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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

Nunes, Maria do Socorro RibeiroBiologia: Histologia/ Maria do Socorro Ribeiro Nunes/ Olímpio Januário

Cavalcante. – Recife: UPE/NEAD, 2011.

67 p.

1. Histologia 2. Estudo dos Tecidos 3. Educação à Distância I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação à Distância II. Título

CDD – 17ed. – 574.82Claudia Henriques – CRB4/1600

BFOP-099/2011

N972b

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE

ReitorProf. Carlos Fernando de Araújo Calado Vice-ReitorProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

Pró-Reitor AdministrativoProf. Maria Rozangela Ferreira Silva

Pró-Reitor de PlanejamentoProf. Béda Barkokébas Jr.

Pró-Reitor de GraduaçãoProfa. Izabel Christina de Avelar Silva

Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim

Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional e ExtensãoProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

NEAD - NÚCLEO DE ESTUDO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Coordenador GeralProf. Renato Medeiros de Moraes

Coordenador AdjuntoProf. Walmir Soares da Silva Júnior

Assessora da Coordenação GeralProfa. Waldete Arantes

Coordenação de CursoProf. José Souza Barros

Coordenação PedagógicaProfa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima

Coordenação de Revisão GramaticalProfa. Angela Maria Borges CavalcantiProfa. Eveline Mendes Costa LopesProfa. Geruza Viana da Silva

Gerente de ProjetosProfa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes

Administração do AmbienteJosé Alexandro Viana Fonseca

Coordenação de Design e ProduçãoProf. Marcos Leite

Equipe de DesignAnita Sousa/ Gabriela Castro/Renata Moraes/ Rodrigo Sotero

Coordenação de SuporteAfonso Bione/ Wilma SaliProf. José Lopes Ferreira Júnior/ Valquíria de Oliveira Leal

Edição 2013Impresso no Brasil

Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo AmaroRecife / PE - CEP. 50103-010Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664

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Histologia:Estudo dos tEcidos cElularEs

profa. Maria do Socorro Ribeiro Nunes prof. Olímpio Januário Cavalcante I carga horária: 10 horas

EmEnta

A Histologia, conceito, origem, importância, classificação, características e funções dos te-cidos animais.

objEtivo gEral

Compreender a importância do conhecimento da estrutura e do funcionamento dos tecidos celulares para a integração e eficiência dos or-ganismos pluricelulares animais.

objEtivos EspEcíficos

• Reconhecer a importância da formaçãodos tecidos na evolução estrutural e fun-cional dos animais.

• Caracterizarosdiferentestiposdetecidosanimais, identificando suas funções espe-cíficas.

• Diferenciarosquatro tecidosbásicosdosanimais em sua morfologia e fisiologia.

contEúdosunidadEs tEmáticas

1. Tecido celular: conceito, origem e impor-tância dos tecidos animais.

2. Tipos básicos de tecidos animais. 2.1 Tecido Epitelial 2.2 Tecido Conjuntivo

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6 2.3 Tecido Muscular 2.4 Tecido Nervoso

avaliação Processual e diagnóstica, sendo considerados domínio dos conteúdos, clareza, objetividade, coerência, pertinência e senso crítico em rela-ção às idéias, informações e argumentaçõe.

introdução

Este capítulo trata do conceito, origem e clas-sificação dos tecidos animais (EPITELIAL, CON-JUNTIVO, MUSCULAR E NERVOSO) citando e caracterizando seus componentes estruturais. Aborda a importância do fenômeno TOTIPO-TENTE da célula OVO ou ZIGOTO A DIFEREN-CIAÇÃO CELULAR para a BIODIVERSIDADE e EVOLUÇÃO dos seres vivos.

Os seres vivos superiores multicelulares são formados por grupos organizados de células que se especializam para executarem funções específicas. Estas células geralmente têm a mesma forma e se originam a partir de uma única célula chamada OVO ou ZIGOTO, que é diploide (2N), formando-se no momento da união das células sexuais ou gametas, que são HAPLOIDES (N).

Um ser humano, por exemplo, tem trilhões de células reunidas em TECIDOS, trabalhando em COOPERAÇÃO harmônica, para que o corpo funcione como uma máquina complexa, efi-ciente morfofisiologicamente.

Como se explica que a partir de uma única cé-lula inicial surgem tantos tipos de celulas das mais variadas formas e funções? Como as cé-lulas dos tecidos embrionários são equipadas para desenvolver todos os outros tecidos do animal adulto?

As pesquisas científicas demonstram que são os GENS os responsáveis pela determinação das características hereditárias dos indivídu-os, como cor dos olhos, da pele, do cabelo, altura, tipo de sangue, hemofilia, daltonismo, sexo, etc. São os GENS, macromoléculas for-madoras dos cromossomos, que apresentam a RECEITA BIOLÓGICA para a geração de um novo ser vivo. Estes são transportados no inte-rior do núcleo dos gametas do pai e da mãe,

nos 23 cromossomos (50%) de cada membro do par de homólogos, que se unem na FECUN-DAÇÃO, originando o ZIGOTO.

A célula ovo ou zigoto terá 46 cromossomos e será capaz de originar todos os tecidos do novo animal, com todas as características da espécie. Por isso é chamada de célula TOTIPO-TENTE, sofrendo mitoses e originando novas células que vão se DIFERENCIAR e formar os tecidos.

1. origEm dos tEcidos EspEcialização E divisão dE trabalHoA formação dos tecidos celulares foi um passo muito importante na evolução dos seres vivos, garantindo grandes vantagens para a sobrevi-vência dos seres pluricelulares.

O animal pluricelular adquire maior volume, fato esse que possibilita aumento de resistên-cia estrutural, dificultando o ataque dos seus predadores. As células, dividindo-se em gru-pos especializados, promovem a DIVISÃO DE TRABALHO, havendo, com isso, maior eficiên-cia nas funções realizadas.

Tudo se inicia a partir das divisões mitóticas da célula Ovo ou zigoto, que é diplóide (2N), a qual se origina da união do espermatozóide com o óvulo, que são células haplóides (N). Na espécie humana a célula ovo tem 46 cromos-somos e as células sexuais, espermatozóide e óvulo, possuem a metade deste número, ou seja 23 cromossomos cada. Os cromossomos são formados pelos GENES, os quais contêm as informações hereditárias que passam de pais para filhos. Os genes são as unidades fun-cionais do DNA (ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLEI-CO) e do RNA (ÁCIDO RIBONUCLEICO).

A célula ovo ou zigoto é chamada TOTIPOTEN-TE porque tem todas as informações para ori-ginar todos os tipos de células que vão formar os Tecidos, ÓRGÃOS E SISTEMAS do novo ser vivo pluricelular.

Após a fertilização ou fecundação do óvulo, o zigoto sofre uma aceleração do seu meta-

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7bolismo e inicia o processo de divisão por mi-tose (CLIVAGEM), originando-se duas células chamadas BIASTÔMEROS, contendo o mesmo material genético do zigoto. Após várias divi-sões, teremos um conjunto maciço de cerca de 16 células, que é chamado de MÓRULA.

A mórula tem o mesmo tamanho da célula ovo e ao atingir cerca de 60 células recebe o nome de BLASTOCISTO.

BLASTULAÇÃO - quando a mórula sofre altera-ções tornando-se ôca, e no seu interior surge uma cavidade chamada BLASTOCELE, em tor-no da qual forma-se uma camada de células chamada BLASTODERME, surge uma estrutura denominada BLÁSTULA OU BLASTOCISTO que se instala na parede do útero.

GASTRULAÇÃO - a blástula sofre alterações formando os três FOLHETOS EMBRIONÁRIOS (ectoderme, endoderme e mesoderme), que protegem uma cavidade chamada ARQUÊN-TERO ( intestino primitivo do embrião); forma-se também um orifício de comunicação com o meio, o BLASTÓPORO (bôca primitiva). Essa estrutura é denominada GÁSTRULA, a qual é trilaminar, ou seja , formada pelos três folhe-tos embrionários, a partir dos quais inicia-se a MORFOGÊNESE, fenômeno que ocorre com o inicio da DIFERENCIAÇÃO CELULAR.

nívEis dE organização dos sErEs pluricElularEs

Todo ser vivo é formado por células, as quais necessitam das substâncias químicas ou molé-culas para manterem sua estrutura em funcio-namento, fornecendo-lhes energia e nutrien-tes. As células reunidas formam os tecidos, estes formam os órgãos e aparelhos ou siste-mas como mostra esquema abaixo. Nossa dis-ciplina versará sobre TECIDOS.

difErEnciação cElular

É impressionante que uma única célula (zigo-to) seja responsável pela formação de todas as estruturas dos organismos pluricelulares, muitos deles com trilhões de células altamente competentes e especializadas morfofisiologi-camente, como os NEURÔNIOS.

Como e em que momento, as células iniciais tomam direções diferentes, modificando-se em blocos distintos, passando a exercer fun-ções com maior rendimento?

Este processo, em que as células embrionárias iniciais, INDIFERENCIADAS, todas iguais, re-alizando uma só função de multiplicação, se tornam diferentes, chama-se DIFERENCIAÇÃO CELULAR, durante o qual ocorre uma seqüên-cia de alterações morfológicas e bioquímicas nas células.

Geralmente as células, ao se diferenciarem, perdem a capacidade de sofrerem mitose. E, quanto maior a diferenciação dos tecidos, me-nor a capacidade de regeneração, como ocor-re com o tecido nervoso e com os músculos estriados.

A diferenciação celular depende da ATIVAÇÃO e da INATIVAÇÃO diferencial de certos gens, em que a informação genética é a mesma em todos as células, embora o controle da sua ex-pressão (ação) seja diferente em células que irão formar tecidos distintos. A quantidade de DNA é igual em todos os tipos de células e durante a mitose é distribuído eqüitativa-mente entre as novas células. Assim, durante a formação dos tecidos, a diferenciação celular depende da ativação de certos grupos de gens e da inativação de outros para certas funções, como por exemplo, na contração muscular, há síntese de proteínas ACTINA e MOSINA, enquanto nas sinapses dos neurônios há libe-ração de NEUROTRANSMISSORES. Nos dois tipos de células há os mesmos tipos de gens para estas funções, embora estejam alguns ativos e outros inativos. A necessidade de se ativar ou não os gens depende de outros me-canismos, e a gradual especialização estrutural e funcional que as células sofrem durante a formação dos tecidos (HISTOGÊNESE) é o que define diferenciação celular, a qual baseia-se nas variações da atividade ou ação dos genes.

MOLÉCULAS TECIDOS CÉLULAS

ANATOMIA E FISIOLOGIA

ÓRGÃOS SISTEMAS

CITOLOGIA HISTOLOGIA

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8Experimentalmente foi demonstrado por GUR-DON, que os gens não se perdem nem são inativados de forma permanente durante a di-ferenciação celular.

É o conjunto ou grupo de células geralmente semelhantes na forma e na função, havendo entre elas um processo de COOPERAÇÃO FUN-CIONAL, o que impede a competição celular. Os tecidos se desenvolvem a partir dos folhe-tos embrionários, sendo classificados em 4 ti-pos básicos nos animais:

2. tEcido1. EPITELIAL - Epitélios - Epiderme - Mucosas - Serosas - Glândulas - Endócrinas - Exócrinas - Mistas

2. CONJUNTIVO - T.C.P.D (Tecido Conjuntivo propriamente dito)

- Ósseo - Cartilaginoso - Hematopoiético 3. MUSCULAR - Liso - Estriado - Cardíaco

4. NERVOSO

ElEmEntos constituintEs dos tEcidos animais E sEus mÉtodos dE Estudo

CÉLULAS - são os elementos essenciais de um tecido, cujas técnicas e instrumentos utilizados em seus estudos são variados. O microscópio é o instrumento principal, pois as células são geralmente invisíveis a olho nu. Só foi possível o conhecimento da estrutura e funcionamento das células e tecidos, após a invenção do mi-croscópio e dos avanços técnicos nas pesqui-sas citológicas e histológicas.

mÉtodos HistolÓgicos

IN VIVO as células e tecidos são estudados em funcionamento, no organismo vivo.

IN VITRO as células e tecidos são observados inertes, preparados em laboratório.

tipos dE microscÓpios

MICROSCÓPIO ÓPTICO é constituído por par-tes mecânicas e ópticas, com a finalidade de aumentar a imagem da célula observada. A parte óptica consiste num conjunto de LEN-TES chamadas: CONDENSADOR, OBJETIVA E OCULAR.

A fonte de luz é fornecida por uma lâmpada elétrica com filamento de tungstênio.

CONDENSADOR - concentra o feixe de luz na célula ou tecido observado, atravessando-o, e chega até as lentes.

OBJETIVA - projeta a imagem aumentada da célula, em direção à ocular.

OCULAR - aumenta mais ainda a imagem da célula que chega ao olho. Geralmente os au-mentos são na ordem de 4, 10 e 40 vezes do tamanho real da célula, respectivamente. O fator de aumento sendo 10 teremos uma re-solução final de 40, 100 e 400 vezes na ocular.

RESOLUÇÃO - corresponde à menor distância para que 2 pontos sejam observados separa-dos, ao microscópio. O poder de resolução é a capacidade que tem a lente de mostrar estes

Folhetos ou Tecidos Embrionários

DERIVADOS

Endoderme

revestimento interno do trato digestivo e do aparelho respiratório, glândulas, inclusive pâncreas e fígado

Mesoderme

músculos, cobertura externa dos órgãos internos, estruturas excretoras e reprodutoras, ossos, cartilagens, derme, coração, vasos sangüíneos

Ectodermeepiderme e seus anexos (unhas, pêlos) encéfalo, sistema nervoso

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9dois 2 pontos distintamente. Este limite de re-solução depende basicamente da objetiva.

MICROSCÓPIO ELETRÔNICO - Muito mais so-fisticado do que o microscópio óptico, com alto poder de resolução, fornecendo imagens com grande riqueza de detalhes, usando fei-xes de elétrons como fonte de luz. Só traba-lha com células e tecidos IN VITRO. As ima-gens obtidas podem ser aumentadas mais de 200.000 vezes.

prEparação dos tEcidos para obsErvação ao microscÓpio Óptico

ETAPAS:

FIXAÇÃO - consiste na preparação dos cortes de tecidos, utilizando-se agentes químicos cha-mados fixadores, capazes de paralisar as ativi-dades das proteínas, sem alterar a estrutura do tecido, mantendo assim imagem semelhante mesmo quando vivo. Os fixadores mais usados são: o FORMALDEIDO a 4%, o liquido de Bouin e o tetróxido de ósmio.Estes agentes químicos têm a função de tornar as proteínas insolúveis, fato importante para retardar a destruição do tecido; a fixação também causa inativação de certas enzimas, evitando-se a autodigestão e conseqüente degeneração pós-morte.

DESIDRATAÇÃO - consiste na retirada da água do tecido, usando-se o álcool etílico em concentrações crescentes (inicio com 70% até 100%, etanol puro ou absoluto). Após a imersão em álcool, o tecido é submerso num liquido missível em etanol e parafina (XILOL ou BENZOL), processo denominado CLARIFI-CAÇÃO ou DIAFANIZAÇÃO o tecido torna-se transparente.

Após este tratamento, o tecido é colocado em parafina líquida, em estufa a 60° C. Com o ca-lor o xilol ou benzol se evaporam e os espaços vazios são ocupados pela parafina. Coloca-se o tecido contendo parafina para resfriar, até que se solidifique, formando um bloco (INCLU-SÃO), que será cortado pelo MICRÓTOMO.

MICRÓTOMO - contém uma lâmina e um bra-ço que age sobre o bloco sólido ou INCLUSÃO, produzindo cortes de até 5µm de espessura que são colocados nas lâminas.

COLORAÇÃO - os cortes de tecidos são geral-mente incolores, tornando-se quase impossível a visualização ao microscópio óptico. Torna-se necessária a coloração dos cortes, com a fina-lidade de torna-los mais visíveis e destacados uns dos outros.

Em alguns tecidos observamos melhor os co-rantes básicos, sendo assim chamados de BA-SÓFILOS; aqueles com maior afinidade com corantes ácidos são chamados de ACIDÓFILOS.

os corantEs mais comuns usados Em Histologia são:

HEMATOXILINA - corante básico (pH >7) que atua sobre os componentes ácidos da célula (DNA e RNA), corando-os de azul-escuro.

EOSINA - corante ácido (pH<7) que atua so-bre componentes do citoplasma, corando-os em rosa.

unidadE dE mEdidas das cÉlulas

MICRÔMETRO - 1µm = 0,001 mmNANÔMETRO - 1nm = 0,001 micrômetro

MICRÓTOMO - instrumento utilizado para cor-tar os tecidos em finíssimas lâminas transpa-rentes, ao microscópio óptico.

os componEntEs cElularEs(mEmbrana, citoplasma E núclEo)

MEMBRANA PLASMÁTICA - também chama-da plasmalema é uma barreira semi-permeável que separa o citoplasma do meio externo, sem isola-la.

A membrana plasmática tem várias funções, tais como: manter a integridade de célula, permeabilidade seletiva, reconhecimento de elementos estranhos etc. A mesma não é vi-sualizada pelo microscópio óptico, devido sua espessura ser de apenas 7,5nm. É constituída de lipídios e proteínas.

CITOPLASMA - região da célula compreendi-da entre a membrana plasmática e o núcleo da célula. Nele estão localizadas as estruturas

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10conhecidas como ORGANELAS (envolvidas por membranas) e as INCLUSÕES OU DEPÓSITOS. As organelas são metabolicamente ativas, rea-lizando funções bem definidas, e as inclusões geralmente são temporárias, de hidratos de carbono lipídios, proteínas e pigmentos, sendo subprodutos do metabolismo. Ocorre também no citoplasma o CITOESQUELETO E O CITOSOL. MATRIZ CITOPLASMÁTICA OU CITOSOL - es-paço do citoplasma com estrutura molecular (cerca de 50% de proteínas), contendo tam-bém glicose, vitaminas e aminoácidos. As pro-teínas são responsáveis pela viscosidade deste fluido denso (CITOSOL) e atuam no transporte intracelular de organelas e vesículas. No citosol se encontram milhares de enzimas que atuam na quebra de moléculas energéticas para a li-beração de energia necessária à produção de ATP (TRIFOSFATO DE ADENOSINA). Ocorrem também outras moléculas importantes para a síntese de RNA, tais como bases nitrogenadas, fosfatos etc.

CITOESQUELETO - sistema tridimensional de microtúbulos, microfilamentos e filamentos in-termediários protéicos (ACTINA), responsáveis pela manutenção da forma das células; atua também nos movimentos amebóides, na sus-tentação do núcleo, e capacita os cílios e flage-los a se movimentarem, o cito - esqueleto dá rigidez e organiza o interior da célula, sendo uma estrutura muito dinâmica.

INCLUSÕES PLASMÁTICAS - são constituintes não-vivos do citoplasma, sem atividade meta-bólica, tais como glicogênio, gotículas de gor-dura, pigmentos e cristais, não protegidos por membrana.

