3. Consumo de madeiras e produção de partículas fecais ... · demorariam 40 dias para escavar 1...
Transcript of 3. Consumo de madeiras e produção de partículas fecais ... · demorariam 40 dias para escavar 1...
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
3. Consumo de madeiras e produção de partículas fecais pelas espécies de térmitas açorianas da família Kalotermitidae: Kalotermes flavicollis e Cryptotermes brevis 3. Wood consumption and pellet production by Azorean Kalotermitidae: Kalotermes flavicollis and Cryptotermes brevis Maria Ferreira1, Timothy G. Myles2, Annabella Borges1, Orlando Guerreiro1 & Paulo A.V. Borges1 1Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, CITA-A, Terra-Chã, 9700-851 Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, Portugal. 2Director, Urban Entomology Program, Centre for Urban and Community Studies, 455 Spadina Ave., Suite 400, University of Toronto, Toronto, Ontario M5S 2G8 (416) 978-5755; e-mail: [email protected]
Abstract: Two termite species of the family Kalotermitidae occur in the Azores: Kalotermes flavicollis is a dampwood termite and minor house pest. Cryptotermes brevis is a dry wood termite and a major pest of furniture and structures. Records of wood species consumed by each species in the Azores are reviewed. Differences in the color, size, shape, disposal of fecal pellets of each species are described. Rates of wood consumption, pellet production were experimentally studied for Cryptotermes brevis on 49 different wood species. Two wood species that are locally produced and widely utilized for construction, Cryptomeria japonica and Eucalyptus sp., were found to be among the most preferred woods for termite consumption indicating an important need for the development of an effective local pressure treatment system for preserving these woods. Least preferred (most resistant woods) included tropical hardwood species such as Jatobá and Maçaranduba. Fecal pellets expelled from galleries by termites are the most conspicuous evidence of Cryptotermes brevis infestations and provide a potential means of monitoring termite location, colony size and activity. Pellet expulsion was found to be discontinuous. However some bouts of pellet dumping were observed to be continuous for at least several days with rates of pellet expulsion of up to 274 pellets per hour, with pellet accumulations of as much as 7.8 grams over a two-week period. Resumo: Existem nos Açores duas espécies de térmitas da família Kalotermitidae: a Kalotermes flavicollis é uma térmita de madeira verde e é uma praga urbana menor. A Cryptotermes brevis é uma térmita de madeira seca e é uma importante praga para mobiliário e estruturas. São analisadas as espécies de madeira consumidas por cada espécie nos Açores sendo descritas diferenças na cor, tamanho, forma, e modo de despejo das partículas fecais. A taxa de consumo de madeira e a produção de partículas fecais para a espécie Cryptotermes brevis foram estudadas em 49 tipos diferentes de madeiras. Verificou-se que duas espécies de madeira produzidas localmente e muito usadas na construção, Cryptomeria japonica e Eucalyptus sp., foram das mais consumidas, indicando a importância do desenvolvimento de um sistema local para tratamento por pressão em autoclave das madeiras. Entre as madeiras menos consumidas (mais resistentes) encontram-se espécies tropicais, como o Jatobá e a Maçaranduba. As partículas fecais que são expulsas das galerias pelas térmitas são a forma mais conspícua de detectar infestações por Cryptotermes brevis, dando bons meios para monitorizar a localização de térmitas, o tamanho da colónia e a sua actividade. Foi verificado que a expulsão de partículas fecais é descontínua. Contudo, alguns períodos de expulsão de partículas fecais são contínuos por alguns dias, com taxas de expulsões de 274 partículas fecais, por hora, com acumulações de até 7,8 gramas num período de duas semanas.
