos passes (no plural).

    Importa ainda considerar que o termo passe tem significados distintos. Inicialmente era o passe apenas o nome dado ao gesto (ou ao conjunto destes) com fins de se movimentar eflvios. Depois, entendido como atividade de cura, generalizou-se como a prpria poltica da cura. No entendimento Esprita,

    2 KARDEC, Allan. Da gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 26, item 10. 3 Mateus, VII, vv. 24 e 25. 4 Trataremos do assunto com mais detalhes no captulo VIII - As Tcnicas. 5 KARDEC, Allan. Mdiuns curadores. In O Livro dos Mdiuns, cap. 14, item 175.

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  • ora evocado como um, ora como outro sentido. Apesar disso, na maneira como venha a se empregar o termo, passe tanto pode ser entendido como uma terapia esprita, como uma parte do magnetismo, como uma tcnica de cura ou ainda como o sentido genrico da fluidoterapia.

    Isto posto, vamos s definies, menes e equvocos que envolvem nosso assunto, advertindo antecipadamente que limitaremos tais abordagens pois ao longo da obra surgiro muitas outras oportunidades para novas citaes, das mais variadas fontes.

    1. DEFINIES E MENES ESPRITAS 1.1 - De Allan Kardec muito comum a faculdade de curar pela influncia fludica e pode desenvolver-se por meio do e

    xerccio; mas, a de curar instantaneamente, pela imposio das mos, essa mais rara e o seu grau mximo se deve considerar excepcional6.

    A mediunidade curadora (...) , por si s, toda uma cincia, porque se liga ao magnetismo, e no s abarca as doenas propriamente ditas, mas todas as variedades (...) de obsesses7. E ainda acrescenta: (...) A nada queremos introduzir de pessoal e de hipottico, procedemos por via de experincia e de observao.

    Pela prece sincera, que uma magnetizao espiritual, provoca-se a desagregao mais rpida do fluido perispiritual8.

    Diz ainda Kardec: O mdium curador transmite o fluido salutar dos bons Espritos (...)9. Quando, estudando os possveis problemas que poderiam surgir entre a mediunidade curadora e a

    lei, Kardec abriu indagaes que, por si ss, ratificam o que dissemos acerca de ele usar os termos do magnetismo para se referir ao passe: As pessoas no diplomadas que tratam os doentes pelo magnetismo; pela gua magnetizada, que no seno uma dissoluo do fluido magntico; pela imposio das mos, que uma magnetizao instantnea e poderosa; pela prece, que uma magnetizao mental; com o concurso dos Espritos, o que ainda uma variedade de magnetizao, so passveis da lei contra o exerccio ilegal da medicina?10 .

    Mesmo fazendo uso dos termos mais comuns a poca, fica evidente que o passe foi considerado e estudado por Kardec com as mesmas seriedade e gravidade que se tornaram sua marca registrada na conduo do rduo trabalho da Codificao Esprita.

    Quando fazemos a ligao entre as terminologias empregadas hoje com as do ontem recente, pretendemos convir, sempre e mais uma vez, com Kardec quando, nos primrdios do Espiritismo, j nos orientava sobre o proveito advindo com a Doutrina Esprita, a qual nos lana, de sbito, numa ordem de coisas to nova quo grande, que s pode ser obtido Com utilidade por homens srios, perseverantes, livres de prevenes e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado11. Da a necessidade de sermos srios e graves ante os assuntos do Espiritismo, em especial quando tratamos de temas pontilhados de personalismos, controvrsias e pouco estudo, como o caso do passe.

    1.2 - Clssicas (Contemporneos de Allan Kardec) (...) O magnetismo vem a ser a medicina dos humildes e dos crentes, (...) de quantos sabem verda

    deiramente amar12. Lon Denis.

    6 KARDEC, Allan. Curas, In A Gnese, cap.14, item 34. 7 Da Mediunidade curadora. Revista Esprita, set. 1865. 8 KARDEC, Allan. O passamento. In O Cu e o Inferno, 2 Parte, cap. 1, item 15. 9 KARDEC, Allan. Da gratuitamente o que gratuitamente recebestes. In O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 26, item 10. 10 A Lei e os mdiuns. Revista Esprita, jul. 1867, p. 203. 11 KARDEC, Allan. Introduo. In O Livro dos Espritos, item 8. 12 DENIS, Lon. A fora psquica. Os fluidos. O magnetismo. In No Invisvel, 2 Parte, cap. XV, p. 182.

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  • Angel Aguarod assim se pronunciou: Deixemos as drogas e os txicos para os hipnotizadores e reservemos para os magnetizadores a medicina do esprito, pois na alma se concentra toda a sua fora e todo o seu poder13 .

    Albet De Rochas j fazia meno ao termo passes, assim como imposio de mos. Observe-se, por exemplo, como o erudito escritor e engenheiro portugus, Dr. Antonio Lobo Vilela, fala sobre ele no seu livro O Destino Humano: O processo experimental de De Rochas (utilizado para induo regresso de memria) consiste no emprego de passes magnticos longitudinais, combinados, por vezes, com a imposio da mo direita sobre a cabea do passivo. (Grifos originais)14. Mas falar de De Rochas seria praticamente dispensvel j que todos os estudiosos do magnetismo, sonambulismo e exteriorizao da personalidade (desdobramento) no regateiam elogios e citaes ao mesmo. Apesar disso, lembraramos que aps estudar a transplantao das doenas - que se dava fazendo-se passar as doenas de uma pessoa para outra ou ento para um animal - sugerida por um certo abade Vallemonte, no livro, Physique Occulte, escrito em 1693, e que ressurgiu em fins do sculo passado, rebatizada por traspasses em plena Paris e implantada em alguns hospitais dali, concluiu ele pela ineficcia de ambos os mtodos e, ento, preferiu se utilizar dos passes nas suas sesses de estudo sobre os eflvios e a exteriorizao da sensibilidade15 .

    Para concluir este item, faamos um resumo histrico com Gabriel Delanne: A cincia magntica compreende certo nmero de divises, conforme as diferentes categorias de fenmenos.

    (...) Os anais dos povos da antiguidade formigam em narrativas circunstanciadas, que mostram o profundo conhecimento que do magnetismo tinham os antigos sacerdotes.

    Os magos da Caldia, os brmanes da ndia curavam pelo olhar (...). Ainda hoje, na sia, (...) os faquires cultivam com xito as prticas magnticas (...).

    Os egpcios (...) empregavam, no alvio dos sofrimentos. os passes e a aposio de mos, como os executamos ainda em nossos dias.

    (...) Ambio, Celso e Jmblico ensinam em seus escritos que existia entre os egpcios, em todas as pocas, pessoas dotadas da faculdade de curar por meio da aposio das mos e de insuflaes (...)

    (...) Os romanos tambm tiveram templos onde se reconstitua a sade por operaes magnticas. Conta Celso que Asclepades de Pruse adormecia, magneticamente, as pessoas atacadas de frenesi.

    (...) Quem obteve, porm, maior fama nessa matria, foi Simo, o mgico, que, soprando nos epilpticos, destrua o mal de que estavam atacados.

    (...) Na Glia, os druidas e as druidesas possuam em alto grau a faculdade de curar, como o atestam muitos historiadores; sua medicina magntica tornou-se to clebre que os vinham consultar de todas as partes do mundo. (...) Na Idade Mdia, o magnetismo foi praticado, principalmente, pelos sbios.

    (...) Avincena, doutor famoso, que viveu de 980 a 1036, escreveu que a alma age no s sobre o corpo, seno ainda sobre corpos estranhos que pode influenciar, a distncia.

    Arnaud de Villeneuve foi buscar nos autores rabes o conhecimento dos efeitos magnticos (...). (...) Van Helmont dizia: (...) O magnetismo s tem de novo o nome (...) (...) Em 1682, assinalaremos Greatrakes, na Inglaterra, que fez milagres, simplesmente com as mos

    (...)16, etc.

    1.3 - Dos Espritos O passe, como gnero de auxlio, invariavelmente aplicvel sem qualquer contra-indicao, sem

    pre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe (...)17. Andr Luiz. 13 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 7, p. 56. 14 FREIRE, Antonio J. Experincias do coronel A. Rochas DAiglum. In Da Alma Humana, cap.5, p. 104. 15 ROCHAS, Albert de. Cura magntica das feridas e traspasse das doenas. In Exteriorizao da sensibilidade, cap. 5, itens 1 e 2, pp. 115 a 121.

    16 IMBASSAHY, Carlos. Histrico. In O Espiritismo perante a Cincia, 2 Parte, cap. 1, pp. 75 a 78.

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  • (...) O passe uma transfuso de energias psquicas (...)18. Emmanuel. (...) Ensinos espritas que recomendam a terapia fludica, atravs da transmisso das energias de que

    todos somos dotados, seja pela utilizao do recurso do passe, seja pela magnetizao da gua, usando-se o contributo mental por processo de fixao teleptica e transmisso de recursos otimistas, de energias salutares que refazem o metabolismo, contribuindo eficazmente para o restabelecimento da sade mental, e, por extenso, da psicofsica (...)19. Aristides Spinola.

    Penetrando nos fatores causais - o Esprito, seu pretrito, seu futuro - a fuidoterapia e o esclarecimento Esprita conscientizam, elucidam, emulam e seguram o homem da queda abissal (...)20 Carneiro de Campos.

