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Série – 2016 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 1 1) Leia o texto a seguir, de Eugênio de Castro, poeta simbolista, para responder à questão: Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto. Murmúrio de água na clepsidra gotejante, Lentas gotas de som no relógio da torre, Fio de areia na ampulheta vigilante, Leve sombra azulando a pedra do quadrante, Assim se escoa a hora, assim se vive e morre… Homem que fazes tu? Para quê tanta lida, Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? Procuremos somente a beleza, que a vida É um punhado infantil de areia ressequida, Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa… Eugénio de Castro (n. em Coimbra a 4 Março de 1869; m. em Coimbra, a 17 de Agosto de 1944) Nesse poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas é a: a) brevidade da vida. b) infantilidade do ser humano. c) destruição da natureza. d) exaltação da violência. e) inutilidade do trabalho. 2) Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em: a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes que se despejavam sobre as chamas. c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos… d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada…

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1) Leia o texto a seguir, de Eugênio de Castro, poeta simbolista, para responder à questão:

Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto.

Murmúrio de água na clepsidra gotejante, Lentas gotas de som no relógio da torre, Fio de areia na ampulheta vigilante, Leve sombra azulando a pedra do quadrante, Assim se escoa a hora, assim se vive e morre…

Homem que fazes tu? Para quê tanta lida, Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? Procuremos somente a beleza, que a vida É um punhado infantil de areia ressequida, Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa…

Eugénio de Castro (n. em Coimbra a 4 Março de 1869; m. em Coimbra, a 17 de Agosto de 1944)

Nesse poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas é a:

a) brevidade da vida. b) infantilidade do ser humano. c) destruição da natureza. d) exaltação da violência. e) inutilidade do trabalho.

2) Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que o narrador se posicione

em terceira pessoa, onisciente e onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em:

a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem

casinhas ameaçadas pelo fogo. b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes que se despejavam sobre as

chamas. c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos… d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa

incendiada…

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3) Leia: DO TÍTULO

Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central, um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

— Continue, disse eu acordando. — Já acabei, murmurou ele. — São muito bonitos. Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do

gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam de meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade. E eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” — “Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” —“Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”

Não consulte dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver daqui até o fim do livro; vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores: alguns nem tanto.

(Machado de Assis. Dom Casmurro. Cap. I.)

O esclarecimento dos sentidos da palavra “casmurro” indica, em Machado de Assis:

a) A valorização de um modelo narrativo pautado pela fidelidade à realidade. b) A intenção de, através da erudição, educar o seu leitor. c) A tendência de refletir e comentar a respeito da própria escrita. d) A preocupação em criar um estilo despojado, direto e simples. e) A consciência da dificuldade de sua narrativa para o leitor da época.

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4) O romance “O Cortiço”, escrito por Aluísio de Azevedo, integra a estética naturalista da literatura brasileira. A respeito dele, indique, nas alternativas abaixo, a que foge a uma identificação com os fatos e as situações narradas na obra.

a) O romance revela a oposição e o contraste entre os dois espaços da

narrativa, o cortiço e o sobrado, e a disputa gananciosa que se estabelece entre João Romão e Miranda.

b) No cortiço há uma infinidade de tipos, espécie de sínteses sociais com que o autor procurou estabelecer a ponte entre os seres de ficção e a realidade. Por isso, o romance trata dominantemente da historia de personagens, em sua individualidade, em detrimento da coletividade.

c) Todos os acontecimentos notáveis do cortiço contam com a participação do grupo de lavadeiras, que desempenha papel simultâneo de espectador e agente dos acontecimentos.

d) João Romão se desdobra para enriquecer e o dinheiro é a mola propulsora que o conduz, que o força unicamente para o acumular, ainda que para isso seja necessário roubar, escravizar, mentir, sofrer as maiores agruras.

e) A relação de Bertoleza com João Romão começa com um engano e termina em tragédia. João Romão a restitui ao dono e à escravidão. Entre o retorno à escravidão e a morte, Bertoleza não tem dúvida: de um só golpe, certeiro e fundo, rasga o ventre de lado a lado.

5) Leia os textos:

Texto 1

De cada casulo espipavam homens armados de pau, achas de lenha, varais de ferro. Um empenho coletivo os agitava agora, a todos, numa solidariedade briosa, como se ficassem desonrados para sempre se a polícia entrasse ali pela primeira vez. Enquanto se tratava de uma simples luta entre dois rivais, estava direito! ‘Jogassem lá as cristas, que o mais homem ficaria com a mulher!’ mas agora tratava-se de defender a estalagem, a comuna, onde cada um tinha a zelar por alguém ou alguma coisa querida.

(AZEVEDO, Aluísio, O cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 139.)

Texto 2

O cortiço é um romance de muitas personagens. A intenção evidente é a de mostrar que todas, com suas particularidades, fazem parte de uma grande coletividade, de um grande corpo social que se corrói e se constrói simultaneamente.

(FERREIRA, Luiz Antônio. Roteiro de leitura: O cortiço de Aluísio Azevedo. São Paulo: Ática, 1997. p. 42.)

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Sobre os textos, assinale a alternativa correta.

a) No Texto 1, por ser ele uma construção literária realista, há o predomínio da linguagem referencial, direta e objetiva; no Texto 2, por ser ele um estudo analítico do romance, há o predomínio da linguagem estética, permeada de subentendidos.

b) A afirmação contida no Texto 2 explicita o modo coletivo de agir do cortiço, algo que também se observa no Texto 1, o que justifica o prevalecimento de um termo coletivo como título do romance.

c) Tanto no Texto 1 quanto no Texto 2 há uma visão exacerbada e idealizada do cortiço, sendo este considerado um lugar de harmonia e justiça.

d) No Texto 1 prevalece a desagregação e corrosão da grande coletividade a que se refere ao Texto 2.

e) O que se afirma no Texto 2 vai contra a ideia contida no Texto 1, visto que no cortiço jamais existe união entre os seus moradores.

