2º Relatório PD campus UFPA 2009 revisão junho 2009.

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Universidade Federal do Par Instituto de Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Segundo relatrio do Plano Diretor Participativo da Cidade Universitria Jos da Silveira Netto, UFPA

Belm, maio de 2009.

Universidade Federal do Par Prefeitura da Cidade Universitria Plano Diretor Participativo da Cidade Universitria Jos da Silveira Netto

SEGUNDO RELATRIO DO DIAGNSTICO DO PD CAMPUS UFPA

SUMRIO

LISTA DE ILUSTRAES......................................................................................................... 3 LISTA DE GRFICOS............................................................................................................... 9 LISTA DE TABELAS............................................................................................................... 10 INTRODUO........................................................................................................................ 10 HISTRICO DA EVOLUO URBANA DO ESPAO FSICO DO CAMPUS UNIVERSITRIO DO GUAM PARA O PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO............................................................... 13 1. ENTREVISTAS: PROFESSORES, ESTUDANTES E FUNCIONRIOS .................................... 22 2. SISTEMA VIRIO .............................................................................................................. 27 2.1 VIAS E LEITO CARROVEL ..............................................................................................33 2.2 CAMINHOS E PASSEIOS ....................................................................................................58 2.3. PASSARELAS...................................................................................................................74 2.4. ACESSOS ALTERNATIVOS................................................................................................86 2.5 CONFLITOS DE SISTEMA VIRIO........................................................................................93 2.5.1 CONFLITOS DE PEDESTRES X MOTORISTAS................................................................93 2.5.2 CONFLITOS ENTRE VECULOS .....................................................................................99 3. PONTOS DE ALAGAMENTO ............................................................................................. 106 4. BOSQUES E DEMAIS REAS DE PRESERVAO............................................................. 114 5. FAIXA DE DOMNIO DE RIOS .......................................................................................... 130 6. PONTOS DE MANIPULAO DE ALIMENTOS .................................................................. 139 7. PONTOS DE DESCARGA DE RESDUOS........................................................................... 154 8. POLUIO SONORA E VISUAL........................................................................................ 166 CONSIDERAES FINAIS.................................................................................................... 171 REFERNCIAS..................................................................................................................... 175

LISTA DE ILUSTRAES

Ilustrao 1 - O Setor de Transportes/ Marcenaria pavimentado com bloco de concreto e a rea do Lab. De Frmaco pavimentado com placas de concreto............................................................................. 34 Ilustrao 2 - Estacionamento "informal" prximo ao Instituto de Geocincias. ...................................... 35 Ilustrao 3 - Bolses prximos aos pavilhes de aula terica. ............................................................. 36 Ilustrao 4 - Estacionamento do Vadio. ............................................................................................. 36 Ilustrao 5 - Asfalto do estacionamento do Vadio bastante comprometido. Foto: Samia Hohlenwerger. Fevereiro de 2009................................................................................................................................ 37 6Ilustrao 6- Asfalto do estacionamento com fissuras. Foto: Samia Hohlenwerger. Fevereiro de 2009. .. 37 Ilustrao 7 - Sees de vias conferidas em campo.............................................................................. 38 Ilustrao 8 - Desenho das sees de caixas de vias do Setor Bsico conferidas em campo. Fonte: Levantamento de Campo, 2008. ........................................................................................................... 39 9Ilustrao 9 Via em frente aos Institutos .............................................................................................. 10 Ilustrao Ilustrao 10 - Em destaque est o canteiro central da via de acesso a Universidade pelo Porto Principal. ........................................................................................................................................................... 10 Ilustrao 11 Via no Setor Profissional prximo ao ICSA. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ....... 41 12 Ilustrao 12 Em vermelho via de acesso ao bolso de estacionamento com degradaes. ................. 41 13 Ilustrao 13 Em vermelho via paralela ao Rio Guam com degradaes............................................. 42 14Ilustrao 14 Sees de vias conferidas em campo............................................................................. 43 15Ilustrao 15 Desenho das sees de caixas de vias do Setor Profissional conferidas em campo. Fonte: Levantamento de Campo, 2008. ........................................................................................................... 44 Ilustrao 16 - Estacionamento do Instituto de Cincias Sociais Aplicadas. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008............................................................................................................................................... 45 Ilustrao 17 Em vermelho estacionamento informal atrs do ICSA. ................................................... 45 Ilustrao 18 - Degradao da superfcie do pavimento, com vegetao ruderal, trincas e destruio de meio-fio da rede de micro-drenagem na pista do estacionamento da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Foto: Monique Bentes, Julho de 2008................................................................................ 46 Ilustrao 19 - Em vermelho bolso de estacionamento com degradaes............................................ 46 Ilustrao 20 - Estacionamento do Laboratrio de Hidrulica. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ... 47 Ilustrao 21 - Estacionamento do Laboratrio de Hidrulica. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ... 47 Ilustrao 22 - Em destaque bolses de estacionamento com degradaes. ......................................... 48 Ilustrao 23 Incio da pista da rea de preservao ambiental. Foto: Monique Bentes, 2008.............. 49 Ilustrao 24 - Via no pavimentada. .................................................................................................... 49 Ilustrao 25 Em vermelho via paralela ao Igarap Sapucajuba com degradaes. ............................. 50 Ilustrao 26 Em destaque bolses de estacionamento no Setor de Sade......................................... 51 Ilustrao 27 - Sees de vias conferidas em campo............................................................................ 52 Ilustrao 28 - Desenho das sees de caixas de vias do Setor Profissional conferidas em campo. Fonte: Levantamento de Campo, 2008. ........................................................................................................... 53 Ilustrao 29 - Vegetao invadindo o calamento. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008 ................. 55 Ilustrao 30 - Avenida Tucunduba....................................................................................................... 56 Ilustrao 31 - Desenho das sees de caixas de vias do Setor de Esportes conferidas em campo. Fonte: Levantamento de Campo, 2008. ........................................................................................................... 57 Ilustrao 32 - Vegetao impedindo a passagem de pessoas. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008 57

Ilustrao 33 - Conservao dos passeios bastante comprometida. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008. .................................................................................................................................................. 57 Ilustrao 34 - Passeio que vai do porto Principal at o Vadio. Foto: Samia Hohlenwerger. Setembro, 2008. .................................................................................................................................................. 59 Ilustrao 35 - Via sem passeio que contorna o Instituto de CG............................................................. 60 Ilustrao 36 - Via lateral ao prdio do Instituto de CG. Foto: Monique Bentes, Julho, 2008. ................. 60 Ilustrao 37 - Ausncia de caladas nas vias do Setor Bsico. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ..... 61 Ilustrao 38 - Pedestres na lateral da via. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. .................................... 61 Ilustrao Ilustrao 39 - Vias que possuem passeio. ........................................................................................... 62 Ilustrao 40 - Entrada do estacionamento da FAU e pista da orla do rio Guam. Calamentos degradados ou inexistentes. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008......................................................................... 62 Ilustrao 42 - Ponto de nibus sem calamento na pista atrs do ICSA. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008. .................................................................................................................................................. 63 41Ilustrao 41 Em destaque via paralela ao igarap Tucunduba com ausncia de passeios e mobilirios urbanos. .............................................................................................................................................. 10 Ilustrao 43 Em destaque disponibilidade de passeios no Setor Profissional. ................................... 64 Ilustrao 44 - Passeio recm construdo prximo ao Chal de Ferro. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. .................................................................................................................................................. 65 Ilustrao 45 - Passeio prximo ao ICSA juntas com vegetao. Foto: Samia Hohlenwerger, Fevereiro 2009. .................................................................................................................................................. 65 Ilustrao 46 - Na entrada do 4 Porto, pista com deficincia de passeios para pedestres. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ....................................................................................................................... 66 Ilustrao 47 - Degradao na Pista do setor de Sade prximo ao 4 Porto Foto: Monique Bentes. Junho de 2008............................................................................................................................................... 67 Ilustrao 48 Em destaque a falta de passeios na via do Setor de Sade. ........................................... 67 Ilustrao 49 - Parada de nibus prxima a Faculdade de Farmcia. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. .................................................................................................................................................. 68 Ilustrao 50 - Parada de nibus prxima a Faculdade de Odontologia. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. .................................................................................................................................................. 68 Ilustrao 51 Em destaque via paralela ao igarap Sapucajuba sem passeios e mobilirios urbanos. .. 69 Ilustrao 52 - Avenida Tucunduba. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008. ....................................... 70 Ilustrao 53 - Caminhos de acesso sendo tomados pela vegetao. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ........................................................................................................................................................... 71 Ilustrao 54 - Caminhos que interligam o Bloco Administrativo aos banheiros e ao Espao multiuso. .. 72 Ilustrao 55 - Passeio pavimentado com placa de concreto. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ........ 72 Ilustrao 56 - Comunicao para as Quadras Cobertas. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008................. 73 57Ilustrao 57 Desenho esquemtico das passarelas do Campus. ......................................................... 74 Ilustrao 58 - Novas passarelas em fase de acabamento, ao lado da Prefeitura. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ........................................................................................................................................ 75 Ilustrao 59 - Substituio das antigas passarelas pelas novas, prximo ao Auditrio Setorial Bsico. Foto: Samia Hohlenwerger. Setembro, 2008......................................................................................... 76 Ilustrao 60 - Conservao de Passeios bastante comprometida, prximo ao Auditrio Setorial Bsico. Foto: Samia Hohlenwerger. Setembro, 2008......................................................................................... 76 Ilustrao 61 - Passarelas ainda no substitudas, prximo ao Laboratrio de Fsica. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008. ................................................................................................................. 77 Ilustrao 62 - Passarela sem cobertura. .............................................................................................. 78 Ilustrao 63 - Passarela nova em primeiro plano e a antiga em segundo, prximas ao Laboratrio de Fsica. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008. ................................................................................... 79