    O passe uma transfuso de energias, alterando o campo celular21. And Luiz. E, para encerrar, uma citao do Esprito Bezerra de Menezes que, de passagem, nos atualiza o

    termo: Visitando enfermos, socorrendo necessitados, aplicando passes, ou bioenergia, como se modernizou o labor, enfim, a caridade um esporte da alma, pouco utilizado pelos candidatos musculao moral e inteireza espiritual22. (Grifo original)

    1.4 - Dos Espritas Para contribuir como elo de ligao entre as citaes de Kardec com as atuais, vejamos, de incio, o

    que nos diz Antnio Luiz Sayo quando comenta sobre as curas feitas por Jesus: Para imaginarmos o poder dos fluidos magnticos de que dispunha Jesus, o mais puro de todos os

    Espritos, e bem assim o poder que a sua vontade exercia sobre esses fluidos, regeneradores e fortificantes, cuja natureza, bem como combinaes, efeitos e propriedades Ele conhecia de modo absoluto, basta atentemos nos efeitos que produz o magnetismo humano e nos que conseguem os mdiuns curadores (...)23 .

    Do eminente Carlos Imbassahy tomaremos alguns pargrafos, cuja obra, a seguir referenciada, merece ser lida por quem queira se aprofundar nos detalhes que envolvem a mediunidade e a lei:

    No seria para desprezar as curas do imperador Vespasiano, o qual dava passes e punha bons os nervosos; as de Adriano, que curava os doentes com os dedos; as do rei Olavo, as de Eduardo, o confessor, as de Felipe I, as do imperador Justiniano (...)

    O dom coube em partilha a todos, assim aos grandes como aos pequenos; vinha do palcio de imperadores e reis at a choupana dos pobres. Levret, um jardineiro, celebrizou-se com esses predicados.

    (...) Um dos maiores curadores espiritualistas da Frana, Charles Parlange, cujas espetaculares curas, oficialmente registradas, eram conseguidas to-somente pela prece, estivesse o doente junto ou longe dele (...)24 .

    O passe , antes de tudo, uma transfuso de amor25. Divaldo Pereira Franco. O passe um ato de amor na sua expresso mais sublimada26. Suely Caldas Schubert. Por fim, Herculano Pires nos sintetiza o seguinte: O passe tornou-se popular por sua eficcia. Mas

    to simples um passe que no se pode fazer mais do que d-lo27 .

    17 XAVIER, Francisco Cndido e VIEIRA, Waldo. Passe e Orao. In Mecanismos da Mediunidade, cap. 12, p. 148. 18 XAVIER, Francisco Cndido. In O Consolador, cap. 5, p. 67. 19 FRANCO, Divaldo Pereira. Foras mentais. In Teraputica de Emergncia, cap. 10, pp. 45 e 46. 20 FRANCO, Divaldo Pereira. Doenas e teraputica. In Sementes de Vida Eterna, cap. 8, p. 43. 21 XAVIER, Francisco Cndido. Servio de passes. In Nos Domnios da Mediunidade, cap. 17, p. 169. 22 FRANCO, Divaldo Pereira. Expiao e reparao. In Loucura e Obsesso, cap. 23, p. 297. 23 SAYO, Antnio Luiz. In Elucidaes Evanglicas, p. 129. 24 IMBASSAHY, Carlos. Curas medinicas. In A Mediunidade e a Lei, pp. 46 e 61. 25 FRANCO. Divaldo Pereira. O passe - propriedades e efeitos. In Dilogo com dirigentes e trabalhadores espritas, p. 61. 26 SCHUBERT, Suely Caldas. A importncia da fluidoterapia In Obsesso/Desobsesso, 2 Parte, cap. 10, p. 116. 27 PIRES, J. Herculano. Mediunidade prtica In Mediunidade - Vida e Comunicao, cap. 14, p. 127.

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  • 2 - DEFINIES E MENES NO ESPRITAS 2.1 - Dos Dicionrios e Enciclopdias PASSES. Movimentos com as mos, feitos pelos mdiuns passistas, nos indivduos com desequil

    brios psicossomticos ou apenas desejosos de uma ao fludica benfica. (...) Os passes espritas so uma imitao dos passes hipnomagnticos, com a nica diferena de contarem com a assistncia, invocada e sabida, dos protetores espirituais28 .

    PASSES (Pl. de passe) S. m. pl. Ato de passar as mos repetidamente ante os olhos de uma pessoa para magnetiz-la, ou sobre uma parte doente de uma pessoa para cur-la. Aurlio Buarque Holanda Ferreira29 .

    PASSE, (...) ato de passar as mos repetidas vezes por diante dos olhos de quem se quer magnetizar ou sobre a parte doente da pessoa que se pretende curar pela fora medinica. (Grifamos) Francisco da S. Bueno30. (Esta definio, por sinal, a mesma encontrada no dicionrio da Academia Brasileira de Letras.)

    PASSE: ato de passar as mos repetidas vezes por diante ou por cima de pessoa que se pretende curar pela fora medinica31. (Grifos nossos)

    2.2 - Dos Magnetizadores Clssicos Louis Alphonse Cahagnet, considerado por muitos como um dos precursores da Doutrina Esprita,

    haja vista sua notvel obra, os Arcanos, alm de inmeras outras - 30 ao todo - sobre o magnetismo32 , nos concede uma clara definio desta Cincia: uma propriedade da alma; o corpo a mquina por intermdio do qual ele se filtra33 .

    Deleuze faz ressaltar o ngulo mais religioso do magnetismo, quando nos assevera que (...) Sendo a faculdade de magnetizar, ou de fazer o bem aos seus semelhantes por influncia de sua vontade, a mais be-la e a mais preciosa que Deus deu ao homem, deve-se encarar o exerccio do magnetismo como um ato religioso, que exige o maior recolhimento e a inteno mais pura (...)34 .

    Chardel, um dos pioneiros do magnetismo, em 1818 apresentou uma curiosa obra a considerao da Academia de Berlim, na qual afirmava: O magnetismo uma transfuso de vida espiritualizada do organismo do operador para o do paciente35. (Grifamos)

    Outras definies e menes, de Mesmer, de Du Potet, de Lafontaine, de Puysgur e de tantos outros magnetizadores no menos famosos, sero vistas ao longo da obra, pelo que nos permitimos parar por aqui.

    2.3 - Dos Magnetizadores Contemporneos Aquele (magnetizador) que se prope a exercer o tratamento deve ter equilbrio, tranqilidade espi

    ritual e total conscincia da importncia das manipulaes levadas a efeito36. V. L. Saiunav - A personalidade que assina esta expresso um russo que desenvolveu suas experincias de cura de uma forma autodidata, mas, apesar do pouco acesso as literaturas estrangeiras, podem verificar, a posteriori, que suas concluses so muito similares e, por vezes, melhores que as experincias do mundo ocidental. Ele, inclu28 PAULA. Joo Teixeira de. In Dicionrio Enciclopdico Espiritismo Metapsiquica Parapsicologia, Ilustrado, p. 192, Editora Bels S.A. 29

    Novo Dicionrio da Lgua Portuguesa. Ed. Nova Fronteira. 30

    Dicionrio Escolar da Lngua Portuguesa. MEC - Fename. 31

    Enciclopdia Mirador Internacional. vol. II. Dicionrio Brasileiro da Lngua Portuguesa, p. 1289. 32 WANTUIL, Zeus e THIESEN, Francisco. In Allan Kardec, cap. 9, pp. 92 a 100, v. 2. 33 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 3, p. 23. 34 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 7, p. 54. 35 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 1, p. 10. 36 SAIUNAV, V. L. In O fio de Ariadne. cap. 2, p. 71.

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  • sive, em seu livro, nos faz registros de autores cujas obras veio a conhecer depois, e que merecem destaquemos: Quem duvidar, hoje, da atuao do magnetismo, deve ser chamado de ignorante e no de ctico. (Schoppenhauer) - O magnetismo animal , portanto, a mais poderosa de todas as foras fsicas e qumicas. (...) A cura magntica processa-se por meio de passes magnticos, pela aposio de mos (...) (Du Prell)37 .

    Ainda na Rssia temos um dos seus mais famosos curadores: o Coronel Krivorotov, o qual foi submetido a uma larga bateria de testes. Seu mtodo de cura o uso de passes a curta distncia dos pacientes. E ele afirma crer que A energia vem de alguma fonte externa38. Isso sem falar na famosa Djuna que, entre outros, diz ter curado com suas mos o ex-homem-forte da Unio Sovitica, Leonid Brejniev e resolvido at casos de aids, apesar de sua reconhecida excentricidade; alm de Barbara Ivanova39 que tem curado pessoas distncia, pelos mais variados meios, e que reconhecida como uma das maiores autoridades soviticas sobre reencarnao.

    Para encerrar a lista, vejamos o que nos reserva o renomado e respeitado George W. Meek: O curador no cura as doenas. Agindo de modo extraordinrio, ele proporciona um ambiente no qual a cura pode realizar-se40 .

    2.4 - De Outras Escolas Religiosas De um pastor presbtero (Dudley Blades): A cura espiritual a cura do Esprito pelo Esprito. (...) Normalmente comeo a cura repousando

    minhas mos suavemente sobre a cabea das pessoas (.)41 . De um padre catlico (Frei Hugolino Back): Analisando, detidamente, os textos, d-nos a impresso de que essas ordens proferidas por Jesus

    vm acompanhadas de gestos. E gestos de movimentos rpidos e enrgicos. Seriam formas de passes? - Que so passes? - So gestos rpidos e enrgicos que so feitos pela pessoa-que-cura ao lado e ao longo do corpo

    de pessoa-que-est-sendo-curada42. (Grifo original) Uma prece catlica de cura, apresentada pelo reverendo Robert DeGrandis, S. S. J.: Jesus, quando

    oramos pelos outros em Teu nome, ns te pedimos que uses nossas mos para vires at ns e tocares aqueles pelos quais oramos, como se nossas mos fossem tuas. Deixa que Teu Esprito opere, hoje, atravs de ns, especialmente quando oramos pelos membros de nossa famlia ou de nossa comunidade. Obrigado, Jesus, pelo Teu amor curador que est fluindo neste momento atravs de mim43 .