Podem ser subprodutos do metabolismo, ou captados pela célula; não sendo indispensáveis à vida, são depósitos de nutrientes (lipídios e açúcares) e certos pigmentos. Os pigmentos mais comuns são o caroteno, o pó de carvão (da poluição), hemossiderina (produto do me-tabolismo da hemoglobina) e bilirrubina.

NÚCLEO - componente celular responsá-vel pela HEREDITARIEDADE, é envolvido pela membrana nuclear ou carioteca que é porosa, possibilitando as trocas de substâncias entre

núcleo e o citoplasma. No interior do núcleo ocorrem a cromatina e o nucléolo. A cromati-na origina os CROMOSSOMOS que contém o material genético do indivíduo (DNA). O DNA (ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLEICO) é responsá-vel pela síntese de RNA-m (RNA-mensageiro).

GENES OU GENS - são as unidades da here-ditariedade (contém as informações biológicas transmitidas de geração a geração) que estão contidas no DNA.

MATRIZ EXTRACELULAR - conjunto de macro-moléculas sintetizadas pelas células e elimi-nadas para fora deles, sendo composto pela SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL e pelas FIBRAS. A matriz é abundante em certos tecidos (san-gue, tecido conjuntivo) e quase inexistente em outros (epitelial) as células do tecido se dispen-sam pela matriz.

SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL - semelhante a um gel hidratado, com capacidade de resistir a força de compressão. É composta de glicídios e proteínas.

atividadEs

1. Identifique a importância da DIFERENCIA-ÇÃO CELULAR na diversidade dos tecidos animais e na evolução dos mesmos?

2. Faça um resumo das etapas na formação do embrião?

3. De que fatores dependem a DIFERENCIA-ÇÃO CELULAR ?

4. Qual a origem de todos os tecidos animais (FOLHETOS EMBRIONÁRIOS)?

5. Reconheça o papel do microscópio no es-tudo dos tecidos celulares.

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rEfErênciasAMABIS, José Mariano; MARTHO. Gilberto Ro-drigues. Biologia das Células: origem da vida, citologia, histologia, embriologia. São Paulo: Moderna, 1995.

DI FIORI, Mariano S.H. Atlas de Histologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1997.

GARTNER, Leslie P; HIATT, James L. Tratado de Histologia em cores. 2. ed. Rio de Janeiro: Gua-nabara Koogan, 2003.

GENESER, Finn. Histologia: com base bionu-cleares. 3.ed. Rio de Janeiro: Editorial Médica Panamericana, Editora Guanabara Koogan, 2003.

GUYTON, Arthur C. Fisiologia Humana e Me-canismos das doenças. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.

JUNQUEIRA, Luiz C; CARNEIRO, José. Histolo-gia Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

SOARES, José Luis. Biologia Vol 1. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1955.

CORMACK, DAVID H. Fundamentos de Histo-logia ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1996.

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tEcido EpitElial

introdução

Neste capítulo detalharemos a estrutura, fun-cionamento e diversidade do tecido epitelial, identificando-o como responsável pelo reves-timento, proteção absorção, transporte e se-creção de substâncias essenciais ao organismo (HORMÔNIOS)

tEcido EpitElialCaracterizado por apresentar células geral-mente muito unidas, justapostas, quase não ocorrendo entre elas matriz extra celular; se origina a partir dos três folhetos embrioná-rios, exerce várias funções no organismo, tais como:

• REVESTIMENTO E PROTEÇÃO - ocorrendo sobre a superfície do corpo, protege con-tra abrasões, lesões, desidratação, pene-tração de micróbios.

• SECREÇÃO - de hormônios, enzimas, muco.

• ABSORÇÃO - de material nutritivo, como no tubo digestivo e túbulos renais.

• PERCEPÇÃO DE SENSAÇÕES - os neuroepi-télios possuem terminações nervosas que atuam na captação de estímulos, como no tato, na retina do olho, papilos gustativos (gosto) e cheiros.

profa. Maria do Socorro Ribeiro Nunes prof. Olímpio Januário Cavalcante I carga horária: 10 horas

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14O tecido epitelial ocorre sob duas formas que são os EPITÉLIOS e as GLÂNDULAS.

a. EPITÉLIOS - revestem externamente o cor-po (EPIDERME) e internamente (MUCOSAS E SEROSAS).

b. GLÂNDULAS - variações dos epitélios que

sofrem invaginação, cujas células se espe-cializam na secreção de certas substâncias.

EpitÉlios

Originam-se dos três folhetos embrionários, com predominância do endoderme e ectoder-me. Suas células formam camadas ou lâminas contíguas bem unidas, que revestem e prote-gem o corpo do animal.

Os epitélios são AVASCULARES, com exceção daquele que ocorre na orelha interna (ESTRIA VASCULAR). Como não chegam vasos sangüí-neos, aos epitélios, os mesmos são mantidos por difusão de O2 substâncias nutrientes que chegam do tecido conjuntivo vizinho.

GLICOCÁLIX - é uma fina camada de glicopro-teinas que reveste as células epiteliais, servindo para aumentar o poder de aderência entre as

células atuando também, nos mecanismos de PINOCITOSE e imunidade.

LÂMINA BASAL - camada de matriz extrace-lular que separa e prende o epitélio ao tecido conjuntivo subjacente; a mesma é sintetizada pelas células epiteliais, tem de 20 a 100nm de espessura, constituída de colágeno, por onde os epitélios recebem nutrientes e O2.

MUCOSAS - epitélios que forram as cavidades internas abertas do corpo. Ex: mucosa, nasal, bucal, anal, vaginal, gástrica e intestinal.

SEROSAS - epitélios que forram as cavidades fechadas do corpo. Ex: PLEURA (pulmões), PE-RICÁRDIO (coração) PERITÔNIO (abdome).

EPIDERME - é um epitélio de revestimento e proteção que, JUNTAMENTE COM A DERME ( tecido conjuntivo), forma a PELE, que é um órgão. A duração das suas células superficiais é relativamente curta, pois as mesmas sofrem desgastes devido às variações de temperatura, da poluição, do vento e produtos de limpeza. A epiderme é protegida por uma proteína cha-mada QUERATINA que evita a desidratação, ataque por micróbios e desgastes por atrito. Figura 02

EspEcializaçõEs da supErfíciE das cÉlulas EpitEliais

Para melhor exercer certas funções, a membra-na plasmática sofre algumas alterações ou es-pecializações morfológicas e fisiológicas como:

MICROVILOSIDADES (MICROVILOS) - são pro-longamentos citoplasmáticos da superfície livre da membrana, semelhante a dedos de luva ou BORDA DE ESCOVA (DEBRUN), cuja função é aumentar a superfície livre, possi-bilitando maior ABSORÇÃO de substâncias

Figura 02Figura 01

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15nutritivas pela célula. Ocorrem na mucosa in-testinal e túbulos dos rins, onde podem ser encontrados mais de 1000 microvilosidades por célula. Figura 01

ESTEREOCÍLIOS - estruturas filiformes imóveis, semelhantes às microvilosidades, flexíveis, que se entrelaçam nas extremidades, parecidos com penacho; a função dessas estruturas é de aumentar a superfície de contato da célula, para melhor absorção de líquidos. Ocorrem no epidídimo e canal deferente do aparelho re-produtor masculino.

CÍLIOS - filamentos curtos, que promovem movimentos oscilantes na superfície da célu-la, provocando uma corrente de fluido onde a mesma se encontra. Ocorrem nas células epi-teliais da traquéia, especializados em empurrar muco e resíduos para a orofaringe, e no ovi-duto (TROMPAS DE FALÓPIO) empurram o ovo ou zigoto para o útero.

FLAGELOS - são mais longos do que os cílios e geralmente só há um para cada célula. Sua função é produzir movimentos ondulatórios da célula, como no caso dos espermatozóides (CAUDA).

DESMOSSOMA OU MÁCULA DE ADESÃO - estrutura complexa que ocorre na membrana de células epiteliais, com função de aumentar a capacidade de ADERÊNCIA entre elas. É co-mum nas células epiteliais que sofrem cons-tantes ações mecânicas, como na epiderme e no intestino.

NEXUS (união) - também chamados GAP JUNCTIONS, são junções comunicantes ou áre-as de comunicação intercelular extenso, que possibilitam a passagem de moléculas de uma célula para outra; são semelhantes a fendas de 3mm de espessura, constituídas de prote-ínas, sendo controladas para abrir ou fechar, de acordo com as necessidades das células. É o único contato que intervém no acoplamento elétrico entre as células com a participação de íons como sódio e cloro para a permeabilidade da membrana.

funçõEs dos EpitÉlios (figura 03)

• ProteçãoeRevestimento-ascélulassedis-põem em camadas, recobrindo a superfície externa ou as cavidades internas do corpo, protegendo contra abrasões, lesões, trau-mas, impedindo a entrada de micróbios e perda da água.

• Absorçãodematerialdotratointestinaloutúbulos renais (contém microvilosidades)

• SentidodoTato-apresentafibrasnervosassensoriais, atuando na percepção de sen-sações gustativas, retina do olho e células pilosas especializadas do ouvido.

classificação dos EpitÉlios

É baseada na forma das células e no número de camadas de células que existem:

a. EPITÉLIO SIMPLES (PAVIMENTOSO, CUBOI-DE, COLUNAR)

b. EPITÉLIO ESTRATIFICADO

c. EPITÉLIO DE TRANSIÇÃO

d. EPITÉLIO PSEUDOESTRATIFICADO

EPITÉLIO SIMPLES PAVIMENTOSO - formado por uma única camada de células em forma de ladrilho, achatado, núcleo oval e central. Ocor-re nos alvéolos pulmonares, na alça de Henle, na camada parietal da cápsula de Bowman do rim, nos endodélios nos vasos sangüíneos e no peritônio.

EPITÉLIO SIMPLES CUBÓIDE - só há só uma ca-mada de células em forma de dados, quadra-dos, núcleo esférico, central; encontrado nos canais secretores das glândulas tireóide, na co-bertura dos ovários, nos túbulos renais.

EPITÉLIOS SIMPLES PRISMÁTICO OU COLUNAR - camada de células altas, núcleo oval, próxi-mo à base encontrado na superfície interna do tubo digestivo, na vesícula biliar, nos ovidu-tos, útero, canal deferente dos testículos etc. Eles podem apresentar bordas semelhantes a escovas, as MICROVILOSIDADES. Aqueles que revestem o útero, ovidutos, dutos eferentes (testículos) e bronquíolos são CILIADOS.

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16EPITÉLIO ESTRATIFICADO PAVIMENTOSO - apresenta duas ou mais camadas de células planas, achatadas; ocorre na epiderme, na garganta e estômago.

Na epiderme apresenta QUERATINA, o que au-menta a função de proteção deste epitélio.

ESTRATIFICADO CUBÓIDE - há uma camada de células baixas mais profunda, em contato com a lâmina basal e outra mais superficial de células altas. Ocorre nos canais excretores de glândulas sudoríparas.

ESTRATIFICADO CILÍNDRICO - as células mais profundas são planas e as superficiais são al-tas. São pouco freqüentes, ocorrendo no canal excretor da uretra e conjuntiva do olho.

EPITÉLIO PSEUDOESTRATIFICADO - suas cé-lulas têm alturas diferentes, dando a impres-são de serem várias camadas, mas há apenas uma; todas as células estão em contato com a lâmina basal, embora apenas algumas alcan-cem a superfície. Ocorre nas vias respiratórias (traquéia, brônquios) tuba auditiva, cavidade nasal e saco lacrimal, na e uretra masculina.Obs.: este epitélio pode apresentar-se CILIADO (nas vias respiratórias).

EPITÉLIO DE TRANSIÇÃO - formado por várias camadas de células que revestem internamen-te a bexiga, formando o trato urinário nos cá-lices renais e uretra. É constituído de células poliédricas sendo que as mais superficiais, da bexiga vazia maiores com forma cúbica. Na bexiga cheia em estado de dilatação, as células tem a forma achatada. (estão sob pressão).

Figura 3

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17rEnovação E rEgEnEração das cÉlulas EpitEliais

Em decorrência da localização e da função dos epitélios, as suas células morrem facilmente e, conseqüentemente, devem ser repostas cons-tantemente, como ocorre com as células su-perficiais da epiderme.

As células das glândulas sebáceas cutâneas são eliminadas junto à secreção (caspa); o endoté-lio do útero é eliminado em parte, junto com a menstruação. Os epitélios da epiderme são mortos e eliminados freqüentemente da ca-mada superficial, por ação do calor, frio, vento etc. Os epitélios do intestino são renovados a cada 5 dias. Para esta renovação constante, é necessário que estas células tenham grande capacidade de sofrer MITOSES, permanecendo INDIFERENCIADAS.

glândulas

São formadas a partir de epitélios que migram da superfície de origem para o interior do te-cido conjuntivo subjacente. Sua especialidade é a secreção de certas substâncias, como HOR-

MÔNIOS, enzimas e lipídios, que são libera-dos para a corrente sangüínea (hormônios) ou para o meio externo (suor, cera, lágrimas, leite, caspa, etc). As secreções são empacotadas e armazenadas em vesículas chamadas glându-las de secreção. As secreções resultam do me-tabolismo das células, sendo eliminadas, como por exemplo: suor ou lançados no interior de corrente sangüínea (hormônios).

classificação das glândulas (figura 04)

1. EXÓCRINAS OU DE SECREÇÃO EXTERNA - apresentam canal excretor por onde elimi-nam os produtos de secreção para a super-fície. Ex: lacrimais, sudoríparas, mamárias, sebáceas, salivares.

2. ENDÓCRINAS OU DE SECREÇÃO INTERNA

- não possuem canal excretor, e os produ-tos ou secreções (hormônios) são absorvi-dos pelos vasos sangüíneos ou

3. GLÂNDULAS MISTAS - apresentam uma

porção endócrina e outra exócrina. Ex: pâncreas, ovários e testículos.

Figura 04

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18Existem duas partes numa glândula exócrina:

• Porçãosecretora(ADENÔMERO)nelaasubstânciaéproduzida.

• Ductoexcretor-canalatravésdoqualasecreçãoéeliminada.(Figura05)

CLASSIFICAÇÃO - de acordo com a natureza da secreção, do modo de secreção e do núme-ro de células, as glândulas exócrinas são deno-minadas de:

a. MUCOSAS - produzem proteínas chama-das MUCINÓGENOS, que, hidratadas, avo-lumam-se formando um líquido viscoso, lubrificante protetor, assemelhando-se a um gel. Ex: glândulas salivares da língua e do palato.

b. SEROSAS - secretam um fluido aquoso,

rico em enzimas. Ex: pâncreas.

c. MERÓCRINA - a secreção é eliminada, sem afetar a estrutura da glândula, ocorrendo nas parótidas.

d. APÓCRINA - a secreção é eliminada com a

parte apical da glândula. Ex: sudoríparas.

e. HOLÓCRINAS - as células são eliminadas totalmente junto com a secreção.

Ex: sebáceas

glândulas EndÓcrinas

Não apresentam canais de excreção, e suas se-creções (Hormônios) são liberadas diretamente na corrente sangüínea ou no sistema linfático.

Os hormônios (HORMON=ESTIMULANTE) são substâncias químicas complexas importantes na coordenação do funcionamento de todo o corpo, estimulando ou inibindo os tecidos ou órgãos-alvo. Os hormônios são conside-rados mediadores ou mensageiros químicos, podendo ser protéicos ou esteróides, agindo em quantidades mínimas, embora de efeitos potentes.

Principais glândulas endócrinas: HIPÓFISE, TIREÓIDE, PARATIREÓIDE, ADRENAIS, TIMO, PINEAL.

Figura 05

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19glândula HipÓfisE ou pituitária (Hipo = dEbaixo + fyo = crEscE)

Considerada a GLÂNDULA MESTRA, responsá-vel pela secreção de vários hormônios que atu-am na regulação do crescimento, reprodução e metabolismo do animal.

É uma glândula pequena, com cerca de 1,0cm de comprimento, com 0,5cm de espessura,e 0,5g de peso, assemelhando-se a uma ervilha, um pouco menor na mulher.

Localiza-se na SELLA TÚRCICA do osso esfe-nóide (cavidade), ligando-se ao hipotálamo por um pedículo ou projeção do diencéfalo. É bastante vascularizada por uma rede delga-da de vasos sanguíneos por onde liberam suas secreções.

Essa glândula possui duas porções de origem embrionária distinta:

a. LOBO ANTERIOR OU ADENO-HIPÓFISE - porção originada de uma evaginação do ectoderme (bolsa de Rathke). De cor aver-melhada e consistência mole, divide-se em três partes:

1. PARS DISTALIS - formada por células

cromófilas e células cromófobas; é a parte mais volumosa (Lobo Anterior), produzin-do vários hormônios, tais como a PROLAC-TINA, ACTH, LH, ICSH, TSH, SOMATOTRO-FINA (STH). Representa 75% da hipófise.

2. PARS INTERMEDIA - zona bem definida

em animais adultos, enquanto nos huma-nos só ocorre na fase embrionária e num curto período pós-natal.

3. PARS TUBERALS - é uma fina camada

de células cromófobas e basófilas que en-volve a haste hipofisária. As células estão organizadas em cordões longitudinais alta-mente vascularizados, recebendo hormô-nio melatonina (da pineal); não se conhece a função endócrina da pars tuberalis.

b. LOBO POSTERIOR OU NEURO-HIPÓFISE -

porção da hipófise que se origina de uma invaginação do hipotálamo, também cha-

mado de PARS NERVOSA; é branca, menos volumosa, de consistência mais firme. É formado por axônios amielínicos de neu-rônios, que transportam, armazenam e liberam, para a corrente sangüínea os hor-mônios sintetizados nas células neurosse-cretoras do hipotálamo.

As células da neuro-hipófise são chamadas PI-TUICITOS dispersando-se pelas fibras nervosas.

A neuro-hipófise armazena e libera dois hormônios: OXITOCINA E HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO(ADH) ou VASOPRESSINA, que são sintetizados no hipotálamo, logo, essa porção da hipófise não é endócrina.

principais Hormônios da HipÓfisE E sEus EfEitos no organismo animal

1. HORMÔNIO DO CRESCIMENTO -SOMATO-TROFINA (SRH= SOMATROPIN RELEASING HORMONE) - estimula a taxa de metabo-lismo das células em geral, induzindo as células do fígado a produzirem SOMATO-MEDINAS (fatores do crescimento), desen-cadeando as divisões mitóticas das células ósseas (cartilagens dos ossos longos).

2. HORMÔNIOS ADRENOCORTICOTRÓFICOS

(ACTH=ADENOCORTICOTROPIC HORMO-NE) - polipeptídio que age sobre as cé-lulas da camada cortical das glândulas supra-renais para que estas fabriquem e liberem seus hormônios (CORTISOL E CORTICOSTERONA).

3. PROLACTINA (HORMÔNIO LACTOGÊNICO)

- promove o crescimento e o funciona-mento das glândulas mamárias durante a gravidez e durante o período de amamen-tação das fêmeas; a produção da prolacti-na é estimulada pela sucção.

4. HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH) - atua

sobre os folículos ovarianos, induzindo sua maturação até a OVULAÇÃO. Res-ponsável pela formação do corpo lúteo e pela secreção de PROGESTERONA e ES-TRÓGENO.

