31 - OBADIAS.pdf

7
O badias U ma exposição com observações práticas ste é o menor de todos os livros do Antigo Testamento, a menor daquelas tribos; no entanto, ele não deve ser menosprezado, ou se pensar nele como um livro inferior, pois esta moeda é como aquelas que tinham em si a imagem e a inscrição de César; ela é estampada com uma autori dade divina. Muito pode aparecer de Deus em um sermão curto, em um pequeno livro; e muito bem pode ser feito através dele, multum in parvo - muito em um pouco. 0 Sr. Norris diz, “Se os anjos escrevessem livros, teríamos poucos fólios.” 0 que não é volumoso pode ser precioso. Este livro é intitulado, A Visão de Obadias. Quem era este Obadias, não aparece em nenhuma outra escritura. Alguns dos antigos o imaginavam como sendo o mesmo Obadias que era mordomo da casa de Acabe (1 Rs 18.3); e, se foi, aquele que escondeu e alimentou os profetas realmente teve uma recompensa de um profeta, quando ele mesmo foi feito um profeta. Mas isto é uma conjectura que não tem nenhum fundamento. Este Obadias, é provável, era de uma época posterior, alguns pensam contemporâneo de Oséias, Joel e Amós; outros pensam que ele viveu por volta da época da destruição de Jerusalém, quando os filhos de Edom triunfaram tão barbaramente nesta destruição. No entanto, o que ele escreveu foi o que ele viu; é a sua visão. Provavelmente houve muito mais com o que ele foi divinamente inspirado para falar, mas isto foi tudo o que foi inspirado para escrever; e tudo o que ele escreve diz respeito a Edom. E uma tola imaginação de alguns dos judeus pensar que devido a ele ter profetizado somente a respeito de Edom isto faça dele um edomita de nascimento, mas um prosélito da religião judaica. Outros profetas profetizaram contra Edom, e alguns deles parecem ter pegado emprestado dele as predições contra Edom, como Jeremias 49.7 etc.; Ezequiel 25.12 etc. Da boca destas duas ou três testemunhas cada palavra será estabelecida. Este capítulo, em sua totalidade, fala a respeito de Edom, uma nação quase aliada e vizinha de Israel; contudo, era um inimigo da semente de Jacó, her dando a inimizade do seu pai Esaú contra Jacó. Agora temos aqui, depois do prefácio, v. 1.1. Ame aças contra Edom: 1. Que a soberba deles deveria ser humilhada, w. 2-4.2. Que a riqueza deles deve ria ser saqueada, w . 5-7. 3. Que a sabedoria deles deveria ser desvairada, w . 8,9. 4. Que o compor tamento rancoroso deles em relação ao Israel de Deus deveria ser vingado, w. 10-16. II. Promessas misericordiosas a Israel; que eles serão restaura dos e reformados, e serão vitoriosos sobre os edo- mitas, e se tornarão senhores da terra deles e das terras dos seus outros vizinhos (w. 17-20), e que o reino do Messias será estabelecido pela introdu ção da grande salvação, v. 21. A Condenação de Edom w. 1-9 Edom é a nação contra a qual esta profecia é dirigi da, e que, pensam alguns, é apresentada para todos os inimigos de Israel, que serão abatidos primeiro ou por último. Os rabinos entendem Edom como sendo Roma. Eles entendem que se trata dos cristãos de Roma, e têm assim uma inimizade implacável contra Edom; mas, se nós o entendermos como sendo a Roma anticristã, acharemos as passagens bastante aplicáveis. E embora Edom tenha sido mortificado nos dias dos macabeus, como havia sido antes por Josafá, a sua destruição pare ce ter sido típica, como a rejeição de seu pai Esaú, e que teve uma referência posterior à destruição dos inimigos da igreja do Evangelho; pois assim todos os inimigos de Deus perecerão; e encontramos (Is 34.5) a espada do Se nhor descendo sobre a Iduméia, representando o dia ge ral das recompensas de Deus para a disputa de Sião, v. 8. Alguns observaram bem que isto não poderia ser apenas uma grande tentação ao povo de Israel, quando viram a si mesmos, que eram os filhos do amado Jacó, em aflição, e os edomitas, não só prosperando, mas triunfando sobre eles em suas aflições; portanto, Deus lhes dá uma pers pectiva da destruição de Edom, que deveria ser total e final, e um feliz resultado da sua própria correção. Agora podemos observar aqui: I Uma declaração de guerra contra Edom, (v. 1): “Te mos ouvido um rumor, ou, antes, uma ordem do Se nhor, o Deus dos Exércitos; Ele deu a palavra de coman do; é o seu conselho e decreto, que não pode ser revertido nem resistido: todos os que fazem o mal ao seu povo cer

Transcript of 31 - OBADIAS.pdf

Page 1: 31 - OBADIAS.pdf

O badiasU m a e x p o s iç ã o c o m o b s e r v a ç õ e s p r á t ic a s

ste é o menor de todos os livros do Antigo Testamento, a menor daquelas tribos; no entanto, ele não deve ser menosprezado, ou se pensar nele como um livro inferior, pois esta moeda é como aquelas que tinham em si a imagem e a inscrição de César; ela é estampada com uma autori­dade divina. Muito pode aparecer de Deus em um sermão curto, em um pequeno livro; e muito bem pode ser feito através dele, multum in parvo - muito em um pouco. 0 Sr. Norris diz, “Se os anjos escrevessem livros, teríamos poucos fólios.” 0 que não é volumoso pode ser precioso. Este livro é intitulado, A Visão de Obadias. Quem era este Obadias, não aparece em nenhuma