Ilustrao 64 - Em destaque passarelas novas no Setor Profissional...................................................... 80 Ilustrao 65 Passarela nova prximo ao ITEC. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. ................. 80 Ilustrao 66 - Em destaque as passarelas mais degradadas do Setor Profissional. ............................... 81 Ilustrao 67 - Telhas danificadas na passarela prxima a Incubadora de empresas. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ....................................................................................................................... 81 Ilustrao 68 - Estrutura corroda na passarela prxima ao Atelier de Arquitetura. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008..................................................................................................................................... 82 Ilustrao 69 - Passeio entre blocos GP e BP. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. ..................... 83 Ilustrao 70 - Em destaque passarelas novas no Setor de Sade. ........................................................ 84 Ilustrao 71 - Passarelas novas no setor de Sade. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. ............ 84 Ilustrao 72 - Passarelas novas prximas a Faculdade de Farmcia. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. .................................................................................................................................................. 85 Ilustrao 73 - Caminho de acesso ao prdio de CGEO. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ................ 87 Ilustrao 74 - Caminho de terra em frente ao Bosque Adolph Duck. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ........................................................................................................................................................... 87 Ilustrao 75 - rea do Setor Profissional com maior presena de passeios, trajetos e estacionamentos alternativos. ......................................................................................................................................... 88 Ilustrao 76 - Caminho ao lado do Bloco DP. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008........................... 89 Ilustrao 77 - Caminho alternativo com blocos de concreto atrs do Laboratrio de Eng. Eltrica. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. .................................................................................................... 89 Ilustrao 78 - Caminho e estacionamento informal em frente ao bloco HP. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009................................................................................................................................ 90 Ilustrao 79 - Caminho prximo ao atelier de Arquitetura para o estacionamento. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008..................................................................................................................................... 90 Ilustrao 80 - Caminho alternativo de terra atrs da Faculdade de Odontologia. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008..................................................................................................................................... 91 Ilustrao Ilustrao 81 - Caminho de terra. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008................................................... 92 Ilustrao 82 - Caminho informal criado para o acesso ao Campus III. Foto: Samia Hohlenwerger. Setembro, 2008................................................................................................................................... 92 Ilustrao 83 - Bolso de estacionamento com pedestres caminhando internamente, prximo ao Ginsio de Esportes. Foto: Monique Bentes, Julho, 2008. ................................................................................. 94 Ilustrao 84 - Conflito para acesso ao prdio da Biblioteca Centra, temos o fluxo de acesso de pedestres e veculos sendo misturados, pois o acesso ao estacionamento o mesmo para pedestres. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008............................................................................................................................. 95 Ilustrao 85 - Travessia do Pedestre na frente da Ponte do Tucunduba em meio aos carros. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ......................................................................................................... 96 Ilustrao 86 - Travessia do Pedestre na frente da Ponte do Tucunduba, falta de sinalizao. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ......................................................................................................... 97 Ilustrao 87 - Pedestre andando pela pista na frente da construo do Laboratrio de Hidrulica. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ......................................................................................................... 97 Ilustrao 88 - Pedestres andando na pista pela falta de caladas. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ........................................................................................................................................................... 98 Ilustrao 89 - Vias do Setor de Sade e principais pontos de conflitos. ............................................... 99 Ilustrao 90 - Carro estacionado em uma curva. Foto: Monique Bentes, Julho, 2008. ........................ 101 Ilustrao 91 - Bolso de estacionamento lotado, com carncia de espao para manobra e falta de sinalizao, prximo ao Auditrio Setorial Bsico. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008........................ 101

Ilustrao 92 - Veculo estacionado na pista, devido falta de vagas de estacionamento, bem como de sombreamento nos estacionamentos, prximo ao Ginsio de Esportes. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ................................................................................................................................................ 102 Ilustrao 93 - Ponte de veculos e pedestres do Igarap Tucunduba, sem sinalizao. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008. ...................................................................................................................... 103 94Ilustrao 94 Via do Setor Profissional sem sinalizaes. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. . 103 Ilustrao 95 - Estacionamento em frente ao Laboratrio de Engenharia Civil. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009.............................................................................................................................. 104 Ilustrao 96 - Estacionamento da Faculdade de Odontologia lotado. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ................................................................................................................................................ 105 Ilustrao 97 rea alagada em frente ao Instituto de Geocincias. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. ................................................................................................................................................ 107 Ilustrao 98 Faixa de alagamento do Setor Bsico. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. ........... 108 Ilustrao 99 - Ausncia de guia para coletar guas pluviais, prximo ao Chal de Ferro. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. ................................................................................................................ 109 Ilustrao 100 - Terreno alagado atrs da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Foto: Monique Bentes. Junho de 2008................................................................................................................................... 110 101 Ilustrao 101 - Alagadio na rea de interesse a preservao ao lado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008............................................................................. 110 Ilustrao 102 - Passarela prxima ao Laboratrio de Eng. Civil sofre alagamento em perodos de chuva intensa. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ................................................................................. 111 Ilustrao 103 - Ponto de alagamento no estacionamento da Faculdade de Odontologia e Blocos de salas de aula ao fundo. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ................................................................... 112 Ilustrao 104 - Estacionamento do Hospital Bettina Ferro e Souza. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008. ......................................................................................................................................................... 112 105Ilustrao 105 rea verde no Setor Profissional com base no Mapa de cadastro paisagstico da Prefeitura do Campus de 2009. ......................................................................................................................... 115 Ilustrao 106 - Canteiro central da via de acesso ao Campus, em frente ao prdio da Prefeitura da Cidade Universitria. Foto: Samia Hohlenwerger. Fevereiro de 2009. .............................................................. 116 Ilustrao 107 - reas de Preservao................................................................................................ 117 Ilustrao 108 - Bosque professor Ledoux. Foto: Samia Hohlenwerger. Fevereiro de 2009. ................. 117 Ilustrao 109 - Bosque Adolph Duck. Foto: Samia Hohlenwerger. Fevereiro de 2009......................... 118 Ilustrao 110 - Espao do Vadio recentemente planejado paisagisticamente, com o apoio da associao Amigos da UFPA. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. ............................................ 118 Ilustrao 111 - Monumento "Olho D'gua da Sabedoria" que se localiza em frente ao prdio da Biblioteca Central em uma rea extensa e sem tratamento paisagstico. Foto: Samia Hohlenwerger. Junho de 2009. ......................................................................................................................................................... 119 Ilustrao 112 - rea verde no Setor Profissional com base no Mapa de cadastro paisagstico da Prefeitura do Campus de 2009. .......................................................................................................... 119 Ilustrao 113 A foz do Igarap Tucunduba com o Rio Guam um exemplo de rea de preservao nas margens dos cursos dgua no Campus. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008. ................................. 120 Ilustrao 114 - Bosque prof. Camilo Viana, rea de preservao permanente localizado na margem do Igarap Tucunduba. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2008............................................................ 121 Ilustrao 115 - Vegetao da Margem do Igarap Sapucajuba vista da pista atrs do ICSA e ICED. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008......................................................................................................... 121 Ilustrao 116 - Bambuzal, ao lado direito margem do Rio Guam. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. ................................................................................................................................................ 122

Ilustrao 117 - Bosque entre a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e o Chal de ferro uma rea de preservao institucional usada em pesquisas acadmicas. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. .... 123 Ilustrao 118 - Bosque entre a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e o Chal de ferro com diversas rvores de grande porte. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008.......................................................... 123 Ilustrao 119 - Monumento construdo nas proximidades do NAEA. Foto: Samia Hohlenwerger. Junho, 2009. ................................................................................................................................................ 124 Ilustrao 120 - rea verde no Setor de Sade com base no Mapa de cadastro paisagstico da Prefeitura do Campus em 2008. ........................................................................................................................ 125 Ilustrao 121 - Mata nativa do setor de Sade esquerda e mata ciliar do igarap Sapucajuba direita. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. .............................................................................................. 126 Ilustrao 122 - Mata ciliar do igarap Sapucajuba com vegetao de espcies variadas. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008. ...................................................................................................................... 127 Ilustrao 123 - Foz do Igarap Sapucajuba com o Rio Guam um exemplo de rea de interesse de preservao permanente. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008. ........................................................ 127 Ilustrao 124 Amostra da vegetao e curso dgua na rea de interesse de preservao permanente prximo ao POEMA. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008................................................................ 128 Ilustrao 125 - Vegetao em volta do campo de futebol, demonstrando a ausncia de tratamento paisagstico Foto: Monique Bentes, junho de 2008............................................................................. 129 126 Ilustrao 126 Leito do Igarap Tucunduba um dos principais cursos dgua presente no Campus. Foto: Monique Bentes, Julho de 2008......................................................................................................... 131 Ilustrao 127 - Margem do Igarap Tucunduba. Foto: Monique Bentes, Junho de 2008. .................... 133 Ilustrao 128 Conteno no Rio Guam j prximo do Vadio. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. ......................................................................................................................................................... 133 Ilustrao Ilustrao 129 Detalhe da conteno em pedra, mostrada na foto acima, localizada nas proximidades do Vadio. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. ............................................................................. 134 Ilustrao 130 Faixa de domnio do Setor Bsico, com a Capela Ecumnica em destaque ao fundo. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009. .................................................................................................. 134 Ilustrao 131 Exemplo de eroso na margem do Rio Guam em frente Faculdade de Arquitetura e urbanismo. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. ....................................................................... 135 Ilustrao 132 - Eroso na margem do Rio Guam avanando em direo da pista em frente sede do projeto Mamirau. Foto: Monique Bentes, Fevereiro 2009................................................................... 136 Ilustrao 133 - rea interditada devido o avano da eroso na margem do Rio Guam. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. ................................................................................................................ 136 134Ilustrao 134 Trecho da faixa de domnio do Igarap Sapucajuba. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. ................................................................................................................................................ 137 Ilustrao 135 - rea de mesas da cantina da Reitoria. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008. ........... 10 Ilustrao 136 - Balco de atendimento da cantina da Reitoria. Foto: Samia Hohlenwerger. Fevereiro, 2009. ................................................................................................................................................ 140 Ilustrao 137 - Buffet onde so servidas as refeies da cantina da Reitoria. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ...................................................................................................................................... 140 Ilustrao 138 - Refeitrio atrs da rea dos blocos dos Institutos. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ......................................................................................................................................................... 141 Ilustrao 139 Cantina na lateral do Ginsio de Esporte, onde fica claro que o lugar foi adaptado para receber uma cantina e provavelmente no deveria abrigar essa funo. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho,2008. ....................................................................................................................................... 141 Ilustrao 140 - Copa da rea do Deposito. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho,2008. ........................... 142 Ilustrao 141 - Refeitrio do CAPACIT que tambm conta com uma infra-estrutura mais adequada. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008...................................................................................................... 142