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205. HORMÔNIO FOLÍCULO ESTIMULANTE

(FSH) - juntamente com o LH, atua sobre o folículo ovariano, estimulando seu cres-cimento e a secreção de estrógenos. Nos machos estimula a espermatogênese (for-mação de espermatozóides).

6. HORMÔNIO TIREOTRÓFICO (TSH) - age so-

bre a tireóide, estimulando-a à síntese e a liberação de seus hormônios (para o au-mento da taxa metabólica).

7. HORMÔNIO ESTIMULANTE DAS CÉLULAS

INTERSTICIAIS (ICSH) - atua sobre as células de LEYDIG (nos testículos), estimulando-as a sintetizarem e liberarem a TESTOSTERONA.

8. OXITOCINA (OXYS = rápido, agudo +

TOKOS = nascimento) - atua sobre o mús-culo uterino, estimulando as contrações durante o orgasmo e durante o parto (estí-mulo da cérvix ou colo uterino). Responsá-vel também pelo REFLEXO DE EJEÇÃO DO LEITE, causando contrações das glândulas mamárias.

9. VASOPRESSINA (ADH = HORMÔNIO AN-

TI-DIURÉTICO) - hormônio com grande po-der de elevar a pressão arterial, pela con-tração da musculatura lisa das paredes das arteríolas. Sua principal função é na con-servação da água corpórea ao aumentar a reabsorção de água pelos coletores dos rins, tornando as paredes deste órgão mais permeáveis (OSMOSE).

Nas hemorragias graves, com súbita queda da pressão arterial, esse hormônio restaura a pressão normal do sangue (equilíbrio osmótico interno).

disfunçõEs da HipÓfisE

a. HIPOFUNCIONAMENTO - quando a produ-ção de hormônios é insuficiente.

b. HIPERFUNCIONAMENTO - quando há uma produção de hormônios acima do normal.

Exemplos:

• DIABETE INSIPIDUS - decorre da lesão do hipotálamo com destruição de células neu-

rossecretoras; é uma doença caracterizada pela grande produção de urina (até 18 li-tros diários). É uma disfunção renal, que causa reabsorção inadequada de água pe-los rins, pela baixa produção de ADH.

• GIGANTISMO - resulta de uma produção

excessiva do hormônio do crescimento, devido a tumores da hipófise.

• ACROMEGALIA - ocorre quando a produ-

ção de hormônios do crescimento é alta na idade adulta, com crescimento exagerado das extremidades (pés, mãos, mandíbula, nariz).

• NANISMO HIPOFISÁRIO - quando há in-

suficiência na produção de hormônios do crescimento, em que os ossos longos não se desenvolvem normalmente, e o indiví-duo tem baixa estatura.

glândula tirEoidE(tHyrEos = Escudo Em forma dE porta)

É uma glândula com cerca de 20g no adulto, localizada na parte anterior do pescoço, em ambos os lados da parte inferior da laringe e da parte superior da traquéia. De origem en-dodérmica, é constituída de dois LOBOS NA-TURAIS unidos por ISTMO, estando protegida por uma cápsula delicada de tecido conjunti-vo. Tem cerca de 5cm de altura, sendo maior na mulher.

É a hipófise que controla a tireóide. Sua retira-da não leva à morte, mas sua ausência diminui a tolerância ao frio, provoca lentidão mental e física, e nas crianças, o retardamento mental e o nanismo.

Seus hormônios mais conhecidos são a TIRO-XINA e a TRIIODOTIRONINA, cuja secreção está sob o controle do TSH, os quais atuam no metabolismo celular. Recentemente desco-briu-se que a tireóide secreta o hormônio CAL-CITONINA, que atua no sentido de diminuir a concentração plasmática de Cálcio no sangue, facilitando o armazenamento deste elemento nos ossos.

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21Os hormônios T3 (TRIIODOTIRONINA) e T4 (TI-ROXINA) agem diretamente na respiração e na oxidação fosforilativa nas mitocôndrias, com aumento do metabolismo em quase todos os tecidos e órgãos, pelo estímulo ao consumo de O2 pelas células. Facilitam os processos men-tais, a transcrição nuclear dos genes respon-sáveis pela produção de proteínas, estimula o metabolismo dos carboidratos (açúcares) e gorduras, diminuindo o colesterol, aumentam a freqüência cardíaca e respiratória.Na fase embrionária, influenciam o desenvolvimento do corpo e do sistema nervoso.

HIPOTIROIDISMO - pela deficiência nutricional de IODO, há uma queda na produção de T3 e T4 e aumento da produção de TSH pela hipófi-se, com conseqüente aumento do tamanho da tireóide, doença chamada de BÓCIO SIMPLES (papo).

O hipotiroidismo apresenta os seguintes sin-tomas: fadiga, sonolência, fraqueza muscu-lar, debilidade mental, batimentos cardíacos diminuídos.

Nos adultos, o hipotiroidismo prolongado pode causar MIXEDEMA, caracterizado por inchaço ou bolsas abaixo dos olhos, pelo ar-mazenamento de substâncias do tecido con-juntivo (infiltração).

CRETINISMO - quando a insuficiência na pro-dução de T3 e T4 é grave, desde o estágio fetal, há carência de iodo na alimentação da mãe.Há nanismo e retardamento mental.

HIPERTIROIDISMO - aumento da produção de T3 e T4, sendo a doença de GRAVES ou de BA-SEDOW a mais comum. O indivíduo portador dessa síndrome tem seu metabolismo aumen-tado, ocorrendo perda de peso, nervosismo, aumento dos batimentos cardíacos, tremores nas mãos e EXOFTALMIA (olhos esbugalhados).

glândulas paratirEÓidEs

São quatro pequenas glândulas ovais, medindo cerca de 5mm, com 0,4g de peso, localizadas na superfície posterior da tireóide, geralmente protegidas por uma cápsula de cor amarelada; estas glândulas sintetizam o hormônio PARA-TORMÔNIO (PTH) de massa molecular elevada,

cuja função é agir sobre os rins, ossos e intesti-no, mantendo a concentração ótima de cálcio no sangue e no fluido intersticial dos tecidos.

HIPERPARATIROIDISMO - em decorrência de um tumor nas paratireóides, a taxa de hormô-nio PTH cai; em conseqüência deste fato há queda na concentração de fosfato e aumen-to de cálcio no plasma sangüíneo, com de-bilitação dos ossos (descalcificação do tecido ósseo), distúrbio chamado OSTEÍTE FIBROSA CÍSTICA; há maior tendência para a formação de cálculo renal.

HIPOPARATIROIDISMO - com baixa produção do PTH, há aumento de fosfato e diminuição de cálcio no sangue e conseqüente acúmulo de cálcio nos ossos, elevando a reabsorção de fosfato pelos rins.Os ossos ficam mais densos e mineralizados.

Os sintomas são contrações espasmódicas dos músculos esqueléticos, (cãimbra muscular), tremores nas mãos e nos pés (TETANIA MUS-

Figura 06

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22CULAR), dos músculos faciais e laringe, confu-são mental e perda de memória. O espasmo da laringe pode ser tão intenso que obstrui as vias respiratórias, levando à asfixia e morte.

glândulas adrEnais ou supra-rEnais (figura 07)

São duas glândulas localizadas sobre os pó-los superiores dos rins, medindo cerca de 1cm de espessura, 3cm de largura e 5cm de altura (varia com a idade e as condições fisiológicas), pesando 8g, recebendo abundante irrigação sangüínea de três artérias. São achatadas, com forma de meia-lua e, sobre sua face anterior, há um sulco (HILO), de onde sai a veia supra-renal.

As adrenais, quando cortadas a fresco, mos-tram-se encapsuladas, com camadas concên-tricas de funções distintas:

a. CÓRTEX OU CAMADA CORTICAL - parte externa, de cor parda amarelada, correspondendo a 85% do vo-lume do órgão.Sua origem é da mesoderme.

O córtex adrenal secreta hormônios esteróides, sintetizados a partir do colesterol, recebendo o nome COR-TICOSTERÓIDES. Os hormônios não são armazenados nas células do córtex, são fabricados e secretados de acordo com as necessidades do organismo.

Os homônios esteróides do córtex adrenal são classificados em:

• MINERALOCORTICÓIDES - (o mais importante é a ALDOSTE-RONA), agem sobre os túbulos renais, mucosas gástricas, glân-dulas salivares e sudoríparas, estimulando a reabsorção de sódio, atuando na eliminação de sódio e potássio pela urina.

• GLICOCORTICÓIDES - as mais

importantes são a HIDROCORTI-SONA (cortisol) e a CORTICOSTE-RONA, que agem principalmente nos metabolismos das proteínas,

das gordura e dos açúcares. Ao quebrar as proteínas, há um aumento da produção de glicogênio e conseqüentemente, aumento da taxa de glicose no sangue.

O CORTISOL - tem importante papel no comba-te a várias ações físicas e psíquicas (ESTRESSE).

Em diferentes circunstâncias de infecções, alte-rações da temperatura ou cirurgias, ocorre au-mento da produção de ACTH e, conseqüente-mente, um aumento de secreção de CORTISOL.

ANDRÓGENOS (hormônios masculinizantes) - têm efeito masculinizante e anabolizante, sin-tetizados em quantidades baixas; sua potência é inferior aos hormônios dos testículos.

b. MEDULA DA ADRENAL - é a camada interna de cor parda-avermelhada, estando envol-vida totalmente pelo CÓRTEX, correspon-de a cerca de 10% do volume da glândula.

Figura 7

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23A medula é estimulada por fibras nervosas e não é indispensável à vida; tem origem na ectoderme e produz dois hormônios, a ADRE-NALINA (EPINEFRINA) e a NORADRENALINA (NOREPINEFRINA), que são sintetizados a par-tir do aminoácido TIROSINA. Estes hormônios são mediadores ou mensageiros químicos do sistema nervoso simpático, sendo liberados em maior quantidade no sangue, após fortes emoções, como susto, medo, dor, preparando o corpo para a luta ou fuga.

A ADRENALINA atua sobre a musculatura e o sistema condutor cardíaco, estimulando-os e aumentando a freqüência e o volume cardía-co, com ação VASODILATADORA DAS ARTERÍ-OLAS, aumenta o fluxo sangüíneo bem como aumenta a liberação de glicose pelo fígado (mais energia para o corpo).

O Córtex adrenal é INDISPENSÁVEL À VIDA. Sua destruição ou deficiência funcional pode levar à morte em pouco tempo.

DOENÇA DE ADDISON - com a diminuição da taxa de hormônios glicocorticóides em decor-rência da destruição do córtex ou devido a tuberculose, ao câncer, o organismo apresen-ta cansaço crônico, magreza, debilidade mus-cular, queda de pressão arterial, pigmentação excessiva de pele, infecção, perda de sais e água.

DOENÇA DE CUSHING - aumento da secreção de hormônio do córtex (CORTISOL), devido a tumores na HIPÓFISE e aumento de ACTH. Os sintomas são obesidade, predominantemente no rosto, mãos e tronco. O homem pode ficar impotente, e a mulher não menstrua. A pele e tecidos subcutâneos são frágeis e músculos mal desenvolvidos. A cicatrização é deficiente.

glândulas digEstivas acEssÓrias ou anExaspâncrEas (pan = todo + krEas = carnE)

Glândula mista, ou seja, constituida por uma porção endócrina (secreta hormônios lançados diretamente na corrente sanguínea) e outra parte exócrina, que contém células acinosas responsáveis pela produção diária de 1,5 l. de SUCO PANCREÁTICO, que é alcalino, elimina-

do através do canal excretor, chegando até ao duodeno, após as refeições. O conteúdo enzimático deste suco é capaz de decompor todos os componentes orgânicos contidos nos alimentos, tais como carboidratos, proteínas, lipídios e ácidos nucléicos.

O canal ou ducto pancreático principal ou de Winrsung percorre toda a glândula. Além de enzimas e suco pancreático contém íons bicar-bonatos, cuja função é neutralizar o QUIMO GÁSTRICO ácido.

Exemplos de enzima do suco pancreático: tripsina, quimotripsina e carboxipeptidases (quebram proteínas); a ribonuclease e desoxir-ribonuclease decompõem o RNA e DNA, respc-tivamente; a amilase decompõem amido e gli-cogênio, transformado-os em açucares mais simples (glicose), mas não digere a celulose; a lípase hidrolisa os triglicerídeos em glicerol e ácidos graxos; a colesterolase decompõem o colesterol.

A atividade secretora da porção exócrina do pâncreas é regulada por dois hormônios gas-troentestinais: COLECISTOCININA e a SECRETI-NA. A porção endócrina do pâncreas é compos-ta por células que formam pequenos grupos denominados de ILHOTAS DE LANGERHANS, que se espalham pela porção exócrina. Estas células secretam três tipos de hormônios: IN-SULINA, GLUCAGON e SOMATOSTATINA, sen-do os dois primeiros mais comuns, de ações antagônicas.

A insulina, que é um polipeptídeo, é secretado pelas células Beta, e atua sobre a membrana plasmática das células, fascilitando a difusão ou seja a passagem de glicose para o interior das mesmas, quando a concentração deste açúcar é alta no sangue (HIPERGLICEMIA). No interior das células a glicose é queimada ou oxidada para a produçaõ de energia, com li-beração de CO2.

Ocorrem cerca de três mil células e um milhão ilhotas de Langerhans no pâncreas, ocupan-do 1,5% do volume desta glândula que pesa cerca de 100g e tem 200cm de comprimen-to. Entre as ilhotas ocorrem redes de capilares sanguíneos.

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24O hormônio insulina é uma molécula peque-na com duas cadeias de polipeptideos, atuan-do na estimulação dos processos metabólicos dos músculos e tecido adiposo favorecendo a fabricação de glicogênio, proteínas e ácidos graxos. A insuficiência de insulina determina a doença Diabete mellitus. O aumento na secre-ção de insulina em resposta a elevação da con-centração de glicose no sangue, ocorrendo ge-ralmente após as refeições ricas em açucares. A insulina liga-se a receptores para insulina da membrana plasmática de células do músculo estriado, fígado e tecido adiposo, fascilitan-do a absorção de glicose pelas células, para a oxidação e desta forma retira o excesso deste açúcar da corrente sanguínea.

HORMÔNIO GLUCAGON - este hormônio, secretado pela porção endócrina do pâncre-as (ilhotas de Langerhans) é um polipeptídeo pequeno sintetizado pelas células Alfa, tem ação antagônica da insulina, ou seja, facilita a liberação de glicose na corrente sanguínea, pois atua na decomposição do glicogênio. O glucagon é secretado sempre que a concen-tração de glicose no sangue está baixa; ele age principalmente nas células hepáticas, ativando as enzimas GLICOGENOLÍTICAS, que quebram o glicogênio, transformado-o em moléculas menores de açúcar (glicose), aumentando as-sim sua concentração no sangue.

HORMÔNIO SOMATOSTATINA - é secretado pelas células Delta das ilhotas de Langerhans, é um fator inibidor da liberação do hormônio do crescimento da Hipófise; também controla a secreção de insulina e glucagon.

PANCREATITE AGUDA - doença geralmente fa-tal, resultante da ativação das enzimas digesti-vas pancreáticas no citoplasma das células aci-nosas. Ocorre inflamação e necrose dos vasos sanguíneos, proteólise (destruição de proteí-nas) do parênquima pancreático e destruição de enzimas de células adiposas.

DIABETE MILLITUS TIPO 1 - é dependente de insulina, iniciando-se desde a juventude, an-tes dos 20 anos, sendo uma doença hereditá-ria, em virtude da deficiência na produção de insulina pelo pâncreas. O teor de glicose no sangue é sempre elevado, daí a necessidade permanente do portador desta doença receber

doses de insulina. Seus sintomas básicos são sede intensa e constante (POLIDIPSIA), fome descontrolada (POLIFAGIA) e excesso de urina (POLIÚRIA). Há diminuição da quantidade e do tamanho de células Beta e ilhotas atrofiadas e fibrosadas.

DIABETE MILLITUS TIPO 2 - se desenvolve ge-ralmente a partir dos 40 anos em conseqüên-cia de desequilíbrio metabólico; não depende de injeções de insulina, apenas de regime ali-mentar. Ocorre normalmente em pessoas obe-sas com diminuição da produção de insulina e células Beta.

glândula pinEal ou EpífEsE (pinEa = pinHa)

Glândula achatada semelhante a um pinha, medindo cerca 8mm de comprimento, 4mm de espessura e 15g no adulto; esta glândula endócrina tem secreção influenciada pelos pe-ríodos de luz e escuridão diários, sendo mais ativa à noite quando a produção de MELATO-NINA é maior. Ela está envolvida pela pia-ma-ter, que forma cápsula da qual saem tabiques ou septos de tecidos conjuntivo que dividem a pineal em lóbulos incompletos. Através dos ta-biques chegam vasos sanguíneos e fibras ner-vosas a esta glândula; nela ocorrem as células chamadas PINEALÓCITOS E ASTRÓCITOS, pre-dominantemente. Na pineal encontram-se no indivíduo adulto concreções de fosfato e car-bonato de cálcio chamados areia cerebral ou ACERVULI CEREBRI (pequeno acúmulo). A SE-ROTONINA existente na pineal é a precursora da melatonina, e para haver essa conversão há necessidade da ação da enzima HIDROXI-IN-DOL-METIL-TRANSFERASE, que só existe nesta glândula. As quantidades destas substâncias sofrem variação rítmica durante as 24 horas do dia, de acordo com a alternância dos períodos claro e escuro.

atividadEs

1. Caracterize estrutural e funcionalmente o Tecido Epitelial?

2. Qual a importância do GLICOCALIX?

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253. Como se nutrem e respiram os epitélios?

4. Dê a localização e respectivas funções das estruturas citadas abaixo:

FLAGELOS DESMOSSOMAS CÍLIOS MICROVILOS NEXUS

5. Identifique as diferenças básicas entre glândulas ENDÓCRINAS E EXÓCRINAS.

6. Dê a localização e diga o que produzem as glândulas abaixo:

MUCOSAS SEROSAS MERÓCRINAS APÓCRINAS HOLÓCRINAS

7. Justifique as afirmativas:

“Os hormônios são mensageiros químicos”.

“A hipófise é uma glândula mestra”.

8. Cite os principais hormônios produzidos pela hipófise e a importância dos mesmos no funcionamento do organismo.

9. Causas e conseqüências das disfunções das glândulas abaixo:

HIPÓFISE TIREÓIDE PARATIREÓIDES ADRENAIS

10.Por que os hormônios do Pâncreas (Insu-lina e Glucagon) são funcionalmente anta-gônicos?

rEfErênciasAMABIS, José Mariano; MARTHO. Gilberto Ro-drigues. Biologia das Células: origem da vida, citologia, histologia, embriologia. São Paulo: Moderna, 1995.

DI FIORI, Mariano S.H. Atlas de Histologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1997.