outra escritura. Alguns dos antigos o imaginavam como sendo o mesmo Obadias que era mordomo da casa de Acabe (1 Rs 18.3); e, se foi, aquele que escondeu e alimentou os profetas realmente teve uma recompensa de um profeta, quando ele mesmo foi feito um profeta. Mas isto é uma conjectura que não tem nenhum fundamento. Este Obadias, é provável, era de uma época posterior, alguns pensam contemporâneo de Oséias, Joel e Amós; outros pensam que ele viveu por volta da época da destruição de Jerusalém, quando os filhos de Edom triunfaram tão barbaramente nesta destruição. No entanto, o que ele escreveu foi o que ele viu; é a sua visão. Provavelmente houve muito mais com o que ele foi divinamente inspirado para falar, mas isto foi tudo o que foi inspirado para escrever; e tudo o que ele escreve diz respeito a Edom. E uma tola imaginação de alguns dos judeus pensar que devido a ele ter profetizado somente a respeito de Edom isto faça dele um edomita de nascimento, mas um prosélito da religião judaica. Outros profetas profetizaram contra Edom, e alguns deles parecem ter pegado emprestado dele as predições contra Edom, como Jeremias 49.7 etc.; Ezequiel 25.12 etc. Da boca destas duas ou três testemunhas cada palavra será estabelecida.

Este capítulo, em sua totalidade, fala a respeito de Edom, uma nação quase aliada e vizinha de Israel; contudo, era um inimigo da semente de Jacó, her­dando a inimizade do seu pai Esaú contra Jacó. Agora temos aqui, depois do prefácio, v. 1 .1. Ame­aças contra Edom: 1. Que a soberba deles deveria ser humilhada, w. 2-4.2. Que a riqueza deles deve­ria ser saqueada, w. 5-7. 3. Que a sabedoria deles deveria ser desvairada, w . 8,9. 4. Que o compor­tamento rancoroso deles em relação ao Israel de Deus deveria ser vingado, w. 10-16. II. Promessas misericordiosas a Israel; que eles serão restaura­dos e reformados, e serão vitoriosos sobre os edo- mitas, e se tornarão senhores da terra deles e das terras dos seus outros vizinhos (w. 17-20), e que o reino do Messias será estabelecido pela introdu­ção da grande salvação, v. 21.

A Condenação de Edomw. 1-9

Edom é a nação contra a qual esta profecia é dirigi­da, e que, pensam alguns, é apresentada para todos os inimigos de Israel, que serão abatidos primeiro ou por último. Os rabinos entendem Edom como sendo Roma.

Eles entendem que se trata dos cristãos de Roma, e têm assim uma inimizade implacável contra Edom; mas, se nós o entendermos como sendo a Roma anticristã, acharemos as passagens bastante aplicáveis. E embora Edom tenha sido mortificado nos dias dos macabeus, como havia sido antes por Josafá, a sua destruição pare­ce ter sido típica, como a rejeição de seu pai Esaú, e que teve uma referência posterior à destruição dos inimigos da igreja do Evangelho; pois assim todos os inimigos de Deus perecerão; e encontramos (Is 34.5) a espada do Se­nhor descendo sobre a Iduméia, representando o dia ge­ral das recompensas de Deus para a disputa de Sião, v. 8. Alguns observaram bem que isto não poderia ser apenas uma grande tentação ao povo de Israel, quando viram a si mesmos, que eram os filhos do amado Jacó, em aflição, e os edomitas, não só prosperando, mas triunfando sobre eles em suas aflições; portanto, Deus lhes dá uma pers­pectiva da destruição de Edom, que deveria ser total e final, e um feliz resultado da sua própria correção. Agora podemos observar aqui:

I Uma declaração de guerra contra Edom, (v. 1): “Te­mos ouvido um rumor, ou, antes, uma ordem do Se­nhor, o Deus dos Exércitos; Ele deu a palavra de coman­

do; é o seu conselho e decreto, que não pode ser revertido nem resistido: todos os que fazem o mal ao seu povo cer­

Page 2: 31 - OBADIAS.pdf

w . 1-9 OBADIAS 1044

tamente trarão o mal sobre si mesmos. Temos ouvido um relatório de que Deus se levantou da sua santa habita­ção, e está preparando o seu trono para o juízo; e um embaixador é enviado entre as nações, “um anunciador” , ou, antes, algum ministro ou mensageiro da Providência, para alertar as nações, ou os profetas do Senhor, que deu a cada nação o seu fardo. Aqueles a quem Deus emprega clamam uns aos outros, Levantai-vos, e levantemo-nos contra Edom para a guerra. As forças confederadas sob o comando de Nabucodonosor assim animam a si mes­mas e umas às outras para fazer uma investida sobre aquele país: Ajuntai-vos, e vinde contra ela; assim está na passagem paralela, Jeremias 49.14. Note que quan­do Deus tiver um trabalho sangrento para fazer entre os inimigos da Sua igreja, Ele descobrirá e habilitará as mãos e os corações para isso.

n Uma predição do sucesso desta guerra. Edom certamente será subjugada, saqueada e destru­ída; pois todas as suas confianças lhe decepcionarão e

não lhe servirão de nada, e da mesma forma todos os inimigos da igreja de Deus ficarão desapontados com as coisas em que confiavam.