    Do budismo tibetano: Quando se compreendem os processos tntricos, torna-se claro que eles no so nenhum passe de

    mgica religioso com o qual nos iludimos, a ns e aos outros. So a manipulao destra de energias psicofsicas por seres que, mediante a prtica do Dharma, em particular a meditao, aprimoram suas capacidades mentais (...)44 .

    3 - CITAES BBLICAS

    37 SAIUNAV. V. L. In O Fio de Ariadne, pp. 50 e 51. 38 OSTRANDER, Sheila e SCHROEDER, Lynn. In Experincias Psquicas AIm da Cortina de Ferro, cap. 18, p. 242. 39 Durante o ano de 1990 ela passou vrios meses aqui no Brasil proferindo palestras, seminrios e cursos e, na oportunidade, publicou a verso do seu livro O Clice Dourado, onde ersina suas tcnicas de cura.

    40 MEEK, George W. (Org.). In As curas paranormais, 1 Parte, cap. 2, p. 19. 41 BLADES, Dudley. O que a cura? In A Energia Espiritual e seu Poder de Cura, cap. 6, p. 52. 42 BACK, Hugolino e GRISA, Pedro A. As tcnicas de Jesus. In A Cura pela Imposio das Mos, p. 74. 43 DeGRANDIS, Robert. Os dez mandamentos da cura. In Ministrio de Cura para Leigos, cap. 2, p. 36. 44 CLIFFORD, Terry. A medicina tntrica. In A Arte de Curer no Budismo Tibetano, cap. 5, p. 97.

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  • 3.1 - No Antigo Testamento Ento Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, lava-te sete vezes no Jordo, e a tua carne

    ser restaurada, e ficars limpo. Naam, porm, muito se indignou, e se foi, dizendo: Pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se

    ia de p, invocaria o nome do SENHOR seu Deus, moveria a mo sobre o lugar da lepra, e restauraria o leproso45. (Grifamos)

    E, estendendo-se trs vezes sobre o menino, clamou ao SENHOR, e disse: SENHOR meu Deus, rogo-te que faas a alma deste menino tornar a entrar nele.

    O SENHOR atendeu voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu46 . Josu, filho de Num, estava cheio do esprito de sabedoria, porquanto Moiss havia posto sobre ele

    as suas mos: assim os filhos de Israel lhe delam ouvidos, e fizeram como o SENHOR ordenara a Moiss. (...) E no tocante a todas as obras de sua poderosa mo, e aos grandes e terrveis feitos que operou

    Moiss vista de todo o Israel47 . Nestes trs exemplos, que colocamos em ordem reversa cronolgica dos fatos, vimos como o

    magnetismo era utilizado desde a mais antiga histria, sob os mtodos mais diversos, inclusive pela imposio das mos.

    3.2 - No Novo Testamento E Jesus, estendendo a mo, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo

    de sua lepra48 . Ento Ananias foi e, entrando na casa, imps sobre ele as mos dizendo: Saulo, irmo, o SENHOR

    me enviou, a saber, o prprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do Esprito Santo49 .

    A manifestao do Esprito concedida a cada um, visando um fim proveitoso. Porque a um dada, mediante o Esprito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Esp

    rito, a palavra do conhecimento. A outro, no mesmo Esprito, f; e a outro, no mesmo Esprito, dons de curar (...)50 . Encontramos igualmente, nestes exemplos, o passe j como prtica habitual de cura ao tempo de Je

    sus e de seus seguidores da primeira hora, quando as mos aparecem como um dos mais comuns veculos de tcnica de cura fludica, alm da origem do termo dom de curar pelo apstolo Paulo.

    4. DEFINIES EQUIVOCADAS Antes de iniciarmos nossa anlise sobre alguns dos mais comuns equvocos que se cometem quando

    se pretende comparar passes a outros mtodos, gostaramos de apresentar uma observao de Kardec: Magnetizador o que pratica o magnetismo; magnetista aquele que lhe adota os princpios. Pode-se, pois, ser magnetista sem ser magnetizador; mas no se pode ser magnetizador sem ser magnetista51. Por extenso, infere-se que o passista tanto pode ser um magnetizador quanto um simples magnetista; ser ele magnetizador quando usar seus fluidos na magnetizao e magnetista quando adotar os princpios, as tc

    45 II Reis, V, vv. 10 e 11. 46 I Reis, XVII, vv. 21 e 22. 47 Deuteronmio, XXXIV, vv. 9 e 12. 48 Mateus, VIII, v. 3. 49 Atos, IX, v. 17. 50 I Corntios, XII, vv. 7 a 9. 51 Magnetismo e Espiritismo. Revista Esprita, mar. 1858, p. 94, nota de rodap nr. (1).

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  • nicas e os mtodos do magnetismo. Mas s ser passista esprita quando suas tcnicas forem consentneas com a Doutrina Esprita e seu proceder moral se coadunar com os princpios desta.

    No mesmo artigo52, Kardec nos afirma ainda que O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo (...). E prossegue mais adiante: Se tivermos que ficar fora da cincia do magnetismo, nosso quadro (espiritismo) ficar incompleto (...). A ele nos referimos, pois, seno acessoriamente, mas suficientemente para mostrar as relaes intimas das duas cincias que, na verdade, no passam de uma.

    O leitor h de convir conosco que esta citao por demais importante. Entre outras, dela podemos tirar uma concluso bvia: pela maneira como foi considerado o magnetismo, a Cincia Esprita no pode ficar sem o contributo daquela outra, sob o risco de termos o Espiritismo de forma incompleta. Entretanto, ressalta das palavras de Kardec que se trata de uma mesma cincia pelo fato de uma estar inserida na outra e no que sejam simetricamente iguais.

    Analisemos agora os equvocos. Para ficar mais didtico, trat-los-emos em subitens, na forma de perguntas e respostas, destacando os equvocos que pretendemos demonstrar.

    1. Magnetismo e Espiritismo so a mesma coisa? R - J possumos matria suficiente para sustentarmos estar em equvoco aquele que afirmar sejam o

    magnetismo e o Espiritismo a mesma coisa, pois, da ltima colocao kardequiana se depreende que o primeiro, como cincia, participa da Cincia Esprita e no que esta esteja contida nos estreitos limites daquela outra. No so a mesma coisa, afirmamos; nem por definio, nem por meios, nem por objetivos; apenas o magnetismo, com suas tcnicas e experincias, viabilizou, no meio cientfico da poca, o reconhecimento da existncia de outras foras, energias, fluidos, que desaguaram, via sonambulismo, nas provas da existncia do Esprito.

    Mas, para que no haja dvidas, eis a primeira definio de Allan Kardec sobre o Espiritismo: A doutrina esprita ou o Espiritismo tem por princpio as relaes do mundo material com os Espritos ou se-res do mundo invisvel. Os adeptos do Espiritismo sero os espritas, ou, se quiserem, os espiritistas53 (grifos originais). Vemos que dessa definio no h como igualar tal Cincia - que tambm Filosofia e Religio - ao magnetismo, cujos seguidores so chamados de magnetizadores54 .

    H, entretanto, estreitas ligaes entre as duas cincias. E quem faz uma notvel ligao entre o Espiritismo e o Magnetismo o Esprito E. Quinemant que, quando encarnado, segundo suas prprias palavras, ocupou-se com a prtica do magnetismo material. Assim se expressa ele: O Espiritismo no , pois, seno o magnetismo espiritual, e o magnetismo no outra coisa seno o Espiritismo humano. (...) O magnetismo , pois, um grau inferior do Espiritismo (...)55 .

    2. E em relao ao passe propriamente dito, seriam ele e o magnetismo a mesma coisa? R - A resposta continua negativa, pois, se para o magnetismo o passe uma tcnica de movimenta

    o de mos, para o passe (esprita) o magnetismo uma fonte de tcnicas de transferncias fludicas. Atentemos, todavia, para o que nos diz Allan Kardec: O conhecimento dos processos magnticos til em casos complicados, mas no indispensvel56; isto nos sinaliza, inclusive, que nem sempre o passe se recorre do magnetismo como tcnica.

    Em sntese, todo passista (esprita) , no fundo, um magnetizador mas nem todo magnetizador um passista (esprita).

    3. E a magnetizao e o hipnotismo so iguais, so uma mesma cincia? R - Trata-se de outro equvoco pensar-se assim. Embora no estejamos estudando o hipnotismo,

    da prpria histria dessa cincia que ela surgiu em decorrncia das prticas magnticas, como uma experimentao, poderamos dizer, especializada, de partes daquela. O hipnotismo, usando uma linguagem bem

    52 Magnetismo e Espiritismo. Revista Esprita, mar. 1858, p. 94, nota de rodap nr. (1). 53 KARDEC, Allan. Introduo. In O Livro dos Espritos, item 1. 54 Recomendamos sejam relidos os pontos principais do Espiritismo na Introduo de O Livro dos Espritos, todos registrados no seu item 6, onde se patenteiam as diferenas entre as duas cincias.

