29 junHO — 11 nOvembRO 2018

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«Considerada uma das artistas mais destacadas da última década, Joana Vasconcelos traz-nos uma visão do mundo direta e carregada de humor, através de obras com significados abertos.»Petra Joos, curadora, Museu Guggenheim Bilbao

O Museu GuGGenheiM BilBao apresenta uma individual de joana vasconcelos — a primeira exposição a solo de um artista português num museu Guggenheim —, de 29 de junho a 11 de novembro 2018.

Joana Vasconcelos: i’M Your Mirror é comissariada por Petra joos e enrique juncosa, e inclui uma seleção de cerca de 30 obras, de 1997 até hoje, bem como novas obras e uma instalação site-specific para o átrio central do museu.

A exposição inicia-se com algumas das obras mais icónicas dos primeiros anos da carreira de vasconcelos, como Cama Valium (1998), Burka (2002), e A Noiva (2001-2005), nas quais a artista aborda questões relacionadas com a identidade da mulher, abrangendo não apenas a esfera privada, como também a política e social. A exposição inclui, ainda, algumas das últimas obras mais significativas, como Marilyn (PA) (2011), Lilicoptère (2012), A Todo o Vapor (2012) – apresentada nas três versões existentes –, ou Call Center (2014-2016). Recorrendo, uma vez mais, a utensílios de cozinha e eletrodomésticos, vasconcelos continua a explorar o tema da identidade feminina de uma forma direta e, ao mesmo tempo, irónica. A obra Marilyn consiste num par de sapatos de salto alto feito de panelas de aço inoxidável, enquanto A Todo o Vapor é composto por ferros de engomar que se movem, fazendo lembrar uma coreografia de robôs. Finalmente, Call Center é um enorme revólver feito de telefones de baquelite, acompanhado por uma forte e surpreendente sinfonia eletroacústica criada pelo

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«Uma artista profundamente ambiciosa, cuja obra esclarece, de uma forma aparentemente sem esforço, as contradições do mundo atual.»enrique Juncosa, curador

compositor jonas Runa para as campainhas dos telefones. Serão ainda apresentadas novas peças, produzidas especialmente para esta exposição, nomeadamente I’ll Be Your Mirror (em produção), uma máscara veneziana gigante construída a partir de espelhos emoldurados em bronze; e Solitário (em produção), um anel de noivado monumental, composto por jantes de automóvel douradas e copos de uísque de cristal; bem como obras das séries «urinóis», «Pinturas em Croché» e «bordalos». mais uma vez, estas obras exploram a identidade feminina de diferentes formas, apropriando-se com humor de imagens de marcel Duchamp e de bordalo Pinheiro, cobrindo-as com croché. vasconcelos utiliza, ainda, o croché para realizar suaves e volumosas paródias de pinturas épicas, que emoldura em folha de ouro.

uma gigantesca nova obra da série «valquírias» será realizada especificamente para o átrio central do museu Guggenheim bilbao. em diálogo com os complexos espaços criados por Frank Gehry, esta instalação será uma das principais atrações da exposição. As «valquírias» de joana vasconcelos, cujo nome provém da mitologia nórdica, caracterizam-se pelos seus tentáculos bulbosos, repletos de cores exuberantes que crescem ao longo dos espaços através dos seus «braços». Fruto da combinação entre variados têxteis, texturas e cores, estas obras parecem crescer como plantas, transformando-se metaforicamente na invasão da mulher no espaço museológico.

