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3. Histórico do Bem
3.1. O Circulo dos Trabalhadores Cristãos de Uberlândia
A Casa do Operário foi a idealizada na década de 1940, para sede da
organização social então nomeada Círculo Operário de Uberlândia. Os Círculos
Operários compõem um projeto originário de setores da Igreja Católica Apostólica
Romana que desde meados do século XIX preocupam-se com o papel da instituição
religiosa como um agente social. Em resposta aos dilemas sociais e políticos que
envolviam sobretudo as relações entre trabalhadores e patrões, mediadas pelo Estado, o
projeto traçou estratégias para conservar e ampliar a abrangência do ideário cristão sem
incitar rompimentos com o Estado ou com a organização capitalista da sociedade. Na
prática, isso foi feito com a difusão da ação católica entre os trabalhadores, diretamente
por meio do movimento circulista, que tornou-se expressivo sobretudo no período entre
as décadas de 1930 e 1970 e foi responsável pela criação de centenas de Círculos
Operários, muitos deles ativos na atualidade.
No Brasil, os Círculos Operários aparecem originalmente como uma mobilização
que contempla necessidade de novas classes sociais emergentes, ligadas ao operariado
urbano. O movimento se aproxima de tendências corporativistas adotadas como postura
política pelo Estado em sua fase populista, como resposta à questão social. Soma-se ao
combate a movimentos anticatólicos ou mesmo anticlericais que se proliferavam pelo
mundo no início do século, a maior parte deles vinculada a ideologias socialistas,
anarquistas, comunistas. Atualmente, o movimento organiza-se por meio de sedes locais,
federações estaduais e a Confederação Brasileira de Trabalhadores Cristãos-CBTC.
Para se compreender os significados da presença e atuação do Círculo Operário,
inclusive em Uberlândia, é importante observar primeiramente alguns aspectos que
podem ter motivado a Igreja a se voltar para a nova classe trabalhadora em ascensão. É
importante também analisar a trajetória do Círculo Operário no Brasil no período que vai
da década de 1930 até a de 1960, devido a suas relações com o fenômeno do populismo
e as transformações decorrentes do golpe militar de 1964. Por fim, pode-se analisar os
documentos sobre o Círculo Operário provenientes do acervo do núcleo de Uberlândia-
MG, para buscar uma melhor compreensão sobre as novas formas de atuação que o
circulismo incorporou e desenvolveu ao longo de sua trajetória e assim viabilizar uma
melhor compreensão da abrangência e significados do circulismo nesta cidade.
Neste breve histórico do bem – a chamada Casa do Operário, sede do circulismo
em Uberlândia – busca-se primeiramente situar o projeto circulista e a importância dos
12
Círculos Operários no Brasil para, a partir disso, compreender a importância para a
cidade e para o movimento do núcleo circulista local – um dos Círculos mais antigos do
país.
3.2. O Circulo Operário na História
A estreita relação do circulismo com a Igreja exige uma aproximação com os
estudos acerca da instituição católica, bem como o contato com algumas especifidades
dessa bibliografia. De acordo com Jessé Jane Vieira de Sousa1, grande parte dos
trabalhos que surgiram sobre a história da Igreja até o fim da década de 1990 foram
direcionados à “história das ideias” e têm caráter mais abrangente ou, por outro lado,
remetem a estudos de caso ou de atuações de diversas pastorais em diferentes
movimentos. A análise do catálogo da Associação Nacional de História (ANPUH), por
exemplo, entre os anos 1965 a 1994, indica a existência de poucos estudos sobre a
história da Igreja ou sua ação social, embora entre eles alguns abordem aspectos do
circulismo2.
Um estudo acadêmico pioneiro sobre os Círculos Operários em Belo Horizonte e
no Rio de Janeiro, realizado nos Estados Unidos por Howard Wiarda3, focaliza a
resistência da Igreja frente à ditadura militar. Outro estudo, de Berenice Cavalcante
Brandão4, busca as diferenças entre católicos e comunistas, analisando a dinâmica
sindical no Brasil, para concluir que o Círculo Operário foi um movimento irrelevante para
o período. Diferente dessa avaliação, a dissertação de mestrado sobre os Círculos
Operários no Rio Grande do Sul, de Astor Antonio Diehl5, defendida no fim dos anos 1980
e posteriormente editada como livro, aponta o movimento circulista como a base para a
consolidação do corporativismo dos anos 1930 até a década de 1960. Posteriormente, o
autor publica um livro sobre o movimento no estado. Diehl faz um estudo sobre o
conteúdo doutrinário-ideológico dos círculos para compreender melhor o projeto sócio-
1 SOUSA, Jessie Jane Vieira de. Da transcendência à disciplina: os Círculos Operários e a intervenção da
Igreja Católica no mundo do trabalho no Brasil (1930-1964). Tese (Doutorado em História Social)-PPGH-
UFRJ, 1998. 2 No Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES é possível
localizar apenas quinze estudos sobre os Círculos Operários, sendo a maior parte deles sobre o movimento no
Rio Grande do Sul e o mais recente deles a dissertação de Carla Xavier dos Santos, concluída em 2008
(título: Nossa Senhora Medianeira rogai por nós: relação do Estado Novo com a Igreja Católica através dos
Círculos Operários no Rio Grande do Sul – 1937 a 1945). 3 WIARD, Howard. The brazilian catholic labor moviment. Amherst: University of Massachussetts, 1969.
4 BRANDÃO, Berenice Cavalcanti. O movimento leigo no Brasil (as relações entre Igreja e Estado: 1930-
1945). Dissertação (Mestrado em História)-PPGH-UFF. Rio de Janeiro, 1975. 5 DIEHL, Astor Antonio. Os Círculos Operários no Rio Grande do Sul: um projeto social político (1932-
1964). Porto Alegre: EDIPURS, 1990.
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político da Igreja e dos mecanismos que orientaram os operários. Pela abrangência da
discussão e pela abordagem esclarecedora, trata-se de uma das principais obras sobre
esse tema e referência importante nos apontamentos deste dossiê.
Em geral, os estudos historiográficos tendem a conceber o Estado como
fortemente condicionante das classes e do projeto social. A partir de autores como Paul
Singer, Heloísa Martins, o Estado é apresentado como determinante de uma identidade
para os movimentos sociais, vistos assim como passivos nesse processo – abordagem
que desqualifica o trabalhador ao vê-lo como sujeito passivo e pouco apto a exercer
algum tipo de autonomia política. Outra especificidade da bibliografia sobre a temática,
importante para circunstanciar a relativa escassez de trabalhos sobre o circulismo ou
outros movimentos de caráter religioso, é a proximidade até mesmo ideológica dos
estudiosos com os temas sociais. Durante muito tempo, os historiadores e demais
cientistas sociais que trabalhavam com Estado e os movimentos sociais, em sua maioria,
também militavam nas fileiras de organizações ditas de esquerda, resultando em certa
dificuldade desses estudos em atribuir grande importância a um movimento quase
sempre de cunho conservador, como é o caso do Círculo Operário.