6) Leia: Negrinha

Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.

Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.

Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. [...] A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da

escravidão, fora senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual.

LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).

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A narrativa focaliza um momento histórico-social de focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no contexto, pela: a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as

amigas. b) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças. c) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no

final do texto. d) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com

castigos. e) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com

as beatas. 7) Leia:

O despertar do cortiço

Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente, uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas das mãos. As portas das latrinas não descansavam...

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço, São Paulo: Martins, 1968, p. 43.

São características desse texto, consideradas típicas do Naturalismo, entre outras:

a) o idealismo, o comportamento determinista. b) a ênfase no aspecto material da vida, o comportamento sofisticado. c) as comparações dos seres humanos com animais, a promiscuidade. d) a representação objetiva da vida, o endeusamento do ser humano. e) a fuga à realidade, o positivismo exacerbado.

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Leia o trecho a seguir de “O cortiço”, de Aluísio Azevedo para responder as questões 8

e 9.

Jerônimo bebeu um bom trago de parati, mudou de roupa e deitou-se na cama de Rita.

– Vem pra cá... disse, um pouco rouco. – Espera! espera! O café está quase pronto! E ela só foi ter com ele, levando-lhe a chávena fumegante da perfumosa

bebida que tinha sido a mensageira dos seus amores (...) Depois, atirou fora a saia e, só de camisa, lançou-se contra o seu amado,

num frenesi de desejo doído. Jerônimo, ao senti-la inteira nos seus braços; ao sentir na sua pele a carne

quente daquela brasileira; ao sentir inundar-se o rosto e as espáduas, num eflúvio de baunilha e cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da mulata; ao sentir esmagarem-se no seu largo e peludo colo de cavouqueiro os dois globos túmidos e macios, e nas suas coxas as coxas dela; sua alma derreteu-se, fervendo e borbulhando como um metal ao fogo, e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos os poros do corpo, escandescente, em brasa, queimando-lhe as próprias carnes e arrancando-lhe gemidos surdos, soluços irreprimíveis, que lhe sacudiam os membros, fibra por fibra, numa agonia extrema, sobrenatural, uma agonia de anjos violentados por diabos, entre a vermelhidão cruenta das labaredas do inferno.

8) O enlace amoroso, seja na perspectiva de Rita, seja na de Jerônimo: a) é sublimado, o que lhe confere caráter grotesco na obra. b) é desejado com intensidade e lhes aguça os ânimos. c) reproduz certo incômodo pelo tom de ritual que impõe. d) representa-lhes o pecado e a degradação como pessoa. e) é de sensualidade suave, pela não explicitação do ato.

9) O cortiço, obra naturalista,

a) traduziu a sensualidade humana na ótica do objetivismo científico, o que se alinha à grande preocupação espiritual.

b) fez análises muito subjetivas da realidade, pouco alinhadas ao cientificismo predominante na época.

c) explorou as mazelas humanas de forma a incitar a busca por valores éticos e morais.

d) não pôde ser considerado um romance engajado, pois deixou de lado a análise da realidade.

e) tratou de temas de patologia social, pouco explorados nas escolas literárias que o precederam.

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10) No texto a seguir, Machado de Assis faz uma crítica ao Romantismo: Certo não lhe falta imaginação; mas esta tem suas regras, o astro, leis, e se há casos em que eles rompem as leis e as regras é porque as fazem novas, é porque se chama Shakespeare, Dante, Goethe, Camões.

Com base nesse texto, notamos que o autor:

a) Preocupa-se com princípios estéticos e acredita que a criação literária deve

decorrer de uma elaborada produção dos autores. b) Refuga o Romantismo, na medida em que os autores desse período

reivindicaram uma estética oposta à clássica. c) Entende a arte como um conjunto de princípios estéticos consagrados, que

não pode ser manipulado por movimentos literários específicos. d) Defende a ideia de que cada movimento literário deve ter um programa

estético rígido e inviolável. e) Entende que Naturalismo e o Parnasianismo constituem soluções ideal

para pôr termo à falta de invenção dos românticos. Instrução: leia os textos 1 e 2 para responder às questões de números 11 e

12.

Texto 1

E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.

(Aluísio de Azevedo. O cortiço, 1999.)

Texto 2

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a

asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no

bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas

do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

(José de Alencar. Iracema, 2005.)

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11) Comparando a descrição de Rita e de Iracema, é correto afirmar que

a) ocorre a caracterização das personagens tendo a natureza como pano de fundo, traduzindo o ideal de que a melhor vida se vive de forma simples, sem luxos, junto à natureza, desfrutando o que ela oferece. Os ambientes em que as personagens vivem refletem, portanto, o bucolismo e as insere no Arcadismo.

b) existe uma erotização flagrante na caracterização da primeira personagem, viés compatível com a literatura naturalista, que vê o homem movido por seus instintos mais primários no que diz respeito à sexualidade. O mesmo não ocorre com a segunda, cuja descrição se funda na idealização, comum aos românticos.

c) perpassa a caracterização de ambas as personagens ideia amplamente recorrente no Romantismo brasileiro, ou seja, a concepção de mulher acima do bem e do mal. As mulheres são vistas como seres com qualidades morais e espirituais superiores às dos homens, o que as torna inacessíveis a estes.

d) há, em ambas, um grande apelo ao aspecto mais instintivo e animalesco do ser humano, o que as faz surgirem no texto como mulheres atraentes e sedutoras, naturalmente superiores aos homens, visão literária amplamente recorrente na prosa realista.

e) cabe à mulher um papel de submissão ao homem, conforme a literatura naturalista, que vê a ordem natural com a ascendência masculina como geradora dos papéis sociais, concepção que se filia às teorias científicas do século XIX. Daí entender-se por que Rita e Iracema são descritas como personagens frágeis.