1. Eles dependem da sua imponência, da imagem que eles criaram entre as nações, da sua influência so­bre elas, e interesse nelas? Isto diminuirá (v. 2): “Eis que te fiz pequeno entre as nações, de forma que nenhum dos teus vizinhos cortejará a tua amizade, ou cortejará uma aliança contigo; tu és mui desprezado entre eles, e olhado com menosprezo, como uma nação desvairada e infiel.” E assim (v. 3) a soberba do teu coração te enga­nou. Note que: (1) Aqueles que pensam bem a respeito de si mesmos tendem a imaginar que os outros pensam bem deles também; mas, quando passarem a fazer prova deles, descobrirão que estão enganados, e assim a sua soberba os engana e os mata. (2) Deus pode facilmente abater aqueles que se exaltam e se glorificam, e acha­rá um meio de fazer isso, pois Ele resiste aos soberbos; e nós freqüentemente vemos pequenos e grandemente desprezados aqueles que uma vez pareciam muito gran­des e intensamente afagados e admirados.

2. Eles dependem das fortificações do seu país, tanto pela natureza como pela arte, e da glória das vantagens que eles têm com isso? Estas também os en­ganarão. Eles habitavam nas fendas das rochas, como uma águia em seu ninho, e a sua morada era alta, não só elevada acima dos seus vizinhos, que era o motivo do seu orgulho, mas fortificada contra os seus inimigos, que era o motivo da sua segurança, tão alta como se estivesse fora do alcance do perigo. Agora observe: (1) O que Edom diz na soberba do seu coração: Quem me derribará em terra? Ele fala com uma confiança em sua própria força, e um desprezo pelos juízos de Deus, como se o poder infinito, em si, não pudesse esmagá-lo. Quanto a todos os seus inimigos, até o próprio Deus os trata com grande desprezo (SI 10.5), e desafia a todos eles. O pai deles, Esaú, tinha vendido o seu direito de primogenitura, e mesmo assim se exaltavam, como se pensassem que ainda lhes pertencesse a excelência da dignidade e do poder. Muitos perdem o direito dos seus privilégios, e ainda assim se vangloriam deles. Pelo fato de Edom estar elevada e exaltada, ela imagina que

ninguém pode derribá-la. Note que a segurança carnal é um pecado que mais facilmente cerca os homens no dia da sua pompa, poder e prosperidade, e, mais do que qualquer outra coisa, amadurece os homens para a destruição e a agrava quando vem. (2) O que Deus diz sobre isto, v. 4. Se os homens ousarem desafiar a Onipotência, o desafio deles será aceito: “Quem me derribará?” , diz Edom. “Eu te derribarei,” diz Deus. “Se te elevares como a águia que voa alto e edifica no alto, ou melhor, se puseres o teu ninho entre as estre­las, mais alto do que qualquer águia jamais voou, isto ocorrerá apenas em tua própria imaginação, e dali te derribarei.” Isto lemos em Jeremias 49.15,16. Note que os pecadores certamente serão envergonhados na sua soberba e na sua segurança; na sua soberba quando ti­verem uma queda, e na sua segurança quando as suas confianças frustrarem as suas expectativas.

3. Eles dependem da sua riqueza e tesouro, cuja abundância é considerada o sustentáculo da guerra? E o seu dinheiro a sua defesa? E esta a sua cidade forte? Isto é apenas em sua própria imaginação, pois os seus recursos, antes, os exporão mais do que os protegerão; a sua riqueza será uma presa para os inimigos, e eles se tornarão uma presa por causa dela, w. 5,6. Tivemos muito neste sentido em Jeremias 49.9,10. Somente aqui é apresentado, em um parêntesis, Como estás destruído! Tu e todos os teus tesouros. O profeta prediz isto, mas lamenta este fato, de que o fio da sua prosperidade foi cortado. Como estás caído, e como é grande a tua queda! Como estás estupefato! Assim expressa o idioma caldeu. Como estás insensível sob estes juízos assoladores, como se eles fossem apenas golpes comuns! Mas ele mostra que isto será uma destruição total, e não uma calamidade habitual; pois: (1) E realmente uma calamidade habitual para aqueles que têm riquezas o fato de serem roubados, e perderem um pouco daquilo que possuem em grande quantidade. Os ladróes os atacam (pois onde estiver o cadáver, ali se ajuntarão as aves de rapina), os ladrões ou roubadores vêm de noite, e furtam até que tenham o suficiente, o que têm oportunidade de levar, o que fazem idéia de levar; eles furtam não mais do que aquilo que podem levar, e de um grande tesouro pouco se sente fal­ta. Aqueles que roubam pomares, ou vinhas, levam o que acham que convém; mas eles deixam algumas uvas, al­guns frutos para o dono, que facilmente sofre o seu pre­juízo e o recupera. Mas: (2) Não será assim com Edom; a sua riqueza será toda levada embora, e nada escapará das mãos do exército destruidor, nada daquilo que é mais precioso e valioso, v. 6. Como as coisas de Esaú - as coi­sas sobre as quais ele coloca o seu coração e nas quais ele põe a sua felicidade, as suas coisas agradáveis, as suas melhores coisas, como estas coisas, que foram tão cuidadosamente armazenadas e escondidas - são agora procuradas pelo inimigo e agarradas! Como as coisas es­condidas, os seus tesouros escondidos, são buscados, sa­queados e esvaziados! As suas provisões, que não tinham visto a luz por muitos anos, são agora um despojo para o inimigo. Observe que os tesouros na terra, embora tão firmemente trancados e tão habilidosamente escondi­dos, não podem ser acumulados de forma segura, mas os ladrões podem invadir e roubar; é, portanto, sabedoria nossa acumular tesouros no céu.