Há ainda análises que compreendem os Círculos Operários como a
materialização do projeto da Igreja Católica para os operários brasileiros, exemplo de
uma instituição católica e corporativista. De acordo com João Batista Marçal6, os Círculos
Operários foram fruto do engajamento de alguns padres e políticos para se projetarem e
controlarem as organizações operárias e de esquerda. Seriam, portanto, fruto de em um
momento de recrudescimento do poder da Igreja Católica na sociedade e consequente
direcionamento de suas ações de modo a aliar-se mais fortemente ao Estado,
especialmente no esforço para deter o avanço do comunismo. Autores como Hans
Fuchtner7, em seu estudo sobre o sindicalismo no Brasil, apontam o Círculo Operário
como a vanguarda do combate ao comunismo e da colaboração com o Estado Novo, por
exemplo.
Esse breve quadro dos estudos realizados sobre o Círculo Operário poderia ser
então classificado a partir de três eixos principais de entendimento do movimento: como
forma de trampolim político para organizações de trabalhadores, como palco imediato da
atuação da Igreja ao lado do Estado, ou ainda como uma reação da comunidade contra o
que se entendia como espectro do comunismo – sobretudo das comunidades cristãs. De
algum modo, essas três dimensões estão presentes no movimento em Uberlândia.
6 MARÇAL, João Batista. Primeiras Lutas Operárias no Rio Grande do Sul: origens do sindicalismo
riograndense. Porto Alegre: Globo, 1985. 7 FUCHTNER, Hans. Os sindicatos brasileiros: organização e função política. Rio de Janeiro: Graal, 1980.
14
3.3. Os Círculos Operários
O movimento operário católico surgiu com o propósito de suprir algumas
carências percebidas na sociedade, decorrentes de certa ineficiência ou de insuficiências
das políticas de Estado em relação à população, especialmente aos trabalhadores. Esse
aspecto assistencialista foi fundamental para a expansão do movimento. Por outro lado, a
perspectiva social e política do ideário difundido pela Igreja Católica, alimentada por uma
visão de totalidade e harmonia social, foi decisiva para a caracterização do movimento.
De acordo com Diehl, o projeto pontificial enfatizava a busca pela “harmoniosa
convivência das classes sociais, onde os conflitos sociais seriam abolidos via mutualismo
e na „cristianização da cultura brasileira‟. Esta fórmula envolvia tanto a educação da
burguesia como a do operariado.”8
Os Círculos Operários estruturam-se como organizações da sociedade civil de
composição mista, autoproclamadas interprofissionais e apolíticas. Recebem
trabalhadores de qualquer especialidade, idade, região ou crença, com o objetivo
expresso de atuar pelos direitos e interesses dos trabalhadores de forma solidária e
coordenada. Ao lado da preocupação com a assistência diante das questões mais
urgentes advindas da carestia de vida, a mais destacada finalidade dos Círculos
inicialmente era reconduzir os trabalhadores à Igreja Católica, por isso o empenho do
Pontificiado desde o final do século XIX em buscar a promoção da volta aqueles que
“vivem no desprezo da fé cristã ou nos hábitos que ela reprova”9. Uma ampla abordagem
da questão social na doutrina católica foi definida, sobretudo, pela encíclica Rerum
Novarum do Papa Leão XIII, em 189110. A desumanidade e a injustiça social
testemunhados nas relações dos trabalhadores na sociedade contemporânea foram
minuciosamente pautadas por esse documento, tomado a partir de então como referência
para as discussões sociais da Igreja.
De qualquer forma, nós estamos convictos, da urgente necessidade de
auxiliar os homens das classes inferiores com medidas prontas e eficazes,
8 DIEHL, op. cit., p. 10
9 Documento: Os Círculos Operários, a Ação Católica, a Ação Social. Rio de janeiro, 1949, p. 05. Acervo do
Círculo dos Trabalhadores Cristãos de Uberlândia, doravante denominado: Acervo do CTCU. 10
Carta encíclica Rerum Novarum ou “das coisas novas”, divulgada em 15 de maio de 1891, tornou-se de
imediato referência para as discussões sobre os trabalhadores e suas condições de vida nas relações
capitalistas, tornando-se posteriormente documento referencial do circulismo. O texto integral está disponível
em: http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-
novarum_po.html. Acesso em junho de 2009.
15
visto estarem eles em sua quase totalidade, numa injusta situação, de
infortúnio e miséria. [...] Princípios e sentimentos religiosos desapareceram
das leis e instituições públicas e assim, a pouco e pouco, os trabalhadores,
isolados e indefesos, viram-se, com o correr dos anos, a mercê de patrões
desumanos e entregues à cupidez de uma desenfreada concorrência. [...]
A tudo isso, acrescente-se a concentração nas mãos de alguns poucos, da
industria e do comércio, tornados monopólios de pequeno numero de ricos
e opulentos que assim impõem um jugo quase servil a infinita multidão dos
proletários.
Quarenta anos depois, durante o papado de Pio XI, o mesmo documento foi
retomada com um caráter mais incisivo na encíclica Quadragesimo Anno. Estas cartas
ocupam-se especialmente da chamada “questão social” e, além do diagnóstico da
situação vivenciada naqueles anos, apontam uma solução para as relações entre o
Estado e o Capitalismo: uma possibilidade para a restauração e o aperfeiçoamento da
ordem social em conformidade com a doutrina cristã, a fim de harmonizar as lutas sociais
e revalorizar virtudes cristãs como o amor e a solidariedade. Ao sublinhar a crueldade do
capitalismo como origem das condições desumanas em que viviam os trabalhadores no
século XIX, a Rerum Novarum apontava como solução a religião. Segundo o Pio XI em
1931,
[a Rerum Novarum] não pediu auxílio nem ao liberalismo nem ao
socialismo, pois que o primeiro se tinha mostrado de todo incapaz de
resolver convenientemente a questão social, e o segundo propunha um
remédio muito pior que o mal, que lançaria a sociedade em perigos mais
funestos11.
Não se registra nesses documentos qualquer proposta de superação do
capitalismo, em pauta nos movimentos de trabalhadores pelo menos desde meados do
século XIX, mas sim a imperativa necessidade de se aniquilar os conflitos entre classes e
interesses, numa tentativa de harmonizar organicamente a pratica do sistema e do
trabalho. A estratégia, sobretudo a partir da orientação de Pio XI na década de 1930, era
manter o controle ideológico e cultural das classes dirigentes, e assim, organizar um
11
Carta encíclica Quadragesimo Anno, do Para Pio XI, 1931. Disponível em:
http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19310515_quadragesimo-
anno_po.html. Acesso em junho de 2009.
16
sistema consensual entre capital e trabalho. O perigo maior, denunciado desde as
encíclicas de Pio IX, como a Qui Pluribus (1846), era a ameaça do comunismo ateu. Para
Pio IX a doutrina comunista, “uma vez aceita, seria a ruína completa de todos os direitos,
das instituições, da propriedade e da própria sociedade humana” – ideia reiterada com
vigor por Leão XIII, sobre o comunismo: “Peste mortífera, que invade a medula da
sociedade humana e a conduz a um perigo extremo.”12
Esses documentos orientaram a doutrina social da Igreja e formaram a base para
a Ação Católica, que orientava a participação de leigos no apostolado católico.
