3 - Corpora Eletônicos Na Pesquisa Em Tradução

45
CORPORA ELETRÔNICOS NA PESQUISA EM TRADUÇÃO Tony Berber Sardinha LAEL, PUC/SP 1. A importância do uso de corpora na tradução Há uma unanimidade entre os pesquisadores da tradução e os lingüistas de corpus em torno da questão da utilização de corpora eletrônicos na tradução: o posicionamento corrente é o de que tanto os estudos tradutológicos como área acadêmica de pesquisa, quan- to a prática tradutória, têm muito a ganhar com um contato maior com a Lingüística de Corpus. Entre os lingüistas de corpus, a posição de Hunston (2002) ilus- tra bem o pensamento desse grupo: Corpora … have more to offer translators than might at first sight be apparent. Not only can they provide evidence for how words are used and what translations for a given word or phrase are possible, they also provide an insight into the process and nature of translation itself. (p. 128). De certo modo, a utilização de corpus na pesquisa lingüística deixou de ser uma opção. A força da evidência obtida na explora- ção de corpora tem deixado claro que a linguagem é organizada de

description

CORPORA ELETRÔNICOS NA PESQUISA EMTRADUÇÃOTony Berber SardinhaLAEL, PUC/SP

Transcript of 3 - Corpora Eletônicos Na Pesquisa Em Tradução

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 15

    CORPORA ELETRNICOS NA PESQUISA EMTRADUO

    Tony Berber SardinhaLAEL, PUC/SP

    1. A importncia do uso de corpora na traduo

    H uma unanimidade entre os pesquisadores da traduo e oslingistas de corpus em torno da questo da utilizao de corporaeletrnicos na traduo: o posicionamento corrente o de que tantoos estudos tradutolgicos como rea acadmica de pesquisa, quan-to a prtica tradutria, tm muito a ganhar com um contato maiorcom a Lingstica de Corpus.

    Entre os lingistas de corpus, a posio de Hunston (2002) ilus-tra bem o pensamento desse grupo:

    Corpora have more to offer translators than might at firstsight be apparent. Not only can they provide evidence for howwords are used and what translations for a given word or phraseare possible, they also provide an insight into the process andnature of translation itself. (p. 128).

    De certo modo, a utilizao de corpus na pesquisa lingsticadeixou de ser uma opo. A fora da evidncia obtida na explora-o de corpora tem deixado claro que a linguagem organizada de

  • 16 Tony Berber Sardinha

    um modo muito mais complexo do que se imaginava. Conformecoloca Hunston (2002, p. 216):

    new ideas about language emerge and the old ones may needre-evaluation. Our own roles may change. In some ways our lives become more complex, simply because it is muchharder to ignore the endless intricacy of language itself.

    Para Tognini-Bonelli, ignorar a evidncia do que um corpus podeoferecer no apenas inapropriado, mas tambm perigoso (Tognini-Bonelli, 2002, p.74), porque a Lingstica de Corpus tem mostradorepetidas vezes quo inexata a intuio humana no entendimentoda linguagem (Sampson, 2001). Este ponto, alis, j havia sidodemonstrado de forma notvel por Labov (vide Sampson, 2001),mas ficou ainda mais claro recentemente, conforme os resultadosde pesquisas baseadas em corpus se tornaram pblicos. Vale ressal-tar, contudo, o importante papel que a intuio desempenha comoponto de partida na pesquisa tradutolgica com corpus (vide abaixo).

    Entre os tradutores, o reconhecimento do valor de corpora ele-trnicos no muito diferente. Para Tymoczko (1998), a influn-cia do uso de corpus na traduo tem vrios efeitos positivos, entreeles o de permitir um maior intercmbio de dados entre pesquisa-dores e praticantes, alm de modernizar a rea, trazendo-a maisperto do que se espera da pesquisa contempornea:

    Corpus translation studies change in a qualitative as well as aquantitative way both the content and the methods of the dis-cipline of Translation Studies, in a way that fits with themodes of the information age. (p. 652)

    Boa parte do interesse em corpora eletrnicos na rea de tradu-o provm de necessidades reais de traduo automtica de gran-de volume de dados. o caso da Unio Europia, que, como parte

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 17

    de sua existncia, tem de lidar com documentos que precisam sertraduzidos para as vrias lnguas da comunidade. Diversos proje-tos importantes de traduo assistida por corpus tm sido financia-dos pela Unio Europia (Hunston, 2002, p. 123).

    2. A lenta integrao da Lingstica de Corpus com aTraduo

    O cenrio apresentado na seo anterior levaria qualquer um asupor que h um casamento duradouro entre corpus eletrnico etraduo. Por exemplo, em 1993, portanto h praticamente dezanos, McEnery e Wilson concluam seu working paper sobre Lin-gstica de Corpus e traduo (McEnery & Wilson, 1993) com aseguinte frase:

    the presence of corpora in translation studies, as well as otherareas of linguistic study, seems destined to become evergreater. (p.10)

    Laviosa (1998b) estima que desde a publicao do trabalho pio-neiro de Baker, em 1993, um nmero crescente de estudiosos epraticantes da traduo tenha adotado metodologias baseadas emcorpora para estudar aspectos da traduo.

    Entretanto, no isso que se percebe. O Cumulative Index ofBibliography of Translation Studies de 1998 a 2001, organizadopor Lynn Bowker, da School of Translation and Interpretation1

    (Universidade de Ottawa) registra 499 trabalhos, dos quais apenasdez aparecem na rubrica corpus-based translation studies, ouseja, somente 2% do total.

    Dados semelhantes constam na lista de trabalhos do CETRA(Centre for Translation and Intercultural Studies da University ofManchester Institute of Technology)2 , que rene uma seleo de

  • 18 Tony Berber Sardinha

    trabalhos importantes sobre corpora e traduo. Compreendendoum perodo de nove anos (de 1993 a 2001), h nela 29 trabalhos, oque corresponde a uma mdia de pouco mais de trs trabalhos porano. Percebe-se, contudo, um aumento da quantidade de publica-es ao longo dos anos: de uma em 1993, para trs em 1996, para13 em 19983 , para nove em 2001.

    A lista mostra ainda que esses 29 trabalhos so de responsabilidade(autoria ou organizao) de apenas 12 pessoas, o que sugere, ainda, quea pesquisa influente em corpora e traduo esteja pouco disseminada.

    A tmida acolhida do uso de corpora pelos pesquisadores emtraduo peculiar, segundo Baker (1999):

    given that translation is a pervasive linguistic activity thatought to interest corpus linguists and that corpus linguisticsoffers translation scholars a powerful set of tools that havealready revolutionized the study of language in other spheres.(pp. 281-282).

    Mesmo em centros onde a Lingstica de Corpus est altamentedesenvolvida, como a Gr-Bretanha, a interface com a traduoainda restrita. No Brasil, ainda recente a tentativa de uniodessas duas reas. Nesse sentido, nmeros especiais como o pre-sente volume desempenham um papel especialmente fecundo.

    Obviamente, no o caso de imaginar que a utilizao de corporana traduo tenha de ser a opo default do tradutor ou pesquisa-dor, assim como ela no o na lingstica. Contudo, essa menorexpanso da pesquisa baseada em corpus no mbito dos estudostradutolgicos em relao lingstica nos faz pensar quais seriamalgumas das causas para que a expanso prevista por McEnery eWilson ainda no se tenha viabilizado.

    O pouco relacionamento entre a Lingstica de Corpus e a tra-duo deve-se a trs possveis razes principais. Duas delas foramapontadas por Baker (1999). A primeira o preconceito dos lin-gistas de corpus em relao ao texto traduzido, pois o vem como

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 19

    um tipo de texto desviante, no representativo da linguagem. Porisso, o texto traduzido no includo em corpora de uma dada ln-gua ou variedade. Entretanto, no o fato de a traduo ser prete-rida, simplesmente, que acarreta o maior problema, j que, defato, o texto traduzido fruto de condies de produo e recepopeculiares4 , diferentes daquelas em que outros textos so produzi-dos. O maior problema justamente o preconceito dos analistas decorpus, que fica patente em diversas manifestaes. Por exemplo,Baker cita Sinclair, segundo o qual h uma inevitable distortionna traduo. Outro importante lingista de corpus que demonstra omesmo tipo de viso negativa Aarts, que, ao tratar da questo dacomparao entre lnguas via corpus, considera que an intrusivefactor in such corpora is the translation activity itself (Aarts, 1998,pp. ix-x, apud Baker, 1999, p. 283).

    A segunda razo para a lenta integrao entre Lingstica deCorpus e traduo a imagem negativa da lingstica (em geral)perante os tradutores e pesquisadores da rea. Segundo Baker(1999), por muito tempo a pesquisa em traduo foi vista comoapenas uma aplicao de teorias provenientes da lingstica, dei-xando de lado questes sociais e ideolgicas inerentes atividadetradutolgica. Assim, as possibilidades oferecidas pela Lingsticade Corpus podem ainda estar sendo encaradas como mais umamanifestao daquela viso arcaica de pesquisa. Entretanto, Baker(1999) ressalta que no se trata da mesma situao: a Lingsticade Corpus oferece um olhar novo sobre a linguagem, que tem opoder de mudar os paradigmas da pesquisa lingstica (Tognini-Bonelli, 2001, 2002).

    Essa opinio compartilhada por Tymoczko (1998), segundo aqual, o uso de corpus eletrnico enriqueceria a pesquisa em tradu-o, com nfase na descrio e no na prescrio, podendo:

    reengage the theoretical and pragmatic branches of TranslationStudies, branches which over and over again tend todisassociate, developing slippage and even gulfs. (p. 7)

  • 20 Tony Berber Sardinha

    necessria uma mudana de atitude de ambos os lados, tantodo pesquisador em traduo quanto do lingista de corpus. O pri-meiro deve tentar enxergar as mudanas operadas no pensamentolingstico pela Lingstica de Corpus e refletir em at que pontoelas engendram um quadro conceitual e metodolgico de valia paraa traduo. O segundo deve perceber o valor do texto traduzidocomo um objeto de pesquisa em si, no como algo inferior oudesviante de uma norma.