Ilustrao 142 - Local de venda de alimentos prximo ao Macacrio. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008. ................................................................................................................................................ 143 Ilustrao Ilustrao 143 - Cozinha da rea do Setor de Transportes que demonstra a como a qualidade de manipulao dos alimentos fica comprometida com a falta de infra-estrutura. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008. ...................................................................................................................................... 143 Ilustrao 144 - Refeitrio do setor de Transportes. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008............... 144 Ilustrao 145 - Balco de vendas alimentos do Vadio, que podemos ver na foto que conta com uma infra-estrutura mais adequada. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008. ............................................. 144 Ilustrao 146 - Refeitrio do Vadio, que tambm se localiza em uma rea que possu uma infraestrutura compatvel com a funo desempenhada no local. Foto: Samia Hohlenwerger. Julho, 2008.. 145 Ilustrao 147 - Cantina na frente do Laboratrio de Eng. Eltrica. Foto: Smia Hohlenwerger. Julho de 2008. ................................................................................................................................................ 146 Ilustrao 148 Venda de alimentos em pontos informais "Ver-o-pesinho. Foto: Moema Carneiro. Julho de 2008............................................................................................................................................. 147 Ilustrao 149 Exemplo de um box do ver-o-pesinho do Profissional. Foto: Moema Carneiro. Julho de 2008. ................................................................................................................................................ 147 Ilustrao 150 - "Ver-o-pesinho" atrs dos boxes onde realizado o preparo e acomodao dos resduos. Foto: Moema Carneiro. Julho de 2008................................................................................................ 148 Ilustrao 151 - Cantina do ITEC, local de preparo possui uma divisria improvisada. Foto: Monique Bentes, Julho de 2008. ...................................................................................................................... 149 Ilustrao 152 - Refeitrio da cantina do ICSA separado da cozinha por uma divisria de madeira. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008......................................................................................................... 149 Ilustrao 153 - Restaurante anexado atrs do prdio do NAEA com maior estrutura. Foto: Monique Bentes, Julho de 2008. ...................................................................................................................... 150 Ilustrao 154 - Interior do Restaurante no NAEA. Foto: Monique Bentes. Julho de 2008..................... 150 Ilustrao 155 - Lanchonete prxima ao Hospital Bettina Ferro de Souza. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008............................................................................................................................................. 151 Ilustrao 156 - Lanchonete prxima a Faculdade de Odontologia. Foto: Smia Hohlenwerger. Julho de 2008. ................................................................................................................................................ 151 Ilustrao 157 - Cantina do POEMA com rea de preparo interna e refeitrio externo. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. ..................................................................................................................... 152 Ilustrao 158 rea interna da cantina na Faculdade de Farmcia. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. ................................................................................................................................................ 152 Ilustrao 159 - Copa para funcionrios da Faculdade de Odontologia em condies precrias. Foto: Monique Bentes, Junho de 2008. ....................................................................................................... 153 Ilustrao 160 - Espao multiuso com cantina. Foto: Monique Bentes, Junho de 2008........................ 153 Ilustrao 161 - Mapa sntese dos pontos de descarga de resduos do campus. Fonte: Levantamento de Campo, 2008..................................................................................................................................... 155 Ilustrao 162 - Materiais de construo depositado na lateral da via. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ......................................................................................................................................................... 156 Ilustrao 163 - Contineres de lixo e entulhos tambm depositados na lateral da via dificultando o trfego que, nesta rea, torna-se ainda mais lento devido a curva da via. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ................................................................................................................................................ 156 Ilustrao Ilustrao 164 - Descarga de lixo e resduos na rea do Depsito. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008.157 Ilustrao 165 - Materiais inservveis atrs do Ginsio de Esportes. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008. ......................................................................................................................................................... 157 Ilustrao 166 - Descarga de lixo em frente ao prdio da Biblioteca Central, comprometendo o fluxo e estacionamento de veculos. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008........................................................ 158

Ilustrao 167 - Contineres nas laterais das vias ao lado da Reitoria, dificultando tanto o trafego de veculos como os de pedestres. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008................................................... 158 Ilustrao 168 - Mapeamentos dos pontos mais freqentes de despejo de resduos no setor Profissional. Fonte: Levantamento de campo, 2008. ............................................................................................... 160 Ilustrao Ilustrao 169 - Container na lateral da pista prximo do ICJ Foto: Monique Bentes. Junho de 2008. .. 160 Ilustrao 170 - Entulho da reforma das passarelas e do RU profissional encima do canteiro. Foto: Monique Bentes, Junho de 2008. ....................................................................................................... 161 Ilustrao 171 Amontoado de terra preta no estacionamento do Laboratrio de hidrulica. Foto: Monique Bentes, Junho de 2008. ....................................................................................................... 161 Ilustrao 172 Materiais de construo da reforma do RU profissional ocupam e sujam o espao do estacionamento. Foto: Monique Bentes, Junho de 2008. .................................................................... 162 Ilustrao 173 - Cadeiras velhas amontoadas atrs do bloco BP exemplo de despejo de inservveis em canteiros do Campus. Foto: Monique Bentes, Junho de 2008. ............................................................ 162 Ilustrao 174 - Mapeamentos dos pontos mais freqentes de despejo de resduos no setor de Sade. Fonte: Levantamento de campo, 2008. ............................................................................................... 163 Ilustrao 175 - Contineres de resduos da Faculdade de Odontologia e Farmcia, localizados no estacionamento dessas faculdades. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008......................................... 164 Ilustrao 176 - Contineres de resduos do Hospital Bettina de Ferro e Souza. Foto: Monique Bentes. Junho de 2008................................................................................................................................... 164 Ilustrao 177 - Descarga de lixo. Foto: Monique Bentes. Julho, 2008................................................ 165 Ilustrao 178 - Ensaio de corpos de prova no Laboratrio de Engenharia Civil. Foto: Monique Bentes. Fevereiro de 2009.............................................................................................................................. 168 Ilustrao 179 - Corredor do laboratrio de Engenharia Civil, sala de aula, salas de professores e laboratrios com mquinas que provocam rudos. Foto: Monique Bentes, Fevereiro de 2009. ............. 169

LISTA DE GRFICOS

Grfico 1 - Pavimentao dos bolses de estacionamento na Cidade Universitria por setor. Fonte: Levantamento, 2008. ........................................................................................................................... 29 Grfico 2 - Pavimentao de vias da Cidade Universitria por setor. Fonte: Levantamento, 2008............ 29 Grfico 3 - Disponibilidade de passarelas na Cidade Universitria Fonte: Pesquisa de campo, 2008...... 30 Grfico 4 Distribuio de passarelas por setor na Cidade Universitria. Fonte: Pesquisa de Campo, 2008. .................................................................................................................................................. 31 Grfico 5 - Conservao das passarelas por setor da Cidade Universitria. Fonte: Pesquisa de campo, 2008. .................................................................................................................................................. 32 Grfico 6 - Pavimentao de vias do Setor Bsico. Fonte: Pesquisa em campo, 2008. .......................... 33 Grfico 7 - Pavimentao de bolses de estacionamento Setor Bsico. Fonte: Pesquisa em campo, 2008. ........................................................................................................................................................... 34 Grfico 8 - Conservao de bolses de estacionamento Setor Bsico. Fonte: Pesquisa de campo, 2008.35 Grfico 9 - Pavimentao de vias do Setor Profissional Fonte: Pesquisa em campo, 2008..................... 40 Grfico 10 - Pavimentao de bolses de estacionamento Setor Profissional. Fonte: Pesquisa em campo, 2008. .................................................................................................................................................. 44 Grfico 11 - Conservao de bolses de estacionamento no Setor Profissional Fonte: Pesquisa em campo, 2008. ...................................................................................................................................... 45 Grfico Grfico 12 - Pavimentao de vias do Setor de Sade. Fonte: Pesquisa em campo, 2008. .................... 48

Grfico 13 - Pavimentao de bolses de estacionamento. Fonte: Pesquisa de campo, 2008. ............... 50 Grfico 14 Anlise de Situao das passarelas do Setor Bsico. Fonte: Pesquisa em campo, 2008. ... 77 Grfico 15 - Anlise de Conservao das Passarelas do Setor Bsico. Fonte: Pesquisa em campo, 2008. ........................................................................................................................................................... 78 Grfico 16 - Anlise de situao das passarelas Setor Profissional. Fonte: Pesquisa em campo, 2008... 79 Grfico 17 - Anlise de conservao das passarelas Setor Profissional Fonte: Pesquisa em Campo, 2008. ........................................................................................................................................................... 82 Grfico 18 - Anlise de situao das passarelas Setor de Sade Fonte: Pesquisa em campo, 2008. ...... 83 Grfico 19 - Anlise de conservao das passarelas Setor de Sade. Fonte: Pesquisa em campo, 2008. 83