    55 O Magnetismo e o Espiritismo comparados. Revista Esprita, jun. 1867, mdium Sr. Desliens, pp. 190 a 192. 56 Da Mediunidade curadora Revista Esprita. set. 1865. p. 254.

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  • coloquial, filho direto do magnetismo como o o sonambulismo provocado O prprio Brad (chamado o pai do hipnotismo) reconheceu em sua Neurhypnologie que os procedimentos hipnticos no determinavam absolutamente todos os fenmenos produzidos pelos magnetizadores57, evidenciando, assim, o carter de menor eficincia destes, em termos gerais, que daquele outro. Por ser derivao, confundi-los o mesmo que se cambiar a obra pelo obreiro, o efeito pela causa.

    4. J que o magnetismo usado no passe, isso implicar que devamos usar tambm o hipnotismo nos nossos passes?

    R - De forma alguma. O Esprito Emmanuel, introduzindo Andr Luiz no livro Mecanismos da Mediunidade, enfatiza que mesmo tendo aquele estudado o hipnotismo Para fazer mais amplamente compreendidos os mltiplos fenmenos da conjugao de ondas mentais, alm de com isso demonstrar que a fora magntica simples agente, sem ser a causa das ocorrncias medianmicas, nascidas, invariavelmente, de esprito para Esprito, no recomenda. De modo algum, a prtica do hipnotismo em nossos templos Espritas58 .

    Completemos nossa resposta com Michaelus: Deixemos as drogas e os txicos para os hipnotizadores e reservemos para os magnetizadores a medicina do Esprito, pois na alma se concentra toda a sua fora e todo o seu poder59 .

    5. Mas, algumas pessoas advogam que durante ou aps o passe, certos pacientes se sentem diferentes, como no hipnotismo.

    R - Sem entrar nos aspectos espirticos da questo, vejamos o que nos diz o renomado Dr. Jorge Andra: No pretendemos negar que a hipnose determina, realmente, inibio de centros nervosos, zonas e mesmo regies mas, esclarece ele, isso uma conseqncia natural do desenvolvimento de mecanismo hipntico60. No correto, portanto, que apressadamente se infira dos fatos do hipnotismo, sua equivalncia, por suas reaes (diversas, por sinal), com os passes. Mero desconhecimento de causa que no justifica o equvoco. Hermnio Correia de Miranda, quando liga o magnetismo ao hipnotismo, nos esclarece com sua sntese peculiar: Magnetismo, a nosso ver, a tcnica do desdobramento provocado por meio de passes e/ou toques, enquanto a hipnose ficaria adstrita aos mtodos de sugesto (...)61 .

    6. o passe uma inveno do Espiritismo? R - Garantimos que, em princpio, o Espiritismo nunca inventou nada nem tampouco criou coi

    sas usualmente a ele atribudas. Pelas definies e menes apresentadas neste capitulo, fica evidente que o passe, suas tcnicas e seu conhecimento remontam mais longnqua antiguidade. A Doutrina Esprita apenas estudou o magnetismo e suas aplicaes, estuda e continuar estudando suas causas e efeitos, tendo chegado a grandes concluses, notadamente no que diz respeito ao seu uso para o bem dos Espritos, tanto encarnados quanto desencarnados, dando-lhes emprego srio e til, e incentivando sua prtica dentro dos princpios cristos e nos limites da pureza doutrinaria esprita, lembrando aos seus praticantes, como o fez o Cristo: (...) De graa recebestes, de graa dai62 .

    7. o passe magia? Por qu? R - No. Porque o passe no se utiliza de fetichismos, no dogmtico, no compactua com Espri

    tos inferiores para obteno de favores, quer materiais, quer espirituais, nem se compromete com ritualismos. No incita adorao a santos ou mitos nem requer pagamentos ou oferendas. Se nos permitimos uma definio prpria, o passe um dos veculos de que se utilizam os Bons Espritos para atender aos necessitados, de acordo com a vontade de Deus, e no para atender aos homens, segundo nossos, quase sempre pueris caprichos e mesquinhas imposies.

    57 JAGOT, Paul-Clement. Atualmente. In Iniciao a Arte de Curar pelo Magnetismo Humano, cap. 5, item 7, p. 53. 58 XAVIER, Francisco Cndido, VIEIRA. Waldo. Mediunidade. In Mecanismos da Mediunidade, pp. 15 e 16. 59 MICHAELUS. In Magnetismo Espiritual, cap. 7, p. 56. 60 58. ANDRA, Jorge. Fenmenos parapsicolgicos. In Nos Alicerces do Inconsciente. cap. 4. item 2 - Hipnose, p. 116. 61 MIRANDA. Hermnio C. In A Memria e o Tempo. cap. 4, p. 78, v. 1. 62 Mateus, X, v. 8.

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  • 8. Como o passe, muitas vezes, usa das tcnicas do magnetismo e das colocaes kardequianas, entendemos que tanto h fluidificao espiritual como animal (do homem) e mista, isso quer dizer que no passe tanto h mediunismo quanto animismo?

    R - Estabeleamos primeiro que animismo no , necessariamente, sinnimo de mistificao; animismo a projeo ou a manifestao do Esprito do prprio mdium por seu prprio corpo ou, ainda, o uso das energias fludicas de si por si mesmo. Por outro lado, mediunidade existe quando h relao entre homem encarnado e Esprito desencarnado. Por isso podemos dizer, teoricamente, que o passe s anmico quando o mesmo aplicado por um magnetizador, com uso exclusivo de suas energias vitais, sem a interferncia dos Espritos (como se isso fosse possvel). Mas, pelo que nos asseveram os Espritos, quando respondendo a Kardec, nos asseguram que eles influem em nossos atos e pensamentos Muito mais do que imaginais (...) a tal ponto que, de ordinrio, so eles que vos dirigem63, foroso concluirmos que no h magnetismo puro (quer dizer, sem interveno espiritual), assim como tambm no h o animismo puro. A prpria definio de passe vista anteriormente no item 2.1 - Dos Dicionrios e Enciclopdias, sob a referncia nmero 27, j nos sugere isso. E, se no bastasse, sigamos Allan Kardec mais uma vez, quando ele pergunta aos Espritos:

    H, entretanto bons magnetizadores que no crem nos Espritos? Pensas ento que os Espritos s atuam nos que crem neles? Os que magnetizam para o bem so

    auxiliados por bons Espritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas ms intenes. chama os maus64 .

    9. Passistas e mdiuns curadores so a mesma coisa? R - Se bem possam, em determinadas situaes, se confundirem, no so necessariamente a mesma

    coisa pois o passista nem sempre um mdium curador no sentido maior do termo, enquanto que todo curador, posto que sempre usa alguma tcnica de passe, passista, ressalvando-se, contudo que aqui importa distinguir passista de passista Esprita.

    Quando Allan Kardec definiu mdiuns curadores, disse que esses so Os que tm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela s imposio das mos, ou pela prece.

    Essa faculdade no essencialmente medinica: possuem-na todos os verdadeiros crentes, sejam mdiuns ou no. As mais das vezes, apenas uma exaltao do poder magntico, fortalecido, se necessrio, pelo concurso de bons Espritos65 .

    Percebemos assim que, no primeiro pargrafo, ele parece se referir ao passista esprita, enquanto que no segundo se referencia ao magnetizador, ao mdium curador. De uma forma ou de outra, no faz grande diferena essa conceituao pois o que mais importa a ao do passe, e Esprita, de preferncia.

    10. Magnetismo e magnetoterapia so a mesma cincia? R - No, no o so. Enquanto que o magnetismo lida com os fluidos animais (humanos), a magneto

    terapia se utiliza dos ms ou materiais inorgnicos portadores de magnetismo. Enquanto a primeira se baseia no homem como fonte, a segunda tem sua base nos metais; a primeira requer, mesmo no magnetismo puro, um bom posicionamento de moral e equilbrio do aplicador, enquanto a segunda, nem sempre.

    11. o magnetismo humano (animal), o mesmo dos ms ou do resultante das correntes eltricas? R - No. No magnetismo humano se percebe e se constata a existncia de um componente anmico

    que no participa das outras modalidades de magnetismo. Outrossim, no magnetismo dos ms e dos oriundos dos campos energizados por eletricidade, obtm-se padres e quantidades invarivel e fisicamente mensurveis, abstrao feita as variaes previstas e determinadas; no magnetismo humano os valores so extremamente flexveis e variveis no apenas por condies fsico-qumicas e orgnicas mas igualmente por influncias psquicas e espirituais.

    12. Existe diferena entre passes e imposio de mos?

    63 KARDEC, Allan. In O Livro dos Espritos, cap. 9, questo 459. 64 KARDEC, Allan. Dos mdiuns. In O Livro dos Mdiuns, cap. 14, item 176, 3 questo. 65 KARDEC, Allan. Dos mdiuns especiais. In O Livro dos Mdiuns, cap. 16, item 189.

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  • R - Em termos espritas, passes tanto pode ser entendido como o conjunto de recursos de transferncias fludicas levadas a efeito com fins fluidoterpicos, como uma das maneiras pela qual se faz tais transferncias. No primeiro caso, a imposio de mos seria um dos recursos; no segundo, uma das maneiras.

    Assim sendo, de forma literal, passe e imposio de mos no so a mesma coisa; em termos de uso, contudo, tem-se a imposio de mos como uma tcnica de passe66. Tanto que comum se falar de um querendo-se dar a entender o outro.