Page 3: 31 - OBADIAS.pdf

1045 OB ADIAS w . 10-16

4. Eles dependem das suas alianças com estados e potentados vizinhos? Estes também os decepcionarão (v. 7): “Todos os teus confederados, os amonitas e os moabi- tas, e teus outros altos aliados que estavam em paz con­tigo, que entraram em associação ofensiva e defensiva contigo, que solenemente prometeram não te fazer ne­nhum mal, mas prestar a ti todo o serviço que pudessem, que comeram o teu pão, foram magnificamente tratados e hospedados por ti, viveram às tuas custas; seus solda­dos tiveram livre residência em tua terra, e foram pagos como teus auxiliares; te levaram para fora dos teus limi­tes, foram muito respeitosos aos teus embaixadores, e os colocaram em seu caminho para casa, até os limites extremos da tua terra; eles pareciam ansiosos para ser­virem a ti com suas forças quando tivestes necessidade delas, e te acompanharam até o limite, até que estivesses pronto para travar combate com o inimigo invasor; mas então...” (1) “Eles te enganaram; eles fugiram e se reti­raram quando estavas em extrema aflição, e se mostra­ram como uma cana quebrada para o viajante cansado; e como os ribeiros no verão para o viajante que está se­dento; eles não têm qualquer valor, nem concedem qual­quer alívio.” Não: (2) “Eles prevaleceram contra ti; eles foram muito duros contigo no tratado imposto sobre ti, e te enganando te arruinaram, te colocaram em perigo, e ali te deixaram como uma presa fácil para o inimigo.” Note que aqueles que fazem da carne a sua arma, se ar­mam contra eles. Contudo, isto não era o pior. (3) Eles puseram debaixo de ti uma armadilha; isto é, eles pu­seram isto debaixo de ti como suporte e apoio, como um fundamento para se confiar, como um travesseiro sobre o qual repousar, que se mostrará uma armadilha para ti; não como espinhos apenas, mas como espadas.” Se Deus puser debaixo de nós as armas do seu poder e amor, es­tas serão firmes e fáceis debaixo de nós; o Deus da nossa aliança jamais nos enganará. Mas se confiarmos nos ho­mens da nossa confederação, e no que eles colocarão de­baixo de nós, isto pode se mostrar uma armadilha e uma desonra. E observe a justa censura feita aqui a Edom por confiar naqueles que assim o enganavam: “Não há em Edom entendimento, senão ele jamais o colocaria no poder deles para traí-lo, colocando neles tal confiança.” Observe que demonstram não ter qualquer entendimen­to aqueles que, quando são incentivados a confiar no Criador, enganam a si mesmos depositando a sua con­fiança nas criaturas.

5. Eles dependem da política dos seus conselheiros? Estes irão decepcioná-los, v. 8. Edom tinha sido famoso pelos grandes estadistas, homens de cultura e experiên­cia, que se posicionavam em auxílio ao governo, e que eram mestres em todas as artes de administração, que em todos os seus tratados costumavam superar em in­teligência os seus vizinhos; mas agora os conselheiros se tornam loucos. Deus muitas vezes torna os sábios assim: E não acontecerá, naquele dia, que farei perecer os sá­bios de Edom? Como homens eles cairão à espada em comum com outros (SI 49.10), e a sua sabedoria não os protegerá; como homens sábios eles ficarão desvaira­dos em todos os seus conselhos; os seus melhores pla­nos serão frustrados, as suas medidas quebradas, e os mesmos projetos pelos quais eles pensavam estabelecer a si mesmos e os interesses públicos, serão a ruína de

ambos. Assim, não há mais sabedoria em Temã e pereceo conselho do sábio, como lemos na passagem paralela, Jeremias 49.7. Este foi: (1) O justo castigo da sua loucura ao confiar em uma arma de carne: Não há entendimen­to neles, v. 7. Eles não têm sentimento para confiar em um Deus vivo, e um Deus de verdade, mas depositam a sua confiança em homens que têm a tendência de errar, inconstantes, frágeis e falsos; portanto, Deus destruirá o entendimento deles. Note que Deus com razão negará o entendimento de se manter longe do perigo àqueles que não usarem o seu entendimento para se manter longe do pecado. Aquele que quer ser louco continue sendo louco. (2) Isto foi o prenúncio da sua destruição. Uma nação está certamente marcada para a destruição, quan­do Deus esconde as coisas que pertencem à sua paz dos olhos daqueles que recebem os seus conselhos. Quos Deus vult perdere, eos dementat - Deus faz desvairar aqueles a quem Ele pretende destruir, J6 12.17.

6. Eles dependem da força e da coragem dos seus sol­dados? Eles não só são fisicamente capazes, mas homens de ânimo e coragem, que podem enfrentar um inimigo e manter a sua posição; mas agora (v. 9), os teus valentes, ó Temã, estarão atemorizados; a sua coragem lhes faltará, para que da montanha de Esaú seja cada um extermina­do pela matança, e ninguém escape. Os fracos, e os inefi­cazes, e os desarmados devem cair naturalmente na mão do destruidor quando os valentes ficarem atemorizados, e não devem perder o dia, mas perder a vida, porque per­deram o seu ânimo. Gemei, pinheiros, se os cedros forem abalados. Note que a morte ou a desunião dos valentes freqüentemente se torna, comprovadamente, a morte e a destruição de muitos; e é vão depender dos valentes para a nossa proteção se não tivermos o Deus Todo-Poderoso a nosso favor, muito menos se tivermos o Deus Todo- Poderoso contra nós.