Incentivada veementemente na década de 1930 por Pio XI, teve entre as iniciativas de
maior êxito a Ação Católica Operária, na qual se insere o circulismo13. Essa doutrina
considerava tanto espectro do comunismo quanto as injustiças do capitalismo como
ameaças aos domínios da Igreja. Pode-se dizer que a doutrina social católica propõe
uma resposta para os malefícios do capitalismo diferente das correntes de esquerda, de
perfil mais conservador. O direito a propriedade privada é entendido como algo natural do
homem e considera-se pecado a violação desse direito. Porém, o sistema liberal é
acolhido com reservas, na medida em que corrompe o homem, condiciona-o apenas ao
consumo e ao lucro e reprime o trabalhador limitando suas condições de vida. Sobre o
sistema capitalista, o Papa Pio XI faz a seguinte consideração na encíclica
Quadragésimo Anno:
[...] é, pois, evidente que ele não é condenável em si mesmo. De fato, não
é sua estrutura intima que é má; há porem violação da Justiça, sempre que
o capitalista contrate trabalhadores ou a classe proletária visando
exclusivamente a explorar, em seu proveito pessoal e ao seu agrado, toda
a industria e o regime econômico, sem atender nem a dignidade humana
dos operários, nem ao caráter social da atividade econômica, e nem
mesmo a justiça social e ao bem comum14.
Nesse contexto, o objetivo central dos Círculos Operários estruturados com essa
base doutrinária é unir os trabalhadores em uma organização forte, capaz de promover a
12
Carta encíclica Divini Redemptoris, do Para Pio XI, 1937. Ele retoma pontífices anteriores para expressar
seu juizo sobre o tema: “o comunismo é intrinsecamente perverso... e não se pode tolerar colaboração com
ele, de quem quiser salvaguardar a civilização.” Disponível em:
http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19370319_divini-
redemptoris_po.html. Acesso em agosto de 2009. 13
Verbetes: Ação Católica e Círculo Operário. ÁVILA, Fernando Bastos de. Pequena Enciclopédia da
doutrina social da Igreja. 2 ed. São Paulo: Ed. Loyola, 1993. 14
Carta encíclica Quadragesimo Anno, do Para Pio XI, 1931.Op. cit.
17
justiça e a harmonia na sociedade, além de prestar assistência em todos os níveis da
vida a seus sócios. Os circulistas participavam de reuniões de formação, cursos, tinham
acesso a material impresso que dizia respeito a diversos conteúdos de cunho cultural,
social, moral e, sobretudo, doutrinário. Parte significativa do acervo reunido na Casa do
Operário de Uberlândia testemunha esse cuidado teórico-ideológico. Neles, orienta-se a
formação dos Círculos a partir da participação de “operários de ambos os sexos,
pertencentes aos ramos de indústria, lavoura, comércio, artes, companhias, transportes e
trapiches; empregados públicos, domésticos pequenos trabalhadores por conta própria,
etc., que sejam respeitadores da família e da moral”15.
Os manuais dos Círculos evidenciam o caráter assistencialista do movimento,
mas jamais deixam de lado a questão organizacional e administrativa, mesmo que
apontem restrições ao envolvimento de clérigos em aspectos econômicos e gerenciais,
reservando-lhes a assistência ao campo da doutrina16. É interessante notar que uma das
primeiras ações do Círculo Operário de Uberlândia após sua fundação foi buscar o
referencial teórico e as orientações práticas junto ao movimento circulista, como garantia
de implementação da sociedade. Entre os primeiros documentos encontrados atualmente
nos acervos da Casa do Operário na cidade está o Manual do Círculo Operário,
publicado em 1939 pela Confederação Nacional de Operários Católicos, sediada no Rio
de Janeiro, e solicitado pela diretoria uberlandense ao Assistente Eclesiástico da
Confederação, pe. Leopoldo Brentano17. Além de apresentar-se como “guia seguro para
os circulistas”, a publicação buscava aprofundar o entendimento do ideário envolvido na
iniciativa, e buscava ser referência “aos estudiosos da organização cristã de caráter
econômico e social no Brasil”, pois fundamenta-se na premissa de que os Círculos
Operários surgiram do estudo de condições e necessidades sociais peculiares.
Além do assistencialismo e da fidelidade à doutrina social da Igreja, o circulismo
foi um movimento que procurou interagir com sindicatos, organizações trabalhistas e
sociedades beneficentes a fim de superar a desconfiança que algumas dessas
instituições tinham em relação ao papel social da Igreja e desfazer os preconceitos
15
Material gráfico dos Círculos Operários. Casa Gomes – Tipografia e Papelaria – 7 de setembro., Rio de
Janeiro,1953. Acervo do CTCU. 16
A Santa Sé recomenda com firmeza e o Direito Canônico preceitua que os Sacerdotes não
assumam responsabilidade direta de ordem técnica, financeira ou econômica. O mesmo vale para
a A.C (Ação Católica), a qual, no dizer de Pio XI, não deve assumir responsabilidade na parte
puramente técnica, financeira ou econômica que está fora de sua incumbência e finalidade. Documento: Os Círculos Operários, a Ação Católica, a Ação Social. Rio de janeiro, 1949, p. 09. 17
Manual do Círculo Operário-publicado pela Confederação Nacional de Operários Católicos. Petrópolis-
RJ: Ed. Vozes, 1939. Trata-se de uma extensa publicação, com prefácio de Alceu Amoroso Lima, abordando
aspectos da organização dos Círculos (histórico e perspectivas), das relações jurídico-sociais, das diretrizes e
métodos do circulismo, oferecendo ainda detalhados modelos de regimentos, regulamentos e outras diretrizes
de organização do movimento. Acervo do CTCU.
18
cristalizados, sobretudo em decorrência da propaganda entendida como de esquerda.
Porém, ao longo da trajetória do circulismo, as tensões e divergências entre os preceitos
do movimento e as tendências socialistas de outras mobilizações de trabalhadores
manteve-se como um forte traço, inclusive no Brasil e em Uberlândia.
Os primeiros núcleos brasileiros foram criados no Rio Grande do Sul, nas cidades
de Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Maria e Caxias, em 1932. Esses foram os
mais atuantes e tiveram como um de seus referenciais inspiradores as chamadas greves
operárias da Primeira República, a partir dos anos 1910. O primeiro congresso do
movimento é realizado em 1935, no Rio Grande do Sul, e no Congresso Eucarístico de
Belo Horizonte, em 1937, há uma resolução que determina a fundação de Círculos
Operários em todos os centros urbanos, além da indicação para que se organizasse o
primeiro congresso operário católico nacional no Rio de Janeiro, no mesmo ano – evento
que registra a presença de quarenta entidades católicas, sendo trinta e quatro do
movimento circulista18.
O primeiro Congresso dos Círculos Operários de 1935 organizou a Federação dos
Círculos Operários do Rio Grande do Sul, que contou com a participação de 21
municípios, tirou como estratégia, a expansão do Circulo fazendo um debate sobre o
sindicalismo para neutralizar o avanço das forças de esquerda tendo na época, a Aliança
Nacional Libertadora como principal força.