1. Introdução
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
Duas espécies da família Kalotermitidae podem ser encontradas nos Açores (Borges et al., 2004). As
duas espécies açorianas de Kalotermitidae (a Cryptotermes brevis e a Kalotermes flavicollis) são
ecologicamente semelhantes no facto de as suas escavações serem inteiramente feitas em madeira e
não no solo e, assim, o desenvolvimento das suas colónias é, usualmente, limitado a um único item de
madeira acima do solo (Lind, 1997). Devido a esta limitação, estas colónias são normalmente
pequenas, apenas algumas dezenas ou centenas de térmitas (Nutting, 1970). Isto contrasta com a
térmita subterrânea (Reticulitermes grassei), que é capaz de aceder a muitos itens diferentes de
madeira, formando túneis através do solo, e que possuem colónias nas hordas dos milhões de
indivíduos. Contudo, estas duas espécies de Kalotermitidae representam ramos filogenéticos bastante
divergentes dentro desta família. A K. flavicollis é uma térmita de madeira verde clássica e é
representativa da condição ecológica mais primitiva que é mais dependente de um grau de humidade
mais elevado na madeira. A C. brevis, por outro lado, é o perfeito exemplo de uma térmita de madeira
seca e apenas sobrevive em madeira que está protegida da precipitação (Borror et al., 1992). A
capacidade de retirar água da madeira é uma característica muito importante nesta espécie. Outra
diferença entre estas duas espécies é a forma das partículas fecais produzidas, bem como a parte da
madeira que é consumida. Ambas as espécies são polífagas, sendo capazes de consumir uma grande
variedade de espécies de madeira. Existem dados recolhidos, na Terceira, de K. flavicollis em Videiras,
Oliveiras, Citrinos, Salgueiros, Metrossideros e Incensos. Usualmente, esta espécie escava galerias
no cerne de ramos mortos, perto de tecido vivo, tirando, assim, a humidade necessária da árvore viva.
Quando ataca madeira estrutural, é normalmente em locais expostos a infiltrações ou condensações.
Em contraste, a C. brevis não tem sido recolhida fora de casas, mas só dentro de estruturas, tanto em
madeira estrutural, como em mobília. Por esta razão, é uma importante praga estrutural a ter em conta.
Esta espécie ataca uma variedade de madeiras duras e moles, embora com uma clara diferença na
sua preferência. Minnick et al. (1972), entre outros, fizeram alguma pesquisa preliminar sobre a
preferência por um tipo de madeira por parte da térmita C. brevis, usando 10 tipos de madeira. Nos
nossos estudos, foram usados 49 tipos de madeira diferentes e foram comparados os diferentes níveis
de consumo, quer pela quantidade de partículas fecais produzidas, quer pela diferença de peso da
madeira pré e pós–consumida, com o propósito de encontrar quais os tipos de madeira preferidos pela
térmita C. brevis. Tanto a madeira produzida localmente, como os tipos de madeira produzidos no
estrangeiro foram usados neste estudo.
Uma melhor compreensão das preferências e taxas de consumo de madeira da C. brevis, bem como
uma diferenciação mais clara entre algumas características das duas espécies de Kalotermitidae foram
estudadas com o objectivo de aumentar o nosso conhecimento sobre estas térmitas, de forma a poder
implantar melhores planos de controlo destas pragas. Também, algumas madeiras tratadas foram
testadas na sua eficácia contra a C. brevis.
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
2. Métodos Para as experiências de consumo de madeira, peças de diferentes tipos de madeira foram cortadas
em pequenos blocos (Figura 1), que foram secos numa estufa e pesados. Estes foram colocados em
caixas de Petri com 10 térmitas cada, sendo feitas observações semanalmente. Nestas observações
semanais, as térmitas mortas eram removidas e as partículas fecais eram contadas. As madeiras
usadas nesta primeira experiência de consumo de madeira foram a Criptoméria, o Eucalipto, o Jatobá,
o Sapé, a Tacula, a Roseira, o Pinho, a Acácia e a Maçaranduba. Para todas estas madeiras, foi
montado um total de três réplicas. Ao fim de três meses, a madeira foi, de novo, seca numa estufa e
novamente pesada.
Para a segunda experiência de consumo de madeira, foram utilizadas algumas das mesmas
madeiras, mas sendo a maioria das madeiras utilizadas estrangeira, sobretudo, trazidas do Canadá.