    De outra forma, observemos a ponderao de nossa contempornea Dalva Silva Souza, em excelente artigo publicado em Reformador: A palavra (passe) um deverbal de passar, verbo que, sem dvida, transmite a idia de MOVIMENTO67. Por outro lado, imposio de mos j deixa bem induzido que se trata de atitude esttica, sem movimento, posto que, derivado do verbo impor, imposio, nesse sentido, quer dizer: ato de fixar, estabelecer.

    * * *

    Outras dvidas e equvocos, por certo, existiro. Mas, se no temos a pretenso de esgotar o assunto, nos resta a certeza de que ao longo desta obra, muitas questes sero resolvidas e vrios problemas ganharo soluo. Por outro lado, se novas dvidas surgirem, como resultado da reflexo, do estudo, da anlise e do raciocnio, sinal de que teremos alcanado um bom primeiro porto, do qual, aps o reabastecimento em novas pesquisas, partiremos buscando, juntos, novos e promissores horizontes tudo em nome do Evangelho.

    66 Teceremos consideraes no captulo VI adiante. 67 SOUZA, Dalva Silva de. Consideraes em torno do passe. In Reformador, jan, 1986, p. 16.

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  • CAPTULO II - OS OBJETIVOS DO PASSE E insistentemente lhe suplica: Minha filhinha est morte; vem,

    impe as mos sobre ela, para que seja salva, e viver. Jesus foi com ele68 .

    Mesmo sendo o passe uma das circunstncias medinicas mais comuns nas Instituies Espritas, precisamos reconhecer, tanto pelo estudo quanto pela vivncia, quais seus verdadeiros objetivos para, a pretexto de desconhecimento de causa, no virmos amanh a desvirtuar-lhe os fins utilizando-nos de meios antidoutrinrios ou ento, ainda que atravs dos meios mais corretos, desvalorizemos os fins, por impertinentes. Afinal, se fazer uma obrigao, saber fazer um dever; e faz-lo correto, no tempo, momento e lugar certo, buscar a perfeio. No sendo outro o motivo de nosso estgio aqui na Terra seno o de buscarmos, pelos meios ao nosso alcance, o final feliz, que a perfeio, reconhecemo-nos numa posio que, pelo nvel, ainda nos solicitar muito esforo, trabalho, vidas, renncias, estudos e sacrifcios, at atingirmos o grande desiderato.

    Sendo o magnetismo um dos meios que utilizaremos seguidamente, tom-lo-emos tendo em vista a manuteno do estudo do passe dentro dos limites atinentes s causas e aos efeitos fludicos de cura e de alvio orgnico e psquico, alm de auxiliar nos tratamentos espirituais e desobsessivos. Evitaremos o aprofundamento que nos levaria ao estudo da exteriorizao da sensibilidade e da motricidade69, bem como aos efeitos hipnticos, aos mtodos de regresso de memria70 e s caractersticas atinentes ao sonambulismo. Afinal, o que vamos estudar mesmo o passe e no necessariamente o magnetismo, apesar de com isso no querermos dizer que desprezaremos suas bases e tcnicas, experincias e concluses; muito pelo contrrio, no s as utilizaremos como serviro de fundamental importncia na sedimentao do entendimento, na efetivao de sua prtica e para a explanao lgica de vrios pontos comuns.

    Comecemos, ento, buscando a lucidez e a objetividade do Esprito Andr Luiz71, o qual nos faz meditar com grande proveito: O passe no unicamente transfuso de energias anmicas72. o equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos (...). Se usamos o antibitico por substncia destinada a frustrar o desenvolvimento de microorganismos no campo fsico, por que no adotar o passe por agente capaz de impedir as alucinaes depressivas, no campo da alma? (...) Se atendemos assepsia, no que se refere ao corpo, por que descurar dessa mesma assepsia no que tange ao esprito?.

    A encontramos Andr Luiz estendendo definies, com isso favorecendo-nos uma abertura para nosso estudo: o passe o equilibrante ideal da mente, funcionando como coadjuvante em todos os tratamentos, no s fsicos, mas igualmente da alma. Por isso mesmo, os objetivos do passe ficam bem categorizados como elementos a serem alcanados em dois campos: materiais e espirituais, a se refletirem no paciente73, no passista e na Casa Esprita.

    Corroborando com isso, encontramos Martins Peralva quando, estudando a mediunidade neste campo especifico, nos lembra: O socorro, atravs de passes, aos que sofrem do corpo e da alma, instituio de alcance fraternal que remonta aos mais recuados tempos74 .

    Tendo este raciocnio como ponto de partida, componhamos uma anlise um tanto quanto didtica, distinguindo os objetivos do passe em trs grupos:

    1 - Em relao ao paciente; 2 - Em relao ao mdium; e

    68 Marcos, V, vv. 23 e 24. 69 Assuntos bem estudados por Albert De Rochas em seus livros (clssicos) Extriorisation de la Sensibilit e LExtriorisation de la Motricit. Apenas o primeiro tem verso brasileira.

    70 Assunto igualmente estudado por De Rochas (Les Vis Successives, tambm no versionado). 71 XAVIER. Francisco Cndido, VIEIRA, Waldo. O passe. In Opinio esprita, cap. 55, pp. 180 e 181. 72 Compare-se com nosso comentrio acerca do equivoco existente entre animismo e mediunismo no passe, destacado no item 4 das Definies equivocadas, questo 8, do captulo anterior.

    73 Convencionamos chamar de paciente a pessoa ou o Esprito que se submete(r) ao tratamento fludico. 74 PERALVA, Martins. Passes. In Estudando a Mediunidade, cap. 26, p. 142.

    17

  • 3 - Em relao Casa Esprita.

    1. EM RELAO AO PACIENTE O passe Esprita objetiva o reequilbrio orgnico (fsico), psquico75, perispiritual e espiritual do paci

    ente. Chega-se fcil a esta concluso pela observao de que: - quando um paciente procura o passe, ele busca, com certeza, melhora para seu comportamento or

    gnico, psquico e/ou espiritual, o que j representa uma afirmativa desse objetivo; - quando os mdiuns sentem-se doando energias e, por vezes, se fatigam aps as sesses de pas

    ses, deixam claros indcios de que houve transferncias fludicas em benefcio do paciente; - na comprovao das melhoras ou curas dos pacientes, novamente se confirma a tese; - no estudo dos mais variados tratados e obras sobre o assunto, no h quem discorde desse objeti

    vo;

    - e tantas outras evidncias existem que no sobra margem para tergiversaes. No se deve, porm, confundir o objetivo do passe com o seu alcance. Erroneamente comum se

    deduzir do fato de algum no ter sido curado num determinado tratamento fluidoterpico, este deixa de ter sua objetividade definida. Tal raciocnio equivaleria a se condenar a Medicina tomando como base os casos que no tiveram soluo possvel, ou se acusar um mdico pelo fato de um paciente no responder a certos medicamentos. O passe, como os medicamentos, tem seus objetivos bem definidos, ainda que, por circunstncias a serem vistas mais adiante, nem sempre sejam alcanados satisfatoriamente. Isso, entretanto, no os descaracterizam.

    Angel Aguarod76 nos lembra que O magnetismo, em certos estados de origem psquica ou espiritual, basta e, para certos indivduos, o melhor agente curativo. Tanto o magnetismo humano como o espiritual (grifamos). bem verdade que esta citao no contemplou os problemas orgnicos em suas palavras mas isso no toma menos digna a nota. Entrementes, quando o autor se refere ao magnetismo humano e espiritual deixa liminarmente claro que seu entendimento reconhece a ao do magnetizador comum e daquele que atua com o auxlio dos Espritos, sem igualmente deixar de lado a ao fludica apenas por parte dos Espritos.

    No se trata de opinio isolada; o Esprito Emmanuel assim se pronuncia: Se necessitas de semelhante interveno (do passe), recolhe-te boa vontade, centraliza a tua expectativa nas fontes celestes do suprimento divino, humilha-te, conservando a receptividade edificante, inflama o teu corao na confiana positiva e, recordando que algum vai arcar com o peso de tuas aflies, retifica o teu caminho, considerando igualmente o sacrifcio incessante de Jesus por ns todos, porque, de conformidade com as letras sagradas, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenas77 (grifos originais). Aqui encontramos toda uma definio de objetividade; um verdadeiro manual de orientao a quem vai se beneficiar das benesses de um passe. a parte moral e espiritual do passe em destaque, convidando o paciente a humildade com boa vontade, a f com a responsabilidade de saber que algum est agindo em seu favor, pelo que o respeito e a contrio so necessrios.

    Para reforar que os objetivos alcanam a rea das influncias Espirituais, eis a palavra de Kardec: s vezes, o que falta ao obsidiado fora fludica suficiente; nesse caso, a ao magntica de um bom magnetizador lhe pode ser de grande proveito78 .

    Fica definido, desta forma, que o primeiro objetivo do passe , para a pessoa ou para o Esprito que carece e procura esse notvel agente de cura, o socorro que lhe proporciona o reequilbrio orgnico, psquico, perispiritual e espiritual.

    75 Preferimos destacar a condio psquica para deixar claro estarmos tratando de condies mentais diferentemente de condies espirituais.

    76 AGUAROD, Angel. O problema da sade. In Grandes e Pequenos Problemas, cap. 9, item III, pp. 208 e 209. 77 XAVIER, Francisco Cndido. O passe. In Segue-me, p. 100. 78 KARDEC, Allan. Da obsesso. In O Livro dos Mdiuns, cap. 23, item 251.