Em 1937 fundou-se a Confederação Nacional dos Círculos Operários, que
posteriormente, transformou-se na CBTC (Confederação Brasileira de Trabalhadores
Cristãos), com sede em Brasília. Já na fundação havia 34 CO filiados, totalizando 31.000
associados.
De 1932 a 3945 a expansão foi favorecida pela legislação trabalhista posta em
prática durante o governo de Getúlio Vargas e pela ilegalidade das organizações de
esquerda. O quadro abaixo extraído do livro de Diehl demonstra que o numero de circulo
e de associados cresce vertiginosamente entre as décadas de 30 a 50. Com a
redemocratização a relação dos CO com outras organizações trabalhistas tornou-se mais
competitiva, até a década de 60 quando iniciou-se a sua decadência.
18
Informações baseadas em Manual..., op. cit., 1939, p.25-32.
Ano 1937 1942 1950 Anos 60
Nº de Sindicatos Filiados
Associados
Federações filiadas
34
31.000
-
142
150.000
4
275
300.000
11 88
415
450.000
17
19
Os círculos são entidades municipais, de acordo com o tamanho da cidade, ela
pode ter núcleos divididos por zonas, e finalmente, cada zona pode ser dividida em
grupos, como orientam minuciosamente os manuais do circulismo.
Reprodução do esquema organizacional editado em: Manual do Círculo Operário-
publicado pela Confederação Nacional de Operários Católicos. Petrópolis-RJ: Ed.
Vozes, 1939
3.4. O Círculo Operário em Uberlândia
O núcleo de Uberlândia do Círculo Operário foi fundado em 17 de dezembro de
1942, dez anos depois da fundação do primeiro círculo no país e quase simultaneamente
a outros núcleos próximos, de Ribeirão Preto e Araguari19. Mas, a cerimônia de fundação
do Circulo foi realizada no dia 1 de maio de 1943, dia do trabalho, com a presença de
autoridades locais e lideranças de outros Círculos.
A despeito das mudanças ocorridas ao longo da trajetória, inclusive na
denominação da entidade – que passou a chamar-se Círculo dos Trabalhadores Cristãos
de Uberlândia, em 1964 a iniciativa já atravessa mais de seis décadas. Entre os primeiros
registros de atividades do núcleo está um chamado expressamente dirigido aos operários
uberlandenses, a fim de participarem de reuniões aos sábados, no salão de festas do
Colégio Nossa Senhora, para esclarecimentos e melhor compreensão sobre as
finalidades dos Círculos Operários.
19
O núcleo de Araguari foi instalado em 3 de março de 1943, com a presença de trinta representantes do
núcleo uberlandense, conforme correspondência de 3 e 15 de março de 1943; o núcleo de Ribeirão Preto foi
fundado em 6 de dezembro de 1942.
20
O extenso registro da correspondência enviada e recebida pelo núcleo deixa
sinais claros de que os quatro primeiros meses do Círculo Operário de Uberlândia foram
intensamente dedicados a três ações principais: busca articulações e contatos com
trabalhadores e com as organizações sociais existentes na cidade; busca de
reconhecimento e respaldo entre autoridades na região, além do constante contato com o
movimento fora da cidade, para pautar seus referenciais teóricos, para solicitar material
de formação e de divulgação do circulismo (inclusive bandeiras, brasões, distintivos,
carteiras de filiação, material administrativo etc.), para informar e manter-se informado
sobre as atividades dos outros núcleos.
São atividades que se estendem ao longo de pelo menos duas décadas com
significativa intensidade, mas nesses primeiros meses, entre a fundação e a instalação
Fig. 1. Cópia do Jornal “O Repórter” de 5 de maio de 1943. Fonte: Arquivo do Circulo de Trabalhadores Cristãos de Uberlândia, CDHIS-UFU
21
oficial do núcleo, nota-se a articulação das ações em torno da constituição de um lugar
expressivo para o Círculo na sociedade, logo de início. São feitos contatos com a Rádio
Difusora Brasileira SA (sede uberlandense), com jornais e representantes de
trabalhadores, para garantir a ampla divulgação da proposta que se inaugurava. Chama
atenção o contato com a Companhia de Força e Luz explicitando as motivações do
Círculo e pedindo permissão para se colar nos postes de iluminação da cidade “os
boletins que conclamam os operários a se organizarem”20. Há também uma
correspondência enviada a prefeitura municipal solicitando serviço de esgoto para
atender ao novo barracão construído para sediar o CO de Uberlândia.Em toda
correspondência inicial de divulgação repete-se a importância declarada para a iniciativa:
contribuir para “a boa solução da questão social e para o progresso da cidade” –
argumento inteiramente filiado aos princípios do movimento circulista originado na Ação
Católica. Na lista de convites enviados, identifica-se entidades e autoridades numerosas,
entre as quais: o prefeito Vasconcelos Costa, juízes de direito, delegado regional,
promotor de justiça, Associação de Chauferes, Associação Comercial, Associação de
Empregados do Comércio, Associação Operária Uberlândia, União dos Transportadores
Rodoviários do Brasil Central, além de jornais e outros convites nominais21.
Na ata de instalação do Círculo, dia primeiro de maio de 1943, registra-se a
presença de representantes enviados por grande parte dos convidados. Uma missa na
Igreja Matriz de Santa Therezinha, às 8h., e uma sessão solene de instalação, no salão
de festas do Colégio Nossa Senhora marcam oficialmente a posse da diretoria e o início
das ações do Círculo Operário de Uberlândia. Além de informar imediatamente a
instalação à hierarquia superior do movimento – confederação nacional e federação
estadual –, a diretoria recém instalada responde prontamente a solicitação do Ministério
do Trabalho sobre a composição da entidade. Em correspondência de agosto de 1943,
informa oficialmente o nome (Círculo Operário de Uberlândia), a sede (Salão de Festas
do Colégio Nossa Senhora), diretores (Ruy Barbosa Horta, presidente; Ruy Miranda,
vice-presidente; Mário de Andrade; Geraldo Gomes; João Rodrigues Rocha; Angelo
Cunha; Cônego Eduardo A. dos Santos, assistente eclesiástico; Caio Lima Santa Cecília,
delegado geral), número de sócios (cento e oitenta), além de um estrato dos estatutos22.
A documentação referente aos primeiros dez anos de atividade do Círculo
denotam sua expressiva atuação na sociedade uberlandense, nas mais diversas
atividades. Nota-se em 1943 a criação de uma escola para favorecer os filhos dos
20
Correspondência de 19/3/1943 ao gerente da Companhia de Força e Luz de Uberlândia. Acervo do CTCU. 21
Correspondências de abril de 1943. Entre os nomes convidados individualmente: Alexandre Santos, José
Paniago, Jacy de Assis, Lourival de Queiroz, Arnald Godoy de Souza, Luiz Abinades. Acervo do CTCU. 22
Correspondência de 31/8/1943, ao Ministro do Trabalho. Acervo do CTCU.
22
operários, a mobilização constante na campanha anticomunista e anti-integralista23
(solicitam da confederação, “por caridade”, o envio urgente do material anticomunista ao
núcleo, além de denunciarem à Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais a
ocorrência de reuniões de comunistas nas escolas da região), a realização de
assembléias gerais de trabalhadores (em grande parte no Eden Cinema), a criação em
1947 da Cooperativa Circulista de Consumo Ltda. (presidida pelo guarda-livros Antonio
Maria Zukanovich), a orientação sistemática para a formação de sindicatos específicos
para as categorias profissionais, além da assistência constante aos sócios24.