Neste caso, as madeiras foram divididas em blocos e fatias. Os blocos foram colocados em copos de
plástico, enquanto que as fatias foram colocadas em caixas de Petri. Foram montadas três réplicas
para cada madeira e usadas 50 térmitas em cada réplica. A mortalidade e a produção de partículas
fecais foram, igualmente, observadas semanalmente.
Para a experiência da mortalidade das térmitas com madeira tratada, foram colocados blocos desta
madeira em copos de plástico com 50 térmitas cada e três réplicas de cada madeira utilizada. As
madeiras usadas foram duas variedades de pinho, marítimo e resinoso, tratado com Xilofene por
emersão e vácuo e também tratados no vácuo com diferentes sais de Cobre e Borato (Anexo I).
Figura 1. Térmitas num bloco de Cryptomeria japonica.
As partículas fecais das espécies Kalotermes flavicollis e Criptotermes brevis foram observadas numa
lupa binocular para analisar as suas diferenças (Figura 2).
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
Figura 2. Partículas fecais de Criptotermes brevis (5 filas da esquerda) e Kalotermes flavicollis (últimas três filas).
A produção de partículas fecais também foi analisada pela colecta de partículas fecais caídas de um
tecto infestado, em períodos de tempo diferentes, desde 30 minutos a dois meses, em diversos
pontos diferentes no laboratório de campo.
Análise estatística: Foram usados a folha de cálculo do EXCEL, assim como o programa STATISTICA
6.0 na análise estatística. Na comparação das diferentes madeiras, em ambas as experiências de
consumo de madeira, foi usado um teste de t emparelhado.
3. Resultados e Discussão As observações de partes seccionadas de tábuas de várias espécies infestadas indicam que as
térmitas preferem, sempre, consumir o borne, tendo menor preferência pelo cerne dessa espécie.,
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
Isto é especialmente observado na Criptoméria, na qual o borne da madeira pode ser quase
esvaziado, enquanto o cerne, numa mesma tábua, tem poucos túneis escavados (Figura 3).
As taxas de consumo de madeira variam entre 0,8 (Jatobá) e 12,6 (Eucalipto) mg por mês. Isto,
também, pode ser expresso em termos de volume de madeira escavado, sugerindo uma taxa máxima
de volume escavado de 0,004 cm3 por térmita, por mês, em Criptoméria, sugerindo que 50 térmitas
demorariam 40 dias para escavar 1 cm3 de madeira.
Figura 3. Consumo do borne da madeira pela Criptotermes brevis.
A preferência de madeira também pode ser expressa em produção de partículas fecais. As taxas de
produção de partículas fecais nas diferentes madeiras variaram entre 0,9 e 4,3 partículas fecais por
térmita por semana. A cor, consistência, tamanho e forma das partículas fecais variam consoante as
espécies de madeira consumidas. A lenhina da madeira não é substancialmente degradada no
processo de digestão por térmitas que consomem madeira, pelo que as partículas fecais destas
térmitas são ricas em lenhina (Bignell, 2006). Partículas fecais resinosas são geradas em abundância,
quando a C. brevis se alimenta de madeira resinosa, como o Pinho (Pinus). Crê-se que esta
habilidade de sequestrar resina durante a digestão é uma adaptação importante nesta espécie, que
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
permite atacar madeiras moles resinosas. A forma como as partículas fecais são dispostas difere
entre as duas espécies, K. flavicollis e C. brevis. Em ambas as espécies, as partículas fecais têm uma
aparência característica com seis superfícies laterais impressas, dando uma secção hexagonal. Na
espécie K. flavicollis, as pontas das partículas fecais são, normalmente, planas e a sua cor é castanha
ou preta, nunca clara, esbranquiçada ou resinosa. Na espécie C. brevis, as partículas fecais são,
ligeiramente, mais pequenas e, muitas vezes, pontiagudas na parte posterior. As partículas fecais da
Kalotermes flavicollis são compactadas em grandes aglomerados, formando plugs entre as suas
grandes galerias. Não são encontrados amontoados de partículas fecais soltas. Na espécie
Cryptotermes brevis, as partículas fecais nunca estão coladas umas às outras, mas ficam soltas numa
espécie de areia e muitas (talvez 50% ou mais) são expulsas pelas térmitas por kick holes. A taxa de
expulsão de partículas fecais por kick holes, nalguns casos, pode ser tão rápida como uma pelota a
cada 20 segundos, podendo ser contínua durante vários dias. A taxa de acumulação de partículas
fecais foi medida até cerca de 10 gramas acumulados num período de dois meses. O tempo entre a
expulsão de partículas fecais é muito variável. Em 30 minutos, um total de 138 partículas fecais foram
expulsas. A maioria das partículas fecais demorou entre 0 e 15 segundos, entre cada expulsão,
embora, algumas vezes, o tempo entre a expulsão de partículas fecais fosse superior a um minuto
(Quadro 1).