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Entrevistados conforme categoria e setor do Campus. Fonte: Pesquisa de campo, 2008. ..... 22 Tabela 2 - Critrios para avaliao da conservao de vias, baseados em DNIT (2006).......................... 30 Tabela 3 - Critrios para avaliao da conservao de passarelas.......................................................... 31 Tabela Tabela 4 Dimenses de seo de caixa de via conferidas em campo. Fonte: Levantamento, 2008....... 38 Tabela 5 Dimenses de seo de caixa de via conferidas em campo. Fonte: Levantamento, 2008....... 42 Tabela 6 Dimenses de seo de caixa de via conferidas em campo. Fonte: Levantamento, 2008....... 51 Tabela 7 - Largura das passarelas da Cidade Universitria Fonte: Pesquisa em campo, 2008................. 74 Tabela 8 - rea vegetada no Setor Profissional. Fonte: Mapa de cadastro paisagstico da Prefeitura do Campus, 2008. .................................................................................................................................. 120 Tabela 9 - rea vegetada no Setor de Sade. Fonte: Mapa de cadastro paisagstico da Prefeitura do Campus, 2008. .................................................................................................................................. 126 Tabela 10 Dimenses das faixas de domnio conferidas em campo. Fonte: Levantamento, 2008. ..... 132 Tabela 11 - Dimenses das faixas de domnio conferidas em campo. Fonte: Levantamento, 2008 ....... 135 Tabela 12 - Dimenses das faixas de domnio conferidas em campo. Fonte: Levantamento, 2008 ....... 137

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SEGUNDO RELATRIO DO DIAGNSTICO DO PD CAMPUS UFPA

INTRODUO

O diagnstico para a elaborao do Plano Diretor da Cidade Universitria contou, preliminarmente, com um relatrio inicial, produzido em Maio de 2008, cujo objetivo era realizar uma leitura inicial da densidade ocupacional do campus Belm da UFPA e, em paralelo, a ocupao de seu territrio, sobretudo das quadras urbanizadas. O primeiro relatrio contemplava os seguintes itens: anlise de parcelamento, densidades ocupacionais e aspectos morfolgicos gerais do ambiente construdo. Por aspectos morfolgicos entenda-se a quantificao e a avaliao de parmetros da forma da ocupao territorial, em duas e trs dimenses, sobretudo em aspectos referentes aos ndices urbansticos usuais e a seus impactos fsico-ambientais. A forma da ocupao, entende-se, tem reflexos diretos na qualidade ambiental do territrio urbanizado, bem como apresenta algum grau de influncia na capacidade de apreenso do espao e na orientao dos usurios, na prpria experincia da materialidade da cidade (KOHLSDORF, 1996). O Relatrio inicial possua anlises do parcelamento das quadras por setor, atravs de partidos e ndices urbansticos; densidades ocupacionais e morfologia do sistema virio. Este Segundo Relatrio d continuidade a estas anlises iniciais, utilizando-se de levantamentos de campo e registros da situao atual de ocupao espacial, em termos qualitativos e ao mesmo tempo mais empricos, gerando dados primrios, quase inexistentes no Relatrio anterior. Tais dados consistem em um apanhado at ento indito nos registros administrativos recentes da estrutura fsica da Cidade Universitria. Por outro lado, representam a sistematizao de dados j compilados e trabalhados administrativamente, divulgados em outros documentos recentes, mas aqui apropriados para fins de elaborao de instrumentos de ordenamento territorial. Logo, este documento torna-se um registro de problemas fsicos, de ocupao territorial e de aspectos administrativos da Cidade Universitria, convertida em campus recentemente. O conjunto do primeiro e do segundo relatrios compe um diagnstico da Cidade Universitria. Sua abrangncia, entretanto, no compreende todos os dados necessrios elaborao dos instrumentos urbansticos componentes do futuro Plano Diretor, e nem pretende sintetizar a problemtica territorial da UFPA em Belm como um todo. O presente relatrio tem, portanto, duas sesses. A primeira parte do relatrio consiste em uma sistematizao das impresses dos usurios da UFPA em Belm sobre a estrutura fsica da Cidade

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Universitria, colhidas atravs de formulrios direcionados, com espao para eventuais colocaes adicionais. Como pode ser visto, as categorias que so usurias sistemticas da Cidade Universitria (professores, alunos, funcionrios, alm de visitantes) apontam a deficincia de servios em seu territrio e, principalmente, as deficincias infra-estruturais como questes mais relevantes. A segunda parte pretende mapear aspectos da problemtica fsico-territorial do campus Belm da UFPA, tornado Cidade Universitria. Este mapeamento feito a partir dos seguintes itens: sistema virio; alagamento e drenagem; bosques e reas de preservao; faixas de domnio de rios; manipulao de alimentos; descarga de resduos; poluio sonora e visual. Este Segundo Relatrio foi produzido, portanto, de forma eminentemente descritiva e, para isso, foram utilizados dados secundrios provenientes da Prefeitura do Campus. A partir destes dados secundrios, foram feitos levantamentos e pesquisas de campo, para auxiliar na obteno de ndices urbansticos gerais. Estes ndices gerais foram calculados de maneira setorizada (Setor Bsico, Profissional, Sade e Esporte), seguindo a organizao atual do Campus, e deram origem a anlises preliminares, que posteriormente, serviram de embasamento para a elaborao de relatrios detalhados. No presente relatrio, que tambm apresenta a lgica que compreende a organizao setorizada do Campus, foram utilizados, alm de dados secundrios e de dados obtidos a partir desses, um mapeamento das condies fsicas e entrevistas com os diversos tipos de usurios da infra-estrutura do Campus. Os aspectos analisados no relatrio buscam identificar e/ou confirmar os usos e prticas dos diversos lugares do Campus, associando-os a conflitos e dando nfase demanda presente nas reas. Alm de expor os aspectos mais relevantes para uma analise a respeito do estado atual do Campus Universitrio, confirma deficincias j previstas e suas respectivas conseqncias para os usurios. Os pontos observados foram: Condio fsica da rede viria analisando o desenho virio, estado de conservao e

demandas atuais; diretas; Ocorrncia de reas verdes no Campus, subsidiando definies de reas destinadas Localizao dos pontos de alagamentos mais freqentes, suas causas e conseqncias

preservao ambiental; Verificao das faixas de domnio dos rios presentes no territrio da Cidade Universitria,

limitando reas ocupadas prximas aos leitos;

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Localizao dos pontos de manipulao de alimentos, identificando suas implicaes no

espao e no saneamento do Campus; Localizao dos pontos de descarga de resduos identificando quais os resduos mais

freqentes e os locais de descarga formais e informais, relacionando a limpeza e saneamento do Campus; Localizao de pontos com maior incidncia de poluio sonora e visual.

O conjunto dos dois relatrios de pesquisa do diagnstico do Plano Diretor Participativo da Cidade Universitria Jos da Silveira Netto prepara, portanto, um conjunto de dados e elementos tericometodolgicos para a elaborao de diretrizes de planejamento e ordenamento territorial da Cidade Universitria, prxima etapa do processo. A coerncia entre os documentos de anlise do Plano Diretor e seus instrumentos necessria, uma vez que as diretrizes de ocupao, por exemplo, devem ter lastro na problemtica identificada a partir de parmetros tcnicos e levantamentos efetuados. Para conduo das etapas seguintes do processo, que deve culminar na aprovao do Plano Diretor pela comunidade universitria, faz-se necessria a efetiva participao e interveno dos agentes envolvidos e impactados pelas diretrizes do instrumento. O Plano Diretor, entende-se, extrapola a dimenso administrativa da UFPA, e tem relao com a atual poltica de financiamento da pesquisa nas instituies federais de ensino superior. Neste sentido, a atual poltica de editais, que fragmenta o acesso a recursos e os coloca num regime competitivo, tem claros impactos na ampliao do espao fsico de campi universitrios no Brasil; h ampliao das estruturas construdas, mas h tambm desarticulao institucional, administrativa e, de forma relevante, conflitos e relaes de poder materializadas nos territrios universitrios. Esta questo, e outras correlatas, devem se fazer sentir no processo de aprovao do instrumento Plano Diretor, o que o preenche de dimenso poltica, num exerccio que entendemos como produtivo e mesmo educativo no que diz respeito conduo de nossos assuntos acadmicos, tcnicos e extensionistas.