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5JOANA VASCONCELOS

Algumas das obras de joana vasconcelos são extraordinariamente complexas, envolvendo movimento, som ou iluminação. A artista desenvolve estes projetos no seu ateliê de 3000 m2 em Lisboa, com a ajuda de uma equipa com mais de 50 colaboradores permanentes. vasconcelos usa uma grande variedade de materiais do quotidiano para produzir as suas obras: aparelhos elétricos, azulejos, tecidos, cerâmica popular, garrafas, medicamentos, urinóis, chuveiros, utensílios de cozinha, telefones, carros e talheres de plástico, com os quais constrói imagens surpreendentes, divertidas e assertivas sobre questões sociopolíticas relacionadas com o consumismo, pós-colonialismo, sociedades globalizadas, abordando assuntos que vão desde a imigração à violência de género. A sua obra é carregada de sentido de humor, sugerindo interpretações abertas e não dogmáticas, à semelhança da estética relacional que surgiu no final dos anos 90, por requerer a participação ativa de um espectador. Rica em referências externas, desde Louise bourgeois à cultura popular, da ourivesaria à moda, do artesanato à engenharia de ponta, a sua obra aborda a identidade em todas as suas dimensões e reflete a sua posição enquanto mulher e enquanto artista portuguesa e europeia. A relação com a arquitetura onde as obras são inseridas, uma reflexão metalinguística sobre a natureza da obra de arte, e questões puramente poéticas são também relevantes no seu trabalho.

«(…) Joana Vasconcelos reencanta o mundo. Ela reencanta a arte.»Gilles lipovetsky, filósofo

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CORAÇÃO INdEPENdENTE[PRETO | dOURAdO | VERMELhO]

CAMA VALIUM

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URINóIS

BURKA

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joana vasconcelos faz uso de dezenas de espelhos – com molduras ricamente decoradas, desenhadas pela artista –, sobrepostos como escamas, para construir uma monumental e surpreendente máscara veneziana. O público é convidado a olhar através desta máscara gulliveriana, a partir de dentro ou a partir de fora, mas sem nunca deixar de ver a sua imagem refletida nos muitos espelhos que dão forma à máscara. O título é retirado da música homónima, escrita por Lou Reed e interpretada por velvet underground e nico, cuja promessa é refletir, como num espelho, o verdadeiro «eu». estamos, também, no território d’O Espelho, de machado de Assis; ou na imagem refletida no poema Depus a máscara e vi-me ao espelho, de Fernando Pessoa, um dos mestres no uso de máscaras; ou, no campo da psicologia analítica de jung, mais concretamente, no processo de individuação, que conduz cada sujeito à individualidade, à sua totalidade, à conciliação entre o pessoal e o inconsciente coletivo, trazidos ao consciente.

«A persona é um sistema complexo de relação entre consciência individual e sociedade; é uma espécie de máscara destinada, por um lado, a produzir um determinado efeito sobre os outros e, por outro lado, a ocultar a verdadeira natureza do indivíduo.»carl G. JunG, Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo

«Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro… (…) as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência (…).»MachaDo De assis, O Espelho

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O desejo encontra-se no epicentro do conceito artístico deste novo trabalho proposto por joana vasconcelos. jantes douradas de automóveis de luxo formam o círculo de um anel monumental, coroado, no topo, por uma pirâmide invertida de copos de uísque de cristal, que representam um diamante gigante. O conjunto traduz num anel de noivado, também designado de «solitário», provavelmente, um dos objetos mais desejados no mundo. A artista opera como um alquimista do quotidiano, transformando objetos e clichés da sociedade de consumo em obras de arte abertas, com uma forte carga de significação. A artista recorre a objetos comuns e multiplica-os para dar forma a outro objeto, igualmente reconhecível por todos. O novo trabalho da artista faz uso desta mesma estratégia conjugando dois dos mais estereotipados símbolos de desejo feminino e masculino – diamantes e automóveis de luxo –, sob a forma de um monumental anel de noivado. Do micro ao macro, vasconcelos oferece-nos múltiplas dimensões que refletem uma visão singular do mundo, onde o desejo está sempre presente e é investigado em correlação com uma das características mais marcantes da contemporaneidade: o consumismo.