12) A passagem – A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama

de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível [...]. –, sem prejuízo de sentido e das relações gramaticais definidas no enunciado, em norma-padrão da língua portuguesa, equivale a:

a) Os meneios da mestiça, cheios de uma graça irresistível, melhor se acentuavam ao refulgir da lua, que se destoldara nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata.

b) A mestiça, cheia de uma graça irresistível, fazia meneios cujos se acentuavam à lua e ao seu refulgir que tinha-se destoldado nesse momento, envolvendo-a na cama de prata.

c) A lua, envolvida na cama da mestiça, tinha-se destoldado nesse momento, e o refulgir da mestiça melhor se acentuavam a ele, por estarem cheios de uma graça irresistível.

d) Envolvida na cama de prata da lua, que destoldara-se nesse momento e que o refulgir dos meneios da mestiça melhor se acentuavam, esta estava cheia de uma graça irresistível.

e) Cheios de uma graça irresistível, os meneios da mestiça melhor se acentuavam a lua, que o refulgir envolvia sua cama de prata quando ela se destoldava nesse momento.

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13) Leia:

As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida noitada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Ruflando as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um céleres voam, Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais...

O poema de Raimundo Correia ilustra o Parnasianismo brasileiro. Dele, podem-se depreender as seguintes características desse movimento literário:

a) soneto em versos decassílabos, com predominância de descrição e

vocabulário seleto. b) versos livres, com predominância de narração e ênfase nos aspectos

sonoros. c) versos sem rima, liberdade na expressão dos sentimentos e recorrência às

imagens. d) soneto com versos livres, exploração do plano imagético e sonoro. e) soneto com rimas raras, com descrição e presença da mitologia.

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14) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):

O cortiço

Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

Os sinos da vizinhança começaram a badalar. E tudo era um clamor. A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.

Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.

Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)

Releia o fragmento de O cortiço, com especial atenção aos dois trechos a seguir: Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças

esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. (…) E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-

se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

No fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções literárias que configuram imagens plásticas no espírito do leitor, Aluísio Azevedo apresenta características psicológicas de comportamento comunitário. Aponte a alternativa que explicita o que os dois trechos têm em comum:

a) Preocupação de um em relação à tragédia do outro, no primeiro trecho, e

preocupação de poucos em relação à tragédia comum, no segundo trecho. b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo de todos por

si próprios, no segundo trecho. c) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro trecho, e angústia de

não se conhecer o outro, por quem se é ajudado, no segundo trecho. d) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, e desespero

que se expressa por apatia, no segundo trecho. e) Anonimato da confusão e do “salve-se quem puder”, no primeiro trecho, e

anonimato da cooperação e do “todos por todos”, no segundo trecho.

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15) Leia os textos.

Texto I

Mais claro e fino do que as finas pratas o som da tua voz deliciava… Na dolência velada das sonatas como um perfume a tudo perfumava. Era um som feito luz, eram volatas* em lânguida espiral que iluminava, brancas sonoridades de cascatas… Tanta harmonia melancolizava.

Cruz e Sousa

Observação – velatas*: progressão de notas musicais dolência: sofri mento

Texto II

Antes de tudo, a Música. Preza Portanto o Ímpar. Só cabe usar O que é mais vago e solúvel no ar, Sem nada em si que pousa ou que pesa.

Verlaine (Trad. de Augusto de Campos)

A leitura do Texto I confirma que:

a) o eu lírico expressa sua particular percepção do som inebriante de uma

orquestra de vozes harmoniosas, como prova o uso da expressão dolência velada das sonatas(v.3).

b) o poeta expressa subjetivamente a impressão que lhe causava o som da voz do interlocutor, conforme se pode compreender da leitura do verso 2.

c) o autor descreve com metáforas sombrias o cantar melancólico de sua musa, por isso afirma, no verso 8, que Tanta harmonia melancolizava.

d) o eu lírico tem uma visão idealizada da falecida amada; daí o uso do verbo no passado imperfeito (deliciava, perfumava etc.).

e) o autor narra o envolvimento amoroso que marcou sua vida – som da tua voz deliciava…(v.2) – e, ao mesmo tempo, lamenta, no verso 8, a perda da mulher amada.

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16) Leia o trecho da obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, em que o personagem Jerônimo* deixa–se seduzir por Rita Baiana.

*Jerônimo, imigrante português, homem honesto, inserido em ambiente degradado.

Jerônimo levantou–se, quase que maquinalmente, e seguido por Piedade, aproximou–se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. [...] E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. [...]

Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas* e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. [...]

E Jerônimo via e escutava, sentindo ir–se–lhe toda a alma pelos olhos enamorados.

Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio–dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando–lhe os desejos, acordando–lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando–lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional**, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas*** que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam–se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.

AZEVEDO, Aluísio de. O cortiço. 26. Ed. São Paulo: Ática, 1994. Pág. 72‐73. (Fragmento).

Ilhargas*: partes laterais e inferiores do baixo‐ventre. Setentrional**: próprio do norte.

Cantáridas***: insetos de coloração verde‐dourada com reflexos avermelhados.

A aplicabilidade da teoria de Darwin nesta obra tem correspondência com a seguinte alternativa:

a) demonstrar a tese de que o ser humano é fruto do meio em que vive –

Jerônimo está condenado à degradação moral. b) descrever os movimentos de Rita Baiana, recorrendo, com frequência, a

comparações com animais e plantas. c) associar a sexualidade aos elementos da natureza nacional, despertando

desejos a que o português Jerônimo não conseguirá resistir. d) atribuir ao cortiço a condição de uma personagem, que vai se expandindo

e multiplicando a cada dia. e) o fato de João Romão denunciar a escrava Bertoleza a seus donos, com o

propósito deste se casar com uma mulher de classe mais elevada.