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HISTRICO DA EVOLUO URBANA DO ESPAO FSICO DO CAMPUS UNIVERSITRIO DO GUAM PARA O PLANO DIRETOR PARTICIPATIVOJoana Barreto Coutinho1

A idia de criar um organismo que tratasse da infra-estrutura da UFPA em Belm surgiu em 1957, na gesto do primeiro reitor Mrio Braga Henriques, em funo da necessidade de reunir num s espao fsico as faculdades e escolas de nvel superior, ento existentes, que se encontravam espalhadas na cidade, na sua maioria, estaduais, que federalizadas passaram o formar a Universidade Federal do Par. Em 1958, os prdios onde funcionavam as faculdades estavam, na maioria, precisando de manuteno. Nesse ano criou-se a primeira Diviso de Obras (DO) da UFPA, conduzida pelo arquiteto Dr. Alcyr Meira, seu primeiro diretor, tendo a DO a funo primordial de reformar esse patrimnio e adapt-lo as novas condies do ensino superior universitrio na poca. Com a nomeao do Dr. Jos da Silveira Netto, em 17 de Novembro de 1960, para dirigir a Universidade atravs de Decreto Presidencial, surgiu idia de se criar um Campus Universitrio na cidade, embora no houvesse no Pas experincia dessa magnitude. Mas o Reitor Jos Silveira Netto j demonstrava a inteno de criar um Campus Universitrio. Um dado significativo do adiantamento do Par nesse processo foi a formao de uma Comisso de Planejamento do Conjunto Universitrio, (COPLANCU), que reunia arquitetos, engenheiros e tcnicos da prpria UFPA, e outros que vieram para montar a Faculdade de Arquitetura em Belm. Na conjuntura poltica da dcada de 60, considerando um significativo aumento do nmero de alunos nas faculdades de todo Brasil, foi necessria a ao de adaptar as instalaes fsicas dos prdios das faculdades para receber os alunos excedentes (aqueles que tinham passado no vestibular, mas no poderiam ingressar na universidade pelo exguo nmero de vagas). Por outro lado, o Ministrio da Educao, com a inteno de criar Campi em todo Pas, formalizou convnio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), estabelecendo contatos com universidades estrangeiras que mandaram especialistas no assunto para, atravs da troca de experincias, viabilizar os campi universitrios nas principais cidades brasileiras. Surgiram ento os primeiros modelos de campi no Brasil. Esses fatos reforaram a idia de se construir um Campus Universitrio em Belm. Nesse nterim, a equipe da COPLANCU, conduzida pelo Dr. Alcyr Meira, j havia elaborado um ante-projeto assumindo uma certa1

Arquiteta e urbanista, especialista em conservao e restauro pela UFPA. Arquiteta da Prefeitura da Cidade Universitria Jos da Silveira Netto, UFPA. Texto entregue em maio de 2009.

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liderana nesse processo, com proposta pautada em conceitos inditos que se configuraram num padro de arquitetura regional. A implantao do Campus se deu na segunda gesto, a partir de 1964, denominado inicialmente de Campus Pioneiro do Guam ou Ncleo Pioneiro do Guam, situado s margens do Rio Guam, na parte Leste, a 10 km do Centro da cidade de Belm, em rea de aproximadamente 471 h. Esta rea pertenceu ao Instituto Agronmico do Norte, atual EMBRAPA, e foi cedida atravs de um acordo entre o Ministrio da Educao e o Ministrio da Agricultura. A cesso da rea pelo Ministrio da Agricultura concretizou a implantao do campus s margens do Rio Guam, em decreto assinado pelo presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. A esta rea foram agregados terrenos de entorno que foram adquiridos atravs de compra ou de desapropriaes at que se conseguiu a rea ideal para implantao da Cidade Universitria que foi aterrada inicialmente no Ncleo Bsico, rea delineada para receber os primeiros pavilhes de aulas tericas; e depois na rea do Ncleo Profissional, onde a vegetao nativa foi preservada ao contrrio do Ncleo Bsico, cuja vegetao foi praticamente devastada. A base terica que serviu para o primeiro planejamento do espao fsico do Campus desde o seu traado at o Programa PREMESU IV (Projeto que inicialmente se chamou de Projeto de expanso e melhoramento das instalaes do Ensino Superior e depois Coordenadoria de desenvolvimento das Instalaes do Ensino Superior), compreendeu uma srie de conceitos que justificaram as idias da equipe que projetou a malha urbana e as edificaes pioneiras. A construo do Campus seguiu um Plano Diretor, que foi concebido levando em considerao aos princpios contidos na Carta de Atenas (novembro de 1933), em especial os que se referem as Chaves do Urbanismo (Carta de Atenas, p.31, item 77, Nov /1933). Em seus primrdios, conforme o Plano Diretor o espao fsico do Campus tinha como uma das caractersticas relevantes o distanciamento do stress cotidiano, garantindo a tranquilidade do trabalho intelectual; por outro lado, baseado na Carta de Atenas, a arquitetura do campus correspondeu ao preceito que diz reservar de antemo os espaos livres em meio dos quais se erguero os volumes edificados em propores harmoniosas. No caso do Campus, assim como nas demais universidades brasileiras da mesma poca, as edificaes foram construdas em funo da idia de distanciamento entre as mesmas, porm com o passar do tempo, no caso da UFPA, provavelmente devido s condies climticas locais, e a necessidade de um maior convvio entre a comunidade universitria, novas edificaes foram construdas como uma forma de interao que se traduz em espaos de convivncia, os quais foram sendo implantados como uma forma de preencher os espaos vazios e conseqentemente os vazios sociais.

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O Dr. Silveira Netto, ficou no cargo de reitor durante duas gestes. Em sua segunda gesto houve a Reforma Universitria (Decreto Lei n 53-18/11/1968), que garantiu modificaes profundas, tanto administrativas como fsicas e, segundo seus ideais, as unidades de uma universidade brasileira (cujo universo era entendido antes como unidades isoladas e independentes), dever-se-iam unir racionalmente. Seguindo esse ideal de reforma, os planejadores do espao fsico do Campus idealizaram e explicaram esse espao segundo o seguinte princpio: O espao um sistema aberto que dever como sistema que definir um conjunto de partes inter relacionadas e interdependentes, ao mesmo tempo aberto a fluxos externos de alimentao (IN PUTS), e tendo seu produto (OUT PUTS) e meio ambiente como um universo que estudado criar novas formas de processamento interno (FEED BACK) e novos tipos de alimentao. Partindo desse princpio, adotou-se um partido geral que foi definido pela adoo de um anel virio e um sistema de vias de penetrao internas, e bolsas de estacionamentos, obedecendo a outro princpio que tinha como ponto principal privilegiar os pedestres. Porm devido s condies climticas locais, logo houve necessidade de se construrem passarelas cobertas de comunicao entre as edificaes. No que diz respeito aos projetos arquitetnicos, estes foram elaborados segundo normas e princpios representativos dos padres construtivos regionais e das solues arquitetnicas da poca. Os planejadores chamaram de arquitetura ecolgica o resultado materializado nas edificaes em que preconizaram: o aproveitamento mximo de materiais e tcnica regional; a proteo eficaz intensidade pluviomtrica atravs de um a adequada orientao e utilizao de amplos beirais; um perfeito tratamento para insolao atravs de uma orientao correta; a utilizao racional de materiais, emprego de ventilao cruzada no interior, forro-telhado, etc.; o aproveitamento mximo da ventilao cruzada; o combate ao elevado grau de umidade por meio da elevao dos pisos; a reduo sensvel dos vos envidraados, com a utilizao, em larga escala dos vazados em madeira (venezianas por ex.), eliminando assim o fenmeno de absoro de calor, comum nas vidraas; o recuo das pavimentaes da circulao de acesso aos blocos ( at um limite em que a proteo dos beirais impedisse a incidncia dos raios solares- com esta providncia o calor absorvido pelo gramado, no havendo reflexo de calor para o interior da edificao; a fixao das estruturas de madeira em chumbadores de ferro, ( evitando contato com o solo mido, impedindo o apodrecimento da pea de madeira); a interligao de todos os blocos e conjuntos atravs de passarelas cobertas, proporcionando uma circulao independente das chuvas);as estruturas em concreto armado aparentes , assim como as alvenarias de tijolo, eliminando-se revestimentos dispendiosos, expressando uma verdade arquitetnica no emprego do material puro(UFPA/PCU/ETA. O Espao Acadmico da UFPA, p.38, p.39.1979)

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Na terceira gesto, do Reitor Aloysio da Costa Chaves (1969/1973), foi implantada a Reforma Universitria, em 1969, que implicou uma direo diferente quanto concepo do espao fisco de cidades universitrias. O Setor Bsico teve expanso significativa em seu espao construdo. A Prefeitura do Campus (PCU) foi implantada nessa gesto, assumindo-a provisoriamente o Eng. Antnio Prince Bouez, que acumulou o cargo na Diviso de Obras e mais tarde passou o cargo para o Prof. Luiz Gonzaga Baganha, considerado o primeiro prefeito do Campus Universitrio. Em 06 de junho de 1976 foi celebrado um convnio entre o Ministrio da Educao e Cultura (MEC) e a UFPA para repasse de recursos de emprstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e dos recursos de contrapartida da UFPA, provenientes de fontes locais para implementao do Programa PREMESU IV, citado anteriormente, que foi implementado na quarta gesto da UFPA, do reitor Clvis Malcher, cujo objetivo era contribuir para a realizao dos propsitos da Reforma Universitria. Nessa fase, a UFPA foi includa como beneficiria juntamente com outras sete universidades do Pas, escolhidas pelo Governo Federal. Nesse ano, por imposio do MEC e em funo do Programa PREMESU IV, uma outra unidade administrativa passou a fazer parte da estrutura da UFPA: o Escritrio Tcnico Administrativo (ETA) que realizava os propsitos do Programa, o qual proporcionou a construo de novos prdios; aquisio de equipamentos; treinamento de professores, etc., qualificando tanto a parte administrativa como a parte fsica da universidade. Ainda em 1975, na gesto do Dr. Clvis Malcher, os projetos necessrios construo do Campus Universitrio do Guam j estavam providenciados em nvel de estudo preliminar e com oramentos-base prontos. Este fato sacramentou a incluso da UFPA no Programa. Vale ressaltar que a boa administrao dos recursos propiciou a construo de mais dois prdios que no estavam previstos: o Atelier de Arquitetura e a Reitoria, ainda na quinta gesto. A quinta gesto, do Reitor Aracy Barretto, foi marcada pelo dinamismo e continuou o processo de expanso do Campus Universitrio. Assumiu a Prefeitura do Campus o Eng. Prof. Osmar Pinheiro de Souza e a coordenadoria do ETA, o Arq. Prof. Jos Freire. Uma especial ateno foi dada ao Escritrio Tcnico Administrativo (ETA) e a Prefeitura do Campus que tiveram importncia fundamental na quinta gesto, pois deveriam programar, planejar e prever novas reas, alm de implementar uma poltica de expanso fsica dentro da UFPA. A PCU supervisionou recursos significativos decorrentes do Convnio assinado entre a UFPA e o MEC (para transferncia de recursos provenientes dos contratos e emprstimos do BID e dos Recursos de Contrapartida Nacional). Ainda na quinta gesto um importante documento sobre a construo do espao fsico do Campus Universitrio foi publicado pelo ETA O Espao Acadmico da UFPA documento auxiliar