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tEcido conjuntivo

introdução

Analisaremos o tecido conjuntivo que é o mais abundante, formando um contínuo com os outros tecidos, contribuindo para uma melhor integração estrutural e funcional do corpo animal. Apresenta grande variedade de células mergulhadas em rico material extra celular (MATRIZ) este tecido preenche espa-ços, confere sustentação mecânica serve de transporte para substâncias, acumula reservas nutritivas e energéticas, etc.

tEcido conjuntivoÉ um grupo de tecidos diversificados que se distribuem por todo o corpo animal, originá-rio do MESODERME, com exceção daquele que ocorre na face, que tem origem na ECTO-DERME. Figura 01

Caracterizado por riqueza de substância inter-celular (MATRIZ), também chamada de subs-tância fundamental, e células diversas, com formas e funções distintas. Suas funções:

• Promoversustentaçãomecânicaouestru-tural

• Estabelecerconexõesentretecidoseórgãos• Preencherespaçosvazios,atuandocomo

colchões• Transportarsubstânciasnutritivas,hormô-

nios e gases (trocas)• Protegeredefesacontraagentesinfecciosos• Armazenargordura.

profa. Maria do Socorro Ribeiro Nunes prof. Olímpio Januário Cavalcante I carga horária: 10 horas

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MATRIZ EXTRACELULAR - apresenta 2 porções: a substância amorfa e fibras.A mesma tem grande resistência a forças de compressão e tração.

SUBSTÂNCIA AMORFA - gel viscoso constituí-do de água, sais minerais, proteínas e polissa-carídeos; pode apresentar-se sólida (nos ossos) ou líquida (sangue), possibilitando a difusão de líquidos e gases entre as células, dando equilíbrio hídrico interno.

FIBRAS - são protéicas, produzidas pelas célu-las do tecido conjuntivo (FIBROBLASTOS). Es-sas fibras são de três tipos:

1. FIBRAS COLÁGENAS - são inelásticas e têm grande resistência à tração; formadas da proteína COLÁGENO, que pode se conver-ter em COLA (gelatina) pela ação do calor. São as mais freqüentes do tecido conjun-tivo, podendo agrupar-se em espessos fei-xes de cor esbranquiçada. São encontradas na pele, ossos, cartilagens, músculo liso e lâminas basais. Apresentam estrias trans-versais ou paralelas. O colágeno é flexí-vel, embora rígido, suportando cargas de vários quilos por cm2, sem sofrer ruptura (tendões). O colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano (33%).

2. FIBRAS ELÁSTICAS - são mais finas do que as colágenas, não apresentam estrias longitudinais, de boa elasticidade, rami-ficam-se, ligando-se entre si para formar trama de malhas irregulares. São cons-tituídas da glicoproteína ELASTINA e de miofibrilas, altamente elásticas, cedendo facilmente a trações mínimas, embora re-tornem à forma original cessada a força de tração. A elastina é uma proteína es-trutural resistente ao ataque de diversas enzimas, mas é digerida pela ELASTASE, que é sintetizada pelo pâncreas. As fibras elásticas podem aumentar até 15% no seu comprimento e têm coloração amare-lada, como ocorre nas artérias e pulmões (INSPIRAÇÃO E EXPIRAÇÃO)

3. FIBRAS RETICULARES - são colágenas, sen-

do muito delgadas, e seus feixes formam pequenas redes extensas que se entra-nham em certos órgãos, constituindo um arcabouço de suporte para estes órgãos, como ocorre no baço, medula óssea, gân-glios linfáticos, células musculares, fígado, rins, glândulas endócrinas, útero e camada muscular do intestino. São as mais finas das três.

Figura 01

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29componEntEs cElularEs

Há diferentes tipos de células no tecido con-juntivo, as quais são divididos em 2 classes: células fixas e células transitórias.

1. CÉLULAS FIXAS (RESIDENTES) - estas se de-senvolvem e permanecem no local de ori-gem, exercendo, então, suas funções. As mais freqüentes são os fibroblastos, células adiposas, pericitos, mastócitos, todas de vida longa.

2. CÉLULAS TRANSITÓRIAS (MIGRATÓRIAS) - são aquelas que se deslocam para o tecido conjuntivo, intervindo em ocasião de ata-que de corpos estranhos infecciosos (DE-FESA); têm vida curta, pois muitas morrem na luta contra os invasores, necessitando serem repostas constantemente, a partir de CéLulas-tronco.

Originadas, principalmente, na medula óssea e são transportadas pela corrente sangüínea. São elas: plasmócitos, linfócitos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e macrófa-gos. (Figura 02)

FIBROBLASTOS - são as células mais comuns do tecido conjuntivo, com a função de sinte-tizar a matriz extracelular. São grandes, alon-gadas, fusiformes, com algumas ramificações; núcleo oval bem definido.

Os fibroblastos sintetizam fibras e raramente sofrem mitoses, podendo ocorrer estas divi-sões em casos de cicatrização.

CÉLULAS ADIPOSAS - são grandes, esféricas, armazenam gordura (energia) e não passam por mitose, encontrando-se espalhadas por todo o corpo, no tecido conjuntivo frouxo e ao longo dos vasos sangüíneos.

MASTÓCITOS - células grandes, globosas, com núcleo central e esférico, originadas de células-troncos da medula óssea, ocorrendo em grande quantidade, principalmente, junto aos vasos sangüíneos. Seu citoplasma apresen-ta numerosos grânulos que armazenam HEPA-RINA (substância anticoagulante) e HISTAMI-NA (substância que atua nas reações alérgicas e inflamatórias). A heparina impede a coagula-ção do sangue no interior dos vasos, enquanto a histamina tem ação vasodilatadora e aumen-tando a permeabilidade vascular.

MACRÓFAGOS - são células volumosas, de contorno irregular que se comportam como

Figura 02

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30células fixas, migrando também para outros tecidos através da formação de pseudópodes, a fim de realizar a Fagocitose. Distribuem-se abundantemente pelo corpo para melhor rea-lizar sua função de destruir corpos estranhos e células velhas ou lesadas.

PLASMÓCITOS - células migratórias ovóides, de núcleo arredondado ou oval, dispersas por todo o tecido conjuntivo, em maior quantida-de em região de ocorrência de inflamação crô-nica e em áreas sujeitas a invasão de bactérias e corpos estranhos, como na mucosa intestinal.

Os plasmócitos se originam a partir de linfó-citos B e se encarregam de sintetizar e secre-tar anticorpos, que são proteínas especializa-das nas ações IMUNOLÓGICAS. São ativados quando há invasão de moléculas estranhas no organismo (ANTÍGENOS).

O núcleo destas células tem o aspecto de RAIOS DE RODA DE CARROÇA OU FACE DE RE-LÓGIO, porque sua cromatina se distribui em faixas claras e escuras, alternadas.

LINFÓCITOS - são células ou glóbulos brancos arredondados, de núcleo esférico, relaciona-dos com a produção de anticorpos; juntamen-te com os plasmócitos, são numerosos nas áreas de inflamação crônica.

variEdadEs do tEcido conjuntivo (classificação)

Para classificar os tecidos conjuntivos, usa-se o critério de proporções dos 3 componentes dos mesmos: células, fibras e matriz

1. TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO (T.C.P.D)

De Propriedades Gerais - FROUXO - DENSO (MODELADO E NÃO MODELADO) • FROUXO (AREOLAR) - não há predominân-

cia de nenhum componente, é moldável, macio, composto por células dispersas em uma substância fundamental gelatinosa e por fibras dispostas frouxamente, sem qualquer orientação. Preenche espaços en-tre feixes musculares, atuando como amor-tecedor entre vários órgãos viscerais e na derme. Pequenas fibras nervosas atraves-sam este tecido bem como vasos sangüí-neos, através dos quais chegam oxigênio e nutrientes para as células. É encontrado na pele, mucosas e glândulas, sendo de con-sistência delgada, flexível, pouco resisten-te às trações. Sustenta estruturas sujeitas a pequenos atritos e pressões. Dá suporte e nutrição aos epitélios, envolve nervos e vasos sangüíneos; são responsáveis por cicatrizações. Ocorrem em abundância na lâmina própria órgãos ocos.

Por sua localização abaixo do epitério do sistema digestivo e respiratório (muito del-gado), é facilmente atacado por corpus es-tranhos, antígenos, vírus e bactérias, por isso é abundante em células transitórias responsáveis pela inflamação, reações alér-gicas e respostas imunológicas.

• DENSO - contém a maioria dos mesmos componentes do frouxo, embora haja pre-dominância de fibras colágenas e menor Figura 03

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31quantidade de células; tem menor flexibili-dade e maior resistência às trações; predo-minam as células fibroblastos. Pode ser de dois tipos:

TECIDO DENSO MODELADO (TENDINOSO)

- os feixes de colágenos são paralelos, or-ganizados numa única direção, ocorrendo células fibroblastos entre eles. Estes feixes estão fortemente compactados em forma de cilindros ou lâminas paralelas, resisten-tes às trações. Ocorrem nos tendões, liga-mentos e aponeuroses.

TECIDO DENSO NÃO-MODELADO (IRRE-

GULAR OU FIBROSO) - contém células, fibras e matriz, com predominância de fibras colágenas, sem qualquer orienta-ção, de forma difusa. Ocorre na derme, no periósteo, pericôndrio e nas cápsulas que envolvem os rins, o fígado, o baço, os tes-tículos e os ovários. Tecido muito resistente a trações.

2. TECIDO CONJUNTIVO DE PROPRIEDADES ESPECIAIS:

- ADIPOSO - CARTILAGINOSO (SUSTENTAÇÃO) - ÓSSEO - HEMATOPOIÉTICO (LINFOIDE E MIELOIDE • TECIDO CONJUNTIVO ADIPOSO - constitu-

ído predominantemente por células adipo-sas, que podem ser encontradas isoladas ou em pequenos grupos, sendo o maior reservatório de energia do corpo animal (na forma de triglicerídeos); ocorre sub-cutaneamente em todo corpo, bem como ao redor de órgãos como rins, coração, articulações, medula óssea (TUTANO) e no mesentério. Serve de amortecedor de choques na planta dos pés e na palma das mãos. Assim, o tecido adiposo tem 3 fun-ções básicas:

- Reserva energética - Isolamento térmico (são maus conduto-

res de calor) - Protege contra choques mecânicos LIPOMAS - tumores benignos comuns no

tecido adiposo.

LIPOSSARCOMAS - tumores malignos do tecido adiposo, sendo localizados geral-mente nas pernas.

• TECIDOS CONJUNTIVOS DE SUSTENTA-ÇÃO - Mantêm a forma do corpo, servindo de apoio para os músculos. Formam o es-queleto (cartilaginoso e ósseo).

TECIDO CARTILAGINOSO (CARTILAGENS) - de consistência rígida, formadas de células chamadas CONDRÓCITOS, amplamente distribuídas pelo corpo, onde ocupam pe-quenas cavidades (LACUNAS), situadas na MATRIZ EXTRACELULAR, que é abundante e secretada por elas.

As cartilagens têm boa resistência a tra-

ções, suportam bem as pressões, de rela-tiva elasticidade, e não apresentam vasos sangüíneos, linfáticos ou nervos. Na espé-cie humana (adultos) há pouca cartilagem, mas no feto é abundante, servindo de mol-de para a formação dos ossos.

Suas fibras são colágenas, finas, distribuin-

do-se de modo irregular. A matriz é homo-gênea, hialina, clara, de composição glico-proteica.

As cartilagens agem como amortecedo-

res, pois as mesmas têm flexibilidade e resistência.

A região periférica das cartilagens é cha-

mada PERICÔNDRIO, havendo maior quantidade de células do que substância fundamental. Estas células sofrem divisões mitóticas com intensa produção de fibras. Nessa fase de multiplicação, estas célu-las são chamadas CONDROBLASTOS, que amadurecem, aumentam de volume e se transformam em CONDRÓCITOS.

Como no interior da matriz não há vasos

sangüíneos, a nutrição das células ocorre a partir da camada que envolve a cartilagem (PERICÔNDRIO), para a qual chegam vasos sangüíneos; as substâncias nutritivas se difundem lentamente do pericôndrio para a matriz das mesmas. As cartilagens tam-bém não tem sensibilidade, pois a matriz não tem nervos.

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32TIPOS DE CARTILAGENS - elas são classificadas de acordo com o tipo de fibra: HIALINA, ELÁSTICA E FI-BROSA. (Figura. 04) HIALINA - só possui fibra colágena, sendo a mais comum, ocorrendo nas superfícies articulares de ossos longos, laringe, traquéia, ligando as costelas ao esterno, no nariz e nos brônquios. É uma substância cinza-azulada, semitransparente e flexível, forma o primeiro esquele-to do embrião. Ocorre entre a di-áfise e a epífese dos ossos longos em crescimento. ELÁSTICA - semelhante à cartilagem hialina, mas possui fibras elásticas na matriz e no pericôndrio. Ocorre na epiglote, pavilhão da orelha, nas paredes do canal auditivo e cartila-gem cuneiforme da laringe ou Wris-berg. De cor amarelada, sofre menor processo de degeneração; contém fibrilas colágenas tipo II, com maior elasticidade e flexibilidade do que a hialina e sua matriz apresenta um entrelaçado denso de fibras elásticas. FIBROSA OU FIBROCARTILAGEM - ao contrário das duas cartilagens anteriores, esta não possui pericôn-drio. Na realidade, é uma forma de transição entre o tecido conjuntivo e a cartilagem hialina. Apresenta fibras colágenas, células cartilagi-nosas e matriz em quantidades va-riáveis. Sua matriz é acidófila, com grande quantidade de fibras colá-genas tipo I. É resistente a tensões, ocorrendo nos discos interverte-brais, nos ligamentos dos ossos e na sínfese pubiana.

Apresenta fibras de colágeno, células cartilaginosas e matriz hialina em quantidades variáveis.

A cartilagem fibrosa (FIBROCARTILA- GEM) é resis-

tente a tensões; ocorre nos discos intervertebrais, nos pontos em que alguns tendões, ligamentos dos ossos e na sínfise pubiana.

Figura 4

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33• TECIDO ÓSSEO (SUSTENTAÇÃO) - É o

componente principal do esqueleto dos vertebrados, tendo como função básica a sustentação desses animais, servindo tam-bém, de proteção para o crânio e a caixa torácica.

É um tecido de grande dureza e força, rí-gido, resistente, com certa elasticidade. Permite maior rendimento do trabalho muscular, formando alavancas nas articu-lações, ampliando as forças na contração dos músculos. Tal qual a cartilagem, este tecido é uma forma especializada do teci-do conjuntivo denso, cujos componentes extracelulares sofrem calcificação, dando-lhe dureza (matriz sólida). É um tecido di-nâmico pois muda de forma em relação às tensões que sofre.

As células do tecido ósseo são os OSTEÓ-CITOS. Quando jovens, estas células são chamadas OSTEOBLASTOS, ramificados, com intensa atividade de síntese protéica, produzindo fibras. Cerca de 50% da matriz do tecido ósseo é formado de substâncias

inorgânicas, como fosfato de cálcio em forma de agulhas, fosfato de magnésio e carbonato de cálcio. Existem também substâncias orgânicas, como fibras de colágenos (90%) e polissacarídeos. Outra função deste tecido é a HOMEOSTASIA DO CÁLCIO.

Os minerais citados acima dão dureza ao osso, enquanto o colágeno dá flexibilida-de e resistência. Ao ser mergulhado em solução diluída de HCl, o osso perde seus minerais, restando o colágeno, ficando o mesmo semelhante a borracha.

A fervura e posterior desidratação do osso torna-o quebradiço o mesmo perde colá-geno. O osso é o esqueleto estrutural bá-sico que dá SUSTENTAÇÃO E PROTEÇÃO aos órgãos, a medula espinhal, encéfalo, coração, pulmões etc.

OS OSTEOCLASTOS são células que des-

gastam o osso, têm diâmetro superior a 100 um, localizados em cavidades ósseas chamadas lacunas de HOWSHIP.

Figura 05

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34Estrutura ÓssEa

O osso longo (FÊMUR) apresenta uma bainha ou membrana de tecido conjuntivo que cons-titui o PERIÓSTEO (superfície externa) e uma interna que forma o ENDÓSTEO, ambas vas-cularizadas e suas células se transformam em OSTEOBLASTOS.

No interior do osso ocorrem inúmeros cana-lículos ou sistemas de HAVER, que se comu-nicam através de outros canais (CANAIS DE VOLKMANN), no interior dos quais se estende uma rede de capilares sangüíneos e nervos. O corpo do osso é a DIÁFISE. As extremidades ar-ticulares são chamadas EPÍFISES ou cabeça do osso. Essa extremidade é dilatada e moldada de forma a se articular melhor com outro osso. (Figura 06)

OSSOS LONGOS Ex.: Tíbia.

OSSOS CURTOS Ex.: ossos do carpo do punho.

OSSOS CHATOS Ex.: ossos da caixa craniana.

OSTEOBLASTOS - células jovens que ocorrem em regiões onde o tecido ósseo se encontra em formação. Tornam-se relativamente inertes e passam a se chamar OSTEÓCITOS. Há cerca de 25.000 p/mm3 de osso.

Figura 06

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35No interior do PERIÓSTEO há inúmeros canalí-culos longitudinais, chamados CANAIS DE HA-VERS, ao longo da DÍAFISE, que se comunicam através de outros canais, chamados CANAIS DE VOLKMANN, hoje denominado CANAL PERFURANTE que contêm vasos sangüíneos e fibras nervosas. Os ossos são sensíveis e pos-suem grande poder de regeneração. Os canais de HAVERS são rodeados de lâminas ósseas concêntricas.

EPÍFISES - extremidades do osso formado de tecido esponjoso.

DIÁFISE - corpo do osso, compacto e delimita-do pelo canal medular (MEDULA ÓSSEA)

A medula óssea apresenta-se de duas formas: medula óssea vermelha, que origina os ele-mentos do sangue e a medula óssea amarela, rica em gordura.

ossificação

Processo de formação do osso, ocorrendo por síntese e secreção de matriz óssea pelos oste-oblastos, a qual sofre mineralização. Surge no interior de uma membrana conjuntiva (OSSI-FICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA) ou sobre um molde cartilaginoso (OSSIFICAÇÃO ENDO-CONDRAL). (Figura 07)

Figura 07

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36OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA - ocorre diretamente no tecido fetal, (MESÊNQUIMA) dando origem aos ossos frontal, pariental e partes do occipital, temporal, maxilares supe-rior e inferior e da clavícula. O processo se ini-cia no CENTRO DE OSSIFICAÇÃO, que é uma zona do mesênquima, onde suas células so-frem diferenciação transformando-se em OS-TEOBLASTOS.

Estas células sintetizam matriz não mineraliza-da chamada OSTEÓIDE, que, em pouco tempo se calcifica e passa a englobar osteoblastos, que se transformam em OSTEÓCITOS.

OSTEOIDE - é a matriz óssea não calcificada, camada delgada que separa as células da parte calcificada.

ossificação Endocondral

Ocorre em todos os demais ossos do corpo, iniciando-se sobre uma porção de cartilagem hialina (EM MINIATURA) embrionária. Inicia-se até a 7ª semana de vida embrionária e consiste em dois eventos:

• 1º evento: a cartilagem hialina sofre mo-dificações próximo da futura diáfise, no CENTRO DE OSSIFICAÇÃO PRIMÁRIO, em que os condrócitos se hiperatrofiam (cres-cem), com conseqüente redução da matriz cartilaginosa que se reduz a finos tabiques. Em seguida, os tabiques sofrem calcifica-ção e os condrócitos se degeneram, mor-rendo pela falta de difusão de substâncias nutritivas na matriz.