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17) Leia o poema abaixo e responda ao que se pede.

As mãos da morte

Mãos de finada, aquelas mãos de neve, De tons marfíneos, de ossatura rica, Pairando no ar, num gesto brando e leve, Que parece ordenar, mas que suplica.

Erguem-se ao longe como se as eleve Alguém que ante os altares sacrifica: Mãos que consagram, mãos que partem breve, Mas cuja sombra nos meus olhos fica...

Mãos de esperança para as almas loucas, Brumosas mãos que vêm brancas, distantes, Fechar ao mesmo tempo tantas bocas...

Sinto-as agora ao luar, descendo juntas, Grandes, magoadas, pálidas, tateantes, Cerrando os olhos das visões defuntas...

GUIMARAENS, Alphonsus de. Poesia. RJ: Agir, 1976.

Assinale a alternativa correta.

a) Nos versos “Mãos de finada, aquelas mãos de neve, / De tons marfíneos,

de ossatura rica,” há o emprego de sinestesia, figura de linguagem amplamente utilizada no Simbolismo.

b) É característica da poesia de Alphonsus de Guimaraens, o abandono da temática intimista em favor de temas universais.

c) O poeta vale-se da metonímia como o principal recurso estruturador de seu texto.

d) O poema apresenta características simbolistas como o registro nebuloso da realidade, aliteração, misticismo e referências à cor branca.

e) O autor mergulha no inconsciente, ali buscando imagens objetivas que se coadunam com o onírico, o irracional e o transcendente.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

14 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO

18) Um poeta dizia que o menino é o pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino.

Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e

verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, – algumas vezes gemendo – mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um – “ai, nhonhô!” – ao que eu retorquia: “Cala a boca, besta!” – Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-me beijos.

Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.

(Machado de Assis.Memórias póstumas de Brás Cubas.)

É correto afirmar que

a) se trata basicamente de um texto naturalista, fundado no Determinismo. b) o texto revela um juízo crítico do contexto escravista da época. c) o narrador se apresenta bastante sizudo e amargo, bem ao gosto

machadiano. d) o texto apresenta papéis sociais ambíguos das personagens em foco. e) os comportamentos desumanos do narrador são sutilmente desnudados.

2ª Série – 2016 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 15

19) Leia os poemas de Cora Coralina e de Cruz e Sousa.

Todas as vidas

[...] Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d’água e sabão. [...] Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária. [...] Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha... [...] Todas as vidas dentro de mim. Na minha vida - a vida mera das obscuras.

CORALINA, Cora. Melhores poemas., Seleção de Darcy França Denófrio. São Paulo: Global, 2004. p. 253-255. (Coleção melhores poemas).

Afra

Ressurges dos mistérios da luxúria, Afra, tentada pelos verdes pomos, Entre os silfos magnéticos e os gnomos Maravilhosos da paixão purpúrea.

Carne explosiva em pólvoras e fúria De desejos pagãos, por entre assomos Da virgindade ─ casquinantes momos Rindo da carne já votada à incúria.

Votada cedo ao lânguido abandono, Aos mórbidos delíquios como ao sono, Do gozo haurindo os venenosos sucos.

Sonho-te a deusa das lascivas pompas, A proclamar, impávida, por trompas Amores mais estéreis que os eunucos!

SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 24-25. (Coleção super prestígio).

Vocabulário:

Silfos: espíritos elementares do ar Assomos: ímpeto, impulso Casquinastes: relativo à gargalhada, risada de escárnio Momos: ator que representa comédia Incúria: falta de cuidado Delíquios: desfalecimento, desmaio Haurindo: extraindo, colhendo, consumindo

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

16 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO

Nos poemas apresentados, os autores tematizam a mulher com perspectivas diferenciadas no que diz respeito, respectivamente, à

a) preocupação com a cor local e à fuga da realidade em situações espirituais. b) perspectiva referencial dada ao tema e ao enquadramento conceptista das

imagens. c) ênfase no misticismo africano e à descrição fantástica do corpo da mulher. d) musicalidade recorrente para a composição dos perfis e ao entrelaçamento

de poesia e prosa. e) valorização de condições sociais marginalizadas e à construção erotizada

da figura feminina.

20) A gentileza é algo difícil de ser ensinado e vai muito além da palavra educação.

Ela é difícil de ser encontrada, mas fácil de ser identificada, e acompanha pessoas generosas e desprendidas, que se interessam em contribuir para o bem do outro e da sociedade. É uma atitude desobrigada, que se manifesta nas situações cotidianas e das maneiras mais prosaicas.

SIMURRO, S. A. B. Ser gentil é ser saudável. Disponível: em http://www.abqv.org.br. Acesso em: 22 jun. 2006 (adaptado).

No texto, menciona-se que a gentileza extrapola as regras de boa educação. A argumentação construída a) apresenta fatos que estabelecem entre si relações de causa e de

consequência. b) descreve condições para a ocorrência de atitudes educadas. c) indica a finalidade pela qual a gentileza pode ser praticada. d) enumera fatos sucessivos em uma relação temporal. e) mostra oposição e acrescenta ideias.

Texto para questões 21 e 22

Tratava-se de uma orientação pedagógica que acreditava no papel da instrução como base prévia das transformações sociais. Ela preconizava uma educação rigorosamente leiga em classes mistas, sem religião, com predomínio da ciência apelando para a iniciativa do aluno e criando para ele condições atraentes de aprendizado, com o fim de formar cidadãos independentes não submetidos aos preconceitos. Ao mesmo tempo, Ferrer pregava a organização sindical dos professores e a sua solidariedade com o movimento operário, como consequência lógica do pressuposto segundo o qual a instrução leiga e científica leva necessariamente a desejar a transformação da sociedade.

Antonio Cândido, Teresina etc...

