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    Anhanguera Educacional Ltda. Correspondncia/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, SP - CEP 13278-181 [email protected] [email protected] Coordenao Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicao: 20 de maio de 2011

    Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional

    Maria Wldia de S.Fernandes Helosa Alves Sousa Falco Simone Gonalves Almeida

    Curso: Nutrio

    FACULDADE ANHANGUERA DE BRASLIA

    Trabalho apresentado no 10 Congresso Nacional de Iniciao Cientfica CONIC.

    RESUMO

    A fritura sempre foi o mtodo de coco mais utilizado, em busca de alimentos rpidos e de sabor agradvel. No entanto, o processo de fritura acarreta uma srie de alteraes fsico-qumicas, formando compostos txicos, que so malficos a sade do consumidor. Com o objetivo de analisar a qualidade de leos utilizados em processos de fritura, foram feitas as coletas de amostras para anlise de acidez e perxido, de fritura de trs alimentos diferentes, advindos de trs restaurantes de uma rede de fast food, sendo apresentado por meio de mtodo descritivo e quantitativo. Dentre os resultados obtidos foram encontrados nveis elevados de perxido em duas amostras coletadas, e em outras duas no foi encontrado valor significativo, pois estas ainda no tinham sido utilizadas. Entretanto a analise de ndice de acidez revelou que estes estavam na fase inicial de degradao. Verificou-se assim a importncia do controle de qualidade de leos de fritura.

    Palavras-Chave: leos vegetais; oxidao; substncias txicas.

    ANURIO DA PRODUO DE INICIAO CIENTFICA DISCENTE

    Vol. 13, N. 16, Ano 2010

    NDICE DE PERXIDO E DE ACIDEZ EM LEOS DE FRITURA DE UMA REDE DE FAST FOOD DO DISTRITO FEDERAL

  • 10 ndice de perxido e de acidez em leos de fritura de uma rede de fast food do Distrito Federal

    Anurio da Produo de Iniciao Cientfica Discente Vol. 13, N. 16, Ano 2010 p. 9-20

    1. INTRODUO

    O ritmo urbano atual tem levado a populao, a um consumo de alimentao totalmente

    diferente de dez anos atrs. A grande causa disso tem sido o tempo nos processos de

    produo, que acabam por obrigar as pessoas a obterem hbitos alimentares rpidos, que

    possam suprir a necessidade de comer em um curto espao de tempo (ORTIGOZA, 2008,

    p. 84). Concomitante a isso, tem a sada das mulheres de casa para adentrarem no

    mercado de trabalho, sendo necessria a opo de alimentos de fcil e rpido preparo

    (PROBST, 2007, p. 2). Com tantas mudanas sociais, a alimentao deixou de ser um ritual

    familiar, onde todos se encontravam nas refeies, sendo um papel fundamental da unio

    familiar, passando a ser apenas um episdio de necessidade (COLLAO, 2004, p. 117).

    O modelo de fast food avanou para o sucesso graas ao seu princpio de servio,

    com poucos produtos, maiores quantidades, fcil preparo e pouca mo de obra, obtendo

    assim, a rapidez no atendimento, vindo a sanar as dificuldades de tempo para a rotina

    alimentar, e obtendo lucros ao vender seus produtos com um custo inferior aos

    restaurantes tradicionais, impulsionando assim a demanda do produto oferecido

    (COLLAO, 2004, p. 119). Tambm foram surgindo outras formas de fornecer uma

    alimentao no ritmo globalizado, como o drive thru e os delivery, onde o cliente no

    precisa nem mesmo sair do seu carro, ou do trabalho para fazer um lanche, lanche este

    que muitas vezes substitui o almoo do trabalhador. Esta forma de servio favorece ainda

    mais o sedentarismo do consumidor, que j no tem tempo para se exercitar e nem para

    comer adequadamente. Existem ainda os churrasquinhos nas ruas, os hot dogs,

    hambrgueres, que normalmente se encontram em pontos estratgicos para os

    consumidores apressados (ORTIGOZA, 2008, p. 90).

    A maior preocupao com toda essa praticidade escolhida por grande parte da

    populao, que nem sempre a qualidade do alimento consumido observada. Essa

    mudana nos hbitos alimentares da sociedade contempornea, de acordo com Garcia

    (2003, p. 484): tem sido objeto de preocupao das cincias da sade desde que os

    estudos epidemiolgicos passaram a sinalizar estreita relao entre a dieta e algumas

    doenas crnicas associadas alimentao.