• 2º evento: ocorre quando os espaços dei-

xados pelos condrócitos mortos são preen-chidos por capilares sangüíneos, e células osteogênicas provenientes de tecido con-juntivo vizinho. As células osteogênicas se transformam em osteoblastos, e o pericôn-drio forma o periósteo. Os osteoblastos secretam matriz óssea, formando um co-lar (COLAR ÓSSEO), que veda a difusão de nutrientes para os condrócitos hiperatro-fiados, e estes morrem deixando lacunas, (futura cavidade da medula óssea). Na rea-lidade, esse tipo de ossificação consiste na substituição gradual de tecido cartilagino-so embrionário por tecido ósseo, ocorren-do na maioria dos ossos de nosso corpo.

MATRIZ ÓSSEA EXTRACELULAR - é formada de substâncias orgânicas (fibras colágenas-95%) e substâncias inorgânicas, como fosfato de cálcio na forma de cristais de hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH2)]. Ao sofrer descalcificação, o osso torna-se muito flexível e quebradiço. A associação dos cristais de hidroxiapatita com o colágeno confere dureza e força ao osso. Estes cristais podem absorver substâncias radiativas liberadas nas explosões nucleares. Os isótopos estrôcio (Sr90) e o plutônio (Pu29) que podem ser liberados reatores atômicos, se inalados ou ingeridos nos alimentos e se depositarem nos ossos, podem causar graves lesões, câncer, leucemia.

cÉlulas ÓssEas

1. CÉLULAS OSTEOBLASTOS - são as células formadoras do osso, ou seja, sintetizam e secretam matriz óssea orgânica (fibras co-lágenas Tipo I). Possuem receptores para o hormônio das paretireóides. Concentram fosfato de cálcio para mineralização da matriz. A membrana dessas células é rica em enzima FOSFATASE ALCALINA. Estas células se localizam na superfície do osso com aspecto de lâmina de células cuboide e colunárias. Ao serem aprisionadas e imo-bilizadas pela matriz recém-formada os os-teoblastos se transformam em osteócitos.

2. OSTEÓCITOS - verdadeiras células ósseas,

encontradas no interior da matriz, ocu-pando lacunas ou cavidades chamadas OSTEOPLASTOS. Os osteócitos apresentam forma de amêndoa e armazenam cálcio. Cada lacuna só contém um osteócito. Há cerca de 25.000 osteócitos por mm3 de osso. Das lacunas estas células emitem prolongamentos que se irradiam em todas as direções como túneis ou CANALÍCULOS, que se comunicam com outros prolonga-mentos de osteócitos vizinhos, formando JUNÇÕES COMUNICANTES, através dos quais passam íons e pequenas moléculas de uma célula para outra.

3. OSTEOCLASTOS - são células grandes,

multinucleadas, cuja função é de destruir o tecido ósseo, através da ação de enzimas (colagenase) e liberar cálcio. Posteriormen-te, reabsorvem a matriz digerida, o que

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37confere a função “modeladora” do osso. Após uma fratura, os osteoclastos ficam mais ativos, participando do processo de regeneração do tecido ósseo. Os osteo-clastos medem cerca de 150 um de diâme-tro podendo ter até 50 núcleos; seu cito-plasma é acidófilo e originam-se de células da medula chamadas PROGENITORAS-GRANULÓCITOS-MACRÓFAGO-(GM-CFU) que chegam até o osso através da corrente sanguínea. Eles ocupam cavidades rasas chamadas lacunas de Howship que carac-terizam as áreas de reabsorção óssea.

4. OSTEOPROGENITORAS - estas células se

originam da diferenciação das células me-senquimais primitivas e ocorrem no mesén-quima fetal, próximo do centro de ossifica-ção, no endósteo e na camada profunda do periósteo. Durante a formação do osso estas células se multiplicam e se diferen-ciam originando os osteoblastos (na fase fetal e de crescimento do indivíduo).

ostEoporosE

Perda gradativa de massa óssea, com fre-qüentes traumatismos os ossos menos resis-tentes causados pelo aumento de canais de Havers (POROSIDADE). Ocorre em mulheres idosas, causada pela dimi-nuição da produção de estrógenos, pós-menopausa.

raquitismo

Doença resultante da carência da vi-tamina D, com redução da absorção de cálcio e fósforo pelo intestino. Em conseqüência, há deficiência na cal-cificação das cartilagens e o organis-mo não suporta carregar seu próprio peso, o que resulta em deformações ósseas.

articulaçõEs

São estruturas de inserção entre os os-sos ou cartilagens, permitindo maior movimentação entre eles. São forma-dos de tecido conjuntivo e são classi-ficados em:

1. DIARTROSES - os ossos têm ampla liberda-de de movimentos, como ocorre entre os ossos longos, havendo uma cápsula que liga as extremidades. Esta cápsula é for-mada por uma camada fibrosa, externa, de tecido conjuntivo denso, que é contínua, com o periósteo e por uma camada de cé-lulas internas, a CAMADA SINOVIAL. Há um líquido na cavidade articular, o LÍQUI-DO SINOVIAL, viscoso, que possibilita um contato livre de atritos entre os ossos. Este líquido é rico em ácido hialuorônico e uma glicoproteina (LUBRICINA). (Figura 08)

2. SINASTROSES - a união é feita por tecido

ósseo, não permitindo mobilidade. Ocorre nos ossos do crânio dos adultos e apresen-ta três tipos: suturas, sínfise, sincondrose.

3. SINCONDROSES - os movimentos são li-

mitados, e as peças ósseas são unidas por cartilagem hialina. Ocorrem nos discos epi-fisários e nas articulações das costelas com o externo.

4. SINDESMOSES - há movimento limitado,

e o tecido que une os ossos é conjuntivo denso.

Ex: sínfise pubiana, articulação tibiofibular inferior.

Figura 8

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38atividadEs

1. Em que se diferenciam, basicamente, os tecidos ósseo e cartilaginoso?

2. Cite as funções principais do tecido con-juntivo.

3. Caracterize os 3 tipos de FIBRAS do tecido conjuntivo e diga onde são encontrados.

4. Qual o papel das células conjuntivas cita-das abaixo:

FIBROBLASTOS ADIPOSAS MASTÓCITOS MACRÓFAGOS PLASMÓCITOS LINFÓCITOS

5. De que dependem a resistência a trações, elasticidade e dureza do tecido conjuntivo?

6. Onde ocorrem os 3 tipos de cartilagens e em que se diferenciam ?

7. Idetifique as diferenças fundamentais en-tre os dois tipos de ossificação.

8. Cite as causas e sintomas:

DO RAQUITISMO OSTEOPOROSE

9. Porque o tecido conjuntivo frouxo é facil-mente atacado por corpos estranhos?

10.Como se originam as células chamadas osteócitos?

rEfErências

AMABIS, José Mariano; MARTHO. Gilberto Ro-drigues. Biologia das Células: origem da vida, citologia, histologia, embriologia. São Paulo: Moderna, 1995.

DI FIORI, Mariano S.H. Atlas de Histologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1997.

GARTNER, Leslie P; HIATT, James L. Tratado de Histologia em cores. 2. ed. Rio de Janeiro: Gua-nabara Koogan, 2003.

GENESER, Finn. Histologia: com base bionu-cleares. 3.ed. Rio de Janeiro: Editorial Médica Panamericana, Editora Guanabara Koogan, 2003.

GUYTON, Arthur C. Fisiologia Humana e Me-canismos das doenças. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.

JUNQUEIRA, Luiz C; CARNEIRO, José. Histolo-gia Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

SOARES, José Luis. Biologia Vol 1. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1955.

CORMACK, DAVID H. Fundamentos de Histo-logia ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1996.

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tEcidos conjuntivos dE transportE(sanguE E linfa)

introdução

Este capítulo compreende o estudo dos te-cidos sangüíneo e linfático, destacando sua importância como meio de transporte de substâncias nutritivas, gases, e proteção do organismo. Trata também da classificação e estrutura dos mesmos destacando sua impor-tância no equilíbrio interno e imunológico do organismo.

o sanguEÉ um tecido especial, fluido, viscoso e leve-mente alcalino (Ph > 7), constituído por uma parte líquida (PLASMA) e uma outra sólida (elementos figurados). Corresponde a cer-ca de 7% do peso corporal, nele circulando substâncias nutritivas, gases respiratórios, excreções, hormônios, enzimas, anticorpos e sais minerais. Em um homem adulto, há cerca de 5 litros de sangue. Transportando hormô-nios, o sangue possibilita a troca de mensa-gens químicas entre vários órgãos distantes; ele também transporta produtos do metabo-lismo celular (ESCÓRIAS), que são retirados e levados aos órgãos excretores.

O sangue é, essencialmente, um meio de trans-porte; ele garante um equilíbrio hídrico e os-mótico e ainda atua na proteção contra agen-tes infecciosos através dos leucócitos. Ajuda, também, na manutenção da temperatura corporal. (MECANISMO TERMOREGULADOR).

profa. Maria do Socorro Ribeiro Nunes prof. Olímpio Januário Cavalcante I carga horária: 10 horas

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40O conjunto dos elementos figurados do san-gue chama-se HEMATÓCRITO, e o processo de formação destes é dito HEMATOPOESE. O tempo curto de vida das células sangüíneas exige uma renovação constante destas.

HEMATÓCRITO (HAIMATOS = SANGUE + CRIENIN = SEPARAR) - corresponde ao con-junto de elementos do sangue separados, se-dimentados em camadas, de acordo com a densidade dos mesmos, com utilização de an-ti-coagulante (HEPARINA), e após centrifuga-ção. A superior corresponde ao plasma (55%), que é um líquido transparente amarelado; a camada intermediária, delgada, com 1% do volume é constituida de glóbulos brancos e plaquetas; a camada inferior é formadas pelos glóbulos vermelhos.

O PLASMA - (líquido translúcido de cor ama-rela) contém 90% de água, e os 10% restante é de sais minerais, proteínas, (9%), vitaminas, enzimas, gases, lipídios, etc. Durante a coagu-lação, há uma separação dos elementos figu-rados do plasma, formando o SÔRO.

As proteínas do plasma são FIBRINOGÊNIO, que atua na coagulação, na formação de fi-brinas, as GAMAGLOBULINAS (atuam como anticorpos ou imunoglobulinas) e ALBUMINAS (regulação osmótica).

HEmácias (glÓbulos vErmElHos)

Também chamadas de ERITRÓCITOS, são as células mais abundantes do sangue, com for-ma de disco bicôncavo, com cerca de 7nm de diâmetro e 1 a 2nm de espessura, conferin-do uma grande superfície em relação ao seu volume, o que facilita as trocas gasosas. Uma hemácia dura em média 90 a 120 dias, sendo destruída no fígado e no baço.

Elas são produzidas na medula óssea verme-lha, presente nos ossos chatos e curtos (bacia pélvica, vértebras, costelas, esterno, ossos cra-nianos). Sua cor deve se à presença da proteína conjugada HEMOGLOBINA em sua estrutura.

ANEMIA FALCIFORME - doença hereditária re-sultante de uma mutação genética que defor-ma as hemácias (forma de lua), tornando as

deficientes no transporte de oxigênio. Nesta mutação há troca do aminoácido ÁCIDO GLU-TÂMICO por VALINA na cadeia de DNA. Ocor-re nas populações negras, onde as hemácias falciformes não tem flexibilidade, morrem fa-cilmente, o sangue do portador desta doen-ça é mais viscoso, o fluxo do mesmo é mais lento, prejudicando o transporte de oxigênio, a quantidade deste gás no sangue diminui (HIPÓXIA).

Na espécie humana estas células são anuclea-das, embora se originem de células nucleadas na médula óssea. Um homem adulto sadio apresenta cerca de 5,5 milhões de hemácias p/ mm3 de sangue, enquanto a mulher apre-senta cerca de 4,5 milhões p/mm3 de sangue.

As hemácias tem sua forma influenciada por forças osmóticas, ou seja, em solução hipotô-nica elas absorvem água, aumentam de volu-me, ficam arredondadas; em solução hipertô-nica elas perdem água, diminuem de volume, ficam enrugadas (CRENADAS).

Estes números variam de individuo para in-divíduo, dependendo da altitude, estado de saúde, etc.

Nas grandes altitudes, este número aumenta para compensar o ar rarefeito (pouco O2). Nas anemias, subnutrição (devido a parasitas), es-tados pós-operatórios e menstruação (fême-as), este número diminui.

O tempo de vida das hemácias na corrente sangüínea é curto, e na sua produção, há ne-cessidade de hemoglobina, ferro, vitaminas B12 e elementos nutricionais. A função das hemácias é a de realizar os trocas de O2 e CO2

no organismo, devido à ação da hemoglobina que se associa a estes gases.

Homoglobina + O2 Oxihemoglobina (leva O2 às células)Hemoglobina + CO2 Carbohemoglobina (elimina CO2 das células)

Os compostos OXIHEMOGLOBINA E CARBO-HEMOGLOBINA são instáveis, recebendo e doando os gases facilmente. Mas, quando a hemoglobina se associa, ao CO (MONÓXIDO

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41DE CARBONO) forma um composto estável, ficando esta “imobilizada” para sua função de trocas de O2 e CO2. Este fato pode levar o indivíduo à morte, se inspirar uma quantidade alta de CO.

tipos dE lEucÓcitos (figura 01)

A sua classificação depende da forma do nú-cleo e da presença ou não de granulações no citoplasma:

1. GRANULÓCITOS - possuem granulações citoplasmáticas (NEUTRÓFILOS e EOSINÓ-FILOS). São produzidos na medula óssea.

2. AGRANULÓCITOS - não possuem granu-

lações citoplasmáticas (LINFÓCITOS e MO-NÓCITOS).

LINFÓCITOS - são muito ativos durante as rea-ções a ANTÍGENOS, na produção de anticorpos e na fagocitose. Característicos das inflama-ções crônicas, atuando, também, nas rejeições a enxertos. Seu núcleo é volumoso, arredonda-do e seu número normal é de 2000 p/ mm3 de sangue (30% do total de leucócitos) e duram de alguns meses a anos. Há dois tipos básicos: LINFÓCITOS B, que produzem ANTICORPOS, e os LINFÓCITOS T que atacam e destroem cé-lulas anormais, cancerosas ou infectadas por vírus. Ambos são essenciais à IMUNIDADE do individuo. São muito móveis, entram nos teci-dos, sendo encontrados na linfa; tem cerca de 7 um de diâmetro.

MONÓCITOS - relativamente grandes, com nú-cleo excêntrico de forma variável ou de rim, com grande atividade fagocitária nas infec-ções. Seu número normal é de 200 a 800 p/mm3 (3 a 8%). Duram alguns dias no sangue e meses no tecido conjuntivo. São eles que dão origem aos macrófagos. Possuem 10 a 12mm de diâmetro.

NEUTRÓFILOS - são os mais numerosos com cerca de 4.000 a 7.000 p/mm3 ( 60 a 70%) do número total de leucócitos. Na atuação fago-citária contra bactérias, quando morrem nesta luta, formam uma massa de pus (PIÓCITOS). Duram cerca de 7 dias apenas e seu núcleo apresenta de 3 a 5 lóbulos.

BASÓFILOS - de difícil localização nos esfrega-ços, menos numerosos, cerca de 50 a 100 p/mm3 de sangue (<1%), cujo núcleo tem forma de S, e produzem HISTAMINA (substância va-sodilatadora nas alergias, e HEPARINA).

HEMOGLOBINA + CO2 CARBOXIHEMOGLOBINA (estável)

IMPORTANTE: muitas doenças hereditárias são resultantes de mutação genética que altera a composição da hemoglobina, como no caso da TALASSEMIA e ANEMIA FALCIFORME.

HEMOGLOBINA - proteína conjugada (GLOBI-NA + FERRO)

lEucÓcitos ou glÓbulos brancos(soldados do organismo)

São células nucleadas maiores do que as he-mácias e em número bem menor do que as mesmas. Um adulto sadio tem cerca de 6.500 a 10.000 leucócitos p/mm3 de sangue. Este número pode variar, consideravelmente, em casos de infecção e alergias. Quando o núme-ro chega a 20.000 p/mm3 diz-se que há LEU-COCITOSE. Em casos de leucemia (câncer), este número pode chegar a 1milhão p/ mm3. Neste caso, os glóbulos brancos passam a se alimentar de hemácias. Nos recém-nascidos, o número varia de 15.000 a 18.000 p/mm3. Uma diminuição no número de leucócitos cha-ma-se LEUCOPENIA, havendo uma queda no sistema imunológico do indivíduo (AIDS por exemplo), aumentando a suscetibilidade às doenças oportunistas.

Os leucócitos são chamados de SOLDADOS do organismo pela função que eles têm de defender o corpo contra os micróbios nocivos e outros elementos estranhos. Para tanto, os leucócitos são capacitados a realizar FAGOCI-TOSE, englobando e destruindo os invasores e, também, produzem ANTICORPOS. Através da DIAPEDESE (capacidade de atravessar as paredes dos vasos sangüíneos), abandonam a corrente sangüínea para atacar e fagocitar. Os leucócitos são formados no baço, no timo e nas amigdalas.

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42CHOQUE ANAFILÁTICO - resulta de uma vasodilatação generalizada e uma intensa di-minuição do volume de sangue. Os músculos lisos dos brônquios se contraem, causan-do insuficiência respiratória e HEPARINA (anticoagulante).

EOSINÓFILOS OU ACIDÓFILOS - são comuns na mucosa intestinal e aumentam em nú-mero nos processos alérgicos. Deslocam-se para as áreas de infecção através de movi-mentos amebóides. Seu núcleo tem dois lóbulos unidos por uma delgada fibra de cro-matina e seu número varia de 150 a 400 (2 a 4%). Auxiliam na destruição de parasitas intestinais e no complexo antígeno- anticorpo.

plaquEtas ou trombÓcitos (trombos = coágulos)

São pequenas placas, com cerca de 2 a 4 nm de diâmetro anucleadas, resultantes da fragmentação de células grandes chamadas MEGACARIÓTICOS da medula óssea. Há cer-ca de 300 mil plaquetas p/mm3 de sangue, contendo granulações relacionadas à produ-ção da enzima TROMBOBLASTINA OU TROM-BOQUINASE, um dos fatores de coagulação, evitando-se as hemorragias. Duram em média 14 dias, e em caso de lesão do tecido, as pla-quetas atuam no sentido de evitar as hemor-

ragias. As plaquetas tem grânulos contendo SEROTONINA, ADP, FIBRINOGÊNIO, ACTINA e MIOSINA.