2ª Série – 2016 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 17

21) Com base no texto, pode-se afirmar que o modelo pedagógico defendido pretendia aliar:

a) Religião, obscurantismo e mudança política. b) Estado laico, corpo docente e sindicalização dos discentes. c) Ciência, participação do aluno e transformação da sociedade. d) Formação leiga, nivelamento social e cidadania. e) Quebra de preconceitos, identidade operária e revolução.

22) Depreende-se do texto que:

a) a finalidade de qualquer educação é o esclarecimento em assuntos sexuais em classes mistas.

b) o alvo de uma pedagogia revolucionária consistiria em transformar todo aluno em operário.

c) o objetivo primeiro desse tipo de instrução era formar quadros militantes para o movimento sindical.

d) o intuito desse sistema de ensino era buscar conciliar o aprendizado com uma postura favorável à mudança social.

e) a preocupação maior dessa atitude educacional voltava se para uma ética leiga e liberal, mas anticientífica.

23) Leia: O parto da escrita

No “Equilíbrio” da última terça, Rosely Sayão veio em socorro de uma professora cujos alunos em fase de alfabetização se recusam a escrever manualmente.

De acordo com os diabretes, fazê-lo seria uma inutilidade, já que o teclado é hoje onipresente.

A colunista defende a escrita manual e, mais especificamente, a letra cursiva, afirmando que sua preservação é uma questão de cidadania, já que existem ainda muitas pessoas que não têm acesso à tecnologia.

Em grandes linhas, concordo com a psicóloga, mas tenho uma ou duas coisinhas a acrescentar. Rabiscar caracteres a mão – pode ser em letra de forma; eu não colocaria tanta ênfase na cursiva – parece ser um elemento importante para que as crianças dominem o código alfabético.

O problema é que, ao contrário da linguagem falada, que é um item de fábrica no ser humano (não há bando que não disponha de um idioma), a escrita, com seus 5.500 anos, é uma invenção relativamente moderna e rara. Não surgiu mais do que três ou quatro vezes ao longo da história.

[...]

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

18 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO

É possível afirmar que o gênero textual aborda uma a) Opinião no intuito de conquistar leitores no que diz respeito à inutilidade da

escrita manual. b) Notícia explícita apresentada pela colunista Rosely Sayão em defesa da

tecnologia. c) Informação implícita em relação ao código alfabético que as crianças se

recusam a aprender. d) Argumentação clara e coerente sobre a questão da escrita na

contemporaneidade. e) Posicionamento do autor, no sentido de convencer os leitores sobre as

dificuldades do domínio da língua escrita.

24) Leia o texto e responda

Musa paradisíaca

Hoje, na quitanda, vi duas donas de casa pondo as mãos na cabeça: “Trinta e seis cruzeiros1 por uma dúzia de bananas! É o fim do mundo, onde já se viu uma coisa dessas!”

E a conversa continuava nesse tom. Mas eu fui e paguei prazerosamente o preço de um cacho dourado. Tudo está pela hora da morte, concordo. Mas banana não! Acho que nunca a banana será cara demais para mim, e eu conto por quê.

Para mim, a banana é bem mais que aquela fruta amarela, perfumada, de polpa alva, macia e saborosa, que se apresenta numa abundância nababesca em cachos e pencas. O aspecto, o sabor, o perfume da banana está indissoluvelmente associado com minha infância longínqua na terra nórdica de onde eu vim, nas praias do Mar Báltico.

Naquele tempo, naquele lugar, uma banana era uma novidade e uma raridade. Numa certa época do ano, ela aparecia na cidade, em algumas casas muito finas, solitária e formosa, exposta na vitrina. Solitária, sim – uma de cada vez. E uma banana custava uma quantia fabulosa, porque meu pai comprava mesmo uma só, e a trazia para casa onde ela era admirada e namorada durante horas, para depois ser solenemente descascada e repartida em partes milimetricamente iguais entre nós crianças, que a saboreávamos lentamente, conservando o bocadinho de polpa suave na boca o mais possível, com pena de engoli-lo.

Imaginem, pois, o meu espanto maravilhado ao desembarcar do navio no porto de Santos e dar de cara com todo um carregamento de bananas, cachos e mais cachos enormes, num exagero de abundância que só em contos de fadas!

Naquele dia, me empachei de bananas até quase estourar. Foi aos dez anos de idade, a minha primeira grande impressão gastronômica do Trópico de Capricórnio – e nunca mais me refiz dela. Até hoje sou fiel ao meu primeiro amor brasileiro – a banana.

Se eu fosse poeta, como Pablo Neruda, por exemplo, que escreveu Ode2 à cebola, eu escreveria uma Ode à banana.

E não estou sozinha neste meu entusiasmo pela mais brasileira das frutas, porque se eu não tivesse razão, os cientistas, que não são as pessoas mais sentimentais do mundo, não a teriam batizado com o nome poético de Musa paradisíaca.

(BELINKI, Tatiana. Olhos de ver. São Paulo: Moderna, 1996. Adaptado)

2ª Série – 2016 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 19

1cruzeiro: moeda utilizada no Brasil à época em que a crônica foi escrita 2Ode: poema de exaltação, de elogio

No 3º parágrafo, ao se referir à mais brasileira das frutas, a escritora faz uma

a) descrição impessoal, que extrapola o conceito habitual que se tem da

banana. b) descrição subjetiva da fruta, consequência de recordações significativas

para a narradora. c) narração impessoal, que confere à banana características que lhe são

inerentes. d) narração subjetiva, em que a apreensão dos aspectos da fruta está

desvinculada dos órgãos dos sentidos. e) dissertação expositiva, em que analisa a infância nos países nórdicos em

oposição à infância nos Trópicos. 25) Leia os dois textos.