A Culpa de Edomw . 10-16

Quando entendemos a condenação de Edom como não menos do que a destruição total, é natural pergun­tar: Por quê? Que mal ele fez? Qual é a base da disputa de Deus com ele? Muitas coisas, sem dúvida, estavam er­radas em Edom; eles eram um povo pecador, e um povo carregado de iniqüidade. Mas o único crime que é impu­tado sobre eles, como enchendo a sua medida e trazendo a destruição sobre eles, pelo qual eles são acusados, pelo qual eles são condenados, é o mal que eles tinham feito ao povo de Deus (v. 10): “Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, aquele rancor antigo e hereditário que guardaste do povo de Israel, cobrir-te-á a confusão, e serás exterminado para sempre.” Observe que os ma­les cometidos contra os homens são afrontas a Deus, ao Deus justo, que ama a justiça e odeia a impiedade; e, como o Juiz de toda a terra, Ele dá alívio àqueles que sofrem injustiças e toma vingança contra aqueles que cometem a injustiça. Toda a violência, toda a injustiça, é pecado; mas é um grande agravo da violência se for cometido: 1. Contra qualquer membro do nosso povo; é violência contra o teu irmão, o teu parente próximo, a quem tu deverias ser um goael - um redentor, a quem

Page 4: 31 - OBADIAS.pdf

w . 10-16 OBADIAS 1046

é teu dever fazer justiça se outros lhe fizerem injustiça; que impiedade é então para ti mesmo lhe fazer injustiça! Tu calunias e abusas do filho da tua própria mãe; isto toma o pecado excessivamente grave, Salmos 50.20. Ou:2. Muito mais se for feito contra qualquer um do povo de Deus; “É o teu irmão Jacó que está em aliança com Deus, e é precioso para Ele. Tu odeias aquele a quem Deus amou. Odeias porque Deus o desposa e o defenderá com zelo, e de cujos interesses Deus se agrada a ponto de se inclinar e considerar a violência feita a Jacó como feita a Si mesmo. Quem toca em Jacó toca na menina dos olhos do Deus de Jacó.” De forma que isto é crimen laesae majestatis - alta traição, pela qual, como por alta traição, Edom deverá esperar um castigo vergonhoso: A vergonha te cobrirá, e será uma vergonha destruidora; tu serás exterminado para sempre.

Nos versículos seguintes somos informados mais particularmente:

I Qual era a violência que Edom fez contra o seu ir­mão Jacó, e quais são as provas desta acusação. Não parece que os edomitas tenham invadido Israel, mas foi

mais por falta de poder do que de vontade; eles tinham maldade suficiente para fazer isso, mas não eram páreo para eles. Mas a acusação que é imputada a eles é a sua conduta bárbara para com Judá e Jerusalém quando eles estavam em aflição, e prestes a serem destruídos, provavelmente pelos caldeus, ou por ocasião de alguma outra das calamidades dos judeus; pois esta parece ter sido sempre a sua disposição em relação a eles. Veja esta acusação sobre os edomitas (SI 137.7), que no dia de Je­rusalém disseram, Arrasai-a, arrasai-a, e em Ezequiel 25.12. Aqui lhes é dito especificamente o que fizeram, e são informados sobre o que deveriam ter feito (w. 12­14): “Tu não devias olhar, nem devias entrar; mas fizeste isso.” Note que ao refletirmos sobre nós mesmos é bom comparar o que temos feito com o que deveríamos ter feito, a nossa prática com a lei, para que possamos des­cobrir em que erramos, o que fizemos e que não devería­mos ter feito. Não deveríamos ter estado onde estávamos naquele momento, não deveríamos ter estado em compa­nhia dessa ou daquela pessoa, não deveríamos ter dito o que dissemos, nem ter tomado a liberdade que tomamos. O pecado assim observado, no espelho do mandamento, parecerá excessivamente grave. Vejamos:

1. Qual foi o caso de Judá e Jerusalém quando os edomitas agiram assim de forma desprezível e os insul­taram. (1) Foi um dia de angústia para eles (v. 12): Foi o dia da sua calamidade; assim ele é chamado por três vezes, v. 13. Para os edomitas foi um dia de prosperidade e paz enquanto para os israelitas foi um dia de angústia e calamidade; pois o juízo geralmente começa na casa de Deus. Os filhos são corrigidos enquanto os estranhos são deixados sozinhos. (2) Foi o dia da sua ruína (v. 12), quan­do tanto a cidade como o campo foram assolados, foram deixados em ruínas. (3) Foi um dia quando estranhos en­traram pelas portas de Jerusalém, quando a cidade, de­pois de um longo cerco, foi invadida, e os grandes oficiais do exército do rei da Babilônia chegaram, e se assenta­ram nas portas, como juizes da terra; quando eles lan­çaram sortes sobre os despojos de Jerusalém, como os soldados sobre as vestes de Cristo, definindo que partes

cada um dos conquistadores terá, que partes das terras, que partes das mercadorias; ou lançaram sortes para de­terminar quando e onde deveriam atacá-la. (4) Foi um dia em que os forasteiros levaram cativas as suas forças (v. 11), levaram os homens de guerra como prisioneiros de guerra, e os levaram à força, em pobreza e vergonha, para a sua própria terra, ou uma tamanha multidão de cativos que eram como um exército. (5) “Foi um dia em que o teu próprio irmão, que por muito tempo havia esta­do em casa, descansando em sua própria terra, se tornou um estranho, um exilado em uma terra estranha.” Ago­ra, sendo este o triste caso dos judeus, os edomitas, seus vizinhos e irmãos, deveriam ter se compadecido deles e tê-los ajudado, se condoído com eles e os consolado, e deveriam ter tremido com o pensamento de que a sua própria vez viria em seguida; pois, se isto foi feito na ár­vore verde, o que será feito na seca? Mas observe:

2. Qual foi a conduta dos edomitas para com eles quando estavam nesta aflição, pelo que são aqui con­denados. (1) Eles olhavam com satisfação a aflição do povo de Deus; eles ficavam do outro lado (v. 11), longe, quando deveriam ter se aproximado para o alívio dos seus vizinhos angustiados, e olhavam para eles, e para o seu dia, olhavam para a aflição deles (w. 12,13) com um olhar negligente e indiferente, como o sacerdote e o levita olharam para o homem ferido, e passaram de largo por ele pelo outro lado. Têm muito pelo que responder aqueles que são espectadores ociosos das dificuldades e aflições dos seus vizinhos, quando são capazes de ser os seus auxiliadores ativos. Mas isto não era tudo; eles olha­vam para o povo de Deus com um olhar de desprezo, com um olhar de aprovação e satisfação; eles olhavam e riam ao ver Israel em aflição, dizendo, Aha! Assim queríamos que fosse. Eles alimentavam os seus olhos com o triste espetáculo da ruína de Jerusalém, e olhavam para isso como aqueles que por muito tempo vinham esperando por isso e que freqüentemente o desejavam. Note que devemos prestar atenção na maneira como olhamos para as aflições dos nossos irmãos; e, se não podemos olhar para eles de uma maneira misericordiosa com solidarie­dade e ternura, é melhor não olhar para eles de modo algum: Não devias olhar para o dia de teu irmão como olhaste. (2) Eles triunfavam sobre eles e os insultavam, repreendiam os seus irmãos com suas lamentações, e juntamente com os seus companheiros zombavam deles. Eles se alegravam sobre os filhos de Judá no dia da sua ruína. Eles não tinham a gentileza de esconder o prazer que sentiam pela destruição de Judá e de disfarçar isto, mas abertamente o declaravam e, rudemente e insolen­temente lhes declaravam isto; os edomitas se alegravam pela desgraça deles, proferiam gritos de prazer, agiam com prepotência, e tripudiavam sobre eles. Tem o es­pírito dos edomitas aquele que se alegra por qualquer pessoa - especialmente pelos os israelitas - no dia da sua calamidade. (3) Eles falavam com boca arrogante e de vanglória (assim é a palavra) contra Israel. Falavam com grande desdém dos israelitas sofredores, e com um ar de altivez devido à presente segurança e prosperidade de Edom, como se pudesse ser inferido, a partir da condi­ção diferente deles naquele momento, que a situação foi revertida, e que agora Esaú era querido, e o favorito do céu, e que Jacó era odiado e rejeitado. Note que devem

Page 5: 31 - OBADIAS.pdf

1047 OBADIAS w . 17-21

esperar ser efetivamente humilhados e mortificados de um modo ou de outro, aqueles que se vangloriam e são soberbos por causa das humilhações e mortificações dos outros. (4) Eles foram ainda mais além, pois entraram pelas portas do povo de Deus no dia da sua calamidade, e se apoderam dos seus bens. Embora eles não tivessem ajudado a derrotá-lo, eles ajudaram a saqueá-lo, e recla­maram uma parte do saque, v. 13. Jerusalém se tornou aberta, e então eles entraram; a sua riqueza foi distribuí­da, e a tomaram para si mesmos, desculpando-se por isto alegando que eles também poderiam tomar o que fora perdido; porém aquilo que foi tomado não era seu. A Ba­bilônia assola Jerusalém, mas Edom, intrometendo-se com o despojo, se tornaparticeps criminis-participante do crime, e sofrerá o ajuste de contas como um cúmplice ex post facto - depois do fato. Observe que apenas se em­pobrecem aqueles que pensam que podem se enriquecer através das dificuldades enfrentadas pelo povo de Deus; e se enganam aqueles que pensam que podem chamar de seus todos os bens sobre os quais podem colocar as mãos em um dia de calamidade. (5) Eles fizeram coisas ainda piores; não só roubaram aos seus irmãos, mas os mata­ram no dia da sua calamidade; colocaram as mãos não só sobre os seus bens, mas sobre as próprias pessoas, v. 14. Quando a espada vitoriosa dos caldeus estava fazendo um trabalho sangrento entre os judeus, muitos fizeram a sua fuga, lançando-se em um caminho desimpedido para se salvar fugindo; mas os edomitas de forma desprezível os interceptaram, ficaram na encruzilhada em que várias estradas se encontravam, por cada uma das quais israe­litas apreensivos tentavam fazer o melhor caminho para fugir da fúria dos perseguidores, e ah eles os paravam: a alguns eles matavam barbaramente e covardemente; a outros eles levavam como prisioneiros, e os entregavam aos perseguidores, apenas para se congraçarem com eles, por serem agora os vencedores. Eles não deveriam ser assim cruéis para com aqueles que estavam à sua mercê, que nunca lhes haviam feito, nem provavelmente lhes fariam qualquer mal; eles não deveriam ter traído aqueles a quem tinham a clara oportunidade de prote­ger; mas estas são as “ternas misericórdias” dos ímpios. Ninguém pode ler isto sem um alto grau de compaixão por aqueles que estavam sofrendo abusos de forma tão desprezível, que quando fugiam da espada de um inimi­go evidente, e pensavam que tinham saído do alcance dele, caíram sobre e caíram pela espada de um vizinho traidor, de quem não tinham qualquer receio de perigo. Também ninguém pode ler isto sem um alto grau de in­dignação contra aqueles que estavam tão perfeitamente insensíveis a toda a humanidade, a ponto de exercerem tamanha crueldade contra pessoas tão necessitadas de compaixão. (6) Em tudo isto eles se aliaram aos inimigos e perseguidores declarados de Israel: tu mesmo foste como um deles, um cúmplice igualmente culpado com os autores. Aqueles que se associam com os malfeitores, e estão ajudando e se tornando cúmplices em suas más ações, terão que prestar contas, e serão considerados tão responsáveis quanto os próprios malfeitores.