    Com a falta de tempo, as pessoas comem qualquer coisa em qualquer lugar, sem

    nenhuma preocupao de como o alimento foi feito, ou se ele consumido constantemente,

    no ir acarretar em malefcios a sua sade, como o caso de alimentos ricos em

    gorduras, principalmente frituras, onde diversas so as alteraes fsicas, qumicas e

    nutricionais no leo utilizado para a coco, geradas por altas temperaturas em longo

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    Anurio da Produo de Iniciao Cientfica Discente Vol. 13, N. 16, Ano 2010 p. 9-20

    perodo de tempo, sendo liberados compostos txicos sade do indivduo que ir

    consumir tal alimento que por estar submerso no leo, absorve todas as substncias do

    mesmo (MENDONA et al., 2008, p. 117).

    Ao serem aquecidos em altas temperaturas, os leos e gorduras sofrem alteraes

    fsicas e qumicas por reaes de oxipolimerizao, reao do leo com o oxignio do ar, e

    decomposio termooxidativa, decomposio que ocorre atravs da oxidao decorrente

    da presena de oxignio e alta temperatura (REDA; CARNEIRO, 2007, p. 62). Tais reaes

    acarretam em modificaes no odor, sabor, cor e textura, que so transferidos aos

    alimentos no processo de fritura, diminuindo a qualidade sensorial e nutricional do

    alimento (JORGE; JANIERI, 2005, p. 1001). Alm de formarem compostos txicos que

    podem vir a causar danos leves ou graves a sade dependendo da quantidade ingerida,

    do tempo e freqncia (MARQUES; VALENTE; ROSA, 2009, p.284).

    As alteraes decorrentes das reaes mencionadas podem ser classificadas em:

    auto-oxidao, que ocorre em temperaturas abaixo de 100C; polimerizao trmica entre

    200C e 300C, sem a presena de oxignio; modificaes fsicas; modificaes nutricionais

    e modificaes qumicas, que podem ser por hidrlise dos triglicrides, oxidao e por

    polimerizao (REDA; CARNEIRO, 2007, p. 62). No entanto o nvel de tais alteraes ir

    depender de outros fatores envolvidos como o tipo de alimento utilizado, o tempo de

    fritura, a temperatura a qual ser submetido, etc. Quanto maior for o tempo de utilizao

    do leo, maior ser sua degradao (DEL R; JORGE, 2006, p. 57). De acordo com Reda e

    Carneiro (2007, p. 27), Quando o alimento submerso no leo quente em presena de ar,

    o leo exposto a trs agentes que causam mudanas em sua estrutura: gua, oxignio e

    temperatura.

    A gua, um dos agentes causadores de mudanas na estrutura dos leos usados

    em frituras que so provenientes do alimento, causam alteraes hidrolticas ao leo

    (REDA; CARNEIRO, 2007, p. 64). Nas alteraes hidrolticas a gua do alimento ir

    transferir os componentes deste para o leo, sendo capaz assim de acelerar a hidrlise dos

    glicerdeos, produzindo caractersticas inadequadas que sero consequentemente

    transferidas ao alimento (BOBBIO; BOBBIO, 2001, p. 33).

    A rancificao oxidativa, outra reao que ocorre nos leos de frituras expostos

    ao oxignio (REDA; CARNEIRO, 2007, p. 64). Esta acontece em trs fases; na primeira a

    fase de induo, por o consumo de oxignio ainda ser baixo, a concentrao de perxidos

    baixa e ainda no existem alteraes organolpticas; na segunda fase, a de propagao j

    se tem um alto consumo de oxignio, havendo uma crescente produo de perxidos, de

    alteraes organolpticas, como o odor, e dado incio a decomposio do leo; e

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    finalmente na terceira fase, de terminao, as alteraes organolpticas j esto bem

    caracterizadas, podendo haver viscosidade e cor, alm do odor, o consumo de oxignio e

    a concentrao de perxidos tende a cair (BOBBIO; BOBBIO, 2001, p. 39). A oxidao dos

    leos provoca a liberao de compostos txicos, como os chamados perxidos, formados

    no incio da rancificao (MENDONA et al., 2008, p. 117).

    A temperatura por si s j altera a composio fsico-qumica dos leos,

    entretanto com a submerso do alimento na presena de ar, estes ficam expostos a agentes

    que alteram sua estrutura, agentes estes tais como, a gua vinda do alimento que

    causando alterao hidroltica; o oxignio do ar que leva as reaes oxidativas; e a

    temperatura que acarreta em alteraes trmicas, formando diversos produtos de

    degradao, como perxidos, epxidos etc. (REDA; CARNEIRO, 2007, p. 64).