A orientação para os sindicatos seguia rigorosamente os subsídios
constantemente solicitados à Comissão de Orientação Sindical do movimento circulista, e
buscava diferenciar a natureza dos dois modelos de organização de trabalhadores,
conforme definia a doutrina do circulismo. A orientação interprofissional deveria
caracterizar as ações circulistas, entendida como “obras das obras”, enquanto a ação
sindical deveria ser própria de cada categoria profissional, como “obra dos homens”.
Nota-se, inclusive, uma preocupação marcante do Círculo Operário de Uberlândia em
seus primeiros anos com a formação dos filhos dos operários – algo que responde de
forma direta à orientação da doutrina circulista que priorizava a família como núcleo
formativo de valores. Há registros de várias guias de encaminhamento de filhos de
associados para matrícula em escolas da cidade, sobretudo nos chamados “cursos de
madureza” ao longo da primeira década do Círculo.
Afinal, quem eram os sócios do Círculo? A abrangência dos circulistas era então
bastante plural. Ao se observar a composição da diretoria que toma posse em 1947, por
exemplo, sob a presidência do bancário Caio Lima de Santa Cecília, nota-se a presença
de comerciários, carroceiros, graniteiros, marceneiros, guarda-livros e carpinteiros entre
os diretores e secretários. Uma análise do livro de matrícula dos associados da primeira
cooperativa de consumo montada no COU de 1947 a 1955 testemunha uma variedade
ainda maior de profissões representadas no Círculo: industriais, bancários, comerciantes,
serventes, pintores, pedreiros, marceneiros, pequenos e médios comerciantes, altos
membros do clero como Monsenhor Eduardo, etc.. Ou seja, composição do núcleo era
desde pequenos trabalhadores, até autoridades religiosas, políticas e até industriais.
23
Muitas Atas de 1946 e 1947 trazem que as reuniões eram iniciadas com esclarecimentos do presidente
sobre calúnias proferidas contra o CO principalmente por membros do PCB de Uberlândia. Há também uma
denuncia de reuniões de integralistas (na época o Integralismo já era considerado ilegal) no colégio Bueno
Brandão. 24
Informações colhidas no conjunto das correspondências entre 1943 e 1952. Acervo do CTCU.
23
Fig. 2. Passeata de comemoração do Dia do Trabalho em 1º de maio de 1946.
Fonte: Arquivo do Circulo de Trabalhadores Cristãos de Uberlândia, CDHIS-UFU.
Percebe-se o esforço do CO em instruir seus associados. Além da escola de
alfabetização, há na biblioteca do Circulo vários livros sobre filosofia, literatura e arte. O
Circulo promovia atividades de lazer e artísticas para seus associados, freqüentemente
havia apresentações teatrais e outras atividades culturais. Algumas festividades eram
realizadas com o intuito de levantar fundos para financiar ações do Circulo.
Fig. 3. Primeira turma de formandos do primário da escola do Circulo em 1971.
Fonte: Arquivo do Circulo de Trabalhadores Cristãos de Uberlândia, CDHIS-UFU.
Fora os títulos dessa natureza, há um imenso material de estudo da Doutrina
Social da Igreja e escritos anticomunistas além de manuais de formação de lideranças
24
para o Circulo e os sindicatos parceiro. Esses manuais tinham prerrogativas que vão
desde como deve ser a conduta de um circulista militante, até os delegados, diretores e
presidentes de Círculos.
Fig. 4. Curso de formação de lideranças operárias na sede do Circulo em 19 de dezembro de 1976. Fonte: Arquivo do Circulo de Trabalhadores Cristãos de Uberlândia, CDHIS-UFU.
Fig. 5. Curso de formação de lideranças operárias na sede do Circulo em 1º de dezembro de 1990. Fonte: Arquivo do Circulo de Trabalhadores Cristãos de Uberlândia, CDHIS-UFU.
As correspondências do Círculo mostram um movimento muito bem articulado,
com participação em vários eventos de caráter regional e nacional e um contato próximo
com a organização nacional do movimento circulista, bem como com a classe política
25
dirigente no momento. Porém, o golpe militar de 1964 reprimiu severamente as
instituições que tinham práticas de auxílio mútuo ou que poderiam ser identificadas com
opositores ao regime, sobretudo aquelas formadas por trabalhadores e estudantes. Os
Círculos não escaparam à regra. Durante o período da ditadura militar, os Círculos
Operários se alteraram, núcleos foram fechados, o número de sócios diminuiu
gradativamente e a forma de atuação dos circulistas foi se adaptando a novas demandas.
Paradoxalmente, o fortalecimento de sindicatos de várias categorias profissionais ao
longo da década de 1970 – alguns deles formados com o apoio dos círculos, inclusive em
Uberlândia – tornou-se aos poucos um fator de desagregação do circulismo em muitas
localidades.
Nas últimas décadas o Círculo Operário acentuou seu perfil assistencialista,
promovendo uma série de ações para capacitar as pessoas para o mercado de trabalho,
além de associar-se a outras organizações sociais de caráter comunitário ou mesmo
filantrópicas, oferecendo seu espaço para cursos ligados às artes, à dança, bem como
atividades direcionadas a chamada terceira idade. O movimento circulista nacional
continua ativo, articulado, com encontros regionais e nacionais periódicos e ações
voltadas à divulgação de seus princípios e ideário, em grande parte pautados na doutrina
católica dos primeiros momentos da Ação Católica Operária, embora a preocupação
central com as tensões entre capital e trabalho tenham assumido cada vez mais um
papel secundários entre as novas bandeiras de luta e identificação do movimento.
O núcleo de Uberlândia seguramente acompanha esse percurso. Se a sede do
Círculo, a Casa do Operário, não se organiza mais para as grandes assembléias de
trabalhadores da década de 1950, hoje ela permanece uma referência importante do
ponto de vista da assistência e do apoio àqueles que a procuram. Desde 1949, a Casa
conta com o reconhecimento de seu status como entidade de utilidade pública
(reconhecida em nível municipal pela lei n. 68 de 28 de maio de 1949), e desfruta
anualmente de subsídios ou incentivos fiscais municipais25 que auxiliam a manutenção de
suas atividades. Merece destaque, nesse sentido, o apoio da prefeitura municipal para a
construção, assinada pelo construtor Luciano do Amaral, da “sede definitiva do Círculo
Operário” – a Casa do Operário , conforme pedido feito em 195126. O edifício que
25 Lei Municipal nº XII, de 27 de fevereiro de 1948, sancionada pelo prefeito José Fonseca e Silva. Art: 1º
Concede isenção de impostos para imóveis de propriedade das associações de classe, que sejam ou venham a
ser consideradas de utilidade pública por lei federal, estadual ou municipal. Art: 2º A isenção somente
concedida se os prédios forem usados exclusivamente dentro das finalidades da associação. 26
Solicita isenção de imposto predial com base na lei de 27 de fevereiro de 1948, que isenta as associações
de classe consideradas de utilidade pública. A julgar-se pela correspondência do núcleo, o pedido é atendido,
pois há várias cobranças de impostos arquivadas com indicação de isenção anotadas e reconhecidas. Acervo
do C.T.C.U.
