3 Bimestre 1 º Ano Do Ensino Médio História

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3 bimestres 1 º ano do ensino médio História Migrações Bárbaras A invasão dos germânicos provocou diversas transformações ao Império Romano A partir do século III, o extenso território controlado pelos romanos, sobretudo na parte ocidental do continente europeu, começou a ser ocupado por inúmeros povos, às vezes de forma pacífica, outras vezes pela força. Em sua grande maioria, os povos invasores eram de origem germânica. Entre eles, destacavam-se: os anglos, os saxões, os francos, os lombardos, os suevos, os burgúndios, os vândalos e os ostrogodos. Os romanos chamavam todos esses povos de bárbaros pelo fato de esses povos terem uma cultura muito diferente da deles. Não falavam o latim e tinham hábitos alimentares e de higiene pouco condizentes com os costumes romanos. Mas foi graças à convivência entre esses diferentes povos que surgiu no território europeu uma nova estrutura social. Nela são perceptíveis tanto elemento da cultura romana quanto dos povos germânicos. Essa sociedade, que então surgia, durou pelo menos mil anos. E até hoje podemos notar algumas de suas características, no mundo ocidental, como a forte presença do Cristianismo. Assim, ao estudar esse período da história europeia, podemos refletir sobre os diversos aspectos que envolvem a convivência entre povos de diferentes culturas. Seria possível menosprezar a cultura de algum povo? Classificá-la como atrasada? Nas fronteiras do Império Romano Para os romanos, bárbaros eram todos os povos que habitavam além de suas fronteiras e não falavam o latim. Com hábitos diferentes, a maior parte desses povos era de origem germânica; havia ainda os celtas e os eslavos. Durante os três primeiros séculos da era cristã, os romanos, apesar das diferenças de costumes, mantiveram relações pacíficas com muitos dos povos germânicos. Mantinham trocas comerciais e, com o tempo, o próprio exército romano passou a contar com grande número de voluntários germânicos em suas fileiras. É importante ressaltar que a ideia de civilização romana desempenhava um papel na construção da imagem daquele que estava sendo civilizado: o ‘bárbaro’, a antítese dos romanos. Deve-se considerar, também, que, se a cultura dos ‘bárbaros’ se transformava com a presença dos romanos esta também se modificava com a presença dos primeiros. Ao mesmo tempo, as instituições romanas e bárbaras se mantiveram com poucas transformações. Os primeiros grupos germânicos romperam as fronteiras do Império Romano de forma pacífica. Atraídos pelas riquezas e em busca de climas amenos e terras férteis, solicitavam permissão para se fixar no território romano. Assim, ofereciam-se como soldados, defensores das fronteiras ou como agricultores, a fim de cultivar os campos. Os romanos, que precisavam proteger suas terras, geralmente aceitavam a oferta. A convivência pacífica entre os povos germânicos e os romanos foi interrompida pelas sucessivas e violentas invasões ocorridas a partir do século IV. Essas invasões, que duraram cerca de dois séculos, acabaram por destruir a unidade do Império Romano, sobretudo da parte ocidental.