    A alta temperatura usada no processo de fritura de alimentos atua como

    acelerador do rano, havendo formao de um composto txico chamado acrolena, nos

    processos de hidrlise prvia. A percepo da liberao deste, pode se dar pela

    observao de formao de fumaa esbranquiada, de odor desagradvel e que irrita as

    mucosas gstricas e conjuntivas (SALINAS, 2002, p. 105).

    Com tantas alteraes ocasionadas no processo de fritura dos alimentos, faz-se

    necessrio o uso de mtodos analticos capazes de medir a intensidade da degradao dos

    mesmos. O ndice de perxido determina a concentrao de perxidos liberados pela

    oxidao dos leos (MENDONA et al., 2008, p. 118). Outro parmetro utilizado para

    medir o grau de degradao o ndice de acidez, pois as alteraes ocasionadas sejam

    hidrolticas, oxidativas ou trmicas, alteram consideravelmente a concentrao de ons

    hidrognio, e liberao de cidos graxos livres, aumentando assim a acidez do leo

    (MENDONA et al., 2008, p. 119). Alm destes h vrios mtodos como o ndice de iodo

    que mede a insaturao, os compostos polares, os dienos conjugados, entre outros, todos

    auxiliam na determinao da qualidade dos leos de fritura (DEL R; JORGE, 2006, p. 57).

    Infelizmente no Brasil no existe uma regulamentao de descartes de leos e

    gorduras utilizados em frituras, alguns pases como a Alemanha, Blgica, Holanda,

    Estados Unidos, Sua, Frana e Chile j possuem leis de controle de qualidade de leos

    comestveis de fritura (FIRESTONE et al., 1991 apud JORGE; JANIERI, 2005.). No Brasil a

    nica orientao para o alcance da qualidade destes, o informe tcnico n 11 de 05 de

    outubro de 2004 da ANVISA, postado no site da mesma, que orienta a no reutilizao de

    leos de fritura ressaltando porm, que quando for necessrio usar desta alternativa, que

    seja observada algumas recomendaes de boas prticas de fabricao, quanto forma de

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    utilizao do leo, as temperaturas ideais, enfim o controle de qualidade que deveria ser

    feito por todos os estabelecimentos que utilizem deste mtodo de coco.

    Existem hoje testes rpidos para avaliar a qualidade de leos utilizados em

    frituras, como o test oil da Policontrol Instr. Contr. Ambie. Ind. e Com., de So Paulo, o

    oxifri-test e o Fritest, ambos comercializados pela Alemanha. Estes testes usam de

    sensibilidade a compostos polares atravs de um reagente, em que so avaliados por

    cores, podendo estar de acordo com o teste, bom, regular, troca ou pssimo (SANIBAL;

    MANCINI-FILHO, 2002, p. 52). Porm sem uma legislao vigente, os proprietrios de

    lanchonetes e redes de fast food, no possuem obrigao de efetuar o descarte em um

    determinado perodo de tempo em que as alteraes ocorridas pelo tempo de uso, j afete

    a sade do consumidor. Sendo assim faz-se necessrio o uso de mtodos analticos para a

    determinao de qualidade destes leos (BRASIL, 2004).

    2. OBJETIVO

    Analisar os leos comestveis usados em processos de fritura de uma rede de fast food do

    Distrito Federal, atravs da determinao do ndice de perxido e de acidez, comparando

    os resultados encontrados com dados da literatura e discutindo o papel importante da

    fritura na preparao dos alimentos, bem como os possveis problemas a sade devido ao

    processamento inadequado.

    3. METODOLOGIA

    Foram coletadas as 3 amostras de leos de fritura de batata, de empanados e de tortinhas

    doces, de cada um dos 3 restaurantes escolhidos de uma rede de fast food no distrito

    federal, sendo estas de gerencias diferentes. Totalizando assim 9 amostras para a

    pesquisa, feita em triplicata, sendo gerados 27 resultados, para se alcanar a mdia

    exposta na Tabela 1. Os restaurantes so designados neste trabalho como R1, R2 e R3. As

    amostras foram colocadas em recipientes estreis, e acondicionadas em caixas individuais

    e por seguinte em uma caixa grande que pudesse abrigar da luz todas as amostras, para

    que no fosse provocada mais oxidao.