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EGERIA Egeria, a monumental «valquíria» concebida especialmente para o átrio principal do museu Guggenheim bilbao, será uma das mais ambiciosas obras deste importante núcleo de trabalho da artista inspirado nas personagens femininas da mitologia nórdica. no seguimento das «valquírias» criadas para espaços como o Palazzo Grassi, em veneza, e o lendário Palácio de versalhes, ou o ARoS museum of Art e o Tel Aviv museum of Art, joana vasconcelos combina tecidos industriais com técnicas artesanais tradicionais e a tecnologia LeD. esta icónica série de obras caracteriza-se pela suspensão de inusitadas formas orgânicas no espaço, tendo sofrido uma evolução substancial desde a primeira obra, criada em 2004. Egeria ocupará o átrio principal, interagindo com a arquitetura de Frank Gehry e o exterior do edifício, através das suas enormes janelas. Sedutoras formas bulbosas e braços alongados brotam do corpo principal, alcançando diferentes andares do edifício. Egeria revela uma seleção de cores exuberante, têxteis variados e detalhes opulentos, resultante de uma combinação assertiva de tecidos industriais e técnicas artesanais — croché, bordados e canutilhos — incorporando ainda milhares de luzes LeD, criando um espetacular jogo de luz. egeria será a doce guardiã, o coração sublime do museu que ilumina o espírito criativo da mulher.

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EGERIA2018

Croché em algodão feito à mão, tecidos, adereços, LED, insuflável, microcontrolador, fonte de alimentação, cabos de aço 3000 × 3630 × 4496 cm Coleção da artista Desenho técnico [Localização provisória] © unidade Infinita Projectos

Jante dourada 18”, copos de uísque de cristal, ferro metalizado e termolacado, aço inoxidável 700 × 581 × 212 cm Coleção da artista Fotomontagem [Localização provisória] © unidade Infinita Projectos

Bronze, espelhos 356 × 682 × 537 cm Coleção da artista Fotomontagem © unidade Infinita Projectos

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Tampões OB, aço inoxidável, fio de algodão, cabos de aço 600 × Ø 300 cm Coleção António Cachola, elvas Obra produzida e restaurada com o patrocínio de johnson & johnson, Lda. Luís vasconcelos © unidade Infinita Projectos

A NOIVA2001-2005

Talheres de plástico translúcido, ferro pintado, corrente metálica, fonte de alimentação, motor, instalação sonora. Canções interpretadas por Amália Rodrigues: Estranha Forma de Vida (Alfredo Rodrigo Duarte/Amália Rodrigues), Maldição (Joaquim Campos da Silva/Armando Vieira Pinto), Gaivota (Alain Oulman/Alexandre O’Neill). Autorização de IPLAY – Som e Imagem/(P) Valentim de Carvalho. 382 × 222 × 70 cm | 385 × 225 × 50 cm | 371 × 220 × 75 cm Coleção muSAC, museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León, LeãoColeção Georges marci, Gstaad museu Coleção berardo, Lisboa Luís vasconcelos © unidade Infinita Projectos

MARILYN (PA)2011

Panelas e tampas de aço inoxidável, cimento (2×) 297 × 155 × 410 cm Coleção da artista Obra produzida com o patrocínio de Silampos, S.A. DmF, Lisboa © unidade Infinita Projectos

CORAÇÃO INdEPENdENTE [PRETO | dOURAdO | VERMELhO]2006. 2004. 2005.

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Tecidos, ferro metalizado e termolacado, palco de MDF pintado, cabos de aço, poliuretano, sistema elétrico, motor, temporizador 670 × 600 × 500 cm Coleção muSAC, museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León, Leão DmF, Lisboa © unidade Infinita Projectos

BURKA2002

Helicóptero Bell 47, plumas de avestruz, cristais Swarovski, folha de ouro, tinta industrial, revestimentos com pele tingida gravados a ouro fino, tapetes de Arraiolos, madeira de nogueira, pintura decorativa de imitação de madeira, passamanaria 300 × 274 × 1265 cm Cortesia de Christie’s, Londres Obra produzida com a colaboração da Fundação Ricardo do espírito Santo Silva, Lisboa Luís vasconcelos © Cortesia unidade Infinita Projectos | Château de versailles