    A terceira hiptese aqui levantada como tendo influncia na de-mora do estreitamento dos laos entre Lingstica de Corpus e tra-duo diz respeito a um obstculo muito claro: o acesso tecnologia.Por tecnologia, entendem-se dois elementos. Em primeiro lugar, atecnologia enquanto corpora propriamente ditos, especificamenteos de maior interesse para a traduo, como os paralelos e/ou com-parveis. Esses so reconhecidamente mais raros e difceis de co-letar do que os corpora monolnges. Em segundo lugar, entende-se a tecnologia como os programas de computador para explora-o desses corpora especficos para a traduo, como os alinhadorese concordanceadores paralelos, que so menos numerosos, pode-rosos e, indiscutivelmente, de acesso mais restrito.

    Em relao ao primeiro ponto, a dificuldade de acesso a corporaparalelos ou aos de traduo notria (Bowker, 1998). Os corporade traduo so de difcil compilao, j que muitos tipos de textotraduzidos so disponveis somente em papel, o que torna muitocustosa a sua transferncia para mdia eletrnicas, alm dos pro-blemas costumeiros de liberao de direitos autorais que so co-muns coleta de corpus. Bowker (1998) sugere o emprego decorpora monolnges como alternativa. Outra sada a captura emmassa de textos em formato eletrnico da Web; Berber Sardinha(2002) descreve meios de automatizar e agilizar essa alternativa.No caso de corpora paralelos, h outro nvel de complicao que o alinhamento, necessrio para que programas concordanceadoresespecficos sejam capazes de capturar as instncias dos termos debusca nas lnguas existentes no corpus. Mihailov e Tommola (2001)

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 21

    propem uma srie de procedimentos com o software de banco dedados Access para automatizar a coleta e organizao dos dados.Berber Sardinha (2001b) apresenta maneiras de alinhar corporausando recursos da Internet. Corness (2002) ilustra meios de fazero alinhamento com o software Multiconc. Austermhl (2001, pp.134ss) ensina como o alinhamento pode ser feito com o TranslatorsWorkbench, da Trados.

    Em relao ao segundo aspecto da tecnologia, o problema dadisponibilidade e aprendizado de manuseio de software facilmen-te percebido em workshops de explorao de corpus destinados aopblico da traduo (como, por exemplo, o levado a cabo no IIEncontro Internacional de Tradutores, realizado em Belo Horizon-te, cujo tema foi Translating the New Millennium: Corpora,Cognition and Culture). H, invariavelmente, uma grande procu-ra por esse tipo de evento, e as intervenes do pblico deixamclaro que h uma demanda reprimida por ajuda especializada.

    Em suma, o pesquisador ou tradutor que deseje fazer incursesna explorao de corpora para a investigao da traduo enfren-tar o problema da maior escassez de recursos para sua rea, danecessidade de aprender a utilizar software especializados, almde necessitar executar algumas tarefas comuns da Lingstica deCorpus, como a organizao, formatao e explorao de corpus.

    3. Algumas contribuies dos Estudos da Traduo comcorpora

    Mesmo dadas as dificuldades apontadas na seo anterior, area de Estudos da Traduo com corpora (Corpus-BasedTranslation Studies, ou CTS) tem feito muitas contribuies para oentendimento dos processos envolvidos na traduo. Ser feito,nesta seo, um apanhado de alguns estudos importantes, sem ainteno de esgotar o assunto.

  • 22 Tony Berber Sardinha

    A quantidade de trabalhos que se v na rea de Estudos da Tra-duo com corpora, embora aqum do que se esperava, reflete opotencial da pesquisa com corpora eletrnicos. O recm-lanadovolume de Laviosa (2002) a principal resenha do campo dos estu-dos da traduo com corpus. O manuscrito apresenta um panora-ma detalhado da rea, inserindo os estudos baseados em corporadentro de uma perspectiva maior dos estudos da traduo. Reco-menda-se que o leitor que deseje ter uma viso global da abrangnciae da profundidade dos estudos de traduo com corpora consulteesse volume, alm de Laviosa, 1998a, para uma viso mais sucin-ta. Outros volumes a sair, na mesma linha, so Olohan (no prelo),Bowker e Pearson (2002) e Somers (no prelo). Em termos de cole-tnea, a mais importante da rea at o momento o volume espe-cial de 1998 da revista Meta (Laviosa, 1998c), que contm artigosde vrios especialistas, tanto no tocante a aspectos tericos quantoaplicados.

    Afora as publicaes, h encontros especializados de traduoonde so apresentados trabalhos sobre traduo e corpora. Os se-minrios anuais da TELRI (Trans-European Language ResourcesInfrastructure), organizados desde 1995, acolhem pesquisa da rea.A conferncia Research Models In Translation Studies, realiza-da em 2000, no UMIST5 , reuniu grandes nomes da rea de estudosda traduo com corpora. No Brasil, o grande evento da rea foi oVIII Encontro Nacional de Tradutores, realizado juntamente como II Encontro Internacional de Tradutores, em Belo Horizonte, em2001. O tema do congresso foi Corpora, Cultura, Cognio.Houve apresentao de vrios trabalhos, tanto por pesquisadoresbrasileiros quanto estrangeiros na sub-rea especialmente dedicadaaos Estudos de Corpora. Os Seminrios de Corpora, realizados naUSP em 1999 e 2001. No mbito do InPLA (Intercmbio de Pes-quisas em Lingstica Aplicada)6 realizado anualmente na PUC/SP, em trs simpsios dedicados Lingstica de Corpus, a pes-quisa com traduo teve destaque, inclusive com um simpsio ex-clusivo para a traduo e corpus em 2000. No encontro do GEL

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 23

    (Grupo de Estudos Lingsticos) de 2002, foram apresentadas ses-ses de comunicao sobre traduo e corpus eletrnico. Um en-contro futuro de destaque o Corpus-based translation studies Research and Applications, que acontecer em 2003 em Pretria,na frica do Sul7 .

    Resumir toda a pesquisa desenvolvida com corpus eletrnico nocampo da traduo fugiria em muito ao escopo deste trabalho. Con-tudo, para fins de uma sistematizao mnima, possvel proporalgumas reas de concentrao, entendidas como temas que tmrecebido ateno especial por parte de pesquisadores. A primeiragrande rea que fica evidente aquela voltada tecnologia. A reade compilao de corpora bi- ou multilnge obviamente umarea forte neste setor (p.ex. Avance de Souza, 2002; Botley,McEnery, & Wilson, 2000; Frankenberg-Garcia, 2002; Johansson& Oksefjell, 1998; Laviosa, 1997; Tagnin, 2002). Os trabalhos nessarea visam muito mais coleta e organizao dos dados do quepropriamente a sua explorao. Ainda na linha da infraestrutura depesquisa, para chamar assim, esto os trabalhos que tratam dealinhamento automtico de corpora paralelos (Hofland & Johansson,1998; Melamed, 2001; Veronis, 2000). Esta ainda uma rea muitoespecializada, que exige conhecimentos de informtica e estatsticamuito superiores ao que a maioria dos tradutores e pesquisadores delinguagem possuem. Da ser um campo restrito, cujos resultados,em termos prticos, ainda so preliminares (no h nenhum softwareamigvel e amplamente disponvel, para o ambiente Windows, porexemplo, que faa o alinhamento de corpora com sucesso).

    Outro assunto de interesse no campo da informtica a criaoe uso de concordanceadores paralelos e outras ferramentas paralidar com corpora paralelos e alinhados (Austermhl, 2001; Barlow,1995; Bowker, 2002; Ebeling, 1998; Santos & Oksefjell, 2000).Dentro da rea tecnolgica, h ainda os trabalhos que tratam daquesto da traduo automtica, que tm usado corpora paralelospara adquirir automaticamente material para informar modelos desistemas de traduo com memria ou baseados em exemplo

  • 24 Tony Berber Sardinha

    (memory-based machine translation (MBMT) ou example-based machine translation (EBMT); p.ex. Guidre, 2002). Porfim, os trabalhos que visam ao ensino do uso de programas de com-putador ou de sistemas online (Austermhl, 2001; Berber Sardi-nha, 2001) rea que tem recebido menor interesse na literatura,o que lamentvel, visto que isso pode ser uma das razes que temdificultado a ampliao do uso de corpora na traduo.

    O outro setor em que se pode agrupar a literatura da rea o daexplorao de corpora na pesquisa e formao de pessoal. Os tra-balhos que tratam da anlise das escolhas lingsticas so os maisnumerosos. A pesquisa aqui encampa escopos variados, tais comoo julgamento das escolhas no nvel da palavra (Avance de Souza,2002; Berber Sardinha, 1997; Kenny, 2001; Santos, 1999), no nveldo discurso (Ghadessy & Gao, 2001; Hasselgard, 1998; Lopes,2000; Siqueira, 2000), bem como a reavaliao da questo espec-fica da equivalncia (Partington, 1998; Teubert, Tognini-Bonelli,& Volz, 1998). Outra rea importante a do estudo do processotradutrio de tradutores profissionais (Aston, 1999; Baker, 1999),com vistas melhoria da formao dos aprendizes (Bowker, 2001;Uzar & Walinski, 2001) e treinamento de tradutores (Bowker, 1999;Gavioli & Zanettin, 1997; Tagnin, 2000)8 .

    Os dois setores citados acima no atuam em separado, masinteragem de modo profcuo. Os aportes fornecidos pelos avanosno campo da tecnologia influenciam a disponibilidade de recursospara a pesquisa na linguagem da traduo propriamente dita. Deseu lado, os direcionamentos na pesquisa com a linguagem suge-rem os caminhos de interesse que a tecnologia deve trilhar, que,por sua vez, ao concretizar os instrumentos, enriquece a pesquisa,num ciclo virtuoso. A ponte entre os dois setores, contudo, ainda frgil, conforme dito acima, j que os trabalhos escritos oupresenciais que tratam do treinamento no uso de ferramentascomputacionais ainda so escassos.