    3.1. Anlises fsicas e qumicas ndice de perxido

    As amostras foram levadas para o laboratrio de bromatologia, para realizao de anlise

    fsico-qumica. Foram realizadas as determinaes de perxido em todas as amostras

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    coletadas, atravs do mtodo de titulao da AOCS, 1993; onde as amostras foram

    transferidas para um frasco de Erlenmeyer de 250 ml e ento adicionado 30 ml soluo

    cido actico-clorofrmio 3:2, foi ento agitado, e logo aps adicionado 0,5ml de soluo

    saturada de iodeto e potssio, deixando em repouso por 1 minuto.

    Aps o repouso foi adicionado 30 ml de gua e 0,5ml de soluo indicadora de

    amido, onde as amostras que possuam alteraes qumicas, como presena de perxidos,

    ficaram com a colorao escura. Aps obter a cor pela presena do indicador de amido, a

    soluo foi titulada com soluo tiossulfato de sdio 0,1N, at que a colorao escura

    desaparecesse.

    Por meio do mtodo utilizado para determinao de perxido, foram retirados os

    valores de peso da amostra, n de ml da soluo de tiossulfato de sdio 0,1N gasto na

    titulao, n de ml da soluo de tiossulfato de sdio 0,1N gasto na titulao do branco, a

    normalidade da soluo de tiossulfato de sdio e o fator da soluo de tiossulfato de

    sdio. Com estes dados foi possvel verificar o ndice de perxido das amostras em meq

    por 1000g da amostra, atravs da frmula do mtodo:

    P

    kgIPmeqfNBA /1000)( = (1)

    IPmeq/kg: ndice de perxido em milequivalentes por kilograma de amostra.

    A: Volume em ml da soluo de tiossulfato de sdio 0,1N gasto na titulao da amostra.

    B: Volume em ml da soluo de tiossulfato de sdio 0,1N gasto na titulao do branco.

    N: normalidade da soluo de tiossulfato de sdio. f: fator da soluo de tiossulfato de sdio. P: Peso em g da amostra.

    3.2. ndice de acidez

    Para determinao do ndice de acidez das amostras, estas foram homogeizadas no estado

    liquido e pesadas 2 g para cada amostra, em frasco Erlenmeyer de 125 ml. Foi adicionado

    25 ml de soluo ter-lcool (2:1) neutra, e logo aps, duas gotas de indicador

    fenolftalena, onde ento a amostra foi titulada com soluo de hidrxido de sdio 0,1N

    at o aparecimento da colorao rsea, a qual indica que a soluo titulada est neutra,

    sendo assim usado o volume de hidrxido de sdio utilizado na titulao para tirar a

    acidez da amostra, e aplicando na seguinte frmula para se alcanar o resultado do ndice

    de acidez em % de cido olico (IAL, 1986).

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    P

    IAfv %0282,0100 = (2)

    IA%: ndice de acidez em porcentagem. v: n de ml de soluo de hidrxido de sdio 0,1N gasto na titulao. f: fator de correo da soluo de hidrxido de sdio 0,1N. P: nmero de g da amostra.

    4. RESULTADOS

    Tendo em vista a ausncia de regulamentao de descartes de leos e gorduras no Brasil,

    foi utilizado como valor de referncia o valor mximo de 10 meq/kg para ndice de

    perxido, sendo este o ndice mximo estabelecido pela ANVISA, para leos comerciais

    (BRASIL, 2005).

    Na Tabela 1 esto os valores de ndice de perxido encontrados para os

    restaurantes R1, R2 e R3. Para os resultados de leos de fritura utilizados em tortinhas

    doces, verificou-se que as amostras dos restaurantes R1 (13,48 meq/kg) e R2 (36,0

    meq/kg), apresentaram ndice de perxidos elevado, sendo que a amostra do R2 est

    muito acima do valor de referncia para leos comerciais. Esses resultados podem ser

    explicados devido a uma maior exposio dos leos a elevadas temperaturas em virtude

    de uma menor sada comercial, quando comparadas a batata frita por exemplo.

    Tabela 1. ndice de perxido em amostras de leos de fritura de tortinhas doces, batata e empanados em trs restaurantes de uma rede de fast-food do Distrito Federal.