26
atualmente abriga o Círculo dos Trabalhadores Cristãos de Uberlândia foi inaugurado em
1 de maio de 1952, que contou com uma série de festividades em comemoração ao dia
do trabalho.
Sedes do Círculo Operário de Uberlândia:
1942: Salão de Festas do Colégio Nossa Senhora (praça Coronel Carneiro,11);
1946: imóvel à rua Arthur Bernardes, n.8,
1947: imóvel para sede social à Rua Bernardo Guimarães, n. 319,
1948: Ata da 63ª reunião do Círculo no dia 18 de março anuncia a compra do barracão
na rua Bernardo Guimarães, n 344, no valor de R$ 200.000 (duzentos mil) cruzeiros de
posse do senhor Joaquim Marques.
1951: pedido de licença à Prefeitura para construção da sede definitiva a ser denominada
Casa do Operário, reivindicando isenção de impostos por tratar-se de entidade de
utilidade pública;
1952: bênção solene das obras da sede definitiva
1952: os vereadores da câmara municipal aprovam o auxílio de R$30.000 cruzeiros para
a cobertura de parte dos débitos da construção da sede do Círculo.
1952: Inauguração da sede definitiva – Casa do Operário
3.5. A sede do Círculo Operário de Uberlândia
A Sede do Círculo dos Trabalhadores Cristãos de Uberlândia compreende um
conjunto de edifícios que foram construídos em distintos momentos ao longo do tempo,
com diferentes graus de qualidade técnica e construtiva.
O imóvel - compreendendo o terreno, um barracão e uma casa - foi adquirido em
1948, conforme registrado em Escritura datada de 15 de maio deste mesmo ano, sendo
vendedor o Sr. Joaquim Marques Povoa27, pelo valor de CR 35.000,0028 (trinta e cinco mil
cruzeiros), e o adquirente representante do Círculo Operário, o Sr. Caio Lima Santa
Cecília. Segundo a escritura de compra, o barracão era coberto de telha comuns e
27
A escritura registra que o terreno havia sido adquirido pelo Sr. Joaquim Marques Povoa, em parte do Sr.
Joaquim Avelino de Lima e sua mulher (Escritura pública registrada no Cartório de Registro de Imóveis
desta Comarca sob no. 442, em 24 de maio de 1923) e, em parte, por arrematação no inventário do Sr. Ozório
José Dias, conforme registro no mesmo Cartório sob o no. 5.124, de 17 de junho de 1920) e que as
benfeitorias existentes no terreno foram feitas pelo Sr. Joaquim Marques Povoa. 28
A Ata do dia 18/05/1948 traz valores diferentes dos que constam na escritura da compra do imóvel. De
acordo com esse documento, o valor do terreno é de CR 80.000,00 (oitenta mil cruzeiros) com um acréscimo
de 10.000,00 (dez mil cruzeiros) de juros. O pagamento foi feito com uma entrada de 20.000,00 (vinte mil) e
60 notas promissórias de 1.000 (mil) e uma última de 10.000 (dez mil).
27
entijolado e a casa possuía cobertura de telhas francesas, com quatro cômodos
assoalhados e três entijolados, existindo ainda, junto à casa, duas pequenas cobertas de
telhas, uma protegendo o tanque e outra para guardar lenha. O terreno, de formato
irregular, possuía uma área total de 1.050 metros quadrados e era todo murado29.
Fig. 6.Vista frontal do antigo barracão. Fonte: PEIXOTO, Ana Paula et al. Casa do Operário – Dossiê de Tombamento, 2003.
Logo após a aquisição desse imóvel, teve início uma mobilização para a
construção da sede. Para angariar fundos para a construção, foram feitas uma série de
festividades e rifas e a Prefeitura Municipal de Uberlândia também contribuiu concedento
verba e isenção de tributos por ser de utilidade pública e uma ajuda de custo concedida
pela câmara dos vereadores30.
Não foram encontrados registros oficiais quanto às datas de construções e a
reformas dos diversos imóveis. Algumas informações orais indicam que as obras de
construção do novo edifício no alinhamento frontal do terreno, que recebeu o nome de
29
A escritura oferece a seguinte descrição dos limites do terreno: “O terreno de forma irregular, mede 112,60
m. de frente à R. Bernardo Guimarães, lado extrema esquerda, em linha reta, em direção ao fundo, outra reta
de 66,70 m., dos quais 44,50 cm. Confrontando com Antônio Marques Povoa, e 22,20 m. com Joaquim
Marques Povoa; tendo ao fundo, tomando-se a esquerda, uma linha reta de 14,50 m. confrontando com João
Rodrigues de Castro; ao fim desta linha, tomando-se a esquerda, uma linha reta de 22,20 cm., confrontando
com Pascoal Bruno; no final desta última linha, tomando-se a direita em ângulo reto, uma nova linha reta de
1,50m., em confrontação com o mesmo Sr. Bruno; dai tomando-se à esquerda, uma nova reta, pendendo para
a esquerda, até atingir o alinhamento da rua e em confrontação com Rubens Pereira, Bolívar Ribeiro,
Joaquim Teodoro dos Santos e Wilson Testa”. 30
Ver documentos em anexo.
28
“Casa do Operário”, teriam começado em 1948. Entretanto, os dois projetos encontrados
no arquivo da Instituição referentes a este imóvel trazem datas de aprovação junto ao
Município no mesmo ano de 1951. Como o segundo projeto é uma alteração do primeiro,
e ambos são datados do mesmo ano, é pouco provável que neste caso tenha ocorrido
uma situação bastante freqüente do projeto ser aprovado após o início ou mesmo
finalização da obra. O pedido de licença para construção e isenção de impostos por se
tratar de entidade de utilidade pública encaminhado à Prefeitura Municipal também é
datado 1951 o que reforça a compreensão de que esta seja a data do real início das
obras.
Fig. 7. Bilhete de rifa utilizado na campanha para angariar fundos para a construção da sede do Círculo.
Fonte: Arquivo do Circulo de Trabalhadores Cristãos de Uberlândia, CDHIS-UFU.
Fig. 8. Confraternização dos Circulistas, s/d.
Fonte: Arquivo do Circulo de Trabalhadores Cristãos de Uberlândia.
29
O primeiro projeto encontrado é de autoria do engenheiro civil Vinicius
Vasconcelos – Carteira 971 CREA 4ª. R -, datado de 1951, apresenta uma construção de
pavimento único no alinhamento frontal do lote indicando uma ampla entrada na lateral
esquerda do terreno para veículos; um armazém com uma ampla porta ao centro ladeada
por duas esquadrias abertas para a rua e outra, de menores dimensões, aberta voltada
para a entrada de veículos; duas instalações sanitárias na lateral direita do armazém
sendo que a porta de uma das instalações se abre para o salão e outra para os fundos;
apresenta ainda uma porta de entrada, de duas folhas, localizada na extremidade da
lateral direita da elevação frontal, que se abre para um espaço da mesma largura das
instalações sanitárias ao fundo, que é identificado por “depósito” mas que também traz a
indicação de uma escada tracejada com a indicação de “futura escada” . O projeto,
constituído de uma única folha apresenta o desenho da planta, a elevação frontal e dois
cortes na escala 1:50; a planta de cobertura na escala 1:100 e a implantação na escala
1:1000. O projeto traz a assinatura de Luciano do Amaral como construtor e Caio Lima
Santa Cecília como proprietário, além de um carimbo parcialmente ilegível do Centro de
Saúde de Uberlândia, datado de 26 de março de 1951 e uma assinatura á parte, também
ilegível, com a anotação: A= 232 m2, datada de 31 de março de 1951. A planta de
situação indica que o edifício seria construído colado a um imóvel nos fundos que
corresponde à localização do antigo barracão.