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para o conhecimento da evoluo fsica do Campus e do planejamento que norteou os caminhos de todo o processo de crescimento, contribuindo, assim, para iluminar a histria da Cidade Universitria, na fase importante de sua expanso. Na sexta gesto (1981/1985) do Reitor Daniel Coelho de Souza, respondeu pela Pr-Reitoria de Administrao o Eng. Prof. Antonio Prince Bouez, que solicitou ao Reitor que o mantivesse vinculado ao Setor de Obras. Assim o representante mximo da UFPA no achou necessrio nomear prefeito, pois entendiam que tal nomeao compreenderia mais um passo burocrtico. Porm, nessa gesto que so criados os dois departamentos da ento PCU (Prefeitura do Campus Universitrio): DEMEF (Departamento de Meio Fsico e DEMA (Departamento de Manuteno), com o mesmo nvel hierrquico da Prefeitura. No final dessa gesto foi nomeado o Eng. Antenor Forte Sampaio que permaneceu, provisoriamente, no cargo de prefeito. Em 1985, na stima gesto, do Reitor Jos Seixas Loureno, assumia a Prefeitura do Campus, o Arq. Prof. Jos Freire. Mudanas polticas no pas proporcionaram as eleies para os diversos setores da Universidade. O DEMEF e o DEMA passaram a compor a Prefeitura do Campus, e o DEMEF, departamento que conduzia o planejamento do espao fsico da UFPA (antigo ETA), passou a ser dirigido pelo Engenheiro Bouez que venceu as eleies para a diretoria do mesmo, continuando no cargo at a gesto seguinte, quando assumiu a Prefeitura do Campus o Arq. Prof. Joo Castro Filho. Na oitava gesto, do Reitor Nilson Pinto de Oliveira, imprimiu-se no espao fsico do Campus Universitrio um novo visual inspirado no regionalismo amaznico. Obras com caractersticas arquitetnicas e estilos diferenciados das obras construdas durante o planejamento do Campus, destacaram-se como um marco dos anseios de mudanas. O Arq. Prof. Joo Pinto Castro Filho, especialista em arquitetura dos trpicos, foi certamente um grande incentivador nesse processo de mudana visual do Campus, com suas obras temticas e aquisies na rea do Patrimnio Cultural que enriqueceram o Campus como, por exemplo, com a implantao de um Chal de Ferro no Setor Profissional e de duas obras de sua autoria: o Restaurante Universitrio e a Capela Ecumnica. O projeto do Restaurante Universitrio se fundamentou nos princpios do amazonismo arquitetural, na forma de uma rvore que nasce, cresce e cria sombra sombra ventilada. Um desenho A Rosa do Campo Amaznico representa o principio que norteou a criao do prdio, simbolizando uma grande rvore em que cada telha representa uma folha. Vrios elementos alusivos ao clima foram propostos com o intuito de despertar no usurio a sensao de conforto trmico e relaxamento. O foco principal do prdio, um telhado-folhagem, tem as funes de quebrar-sol e captar vento, possui lanternim e vitr com motivos marajoaras, alm de um grande chafariz com um sistema de gua, que acionado, o

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transformaria numa gostosa e bem vinda chuva. Hoje esta funo est desativada. Essa gua era captada no nvel do solo por meio de canaletas com seixos, emitindo som reconfortante. Sinos localizados na rea de maior ventilao executavam uma suave msica. Uma vela de barco, em lona, captava os ventos nas melhores direes. As cores vivas em painis pastilhados, vermelhos, azuis e amarelos (a cor do restaurante), mudou o antigo conceito do uso de cores neutras nos prdios do incio da implantao. A iluminao do sol economiza energia durante o dia, e a noite a luz proporcionada por oito lustres grandes e oito lustres pequenos, com a mesma forma do telhado. O paisagismo do entorno do prdio segue a idia do pingo dgua de chuva, como se um pingo ao atingir o centro do restaurante criasse uma srie de ondas a sua volta. A Capela Ecumnica foi outra proposta diferente. Representava uma sombra circular, ou elptica sob uma rvore de pau-amarelo que, afinal, no vingou, assim como os dezesseis ps de pau-brasil que circundavam a obra. A Capela Ecumnica hoje no est sendo usada com a mesma funo inicial. Localizada na orla do rio Guam, e numa perspectiva que impede uma viso mais abrangente da bela paisagem ribeirinha, hoje est sendo utilizada como espao de mltiplo uso, com atividades predominantemente desportivas. A remontagem do Chal de Ferro belga, um dos poucos exemplares de arquitetura residencial em ferro existentes em Belm, foi talvez uma das mais importantes aquisies para a Universidade. Alm de ter sido a residncia de um senador, o chal abrigou a Faculdade de Arquitetura da UFPA desde os seus primrdios em 22 de abril de 1964, funcionando at 1970, na Av. Almirante Barroso. Em 1970, passou para o Campus Universitrio, e ainda nesse ano foi transferida para outro chal, na Av. Jos Bonifcio. A partir de 1982, instalou-se em prdio no Setor Profissional, chamado Atelier de Arquitetura, construdo para esse fim. A inaugurao do Chal no Campus aconteceu s vsperas do aniversrio da cidade de Belm em 11 de janeiro de 1992, um evento muito expressivo durante as comemoraes dos 35 anos da UFPA. Atualmente o prdio abriga o Ncleo de Meio Ambiente - NUMA. A oitava gesto conseguiu, aps o PREMESU, ampliar significativamente a rea fsica da UFPA sem participar de qualquer programa oficial de construo, com recursos provenientes de convnios. Na nona gesto, do Reitor Marcus Ximenes, assumiu a Prefeitura do Campus o Eng. Prof. Ablio Cruz. Nessa gesto realizou-se poucas construes, porm vrias reformas foram levadas a efeito. Na poca foi construdo um anexo no prdio o DEMA para servir de sede Prefeitura do Campus. Destaca-se nessa gesto obra para disciplinar o uso dos espaos do Campus por usurios que prestam servios ou comerciantes como os ambulantes, boxes padronizados construdos no Setor I (Bsico), cujo conjunto foi

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denominado de cameldromo, que depois foi repetido no Setor II (Profissional). Destaca-se no Setor Sade, um prdio construdo nessa gesto, marco nessa nova rea do Campus do Guam: o Pavilho de Salas de Aula do CCS Centro de Cincias da Sade. Na dcima gesto (1997/2001), do reitor Cristovam Diniz, a Prefeitura do Campus conservou a mesma estrutura de departamentos sob o comando do Eng. Prof. Edson Ortis. Dois programas de extenso foram criados, no mbito da PCU, um deles com o objetivo de cuidar dos espaos de convivncia, que veio preencher lacunas poltica, de gesto e de planejamento existentes at ento. No Campus as reformas da antiga cantina do Bsico e da sede do Servio Social para Livraria e Editora Universitria merece destaque. Na 11 gesto, do Reitor Alex Fiuza de Melo, a Prefeitura do Campus foi conduzida pelo Professor Edison Farias onde ao processo de recuperao, adequao e ampliao dos aspectos infraestruturais da instituio, foi dado grande nfase e prioridade.2 O Plano de Desenvolvimento Estratgico da Universidade Federal do Par 2001 2010 que contm o plano da gesto 2001 2005, que foi desenhado segundo sete eixos transversais (Universidade Multicampi; Integrao com a Sociedade; Reestruturao do Modelo de Ensino; Pesquisa e Desenvolvimento amaznico; Ambiente Adequado e Modernizao da Gesto), serviu de esteira para muitas das aes implementadas pela mesma. O alcance de um ambiente adequado foi o principal eixo de competncia da Prefeitura da UFPA e teve entre as metas: ampliar, revitalizar e redimensionar a infra-estrutura e os recursos materiais s necessidades acadmicas e administrativas; garantir o bem-estar individual e coletivo da comunidade universitria; inovar e dinamizar a gesto da infra-estrutura, as linhas que traduziram em operao as principais estratgias estabelecidas no plano de gesto, que foram: - Operar o Programa de recuperao da infra-estrutura fsica da UFPA; - Planejar a urbanizao dos Campi, dotando-os de equipamentos servios de infra-estrutura urbana; - Restaurar o patrimnio arquitetnico e histrico da UFPA; - Garantir o bem-estar individual e coletivo da comunidade universitria; - Estabelecer polticas de segurana comunitria e patrimonial; - Promover a reestruturao administrativa da Prefeitura do Campus; - Adotar poltica intensiva de planejamento e captao de recursos para a infra-estrutura. No que diz respeito manuteno predial, a Prefeitura da UFPA, por meio da racionalizao dos recursos de contratos da Universidade, contribuiu para dotar financeiramente o programa de recuperao2