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  • 2. EM RELAO AO MDIUM Numa importante mensagem do Abade Prncipe de Hohenlohe (Esprito), intitulada Conselhos So

    bre a Mediunidade Curadora, encontramos farto material para a definio dos objetivos ora epigrafados: Em geral os que buscam a faculdade curadora tm como nico desejo o restabelecimento da sade material, de obter a sua liberdade de ao de tal rgo, impedido nas suas funes por uma causa material qualquer. Mas, sabei-o bem, o menor dos servios que esta faculdade est chamada a prestar, e s a conheceis em suas primcias e de maneira inteiramente rudimentar, se lhe conferis este nico papel (...) No: a faculdade curadora tem misso mais nobre e mais extensa! (...) Se pode dar aos corpos o vigor da sade, tambm deve dar as almas toda a pureza de que so susceptveis, e somente neste caso que poder ser chamada curativa, no sentido absoluto da palavra.

    (...) O aparente efeito material, o sofrimento, tem quase constantemente uma causa mrbida imaterial, residindo no estado moral do Esprito. Se, pois, o mdium curador se ataca ao corpo, s se ataca ao efeito, e a causa primeira do mal continuando, o efeito pode reproduzir-se, quer sob a forma primordial, quer sob qualquer outra aparncia.

    (...) necessrio que o remdio espiritual ataque o mal em sua base, como o fluido material o destri em seus efeitos; numa palavra, preciso tratar, ao mesmo tempo, o corpo e a alma79. (Grifos originais.)

    Mediante tal ponderao que mais nos parece um verdadeiro corolrio, percebemos que os objetivos do passe em relao ao mdium tm estreita afinidade com os definidos aos pacientes. Porm, podemos (e devemos) entender o servio do passe como uma tarefa muito mais ampla que a limitada a uma simples cura material. Se os pacientes, inadvertidamente, buscam to-s as curas de suas mazelas orgnicas ou a soluo de seus mal-estares, compreendamos e auxilie-mo-los. Afinal, muitos deles, e por que no dizer a maioria, quase sempre chegam ao tratamento fluidoterpico buscando essas coisas j em ltima instncia, visto que, alegam, fulano foi quem me recomendou (e dizem isso fazendo feies de desdm). Entre-tanto ns, os mdiuns Espritas, jamais deveremos entender nossa ao como sendo uma mera aventura no campo da matria e dos fluidos, buscando solues fantsticas e miraculosas pois, parafraseando Allan Kardec, preciso aplicar e usar o passe como quem lida com uma coisa santa, tratando-o e recebendo-o de maneira religiosa, sagrada, a fim de seus reais objetivos, de cura material e, sobretudo, psicoespiritual, serem atingidos em sua plenitude, holisticamente.

    Por outro lado, aqueles que no tm a viso Esprita e restringem os objetivos dos passes as curas materiais podem, ainda assim, favorecerem um caminho vlido para comprovaes presentes e futuras de seus benefcios, notadamente quando homens ditos de cincia se pronunciam a respeito pois, a partir do conhecimento e da verificao dos alcances das terapias chamadas alternativas, inevitavelmente um dia se chegar concluso da origem e da profundidade de muitas delas, resultando, por extenso, num entendimento e numa aceitao mais universal do passe esprita.

    Para reforo, num documentrio sobre os curadores gregorianos, uma mdica de Moscou, Galina Shatalova, que pratica a imposio das mos em muitos de seus pacientes, disse que suas tentativas de transferir energia biolgica freqentemente pareciam ajudar mais o paciente que o tratamento ortodoxo envolvendo medicina e drogas. E completou: A Organizao Mundial da Sade (OMS) tem-se empenhado num objetivo ambicioso - universalizar o tratamento de sade at perto do final do sculo. Para atingir esse objetivo, a OMS tinha decidido utilizar os servios de curadores no ortodoxos. Ento, Halfdren Mahler (1977), como diretor geral da OMS, declarou que o treinamento de auxiliares de sade, parteiras tradicionais e curadores pode parecer desagradvel a alguns fazedores de poltica, mas se a soluo correta no sentido de ajudar pessoas, ns deveramos ter a coragem de insistir que esta e a melhor poltica80 .

    deveras alvissareira essa abertura pois, mesmo pelo caminho estreito da matria, com certeza aportaremos nas potencialidades do Esprito e, na conjugao das foras magnticas orgnicas com as espiritu

    79 KARDEC. Allan. In Revista Esprita, out. 1867, I Parte. 80 KRIPPNER. Stanley. In Possibilidades Humanas, cap. 9, p. 239.

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  • ais, o homem sair do crculo estreito em que se encontra e o objetivo do tratamento fludico (em nosso caso particular, do passe) alcanar uma dimenso mais consentnea consigo mesmo.

    Continuando, lembramos Kardec quando nos informa que A faculdade de curar pela imposio das mos deriva evidentemente de uma fora excepcional de expanso, mas diversas causas concorrem para aument-la entre as quais so de colocar-se, na primeira linha: a pureza dos sentimentos, o desinteresse, a benevolncia, o desejo ardente de proporcionar alvio, a prece fervorosa e a confiana em Deus; numa palavra: todas as qualidades morais81. Ou seja: alm de proporcionar a cura ou a melhora do paciente, deve o mdium se esforar por melhorar-se moralmente, no fito de cumprir sua tarefa dignamente e de melhor favorecer aos objetivos do passe.

    Como mdiuns, devemos ser conscientes de que temos no passe uma oportunidade sagrada de praticar a caridade sem mesclas, desde que imbudos do verdadeiro Esprito cristo, sem falar na bno de podermos estar em companhia de bons Espritos que, com carinho, diligncia, amor, compreenso e humildade se utilizam de nossas ainda limitadas potencialidades energticas em benefcio do prximo e de ns mesmos. Ademais, no olvidemos que somos, em maioria, iniciantes na jornada da evoluo, pelo que vale a advertncia de Emmanuel nos recordando que Seria audcia por parte dos discpulos novos a expectativa de resultados to sublimes quanto os obtidos por Jesus junto aos paralticos, perturbados e agonizantes. O Mestre sabe, enquanto ns outros estamos aprendendo a conhecer. necessrio, contudo, no desprezar-lhe a lio, continuando, por nossa vez, a obra de amor, atravs das mos fraternas82 .

    Pelo fato de ser simples, no se deve doar o passe a esmo, nem, tampouco, a fim de dar aparncias graves aos mesmos, alimentar idias errneas que induzam ao misticismo ou que venham a criar mistrios a seu respeito. Por isso mesmo nos convida Andr Luiz: Espritas e mdiuns Espritas, cultivemos o passe, no veculo da orao, com o respeito que se deve a um dos mais legtimos complementos da teraputica usual83, induzindo-nos, assim, a responsabilidade que devemos ter como mdiuns passistas Espritas.

    3. EM RELAO CASA ESPRITA O Movimento Esprita brasileiro , seguramente, o mais bem estruturado e o mais atuante de todos

    os movimentos espritas graas, no obstante parcas e isoladas opinies em contrrio, ao trabalho da Federao Esprita Brasileira (FEB) e, em especial, do Conselho Federativo Nacional (CFN), rgo que congrega todas as unidades federativas espritas do pas alm daquela. E dessas duas clulas tm surgido os mais elaborados e profcuos trabalhos de orientao em todos os campos onde atuam ou podem atuar as Instituies Espritas, de uma forma permanente e atualizada, sem, todavia, jamais descurar dos princpios bsicos da Doutrina Esprita nem de sua pureza doutrinria.

    Permita-nos o leitor fazer um breve parntese: infelizmente existem Espritas que se rotulam de modernos e, da mesma maneira como encontraram este adjetivo para eles prprios, buscaram os de conservadores e retrgrados como sinnimos para aqueles que cuidam da doutrina com zelo e pureza doutrinria. Pelo fato de Kardec ter vivido no sculo passado, esses modernos chamam seu Pentateuco de clssico, ensejando se tratar de artigo de prateleira de museu. Embora tenhamos aprendido a respeitar as opinies alheias, no podemos concordar nem aceit-las todas. E essa uma das que discordamos; entendemos como pureza doutrinria a fidelidade que devemos ter ao Pentateuco Kardequiano e o respeito a sua linha isenta de rituais, cismas e dogmas, buscando a atualidade das coisas mas no nos entusiasmando excessivamente pelas levas sucessivas de modismos que de tempos a tempos assola nosso meio, quase sempre destitudas de qualquer fundamentao lgica ou doutrinria. Afinal, atualizar-se no quer dizer desprezar ou menosprezar as bases; ao contrrio, significa justapor-lhe, essncia, os avanos comprovadamente coerentes e cabveis. Nisso tudo estamos integralmente com Ary Lex, quando diz: No movimento Esprita costuma haver uma certa condescendncia para com as pequenas deturpaes, condescendncia essa rotulada como tolerncia crist. Esto errados. Tolerncia deve haver para as falhas das pessoas, que devem ser esclarecidas e apoiadas, ajudando-as a sarem do ciclo erro-sofrimento. Tolerncia com as pessoas, sim, mas conivncia com as deturpaes, jamais. E conclui acertadamente mais adiante: urgente 81 KARDEC, Allan. Mdiuns curadores. In Obras Pstumas, 1 Parte, cap. 6, item 52. 82 XAVIER, Francisco Cndido. Passes. In Caminho, Verdade e Vida, cap. 153, p. 322. 83 XAVIER, Francisco Cndido, VIEIRA, Waldo. O passe. In Opinio Esprita, cap. 55, p. 131.