A presença da indicação de uma futura escada neste projeto indica claramente a
intenção de construção de um segundo pavimento, que foi concretizada logo após, no
segundo projeto datado de junho de 1957.
O projeto identificado como “PROJETO PARA AUMENTO D´UM PRÉDIO EM
CONSTRUÇÃO – PROP. “CÍRCULO OPERÁRIO DE UBERLÄNDIA”, também é de
autoria do engenheiro Vinicius Vasconcelos e traz o carimbo de aprovação do Centro de
Saúde de Uberlândia datado de 26 de junho de 1951 Apresenta as plantas do pavimento
térreo e superior na escala 1:00; dois cortes e elevação frontal na escala 1:50; a planta
da cobertura na escala 1:200 e planta de situação na escala 1:1000. Traz também as
assinaturas de Luciano do Amaral como construtor e Caio Lima de Santa Cecília como
proprietário, além da anotação de A= 131,6 m2, datada de 4 de julho de 1951. Não se
verificam alterações neste projeto em relação ao pavimento térreo, que apenas
acrescenta o desenho da escada com a indicação de um lavatório no final da escada,
anexo ás duas instalações sanitárias já previstas; o antigo armazém aparece indicado
como “comércio”. O pavimento superior apresenta um amplo salão separado do hall de
chegada da escada por uma parede de alvenaria; neste hall, em frente à escada, verifica-
se a presença de um lavatório que dá acesso a uma instalação sanitária,
30
A comparação deste projeto com o imóvel existente atualmente indica que o
projeto foi executado conforme planejado, com exceção da cobertura que previa
platibanda apenas na elevação frontal e nas laterais e beiral na elevação posterior; a
construção atual apresenta platibanda nas quatro elevações.
A construção deste imóvel foi averbada junto á escritura de compra e venda em 8
de setembro de 1951 e apresenta a seguinte descrição:
“prédio de dois pavimentos com base para três, com costeamento de
cimento armado, sendo a parte inferior própria para armazém, com ampla
entrada para os fundos e ótima instalação sanitária e a parte superior, conta
com amplo salão, uma sala para secretaria, sala de toalete e instalação
sanitária com possibilidade de futura transformação em apartamentos”31.
Segundo o mesmo documento o valor da obra citado é de CR 250.000,00
(duzentos e cinqüenta mil cruzeiros) e que a maior parte da mão de obra
será feita pelos associados do referido Círculo Operário 32“.
Não foi possível confirmar essa forma de participação dos associados operários
na construção do imóvel. Em 1952 houve uma bênção solene das obras da sede
definitiva, porém não foram identificados registros quanto a data de inauguração.
Conforme previsto no projeto, o edifício construído na testada do terreno ficou
unido ao barracão, que perdeu sua fachada principal e cujo acesso passou a ser feito por
uma porta aberta em sua lateral esquerda, voltada para a entrada de automóveis; um dos
banheiros do prédio frontal se abre diretamente para dentro do barracão, situação que
permanece até os dias atuais.
Ao longo dos anos, o terreno foi sendo ocupado por diversas construções e o
antigo barracão sofreu diversas intervenções que deram continuidade á sua
descaracterização, iniciada com a perda de sua fachada frontal. Já na década de 1940,
foi construído um palco na parte dos fundos do galpão visando sua melhor adequação
para a realização de palestras e apresentações culturais. Na década de 1970, foi aberta
uma porta na parede lateral direita do palco para criar uma alternativa de acesso ao
palco, além da boca de cena. A cobertura de telhas francesas foi substituída por telhas
de fibrocimento e todo o engradamento foi refeito, permanecendo apenas as tesouras
principais. O piso do teatro recebeu um revestimento de cimento com pigmentação
31
Certidão do Cartório do 1º. Registro de Imóveis e Hipotecas da Comarca de Uberlândia, Avenida João
Naves de Ávila, no. 322, passada em 8 de setembro de 1951. 32
Cartório do 1º. Registro de Imóveis e Hipotecas da Comarca de Uberlândia, em 8 de setembro de 1951;
Av. João Pinheiro, 332.
31
vermelha. Nesta ocasião foi instalado um nicho na parede frontal para instalação de um
projetor de filmes.
A residência que existia por ocasião da compra do imóvel, foi demolida em época
indeterminada e houve a construção de uma nova residência nos fundos do terreno. O
espaço era delimitado por um muro que se localizava no limite da garagem da lateral
direita. Uma fotografia aérea do conjunto datada de 2003 permite observar o muro e que,
além da casa havia vários anexos de meia água colados nos muros da lateral direita e
dos fundos do terreno.
Fig. 9. À esquerda, vista aérea do bem, observando-se ao fundo o terreno ocupado pela residência; à direita, vista parcial da residência que foi totalmente descaracterizada. Fonte: PEIXOTO, Ana Paula et Al, 2003.
Na década de 1980, houve a construção um anexo na lateral esquerda do terreno,
após a entrada de automóveis, com copa, duas instalações sanitárias e uma cozinha,
além de duas garagens, uma contígua a este anexo e a outra, contígua á parede de
fundos do barracão. Os cômodos foram construídos com alvenaria estrutural simples de
tijolos e as garagens apresentam estrutura de madeira que sustentam a cobertura de
meia água, apoiadas nas laterais dos muros de divisa. Não há indicações da data de
construção de um pequeno depósito construído entre o muro de separação da residência
e a garagem da lateral esquerda. Este depósito foi posteriormente reformado e adaptado
para salas de aula e outro depósito foi construído no lado oposto, junto à garagem da
lateral direita.
32
Fig.10. Vista do depósito antes da reforma: a porta e as janelas voltadas para a garagem foi foram fechadas e uma nova porta e janela foram abertas voltadas para o pátio; o pé direito foi aumentado. Ao fundo, observa-se o portão de entrada para a residência dos fundos.
Fonte: PEIXOTO, Ana Paula et Al, 2003.
Em 2009, a residência dos fundos foi desocupada e totalmente reformada, com
alterações no seu interior para adequação de uma copa e banheiros e a construção de
um salão na lateral direita; todas as esquadrias foram substituídas assim como o piso.
Ao longo dos anos, o edifício frontal teve distintos usos. Inicialmente foi ocupado
pela Cooperativa Circulista de Consumo Ltda mas não há informações de até quando
manteve este uso. Tampouco há informações sobre a época em que houve a construção
de uma parede na parte dos fundos do salão do pavimento térreo que delimitou a sala
que passou a ser utilizada como a secretaria da Instituição; esta parede foi construída no
alinhamento das duas instalações sanitárias da lateral direita de tal modo que a primeira
I.S. ficou voltada para esta sala e a outra permaneceu voltada para o teatro.