    Teor de Perxido - meq/kg

    Restaurantes Tortinha doce Batata Empanados

    R1 13,48 3,98 1,99

    R2 36,00 0,00 4,95

    R3 0,00 3,98 1,96

    Nas amostras de leos de fritura de batata (R1: 3,98; R2: 0,0; R3: 3,98 meq/kg) e

    empanados (R1: 1,99; R2: 4,95; R3: 1,96 meq/kg), no foram encontrados ndices acima do

    valor de referncia. Na amostra do restaurante R2, no foi encontrado teor de perxido,

    sendo um indicativo de produto novo. Outra caracterstica relevante se deve ao fato de

    que nestes processos de fritura so utilizados misturas de leos vegetais e gordura vegetal

    hidrogenada, que devido ao fato de se apresentarem mais saturadas, possuem maior

    estabilidade oxidativa.

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    Tabela 2. ndice de acidez em amostras de leos de fritura de tortinhas doces, batata e empanados em trs restaurantes de uma rede de fast-food do Distrito Federal.

    Teor de Acidez -%

    Restaurantes Tortinha doce Batata Empanados

    R1 1,16 4,85 1,44

    R2 0,73 0,13 2,09

    R3 0,13 0,27 0,27

    Para a anlise de ndice de acidez utiliza-se como referncia o valor mximo de

    0,9% de cido graxo livre, indicado pelo informe tcnico da ANVISA referente a leos e

    gorduras utilizados em fritura (BRASIL, 2004). Na Tabela 2 esto apresentados os valores

    de ndice de acidez em porcentagem de cido olico, para os mesmos restaurantes

    referidos anteriormente. Nos restaurantes R1 e R2 foram encontrados nveis elevados de

    acidez nas amostras analisadas, sendo a amostra de batata do R1 (4,85) e de empanados

    do R2 (2,09) os valores mais elevados de acidez entre as amostras. Se comparados estes

    resultados de acidez com os encontrados para perxido, percebe-se que os que possuem

    uma porcentagem elevada de acidez, apresentaram nveis de perxido abaixo do valor

    mximo para leos comerciais determinado pela ANVISA. A acidez elevada um

    indicativo de primeiro estgio de decomposio do leo, e quando j ultrapassa os limites

    comeam a surgir espcies reativas do oxignio, principalmente os perxidos (BOBBIO;

    BOBBIO, 2001, p. 40). Sendo assim infere-se dos resultados obtidos que as amostras de

    leo de fritura de batata do R1 (4,85%) e de empanados do R2 (2,09%), possuem nveis de

    perxido baixo porque a degradao dos mesmos encontra-se em estgio inicial, por isso a

    elevao no teor de acidez.

  • Maria Wldia de Sousa Fernandes, Helosa Alves Sousa Falco, Simone Gonalves Almeida 17

    Anurio da Produo de Iniciao Cientfica Discente Vol. 13, N. 16, Ano 2010 p. 9-20

    Figura 1. Comparao entre valores encontrados de acidez e perxido nas amostras R1 tortas, R2 tortas, R1 batata e R2 empanados.

    Na Figura 1, pode-se observar a comparao dos valores de acidez e perxido

    dentre as amostras que apresentaram valores elevados para as duas analises. Nesta

    comparao verifica-se que nas amostras de acidez nos leos utilizados para fritura de

    tortas, dos restaurantes R1 (1,16%) e R2 (0,73%), apresentaram percentuais de acidez

    abaixo ou pouco elevadas do valor de referncia, porm os ndices de perxido para as

    mesmas amostras dos restaurantes R1 (13,48 meq/kg) e R2 (36 meq/kg), esto bastante

    acima ou prximos do valor de referncia para perxido. Infere-se ento desta

    comparao, que as amostras de leo de fritura para tortas dos restaurantes R1 e R2, j se

    encontrava em alto estado de degradao, onde j teriam passado pelo primeiro estgio

    de degradao, que seria o aumento de produo de cidos graxos livres, e teriam

    passado para a produo de perxidos, que neste caso j se encontrava em grande escala.

    Estas amostras de leo tinham sido utilizadas em fritura continua por dois dias no R1 e

    trs dias no R2. Verificou-se assim a importncia de que haja controle de qualidade de

    leos de fritura, e assim o monitoramento continuo da troca dos mesmos. Sendo de

    grande importncia ainda, a regulamentao deste controle de qualidade pelos rgos

    regulatrios do Brasil, sendo estabelecidos os nveis mximos permitidos, para que se faa

    cumprir a qualidade dos alimentos oferecidos para os consumidores.