Quadro 1. Tempo entre a expulsão de partículas fecais durante um período de 30 minutos.
Tempo (segundos) Número de
partículas fecais 0 a 5 48
6 a 10 38 11 a15 17 16 a 20 6 21 a 25 12 26 a 30 7 31 a 35 2 36 a 40 3 41 a 45 1 46 a 50 1 51 a 55 1 56 a 60 0
Mais de 60 3
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
Também foi observado que a produção de partículas fecais, em termos de peso acumulado, varia
bastante, desde um máximo de 9,1224 g, recolhido em 2 meses, até um mínimo de 1,1756 g,
enquanto que, num período de duas semanas, se recolheram desde 7,8035 g a 0,2147 g (Figura 4).
0123456789
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
pontos de recolha
peso
(g)
recolha de 2 meses
recolha de 2 semanas
Figura 4. Partículas fecais recolhidas em dois períodos de tempo em 14 pontos de recolha diferentes.
Também se pode observar na Figura 4, por exemplo, no ponto 2, que houve um valor muito similar de
produção de partículas fecais, embora o período de recolhas fosse diferente. Isto sugere que a
expulsão de partículas fecais pelas térmitas é um acontecimento bastante variável, não sendo
constante em tempo ou quantidade. Isto pode, também, sugerir que, quando se faz uma inspecção a
uma casa para detectar a presença de térmitas, há uma necessidade de inspeccionar a casa em
diferentes alturas, porque uma só vez poderá não ser suficiente para detectar a presença de térmitas,
se a inspecção não ocorrer no tempo de expulsão de partículas fecais.
A primeira série de experiências de consumo de madeira produziu os seguintes resultados:
Em termos de peso perdido, o Eucalipto foi a madeira que perdeu mais peso, devido ao consumo
pelas térmitas, assim como a Roseira (Figura 5). As restantes madeiras tiveram uma perda de peso
bastante semelhante entre si. Isto poderia indicar que o Eucalipto e a Roseira são as madeiras
preferidas pelas térmitas, mas, por outro lado, em termos de produção de partículas fecais, a
Criptoméria, bem como o Eucalipto foram as madeiras que originaram um maior número de partículas
fecais por térmita, como se pode observar na Figura 6. Isto pode acontecer por várias razões: ou os
valores de perda de peso entre réplicas são tão diferentes entre si que torna difícil uma leitura
correcta dos dados ou poderá não haver uma relação directa entre a perda de peso da madeira por
consumo e a produção de partículas fecais. Poderá, ainda, haver outra razão: como estas madeiras
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
têm densidades muito diferentes e, portanto, uma perda de peso maior, isso não implica um aumento
no consumo de madeira, uma vez que a perda do mesmo volume de madeiras de diferentes
densidades pode corresponder a uma perda de peso completamente diferente.
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07Ja
toba
Sap
el
Pin
ho
Crip
tom
éria
Acá
cia
Taku
la
Mas
sara
ndub
a
Ros
eira
Euc
alip
to
Tipo de madeira
peso
(g)
a
aa
a
a
a b
b
a
Figura 5. Peso perdido devido ao consumo da madeira pelas térmitas. Barras com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0,05).