n Qual é a vergonha que os cobrirá por esta violên­cia praticada. 1. Eles logo descobrirão que o cálice está dando a volta, sim, o cálice do tremor; e, quando eles

passarem a estar na mesma condição calamitosa em que o Israel de Deus está agora, serão envergonhados por se lembrarem de como triunfaram sobre eles (v. 15): O dia do Senhor está perto, sobre todas as nações, quan­do Deus retribuirá a tribulação aos perturbadores da igreja. Embora o juízo comece na casa de Deus, ele não terminará ali. Isto deveria nos impedir eficazmente de triunfarmos sobre os outros em sua desgraça, pois não sabemos quando algo tão mal pode acontecer conosco. 2. A inimizade deles contra o povo de Deus, e os males que eles lhes haviam feito serão retribuídos em seus próprios seios: Como tu fizeste, assim se fará contigo. O Deus jus­to dará a retribuição às nações e às pessoas segundo as suas obras. O castigo freqüentemente corresponde com exatidão ao pecado, e aqueles que abusaram dos outros passam a sofrer, de forma justa, os mesmos abusos. O Deus justo e zeloso descobrirá um tempo e uma maneira para vingar as injustiças feitas ao seu povo por aqueles que lhes foram injuriosos. Como bebestes no monte da minha santidade (v. 16), isto é, como o povo confesso de Deus, que habita no seu santo monte, bebeu profunda­mente do cálice da aflição (e o fato de serem do monte santo não os desculpava), assim beberão todas as nações, na sua vez, do mesmo cálice amargo; pois, se Deus traz o mal sobre a cidade que Ele chama pelo Seu nome, ficarão impunes aqueles que nunca conheceram o Seu nome? Veja Jeremias 25.29. E isto faz parte do fardo de Edom (Jr 49.12). Se aqueles cujo juízo não era beber do cálice (que tinham motivos para prometerem a si mesmos que ficariam isentos) seguramente o beberam, ficará impune Edom que é a geração da ira de Deus? Não, mas certa­mente beberás dele; o cálice do tremor será tirado da mão do povo de Deus, e colocado na mão daqueles que os afligem, Isaías 51.22,23. Eles podem esperar que a sua situação será pior, no dia da sua angústia, do que foi no caso de Israel; pois: (1) As aflições do povo de Deus eram apenas por um instante, e logo tiveram fim; mas os seus inimigos beberão continuamente o vinho da ira de Deus, Apocalipse 14.10. (2) O resto do cálice está re­servado para os ímpios da terra (SI 75.8); eles beberão e engolirão, ou sorverão (como se lê na anotação à mar­gem de algumas traduções da Bíblia Sagrada), sim, eleso beberão até o fim. (3) Embora o povo de Deus possa ser obrigado a beber o vinho da perturbação por algum tempo (SI 60.3), ele, contudo, se recuperará e recobrará a razão outra vez; mas as nações beberão e serão como se nunca tivessem sido normais; não haverá qualquer resto ou lembrança delas, mas serão totalmente extirpadas e arrancadas. Então, que todos os teus inimigos pereçam, ó Senhor! Assim eles perecerão, se não se converterem.

Promessas a Israel e Judáw . 17-21

Depois que a destruição dos inimigos da igreja é ameaçada, o que será completamente realizado no gran­de dia da recompensa, e do juízo pelo qual Cristo veio uma vez, e virá novamente a este mundo, aqui se seguem promessas preciosas da salvação da igreja, com as quais esta profecia termina, e como terminaram as de Joel e Amós. Embora elas pudessem ser em parte cumpridas

Page 6: 31 - OBADIAS.pdf

w. 17-21 OBADIAS 1048

no retorno dos judeus saindo da Babilônia, apesar dos triunfos de Edom em seu cativeiro, como se ele fosse perpétuo, deverão sem dúvida alguma, ter o seu cumpri­mento total naquela grande salvação operada por Jesus Cristo, da qual todos os profetas deram testemunho. É prometido aqui:

I Que haverá salvação no Monte Sião, o monte santo onde Deus estabelece o seu Rei ungido (SI 2.6): No monte Sião haverá livramento, v. 17. Haverá aqueles que

escaparão; assim diz a anotação de margem. Um rema­nescente de Israel, sobre o monte santo será salvo, v. 16. Cristo disse que a salvação vem dos judeus, João 4.22. Deus operou livramentos para os judeus, que são típicos da nossa redenção por Cristo. Mas o Monte Sião é a igre­ja do Evangelho, da qual saiu a lei do Novo Testamen­to, Isaías 2.3. Ali a salvação será pregada e suplicada; aqueles que serão salvos são acrescentados à igreja do Evangelho; e para aqueles que vierem em fé e esperança para este Monte Sião haverá grandes bênçãos: eles se­rão livrados da ira e da maldição, do pecado, da morte e do inferno, enquanto aqueles que continuarem afastados serão deixados de lado, para que pereçam.

nQue, onde houver salvação, haverá santificação para este fim: E haverá santidade, para preparar e qualificar os filhos de Sião para este livramento; pois

onde quer que Deus planeje a glória, Ele dará a Sua ma­ravilhosa graça. Livramentos seculares são realmente operados para nós em misericórdia quando com eles há santidade, quando ali é operada em nós uma disposição para recebê-los com amor e gratidão a Deus; quando so­mos santificados, eles são santificados para nós. A santi­dade é, em si mesma, um grande livramento, e um sinal desta salvação eterna que procuramos. Sobre o Monte Sião, na igreja do Evangelho, haverá santidade; pois é isto que se torna a casa de Deus para sempre. E o gran­de plano do Evangelho, e da sua graça, é implantar e promover a santidade. Haverá o Espírito Santo, as san­tas ordenanças, o santo Jesus, e um remanescente seleto de almas santas, em quem, e entre quem, o Deus santo se deleitará em habitar. Note que, onde houver santidade, haverá livramento.