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 25

    4. A influncia de Mona Baker na pesquisa em traduocom corpora

    O grande impulso inicial na pesquisa em traduo com corporafoi dado por Mona Baker, em vrias publicaes (Baker, 1995,1996, 1998, 1999). Em seu trabalho em homenagem a John Sinclair(Baker, 1993), ela estabelece os alicerces da explorao de corporapara fins tradutolgicos. Num outro trabalho (Baker, 1995), ao ele-ger quatro categorias (simplificao, explicitao, normalizao eestabilizao), ou universais, como relevantes para a pesquisaem traduo, ela estabelece um programa de pesquisa que seriaseguido por outros investigadores. Esses universais so definidoscomo caractersticas que tipicamente ocorrem em textos traduzi-dos ... e que no so resultado da interferncia de sistemaslingsticos especficos (features thay typically occur in translatedtexts ... and which are not the result of interference from specificlinguistic systems, Baker, 1993, p. 243). Mais especificamente,essas categorias so:

    Simplificao (simplification): a linguagem usada nastradues tende a ser mais simples do que a dos originais,possivelmente como tentativa de facilitar a leitura da traduo.Seria possvel investigar esse princpio, por computador,comparando estatsticas advindas de corpora relativas variao lexical (como a razo forma-ocorrncia, ou type-token ratio) e ao tamanho da frase.

    Explicitao (explicitation): a linguagem usada nastradues tende a explicitar a informao, at mesmo onde ooriginal deixa aspectos implcitos. Uma possvel medida disso,em corpora, seria a estatstica de tamanho do texto. Os textostraduzidos seriam mais longos, por conta da maior quantidadede palavras possivelmente necessrias para tornar umainformao mais explcita.

  • 26 Tony Berber Sardinha

    Normalizao (normalization): a linguagem das traduestende a utilizar em excesso algumas das caractersticas maiscomuns da lngua-alvo, minimizando os aspectos criativosou menos comuns da lngua-fonte. Um exame das escolhaslexicais em textos originais e em suas respectivas traduespode revelar a normalizao se indicar, por exemplo, que asescolhas mais marcadas (ou criativas) dos originais tiveremsido traduzidas por outras menos marcadas.

    Estabilizao (levelling out): Textos de um corpus detradues tendem a ser mais semelhante entre si, no tocantea diversos aspectos lingsticos, do que textos de um corpusde originais. Uma evidncia disso, num corpus, poderia serobtida por meio da verificao das mdias, por exemplo, darazo forma-ocorrncia (type-token ratio), para um corpusde traduo e para seu correspondente na lngua-fonte. Ahiptese prev que os textos traduzidos teriam mdias dessarazo mais parecidas entre si do que os textos originais.

    Mona Baker diretora do Centre for Translation andIntercultural Studies, da UMIST, que tem se destacado como cen-tro de referncia para estudos de traduo com corpora. O CTIStem formado pesquisadores atuantes (como Sara Laviosa, DorothyKenny, Maeve Olohan) que tm contribudo para a aplicao daagenda de pesquisa de Baker (como, por exemplo, Kenny, 1997 eLaviosa, 2001). A influncia de Mona Baker, contudo, visvel naproduo advinda de outros centros (p.ex. Scott, 1998), inclusivedo Brasil (Magalhes, 2001; Magalhes e Pagano, neste nmero).

    Ao mesmo tempo em que essas hipteses so acolhidas, come-am a aparecer crticas aos princpios colocados por Baker (1995).Steiner (2001), por exemplo, acredita que haja uma distncia mui-to grande entre o tipo de dado que exigido para estudar essesprincpios e o tipo de dado normalmente fornecido por um corpuseletrnico:

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 27

    The linguistic phenomena in terms of which the hypotheseshave been formulated are very low-level and in some casesquestionable. Counting words with or without lemmatization,words per sentence, percentages of form words vs. functionwords, [] and a few other phenomena of this order ofconcreteness is methodologically too far removed from thelevel at which one would want to formulate hypotheses aboutproperties of texts. No relevant model of textuality is formulatedanywhere near this low level of representation. (p. 8)

    Em decorrncia disso, seria um erro, para o autor, comparardiretamente as estatsticas relativas quantidade de palavras emtextos escritos em ingls e em alemo, visto que no alemo amorfologia (declinao etc.) e os compostos nominais, por exem-plo, so muito diferentes, o que afeta diretamente a contagem deocorrncias (tokens) e formas (types). Por exemplo, no alemousa-se uma palavra para designar a expresso inglesa taxi driver(Taxifahrer); alm disso, outras palavras (artigos, pronomes)podem ser grafadas de vrios modos dependendo do caso que assu-mem na frase. Ele prope, como alternativa, que as anlises decorpora entre originais e tradues sejam feitas usando etiquetageme lematizao, quer de modo automtico ou manual.

    Hansen e Teich (2001) tambm criticam os universais propos-tos por Baker, na mesma linha de Steiner, mas notam, ainda, que preciso incorporar a eles a possibilidade de interferncia da L1no resultado da traduo (a lei de interferncia de Toury, 1995).Isso as leva a propor um outro princpio para os textos traduzi-dos, mais especificamente, o de visibilidade (shiningthrough), ou seja, o de que in translations, the source languagetends to shine through (p. 3). De certo modo, a visibilidade ooposto da normalizao. Enquanto a normalizao prev a influ-ncia em excesso da lngua-alvo, exacerbando suas caractersti-cas, em detrimento da criatividade do original, a visibilidade acon-tece quando houver influncia marcante da lngua-fonte, ou seja,quando caractersticas da lngua do texto original ainda permane-

  • 28 Tony Berber Sardinha

    cerem em excesso no texto traduzido, comprometendo a sua na-turalidade.

    Para viabilizar o tipo de pesquisa proposto, Hansen e Teich (2001)propem a incorporao, ao desenho de pesquisa, de um corpuscomparvel de textos originais, na mesma lngua dos textos tradu-zidos. Esse terceiro corpus funciona como um termo de compara-o, para permitir que se verifique a hiptese de interferncia.Para ilustrar, podemos pensar no caso dos gerndios (p.ex. openinga new document, printing a file, etc.) no ingls. Em portugus, ouso desse tipo de gerndio condenado. Assim, se em textos traduzi-dos do ingls para o portugus houver muitos gerndios, surge a sus-peita de visibilidade. Para investigar essa questo, preciso tabulara quantidade de uso de gerndios entre os textos originais em ingls.Supondo que os resultados indiquem que eles so abundantes, entorepete-se o processo com um corpus de portugus de textos originais,comparveis. Se os resultados indicarem uma baixa freqncia degerndios em portugus, ento a hiptese de visibilidade estaria con-firmada, ou seja, a traduo teria sofrido interferncia do ingls.

    5. Revisitando a equivalncia

    Uma conseqncia da difuso do uso de corpora nas diversas es-feras citadas acima a reviso de conceitos estabelecidos. Isso tpico da explorao de corpora, tendo ocorrido tambm na lingsti-ca propriamente dita por meio da Lingstica de Corpus. Um dosconceitos mais tradicionais do campo da traduo o de equivaln-cia. Embora esse conceito j tenha sido questionado (p.ex. Hatim &Mason, 1990, que preferem falar em termos de adequao do quede equivalncia) e revisto (Halliday, 1992 fala em equivalnciacomo sendo equivalence of function in context), h um grandeinteresse nesse assunto do ponto de vista da pesquisa com corpora(p.ex. Teubert, Tognini-Bonelli, & Volz, 1998), a qual, em geral,oferece evidncias concretas da sua impreciso.

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 29

    Entre os estudos disponveis centrados em corpora que revisitamo conceito de equivalncia est o de Partington (1998). Ele observaque a palavra approve apresentada como o equivalente maisprximo de sanzionare em cinco dos principais dicionrios biln-ges de italiano-ingls. Ao observar concordncias, entretanto, elepercebeu que o sentido predominante de sanzionare, num corpusde italiano, o de penalizar (penalize), ou seja, o contrrio doque os dicionrios indicavam. Partington (1998) levanta a hiptese deque sanzionare deve estar sofrendo uma mudana radical de senti-do por conta da influncia da mdia, onde se vem freqentes refern-cias a sanes de todos os tipos (econmicas, polticas, etc.).

    Salkie (2002), a partir de seus achados em um corpus paralelode alemo e ingls, sugere que a equivalncia seja repensada se-gundo alguns tipos. O primeiro tipo a equivalncia que tradutoriamente ambgua (translationally ambiguous). Umexemplo seria a palavra alem kaum, cujo equivalente imedia-to, segundo o dicionrio, hardly. Segundo o corpus, embora atraduo por hardly seja minoritria (26%, em registros de no-fico), as demais se agrupam em poucos outros conjuntos, entreos quais os de negative expression, little e almost + negativeso os mais freqentes. O segundo tipo a equivalnciatradutoriamente vaga (translationally vague), que tem comoexemplo o verbo ingls contain: ele aparece num corpus parale-lo de francs traduzido como contenir (58% dos casos). As de-mais opes existentes no corpus encampam muitas outras pala-vras, todas de baixa freqncia. A relao entre contain econtenir vista como vaga porque h muitos outros equivalentespossveis.

    Diante da variao existente na relao entre itens de duas ln-guas por meio da traduo, Salkie (2002) sugere que seja emprega-do o conceito de modulao para servir de critrio para a deter-minao de quais correspondncias so equivalncias e quais noso (p. 60). O conceito de modulao entendido, segundo o autor,como maneiras diferentes de ver a mesma situao (p. 57).

  • 30 Tony Berber Sardinha

    Embora seja um conceito reconhecidamente vago, para o autor ele til porque situa a questo da equivalncia tambm no plano tex-tual, e no somente no plano abstrato do sistema lingstico, j quese admite que as modulaes variem de acordo com o texto, ocontexto, o ponto de vista do tradutor, etc. Operacionalmente, parao autor so modulaes aqueles itens atestados em um corpus que,mesmo apresentando disparidade (no serem sematicallyequivalent, p. 59), possam ser encarados como resultado de otradutor ter usado uma maneira diferente de entender a situao-fonte. Desse modo, tradues consideradas dentro do que seriaadmissvel diante da modulao so aceitas, enquanto traduesem que o texto-fonte e o texto-alvo divirjam mais radicalmente doque a modulao (translations where the source text and targettext diverge more radically than modulation) seriam considera-das casos de no-equivalncia. Como exemplo de modulao, oautor oferece contain e reposer (wicker baskets containingthe dough e panetons dosier o reposait la pat).