LILICOPTÈRE2012

Ferros de engomar a vapor BOSCH, moto-redutor com PLC, unidade eletrónica de comando por microprocessador, sistema hidráulico de baixa pressão, aço inoxidável, água desmineralizada (3×) 155 × Ø 170 cm Coleção da artista Obra produzida com o patrocínio de Robert bosch Hausgeräte GmbH Luís vasconcelos © unidade Infinita Projectos

A TOdO O VAPOR [AMARELO | VERMELhO | VERdE] #1/3. 2014. 2012. 2013.

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O MUNdO A SEUS PéS2001

CALL CENTER2014-2016

CAMA VALIUM1998

Globos terrestres de plástico, ferro metalizado e termolacado, sequenciador, material elétrico, MDF pintado 387 × 249 × 607 cm Coleção da artista DmF, Lisboa © unidade Infinita Projectos

Telefones analógicos, aço macio metalizado e termolacado, sistema de som, osciladores acionados por microcontrolador. Música: Call Center: Sinfonia Eletroacústica para 168 Telefones, composta por Jonas Runa, 20’ 210 × 80 × 299 cm The Tia Collection Luís vasconcelos © unidade Infinita Projectos

Blisters com comprimidos Valium de 10 e 15 mg, MDF pintado, vidro 30 × 144 × 200 cm Coleção António Cachola, elvas Obra produzida com o patrocínio de Roche Farmacêutica Química DmF, Lisboa © unidade Infinita Projectos

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JOANA VASCONCELOS 1971

vive e trabalha em Lisboa. expõe regularmente desde meados da década de 1990. O reconhecimento internacional do seu trabalho deu-se com a participação na 51.a exposição Internacional de Arte – la Biennale di Venezia (2005). momentos relevantes da sua carreira incluem o projeto Trafaria Praia, representação oficial de Portugal na 55.a exposição Internacional de Arte – la Biennale di Venezia (2013); a exposição individual realizada no Château de versailles (2012); a participação na coletiva “The World belongs to You”, no Palazzo Grassi/François Pinault Foundation (2011); e a sua primeira retrospetiva, apresentada no museu Coleção berardo, em Lisboa (2010).

Do seu percurso, destacam-se ainda exposições em instituições como ARoS Aarhus Kunstmuseum, Aarhus, Dinamarca (2016); museo nacional Thyssen-bornemisza, madrid (2015); Waddesdon manor - The Rothschild Foundation, buckinghamshire, Reino unido (2015); manchester Art Gallery (2014); Tel Aviv museum of Art, Telavive (2013); Palácio nacional da Ajuda, Lisboa (2013); CenTQuATRe, Paris (2012); Kunsthallen brandts, Odense, Dinamarca (2011); es baluard, Palma de maiorca (2009); Garage Center for Contemporary Culture, moscovo (2009); Pinacoteca do estado de São Paulo (2008); The new Art Gallery Walsall, Reino unido (2007); Istanbul modern, Istambul (2006); Passage du Désir/beTC euRO RSCG, Paris (2005); Centro Andaluz de Arte Contemporáneo, Sevilha (2003); műcsarnok, budapeste (2002); museu da eletricidade, Lisboa (2001); e museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto (2000).

O seu trabalho integra inúmeras coleções públicas e privadas, das quais se destacam as seguintes: Amorepacific museum of Art; Caixa Geral de Depósitos; Câmara municipal de Lisboa; Centro de Artes visuales Fundación Helga de Alvear; Domaine Pommery; FRAC bourgogne; Fondation Louis vuitton pour la création; Fundação eDP; Gerard L. Cafesjian Collection; muSAC; museu Coleção berardo; Pinault Collection.

© Kenton Thatcher

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