2º ciclo , 25 Abril

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Talvez já tenhas ouvido falar no 25 de Abril de 1974 ou da revolução dos cravos, mas provavelmente, não conheces a realidade, como os teus pais ou os teus avós a viveram.

Vamos perceber o que se passou nessa época.

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Antes do 25 de Abril de 1974, os estrangeiros que visitavam Portugal, encontravam pessoas boas e hospitaleiras, e fizeram muitos amigos.

Ao mesmo tempo, perceberam que os Portugueses eram muito pobres, sentiam-se muito tristes e viviam com muito medo.

I – O PAÍS DAS PESSOAS TRISTES

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Os visitantes tentavam saber o que se passava. Iam a casa dos amigos, e estes após fecharem todas as janelas e portas, contavam o segredo da sua tristeza.

Contavam que havia um grande tesouro em Portugal, mas que lhes fora roubado. O tesouro era a Liberdade.

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Toda a gente que tivesse aquele tesouro era livre de fazer o que quisesse, desde que não fizesse mal a ninguém.

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Os Portugueses não podiam dizer o que pensavam ou o que sentiam, nem partir e visitar outros países e conhecer outros povos. Viviam fechados no seu país como se fosse uma prisão.

Nem sequer podiam contar esse segredo a ninguém, porque seriam presos e torturados.

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Esses visitantes depois de conhecerem o segredo foram para as ruas e verificaram que tudo era verdade.

Haviam polícias por toda a parte, não os que orientam o trânsito ou os que prendem os ladrões, mas sim, polícias disfarçados que vigiavam as pessoas e impediam que elas falassem entre si.

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As crianças nesta altura, não podiam ouvir as músicas, nem ver os filmes, nem ler os livros e as revistas de que gostavam, mas só as músicas, os filmes e os livros que o governo queria.

Nem sequer podiam beber Coca Cola, porque era proibido.

II – AS CRIANÇAS DO PAÍS DAS PESSOAS TRISTES

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As raparigas e os rapazes não podiam conversar nem conviver uns com os outros e tinham que andar em escolas separadas e brincar em recreios separados por muros e por grades.

As raparigas não podiam vestir calças nem andar sem meias.

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Os rapazes, quando cresciam, eram mandados para guerras horríveis, em países longínquos e obrigados a matar gente que não conheciam e que nunca lhes tinha feito mal nenhum.

Muitos deles morriam ou regressavam doentes.

Guerra colonial. Guiné. 1963.

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E as crianças e os seus pais, não conseguiam alterar esta situação e recuperar o tesouro, pois viviam numa ditadura.

Sabes o que é uma Ditadura?

III – A DITADURA E O ESTADO NOVO

Ditadura é o regime político autoritário em que todos os poderes (legislativo, executivo e judiciário) estão nas mãos de uma única pessoa ou grupo de pessoas, que exerce o poder de maneira absoluta sobre o povo.

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Esta ditadura começou no ano de 1926. Ano em que o tesouro da Liberdade foi roubado aos Portugueses.

A partir do ano de 1933, o regime político era conhecido por Estado Novo. Nessa altura quem chefiava o governo era António de Oliveira Salazar, que só o abandonou em 1968. Salazar

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Foi então substituído por Marcelo Caetano, que dirigiu o País até ao dia de 25 de Abril de 1974.

Marcelo Caetano.

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Realmente, deveria ser muito triste viver naquela altura, em Portugal. Mas há mais, por exemplo, sabias que, durante o Estado Novo:

- As mulheres não tinham direito a voto.

- Que era proibido haver vários partidos políticos. Só havia um partido político (A União Nacional), que era o partido do governo.

-A Censura, conhecida como “Lápis Azul”, é que escolhia o que as pessoas liam, viam e ouviam nos jornais, na rádio e na televisão.

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Artigos Censurados.

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- Era proibido fazer greve.

- Era proibido fazer-se reuniões ou criar associações de qualquer tipo, incluindo, as Associações de Estudantes.

-A Escola só era obrigatória até à 4ª classe, e que era complicado continuar a estudar depois disso.

As manifestações eram proibidas.

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-Os professores podiam dar castigos muito severos aos seus alunos.

-As raparigas eram educadas para serem mães e donas de casa, não podiam estudar para serem médicas, advogadas ou juízas.

Saudação dos alunos ao professor.

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- Todos os alunos do ensino primário ao secundário, eram obrigados a pertencer à Mocidade Portuguesa, onde aprendiam a obedecer ao chefe do governo e a defender a ideologia do regime.