MECANISMO DA COAGULAÇÃO - é uma pro-priedade muito importante do plasma, que contém uma proteína solúvel chamada FIBRI-NOGÊNIO e consiste em produzir um emara-nhado de rede constituída de FIBRINA, prote-ína insolúvel que adere às paredes dos vasos sangüíneos. Para que ocorra a transformação do FIBRINOGÊNIO em FIBRINA, é essencial à ação da enzima TROMBINA, que se origina da PROTROMBINA, produzida no fígado; a pro-

Figura 01

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43dução da protrombina, só ocorre na presença da vitamina K. Os íons Ca++ e a enzima TROM-BOPLASTINA, agem como catalisadores sobre a PROTROMBINA circulante, convertendo-a em TROMBINA, a qual facilita a agregação das plaquetas. Na presença de Ca++ , ela tam-bém converte o FIBRINOGÊNIO em FIBRINA. Neste mecanismo estão envolvidos o retículo endoplasmáticos e o aparelho de Golgi que sintetizam enzimas e armazenam íons cálcio; também mitocomdrias fornecem ATP, ADP e Hormônios PROSTAGLANDINAS e fator estabi-lizador da fibrina.

COAGULAÇÃO DO VASO LESADO - o coágulo forma-se de 15 a 20s (trauma grave) ou em 2min (trauma leve). Este coágulo é formado de

uma malha de fibrina que aprisiona os elemen-tos do sangue, dificultando as hemorragias.

PROTROMBINA - é uma proteína plasmática, instável, com peso molecular 68.700, que divi-de-se compostos menores como a TROMBINA, de peso molecular 33.700.

FIBRINOGÊNIO - encontrado no plasma san-guíneo (100 a 700mg/dl), é produzido no fí-gado e tem peso molecular 340.000.

TROMBINA - enzima que age sobre o fibrino-gênio na presença de Ca++ transformando-o em fibrina, que se agrupa em longos filamen-tos formando as redes ou malhas do coágulo (casca de ferida).

FIBRINOGÊNIO TROMBINA COÁGULOFIBRINA

PROTROMBINA (fígado)

TROMBOPLASTINA + Ca++PLAQUETAS OU TECIDOS LESADOS

FÍGADOVITAMINA K PROTROMBINA Ca ++

TROMBOPLASTINA

2

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COÁGULOFIBRINA

FIBROGÊNIO

TROMBINA (enzima)

4

5

OBSERVAÇÃO: por que a Protrombina não se transforma naturalmente em trombina a qual-quer hora, o que seria um desastre?

Porque é bloqueada ou inibida pela heparina (anticoagulante), que existe no sangue.

Com a formação da rede de fibrina na região lesada, os elementos do sangue vão sendo aprisionados e impedidos de sair, formando-se uma barreira que estanca a hemorragia,

funcionando como um tampão no ferimento. Este processo pode durar de 5 a 6 minutos em pessoas normais.

Nas pessoas hemofílicas, isso demora e pode resultar em morte por grave hemorragia.

HEMOFILIA - doenças hereditária causada por GEN recessivo do cromossomo X, em que o portador tem dificuldade na coagulação do sangue, pela deficiência do fator VIII. Os san-

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44gramentos excessivos podem ser causados também pela deficiência da vitamina K, por problemas hepáticos (cirrose, hepatite), que são fatores de formação da PROTROMBINA. A vitamina K, lipossolúvel, é sintetizada continu-amernte no tubo digestivo por certas espécies de bactérias.

tEcido linfático

A linfa assemelha-se ao sangue pela presença de linfócitos e alguns leucócitos, embora não possua hemácias, plaquetas nem monócitos. Seu plasma é de composição variável de uma região para outra do organismo, como ocorre no mesentério, após a absorção de nutrientes. A linfa é rica em lipídios, recebendo o nome de QUILO.

LINFONODOS OU GÂNGLIOS LINFÁTICO - são órgãos encapsulados formados por tecido lin-fóide e que ocorrem ao longo do trajeto dos vasos linfáticos e necessitando a linfa passar por eles, para ser filtrada. Eles ocorrem na viri-lha, nas axilas, ao longo dos grandes vasos do pescoço e em grande quantidade no tórax e abdome, especialmente no mesênquima.

Os gânglios linfáticos são pequenos órgão achatados em forma de rim ou fava, com al-guns milímetros de tamanhos, mas podem atingir até 2cm; apresentam um lado conve-xo e outro côncavo, com uma fenda chamada HILO, de onde partem veias e penetram asté-rias nutridoras. A cápsula protetora do gânglio é de tecido conjuntivo denso, abundante em colágeno. O mesmo tem ação filtrante sobre a linfa que o atravessa, de volta ao sangue, reti-rando 90% dos antígenos que penetram pelas vias arferentes.

Os linfonodos se distribuem por várias partes do corpo, sendo mais freqüentes no pescoço, virilhas, axilas, ao longo dos grandes vasos e nas cavidades do corpo. Os mesmos reagem contra a presença de antígenos organizando uma reação imunológica em que os MACRÓ-FAGOS fagocitam bactérias e vírus que che-gam até eles pela linfa.

A porção convexa dos linfonodos é perfurada por VASOS LINFÁTICOS AFERENTES, cujas VAL-VAS se encarregam da entrada da linfa. A linfa

também sai dos linfonodos pelos VASOS EFE-RENTES, cujas VALVAS impedem o refluxo ou retorno da linfa para o linfonodo.

TIMO - órgão linfático primário onde os LINFÓ-CITOS T amadurecem; não apresenta nódulos, tem dois lóbulos envoltros por uma cápsula de tecido conjuntivo denso localizado no me-diastino, atrás do esterno. Durante a infância atinge cerca de 50g, involuindo na puberdade. Este órgão se forma na 6ª semana embrioná-ria e suas células produzem quatro hormônios essenciais: TIMOSINA, TIMOPOETINA, TIMULI-NA e o FATOR TÍMICO HUMORAL. Ao nascer, a criança já apresenta o TIMO completamente formado, o qual começa a regredir antes de se atingir a puberdade, mas não desaparece totalmente no adulto. Sua importância para as atividades imunológicas é grande e se extir-pado deixa o indivíduo com baixa imunidade, podendo sucumbir às infecções generalizadas por deficiência na produção de anti-corpos.

SINDROME DE DIGEORGE - incapacidade con-gênita do TIMO se desenvolver.

BAÇO - é um órgão linfóide secundário, maior acúmulo do tecido linfóide do corpo huma-no, localizado na parte superior do abdome, com cerca de 200g. Rico em células fagocitá-rias, sendo importante órgão de defesa contra micróbios e grande destruidor de células de-feituosas, desgastadas ou velhas; produz anti-corpos com formação de plasmócitos.

O baço tem características de um filtro com-plexo como ocorre com os gânglios linfáticos, mas acha-se interposto na corrente sanguínea da qual elimina células sanguíneas velhas ou danificadas e partículas estranhas, sendo o lo-cal da reações imunológicas frente a antígenos transportados pelo sangue. Envolto por uma cápsula de tecido conjuntivo denso, rico em colágeno, recebendo sangue arterial pela AR-TÉRIA ESPLÊNICA, a qual se divide ao penetrar no HILO que é uma fenda ou abertura voltada para o estômago.

CIRCULAÇÃO DO BAÇO - este órgão é irrigado pela artéria esplênica e é drenado pela veia es-plênica; estes dois vasos chegam e saem, res-pectivamente, do baço através do HILO.

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45REMOÇÃO DO BAÇO - mesmo exercendo fun-ções importantes, se o baço for retirado (ES-PLENECTOMIA), o indivíduo não sofrerá danos irreparáveis porque outros órgão substituírão suas funções, como o fígado e a medula óssea.

atividadEs

1. Caracterize funcionalmente o tecido san-guíneo

2. Como atuam a células sanguíneas chama-das hemácias no transporte de O2 e CO2?

3. Faça desenhos esquemáticos dos glóbulos vermelhos e brancos

4. Justifique a denominação SOLDADOS do or-ganismo para caracterizar os LEUCÓCITOS

5. Quais as causas e sintomas da LEUCOPE-NIA e LEUCOCITOSE ?

6. Quais as funções dos diferentes tipos de glóbulos brancos ?

7. Explique resumidamente, o mecanismo da COAGULAÇÃO SANGUÍNEA

8. Identifique as diferenças básicas entre san-gue e linfa

9. Qual a importância do TIMO e do BAÇO no organismo?

10.Caracterize a Hemofilia.

rEfErênciasAMABIS, José Mariano; MARTHO. Gilberto Ro-drigues. Biologia das Células: origem da vida, citologia, histologia, embriologia. São Paulo: Moderna, 1995.

DI FIORI, Mariano S.H. Atlas de Histologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1997.

GARTNER, Leslie P; HIATT, James L. Tratado de Histologia em cores. 2. ed. Rio de Janeiro: Gua-nabara Koogan, 2003.

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tEcido muscular

profa. Maria do Socorro Ribeiro Nunes prof. Olímpio Januário Cavalcante I carga horária: 10 horas

introdução

Neste capítulo trataremos do TECIDO MUS-CULAR, de suas células ou FIBRAS, especiali-zadas em produzir CONTRAÇÕES, mecanismo que permite a movimentação e locomoção dos animais. Nele vamos identificar três tipos de células, demonstrando as diferenças estru-turais e funcionais.

tEcido muscularConstituído por células alongadas, chamadas de FIBRAS MUSCULARES ou MIÓCITOS que se originam do mesênquima, tecido embrio-nário proveniente do MESODERMA. Estas células são altamente especializadas em se contraírem, produzindo os MOVIMENTOS do organismo.

Durante a diferenciação celular, as células do mesoderma se alongam gradualmente e sintetizam proteínas filamentosas que vão se organizar em direções específicas, de acor-do com o tipo de músculo que vão formar: ESTRIADO, LISO OU CARDÍACO. A presença das proteínas ACTINA e MIOSINA, é de fun-damental importância para a realização da CONTRAÇÃO da fibra muscular.

Cerca de 40% do corpo animal é constituído de músculo esquelético e 10% de músculo liso e cardíaco. Os animais realizam seus mo-vimentos de locomoção, constrição, bombe-

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48amento de sangue, movimento de propulsão, impulsão dos alimentos, das secreções das glândulas excreções, através da contração das fibras musculares. Para tanto é necessário con-sumo de energia fornecida pelo ATP (TRIFOS-FATO DE ADENOSINA).

O citoplasma da fibra muscular recebe o nome específico de SARCOPLASMA, e a membrana plasmática é denominada SARCOLEMA. No sarcoplasma encontra-se um elevado número de MIOFIBRILAS, altamente contráteis, a ACTI-NA e MIOSINA, que são proteínas.

A função do RETÍCULO SARCOPLASMÁTICO é principalmente regular o teor de íons Ca++

dentro das miofibrilas, o que determina se os filamentos delgados de ACTINA interagi-rão com os filamentos espessos de MIOSINA para a produção da contração muscular. No relaxamento do músculo os íons cálcio ficam armazenados no interior do retículo. O fluído extra-celular é a fonte primária de íons cálcio para esta contração.

classificação do tEcido muscular

Baseada na apresentação e funcionamento das fibras, o tecido muscular está classificado em:

1. Tecido Muscular Estriado ou Esquelético2. Tecido Muscular Liso3. Tecido Muscular Cardíaco

MÚSCULO ESTRIADO (ESQUELÉTICO)

Suas células são fusiformes, cilíndricas, muito alongadas, com grande número de núcleos periféricos. Apresentam estriações transversais e possuem uma proteína chamada MIOGLOBI-NA, que lhe confere a cor vermelha, com papel de realizar transporte de oxigênio dentro da célula. Ao longas das fibras estriadas ocorrem células alongadas, achatadas, contendo um só núcleo escuro, chamadas CÉLULAS SATÉLITES, que são MIOBLÁSTOS persistentes que atuam na regeneração. As fibras musculares se agru-pam em feixes ou FASCÍCULOS.

As fibras ou células musculares estriadas for-mam os MÚSCULOS ESQUELÉTICOS, de con-tração VOLUNTÁRIA, ou seja, a velocidade da

contração depende da vontade do organismo; os mesmos se inserem no esqueleto do animal, produzindo seus movimentos; o controle da contração é de responsabilidade de um nervo motor, cujas terminações se inserem na fibra muscular, num ponto chamado PLACA MOTO-RA OU JUNÇÃO NEUROMUSCULAR.

As fibras musculares esqueléticas podem al-cançar até 30cm de comprimento, mas sua espessura varia de 20 a 100nm; as mesmas estão dispostas paralelamente umas às outras deixando espaços intercelulares que são pre-enchidos por CAPILARES CONTÍNUOS.

Às fibras estriadas chegam, pelo menos, dois tipos de fibras nervosas que são as motoras e sensitivas. O aumento do tamanho do mús-culo durante o crescimento do corpo, ou por preparação muscular, deve-se ao aumento da espessura de cada fibra. O aumento da espes-sura chama-se HIPERTROFIA e sua diminuição, com a redução da massa muscular por falta de uso, chama-se ATROFIA.

tipos dE fibras muscularEs EsquElÉticas

CARACTERÍSTICASFIBRAS

MUSCULARESVERMELHAS

FIBRAS MUSCULARES

BRANCAS

Vascularização Rico suprimento vascular

Suprimento vascular maispobre

Inervação Fibras nervosas menores

Fibras nervosas maiores

Diâmetro da fibras Menor Maior

Contração Lentas mas re-petitivas, nãose fatigam facil-mente, contra-ção mais fraca.

Rápida mas fatigam rapidamente, contraçãomais forte.

Retículo Sarcoplasmático

Não é extenso Extenso

Mitocôndrias Numerosas Poucas

Mioglobina Ricas Pobres

Enzimas Ricas em enzi-mas oxidativas,pobres em adenosina trifos-fatase

Pobres em enzi-mas oxidativas,ricas em fosfori-lases e adenosi-na trifosfatase

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49EnvoltÓrios do músculo

Cada fibra muscular (célula) está envolvida por uma fina camada de tecido conjuntivo denso, chamado ENDOMÍSIO; o conjunto de fibras forma feixes ou FASCÍCULOS, os quais são envolvidos por tecido conjuntivo, chamado PERIMÍSIO; e os feixes são envolvidos por outra camada de tecido conjuntivo denso, recebendo o nome de EPIMÍSIO. No filé-mig-non, o perimísio e o epimísio são menos numerosos, portanto é uma carne mais macia. Os músculos são fixados ao esqueleto através dos tendões unidos ao epimísio. (Figura 01)

tEcido muscular liso ou viscEral

Formado por células ou fibras fusiformes pe-quenas, com oitenta a duzentos µm de com-primento, contendo um único núcleo central, em forma de bastonete. Estas células não apresentam estrias transversais, em que os filamentos de ACTINA e MIOSINA não estão alinhados ao longo da fibra. Sua contração é lenta e não depende da vontade do indivíduo (CONTRAÇÃO INVOLUNTÁRIA), ocorrendo em órgãos viscerais como o intestino, o estômago, o útero, em canais excretores das glândulas e nas paredes dos vasos sanguíneos. Os movi-mentos peristálticos do esôfago, do estômago e do intestino, como também a contração da bexiga e do útero, dependem da atividade dos músculos lisos. As células dos músculos lisos de células mesenquimais embrionárias, com exce-ção do músculo da íris, que se originam de cé-lulas NEUROECTODÉRMICA. As fibras lisas não

possuem sistema de túbulos T e sua contração é regulada pelo SISTEMA NERVOSO AUTÔ-NOMO, por hormônios (como BRADICININA), e condições fisiológicas internas. (Figura 02)

Figura 01

Figura 02

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50A musculatura lisa é inervada pelo sistema nervo-so autônomo (vias simpáticas e parasimpáticas).

Durante a gravidez, a musculatura lisa aumen-ta consideravelmente de volume, com aumen-to do tamanho e do número de suas células.

O músculo liso se regenera facilmente nas lesões causadas pelo infarto e as partes destruídas, são ocupadas por fibroblastos que produzem fibras colágenas, formando a cicatriz de tecido conjuntivo (NECROSE TISSULAR). (Figura 03)

tEcido muscular cardíaco

Suas células ou fibras (CARDIÓCITOS), são estriadas, sendo uma variedade especial do tecido esquelético. Possuem um único núcleo central, tem contração involuntária, sendo encontrado apenas no coração (MIOCÁRDIO) e nas veias pulmonares, no local de junção com o coração, SENDO INERVADO PELO SIS-TEMA NERVOS ANOTÔNOMO. Não se re-genera, suas células sofrem divisões após a diferenciação celular, até pouco antes do nas-cimento; após o parto estas células apenas aumentam de tamanho.

O sistema de túbulos T não é tão organiza-do quanto nas fibras esqueléticas. Suas células unem-se umas as outras através de DISCOS IN-TERCALARES, membranas que separam as cé-lulas. Estes discos atravessam toda a espessura das fibras e são encontrados sempre ao nível da parte média das bandas I onde se localizam as linhas Z. Os cardiócitos diferem das células do músculo esquelético quanto à forma e ta-manho, elas são cilíndricas, mas o SARCOLE-MA (membrana plasmática) é semelhante.

O miocárdio do indivíduo adulto é formado por uma rede de células ramificadas, anasto-mosadas, em forma de lâminas separadas por finas camadas de tecido conjuntivo, contendo vasos sanguineos, nervosos e o sistema condu-tor do coração.

As fibras cardíacas podem alcançar 15mm de diâmetro por 80nm de comprimento, são ricas em mitocôndrias, havendo grande consumo de energia pelo coração; possuem glicogênio e triglicerídeos.

distrofia muscular dE ducHEnE E dE bEckEr(dEgEnEração progrEssiva dos músculos)

A primeira citada é miopatia hereditária liga-da ao cromossomo sexual X, cujos sintomas surgem antes da criança completar 5 anos de vida, com lesões progressivas das fibras muscu-lares, levando à morte prematura, geralmente aos 20 anos. A pessoa não produz distrofina, tem dificuldade de se levantar e passa toda a infância e adolescência deitada. Há acentuada

Figura 03

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51fraqueza muscular que pode ser fatal quando atinge os músculos respiratórios ou resultam em arritmia cardíaca.

A DISTROFIA DE BECKER - é menos grave, a pessoa produz distrofina em quantidade abai-xo do normal, o que ocasiona dificuldade para andar.

miofibrilas

São conjuntos de miofilamentos paralelos de ACTINA e MIOSINA (proteínas contráteis), com espessuras de 1 a 2µm, sendo a actina mais fina e a miosina mais grossa. Suas es-triações transversais são chamadas BANDAS

ou DISCOS e nas áreas contendo actina a luz polarizada desvia-se numa única direção, pro-duzindo discos claros ou ISOTROPICOS (disco 1). Ao atravessar regiões onde há tanto actina como miosina, a luz toma várias direções, for-mando um disco escuro, ANISOTRÓPICO, cha-mados discos A (banda A). Cada banda A tem uma zona transversal menor chamada faixa H (HELL=CLARO), no centro de cada banda ou disco I aparece uma linha transversal escura, a linha Z ou disco Z; no centro da faixa H existe uma linha estreita , a linha M.

A região da miofibrila compreendida entre dois discos z sucessivos é denominada de SAR-CÔMERO. (Figura 04)

SARCÕMERO É A UNIDADE ESTRUTURAL E FUNCIONAL DA MIOFIBRILA, ou seja, é a me-nor porção da célula muscular capaz de se contrair. O sarcômero mede cerca de 2,5 µm de comprimento, variando com o estado de contração do músculo.