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
0
1
2
3
4
5
6
Mas
sara
ndub
a
Taku
la
Jato
ba
Pin
ho
Ros
eira
Sap
el
Acá
cia
Euc
alip
to
Crip
tom
éria
Tipo de madeira
núm
ero
de p
artíc
ulas
feca
is
aa
a
aa a
a
bb
Figura 6. Produção média de partículas fecais, por térmita, por semana. Barras com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0,05).
Na segunda experiência de consumo de madeira, as madeiras que perderam mais peso foram a
Swiss Pear (Prunus sp.), a Oak (Quercus sp.), a Yellow Birch (Betula alleghaniensis), a White Oak
(Quercus alba) e a Red Alder (Alnus rubra) (Figura 7). No entanto, os pesos dos blocos de madeira
não estão representados, uma vez que, contrariamente às expectativas, estes tiveram, na verdade,
um aumento de peso (Anexo II). Por esta razão, não foram considerados para os resultados da perda
de peso. Este aumento de peso poderá ter acontecido porque, nos blocos considerados, havia
pequenos plugs construídos pelas térmitas, todavia, este é um assunto que requer mais investigação
no futuro. Pode-se observar, na Figura 7, que as madeiras que perderam menos peso foram, entre
outras, o Liriodendrum, o Eucalipto e o Jatobá. Isto parece indicar que, comparado com outras
madeiras, o Eucalipto não é tão consumido como os resultados da primeira experiência pareciam
indicar. Contudo, outros trabalhos têm demonstrado que o Eucalipto é bastante susceptível ao ataque
por parte da C. brevis (Silva et al., 2004).
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14
sw iss pear
oak quercus
yellow birch
w hite oak
red alder
butternut
Black w alnut
paw paw
birch betula
red oak
w hite pine
mahogony
hickory
louro claro
tauri
birch
prima vera
w hite ash
black ash
grey w ood
madrona
jatoba
eucaliptus
lauan
makore
w enge
liriodendron
Tipo
mad
eira
peso(g)
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
c
c
c
c
c
Figura 7. Média de peso perdido por várias madeiras em dois meses. Barras com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0,05).
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
Em relação à produção de partículas fecais por térmita, pode-se observar que todas as madeiras
referidas anteriormente como das que perderam mais peso estão entre as madeiras que produziram
mais partículas fecais por térmita, estando a Red Alder no topo (Figura 8). É, também, possível
observar que, mais uma vez, o Eucalipto aparece entre as madeiras que produziram menos partículas
fecais por térmita. Pode-se argumentar que, quando comparado com um espectro maior de madeiras,
o Eucalipto não é uma das madeiras mais consumidas, embora, numa perspectiva local, comparado
com as madeiras usadas localmente, não seja uma escolha muito recomendável para madeira
estrutural, bem como a Criptoméria. Também se pode observar que as madeiras mais exóticas, como
a Maçaranduba ou a Makore, são mais resistentes ao ataque pela C. brevis, o que devia ser tido em
consideração aquando da escolha da madeira para uma nova construção. Esta resistência por parte
de madeiras exóticas também foi observada para outros tipos de madeira, como a Cupiúba (Gonçalves
& Oliveira, 2006).
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Red Alder
Birch Betula
Mahogany block
jatoba block
Mahogony
Sw iss Pear
Metrozidero block
White Pine block
W. Bruce
Oak (Quercus)
Madrona
White Pine
Prima Vera
Louro Claro
Jatoba slice
Paw paw
Sapel block
Yellow Birch
Black Ash
W. Red Ceder
Birch
Tauri
Acacia block
Lauan
Eucalyptus block
Cryptomeria block
Grey Wood
Red Oak slice
Red Oak block
Soft maple block
Hickory
Wenge
Black Walnut
Butternut
White Ash
Makore
Eucalyptus slice
White Oak
Lirioderdron
Pinus block tip
o de
mad
eira
número de partículas fecais
a
a
a
a
a
a
a
aa
a
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
c
c
cc
c
c
c
c
c
c
c
c
cc
c
Figura 8. Produção de partículas fecais, por térmita, por semana, num período de 2 meses. Barras com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0,05).