Mocidade Portuguesa

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IV – O 25 DE ABRIL DE 1974

Alguns capitães e soldados reuniram-se nos quartéis e pegaram nas armas para arrancar finalmente o tesouro das mãos dos ladrões. E toda a gente saiu para a rua e acompanhou os soldados, cantando e gritando “Viva a Liberdade, Viva a Liberdade”.

Até que um dia no País das Pessoas Tristes, decidiram reconquistar o seu tesouro.

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Talvez já tenhas ouvido falar de alguns desses capitães, como, por exemplo:

Salgueiro Maia Vasco Lourenço Otelo Saraiva de Carvalho

Vasco Gonçalves Melo Antunes

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Após o cerco dos soldados ao Quartel do Carmo, em Lisboa, onde estava o chefe do governo, Marcelo Caetano rendeu-se e entregou o poder.

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Os corações exultaram de alegria e as janelas encheram-se de bandeiras.

Como não houve a violência habitual das revoluções, com muito sangue de inocentes, o povo ofereceu cravos aos militares que os puseram nos canos das armas.

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As pessoas que tinham sido expulsas e obrigadas a refugiar-se longe de Portugal regressaram; as portas das cadeias abriram-se e os presos políticos voltaram a casa.

Libertação dos presos políticos.

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Os Soldados prenderam os elementos da Polícia Política - PIDE.

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Os jovens vieram da guerra e os meninos e as meninas puderam pela primeira vez dar as mãos e brincar juntos, sem castigos.

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Todo o País se transformou numa grande festa. Era o dia 25 de Abril, e porque foi nesse dia que aquele povo recuperou o tesouro da liberdade, esse dia passou para sempre a chamar-se o Dia da Liberdade.

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Tudo isto aconteceu há muito tempo, ainda tu não tinhas nascido. A esse país das pessoas tristes, chama-se hoje Portugal.

O tesouro pertence-te a ti, és tu agora que tens de cuidar dele, guardando-o muito bem, para que ninguém to roube outra vez.

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Como curiosidade, ficas a saber que os capitães utilizaram músicas como senhas, para que a polícia politica não descobrisse o que se estava a passar.

A canção “E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, foi um dos sinais previamente combinados pelos militares e que espoletava o início das operações militares.

Letra da Música E Depois do Adeus

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A canção Grândola Vila Morena, de José Afonso, foi a senha escolhida pelo MFA, como sinal confirmativo de que as operações militares estão em marcha e são irreversíveis.

Grândola, vila morenaTerra da fraternidadeO povo é quem mais ordenaDentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidadeO povo é quem mais ordenaTerra da fraternidadeGrândola, vila morena

Em cada esquina um amigoEm cada rosto igualdadeGrândola, vila morenaTerra da fraternidade

Terra da fraternidadeGrândola, vila morenaEm cada rosto igualdadeO povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheiraQue já não sabia a idadeJurei ter por companheiraGrândola a tua vontade.

Zeca Afonso.

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Em Vila Franca de Xira, a Revolução de Abril foi aclamada com bastante entusiasmo, assinalando-se como momento triunfal, o 1º de Maio de 1974, festejado em liberdade por todo o concelho.

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1º de Maio. VFX.

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Alguns dos presos políticos libertados, eram oriundos desta região. Eram homens e mulheres que, apenas porque sonharam e lutaram por um país livre e democrático, ao fim de anos de cativeiro, tortura e até de morte, foram finalmente libertados! Diversos grupos locais comemoraram em Lisboa, com os seus conterrâneos, a sua libertação e os alvores da liberdade.

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Vila Franca. João Abel Manta.

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Ficha de cadastro de registo de captura de António dos Santos Barbosa da Polícia de Segurança Pública.Vila Franca de Xira.Polícia Segurança Pública. 17 de Agosto de 1937.

Boletim do Registo Policial de captura de Tatone Asmano.Vila Franca de Xira.Polícia Segurança Pública. 1939.

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Ofício do Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Major Alfredo Horácio da Cunha Nery, ao Director da PIDE, sobre a distribuição de propaganda comunista levada a cabo por Albano Mendes. Vila Franca de Xira.Major Alfredo Horácio da Cunha Nery. 14 de Março de 1946.

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Ofício do vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira ao Director da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado sobre distribuição de folhetos clandestinos sobre a falta de géneros.Vila Franca de Xira.Major Joaquim da Silva Delgado. 5 de Maio de 1943.

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De facto no nosso concelho, havia uma grande miséria, não havia alimentos para comer, porque eram enviados para a Alemanha, para alimentar as tropas de Hitler.