Durante a contração a extensão da banda A permanece inalterada enquanto a banda I di-minui progressivamente.

A banda A contém MIOSINA e um pouco de ACTINA e a banda I só contém ACTINA. A mo-lécula de MIOSINA é constituída por 6 cadeias polipeptídicas: 2 cadeias pesadas (peso mole-cular de 200.000) e 4 cadeias leves (20.000 cada). As 2 cadeias pesadas são semelhantes a tacos de golfe, elas se enrolam entre si para formar uma dupla hélice; a extremidade de cada uma dessas cadeias é dobrada, formando massa protéica globosa chamada CABEÇA DA

Figura 04

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52MIOSINA. Assim, ocorrem duas cabeças livres, uma ao lado da outra, em uma extremidade da dupla hélice. A cabeça da MIOSINA possui locais específicos para combinação com ATP.

ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DAS MIOFIBRILAS (FIGURA 05)

Os filamentos de MIOSINA são mais grossos, com cerca de 15mm de espessura e 1,5µm de comprimento, semelhantes a bastões parale-los, entrelaçados; os filamentos de ACTINA são mais delgados com cerca de 7mm de diâmetro por 1,0µm de comprimento, e partem do dis-co Z em direção ao centro de dois sarcômeros adjacentes (direções opostas). Portanto, um SARCÔMERO é delimitado por duas linhas ou discos Z. Os filamentos de MIOSINA são com-postos por duas cadeias pesadas idênticas de MEROMIOSINA, semelhantes a tacos de golfe e por dois pares de cadeias leves. Na extremi-dade da miosina as duas cadeias pesadas se separam e cada uma delas formam uma CABE-ÇA GLOBULAR que se aderem às duas cadeias leves.

A dupla MIOSINA E ACTINA é presa a certas proteínas integrais da membrana plasmática da fibra muscular através de outras proteínas, como a DISTROFINA.

o mEcanismo dE contração muscular

É um mecanismo muito complexo, que depen-de de energia, envolvendo fenômenos físicos e químicos. A principal fonte de energia é forne-

cida pela glicose que fica armazenada no ATP e FOSFOCREATINA, transformando a energia química em energia mecânica.

O sistema de túbulos do citoplasma (sistema T) é essencial ao processo de contração, libe-rando íons Ca++ e Mg++ do interior da célula.

O SARCÔMERO EM REPOUSO - os filamentos de actina e miosina se sobrepõem parcialmen-te, as linhas Z estão mais distantes.

A contração muscular obedece à “lei do tudo ou nada”, desencadeada por impulsos nervo-sos, em que cada fibra se contrai ou não, em resposta ao estímulo. Por exemplo, a contração do músculo bíceps, é dependente da quanti-dade de miócitos ou fibras que se contraem.

A contração se inicia na faixa ou disco A (escu-ro) no qual os filamentos de actina e miosina se sobrepõem. São os filamentos de actina que deslizam sobre os filamentos miosina, durante a contração (Teoria do filamento deslizante de Huxley). (Figura 06)

Figura 05

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Etapas da contração

a. Ao receber o estímulo nervoso, o sistema T do citoplasma libera íons Ca++ e Mg++ en-tre os miofilamentos protéicos, ativando a miosina, que empurra a actina. Isso ocorre com a liberação da energia das ligações do ATP (MOEDA ENERGÉTICA), que se trans-forma em ADP + P.

b. A energia liberada é que faz a miosina so-frer uma curvatura em sua estrutura, libe-rando a actina, que, então desliza para o centro do sarcômero.

c. Assim as linhas Z se aproximam, deter-minando o encurtamento do sarcômero (CONTRAÇÃO).

À medida que as “cabeças” de miosina empur-ram a actina, novas uniões ACTINA-MIOSINA se reorganizam pela ação do ATP, já preparan-do o músculo para o repouso (relaxamento).

OBSERVAÇÃO: um músculo privado tanto de ATP como de FOSFOCREATINA não se contrai-rá. Na ausência de Fosfocreatina, mesmo exis-tindo ATP, ele se contrai, até esgotar o estoque.

Desprovido de ATP, na presença de ADP e FOS-FOCREATINA o músculo se contrai, pois os fos-fatos livres (P) se ligam ao ADP, restabelecendo o estoque de ATP.

Na ausência de ADP e FOSFOCREATINA, entre-tanto o músculo não se contrai.

Na ausência de ATP a ligação ACTINA-MIOSI-NA se torna estável. Isso explica a rigidez cada-vérica após a morte (RIGOR MORTIS).

Quem abastece o ADP DE P (fosfato) é a FOS-FOCREATINA (através dos alimentos).

Figura 06

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54EnErgia para contração muscular

O GLICOGÊNIO, polissacarídeo armazenado no fígado, sofre “quebra” e se transforma em açú-cares mais simples, GLICOSE, liberando ener-gia necessária para o ADP se ligar a radicais li-vres de fosfato (P), originando ATP. Esta moeda energética libera a energia para os movimen-tos de ACTINA sobre MIOSINA (contração).

A CREATINA também é envolvida na contração muscular, fornecendo energia extra ao fosfa-to, para ADP formar ATP.

Quando há deficiência de O2, devido ao exces-so de atividade muscular, a oxidação do glico-gênio é prejudicada. Nestas condições anae-róbicas, as fibras musculares passam a realizar a fermentação láctica (ácido láctico). Este fer-mento se acumula no músculo, causando a FADIGA MUSCULAR, com dores. O ácido lác-tico é tóxico, e o músculo fica incapaz de se contrair.

UNIDADE MOTORA (CONTATO NEUROMUS-CULAR) - formada pela fibra nervosa e pelas fibras musculares, que ela inerva. A PLACA MOTORA é a zona de contato entre uma fibra nervosa motora e uma fibra do músculo es-quelético. A fibra nervosa se ramifica tomando aspecto de uma mão com dedos de compri-midos variados; esta zona de contato se en-grossa em forma de placa PLACA MOTORA, que é considerada uma SINAPSE modificada, e suas vesículas contém ACETILCOLINA que atua como substância neurotransmissora para a propagação do estímulo nervoso a partir do axônio (nervo) até o sarcolema (músculo). No local da inervação o nervo perde sua bainha de mielina e forma uma dilatação que se co-loca dentro de uma abertura da superfície da fibra muscular (placa motora). Cada neurônio motor e as fibras musculares que ele contro-la chama-se UNIDADE MOTORA; estas fibras musculares contraem-se harmonicamente e seguem a LEI DO TUDO OU NADA.

A rigidez cadavérica, verificada hora após a morte deve-se à falta de ATP, o que impede a separação da ACTINA e MIOSINA.

OBSERVAÇÃO: as fibras ou miocitos não são capazes de controlar a intensidade da contra-ção muscular; o que faz o músculo se contrair é o número e tamanho das UNIDADES MO-TORAS estimuladas ou ativadas pelo IMPULSO NERVOSO. A enzima ACETILCOLINESTERASE tem a função de hidrolizar ou degradar em milésimos de segundo o excesso de ACETILCO-LINA na abertura SINAPTICA da placa motora, o que é essencial para evitar o contato pro-longado deste hormônio com os receptores do sarcolema. A acetilcolina se degrada em com-postos mais simples, o ACETATO e COLINA.

FADIGA MUSCULAR - deve-se a contração forte e prolongada do músculo com a dimi-nuição da taxa de glicogênio muscular, o que resulta da incapacidade dos processos de con-tração e metabolismo das fibras musculares de continuar a produzir a mesma quantidade de trabalho.

REGENERAÇÃO MUSCULAR - as fibras do mús-culo esquelético do animal adulto perdem a capacidade de sofrer divisões mitóticas e por isso, quando lesado o mesmo não se regenera. Mas as células Satélites localizadas no tecido conjuntivo vizinho se multiplicam, regene-rando o músculo, fenômeno que pode levar à HIPERPLASIA e em conseqüência um lesão muscular. OS MIÓCITOS CARDÍACOS não se regeneram após a formação do feto; ocorren-do uma lesão no MIOCÁRDIO (INFARTO), os fibroblastos se deslocam para a região lesada, passam a se multiplicar por MITOSE, originan-do tecido conjuntivo fibroso (CICATRIZ), repa-rando a lesão.

O músculo liso é capaz de se regenerar, pois suas células mantém a propriedade de se di-vidirem por mitose como ocorre nas vísceras e útero grávido.

atividadEs

1. Faça um esquema identificando as dife-renças básicas entre os três tipos de tecido muscular.

2. Identifique a origem da energia para con-tração muscular.

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553. Explique a LEI DO TUDO OU NADA Huxley.

4. A que se deve a rigidez do cadáver (Rigor mortis)?

5. Qual a atuação das proteínas MIOSINA E ACTINA no músculo?

6. Descreva o SARCÔMERO.

7. Qual a importância do cálcio na contração muscular?

8. Qual a causa das câimbras?

9. Faça a correlação dos termos SARCOLEMA e SARCOPLASMA com componentes de outras células animais.

10.Pesquise e responda sobre as causas e sintomas:

BOTULISMO MIASTENIA GRAVE

11.Importância dos anabolizantes (critique ou defenda)

12.Qual a causa do alto teor de ácido láctico no músculo fatigado.

rEfErênciasAMABIS, José Mariano; MARTHO. Gilberto Ro-drigues. Biologia das Células: origem da vida, citologia, histologia, embriologia. São Paulo: Moderna, 1995.

DI FIORI, Mariano S.H. Atlas de Histologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1997.

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SOARES, José Luis. Biologia Vol 1. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1955.

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tEcido nErvoso

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introdução

Este capítulo aborda o tecido nervoso como responsável pela comunicação entre os ani-mais e o seu meio ambiente caracterizando como um especialista na recepção e condu-ção dos ESTÍMULOS originados fora ou no interior do corpo. Vamos identificar 2 tipos de células, NEURÔNIOS e célula GLIA ( NEU-RÓGLIA OU GLIÓCITOS). Daremos ênfase ao mecanismo da transmissão do impulso nervo-so e sua importância na manutenção da vida.

tEcido nErvoso

É responsável pela INTEGRAÇÃO e COORDE-NAÇÃO das funções de vários outros tecidos e órgãos, da manutenção do equilíbrio do organismo com o meio ambiente, da me-mória, emoção, dor, prazer, raiva, etc; estas atividades requerem ligação coordenada en-tre os ESTÍMULOS e as RESPOSTAS entre os órgãos RECEPTORES e os órgãos EFETORES. Suas células realizam a COMUNICAÇÃO do animal com o meio em que vivem, recebendo e dando respostas adequadas aos estímulos que chegam às mesmas. Este tecido se origi-na do ECTODERME e apresenta em torno de um trilhão de células (NEURÔNIOS).

Um estímulo é definido como uma modifica-ção do ambiente externo ou interno, capaz de induzir RESPOSTAS especificas do organismo.

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58funçõEs do tEcido nErvoso

• Detectar, transmitir, analisar as informa-ções oriundas do estímulos sensoriais (ca-lor, luz, energia mecânica, modificações químicas do meio externo e interno.

• Organizarecoordenar,diretaouindireta-

mente, o funcionamento da maioria das funções (motora, viscerais, endócrinas e psíquicas), atuando de modo a estabilizar as condições vitais, como pressão sangui-nea, tensão entre os gases O2 e CO2, teor de glicose, hormônios, enzimas etc.

cÉlulas do tEcido nErvoso(nEurônios E nEurÓglia)

NEURÔNIOS - são células altamente diferencia-das e especializadas ainda na fase embrionária, capazes de realizar as funções mais complexas do corpo animal, através de duas propriedades IRRITABILIDADE e CONDUTIBILIDADE, ou seja, capacidade de reagir a diferentes estímulos e de transmiti-los a outras células, glândulas ou músculos.

Os neurônios são incapazes de se regenerarem, pois perdem o poder de se dividirem após o nascimento do indivíduo; os mesmos realizam suas atividades em parceria com os hormônios sintetizados no corpo celular (NEUROHORMÔ-NIO OU NEUROTRANSMISSORES)

MORFOLOGIA DE UM NEURÔNIO - todo neu-rônio é composto de 3 partes distintas: corpo celular, denditros e axônio. (Figura 01)

CORPO CELULAR (SOMA OU PERICÁRIO) - é o centro trófico do neurônio, constituído pela membrana plasmática (AXOLEMA), citoplasma (AXOPLASMA) e NÚCLEO.

O CITOPLASMA do neurônio apresenta todas as organelas importantes para a sobrevivência da célula, como mitocôndrias, centríolo, com-plexo de Golgi, retículo endoplasmático gra-nular bem desenvolvido, rico em polirribosso-

mos chamados corpúsculos de NISSL e retículo endoplasmático liso. Ocorrem no citoplasma as NEUROFIBRILAS que se estendem até os prolongamentos e INCLUSÕES, tais como a melanina, pigmentos de lipofucsina e gotícu-las de lipídios.

O NÚCLEO do neurônio é relativamente gran-de, ovóide ou esférico e central. No seu interior ocorrem os cromossomos (GENS, DNA).

Figura 01

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59prolongamEntos (dEndritos E axônio)

DENDRITOS OU NEUROFILAMENTOS (DEN-DRON = ÁRVORE) - apresentam as mesmas organelas do corpo celular, com exceção do complexo de Golgiense. São prolongamentos múltiplos, curtos, ramificados, que partem do centro celular, semelhantes a antenas, cons-tituindo as regiões sensíveis do neurônio. Há neurônios que só apresentam um dendrito e outros não possuem nenhum.

Os dendritos aumentam a superfície do neurô-nio, possibilitando a recepção dos IMPULSOS NERVOSOS (IN) e sua condução ao centro ce-lular (MOVIMENTO CENTRÍPETO). São abun-dantes em MITOCONDRIAS e tornan-se mais delgados à medida que se ramificam.

Os denditros recebem estímulos de outras cé-lulas nervosas, e o padrão de suas ramificações é característicos de cada espécie de neurônio. Suas ramificações formam muitas terminações sinápticas aumentando o raio de ação do neu-rônio para receber e integrar milhares de im-pulsos nervosos.

Os dendritos podem apresentar-se revestidos por pequenas saliências superficiais chamadas ESPINHOS ou ESPINHAS (GÊMULAS) os quais estabelecem sinápses com axônios de outros neurônios. Os espinhos (spinae) diminuem com a idade e com a alimentação deficiente. Elas podem sofrer alterações estruturais em pessoas portadoras da síndrome de Down ou mongolismo.

AXÔNIOS - prolongamentos mais longos que os dendritos, mas só ocorre um por célula; res-ponsáveis pela condução do impulso nervoso do corpo celular para os neurônios, glându-las ou para células musculares (MOVIMEN-TO CENTRÍFUGO). Os axônios se originam no corpo celular, numa área piramidal chamada

CONE DE IMPLANTAÇÃO OU CONE DE INICIA-ÇÃO, que não possui substância de NISSL. Sua espessura está relacionada com velocidade de condução do IN: quanto menor a espessura maior a velocidade da condução; mas essa es-pessura é constante para cada tipo de neurô-nio. Ao longo de alguns tipos de axônio ocor-

Figura 02

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60rem os RAMOS COLATERAIS, que se estendem perpendicularmente, em ângulo reto ao tronco do axônio. São encontrados no sistema nervo-so central (SNC), aumentando o poder de co-nexão com outros neurônios. Alguns axônios são curtos mas geralmente são mais longos do que os dendritos.

Nas proximidades da zona terminal do axônio, os ramos colaterais se dividem em pequenos ramos, como uma arborização terminal, for-mando o TELODENDRO, que desemboca numa vesícula ou bolsa, chamada BULBO TERMINAL ou BOTÃO SINÁPTICO. Nestes botões há ar-mazenamento dos NEUROTRANSMISSORES ou NEUROHORMÔNIOS, como a acetilcolina, noradrenalina, adrenalina, dopaminas, seroto-ninas, etc.

A membrana plasmática ou AXOLEMA (Ex-trato Mielinico) do axônio pode apresentar-se envolvida por uma bainha de MIELINA (extra-to mielinico) ou não. A bainha de mielina é constituída de lipídios (FOSFOLIPÍDIOS) e atua como ISOLANTE ELÉTRICO, proporcionando melhor desempenho e maior velocidade do impulso nervoso no axônio. Ocorre nos neurô-nios do SNC e SNP.

Os axônios amielínicos (sem bainha de mielina) conduzem o IN com menor velocidade.

CÉLULAS DE SCHWANN (Oligodendrocitos) - ocorrem em certos tipos de neurônios, em que as mesmas se enrolam em torno dos axônios, assemelhando-se a um ROCAMBOLE; os es-paços entre uma célula e outra são chamados NÓDULOS DE RANVIER (NÓS NEUROFIBRO-SOS), que são constrições ou estrangulamen-tos da bainha de mielina.

A deteriorização gradativa da bainha de mie-lina em certos neurônios origina doenças gra-ves, como a ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM) com danos irreparáveis na coordenação nervosa do indivíduo. Esta doença surge entre 15 a 45 anos de idade, sendo 1,5 vezes mais comum nas mulheres.

Os neurônios atingidos com a destruição da bainha de mielina são do SNC (nervo óptico, cerebelo, substância branca do cérebro, da medula espinhal e dos nervos cranianos e es-

pinhais). A destruição provavelmente resulta de uma doença auto-imune causada por um agente infeccioso.

sinapsEs nErvosas(syn=união+apsEyn=tocar)

Região de transmissão dos impulsos nervosos de um neurônio (PRÉ-SINÁPTICO) a outro neu-rônio, uma fibra muscular ou glândula (PÓS-SINAPTICA) não havendo CONTINUIDADE DE UM NEURÔNIO com outro e sim pontos de ContIgÜIdade ou vizinhança entre eles. Esta transmissão pode ocorrer eletricamente ou quimicamente, podendo ser entre dois neurô-nios, entre um neurônio e uma glândula ou entre um neurônio e um músculo.

• SINAPSES NEURONEURÔNIOS (entre doisneurônios)

• SINAPSES NEUROMUSCULARES (placamotora)

• SINAPSES NEUROGLANDULARES (neurô-nios e glândula)

As sinapses são pontos de junção, local vanta-joso para o controle da transmissão de sinais. A memória é o armazenamento de informa-ções, função das sinapses.

As sinapses elÉTricaS não são comuns nos ma-míferos, mas ocorrem no tronco encefálico, na retina e no córtex cerebral, sendo representa-das por junções de comunicação, permitindo a passagem de íons entre as células nervosas.

A SINAPSES QUÍMICAS são as mais freqüentes e nestes pontos há liberação de substâncias es-peciais, os neurotransmissores ou MEDIADO-RES QUÍMICOS, como acetilcolina, adrenalina e noradrenalina, que são chamadas de molé-culas sinalizadoras.

As vesículas sinápticas, são estruturas esféricas, com diâmetro em torno de 50µm onde são ar-mazenados os neurotransmissores produzidos e empacotados no corpo celular; o transpor-te dessas substâncias do corpo celular para as vesículas sinápticas é protegido ao longo do trajeto por certas enzimas do axoplasma, evi-tando a destruição das mesmas.