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  • e fundamental que todos aqueles que tiveram a ventura de entender o Espiritismo lutem, dia a dia, pela manuteno da pureza doutrinria. Que no se omitam. (...) O que no se pode permitir que, em nome do Espiritismo, se pratiquem atos totalmente condenados pela Doutrina84. (Grifos originais.) Fecha parnteses.

    Hoje possumos um documento de rara oportunidade, resultante de uma srie de reunies, plenrias, encontros, estudos e anlises sobre o Movimento Esprita brasileiro, promovidos pela FEB e com a participao de todas as unidades federativas espritas do Brasil85, cuja concluso culminou em meados do ano de 1980 - o que evidencia a atualidade do documento. ele impresso e distribudo pela prpria FEB e tem o nome de Orientao ao Centro Esprita - 1980, ao qual, em mais recentes edies, foram incorporados outros mais recentes trabalhos da lavra do mesmo CFN. Nele buscaremos algumas palavras a fim de nortear os objetivos aqui previstos.

    Na apresentao do documento, item 5, observamos: Fraternidade, respeito ao semelhante, desinteresse utilitarista, trabalho idealista na vivncia do 'amai-vos uns aos outros', tolerncia e simplicidade de corao, humildade de Esprito, numa palavra, a prtica das virtudes evanglicas, eis o que distingue o trabalho Esprita e caracteriza a instituio fundada e sustentada sob a inspirao do Espiritismo86. Pois bem, ser dentro desses padres que consideraremos a Casa Esprita para efeito deste livro, mesmo porque, se ela assim no se caracterizar, por si s perder sua qualificao primordial, ainda que ostente o nome Esprita em sua fachada.

    No mesmo documento87 temos: A liberdade, caracterstica da Doutrina, reflete-se na atuao do adepto. Mas preciso no confundir livre iniciativa individual lastreada no conhecimento adquirido, com licena para fazer o que bem se entenda. O conhecimento da verdade revelada e o entendimento do Evangelho, em esprito, asseguram essa liberdade e lhe traam os limites. Mesmo considerando esta assertiva em seu carter genrico, no podemos deixar de ver suas conseqncias em referncia aos trabalhos do passe. Esse, inclusive, mais um dos motivos por que estamos substanciando este livro no conhecimento j universalizado pelos Espritos, to bem balizado por Allan Kardec e condignamente ratificado pelos Espritos Andr Luiz, Emmanuel, Bezerra de Menezes, Manoel Philomeno de Miranda e Alexandre, entre outros.

    No capitulo V88, o Centro Esprita tem necessidade de promover reunio(es) de assistncia espiritual onde, entre outras providncias, haja a (...) aplicao de passe e fluidificao de gua, objetivando a mobilizao de recursos teraputicos do plano espiritual as pessoas carentes deste auxlio. Ou seja, tem a Casa Esprita, no cumprimento de suas finalidades, a necessidade de manter um servio de atendimento fluidoterpico, at mesmo para dar oportunidade aos mdiuns a ela vinculados de servirem ao Senhor atravs do prximo, ao tempo em que propicia alento, orientao, reequilbrio e esperana aos que lhe buscam os benefcios.

    No queremos, todavia, inferir que o servio do passe seja a atividade mais importante da Casa Esprita. No, no o . Mas sua simplicidade aliada ao seu reconfortante alcance, principalmente quando utilizado de forma concomitante a doutrinao e a elucidao evanglico-doutrinria, de tamanha envergadura que no se deveria deixar jamais de pratic-lo nas Instituies Espritas. Afinal, no Mundo Espiritual os Mentores que orientam essas mesmas instituies formam equipes especializadas para atendimento aos encamados. Seno ouamos Andr Luiz: Em todas as reunies do grupo (...) vrios so os servios que se desdobram sob a responsabilidade dos companheiros desencarnados. (...) Um desses servios era o de passes magnticos, ministrados aos freqentadores da casa. (...) Todas as pessoas, vindas ao recinto, recebiam-lhes o toque salutar e, depois de atenderem aos encarnados, ministravam socorro eficiente as entidades infelizes do nosso plano (...)89 .

    84 LEX, Ary. Dos fatos a filosofia. In Pureza Doutrinria, cap. 7, pp. 96 e 98. 85 Particularmente tivemos a honra de participar, como assessor da FERN, das duas ltimas plenrias que elaboraram o referido documento, na sede do CFN da FEB em Braslia-DF.

    86 Conselho Federativo Nacional. In Orientao ao Centro Esprita, 1980, p. 11. 87 Idem, p. 12. 88 Ibidem, p.23. 89 XAVIER, Francisco Cndido. Passes. In Missionrios da Luz, cap. 19, p. 320.

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  • No mesmo tom, anotemos o registro que Manoel Philomeno fez das palavras do Dr. Lustoza (Esprito): - Como existem Prontos-Socorros para os males fsicos e assistncia imediata para os alienados mentais em crise, j tempo que a caridade crist, nas Instituies Espritas, crie servios de urgncia fluidoterpica e de consolao para quantos se debatem nos sofrimentos do mundo, e no tm foras para esperar datas distantes ou dias exclusivos para o atendimento. Espritas esclarecidos, imbudos do sentimento de caridade, poderiam unir-se neste mister, reservando algum tempo disponvel e revezando-se num servio de atendimento caridosamente programado, a fim de mais amplamente auxiliar-se o prximo, diminuindo a margem de aflies no mundo.90. Meditemos sobre isso!

    Chamamos a ateno para o fato de que a Espiritualidade, antes mesmo do inicio das atividades materiais da Casa, j est presente e atuante, pelo que nosso respeito e reto comportamento devem ser uma constante, notadamente nos recintos da Instituio.

    Cabe ao Centro Esprita no apenas utilizar-se de seus mdiuns para os servios do passe mas igualmente renovar os conhecimentos dos mesmos atravs de estudos, simpsios e treinamentos, buscando formar equipes conscientes e responsveis e se eximindo da limitao to perniciosa de se ter apenas um mdium dito especial, ou, o que no menos grave, contar com pessoas portadoras apenas de boa vontade ao servio mas sem nenhum interesse em estudar, aprender ou reciclar conhecimentos, limitadas, qua-se sempre, s prticas do j faz tanto tempo que ajo assim ou meu guia quem me guia e ele no falha nunca. Afinal, j sabemos que tempo de prtica, considerado isoladamente, no confere respeitabilidade ao passe, assim como a tarefa, no campo da individualidade, do mdium e no de guias que o isente de participao e responsabilidade. Conscientizemos nossos passistas de suas imensas e intransferveis responsabilidades pois se em todas atividades de nossas vidas somos ns, direta e insubstituivelmente, responsveis por nossos atos, que se h de pensar daquela vinculada a to nobilitante tarefa!

    90 FRANCO, Divaldo Pereira. Socorros espirituais relevantes. In Painis da Obsesso, cap. 26, p. 215. 22

  • CAPTULO III - O PORQU DO PASSE Enquanto estas cousas lhes dizia, eis que um chefe, aproximando-se, o adorou, e

    disse: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impe a tua mo sobre ela, e viver91 .

    Os acmulos de bnos que os Cus incessantemente nos concedem se fazem bem patentes quando somos atendidos pela fluidoterapia; quer no alvio de uma simples dor de cabea, quer fazendo minorar sofrimentos mais atrozes; tanto nos clareando a mente em vias de estressar-se quanto nos eximindo das ligaes espirituais mais violentas e tenazes. Outrossim, Espritos endividados tal qual somos, no conseguiramos por muito em prtica a caridade sem o exerccio da ajuda aos mais necessitados; e neste campo, a prtica do passe de um valor inestimvel.

    O passe nos essencial pelo muito que nos pode oferecer tanto em bnos quanto em oportunidades de servio, a que tambm uma beno. Mas comum, na prtica, deturpar-se um pouco esta concluso; enquanto alguns julgam serem imunes necessidade dele para si mesmos, outros caem no vcio de tom-lo tantas vezes sejam possveis e no apenas quantas necessrias. Por isso, mesmo j tendo visto os objetivos do passe, importa considerar algumas questes que surgem com relativa freqncia.

    1. O ESPRITA PRECISA? Ningum realmente esprita altura desse nome, to-s porque haja conseguido a cura de uma es

    cabiose renitente, com o amparo de entidades amigas, e se decida, por isso, a aceitar a interveno do Alm-Tmulo na sua existncia; e ningum mdium, na elevada conceituao do termo, somente porque se faa rgo de comunicao entre criaturas visveis e invisveis. Andr Luiz92 .

    Vemos, aos milhares, pessoas que foram beneficiadas pelos diversos atendimentos fluidoterpicos e, s por isso, se dizem espritas. Mas o dizem sem conhecerem o que , na verdade, ser esprita; de fato so criaturas que, na maioria, precisam de Evangelho e de Luz; todavia, muito pouco se esforam para conhec-lo e perceb-la. A verdade, entretanto, que muitas vezes se dizem espritas para, quando precisarem, os Espritos virem socorr-las, como se eles estivessem a cata de adeptos para repletarem estatsticas, ou para atenderem ao modismo atual de se estar em alpha. Evidente tratar-se de irmos carentes que, por isso e por outras, precisam no s de passe mas de toda uma mudana interior; de uma verdadeira evangelhoterapia. Afinal, na definio de Kardec, Reconhece-se o verdadeiro esprita pela sua transformao moral e pelos esforos que emprega para domar suas inclinaes ms93 .

    Feitas estas colocaes sobre o esprita, fica evidente que sero nestes termos que o consideraremos em nossas anlises. Ou seja: so espritas aqueles que professam a Doutrina Esprita e por sua orientao procuram pautar sua vida e seus atos.