    Ainda na Figura 1, so apresentados os valores de acidez das amostras de leo

    utilizadas para fritura de batatas do R1 (4,85%) e de empanados do R2 (2,09%), valores

    estes bastante acima do recomendado pela ANVISA (0,9%). Estes, porm apresentaram

    valores de perxido no significativos, demonstrando assim que estas amostras estavam

    em um estgio inicial de degradao. importante ressaltar que estas amostras no

    tinham passado por nenhum processo de fritura at o presente momento da coleta, porm

  • 18 ndice de perxido e de acidez em leos de fritura de uma rede de fast food do Distrito Federal

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    estavam sob temperatura elevada e expostas ao ar. Sendo assim, pde-se inferir que para

    que o leo sofre degradao no apenas durante o processo de fritura dos alimentos, mas

    tambm quando est exposto a fatores que possibilitam a oxidao do mesmo, como

    temperatura, oxignio do ar, tempo de exposio e quantidade do mesmo.

    Os fast food normalmente costumam utilizar misturas de gordura hidrogenada e

    leos vegetais. A rede de fast food no qual foram coletadas as amostras, utiliza desta

    matria prima advinda do algodo, sendo est bastante utilizada no Brasil segunto Steel

    (2002, p. 84), devido a melhor estabilidade e melhores caractersticas organolepticas de

    cor, sabor, etc. Damy e Jorge (2003, p. 254), ao avaliarem o comportamento fsico-qumico

    do leo de soja refinado: e da gordura vegetal hidrogenada durante o processo de fritura

    descontnua de batata chips, encontraram resultados similares, com valores de ndice de

    perxidos bem menores para a gordura vegetal hidrogenada, mais saturada, do que para

    o leo de soja refinado, mais insaturado.

    O ndice de acidez mede o grau inicial de oxidao, enquanto que o ndice de

    perxido indica a fase de propagao. Em fases finais do processo, pode-se verificar

    baixos teores ou at mesmo a inexistncia de perxidos, sendo assim outras anlises

    fsico-qumicas, so necessrias para confirmao da qualidade. Para Lima e Gonalves

    (1995, p. 188), essas substncias que vo sendo formadas durante o processo de fritura,

    aumentam seu peso molecular at que a estrutura se fracione em molculas menores, que

    mesmo presentes no leo, nem sempre so detectadas pela anlise. Este fato ocorre

    principalmente em tempos de fritura mais elevados, fazendo com que este ndice no seja

    um bom indicador do estado de alterao do leo, pois, a velocidade de degradao

    maior que a velocidade de formao dos perxidos. Entretanto esta metodologia pode ser

    um indicativo de descarte, quando atinge valores acima 15 meq/kg de perxido

    (MONFERRER; VILLALTA, 1993, p. 87). Pelos resultados obtidos sugere-se que o leo de

    fritura das tortinhas doces do restaurante R2 (36,0 meq/kg), seja descartado e realizado a

    reposio total com leo novo, no caso do estabelecimento R1 (13,48 meq/kg), o mesmo

    produto encontra-se quase na fase de substituio.

    Desta forma prope-se para avaliao da qualidade as anlise de: porcentagem

    de compostos polares, ndice de perxidos, ndice de acidez e dienos conjugados, pois

    estas anlises demonstram que medida que se formam os compostos de degradao

    diminui a estabilidade oxidativa.

  • Maria Wldia de Sousa Fernandes, Helosa Alves Sousa Falco, Simone Gonalves Almeida 19

    Anurio da Produo de Iniciao Cientfica Discente Vol. 13, N. 16, Ano 2010 p. 9-20

    5. CONSIDERAES FINAIS

    Conclui-se que de grande importncia a realizao de controle de qualidade de leos

    utilizados em frituras, visto que a m qualidade dos mesmos, implicar em alimentos com

    riscos a sade do consumidor. Para tanto, necessrio que os rgos competentes

    regulamentem este controle estipulando os valores mximos para cada composto txico

    encontrado em leos que passam por processo de fritura, alm de regulamentar tambm

    as implicaes ao produtor caso no cumprimento da legislao. Neste aspecto ser

    preciso ainda uma ao intensificada da vigilncia sanitria, para que assim possa ser

    garantido o direito do consumidor, de receber um alimento com garantia de segurana.

    Vista que estas aes seriam conseguidas em longo prazo, cabe ao produtor a

    conscientizao dos riscos de um leo decomposto para o alimento, e mais ainda do

    consumidor em fazer a escolha adequada do estabelecimento e do alimento a consumir,

    exigindo um produto de qualidade, para o bem de sua sade.

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  • 20 ndice de perxido e de acidez em leos de fritura de uma rede de fast food do Distrito Federal

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