Texto 1

O livro de língua portuguesa ‘Por uma Vida Melhor’, adotado pelo Ministério da Educação (MEC), contém alguns erros gramaticais. “Nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe” são dois exemplos de erros. Na avaliação dos autores do livro, o uso da língua popular, ainda que contendo erros, é válido. Os escritores também ressaltam que, caso deixem a norma culta, os alunos podem sofrer “preconceito linguístico”. A autora Heloisa Ramos justifica o conteúdo da obra. “O importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa.”

(www.opiniaoenoticia.com.br. Adaptado.)

Texto 2

Ninguém de bom-senso discorda de que a expressão popular tem validade como forma de comunicação. Só que é preciso que se reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualidades e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos que circulam no mundo da filosofia, da literatura, das artes e das ciências. A linguagem popular a que alguns colegas meus se referem, por sua vez, não apresenta vocabulário nem tampouco estatura gramatical que permitam desenvolver ideias de maior complexidade — tão caras a uma sociedade que almeja evoluir. Por isso, é óbvio que não cabe às escolas ensiná-la.

(Evanildo Bechara. Veja, 01.06.2011. Adaptado.)

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

20 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO

Assinale a alternativa correta acerca da relação entre linguagem popular e norma culta. a) Os dois textos apresentam preocupação com a prática do preconceito

linguístico sobre pessoas que se expressam fora dos padrões cultos da língua portuguesa.

b) Os dois textos defendem ser possível expressar ideias filosóficas tanto em linguagem popular quanto seguindo os padrões da norma culta.

c) Para Evanildo Bechara, não existem critérios que possam definir graus de superioridade ou inferioridade entre linguagem popular e norma culta.

d) O texto 2 sugere que a norma culta é instrumento de dominação das elites burguesas sobre as classes populares.

e) Para Evanildo Bechara, a norma culta é superior no que se refere à capacidade de expressão de ideias complexas no campo cultural.

Texto para questões 26 e 27

Geração Coca-Cola

Legião Urbana

Quando nascemos fomos programados A receber o que vocês Nos empurraram com os enlatados Dos U.S.A., de 9 às 6

Desde pequenos nós comemos lixo Comercial e industrial Mas agora chegou nossa vez Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês

Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola

Depois de 20 anos na escola Não é difícil aprender Todas as manhas do seu jogo sujo Não é assim que tem que ser

Vamos fazer nosso dever de casa E aí então vocês vão ver Suas crianças derrubando reis Fazer comédia no cinema com as suas leis

2ª Série – 2016 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 21

26) Considerando que o discurso reflete a visão de mundo do autor, isto é, seus valores morais, sociais e até religiosos, aponte na letra de música a principal crítica apresentada. a) A exploração de mão de obra infanto-juvenil em multinacionais. b) A invasão cultural americana que gera alienação da juventude. c) A alimentação dos jovens que apenas consomem produtos de baixo valor

nutricional como a Coca-Cola. d) A revolta da juventude diante da poluição. e) A rejeição ao povo americano.

27) A letra da canção, ao mesmo tempo em que é extremamente crítica, demonstra

desilusão diante do problema abordado. Recorrendo aos conhecimentos de interpretação da linguagem verbal, podemos afirmar que essa desilusão está registrada nos seguintes versos:

a) “Vamos fazer nosso dever de casa / E aí então vocês vão ver”. b) “Desde pequeno nós comemos lixo / Comercial industrial”. c) “Quando nascemos fomos programados / A receber o que vocês / Nos

empurraram com os enlatados”. d) “Não é difícil aprender / Todas as manhas do seu jogo sujo”. e) “Somos os filhos da revolução / Somos burgueses sem religião / Somos o

futuro da nação / Geração Coca-Cola”. 28) Observe a tirinha e leia o poema:

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

22 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO

Estas mãos

Olha para estas mãos de mulher roceira, esforçadas mãos cavouqueiras. Pesadas, de falanges curtas, sem trato e sem carinho. Ossudas e grosseiras. (...) Mãos que varreram e cozinharam. Lavaram e estenderam roupas nos varais. Pouparam e remendaram. Mãos domésticas e remendonas. Minhas mãos doceiras... jamais ociosas. Fecundas. Imensas e ocupadas. Mãos laboriosas. Abertas sempre para dar, ajudar, unir e abençoar. Mãos de semeador... Afeitas à sementeira do trabalho Caminheira de uma longa estrada. [...]

(Cora Coralina – 1889-1985 – “Meu livro de cordel”)

A tirinha e o poema “Estas mãos”, embora pertençam a gêneros textuais diferentes, são semelhantes no que se refere a) à abordagem da mesma temática, ainda que com diferentes intenções

comunicativas. b) às tarefas exercidas pelas mãos femininas. c) à redução do termo mão à questão do trabalho doméstico. d) à denúncia da exploração do trabalho doméstico feminino. e) às mãos como conotação de pedido de casamento.

2ª Série – 2016 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 23

29) Leia: Igual-Desigual

Eu desconfiava: todas as histórias em quadrinho são iguais. Todos os filmes norte-americanos são iguais. Todos os filmes de todos os países são iguais. Todos os best-sellers são iguais Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais. Todos os partidos políticos são iguais. Todas as mulheres que andam na moda são iguais. Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais e todos, todos os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais. Todas as fomes são iguais. Todos os amores, iguais iguais iguais. Iguais todos os rompimentos. A morte é igualíssima. Todas as criações da natureza são iguais. Todas as acções, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais. Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.

Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.

Carlos Drummond de Andrade, in 'A Paixão Medida'

best-sellers: livros mais vendidos. gázeis, virelais, sextinas, rondois: tipos de poemas. O título do poema anuncia a noção de desigualdade. Pela leitura do conjunto do texto, é possível concluir que a desigualdade entre os homens diz respeito principalmente a

a) traços individuais. b) convicções políticas. c) produções culturais. d) orientações filosóficas. e) igualdade

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

24 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO

30) Leia o texto e responda: Prefácio

São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor. É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.

Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou - como isso dou a lume essas harmonias.

São as páginas despedaçadas de um livro não lido... E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu

amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida, por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos, recebei-a no peito e amai-a como o consolo, que foi, de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor - esses dois raios luminosos do coração de Deus.

Álvares de Azevedo

Os aspectos linguísticos e enunciativos do texto demonstram que se trata do gênero prefácio, pois o autor a) apresenta sua visão de mundo, explorando o uso de metáforas como

recurso persuasivo. b) comenta a obra, apresentando justificativas e explicações sobre sua

autoria. c) narra uma história pessoal, explicitando os conflitos vividos por quem

escreve poesia. d) descreve sua infância, justificando o caráter ingênuo que marca a obra. e) critica a falta de erudição dos jovens da época, antecipando as dificuldades

de leitura. 31) Leia o seguinte texto.

Ontem era um povo descrente como um rio seco, sem esperança como uma

árvore desfolhada, sem viço e com a cor das coisas mortas. Hoje são grupos que se mostram ativos, vivos, navegando nas águas caudalosas das mobilizações.

Exibem vivacidade, dinamismo, determinação. Percebem que podem mudar o rumo das cidades e de sua própria vida. [ ... ] Significa que as pessoas sabem o que desejam, o ponto de chegada e os meios necessários para alcançá-Io. A ex-pressão ganha força: o povo é dono de seu nariz. No contraponto, a imagem também popular é a de que o tempo do "Maria vai com as outras" dá adeus, fechando o ciclo da política de oportunistas.

www.estadao.com.br

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SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 25

O texto apresenta o ponto de vista do autor sobre manifestantes que foram às ruas em defesa do bem-estar da coletividade. As estratégias argumentativas empregadas para sustentar esse ponto de vista são: a) A definição e hierarquia. b) subjetividade e comparação. c) refutação e dados estatísticos. d) interrogações e bilateral idade. e) autoridade e modelo.

32) Lugar de mulher também é na oficina. Pelo menos nas oficinas dos cursos da

área automotiva fornecidos pela Prefeitura, a presença feminina tem aumentado ano a ano. De cinco mulheres matriculadas em 2005, a quantidade saltou para 79 alunas inscritas neste ano nos cursos de mecânica automotiva, eletricidade veicular, injeção eletrônica, repintura e funilaria. A presença feminina nos cursos automotivos da Prefeitura — que são gratuitos — cresceu 1 480% nos últimos sete anos e tem aumentado ano a ano.

Disponível em: www.correiodeuberlandia.com.br. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado).

Na produção de um texto, são feitas escolhas referentes a sua estrutura, que possibilitam inferir o objetivo do autor. Nesse sentido, no trecho apresentado, o enunciado “Lugar de mulher também é na oficina” corrobora o objetivo textual de

a) demonstrar que a situação das mulheres mudou na sociedade

contemporânea. b) defender a participação da mulher na sociedade atual. c) comparar esse enunciado com outro: “lugar de mulher é na cozinha”. d) criticar a presença de mulheres nas oficinas dos cursos da área automotiva. e) distorcer o sentido da frase “lugar de mulher é na cozinha”.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

26 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO

Leia o texto para responder às questões de 33 à 36.

DESPERDÍCIO BRASIL

Sempre que se reúnem para lamuriar, os empresários falam no Custo Brasil, no preço que pagam para fazer negócios num país com regras obsoletas e vícios incrustados. O atraso brasileiro é quase sempre atribuído a alguma forma de corporativismo anacrônico ou privilégio renitente que quase sempre têm a ver com o trabalho superprotegido, com leis sociais ultrapassadas e com outras bondades inócuas, coisas do populismo irresponsável, que nos impedem de ser modernos e competitivos. Raramente falam no que o capitalismo subsidiado custa ao Brasil.

O escândalo causado pela revelação do que os grandes bancos deixam de pagar em impostos não devia ser tão grande, é só uma amostra da subtributação, pela fraude ou pelo favor, que há anos sustenta o nosso empresariado chorão, e não apenas na área financeira. A construção simultânea da oitava economia e de uma das sociedades mais miseráveis do mundo foi feita assim, não apenas pela sonegação privada e a exploração de brechas técnicas no sistema tributário - que, afinal, é lamentável, mas mostra engenhosidade e iniciativa empresarial – mas pelo favor público, pela auto-sonegação patrocinada por um Estado vassalo do dinheiro, cúmplice histórico da pilhagem do Brasil pela sua própria elite.

O Custo Brasil dos lamentos empresariais existe, como existem empresários responsáveis que pelo menos reconhecem a pilhagem, mas muito mais lamentável e atrasado é o Desperdício Brasil, o progresso e o produto de uma minoria que nunca são distribuídos, que não chegam à maioria de forma alguma, que não afetam a miséria à sua volta por nenhum canal, muito menos pela via óbvia da tributação. Dizem que com o que não é pago de imposto justo no Brasil daria para construir outro Brasil. Não é verdade. Daria para construir dois outros Brasis. E ainda sobrava um pouco para ajudar a Argentina, coitada.