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
Em relação aos resultados obtidos com madeiras tratadas (Figura 9), foi possível observar que houve
uma elevada percentagem de mortalidade, 100% ao fim de duas semanas, para a maioria das
madeiras . O único tipo de madeira que não atingiu essa taxa de mortalidade foi o Pinho tratado com
duplo vácuo com sais minerais (Cobre e Borato), mas atingindo, ainda assim, uma mortalidade maior
que 92%. Estes resultados parecem indicar que madeiras tratadas nas carpintarias seriam uma boa
solução para o uso em estruturas, com as devidas precauções. Embora existam vários estudos que
testam madeiras tratadas e a sua resistência ao ataque de térmitas, como, por exemplo, os de
Maistrello et al., (2002) e Wong & Grace (2004), este é um assunto que necessita de estudos mais
aprofundados.
0
20
40
60
80
100
120
semana1
semana2
semana3
semana4
semana5
semana6
semana7
semanas de observação
perc
enta
gem
de
mor
talid
ade
PMVDSM
PREX
PMEX
PMDVX
Figura 9. Percentagem de mortalidade das térmitas nos quatro tipos de madeira tratada.
4. Conclusões
Deste estudo, várias conclusões podem ser tiradas. A primeira conclusão a tirar é que é possível
distinguir uma infestação pela Kallotermes flavicollis de uma infestação pela Criptotermes brevis, pois
estas apresentam diferentes tipos de partículas fecais, bem como consomem diferentes partes da
madeira. Esta informação é importante, aquando da inspecção de casas, pois os métodos de controlo
podem variar consoante a espécie com que se está a lidar. Em segundo lugar, outra noção importante
a reter na inspecção de casas é a variância da expulsão de partículas fecais por parte da espécie C.
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
brevis ao longo de um período de tempo; a não existência de partículas fecais não implica,
necessariamente, a não existência de uma infestação.
Em relação à preferência de consumo de madeira por parte da C. brevis, esta mostrou alguma
preferência por madeiras, como a Swiss Pear (Prunus sp.), a Oak (Quercus sp.), a Yellow Birch
(Betula alleghaniensis), a White Oak (Quercus alba) e a Red Alder (Alnus rubra), não consumindo
tanto madeiras exóticas, como a Maçaranduba e a Makore. Em relação às madeiras produzidas
localmente, o Eucalyptus sp. e a Cryptomeria japonica foram bastante consumidas, embora não tanto
como as madeiras referidas anteriormente. Esta é uma noção muito importante a ter na decisão do
tipo de madeira a utilizar na construção de novas estruturas. Outra conclusão que se pode tirar deste
estudo, que é importante ter em mente, é o uso de madeira tratada em construções novas, visto que,
entre outros, este estudo parece indicar que a madeira tratada é mais resistente ao ataque por parte
das térmitas.
Referências: Bignell, D.E. (2006). Termites as soil Engineers and Soil Processors. In: König, H., Varma, A. (eds),
Soil Biology: Intestinal Microorganisms of soil Invertebrates and Termites. Volume 6 p 183-220.
Borges, P.A.V., Lopes, D.H., Simões, A.M.A., Rodrigues, A.C., Bettencourt, S.C.X. & Myles, T. (2004).
Relatório do Projecto – Determinação da Distribuição e Abundância de Térmitas (Isoptera) nas
Habitações do Concelho de Angra do Heroísmo. Universidade dos Açores, Dep. de Ciências
Agrárias. Borror, D.J., Triplehorn, C.A., Johnson, N.F. (1992). An Introduction to the Study of Insects. 6th Edition,
Saunders College Publishers, U.S.A.