    Correspondncia mtua (ou traduzibilidade, translatability) um conceito introduzido por Altenberg (1999) para estimar o graude equivalncia entre itens de lnguas diferentes. Ele funciona pormeio da verificao da quantidade de equivalncias observadas.No caso da traduo, so necessrios dois corpora paralelos: umformado por uma lngua A como partida e uma lngua B como che-gada, e outro formado pela lngua A como chegada e a lngua Bcomo partida. Por exemplo, para estimar a correspondncia m-tua de give e dar, seria preciso um corpus de textos originaisde portugus com suas respectivas verses para o ingls e outro detextos em ingls original com suas tradues para o portugus. Seriaobservado, ento, o grau de correspondncia entre as traduesatestadas de give (tendo o ingls como lngua partida) para dare de dar (tendo o portugus como lngua de partida) para give.

    Os estudos com corpora sobre equivalncia apontam, em geral,para um entendimento da equivalncia como correspondncia condi-cionada ao contexto, o que vai ao encontro da viso de outros teri-

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 31

    cos. Para Chesterman (1998, p. 31), equivalncia equivalence incontext. Halliday (1992), nesse sentido, lembra que o que h soequivalentes em potencial, que por sua vez esto contextualmentecondicionados, de tal forma que a escolha de um ou outro, na tradu-o, implicar a ativao de sentidos especficos oriundos da pre-sena costumeira desse item num contexto maior.

    6. O papel especial da intuio nos Estudos de Traduocom corpora

    Ao mesmo tempo em que a pesquisa em traduo com corpusdiscute o conceito de equivalncia, ela tambm faz repensar o pa-pel da intuio. Vale lembrar que a intuio um dos aspectos doconhecimento lingstico mais criticados pela Lingstica de Corpus.

    Quando se trata de corpora de textos traduzidos, a relao entreevidncia e intuio assume contornos especficos, que merecemconsiderao especial. Um corpus de traduo , antes de maisnada, uma coletnea de textos escritos em larga medida a partir daintuio e da experincia do tradutor, numa situao especial deproduo (a process of text-induced text production, segundoHansen & Teich, 2001, p. 2). As escolhas feitas pelo tradutor parapassar o texto da lngua-fonte para a traduzida foram validadas porele tendo como critrio, via de regra, sua experincia prvia comousurio da lngua-alvo. Mesmo nos casos em que ele tenha consul-tado dicionrios e outras tradues (suas ou de outros), ou mesmocorpora, a sua intuio foi um elemento-chave na realizao datraduo do texto, pois sem ela ele provavelmente no saberia nemmesmo por onde comear a fazer a consulta ao dicionrio ou aocorpus. Desse modo, pode-se dizer que um corpus traduzido es-sencialmente um registro das escolhas lingsticas, muitas delasconscientes, feitas a partir da intuio dos tradutores responsveispelas tradues contidas no corpus:

  • 32 Tony Berber Sardinha

    the use of a translation corpus will provide us with a setof possible translation pairs that have already been identifiedand used by translators, in other words, verified by actualtranslation usage. (Tognini-Bonelli 2002, p. 81).

    Ao contrrio do que possa parecer, na pesquisa com corpusvoltada questo da equivalncia, a intuio do pesquisador ou dotradutor possui um peso considervel. ela que d o pontap inici-al na pesquisa:

    the initial hypothesis positing one or more tentative matchesbetween two or more prima facie units of meaning in SL andTL has to rely on the translators intuition or past experience.(Tognini-Bonelli, 2001, p. 134)

    Para Altenberg e Granger (2002), a equivalncia, ao envolver acompetncia do tradutor, passa tambm a incorporar a intuio :

    ultimately, the notion of equivalence is a matter of judgment,reflecting either the researchers or the translators bilingualcompetence. (p. 18).

    O papel da anlise de corpus nesse processo no o de confir-mar ou desautorizar a intuio do analista, calcada em sua compe-tncia, mas sim o de refinar initial assumptions of similarity(Altenberg & Granger, 2002, p. 16).

    Apesar de a intuio ser um ponto de partida importante, o corpusproporciona os elementos vitais necessrios para que a pesquisadesvende aspectos no contemplados nos pressupostos iniciais. Aoobservar a evidncia exibida pelo corpus, o analista pode evitar orisco da circularidade na pesquisa (Altenberg & Granger, 2002, p.17), que acontece quando os resultados da anlise no vo muitoalm da intuio inicial (Krzeszowski, 1990, p. 20). O corpus pode

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 33

    enriquecer a pesquisa, fornecendo os vrios elementos queChesterman (1998) julga essenciais na pesquisa contrastiva:

    the analysis has added explicitness, precision, perhapsformalization, () added information, added insights, addedperception. (p.58)

    7. Metodologias para anlise de corpora na rea datraduo

    Ao tomar a posio de no discriminar a intuio como compo-nente da pesquisa com corpus, a traduo busca desenvolvermetodologias de anlise de corpus prprias, que tendem a distanci-la da Lingstica de Corpus. Alm disso, medida que o uso decorpora se torna mais comum na pesquisa em traduo, comeama surgir trabalhos que propem metodologias especficas de explo-rao de corpora para fins tradutolgicos (p.ex. Bowker, 2001;Kenny, 1998; Scott & Scott, 2000; Tognini-Bonelli, 2001).

    Uma dessas metodologias proposta por Tognini-Bonelli (2001,2002), que define uma seqncia de procedimentos e uma unidadede anlise especficas para a explorao de corpora bi- oumultilnges. Vista de modo amplo, a sua proposta se aplica tantoaos estudos tradutolgicos quanto Lingstica Contrastiva, entre-tanto ela destaca a sua pertinncia para a traduo.

    Antes de apresentar a metodologia, importante ressaltar queela se insere num contexto maior em que a autora faz uma srie depropostas que visam ao reconhecimento da importncia da pesqui-sa com corpora em geral. Em primeiro lugar, a autora distinguedois tipos de abordagem na pesquisa lingstica com corpora ele-trnicos. A primeira, e a mais comum, segundo ela, pode ser cha-mada de baseada em corpus (corpus-based). Nessa aborda-gem, o papel do corpus o de ser um depsito de exemplos parailustrar uma teoria ou conceitos previamente estabelecidos. Porexemplo, a distino clssica entre lxico, de um lado, e sintaxe,

  • 34 Tony Berber Sardinha

    de outro, que amplamente questionada pela Lingstica de Corpus,no o normalmente em estudos que seguem a corrente baseadaem corpus. Mesmo quando os exemplos chegam a incluir ele-mentos que possam questionar os preceitos seguidos na pesquisa,esse questionamento normalmente no acontece. A autora com-pleta alertando:

    This approach does not allow for the fact that the enormousamount of evidence now available is bound to challengelanguage description and offer fascinating new insights intolanguage () To start, therefore, with units derived fromtraditional descriptions, often based on very little evidence, isnot only not sufficient anymore, it is dangerous. (Tognini-Bonelli, 2002, p.74)

    O outro tipo de abordagem o movido a corpus (corpus-driven). A metodologia envolvida nesse tipo de pesquisa visa descrio abrangente dos dados, sem a inteno de selecionar exem-plos para ilustrar elementos oriundos de uma teoria especfica. Emprimeiro lugar vem a evidncia fornecida pelo corpus:

    The theoretical statements, as well as the comments orrecommendations made, arise directly from, and reflect, theevidence provided by the corpus. () Linguistic description isarrived at, step by step, from the observation of language usage;recurrent language events and frequency distributions areexpected to form the basis of linguistic categories. (Tognini-Bonelli, 2002, p.75).

    H ainda o que se costuma chamar de abordagem presa aocorpus (corpus-bound), em que a pesquisa fica limitada ao queo corpus informa, sem levar em conta o conhecimento prvio dopesquisador, seu direcionamento na anlise dos dados, sua inter-pretao, etc (cf. Bowker, 2001).

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 35

    A segunda colocao importante de carter mais amplo feitapor Tognini-Bonelli (2002) diz respeito definio de uma unidadede anlise (currency) para a anlise de corpora: a unidade fun-cionalmente completa (functionally complete unit), que umaunidade de sentido, de carter fraseolgico, a respeito da qual hevidncias no corpus. Essa unidade no possui delimitao prvia,podendo ser composta de duas ou mais palavras, com posies fi-xas ou no. Pode at mesmo acontecer de esta unidade no terrealizao (translation to zero), ao se considerar a correspon-dncia entre duas lnguas.

    A metodologia sugerida por Tognini-Bonelli (2001) compostade trs etapas:

    (1) Identificao da padronizao formal de L1 e das funescorrespondentes. Por funo entende-se o resultado dadescrio dos padres de um item de interesse na L1 segundoseu ambiente colocacional, coligacional, de preferncia e deprosdia semnticas (vide abaixo).

    (2) Identificao de equivalentes tradutrios prima facie para cadafuno. Nessa etapa, o analista prope um ou mais possveisequivalentes para cada padro (funo) encontrado na etapaanterior. Os candidatos podem ser propostos a partir daintuio, fazendo uso da competncia tradutria do analista,ou mesmo da consulta a dicionrios, mas a melhor opo,segundo a autora, buscar os candidatos em um corpusparalelo. Ela mesma reconhece que a disponibilidade decorpora paralelos restrita e que, portanto, essa etapa podeser executada sem recurso a um corpus.

    (3) Identificao da padronizao formal de L2 e das funescorrespondentes. Essa etapa semelhante primeira, comexceo do fato de aqui a descrio ser feita em um corpusda segunda lngua presente na pesquisa.