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61O veneno curare tem o poder de impedir a ação destes neurotransmissores, causando a morte devido à paralisação dos músculos. Ga-ses de uso militar, e inseticidas inibem à ação da enzima COLINESTERASE, causando a des-coordenação do impulso nervoso, espasmos violentos e morte.

NORADRENALINA OU NOREPINEFRINA - atua sobre todas as sinapses com exceção das glân-dulas sudoríparas (ÉCRINAS). É um neurotrans-missor das sinapses entre as fibras simpáticas pós-ganglionares e os órgãos efetores.

ADRENALINA OU EPINEFRINA - efeito estimu-lante

SEROTONINA - inibidora da dor,controla o hu-mor e o sono.

ACETILCOLINA - atua sobre todas as sinapses entre as fibras pré-ganglionares parassimpáti-cas e pós-ganglionares, e entre as terminações pós-ganglionares parassimpáticas e os órgãos efetores.

DOPAMINA - atua sobre o sistema nervoso central, sua ausência pode causar a doença de Parkinson.

ENDORFINAS - analgésico, inibe a transmissão da dor.

tipos dE nEurônios (classificação)

Morfologicamente, os neurônios são classificados em três grupos:

1. NEURÔNIOS BIPOLARES - só pos-suem 2 prolongamentos, um dendri-to e um axônio. Ocorrem nos glân-glios vestibulares e cocleares e no epitélio olfativo da cavidade nasal.

2. NEURÔNIOS UNIPOLARES - possuem apenas um prolongamento (axônio), saindo do corpo celular, embora o mesmo se ramifique posteriormen-te, originando um ramo periférico e outro central (penetra no SNC). Ocorrem nos gânglios da raiz dorsal em alguns gânglios cranianos.

3. NEURÔNIOS MULTIPLICADORES - são os mais comuns, ocorrendo neles vários prolongamentos (dendritos) e 1 axônio, encontrados em todo o sistema nervoso, sendo na maioria neurônios motores.

quanto à função quE ExEcutam, os nEurôniossE classificam Em:

1. NEURÔNIOS SENSITIVOS OU AFERENTES - recebem os impulsos nervosos nas ter-minações dendríticas e transmitem para o SNC, no qual são codificados.

2. NEURÔNIOS MOTORES OU EFERENTES -

formam-se a partir do SNC e levam o I.N. ou informações sensitivas em direção aos músculos, glândulas ou neurônios (do cen-tro à periferia do corpo).

3. INTERNEURÔNIOS - ocorrem dentro do

SNC, no qual fazem a interligação e a inte-gração entre os neurônios. São chamados de neurônios de associação.

cÉlulas da nEurÓglia (gliÓcitos) (glia)

Localizam-se entre os neurônios do SNC e o apêndima, que reveste as cavidades do encéfa-lo e da medula espinhal. Essas células dão sus-tentação física e metabólica para os neurônios, bem como proteção. As células de SCHWANN são células de glia. (Figura 03)

Figura 03

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62APÊNDIMA - epitélio simples cúbico, que pro-tege a superfície interna dos ventrículos cere-brais e canal central da medula espinhal. Em certas regiões as células ependimárias são cilia-das, facilitando a movimentação do LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO (LCR).

As células da GLIA são mais numerosas que os neurônios, podendo ocorrer até 10 vezes mais no sistema nervoso embora sejam menores. São exemplos:

a. ASTRÓCITOS - semelhantes a estrelas e suas ramificações envolvem as paredes dos vasos sangüíneos. São encontrados na substância branca e cinzenta, preenchen-do espaços vazios, com ação mecânica de sustentação, separando os prolongamen-tos dos neurônios. Não geram impulso nervoso nem formam sinapse, mas dão su-porte mecânico e fornecem alimentos aos neurônios.

Os astrócitos atuam ainda como armação para a migração dos neurônios durante o desenvol-vimento do sistema nervoso. Produzem LAC-TATO, a partir da glicose (os neurônios não consomem glicose) e sim lactato. Capturam íons K+, Glutamato e GABA, que são armaze-nados nos nódulos de Ranvier.

Quando ocorre lesão no tecido nervoso, por traumatismo mecânico direto (pancada, por exemplo), ou como conseqüência de ISQUE-MIA provocada por trombose ou ruptura dos vasos arteriais nutritivos, os astrócitos aumen-tam suas atividades para captar íons e as subs-

tâncias transmissoras que são filtradas dos neurônios danificados. As extremidades de seus prolongamentos formam PÉS VASCULA-RES, os quais entram em contato com vasos sanguíneos e a PIA-MATER.

O EDEMA CEREBRAL, que é uma complicação grave das lesões cerebrais, surge em decor-rência do aumento do volume dos astrócitos, pela passagem de líquidos para o interior das células. Os astrócitos são atraídos para áreas lesadas do SNC formando um tecido cicatricial celular.

b. OLIGODENDRÓCITOS - são menores do que os astrócitos, com poucos prolonga-mentos, encontrados na substância branca e cinzenta do encéfalo e na medula espi-nhal. Ocorrem presos à superfície do corpo dos neurônios e, também, formam a bai-nha de mielina no S.N.C, semelhantes às células de Schwann, ( atua como isolante elétrico). Seu citoplasma não contém fila-mentos nem glicogênio.

c. MICRÓGLIA - são os menores dos três; bem ramificados, ocorrendo por todo o S.N.C, com grande poder de FAGOCITOSE, protegendo os neurônios contra agentes infecciosos, destruindo restos de células e detritos no tecido nervoso. Se origina da mesoderme, sendo as primeiras células a reagir diante de lesões no SNC, liberando substâncias sinalizadoras chamadas CITO-CINAS; são mais abundantes na substância cinzenta.

Figura 04

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63gEração E transmissão do impulso nErvoso (figura 05)

O sentido do impulso nervoso é sempre o mes-mo: são recebidos pelos dendritos, seguem pelo corpo celular, atravessam o axônio e, através das sinapses, passam para o neurônio seguinte.

A função de integração entre os neurônios de-pende de dois fatores básicos:

• da geração e distribuição de impulsosnervosos

• da produção de neurotransmissores(hormônios)

O IMPULSO NERVOSO (IN) resulta de altera-ções nas cargas elétricas das superfícies in-terna e externa da membrana plasmática ou AXOLEMA do neurônio; são fenômenos elétri-cos gerados na zona de disparo dos picos do neurônio que percorrem toda a extensão do axônio, até as terminações do mesmo. Estes fenômenos ocorrem em conseqüência da DES-POLARIZAÇÃO da membrana.

A membrana plasmática em repouso é PO-LARIZADA, ou seja, há uma diferença entre as cargas elétricas dentro e fora, o interior é NEGATIVO em relação à superfície externa. Geralmente existem íons Na+ e íons K+ em ambos os lados do axolema, mas devido ao

TRANSPORTE ATIVO OU BOMBA DE SÓDIO, o axolema é mais dinâmico na expulsão do Na+ do que em absorvê-lo; conseqüentemente há um acúmulo maior de Na+ no lado externo da célula. O inverso disso ocorre com os íons K+, ou seja o axolema atua mais ativamente na sua captura do que na sua expulsão; assim há maior quantidade de íons K+ dentro da célula. A diferença da soma de íons Na+ e K+ fora e dentro da célula determina uma maior quanti-dade de cargas positivas do lado externo, sen-do a membrana considerada então NEGATIVA, estando em repouso.

Na célula a proporção de K+ para Na+ é de 100:1 (cem para um), de modo que sai muito mais K+ da célula do que entra Na+.

potEncial dE ação (invErsão dE polaridadE) (figura 06)

Quando o axônio está em “repouso”, a super-fície interna da membrana está NEGATIVA em relação à externa, devido ao acúmulo de Cl- na face interior da célula.

Quando há um estímulo externo do neurônio, uma pequena área de sua membrana sofre DESPOLARIZAÇÃO, isto é, há uma inversão imediata das cargas elétricas, ficando o exterior

Figura 05

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64NEGATIVO em relação ao interior POSITIVO. Essa inversão de polaridade, ou seja, a alteração de cargas elétricas, chama-se POTENCIAL DE AÇÃO, tirando o neurônio de sua condição de repouso.

Esse fenômeno tem duração de 1,5 a 2m/s (milésimo de segundo) e se estende por toda a célula, como um efeito cascata, ponto a pon-to, até a extremidade do axônio. Essa seqüên-cia de despolarização caracteriza o IMPULSO NERVOSO, e sua passagem ao longo do neu-rônio ocasiona a entrada de Na+ e a saída de K+, com consumo de energia (ATP).

Nos neurônios mielinizados há uma região en-tre o CONE DE IMPLANTAÇÃO e o início da bai-nha de mielina, chamada SEGMENTO INICIAL, o qual recebe inúmeros estímulos que podem ser de ação EXCITATÓRIA OU INIBITÓRIA. A partir deste ponto, origina-se um POTENCIAL DE AÇÃO que se propaga por todo axônio, o que corresponde ao impulso nervoso.

Ao ser estimulado, o neurônio sofre uma alte-ração no mecanismo da BOMBA DE SÓDIO, e uma certa quantidade de íons Na+ é absorvida pela célula, havendo uma inversão de polarida-de da membrana, que passa a ter maior carga elétrica negativa do lado externo e maior car-ga positiva do lado interno. Essa alteração de cargas elétricas consiste no potencial de ação, fenômeno que dá à membrana uma condição

diferente do estado de repouso, o que irrita a região seguinte do axônio, sucessivamente até sua extremidade, onde as bolsas sinápticas liberam os neurotransmissores.

vElocidadE dE condução do impulso nErvoso

• Nos axônios mielínicos, com nódulos deRANVIER NÓS NEUROFIBROSOS, a con-dução do impulso nervoso é bem mais rápida, chamada CONDUÇÃO OU PROPA-GAÇÃO SALTATÓRIA, o potencial de ação “salta” de um nódulo para outro, consu-mindo menos energia.

• Nosaxôniosamielínicosaconduçãoémais

lenta, gastando mais energia, pois o im-pulso nervoso percorre toda a extensão do axônio, uma maior distância, sendo cha-mada CONDUÇÃO CONTÍNUA.

Logo após a passagem do impulso nervoso, íons K+ migram para fora da célula restauran-do a POLARIDADE do axônio, processo que ocorre num tempo de 1 milésimo de segundo (1m/s).

Figura 06

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65O estímulo do neurônio causa abertura de ca-nais de íons Na+ sensíveis à voltagem de uma pequena região da membrana, aumentando o fluxo de Na+ para o interior da célula, inver-tendo a polaridade da membrana, que agora é dita DESPOLARIZADA. Imediatamente os ca-nais de Na+ ficam inativados por um 1,5 milê-simos de segundo, condição denominada de PERÍODO REFRATÁRIO.

Durante o período refratário, os canais de po-tássio sensíveis à voltagem, aumentam a per-meabilidade para a passagem destes íons para fora da célula, restabelecendo assim o poten-cial de repouso da membrana. Sucessivamente volta a ativar o transporte de Na+ ao longo do axônio, - É o impulso nervoso.

Alguns remédios, anestésicos por exemplo, são capazes de bloquear o transporte de íons Na+ pela membrana, e, dessa forma, inibem a condução do I.N. ao S.N.C. Não haverá por-tanto, resposta (não registrou a mensagem no cérebro), contendo bainha.

No neurônio o impulso nervoso ou ONDA DE DESPOLARIZAÇÃO é conduzido sempre numa única direção: dos dendritos para o corpo ce-lular e deste para o axônio, que o leva até os pontos de sinapse. As bolsas terminais liberam os neurotransmissores que estimulam outros neurônios vizinhos a receberam o IN.

Após a passagem do IN os neurotransmisso-res são inativados por certas enzimas, como a COLINESTERASE. Para gerar outro impulso nervoso, tem que ocorrer novo estímulo no neurônio.

lEi do tudo ou nada

O neurônio só responde a um estímulo quan-do este ultrapassa uma intensidade MÍNIMA, chamada LIMIAR DE EXCITAÇÃO. Ao ser atin-gido este limiar, a resposta será sempre a mes-ma, mesmo que o estímulo aumente de inten-sidade. É A lei do tudo ou nada.

Neurônios diferentes respondem de modos dife-rente, têm LIMIARES DE EXCITAÇÃO diferentes.

fadiga da transmissão do impulso nErvoso

Havendo exagero na estimulação das sinapses, o número de descargas do neurônio a princi-pio aumenta, mas gradualmente vai diminuin-do - é a FADIGA DA TRANSMISSÃO, fazendo com que haja uma diminuição da hiperativida-de do neurônio. A epilepsia é uma conseqüên-cia da excessiva excitabilidade do cérebro, é a exaustão das reservas de neurotransmissores nos terminais sinápticos.

A cafeína (café), teofilina (chá) e teobromina (chocolate), aumentam a excitabilidade, redu-zindo o limiar de excitação (disparo do estímu-lo nervoso).

A estricnina aumenta extraordinariamente a excitação, mas não reduz o limiar. Este veneno inibe os neurotransmissores como à GLICINA, na medula espinhal, provocando ação devas-tadora nos neurônios, que ficam tão excitados que liberam descargas repetitivas, causando graves espasmos tônicos musculares e a morte.

doEnça dE parkinson(paralisia agitantE)

Os portadores dessa grave doença apresentam rigidez muscular, tremores constantes e invo-luntários, incapacidade de iniciar um movi-mento (ACINESIA). É uma doença relacionada com a ausência do neurotransmissor DOPAMI-NA em algumas regiões do encéfalo, pela des-truição difusa da substância negra, que envia fibras nervosas secretores da DOPAMINA para o núcleo caudado do putame.

doEnça dE Huntington(corEia)

Doença hereditária ligada ao cromossomo X que surge no individuo em torno dos 25 a 40 anos de idade, em decorrência da destruição dos corpos celulares dos neurônios que sinteti-zam o neurotransmissor GABA.

Os sintomas são movimentos involuntários e distorcidos das articulações, mãos (tipos chico-tadas) que aumentam progressivamente, em conseqüência da morte de células produtoras de ACETILCOLINA.

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66OS TUMORES NEUROLÓGICOS são responsá-veis por cerca de 50% dos tumores intracra-nianos, mas são relativamente raros nos neu-rônios do SNC. OS OLIGODENDROGLIOMAS BENIGNOS E AS-TROCITOMAS MALIGNOS, que são fatais, se originam de células da neuroglia (gliócitos).

OS NEUROBLASTOMAS das glândulas adre-nais, são tumores dos neurônios do SNC, ma-lignos, ocorrendo em crianças e jovens.

substância cinzEnta E substância branca (snc)

O SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) é com-posto de substância CINZENTA e substância BRANCA. A substância cinzenta apresenta cor-pos celulares nervosos e seus denditros com es-pinhos e sinapses, fibras mielínicas e amielíni-cas com suas ramificações terminais, astrócitos, oligodendrócitos e células do tipo micróglia.

A substância branca apresenta fibras mielíni-cas, astrócitos, oligodendrócitos e micróglia.

classificação funcional das fibras nErvosas

FIBRAS SENSITIVAS (AFERENTES) - levam infor-mações sensitivas das áreas cutâneas do cor-po e das vísceras para o SNC, onde são pro-cessadas.

FIBRAS MOTORAS (EFERENTES) - tem origem no SNC, levam os impulsos nervosos motores para os órgãos efetores, como músculos, glân-dulas e outros neurônios.

MIELINIZAÇÃO - processo de formação da mie-lina e se inicia no 4º mês de gravidez, nas pri-meiras fibras nervosas periféricas e não termi-na no momento do parto, podendo continuar até os 25 anos de idade, em certos neurônios.

Em axônio mais longos as células de Schwann originam a bainha de mielina que é constitu-ída de 75% de lipídeos (COLESTEROL) e 25% de proteínas. A mielina dos neurônios do SNC é produzida pelos OLIGODENTRÓCITOS. Os axônios pequenos não possuem bainha de

mielina (AMIELÍNICOS), só possuem a célula de Schwann, e a velocidade do impulso nos mesmos é de 0,6 a 2m/s.

A bainha é descontínua, ou seja, ao longo da mes-ma ocorrem constrições (nódulos de Ranvier).

Os NEUROTRANSMISSORES são substâncias químicas sinalizadoras liberados na membrana pré-sináptica, com função de ativar receptores na membrana pós-sináptica. Ela são de três tipos:

1. PEQUENAS MOLÉCULAS TRANSMISSORAS

a) ACETILCOLINA

b) AMINOÁCIDOS GLUTAMATO, ASPARTA-TO, GLICINA e GABA.

c) AMINABIOGÊNICAS: SEROTONINA, DO-PAMINA, NORADRENALINA e ADRENALINA

2. NEUROPEPTÍDEOS

a) PEPTÍDEOS OPIÓIDES ENCEFALINAS e ENDORFINAS

b) PEPTÍDEOS GASTROINTESTINAIS NEU-ROTENSINA

c) HORMÔNIOS HIPOTALÂNICOS LIBERA-DORES como os hormônios liberadores de TIROTROFINA e SOMASTOTATINA

d) HORMÔNIOS ARMAZENADOS E LIBE-RADOS PELA NEURO-HIPÓFISE hormônios anti-diurético e oxitocina

3. GASES - agem como neuro-moduladores,

como óxido nítrico (NO) e monóxido de carbono (CO).

a) SEROTONINA inibe a dor, controla o hu-mor e o sono.

b) DOPAMINA inibidor ou excitador, de-pendendo do receptor.

c) GABA (ÁCIDO AMINOBUTÍRICO) inibi-dor do SNC.

d) ÁCIDO GLUTÂMICO excitador.

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atividadEs

1. Justifique a afirmativa “O tecido nervoso é o integrador e coordenador das funções essenciais do organismo”.

2. Os neurônios perdem a capacidade de se reproduzirem ainda na vida intra-uterina. Qual a importância desse fato para os ani-mais superiores?

3. Faça um desenho esquemático de um neu-rônio, identificando suas partes estruturais e a função dos mesmos.

4. Qual o papel das estruturas citadas abaixo: ESPINHOS RAMOS COLATERAIS BOTÃO SINÁPTICO

5. Identifique as diferenças entre ao 3 tipos de SINAPSES e diga como as mesmas po-dem ser prejudicadas?

6. Quais as causas e conseqüências? ESCLEROSE MÚLTIPLA ISQUEMIA EDEMA CEREBRAL

7. Como atuam as células GLIÓCITOS citadas abaixo:

ASTRÓCITOS OLIGODENDRÓCITOS MICRÓGLIA

PESQUISE E RESPONDA CORRETAMENTE:

8. Sobre IMPULSO NERVOSO, e dê respostas às questões:

a. Como se origina e se propaga; b. De que depende sua velocidade; c. Como atua a COLINESTERASE neste me-

canismo; d. O que significa FADIGA DA TRANSMISSÃO

9. Causas e sintomas das doenças citados abaixo:

DE PARKINSON DE HUNTINGTON

10.O que significa a LEI DO TUDO OU NADA ?

rEfErênciasAMABIS, José Mariano; MARTHO. Gilberto Ro-drigues. Biologia das Células: origem da vida, citologia, histologia, embriologia. São Paulo: Moderna, 1995.

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