UFPA. Plano de Desenvolvimento Institucional da UFPA, p. 122. 2003

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e revitalizao dos espaos acadmicos administrativos, em 2004, com recursos que foram distribudos entre os diversos centros, ncleos e campi da UFPA. A Reestrutura funcional e administrativa da Prefeitura, denominada de Prefeitura Multicampi PMC, em fase experimental, funcionou com trs subestruturas: A Coordenao de Infra-estrutura; a Coordenao de Segurana Patrimonial e Comunitria; a Coordenao do Sistema de Alimentao e Nutrio Universitria compreendendo um marco na gesto atual de Prefeitura. O Programa de Reestruturao Funcional e Administrativa da Prefeitura - PRAD eliminou a velha dicotomia DEMA/DEMEF, com um novo desenho e organograma e filosofia de trabalho. Com relao ao paisagismo, iniciou-se a substituio das palheteiras e castanholas que prejudicavam as edificaes e o calamento, o replantio consiste, agora, na distribuio de mudas de espcies como o oiti, o ip, o falso pau-brasil, etc. Na segunda gesto do Reitor Alex Fiza de Melo, dados da Sinopse das Atividades Acadmico Administrativas das UFPA- 1 Semestre de 2008, demonstram a evoluo da infra-estrutura fsica da UFPA, tendo sido demonstrados montantes significativos de construes, reformas, ampliaes e adaptaes em execuo. Algumas mudanas foram implementadas na Prefeitura da UFPA na segunda gesto. O engenheiro Marcus Vincius Menezes Neto, deu continuidade ao trabalho iniciado pelo Professor Edison Farias, tornando-se o nono Prefeito da UFPA, sendo posteriormente substitudo pelo Professor Luis Otvio da Mota Pereira, que imprimiu um novo procedimento aos trabalhos realizados pela Prefeitura da UFPA, onde os projetos de arquitetura e complementares passaram a ser contratados por meio de processo licitatrio na modalidade Ata de Registro de Preos, passando a equipe tcnica a analisar e fiscalizar esses servios. Por outro lado, a inteno de se elaborar um novo Plano Diretor para o Campus Universitrio, manifestada na gesto do Professor Edison Farias, teve uma resposta na gesto do Professor Lus Otvio Pereira atravs do Plano Diretor Participativo. Para esse trabalho foi montada uma equipe multidisciplinar, com a participao principalmente da Faculdade de Arquitetura, atravs do Professor Juliano Ximenes e equipe, a qual entendeu que se faz premente a elaborao de um plano diretor complementar ao plano delineado na dcada de 60, para que se tenha eixos ordenadores para a ocupao racional do Campus Guam e se garanta as reas de preservao da mata remanescente, com dados atualizados sobre os espaos, porm esse trabalho dever ser compartilhado com a comunidade universitria como um todo e , inclusive, com a equipe que ir assumir a Reitoria em julho de 2009, para que se garanta sua continuidade. O Plano Diretor Participativo, ora em fase de execuo, como principal instrumento do processo de desenvolvimento

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fsico da Universidade, entra com o trabalho de diagnosticar amplamente a situao existente no espao fsico no momento atual, propondo solues que garantam as necessidades dos usurios e tambm as relaes do Campus Universitrio do Guam com a cidade de Belm, ajustando o planejamento fsico universitrio s diretrizes do planejamento urbano da cidade.

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1. ENTREVISTAS: PROFESSORES, ESTUDANTES E FUNCIONRIOS

A partir da necessidade de se obter dados primrios em um momento de diagnstico da Cidade Universitria, decidiu-se pela gerao de dados no disponveis nos cadastros oficiais da Instituio. O recurso das entrevistas foi feito pela necessidade de se ouvir os usurios do Campus, sabendo de sua experincia no territrio e no contato com as atividades e servios da UFPA. A amostra de usurios foi feita a partir de categorias profissionais existentes na UFPA, e houve a incluso de visitantes, pois o espao da Universidade tem carter pblico e freqentado por praticantes de exerccios fsicos, interessados nas atividades culturais, acadmicas e pelos servios oferecidos (bancos, Correios, restaurantes, hospital, clnicas, escritrios tcnicos, etc.). Em termos metodolgicos, as entrevistas representam a possibilidade de obteno de impresses dos indivduos, e de suas representaes acerca de uma dada realidade. A definio de um roteiro para a fala, obviamente, conduz a temtica, mas a estrutura da entrevista (em anexo a este documento) permite ao interlocutor que aborde outros temas, caso julgue pertinente. Embora haja algum direcionamento na temtica, inevitvel do ponto de vista prtico, as entrevistas se colocam como referncias importantes para identificar problemas no codificados pela linguagem cientfica e pelo esquema tcnico de leitura da realidade, freqentemente limitado pela prpria constituio. Assim, questes podem ser enumeradas nos relatos dos usurios do territrio da Cidade Universitria, e de seus servios, e podem ser incorporadas s anlises e diretrizes de interveno. Foram realizadas entrevistas atravs da aplicao de questionrios com alunos, professores e funcionrios e visitantes da instituio, tendo em vista que eles tendem a ser objeto dos conflitos gerados pela falta de infra-estrutura e/ou pela inadequao das instalaes e planejamento da Cidade Universitria. Atravs de entrevistas, baseadas em questionrio de respostas abertas, o objetivo era identificar quais os conflitos mais significativos no Campus sob a tica dos seus usurios, com o intuito de analisar como as deficincias so observadas por aqueles que convivem com elas diariamente.

Categoria Alunos Funcionrios Professores Visitantes

Bsico 1 1 3 -

Setor Profissional Sade 1 1 1 2 2 1 1

Esporte 1 1 -

Total 3 5 6 2

Tabela 1 Entrevistados conforme categoria e setor do Campus. Fonte: Pesquisa de campo, 2008.

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Constatou-se que a maioria dos entrevistados passava dentro da Universidade um perodo mnimo de 6 horas dirias, e seus percursos no estavam limitados aos setores aos quais estavam vinculados. Os trajetos eram quase sempre entre Terminal de nibus, Blocos de aulas, Institutos, Biblioteca Central, Restaurante Universitrio (RU) e Laboratrios. Preliminarmente, isto demonstra trajetos longos a serem vencidos pelos usurios, dada a configurao fsica, do desenho, da Cidade Universitria. Os pedestres comentaram a dificuldade de enfrentar longas distncias, tornando seus percursos cansativos, principalmente queles que precisavam andar do Terminal de nibus at o Setor Bsico ou do Setor Profissional at a Biblioteca Central e RU. Os problemas mais freqentes reportados pelos pedestres foram: a falta de passeios calados, como na citao de uma professora do Setor Bsico que descreveu o desconforto que sente, como pedestre, ao andar pelo acostamento da pista; falta de iluminao, reclamado pela maioria dos entrevistados que culpam a escurido de algumas reas para ocorrncia de crimes, deixando uma sensao de insegurana para aqueles que freqentam o Campus noite; e alagamentos, que dificultam a locomoo como ocorre no terminal de nibus; terceiro porto e estacionamentos. O problema de drenagem da Cidade Universitria deve ser tratado em outro item, mais frente. A respeito das passarelas foi citada melhoria com a instalao dos novos modelos, no entanto foram freqentes reclamaes referentes s passarelas mais antigas, devido falta de conservao e deteriorao destas; ainda foi apontada a falta de estrutura adequada aos pedestres nas travessias das pontes dos rios Tucunduba e Sapucajuba. Foi observada pelos usurios a falta de conservao das pistas, a eroso da margem do Rio Guam e a desordem no trnsito. Um professor comentou sobre a confuso encontrada no trnsito, citando o trecho da ponte do Tucunduba e do Espao de Convivncia Vadio que, segundo ele, agravada devido ao estacionamento de veculos em locais no apropriados. A falta de legibilidade espacial tambm foi citada, causada pela deficincia de sinalizaes e placas de identificao que, segundo uma professora do Setor de Sade, prejudica o deslocamento dos usurios pelo Campus que encontram dificuldade em localizar-se. Em relao conservao da Cidade Universitria, o Setor Bsico recebeu uma avaliao boa de seus usurios, enquanto o Setor Profissional recebeu avaliao regular ou pssima. Sendo assim, foi observado que a populao do Campus entende haver uma diferenciao de tratamento entre setores, principalmente em afirmaes de que o setor Bsico seria bem mais cuidado e favorecido por reformas do que o Setor Profissional, sendo este ltimo citado como abandonado. O principal trecho relatado

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pelos entrevistados como exemplo do abandono foram as passarelas prximas da Faculdade de Arquitetura, pela falta de manuteno, deteriorao, falta de iluminao e insegurana, principalmente durante a noite. Surgiram ainda relatos de deficincia na acessibilidade de PNE (Portadores de Necessidades Especiais) na maior parte do Campus. Um funcionrio do ICB (Instituto de Cincias Biolgicas) apontou erros na execuo de obras recentes, como um poste no meio do piso guia para os deficientes visuais no passeio prximo ao NAEA (Ncleo de Altos Estudos Amaznicos). E sobre as reformas e obras, essas obtiveram outras reclamaes, como: m qualidade de materiais e de execuo. Alm destes, houve comentrio de uma professora do IFCH (Instituto de Filosofia e Cincias Humanas), que ressaltou que antes de algumas obras serem concludas outras novas comeam o que, segundo ela, deixa o Campus com um aspecto de runas. Foi comentada tambm a sujeira do Campus, e da necessidade da coleta de lixo mais eficiente. Um aluno do curso de Engenharia Qumica sugeriu o uso de lixeiras seletivas e a criao de programas de educao ambiental como boa alternativa para amenizar o problema. Com os usurios em geral do Campus de Sade foi constatado que passavam em torno de 3 h a 9 h dirias na Universidade e a maior parte dos percursos era entre os portes de acesso e o prdio da Faculdade de Odontologia e/ou o Hospital Universitrio (chamado Bettina Ferro de Souza). As passarelas que auxiliam o trajeto dos usurios do Campus de Sade representam, na concepo dos entrevistados, uma significativa melhora no que tange infra-estrutura, porm a locomoo de pessoas deste setor para os demais ainda muito citada negativamente por no possuir passeios cobertos e, em certos trechos, os passeios serem inexistentes, aumentado, portanto a insegurana dos pedestres e motoristas. Atrelado a isso temos a grande demanda para o nibus circular. Os problemas identificados no Campus foram principalmente relacionados aos constantes alagamentos dos estacionamentos, bem como a falta de vagas. Foi citada a falta de segurana que deriva de muitos aspectos, entre eles, a citada falta de vigilantes e iluminao. Quanto ao Campus III temos uma situao diferenciada. Este setor no corresponde ao espao fsico mais adensado da Cidade Universitria, pois se encontra separado dos demais setores pela Avenida Perimetral e, portanto, apresenta problemas peculiares. A diferena da problemtica do Campus III da UFPA (tambm chamado de Setor de Esportes) em relao aos demais espaos tambm devida ao seu uso; nesta parcela da Cidade Universitria so desempenhadas, basicamente, atividades relacionadas a projetos culturais, educativos e desportivos da UFPA.