  • 36 Tony Berber Sardinha

    A autora exemplifica a sua metodologia com o estudo de in thecase of e seu correspondente no italiano. A primeira etapa consis-tiu na anlise das ocorrncias dessa locuo prepositiva num corpusde ingls nativo. A anlise mostrou que a locuo parece desempe-nhar uma funo de especificidade, j que ela seguidacostumeiramente de um artigo definido. Alm disso, a anlise in-dicou a presena de prosdia semntica neutra (vide abaixo). Nes-se ponto, a autora j tem definida uma unidade de sentido funcio-nalmente completa (Tognini-Bonelli, 2002, p.85), que comportatanto a padronizao tpica (in the case of + the), quanto prefe-rncia semntico-pragmtica da expresso (neutralidade). Na se-gunda etapa, a autora props como equivalente prima facie no itali-ano a expresso nel caso di. A autora se baseou, para chegar aesse equivalente inicial, na sua intuio e experincia de falantebilnge. Na terceira etapa, foi feita a anlise de nel caso di, apartir da explorao de um corpus de italiano. Os resultados indi-caram, assim como no ingls, a presena do artigo definido emposio prxima (... degli, dei, del, etc), o que significa o desem-penho de uma funo de especificao. A anlise no nvel da prefe-rncia semntica mostrou que a locuo apresenta seleo pelatecnicidade e por vocabulrio acadmico-literrio, e no tocante prosdia semntica a expresso parece ser neutra. A anlise con-cluiu, ento, que o ponto em comum mais forte entre as duas locu-es, nas duas lnguas, a expresso de especificidade e a neutra-lidade prosdica; alm disso, no h discrepncia no nvel da pre-ferncia semntica, j que a tecnicidade observada no italiano podeser fruto da composio diferente entre os dois corpora utilizados.

    Outra metodologia especfica para os estudos contrastivos detraduo com corpora foi proposta por Kenny (1998). A suametodologia consiste de trs corpora: um paralelo, com textos numalngua de origem e suas respectivas tradues numa lngua-alvo,um corpus de referncia com textos originais na lngua de origem,e outro corpus de referncia com textos originais na lngua de che-gada. Ela sugere que seja feito um mapeamento dos padres rela-

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 37

    tivos aos itens de interesse nos dois componentes do corpus parale-lo. Entretanto, a autora insiste que seja feita, em seguida, a extra-o dos padres dos mesmos itens em cada um dos corpora dereferncia, para ascertain their (un)conventionality (Kenny,1998). Isso necessrio para que seja possvel perceber se os usosobservados no corpus paralelo eram tpicos ou no. Por exemplo,no caso da palavra giro, estudada por ela, primeiramente foifeita a busca das suas ocorrncias no componente ingls do corpusparalelo, depois do seu equivalente no componente alemo, segui-da da busca de cada item em cada um dos corpora de referncia.Os resultados permitiram saber at que ponto os padres nos textosoriginais e traduzidos refletiam o uso tpico da lngua, o que a auto-rizou a julgar a traduo com mais autoridade, baseando-se na evi-dncia exibida pelo corpus.

    8. Prosdia Semntica na traduo

    H um tipo de unidade funcionalmente completa que desafia aquesto da equivalncia, por refletir um tipo de sentido sutil, masimportante, cuja realizao fica particularmente aparente quando investigada por meio de corpora eletrnicos.

    Trata-se da prosdia semntica que tem merecido a ateno depesquisadores na Lingstica de Corpus, com corpora monolnges(Hoey, 2000; Hunston, 2000; Louw, 1993; Stubbs, 2001). A prosdiasemntica um tipo de padro que indica um sentido avaliativo oupragmtico, que um trecho do texto assume por meio da presenae co-ocorrncia de certos itens. Um exemplo clssico set in,que no ingls possui uma prosdia desfavorvel, j que nos trechosonde aparece, vem tipicamente acompanhado de itens negativos,como decay, rot, infection, etc (Sinclair, 1987, p.155-6).Na traduo e em estudos contrastivos, ela tem sido enfocada emalguns trabalhos (Berber Sardinha, 2000a, b; Kenny, 1998).

  • 38 Tony Berber Sardinha

    O conceito de prosdia semntica deriva do entendimento deque o sentido de um item lexical abrange uma extenso de textomais ampla, tingindo o contexto ao seu redor. O estudo daprosdia semntica, assim, no se restringe somente descrioda palavra em questo, mas tambm ao contexto maior no qual apalavra em questo est inserida. Em primeiro lugar, esse contex-to compreende seu padro de co-ocorrncia; e, em segundo lugar,o tipo de sentido que emana da co-ocorrncia e atinge tambm umtrecho maior do seu contexto local, podendo compreender a ora-o, o perodo, o pargrafo e at mesmo o texto como um todo.Isso se deve ao fato de que, como j mostraram Hunston e Francis(2000), os padres no ocorrem sozinhos, mas interligados em se-qncias que exibem uma harmonia de sentido, propsito ouposicionamento avaliativo. Alm disso, segundo Partington (1998,p. 51), os sentidos das escolhas refletem-se nos diversos nveis dalngua: as escolhas no nvel da palavra dependem das escolhas nonvel do grupo, e vice-versa, que por sua vez dependem das esco-lhas no nvel do perodo, e vice-versa, num movimento contnuoque chega at os nveis mais altos de organizao, como o registro,o gnero e o contexto cultural. Assim, os estudos de prosdia se-mntica podem ser vistos no somente como um estudo de equiva-lncias no nvel da palavra, mas tambm dos sentidos que emanamdessas escolhas, potencialmente, nos vrios nveis da lngua.

    Um estudo que enfocou a prosdia semntica Berber Sardinha(2002), que comparou as opes oferecidas por um dicionrio biln-ge para a traduo de set in para o portugus. As buscas feitasnum corpus geral e bastante extenso de portugus indicaram quenenhum desses itens captura a prosdia semntica negativa inerentea set in. A primeira opo, manifestar-se, possui uma prosdiasemntica dupla, sendo negativa somente quando se coloca com itenscomo doena; contudo, o equivalente de doena, sickness ouillness, no so colocados tpicos de set in. Outra opo presen-te no dicionrio, estabelecer-se, demonstrou possuir prosdia neu-tra. Uma terceira opo, cair, somente se aplicaria quando se

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 39

    tratar da ocorrncia de night com set in. Contudo, a colocaoresultante no portugus, que seria ao cair da noite ou quando anoite cai, possui, na verdade, uma prosdia semntica predomi-nantemente positiva. Finalmente, o verbo entrar, que tambm citado no dicionrio, no formou colocaes com nenhum colocadoequivalente de set in. Por tudo isso, o autor concluiu que as opesindicadas pelo dicionrio so enganosas, por se referirem a coloca-es que (a) no retm a prosdia semntica desfavorvel do ingls,ou que (b) o dicionrio oferece opes de verbos que no formamcolocaes em portugus com as palavras em questo.

    Kenny (1998), em seu estudo sobre a palavra giro, tambminvestigou sua prosdia num corpus paralelo formado por textosoriginais em ingls e suas tradues para o alemo. Em ingls,giro assume um sentido especfico de pagamento recebido pordesempregados ou aposentados . Ao examinar uma concordnciade giro num corpus monolnge de referncia do ingls, a autoranotou que esta palavra possui uma prosdia semntica desfavor-vel, com conotao de pobreza e de injustia social. Porm, aoinspecionar a traduo desse item num corpus paralelo com as tra-dues para o alemo, percebeu que giro foi usado com outrosentido. O tradutor (de um texto literrio) havia interpretado girocomo talo de cheque. Dessa forma, o trecho original em ingls,que se referia ao fato de um aposentado ter tido o seu giro rouba-do, foi vertido para o alemo com a informao de que o que haviasido roubado fora um talo de cheques. No bastasse esse erro detraduo no nvel denotativo, ainda acarretou mudana na prosdiasemntica entre as duas lnguas. Ao verificar as ocorrncias deScheck (cheque) e Scheckheft (talo de cheque) num corpusde referncia com textos originais escritos em alemo, a autoraobservou que as duas palavras possuem uma prosdia semnticaneutra. Dessa forma, o tom do original em ingls mudou radi-calmente quando da passagem para o alemo. A indignao que oleitor poderia sentir ao ler sobre o roubo do dinheiro da penso deum velho desempregado ficou atenuado no alemo. Esse fenme-

  • 40 Tony Berber Sardinha

    no, que Kenny chama de toning down, indicativo, segundo ela,de um processo que pode ser chamado de higienizao(sanitisation), e que ocorreria quando a prosdia semntica notexto-fonte perdida ou significativamente modificada como resul-tado da traduo.

    8.1 Prosdia semntica de borderline e limiar

    Para ilustrar a anlise de prosdia semntica com corpora, nombito da traduo, ser considerado aqui o item borderline eseu equivalente limiar, conforme ocorreram num texto em in-gls e na sua traduo para o portugus.

    A metodologia empregada aqui inspirada na proposta de Tognini-Bonelli (2002) discutida acima. So usados corpora monolngescom a funo de corpora de referncia para cada uma das lnguas.Entretanto, ao contrrio de Tognini-Bonelli (2002), no so propos-tos equivalentes prima facie a partir da intuio. Ao contrrio, osequivalentes so retirados de um par de textos paralelos (original everso). A anlise indica as unidades de sentido funcionalmentecompletas, segundo Tognini-Bonelli.

    Numa reportagem publicada em 2002 na verso brasileira, emportugus, do jornal USA Today intitulada More men just sayno to working , aparece o seguinte trecho:

    Assim como os Leiser, Bonnell diz que a deciso foi tomadadevido a fatores meramente financeiros. A sua mulher ganhamais dinheiro que ele e conta com mais oportunidades paraprogredir na carreira. Alm disso, ela est no limiar para setornar uma trabalhadora compulsiva, enquanto eu estou nolimiar do vcio em ociosidade, diz Bonnell.