Gonçalves, F.G., Oliveira, J.T.S. (2006). Resistência ao ataque de cupim-de-madeira seca
(Cryptotermes brevis) em seis espécies florestais. Cerne Lavras, 12: 80-83.
Lind, P. (1997). Drywood Termites. Journal of Pesticide Reform, 17: 22-23.
Nutting, W.L. (1970). Composition and size of some termite colonies in Arizona and Mexico. Annals of
the Entomological Society of America, 63: 1105-1110.
Maistrello, L., Henderson, G., Laine, R.A. (2002). Comparative effects of vetiver oil, nootkatone and
disodium octaborate tetrahydrate on Coptotermes formosanus and its symbiotic fauna. Pest
Management Science, 59: 58-68.
Minnick, D.R., Wilkinson, R.C., Kerr S.H. (1972). Feeding preferences of the Dry wood termite
Criptotermes brevis. Environmental Entomology, 2: 481-484.
Silva, J.C., Lopez, A.G.C., Oliveira, J.T.S. (2004). Influência da idade na resistência natural da
madeira de Eucalyptus grandis W. Hill ex. Maiden ao ataque de cupim de madeira seca
(Cryptotermes brevis). Revista Árvore – Viçosa MG, 28: 583-587.
Wong, A.H.H., Grace, J.K. (2004). Laboratory Evaluation of the Formosan Subterranean Termite
Resistance of Borate-treated Rubberwood Chipboard. Communication for the International
Research Group on Wood Preservation, Slovenia.
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
Anexo I Lista de madeiras usadas: Acácia (Acacia sp.)
Birch (Betulla sp.)
Birch Betula (Betulla papyrifera)
Black Ash (Fraxinus nigra)
Black Walnut (Juglans nigra)
Butternut (Juglans cinerea)
Criptoméria (Cryptomeria japonica)
Eastern white spruce (Picea glauca)
Eucalipto (Eucalyptus sp.)
Grey Wood (Diospyrus sp.)
Hickory (Carya sp.)
Jatobá (Hymenaea courbaril)
Lauan (Shorea sp.)
Lirioderdron (Liriodendron tulipifera)
Louro Claro (Roupala montana)
Madrona (Arbutus menziesii)
Mahogany (Swietenia sp.)
Makore (Mimusops heckelii)
Maçaranduba (Manilkara elata)
Metrosidero (Metrozidero sp.)
Oak (Quercus sp.)
Pawpaw (Asimina triloba)
Pinho (Pinus sp.)
Primavera (Cybistax donnell-smithii)
Red Alder (Alnus rubra)
Red Oak (Quercus rubra)
Sapé (Salix pentandra)
Soft maple (Acer rubrum)
Swiss Pear (Prunus sp.)
Tauri (Couratari sp.)
Wenge (Millettia laurentii)
Western red cedar (Thuja plicata)
White Ash (Fraxinus americana )
White Bruce
White Oak (Quercus alba)
White Pine (Pinus strobus)
Yellow Birch (Betula alleghaniensis)
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007
Tema I: Biologia________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ WORKSHOP “Medidas para a Gestão e Combate das Térmitas nos Açores”
Editores: Paulo A. V. Borges & Timothy G. Myles
Madeiras tratadas: PMVDSM – Pinho marítimo com vácuo duplo de sais minerias de Cobre e Borato”
PREX – Pinho resinoso com emersão em Xilofene
PMEX – Pinho marítimo emerso em Xilofene”
PMDVX – Pinho marítimo com duplo vácuo em Xilofene”
Anexo II
Média de peso ganho pelos blocos de madeira usados na segunda experiência de consumo de
madeira.
Média de peso ganho (blocos)
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
w hite pine
w hite bruce
Cryptomeria
Acácia
mahogony
Eucalipto
Sapel
jatoba
Pinho
w estern red ceddar
metrozidero
red oak
soft maple
tipo
de m
adei
ra
peso (g)
Financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia Angra do Heroísmo, 1 de Dezembro; Ponta Delgada, 2 de Dezembro de 2006; Horta, 20 de Janeiro de 2007