Na mercearia de Marciano Mendonça, em Vila Franca de Xira, as pessoas esperavam pela sua vez para serem atendidas com senhas de racionamento.

O grande descontentamento levou às greves de 8 e 9 de Maio de 1944, pelo pão e falta de géneros. Os que se manifestaram foram severamente reprimidos, presos e despedidos.

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Fila à porta da mercearia Marciano Mendonça devido ao racionamento de géneros.Vila Franca de Xira. 1940.

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Também, no nosso concelho, houve pessoas que lutaram contra a ditadura. Estas juntavam-se, às escondidas, para discutir maneiras de combater o governo e ajudar os mais pobres. Por vezes, reuniam-se em barcos, no rio Tejo, com a desculpa que estavam a passear, para despistarem a polícia. Também, utilizavam a sede do clube de futebol de Vila Franca de Xira, dizendo que estavam a falar de cultura.

Igualmente, já deves ter ouvido o nome de algumas dessas pessoas, como por exemplo: Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, Álvaro Cunhal, Manuel da Fonseca, Arquimedes da Silva Santos, António Dias Lourenço, Lopes-Graça, José Cardoso Pires e Baptista Bastos.

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Passeios no Tejo. Vila Franca de Xira.[s. a.]. Anos 40 (Séc. XX).Reprodução fotográfica.Nota: Reconhecem-se da esquerda para a direita, Lopes Graça, Bento Caraça, Alves Redol, Manuel da Fonseca, Fernando Piteira Santos, entre outros.

Passeios no Tejo.Vila Franca de Xira.[s. a.].Anos 40 (Séc. XX).Reprodução fotográfica.Nota: Reconhecem-se da esquerda para a direita, Carlos Pato, Soeiro Pereira Gomes, Álvaro Cunhal, António Vitorino, entre outros.

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Conferência na Secção Cultural da UDV. Anos 60. Baptista Bastos, Alves Redol e José Cardoso Pires.

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Uma das primeiras grandes derrotas de Salazar, foi quando o General Humberto Delgado, opositor do regime, ganhou as eleições para a Presidência da República no nosso concelho, contra o candidato Américo Tomás que era apoiado por Salazar, em 1958.

Os apoiantes do governo nem queriam acreditar que Américo Tomás perdera. Segundo eles, depois de terem feito tantas obras (como a ponte), as pessoas tinham sido ingratas.

Aliás, logo de seguida a polícia política prendeu alguns populares, que tinham andado a colocar cartazes de apoio a Humberto Delgado.

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Humberto Delgado, em campanha.

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Inauguração da Ponte. 1951.

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Outros momentos houve, de contestação ao poder….

Em 1969, no funeral de Alves Redol, houve uma grande manifestação de consternação e mágoa, pela sua morte, mas também, de contestação ao regime político. Vila Franca de Xira esteve em peso na última homenagem que lhe prestaram.

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Outro momento de contestação ao regime foram as sessões do programa recreativo e cultural ZiP-Xira, gravado no Cine – Teatro de Vila Franca de Xira (19 de Janeiro e 30 de Março de 1970).

O programa juntava pessoas de vários quadrantes intelectuais e artísticos: João Conceição, Belchior, Constantino, Rogério Ceitil, Jacinto Ramos, Guida Maria e António Mota Redol. A sua programação consistia numa nítida manifestação de repúdio pelas atitudes e actividades do governo.

Só foram realizadas duas sessões pois a P.I.D.E. proibiu o programa e apreendeu o material que pôde.

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Com o 25 de Abril, os exilados da região puderam regressar; houve eleições livres e os populares puderam ir votar.

Certificado de Refugiado atribuído a natural de Alhandra, pelas Nações Unidas. 21 Fevereiro 1972.

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Primeiras eleições autárquicas. 1976. Casa do Povo de Vila Franca de Xira.

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“A democracia surgiu quando, devido ao facto de que todos são iguais em

certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais entre si”

Aristóteles(Filósofo Grego 384-322 a.C)

Ontem apenasfomos a voz sufocadadum povo a dizer não quero;fomos os bobos-do-reimastigando desespero.

Ontem apenasfomos o povo a chorarna sarjeta dos que, à força,ultrajaram e venderamesta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,assas de vento,coração de mar.Como ela, somos livres,somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,grito vermelhonum campo qualquer.Como ela somos livres,somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia"quando for grandenão vou combater".Como ela, somos livres,somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,parte à conquistado pão e da paz.Somos livres, somos livres,não voltaremos atrás.

Somos Livres (uma gaivota voava, voava). Ermelinda Duarte