    A leitura desse trecho causou estranhamento9 , especialmen-te no tocante ao item limiar. O tradutor usara limiar comoequivalente de borderline, segundo mostra, abaixo, o texto dooriginal:

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 41

    Like the Leisers, Bonnell says the decision was purely financial.His wife makes more money than he did and has moreopportunities for advancement. Besides, Shes a borderlineworkaholic, and I was borderline not-workaholic, he says.

    No corpus Banco de Portugus, que possui 220 milhes de pala-vras da escrita e fala, h 742 ocorrncias de limiar. Dessas,nenhuma possui a padronizao exibida no trecho em questo, isto, a coligao limiar + para e a colocao limiardo vcio.

    Dessa forma, as escolhas do tradutor foram marcadas, o quedeve ser um fator causador da estranheza sentida pelo leitor daverso da reportagem. Limiar normalmente usado em portu-gus nos seguintes padres:

    limiar do/da/de 440

    limiar entre 26

    limiar aerbico / anaerbico 22

    Os colocados direita mais freqentes de limiar indicam osentido temporal como predominante:

    Quando no usado para se referir a um perodo de tempo, li-miar ocorre com substantivos indicativos de situaes negativas:

    A opo do tradutor, limiar do vcio, encaixa-se neste ltimogrupo, embora no seja uma escolha tpica.

  • 42 Tony Berber Sardinha

    As escolhas acima correspondem s unidades de sentido funci-onalmente completas desse item. Resta agora observar quais seri-am essas unidades referentes ao equivalente borderline. NoBritish National Corpus, h 215 ocorrncias dessa palavra. Ne-nhuma delas, entretanto, tem workaholic como colocado.

    Os padres principais de borderline no BNC so:

    borderline between 44

    borderline case/cases 33

    borderline personality 3

    O nico caso em que borderline seguido de um substantivoreferente a uma condio humana borderline schizophrenic(com uma nica ocorrncia).

    Entretanto, na Web, Google traz cerca de 421 mil ocorrnciasde borderline, sendo que 21 apenas so de borderlineworkaholic:

    1 A stereotypical NewYorker who is a successful

    professional, >

    2 My friends say I am aserious person but funny, >

    3 The perfect candidatefor this position is a>

    >borderline workaholic, wife toa cold husband,

    >borderline workaholic - but canbe cured with the right fellow.

    >borderline workaholic wholoves working with school groupsand teachers and is comfortabledealing with the

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 43

    4 I need these limits tokeep from working too much.

    If youre a >

    5 but with her long list ofaccomplishments and >

    6 Helton has achieved hisposition through hard work and

    determination not tomention being a >

    7 I am also a type A, >

    8 But work sets you free,and for now, Caan, a self-

    professed >

    9 My father was alwaybusy it would be easy to

    apply cheap pop psychologyand say that hes a >

    10 I am a >

    11 To say that everymember of this side is a>

    12 This is a mighty funhobby for the>

    >borderline workaholic, an at-home business might not be thebest option for you.

    >borderline workaholic driveshe has managed to raise severalbusinesses from the ashes.

    >borderline workaholic whoeats, sleeps and lives NASCAR.

    >borderline workaholic, but ImTRYING to change this behavior.

    >borderline workaholic.

    >borderline workaholic.

    >borderline workaholic and I hatebeing away for a day. I hate beingsick and I hate taking time off.

    >borderline workaholic wouldbe oversimplifying.

    >borderline workaholic.

  • 44 Tony Berber Sardinha

    13 Under married?,Dennis writes, not yet! He is

    living in Fair Oaks anddescribes himself as a >

    14 Hes a >

    15 if only briefly, i forgetwhat it is to be a >

    16 Not that I know of,anyway. Just wanted to get an

    early start on some things. >

    17 College, Tom VentressAbout: >

    18 not really sure I can dothat since Im a >

    19 Im also a >

    20 A >

    >borderline workaholic.

    >borderline workaholic.

    >borderline workaholic, whohides it by doing much of his workquietly and in private.

    >borderline workaholic, he.

    >borderline workaholic, (strikeborderline) with a penchant forpuns would pretty much sum meup. I work

    >borderline workaholic. I havea wonderful husband whom Ienjoy spending time with.

    >borderline workaholic, Laywas on the road working thenightclub circuit 300 days a year.

    >borderline workaholic. I stilltake tons of supplements and amon Armour (thyroid) and Cortef(adrenal).

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 45

    21 Doesnt help that Im a>

    A falta de ocorrncias no BNC e a pouca incidncia na Webindicam que borderline workaholic, embora seja uma colocaorestrita, existe, ou seja, no foi criada pelo autor da reportagem,ao contrrio da verso em portugus. Segundo a concordncia,borderline workaholic usado para se referir a um comporta-mento obsessivo, como era de se esperar devido ao itemworkaholic. Borderline, entretanto, tem a funo de atenuara carga negativa de workaholic, o que parece se refletir no fatode borderline workaholic ser usado vrias vezes quando o falan-te se refere a si mesmo (linhas 2, 7, 10, 15, 17 a 19 e 21) ou apessoas prximas (parentes, amigos, etc., p.ex. linhas 1 e 9).

    Esse aspecto de borderline workaholic parece ser umaespecificidade sua, pois contrasta com workaholic, em que a refe-rncia a si mesmo ou a pessoas prximas muito pouco freqente10 :

    years ago, insists she is not a >workaholic. [h] Video vigilanteshoots

    kind, gentle family man who was a >workaholic [p] Wests son Stephen,who

    Hello magazine this week. Hes a >workaholic [p] The truth is that alot of

    of stress and fatigue. If hes a >workaholic, all his energies maybe devoted

    [p] My partner had been a >workaholic, and, with the loss ofhis job,

    of to get work, he said. Im a >workaholic and I made a job out offinding a

    compositions. He denies being a >workaholic, but even with theMacArthur

    >borderline workaholic, andthat I spend a lot of my free timepracticing trombone and playingin bands. Religion: Athiest.

  • 46 Tony Berber Sardinha

    pictures, he moans.2 Though now a >workaholic confined within theVatican

    manager Melinda French. [p] >workaholic Gates, 38, is Americassecond

    briefing the press himself [p] A >workaholic, Gergen rarely spentmuch time

    mirror Do you really want to be a >workaholic guilt-plagued motherwith no

    his crew like the conscientious >workaholic he is; gape at ChampionAthlete

    [p] Passionate, beautiful and >workaholic, her idea of relaxationwas to

    in River Wild (CIC [p] But her >workaholic husband Tom (DavidStrathairn

    yes to more than 5, you may be a >workaholic. If so, take some timeoff to

    and shot himself through the head. >workaholic Mr Biggs hadtelephoned his

    be solved. So you turn into a >workaholic, see less of yourfamily, have

    musicals with aggressive American >workaholic showbiz monomaniacsas main

    wonderful places [p] Having been a >workaholic since the age of 15,Mason-

    Diane McLellan, is the earnest, >workaholic son of a Greek priest.He is,

    After he quit drinking he became a >workaholic, spending as little timeas

    Eisen knew for a fact to be a real >workaholic), sun-browned andobviously

    referred to sometimes as a modest >workaholic, the Chancellorrecently raised

    to win, says Pipe. [p] This >workaholic trainer, who is a bundleof

    who discovered that the eminent >workaholic was also secretly astage door

    Im single, but they know Im a >workaholic who gets results. [p]Another

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 47

    favorite dessert. If youre a >workaholic, you may be asked towork through

    Em resumo, as escolhas constantes na verso em portugus pa-recem acentuar no apenas a prosdia semntica negativa, mastambm a impessoalidade. No ingls, a prosdia semntica quetende a emanar do texto a de interpessoalidade, com menor car-ga de negatividade. As evidncias dos corpora em ingls indicamque as escolhas feitas pelo autor da reportagem em ingls estocompatveis com a padronizao tpica de borderline workaholic,j que, no texto, a expresso ocorre numa fala em primeira pessoaque se refere a uma situao familiar, inclusive com meno a siprprio (I was borderline not-workaholic). Entretanto, na ver-so em portugus, o uso de limiar mostrou-se fraseologicamentepouco convencional.

    Este tipo de anlise ilustra o potencial do uso de corpora na avali-ao da qualidade da traduo, na linha do que Bowker (2001) pro-pe. O corpus foi aqui usado como base para o julgamento, semsubstituir a participao do avaliador, que, no caso, o pesquisador:

    A corpus should not be seen as a replacement for competenceand critical judgement on the part of evaluators, but rather asan aid to help them make sound and objective judgements.(Bowker, 2001, p.361)

    A proposta de Bowker inclui a criao de um complexo corpusde avaliao (evaluation corpus) . Entretanto, o procedimentoaqui discutido permite a avaliao das escolhas fraseolgicas deum texto traduzido, sem necessidade da criao de corpora espec-ficos para esse fim.

  • 48 Tony Berber Sardinha

    9. Comentrios finais

    Neste trabalho foi feita uma reflexo acerca do papel do uso decorpora eletrnicos nos estudos tradutolgicos. Foi observado que,embora haja um grande potencial para a explorao de corpora nocampo da traduo, a pesquisa realizada ainda relativamentepouca. Enquanto a presena de corpora nas outras reas da pes-quisa e estudo em linguagem cresceu a passos largos, o mesmono pode ser dito em relao traduo: embora tenha havido umaumento da pesquisa e aplicao de corpora na traduo, a maioriados trabalhos disponveis na literatura e em encontros especializadosda rea de traduo no utiliza corpora. H, contudo, um desen-volvimento gradual, constatado numa crescente produo e naampliao do grupo de pesquisadores atuantes na rea. Em nveismundiais, a pesquisa em traduo com corpora ainda est aqumdo que poderia ser. No Brasil, o mesmo acontece, embora hajasinais de crescimento visveis na oferta de eventos especializados.