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3 bimestres 1 º ano do ensino médio HistóriaMigrações Bárbaras                   A invasão dos germânicos provocou diversas transformações ao Império Romano A partir do século III, o extenso território controlado pelos romanos, sobretudo na parte ocidental do continente europeu, começou a ser ocupado por inúmeros povos, às vezes de forma pacífica, outras vezes pela força.Em sua grande maioria, os povos invasores eram de origem germânica. Entre eles, destacavam-se: os anglos, os saxões, os francos, os lombardos, os suevos, os burgúndios, os vândalos e os ostrogodos.Os romanos chamavam todos esses povos de bárbaros pelo fato de esses povos terem uma cultura muito diferente da deles. Não falavam o latim e tinham hábitos alimentares e de higiene pouco condizentes com os costumes romanos.Mas foi graças à convivência entre esses diferentes povos que surgiu no território europeu uma nova estrutura social. Nela são perceptíveis tanto elemento da cultura romana quanto dos povos germânicos.Essa sociedade, que então surgia, durou pelo menos mil anos. E até hoje podemos notar algumas de suas características, no mundo ocidental, como a forte presença do Cristianismo.Assim, ao estudar esse período da história europeia, podemos refletir sobre os diversos aspectos que envolvem a convivência entre povos de diferentes culturas. Seria possível menosprezar a cultura de algum povo? Classificá-la como atrasada?Nas fronteiras do Império RomanoPara os romanos, bárbaros eram todos os povos que habitavam além de suas fronteiras e não falavam o latim. Com hábitos diferentes, a maior parte desses povos era de origem germânica; havia ainda os celtas e os eslavos.Durante os três primeiros séculos da era cristã, os romanos, apesar das diferenças de costumes, mantiveram relações pacíficas com muitos dos povos germânicos. Mantinham trocas comerciais e, com o tempo, o próprio exército romano passou a contar com grande número de voluntários germânicos em suas fileiras.É importante ressaltar que a ideia de civilização romana desempenhava um papel na construção da imagem daquele que estava sendo civilizado: o ‘bárbaro’, a antítese dos romanos. Deve-se considerar, também, que, se a cultura dos ‘bárbaros’ se transformava com a presença dos romanos esta também se modificava com a presença dos primeiros. Ao mesmo tempo, as instituições romanas e bárbaras se mantiveram com poucas transformações.Os primeiros grupos germânicos romperam as fronteiras do Império Romano de forma pacífica. Atraídos pelas riquezas e em busca de climas amenos e terras férteis, solicitavam permissão para se fixar no território romano. Assim, ofereciam-se como soldados, defensores das fronteiras ou como agricultores, a fim de cultivar os campos. Os romanos, que precisavam proteger suas terras, geralmente aceitavam a oferta.A convivência pacífica entre os povos germânicos e os romanos foi interrompida pelas sucessivas e violentas invasões ocorridas a partir do século IV. Essas invasões, que duraram cerca de dois séculos, acabaram por destruir a unidade do Império Romano, sobretudo da parte ocidental.A principal causa da invasão do império foi a chegada dos hunos à Europa durante os séculos IV e V. Originários do leste da Ásia, os hunos passaram a percorrer as regiões ocupadas pelos povos germânicos, empurrando-os ainda mais para dentro das fronteiras romanas.Principais povos invasoresOs principais povos que invadiram o Império Romano foram:- Anglos e saxões – originários da região da atual Dinamarca e do noroeste da atual Alemanha, invadiram a Britânia (atual Inglaterra);- Francos – saíram da região próxima à foz do rio Reno e dominaram a maior parte da Gália (parte da atual França);- Lombardos – partiram do norte da Germânia e dirigiram-se para o sudeste e depois para o norte da península Itálica;- Suevos – originários das margens do mar Báltico, estabeleceram-se no noroeste da península Ibérica, ocupando grande parte do atual território da Portugal;- Burgúndios – saíram da Europa central e estabeleceram-se no sudeste da Gália;- Vândalos – de origem germânica, atravessaram a Gália e alcançaram a península Ibérica e o norte da África;- Ostrogodos – deixaram a região da foz do rio Dnieper e avançaram para oeste, até a península Itálica;- Visigodos – saíram da região próxima à foz do rio Danúbio e atingiram a península Balcânica, a península Itálica, a Gália, além de dominar praticamente toda a península Ibérica.Os reinos do continente europeuAo se estabelecerem no interior do Império Romano do Ocidente, os vários povos invasores foram aos poucos organizando suas sociedades. Muitas delas, com um rei e certa estrutura administrativa, se transformariam em reinos independentes.

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Na formação desses reinos foi importante a relação entre os povos invasores e as populações locais. A partir dessa relação se consolidaram as estruturas econômicas, sociais e políticas da Europa ocidental. Por exemplo, a tradição cristã, surgida no Império Romano, tornou-se ao longo do tempo um elemento de coesão social, e a estrutura de poder fragmentada seria, por sua vez, uma herança dos povos germânicos.De todos os reinos, o que perdurou por mais tempo foi o dos francos. Como não se distinguiam pelo espírito aventureiro, característico de outros povos germânicos, os francos fixaram-se nos atuais territórios da França e da Bélgica, próximos à sua região de origem. Com isso, puderam manter suas características culturais. Outro motivo que fortaleceu o reino dos francos foi a ligação que ele estabeleceu com a Igreja católica.Abaixo, um breve quadro da origem bárbara de alguns países europeus:

País Localização Origem bárbara

Alemanha centro-norte da Europa Germânicos: anglos e saxões e francos…

Bélgica oeste da Europa Tribos celtas e germânicas: francos…

Dinamarca norte da Europa Germânicos: anglos e saxões, vikings…

Espanha sudoeste da Europa Germânicos: vândalos, visigodos…

França oeste da EuropaTribos celtas e germânicas: francos, vândalos…

Holanda (Países Baixos) oeste da Europa Tribos celtas e germânicas: francos…

Hungria centro-sul da Europa Eslavos e húngaros…

Inglaterra (Reino Unido) oeste da Europa Anglos e saxões, Vikings…

Itália sul da Europa Lombardos, ostrogodos, francos…

Polônia centro-norte da Europa Eslavos…

Portugal sudoeste da Europa Vândalos, visigodos…

Suécia / Rússialeste / centro-norte da Europa… Vikings…

 Referências:Almanaque Abril-CD. São Paulo: Ed Abril, 2004.Caderno do professor: História, Ensino Médio. 1ª série, volume 3, São Paulo: SEE, 2009.SOUSA, Rainer. Invasões Bárbaras (Imagem e Texto Adaptado). Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiag/invasoes-barbaras.htm>. Acesso em 04/08/2013.Texto adaptado de: PILETTI, Nelson & Claudino, História. São Paulo: Ática.