Por muitos anos o prédio foi ocupado pela Radio Educadora, de grande
importância para a cidade e que, nesta época tornou-se a referência principal para
indicação da construção. Posteriormente, este pavimento foi ocupado por uma escola de
dança de salão e, desde 2003, todo o edifício foi alocado pelo Curso Exato, que prepara
alunos para vestibulares e outros concursos, com exceção da sala dos fundos que
manteve seu uso como secretaria do Círculo de Trabalhadores.
33
Fig.10. Vista da Casa do Operário na época em que foi ocupada para a Rádio Educadora, s/d
Fonte: PEIXOTO, Ana Paula et Al, 2003
3.6. Contextualização: a Casa do Operário e o Art Déco em Uberlândia.
A arquitetura Art Déco ainda é tema pouco pesquisado no contexto da história da
arquitetura brasileira. Sem que possa ser - segundo a historiografia tradicional - definido
como um movimento artístico pela falta de manifesto ou documentos, associações ou
publicações que ordenasse a sua produção segundo conceitos e paradigmas bem
definidos e consensuais - não deixa dúvida sobre sua importância na produção artística
do início do Século XX. Segundo CONDE (1997), se não é um movimento, certamente é
um estilo, com estilemas claramente identificáveis e intrinsecamente associados à vida
cotidiana abrangendo a arquitetura, o urbanismo, o paisagismo, a arquitetura de
interiores, o design de objetos, o cinema, a publicidade, as artes gráficas, a moda e o
vestuário. No Brasil, a produção Art Déco se localiza entre o ecletismo e o modernismo
propriamente dito, convivendo, entretanto, com ambos por longos períodos, sem um
limite divisor preciso.
A identificação e os estudos desta produção, no entanto, tem aumentado nos
últimos anos, em parte estimulados pelas preocupações com a preservação e valorização
34
do patrimônio arquitetônico de inúmeras cidades brasileiras que tiveram um expressivo
desenvolvimento nas décadas de trinta e quarenta do Século XX - como Uberlândia - cujo
crescimento se vincula a um processo de substituição de seu patrimônio construído e a
conseqüente perda de seus valores.
Para alguns estudiosos, o Art Déco pode ser considerado como um proto-
modernismo; sua imagem frequentemente se relaciona com todos os avanços
tecnológicos da época: o rádio, o cinema, a gravação elétrica (disco), os automóveis, os
aviões, os transatlânticos e os arranha-céus. Não é por acaso que as primeiras bombas
de gasolina, concessionárias e oficinas de automóveis, assim como os cinemas,
empregaram, quase sistematicamente, esta linguagem, como se verifica em Uberlândia.
Em nome da higiene, da economia e da modernidade, as fachadas dos imóveis foram
purificadas dos excessos ornamentais do ecletismo e do art nouveau, passando a
predominar uma composição volumétrica com formas definidas e simplificadas com
superfícies planas e ornamentos de tendência abstrata ou geometrizados. Embora o
cimento tenha sido utilizado já na arquitetura eclética, com o art déco seu uso se tornou
mais freqüente, mesclando técnicas construtivas industriais/modernas e decorativas
artesanais/tradicionais. O desenvolvimento das técnicas que empregam o cimento
possibilitou a realização de construções verticalizadas com maior segurança. Tornou-se
também comum o uso de esquadrias metálicas industrializadas - sobretudo as janelas do
tipo basculantes – com vidros fantasias. As plantas incorporaram a idéia de espaços
flexíveis e intercambiáveis, refletindo a dinâmica da vida.
Fig. 11. Posto Brasil Central, construído em 1935, foi a primeira Agência Concessionária da Chevrolet na cidade; em 1999 foi adaptado para uma loja de calçados. Av. João Pinheiro, 775, Centro. Fonte: Ficha de Inventário, 2002.
35
Em geral, o embasamento e a estrutura do primeiro pavimento com pilares, vigas
e lajes empregam o cimento, podendo combinar com pavimento(s) superior(es) de
estrutura convencional. É neste período que Uberlândia passa a contar maior número de
construções com dois ou mais pavimentos que adotam a nova linguagem que
amplamente utilizada nas construções oficiais, comerciais, de serviços e mesmo
residenciais. Nas avenidas Afonso Penas e Floriano Peixoto e nas imediações da
Estação Ferroviária, que concentravam as atividades comerciais a partir das décadas de
1930, o art déco teve papel relevante na renovação da imagem da cidade,
frequentemente com construções de uso misto que apresentavam espaços para lojas no
pavimento térreo e, no(s) pavimento(s) superior(es), apartamentos residências - alguns
para aluguel - ou outro usos como hotéis.
Fig. 12. Posto Mineirinho e Concessionária, construído em 1945; atualmente encontra-se parcialmente descaracterizado. Av. Floriano Peixoto, 500/570, Centro. Fonte: Ficha de Inventário, 2002.
Fig. 13. Cine Regente, inaugurado em 1952; era o segundo maior cinema da cidade, com 1.434 lugares; foi demolido em 2004. Rua Machado de Assis, 350, Centro Fonte: Ficha de Inventário, 2001.
36
Embora os mestres de obras e construtores autodidatas predominassem no
cenário da produção da arquitetura no cenário local, verifica-se o aumento de
engenheiros civis - portadores de conhecimentos técnicos especializados -
responsabilizando-se por muitos projetos – especialmente os oficiais, como o Mercado
Municipal, inaugurado em 1944 - ou como no caso da Casa do Operário.
Em Uberlândia, embora ainda não tenha sido realizado um inventário específico
sobre esta arquitetura, os registros iconográficos dos anos 30 aos anos 60 do Século XX,
indicam a ampla adoção do Art Déco. Entretanto, grande parte desta produção já se
perdeu, tendo sido totalmente substituída ou descaracterizada. Algumas construções
ainda preservadas não são protegidas e correm grave risco de perda. A única obra Art
Déco da cidade protegida por tombamento municipal é o Mercado Municipal.
Fig. 14. Armazéns do entorno da antiga Estação Ferroviária Mogiana, atual Praça Sérgio Pacheco. Foto da década de 1951. Atualmente alguns imóveis ainda preservam a volumetria mas as elevações foram totalmente descaracterizadas. Fonte: Ficha de Inventário, 2002
37
Fig. 15. Mercado Municipal de Uberlândia, inaugurado em 1944, tombado por lei municipal. Rua Olegário Maciel, 255, Centro. Fonte: Ficha de Inventário, 2002.
Fig. 17. Antiga Pensão Guanabara, construída em na década de 1940, nas proximidades da Estação Ferroviária Mogiana. Av. João Pessoa, 15, Centro. Fonte: Ficha de Inventário, 2002.
Fig. 18. Hotel Zardo, atual Hotel da Praça, construído em 1948/1950; o edifício possui três pavimentos e o térreo que é ocupado com lojas. Praça Tubal Vilela, 30, Centro. Fonte: Ficha de Inventário, 2002.