    A possibilidade de utilizao de corpora na pesquisa em tradu-o j causou a preocupao de estudiosos da rea. SegundoTymoczko (1998), a adoo de corpora eletrnicos pode trazerconsigo uma crena no objetivismo da descrio lingstica, nocientificismo, numa condenao do elemento subjetivo. Ela alertaainda que a quantificao sem propsito, aquela que visa a provaro bvio e que leva a descries estreis, deve ser evitada. BasilHatim (apud Laviosa, 2000) tambm faz um comentrio semelhante,mesmo reconhecendo o valor da pesquisa com corpus. Ele faz umadistino entre o que est no texto (in the text) e o que do texto(of the text), enfatizando que a pesquisa com corpus no deve serestringir aos aspectos de superfcie, manifestao lingstica,mas deve englobar tambm o nvel textual, que inclui vrios aspec-tos, entre eles a constituio discursiva, questes culturais, a ideo-logia, etc.

    Aston (1999), ao comentar o uso de corpora para o treinamentode tradutores, adverte que:

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 49

    There is as yet little hard empirical evidence to demonstratethe effectiveness of corpora as translation and as learning tools.While learners seem to a large extent enthusiastic about usingcorpora, it remains to be shown just in what respects, andunder what conditions, their performance as translators mayimprove as a consequence: we cannot for instance exclude theidea that training with corpora may also improve dictionaryusage, by instilling greater attention to collocation and register.No research that I am aware of has yet attempted to comparethe effectiveness of different types of corpora, or of differentlearner approaches to them. (p. 313)

    Embora sempre haja o risco de que um recurso novo, tecnolgico,como o corpus eletrnico, venha a ser mal empregado ou poucocompreendido, o que se observa, conforme foi relatado neste artigo,no justifica as preocupaes de Tymoczko (1998). A pesquisa comcorpora tem revelado aspectos muito relevantes da constituio tex-tual do texto traduzido, bem como de sua relao com o texto fonte,alm de auxiliar na compreenso mais direta de vrios aspectos doprocesso tradutrio, inclusive os culturais. Conforme enfatiza Kenny(1998):

    Whereas in the past so-called linguistic approaches totranslation have been criticised for their inability to sayanything about the wider cultural context in which translationoccurs, I would like to suggest here that a careful study ofcollocational patterns in translated text can shed light on thecultural forces at play in the literary marketplace, and viceversa. Culture and language are inextricably bound up in oneanother, and it makes no sense to suggest that cultural andlinguistic approaches to the study of translation can be mutuallyexclusive. (p. 519)

    At mesmo a questo da subjetividade, outra preocupao deTymoczko (1998), tem sido trabalhada sem antagonismo, longe da

  • 50 Tony Berber Sardinha

    falsa dualidade objetivo versus subjetivo. Conforme exposto nestetrabalho, a intuio do pesquisador e do tradutor assumem um esta-tuto diferenciado no campo dos estudos tradutolgicos, em contrasteao que assumem na Lingstica de Corpus, sua rea parente.

    Por isso tudo espera-se que logo a pesquisa em traduo venha ase valer de forma mais ampla/intensa da explorao de corporaeletrnicos para que possamos testemunhar a concretizao dasprevises de dez anos atrs.

    Notas

    1. http://aix1.uottawa.ca/ ~lbowker/ bibtsweb/ 01cuinca.html

    2. http:// www.umist.ac.uk/ ctis/ staff/ mona.htm#cetra

    3. Na verdade, os nmeros desse ano incluem artigos do volume especial da RevistaMeta, alm de uma entrada separada para a prpria revista (Laviosa, 1998c), o quecausa duplicidade.

    4. Segundo Baker (1999, p. 282), essas condies incluem the fact that it [thetranslated text] is constrained by a fully articulated text in another language and thattranslations have a different social and textual status (people approach a translatedtext with a specific set of expectations).

    5. http://www.umist.ac.uk/ ctis/events/ conference_2000.htm.

    6. http://lael.pucsp.br/inpla.

    7. http://www.umist.ac.uk/ ctis/ events/unisa.htm.

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 51

    8. H ainda a rea da terminologia, em que esto alguns trabalhos constantes nestevolume, tais como Varantola, Maia e Tagnin.

    9. Hunston (2002) e Fox (1998) ilustram como o soar estranho (sound odd) um gatilho para o pesquisador, e como as investigaes que resultam dessa impressoinicial podem ser frutferas.

    10. Concordncia retirada do COBUILD Direct, em http:// titania.cobuild.collins.co.uk/ form.html. Este corpus possui 56 milhes de palavras, de fala eescrita.

    Referncias bibliogrficas

    Aarts, J. (1998) Introduction, in S. Johansson & S. Oksefjell (orgs.) Corporaand Cross-Linguistic Research - Theory, Method, and Case Studies. Rodopi:Amsterdam, pp ix-xiv.

    Altenberg, B. (1999) Adverbial connectors in English and Swedish: Semantic andlexical correspondences, in H. Hasselgard & S. Oksefjell (orgs.) Out of Corpora- Studies in Honour of Stig Johansson. Amsterdam/Atlanta,GA: Rodopi, pp 249-268.

    Altenberg, B., & Granger, S. (2002) Recent trends in cross-linguistic lexicalstudies, in B. Altenberg & S. Granger (orgs.) Lexis in Contrast: Corpus-BasedApproaches. Amsterdam: John Benjamins, pp 3-49.

    Aston, G. (1999) Corpus use and learning to translate, Textus, 12, 289-314.

    Austermhl, F. (2001) Electronic Tools for Translators. Manchester: St. Jerome.

  • 52 Tony Berber Sardinha

    Avance de Souza, E. (2002) A Lingstica do corpus e sua aplicao na atividadetradutria. Trabalho apresentado no Simpsio Lingstica de Corpus, no XIIInPLA, PUC/SP, 25 a 26 de abril de 2002.

    Baker, M. (1993) Corpus Linguistics and translation studies: Implications andapplications, in M. Baker, G. Francis, & E. Tognini-Bonelli (orgs.) Text andtechnology: In honour of John Sinclair. Philadelphia/Amsterdam: John Benjamins,pp 233-250.

    Baker, M. (1995) Corpora in Translation Studies: An Overview and someSuggestions for Future Research, Target, 7, 223-243.

    Baker, M. (1996) Corpus-based Translation Studies: the challenges that lie ahead, inH. Somers (org.) Terminology, LSP and Translation: Studies in Language Engineering,in Honour of Juan C. Sager. Amsterdam: John Benjamins, pp 175-186.

    Baker, M. (1998) Rexplorer la langue de la traduction: Une approche sur corpus,Meta, 43, 480-485.

    Baker, M. (1999) The role of corpora in investigating the linguistic behaviour ofprofessional translators, International Journal of Corpus Linguistics, 4:2, 281-298.

    Barlow, M. (1995) ParaConc: A concordancer for parallel texts, Computers &Texts, 10 .

    Berber Sardinha, A. P. (1997) Patterns of lexis in original and translated businessreports: Textual differences and similarities, in K. Simms (org.) Translating SensitiveTexts: Linguistic Aspects. Amsterdam: Rodopi, pp. 147-154.

    Berber Sardinha, A. P. (2000a) Prosdia semntica na traduo do Portugus eIngls: Um estudo baseado em corpus, in M. das G. Volpe Nunes (org.) PROPOR2000 - V Encontro para o Processamento Computacional da Lngua PortuguesaEscrita e Falada. 19 a 22 de novembro de 2000. So Carlos: NILC / ICMC /USP, pp. 93-104.

    Berber Sardinha, A. P. (2000b) Semantic Prosodies in English and Portuguese: aContrastive Study, in P. Cantos Gmez & A. Snchez Prez (orgs.) Cuadernos

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 53

    de Filologa Inglesa: 9, 1. Corpus-based Research in English Language andLinguistics. Murcia: Universidad de Murcia, pp. 93-109.

    Berber Sardinha, A. P. (2001) Lingstica de Corpus e traduo: Algumasferramentas computacionais Trabalho apresentado no VIII Encontro Nacional deTradutores e II Encontro Internacional de Tradutores, Belo Horizonte, 23-27 dejulho de 2001.

    Berber Sardinha, A. P. (2002) Lingstica de Corpus. So Paulo: Editora Manole.

    Botley, S., McEnery, T., & Wilson, A. (orgs.) (2000) Multilingual Corpora inTeaching and Research. Amsterdam/Atlanta,GA: Rodopi.

    Bowker, L. (1998) Using specialized monolingual native-language corpora as atranslation resource: A pilot study, Meta, 43, 631-651.

    Bowker, L. (1999) Exploring the potential of corpora for raising language awarenessin student translators, Language Awareness, 8:3/4, 160-172.

    Bowker, L. (2001) Towards a methodology for a corpus-based approach totranslation evaluation, Meta, 46, 345-364.

    Bowker, L. (2002) Computer-Aided Translation Technology: A PracticalIntroduction. Ottawa: University of Ottawa Press.

    Bowker, L., & Pearson, J. (2002) Working with Specialized Language: A PracticalGuide to Using Corpora. London: Routledge.

    Chesterman, A. (1998) Contrastive Functional Analysis. Amsterdam: JohnBenjamins.

    Corness, P. (2002) Multiconcord: A computer tool for cross-linguistic research,in B. Altenberg & S. Granger (orgs.) Lexis in Contrast: Corpus-Based Approaches.Amsterdam: John Benjamins, pp 307-326.

  • 54 Tony Berber Sardinha

    Ebeling, J. (1998) The Translation Corpus Explorer - A browser for paralleltexts, in S. Johansson & S. Oksefjell (orgs.) Corpora and Cross-linguistic Research- Theory, Method, and Case Studies. Amsterdam/Atlanta,GA: Rodopi, pp 101-113.

    Fox, G. (1998) Hocus pocus and graven images: collocation 98" Palestraapresentada no IATEFL 98, UMIST, Manchester, UK.

    Frankenberg-Garcia, A. (2002) COMPARA, a Web-searchable corpus ofPortuguese and English parallel texts Trabalho apresentado no Simpsio Lingsticade Corpus, no XII InPLA, PUC/SP, 25 a 26 de abril de 2002.

    Gavioli, L., & Zanettin, F. (1997) Comparable corpora and translation: a pedagogicperspective, trabalho apresentado em Corpus Use and Learning to TranslateConference, Advanced School of Modern Languages for Translators and Interpretersin Forl, University of Bologna, Bertinoro, Italy, 14-15 November 1997. (Versohtml consultada, disponvel em http://www.sslmit.unibo.it/ cultpaps/ laura-fede.htm).