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As entrevistas feitas com professores, alunos e funcionrios do Campus III (Setor de Esportes) da Universidade Federal do Par ratificaram as observaes feitas com registros fotogrficos, no levantamento de campo realizado anteriormente. Uma das questes mais enfatizadas em relao ao Setor de Esportes foi a ausncia de intervenes da Prefeitura e da prpria Universidade, seja no quesito de infra-estrutura e conservao, ou no que tange a questes ligadas a projetos acadmicos. O tempo de permanncia dos usurios entrevistados foi de quatro a sete horas dirias, e os trajetos variavam entre o ponto de nibus mais prximo do local, passando pela Avenida Tucunduba, at o Campus III; em alguns casos, professores e alunos seguem at o Departamento de Esporte, localizado dentro do Campus Universitrio para realizaes de suas atividades. Quanto ao trajeto, o alvo de maior critica foi a falta de segurana. Os entrevistados enfatizaram a precariedade de segurana na rea, mesmo estando a poucos metros de uma seccional de segurana pblica; relataram casos de inmeros roubos, dentre eles o caso de uma das professoras que coordena o projeto Riacho Doce3, que conta ter sido assaltada inmeras vezes. Alm de extenso, o trajeto que vai do inicio da Avenida Tucunduba at a entrada do Campus III apresenta pssima iluminao - que j havia sido constatada com os registros fotogrficos - o que facilita a ao de marginais. Funcionrios locais relataram que quando h chuva estas aes violentas se intensificam. H dois vigilantes que fazem a segurana do setor, no entanto, no h possibilidade de sarem do Campus para acompanhar as pessoas no trajeto at o ponto de nibus. A maioria das pessoas que respondeu ao questionrio no utiliza as passarelas da Cidade Universitria, pois no tm a necessidade de se deslocarem at os Setores Bsico, Profissional e de Sade. Quando questionadas sobre a possibilidade de colocao de passarelas no Campus III foram unnimes em dizer que achavam que no havia necessidade de coloc-las dentro do Campus, e sim no trajeto da Avenida Tucunduba. Sobre a conservao geral, responderam que a ateno dada a este aspecto pssima. Muitas vezes essa conservao realizada pelos prprios funcionrios do local. Os banheiros tambm foram objeto de reclamao; foram relatados em pssimas condies de conservao.

O Projeto Riacho Doce - PRD uma proposta acadmico-social de ao complementar escola, desenvolvida pelo Departamento de Educao Fsica do Centro de Educao da Universidade Federal do Par - UFPA, com o apoio do Instituto Ayrton Senna - IAS, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social - BNDES, da Secretaria Nacional de Esportes - SNE e do Banco da Amaznia - BASA. O principal objetivo dar oportunidade para que crianas e adolescentes de 07 a 14 anos desenvolvam o seu potencial pela busca da formao integral, com o aprimoramento de competncias pessoais, sociais, produtivas e cognitivas para o sucesso na vida e na escola, capazes de promover melhorias na qualidade de vida. Projeto Riacho Doce, 2003.

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Um caso apontado por todas as pessoas entrevistadas foi a questo da vegetao local. Como foi apontada pelas fotografias, a vegetao ruderal (o mato) cobre quase todos os caminhos feitos para passagem de pedestres, alm de impossibilitar a utilizao do campo de futebol. Uma das professoras, quando questionada sobre o assunto, respondeu que isso acontece, principalmente, pelo pouco tempo que a mquina de corte fica disponibilizada para o Campus III. De acordo com seu relato, a mquina de corte fica disposio do Setor de Esportes apenas por uma semana, porm a rea a ser capinada bastante extensa. A chuva foi ponto de duas questes. A primeira delas foi a segurana deficiente que, com a ocorrncia de chuvas, sofre agravamento. A segunda questo foi o alagamento: quando h chuvas fortes o Campus III ficaria alagado por haver muito mato, por outro lado, quando estamos no perodo de chuva o mato cresce mais rpido, pois a mesma facilita seu crescimento. Quando questionados sobre possveis zonas de alagamento durante o trajeto na Avenida Tucunduba, os entrevistados disseram que no houve caso do Rio Tucunduba trasbordar e alagar a pista, no entanto, disseram que sendo esta uma pista perigosa, em caso de chuva isto se agrava consideravelmente. No h estacionamentos do Setor de Esporte, e na maior parte das vezes os carros so estacionados sob o sol forte e/ou na mata, portanto os usurios sentem a forte necessidade de se criar estacionamentos. No h tambm venda de alimentos no local, a cantina do Setor funciona exclusivamente para o Projeto Riacho Doce, distribuindo lanches para as crianas que participam do projeto. Preliminarmente, os resultados obtidos das entrevistas realizadas com os usurios apontam para a deficincia da sua conservao e para falta de infra-estrutura adequada, como iluminao, passeios e passarelas. Constatou-se tambm problemas freqentes nos deslocamentos, uma caracterstica dos Campi de projetos de inspirao modernista que ser explicada mais detalhadamente no tpico Sistema Virio, alm de problemas de acessibilidade da Cidade Universitria, causados pela deficincia da infraestrutura e falta de conservao.

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2. SISTEMA VIRIO

Segundo Mascar (2005) o sistema virio composto de uma ou mais redes de circulao de acordo com o tipo de espao urbano. o mais caro entre os sistemas de infra-estrutura urbana, com o equivalente a 45% do custo total de urbanizao. A principal funo do sistema virio oferecer o deslocamento, e necessria para o bom funcionamento da rua a organizao do seu trnsito, devendo suportar os modos de transportes4 mais usuais do local e assim permitir a mobilidade de seus usurios. necessrio tambm que a via cumpra sua funo, tanto nos deslocamentos como no suporte a outras infra-estruturas urbanas, cumprindo funes alm da circulao; principalmente, drenagem de guas pluviais, esgotamento, iluminao e comunicao. Foi analisada a atual situao da estrutura viria da Cidade Universitria com objetivo de avaliar a mobilidade de seus usurios, sendo observado o traado, localizao, extenso, tipologia, conflitos, disponibilidade e estado de conservao das vias e seus conseqentes conflitos entre os usurios. O Campus possui um traado urbano modernista, baseado em princpios urbansticos da poca como aqueles da chamada Carta de Atenas,5 como segue:

CampusVias exclusivas para o uso de automveis e separao da circulao de pedestres do trfego de veculos mecnicos, com ausncia de passeios adjacentes ao leito carrovel.

Carta de AtenasSegundo a Carta de Atenas as vias de circulao devem ser classificadas conforme sua natureza, e construdas em funo dos veculos e de suas velocidades (Art. 60). Orienta a criao de vias de circulao para pedestres separadas das vias para veculos, condenando as caladas tradicionais devido proximidade com o trfego de veculos oferecendo perigo aos pedestres ao exp-los a diferentes velocidades (Art. 27) (Art. 62).

Circulaes exclusivas para pedestres, em passarelas localizadas principalmente no miolo da quadra. Desenho urbano estruturado por anel virio perifrico sem ramificaes.4

Orienta a criao de vias de circulao para pedestres separadas e preferencialmente proporcionando ao pedestre poder seguir caminhos diferentes do automvel (Art. 62). Orienta que os cruzamentos de trfego interno devem estar organizados em circulao contnua por meio de mudanas de nveis. Justificando que as

Segundo Ferraz e Torres (2004) os modos de transporte urbano so classificados em motorizados e no motorizados e segundo a propriedade do veculo em grupos: privado ou individual (a p, moto, bicicleta), pblico (nibus, trem e metr), coletivo ou massa e semi-pblico (taxis e vans). 5 Documento formulado no Congresso Internacional de Arquitetura Moderna - CIAM em 1933 onde se discutia os problemas urbansticos das grandes cidades e se apontava princpios solucionadores para o seu desenvolvimento.

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muitas paradas tornam lento o percurso, ento deve se priorizar distncias maiores entre os cruzamentos e favorecer a marcha contnua dos veculos (Art. 61). No usado o alinhamento dos edifcios ao longo das vias de circulao, a maior parte dos edifcios no Campus possui o acesso voltado para o interior do miolo da quadra. Probe o alinhamento das habitaes ao longo das vias de comunicao justificando que as construes so prejudicadas pelos barulhos, poeiras e gases nocivos (Art.16) (Art. 27). Alm de que o alinhamento tradicional na beira das ruas no garantiria insolao adequada a todos os edifcios (Art. 17). Os edifcios no esto prximos das vias de trfego de veculos, com o uso de reas vegetadas fazendo a separao. Indica que as construes devem estar rodeadas por reas vegetadas e que estas devem isolar, em princpio, os leitos de grande circu