(Luís Fernando Veríssimo)

33) Para entender bem um texto, é indispensável que compreendamos

perfeitamente as palavras que nele constam. O item em que o vocábulo destacado apresenta um sinônimo imperfeito é:

a) “Sempre que se reúnem para LAMURIAR,...” - lamentar-se b) “...um país com regras OBSOLETAS...” - antiquadas c) “...e vícios INCRUSTADOS.” - arraigados d) “...alguma forma de corporativismo ANACRÔNICO...” - doentio e) “...ou privilégio RENITENTE...” – persistente

2ª Série – 2016 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 27

34) “...no preço que pagam para fazer negócios num país com regras obsoletas e vícios incrustados.”; na situação textual em que está, o segmento país com regras obsoletas e vícios incrustados representa:

a) uma opinião do empresariado b) o ponto de vista do autor do texto c) uma consideração geral que se tem sobre o país d) o parecer do capitalismo internacional e) a visão dos leitores sobre o país em que vivem

35) O principal prejuízo trazido pelo Custo Brasil, segundo o primeiro parágrafo do

texto, que retrata a opinião do empresariado, é:

a) o corporativismo anacrônico b) o privilégio renitente c) trabalho superprotegido d) populismo irresponsável e) falta de modernidade e competitividade

36) “Raramente falam no que o capitalismo subsidiado custa ao Brasil.” os

empresários brasileiros raramente falam neste tema porque:

a) são mal preparados e desconhecem o assunto. b) se trata de um assunto que não lhes diz respeito. c) se refere a algo com que lucram. d) não querem interferir com problemas políticos. e) não possuem qualquer consciência social.

37) O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o Botafogo procurava fazer

uma forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado pelo Botafogo na frente da sua área. No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima da linha: Flamengo 1 a O.

Disponívei em: http://momentodofutebol.biogspotcom (adaptado).

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

28 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO

O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que: a) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra

ter rebatido a bola de cabeça. b) enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções

possíveis para serem aplicadas no jogo. c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados

no jogo em ordem cronológica de ocorrência. d) mesmo traz ideia de concessão, já que "com mais posse de bola", ter

dificuldade não é algo naturalmente esperado. e) por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do

Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um bloqueio. 38) "Seja ambicioso dentro dos limites, estude e observe sempre, amplie seus

sonhos quando puder, reduza suas ambições quando as circunstâncias exigirem. Mantenha sempre uma meta a alcançar em todas as etapas da vida e você será muito feliz."

Neste período, os verbos em negrito estão:

a) No modo imperativo. b) No futuro do preterito c) No presente do indicativo d) No particípio e) No modo subjuntivo

39) Apesar de representarem mais de 70 do mercado de trabalho, mulheres e

negros ainda são discriminados na área profissional.

O enunciado acima pode ser reescrito, sem perda substancial de sentido, como:

a) Mulheres e negros ainda são discriminados na área profissional, embora representem mais de 70 do mercado de trabalho.

b) Na medida em que representam mais de 70 do mercado de trabalho, mulheres e negros ainda são discriminados na área profissional.

c) Mulheres e negros representam mais de 70 do mercado de trabalho, portanto, ainda são discriminados na área profissional.

d) Mulheres e negros ainda são discriminados na área profissional, uma vez que representam mais de 70 do mercado de trabalho.

e) Mulheres e negros representam mais de 70 do mercado de trabalho, logo, ainda são discriminados na área profissional.

2ª Série – 2016 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 29

40) A forma verbal destacada está no modo imperativo em:

a) Desejamos, de coração, que tu triunfes e venças. b) Digo aos meus preciosos admiradores que falem mais alto. c) Não concorda com o resultado; é portanto, uma rebeldia. d) Se você for, não escute os bons conselhos dos inimigos. e) Talvez sua alma seja diferente por nossa culpa.

Texto para questões 41 e 42

Martin Charles Scorsese

Was born in November 17, 1942. He is an American director, producer, screenwriter, actor, and film historian, whose career spans more than 45 years. Scorsese's body of work addresses such themes as Sicilian-American identity, Roman Catholic concepts of guilt and redemption, machismo, modern crime, and gang conflict. Many of his films are also notable for their depiction of violence and liberal use of profanity. He has directed landmark films such as the crime film Mean Streets (1973), the vigilante-thriller Taxi Driver (1976), the biographical sports drama Raging Bull (1980), the black comedy The King of Comedy (1983), and the crime films Goodfellas (1990) and Casino(1995), all of which he collaborated on with actor and close friend Robert De Niro. Scorsese has also been noted for his collaborations with actor Leonardo DiCaprio, having directed him in five films, beginning with Gangs of New York (2002) and most recently The Wolf of Wall Street (2013). 41) Scorcese, um supercineasta, começou sua carreira por volta da década de

a) 80 b) 40 c) 90 d) 50 e) 60

42) São alguns temas abordados nos filmes de Scorcese:

a) conflitos entre gangues e decepções nos relacionamentos. b) a representação do profano e da violência. c) o crime e a representação do sagrado. d) a violência nas guerras e os conflitos nos centros urbanos. e) A religião como redenção e culpa e as desigualdades sociais.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

30 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO

43) Leia:

Vinyl is an American period drama television series created by Mick Jagger, Martin Scorsese, Rich Cohen and Terence Winter. The series stars Bobby Cannavale as Richie Finestra, a record executive in the 1970s. It premiered on HBO on February 14, 2016. On February 18, 2016, HBO renewed Vinyl for a second season. The first season will consist of 10 episodes. Scorsese has confirmed plans to direct further episodes of the series. "That was a huge musical moment, especially in New York," says Mick Jagger. "You had all of this interplay." He's talking about the mid-1970s, when the blues-fueled metal of Led Zeppelin coexisted with the gender-bending glam rock of New York Dolls, disco and the early strains of punk and hip-hop.

Vinyl é um seriado sobre o grande momento da música. Esse seriado retrata

a) uma época centrada no punk, a música disco e o hip-hop. b) a música bem no final da década de 70. c) momentos da música punk difundida pelos EUA. d) a história dos Rolling Stones. e) A historia e mick Jagger.

Texto para questões 44 e 45

2ª Série – 2016 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 31

44) Neste “quote” de Simone Beauvoir um dos verbos pode ser traduzido assim:

a) tornou-se b) se tornará c) tornando-se d) torna-se e) tornei-me

45) O único pronome que substituiria os substantivos deste texto seria:

a) its b) her c) It d) she e) he

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2ª Série – 2016

32 GABARITO 2 SISTEMA EQUIPE DE ENSINO