    Ghadessy, M., & Gao, Y. (2001) Small corpora and translation: Comparingthematic organization in two languages, in M. Ghadessy, A. Henry, & R. L.Roseberry (orgs.) Small Corpus Studies and EFL - Theory and Practice. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, pp. 335-361.

    Guidre, M. (2002) Toward corpus-based Machine Translation for standardArabic, Translation and Computers, 19 . (Trabalho disponvel online em http://accurapid.com/ journal/19mt.htm)

    Halliday, M. A. K. (1992) Language theory and translation practice, RivistaInternazionali di Tecnica della Traduzione, 0 , 15-25.

    Hansen, S., & Teich, E. (2001) Multi-layer analysis of translation corpora:methodological issues and practical implications. Trabalho apresentado noEUROLAN 2001, the Summer Institute on Creation and Exploitation of AnnotatedLanguage Resources, 30 de julho a 11 de agosto de 2001, Romnia.

    Hasselgard, H. (1998) Thematic structure in translation between English andNorwegian, in S. Johansson & S. Oksefjell (orgs.) Corpora and Cross-linguistic

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 55

    Research - Theory, Method, and Case Studies. Amsterdam/Atlanta,GA: Rodopi,pp. 145-168.

    Hatim, B., & Mason, I. (1990) Discourse and the translator. London: Longman.

    Hoey, M. (2000) A world beyond collocation: New perspectives on vocabularyteaching, in M. Lewis (org.) Teaching Collocation - Further Developments in theLexical Approach. Hove: LTP, pp. 224-243.

    Hofland, K., & Johansson, S. (1998) The Translation Corpus Aligner - A programfor automatic alignment of parallel texts, in S. Johansson & S. Oksefjell (orgs.)Corpora and Cross-linguistic Research - Theory, Method, and Case Studies.Amsterdam/Atlanta,GA: Rodopi, pp. 87-100.

    Hunston, S. (2000) Colligation, lexis, pattern, and text, in M. Scott & G.Thompson (orgs.) Patterns of Text - In honour of Michael Hoey. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, pp. 13-34.

    Hunston, S. (2002) Corpora in Applied Linguistics. Cambridge: CambridgeUniversity Press.

    Hunston, S., & Francis, G. (2000) Pattern Grammar - A Corpus-Driven Approachto the Lexical Grammar of English. Amsterdam/ Philadelphia: John Benjamins.

    Johansson, S., & Oksefjell, S. (orgs.) (1998) Corpora and Cross-linguistic Research- Theory, Method, and Case Studies. Amsterdam/Atlanta,GA: Rodipi.

    Kenny, D. (1997) (Ab)normal translations: a German-English parallel corpus forinvestigating normalization in translation, in B. Lewandowska-Tomaszczyk & P.Melia (orgs.) Practical Applications in Language Corpora `97 Proceedings.Lodz: Lodz University Press, pp. 387-392.

    Kenny, D. (1998) Creatures of habit? What translators usually do with words,Meta, 43, 515-523.

  • 56 Tony Berber Sardinha

    Kenny, D. (2001) Lexis and Creativity in Translation - A Corpus-Based Study.Manchester: St. Jerome.

    Krzeszowski, T. (1990) Contrasting languages. The scope of contrastive linguistics.Berlin: De Gruyter.

    Laviosa, S. (1997) How Comparable Can Comparable Corpora Be?, Target, 9,289-319.

    Laviosa, S. (1998a) Corpora in Translation Studies, in M. Baker (org.) RoutledgeEncyclopedia of Translation Studies. London: Routledge, pp. 50-53.

    Laviosa, S. (1998b) The corpus-based approach: A new paradigm in translationstudies, Meta, 43, 631-651.

    Laviosa, S. (org.) (1998c) LApproche base sur le corpus/The Corpus-basedapproach Special issue of Meta 43(4).

    Laviosa, S. (2000) TEC: A Resource for Studying What Is in and of TranslationalEnglish. Trabalho apresentado na conferncia Research Models in TranslationStudies, UMIST, Manchester, 28 abril de 2000.

    Laviosa, S. (2001) Simplification: Before and after the advent of corpora. Trabalhoapresentado no the European Society for Translation Conference 2001, 30 de agostoa 1 de setembro de 2001.

    Laviosa, S. (2002) Corpus-based Translation Studies: Theory, Findings,Applications. Amsterdam: Rodopi.

    Lopes, M. C. (2000) Homepages institucionais em portugus e suas verses parao ingls: Uma anlise baseada em corpus de aspectos lexicais e discursivosDissertao de Mestrado Indita, So Paulo, LAEL, PUC/SP.

    Louw, B. (1993) Irony in the text or insincerity in the writer: the diagnosticpotential of semantic prosodies, in M. Baker, G. Francis, & E. Tognini-Bonelli(orgs.) Text and technology - Essays in honor of John McH Sinclair. Amsterdam/

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 57

    Atlanta,GA: John Benjamins, pp. 157-176.

    Magalhes, C. M. (2001) Corpora-based Translation Studies in Brasil: towardsuniversals of translation? Trabalho apresentado no the European Society forTranslation Conference 2001, 30 de agosto a 1 de setembro de 2001.

    McEnery, T., & Wilson, A. (1993) Corpora and Translation: Uses and FutureProspects, UCREL Technical Papers, University of Lancaster.

    Melamed, I. D. (2001) Empirical Methods for Exploiting Parallel Texts. Cambridge,Mass: MIT Press.

    Mihailov, M., & Tommola, H. (2001) Compiling parallel and text corpora: Towardsautomation of routine procedures, International Journal of Corpus Linguistics, 6:Special Issue, 67-78.

    Olohan, M. (no prelo) Corpora in Translation Studies. London: Routledge.

    Partington, A. (1998) Patterns and Meanings - Using Corpora for English LanguageResearch and Teaching. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins.

    Salkie, R. (2002) Two types of translation equivalence, in B. Altenberg & S.Granger (orgs.) Lexis in Contrast: Corpus-Based Approaches. Amsterdam: JohnBenjamins, pp. 51-72.

    Sampson, G. (2001) Empirical Linguistics. London: Continuum.

    Santos, D. (1999) The pluperfect in English and Portuguese: What translationpatterns show, in H. Hasselgard & S. Oksefjell (orgs.) Out of Corpora - Studiesin Honour of Stig Johansson. Amsterdam / Atlanta,GA: Rodopi, pp. 283-300.

    Santos, D., & Oksefjell, S. (2000) An evaluation of the Translation Corpus Aligner,with special reference to the language pair English-Portuguese, in T. Nordgrd(org.) Proceedings from the 12th Nordisk datalingvistikkdager (Trondheim, 9-10December 1999) Trondheim: Department of Linguistics, NTNU, pp. 191-205.

  • 58 Tony Berber Sardinha

    Scott, N. (1998) Normalisation and readers expectations: a study of literarytranslation with reference to Lispectors Hora da Estrela. Tese de DoutoradoIndita, University of Liverpool, Liverpool.

    Scott, N., & Scott, M. (2000) Empirical methodology in translation using CorpusLinguistics techniques. Trabalho apresentado na conferncia Research Models inTranslation Studies, UMIST, Manchester, 28 abril de 2000.

    Sinclair, J. McH. (org.) (1987) Looking up: An account of the COBUILD Projectin lexical computing and the development of the Collins COBUILD English LanguageDictionary. London: Collins.

    Siqueira, C. P. (2000) Anlise temtica em estudos de traduo: O caso dosrelatrios anuais de empresas brasileiras. Dissertao de Mestrado Indita, SoPaulo, LAEL, PUC/SP.

    Somers, H. L. (org.) (no prelo) Computers and Translation: A Translators Guide.Amsterdam: John Benjamins.

    Steiner, E. H. (2001) Translations English - German: investigating the relativeimportance of systemic contrasts and of the text-type translation, in SPRIK reports(org.) Proceedings of the Symposium Information structure in a cross-linguisticperspective, held at the Norwegian Academy of Science and Letters, November 30- December 2, 2000 Oslo: Norwegian Academy.

    Stubbs, M. (2001) Words and Phrases - Corpus-based studies of lexical semantics.Oxford: Routledge.

    Tagnin, S. E. O. (2000). Corpora and the Innocent Translator: How can theyhelp him. Trabalho apresentado no The Lodz Session of the 3rd InternationalMaastricht-Lodz Duo Colloquium on Translation and Meaning, Lodz (Polnia),22 a 24 de setembro de 2000.

    Tagnin, S. E. O. (2002) Um corpus de integrao: o projeto COMET Trabalhoapresentado no Simpsio Lingstica de Corpus, no XII InPLA, PUC/SP , 25 a26 de abril de 2002 .

  • Corpora eletrnicos na pesquisa... 59

    Teubert, W., Tognini-Bonelli, E., & Volz, N. (orgs.) (1998) Translation Equivalence- Proceedings of the Third TELRI European Seminar. Birmingham: TELRI /Institut fr Deutsche Sprache / Tuscan Word Centre.

    Tognini-Bonelli, E. (2001) Corpus Linguistics at Work. Amsterdam/Atlanta,GA:John Benjamins.

    Tognini-Bonelli, E. (2002) Functionally complete units of meaning across Englishand Italian: Towards a corpus-driven approach, in B. Altenberg & S. Granger(orgs.) Lexis in Contrast: Corpus-Based Approaches Amsterdam: John Benjamins,pp.. 73-96.

    Toury, G. (1995) Descriptive translation studies and beyond. Amsterdam/Atlanta,GA: John Benjamins.

    Tymoczko, M. (1998) Computerized corpora and the future of translation studies,Meta, 43, 652-660.

    Uzar, R., & Walinski, J. (2001) Analysing the fluency of translators, InternationalJournal of Corpus Linguistics, 6: Special Issue, 155-166.

    Veronis, J. (2000) Parallel Text Processing : Alignment and Use of TranslationCorpora. Dordrecht: Kluwer.