    Assim sendo, volta a questo: o esprita precisa do passe? Sem dvida que sim, pois sendo o esprita um ser humano normal, sujeito a todas necessidades e vicissitudes da vida, est, por isso mesmo, exposto aos mesmos problemas e males que toda humanidade. Entrementes, conhecedor da prece, do Mundo Espiritual e praticante do Evangelho, pode ele, em muitos casos, resolver suas necessidades consigo mesmo. Afinal, o Espiritismo uma das maiores bnos que um homem pode receber numa encarnao e a sua vivncia um verdadeiro evoluir.

    Noutro aspecto da questo, recordamos que Jesus, ouvindo, disse: Os sos no precisam de mdico, e, sim, os doentes94. Como espritas, sob o angulo do conhecimento e da consolao, no somos os doentes mas, pelas vias orgnicas e crmicas, muitas vezes somos dos mais necessitados. Da nossa necessidade da profilaxia do passe. Mesmo porque se, como espritas, no fizermos uso da fluidoterapia, como

    91 Mateus. IX, v. 18. 92 XAVIER, Francisco Cndido. Pensamento e mediunidade. In Nos Domnios da Mediunidade, cap. 13, p. 121. 93 KARDEC, Allan. Os bons espritas. In O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 17, tpico 4. 94 Mateus, IX, v. 12.

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  • poderemos apresent-la aos no espritas como uma bno divina disposio de todos os homens? Se no lhes aceitamos as evidncias, como ensin-las e distribu-las ao prximo?

    No se deve, contudo, da inferir a generalizao do passe pelo passe, sem medir-lhe a real necessidade. Fazemos nossas as palavras do Esprito Emmanuel quando, dando-nos orientao sobre o uso deste recurso divino disposio dos homens, recomendou No abusar daqueles que te auxiliam. No tomes o lugar do verdadeiro necessitado, to-s porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos95 .

    Em termos prticos, o esprita precisa do passe toda vez que se sinta esgotado e que o repouso natural no lhe confira sua volta a normalidade; quando, por motivos diversos, sinta-se com dificuldade em fazer uma prece, de concentrar-se numa boa leitura, de voltar sua ateno para coisas srias e nobres; se seu organismo, apesar dos cuidados devidos a ele prestados, no estiver tendo o comportamento normalmente esperado; quando idias obsessivas se assenhorearem de seus pensamentos com freqncia e obstinao; quando, apesar de ingentes esforos para melhorar-se, pensar que tudo lhe sai sempre errado; quando idias negativas e depressivas tornarem-se costumeiras no seu mundo interior; quando, por fim, sentir-se sob envolvimento espiritual de nvel inferior e no se encontrar com foras para, por si s, sair da situao. Essas so vicissitudes comuns verificadas no nosso dia-a-dia, indicando-nos a necessidade de tomarmos um passe ou de fazermos um tratamento fluidoterpico, dependendo do caso, sem, contudo, esquecermos que o passe, em grande nmero desses casos, nada mais que um simples complemento e no o tratamento total e exclusivo, a soluo nica e definitiva. O esprita sabe onde est a soluo: s busc-la e igualmente ensin-la ao irmo carente. Ademais, j afirmou Jesus: Pedi, e dar-se-vos-; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-96 .

    No pode, portanto, o esprita prescindir do passe, assim como no deve explorar-lhe os benefcios. Afinal, o esprita conserva em si mesmo grande potencial de auto-socorro.

    2. O MDIUM PRECISA? No que diz respeito aos mdiuns, a citao atrs97, acrescida de (...) no basta ver, ouvir ou incorporar

    Espritos desencarnados para que algum seja conduzido respeitabilidade98, se amolda perfeitamente. Andr Luiz posicionou com equilbrio sua definio sobre eles, no contradizendo o conceito de Allan Kardec a respeito99, mas registrando que uma profundidade maior se faz requerida para a especificidade do termo, para a categorizao mais efetiva do fato. Tanto que, continuando dita citao, o autor espiritual lembra: No bastar, portanto, meditar a grandeza de nosso idealismo superior. preciso substancializar-lhe a excelsitude em nossas manifestaes de cada dia, acrescentando mais adiante (p. 122): Para atingir esse aprimoramento ideal imprescindvel que o detentor de faculdades psquicas no se detenha no simples intercmbio. Ser-lhe- indispensvel a consagrao de suas foras s mais altas formas de vida, buscando na educao de si mesmo e no servio desinteressado a favor do prximo o material de pavimentao de sua prpria senda. (Grifamos.)

    Mdiuns, nas colocaes desse nosso trabalho, so aqueles que usam de seus dons medinicos em benefcio do prximo, segundo as leis crists do dai de graa o que de graa recebestes, recordando o que nos diz o apstolo Paulo: No te faas negligente para com o dom que h em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposio das mos do presbtero100 .

    Apoiados na argumentao do item anterior, poderamos afirmar que os mdiuns precisam do passe; mas no nos limitaremos a isso. Na srie Nosso Lar do Esprito Andr Luiz encontramos vrias oportunidades em que os Espritos esto a aplicar passes sobre pessoas e, especialmente, sobre os mdiuns. Isto,

    95 XAVIER, Francisco Cndido. O passe. In Segue-me, p. 134. 96 Mateus, VII, v. 7. 97 XAVIER, Francisco Cndido. Pensamento e mediunidade, In Nos Domnios da Mediunidade, cap. 13, p. 121. 98 XAVIER, Francisco Cndido. Pensamento e mediunidade, In Nos Domnios da Mediunidade, cap. 13, p. 123. 99 Em O Livro dos Mdiuns, cap. 14, item 159, diz Kardec: Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influncia dos Espritos ,. por esse fato, mdium. (...) Por isso mesmo, raras so as pessoas que dela no possuam alguns rudimentos. Po-

    de, pois, dizer-se que todos so, mais ou menos, mdiuns.

    100 I Timteo, IV, v. 14.

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  • por si s, j confirma a necessidade do mdium em tom-los; tanto que muitas vezes o tomam, na modalidade esprito-espiritual ou esprito-misto101, sem ao menos se darem conta.

    Para exemplificar, observemos duas narrativas: (...) Necessitamos de colaboradores para o auxlio magntico ao organismo medinico. (...) O apa

    relho medinico foi submetido a operaes magnticas destinadas a socorrer-lhe o organismo nos processos de nutrio, circulao, metabolismo e aes protoplsmicas (...)102 (Grifamos.)

    Agora esta outra: Enquanto Gabriel se postava ao lado da mdium, aplicando-lhe passes de longo circuito, como a prepar-la com segurana para as atividades da noite, o condutor da reunio pronunciou sentida prece103 (grifamos).

    Verificamos, portanto, a Espiritualidade se incumbindo do atendimento aos mdiuns atravs do passe, atividade espiritual nunca desprezada em reunies medinicas, no intuito de favorecer condies necessrias para o encaminhamento dos trabalhos e tambm ajudar e socorrer os prprios tarefeiros. Isto, contudo, no isenta o mdium de suas responsabilidades, posto que, O mdium, por excelente que seja sua assistncia espiritual, no deve descurar-se da prpria vigilncia, lembrando sempre de que uma criatura humana, sujeita, por isso, a oscilaes vibratrias, a pensamentos e desejos inadequados104. (Martins Peralva.)

    Atentemos para o fato de que Os mdiuns, em sua generalidade, no so missionrios na acepo comum do termo; so almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso (...) e que regressam ao orbe terrqueo para se sacrificarem em favor do grande nmero de almas que desviaram das sendas luminosas da f, da caridade e da virtude105. (Emmanuel.)

    Compreendemos assim que o mdium deve realizar permanente esforo de auto-aprimoramento, conhecendo-se a si mesmo e domando suas ms inclinaes. Dessa forma, estar como o servidor fiel que se encontra pronto sempre que o servio aparece.

    Mas, se por algum motivo, aps analisar-se e sentir que no se encontra bem, alm da prece e de uma boa leitura, o passe o coadjuvante por excelncia, no s para o mdium como para o esprita em geral; diramos mesmo que ele o indispensvel elemento reequilibrante. O mdium no pode achar, s por s-lo, que est isento de influenciaes ou perturbaes diversas. Para ele, at mesmo por sua facilidade de sintonia com o plano espiritual e por sua sensibilidade, o passe pode surtir efeitos mais rpidos e duradouros.

    No entendamos, contudo, devam os passistas buscarem receber passes aps o terem aplicado, no sentido de se reabastecerem. Tal prtica apenas indica o pouco entendimento que tm as pessoas com relao ao que fazem. Quando aplicamos passes, antes de atirarmos as energias sobre o paciente (...), ficamos envolvidos por essas energias, por essas vibraes, que nos chegam dos Amigos Espirituais envolvidos nessa atividade, o que indica que, antes de atendermos aos outros, somos ns, a princpio, beneficia-dos e auxiliados para que possamos auxiliar, por nossa vez. (Raul Teixeira)106 .

    3. SUBSTITUI O ESFORO PRPRIO? Do ponto de vista terreno, a mxima: Buscai e achareis anloga a esta outra: Ajuda-te a ti mes

    mo, que o Cu te ajudar. o principio da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso (...) (...) No, os Espritos no vm isentar o homem da lei do trabalho: vm unicamente mostrar-lhe a

    meta que lhe cumpre atingir e o caminho que a ela conduz, dizendo-lhe: Anda e chegars. Topars com

    101 A justificativa desses termos ser dada no captulo VI a