n T Que esta salvação e santificação se espalharão, J. e prevalecerão, e ganharão terreno no mundo: Os da casa de Jacó, o próprio Monte Sião, com o livra­

mento e a sua santidade ali operada, possuirão as suas herdades; isto é, a igreja do Evangelho será estabelecida entre as nações, e reabastecerá a terra; os apóstolos de Cristo, através da sua pregação, ganharão herdades nos corações dos homens para os quais são mensageiros e ministros. Quando eles possuírem os seus corações, eles possuirão as suas herdades, pois aqueles que se entre­garam ao Senhor entregaram a Ele tudo o que possuí­am. Quando o coração de Lídia foi aberto a Cristo, a sua casa foi aberta para os seus ministros. Quando as nações gentias se tornaram nações daqueles que foram salvos, foram discipuladas, andaram na luz do Senhor, e trou­xeram a sua glória e honra para a Nova Jerusalém (Ap 21.24); então a casa de Jacó possuiu as suas herdades. Esta é uma parte cumprida pela implantação da religião

cristã no mundo, e será ainda mais cumprida pelo esta­belecimento do trono de Cristo onde está o assento de Satanás, e o levantamento de troféus da Sua vitória so­bre as ruínas do reino do diabo. Agora, é aqui predito:

1. Como esta herdade será ganha, e a oposição feita a ela vencida (v. 18): A casa de Jacó será fogo, e a casa de José, chama, pois o Deus deles é, e será, um fogo consu­midor; e a casa de Esaú será palha, facilmente devorada e consumida por este fogo. Isto é cumprido: (1) Na con­versão de multidões pela graça de Cristo; o Evangelho, pregado na casa de Jacó e de José, e ali reconhecido e confessado, será como um fogo e uma chama para der­reter e amolecer os corações endurecidos, para queimar a escória do pecado e da corrupção, para que eles pos­sam ser purificados e refinados com o espírito de juízo e com o espírito de fogo. Cristo, quando vier, será como o fogo do ourives, Malaquias 3.1,2. (2) Na confusão dos inimigos impenitentes e implacáveis do Evangelho de Cristo, que se opõem a ele e fazem tudo o que podem para obstruir o estabelecimento do reino do Messias através deste precioso Evangelho. O dia do Evangelho é um dia que queima como um forno, no qual todos os soberbos, e todos os que agem impiamente, serão como a palha, Malaquias 4.1. Jacó e José serão como um fogo e uma chama; pois aqueles que se intrometerem com eles, para lhes fazer mal, descobrirão que fazem isto por seu próprio risco; eles serão para eles como uma tocha de fogo, como uma tocha entre os feixes, Zacarias 12.6. A palavra de Deus na boca dos seus ministros é descrita como fogo, e o povo como lenha para ser consu­mido por ele, Jeremias 5.14. E o homem do pecado deve ser consumido pelo sopro da boca de Cristo, 2 Tessalo- nicenses 2.8. Aqueles que não forem refinados como o ouro pelo fogo do Evangelho, serão consumidos por ele como a escória; pois haverá um cheiro de vida ou de morte. Quando os ídolos e a idolatria foram abolidos, e a riqueza e o poder das nações foram trazidos para o serviço de Cristo e do Seu Evangelho, e os despojos do homem forte foram divididos por Aquele que era mais forte do que ele, então a casa de Jacó e de José consu­miu a casa de Esaú, de forma que não restou nenhum dos seus descendentes. O Senhor disse isto através dos Seus profetas, e o fez através dos Seus apóstolos.

2. Até onde se estenderá esta herdade, w . 19,20. Isto é descrito no idioma judeu, que fala da subida para a terra de Israel, depois do retorno saindo do cativeiro na Babilônia. Os cativos desse exército dos filhos de Is­rael, isto é, este exército de Israel que por muito tempo esteve no cativeiro e que agora retornou, ainda é cha­mado de filhos do cativeiro. Estes não só recuperarão a sua própria terra, mas ganharão terreno sobre os seus vizinhos mais próximos, sendo que alguns dos quais se tornarão prosélitos e se incorporarão aos judeus. Ao possuí-los em uma santa comunhão, eles também pos­suirão a sua terra. Devemos nos considerar verdadeira­mente enriquecidos pela conversão dos nossos vizinhos ao temor a Deus e à fé em Cristo, e pela vinda deles para se juntarem a nós na adoração a Deus. Devemos considerar este aumento em nossa comunhão cristã como uma riqueza e força maiores e mais importantes do que um aumento dos nossos bens. Ou ainda, estan­do perdidos os antigos habitantes daquelas terras que

Page 7: 31 - OBADIAS.pdf

1049 OBADIAS w. 17-21

foram levados para o cativeiro, e jamais voltando para os seus bens, os filhos de Israel tomarão posse daquilo que está perto deles; pois o seu número crescerá tanto que a sua própria terá será estreita demais para eles, e os bens dos seus vizinhos serão revertidos a eles ob defectum sanguinis - por falta de herdeiros. Eles to­marão posse daquilo que é contíguo a si. As terras de Esaú serão possuídas por aqueles que vivem na parte sul de Canaã, porque lhes são contíguas. Aqueles que vivem na planície, a oeste de Canaã, que é uma terra de campinas, tomarão posse da terra dos filisteus, seus vi­zinhos. Aqueles que vivem em Judá, que era a principal das duas tribos que retornaram, possuirão o campo de Efraim e Samaria, que antes pertenciam às dez tribos; e Benjamim, a outra tribo, possuirá Gileade do outro lado do Jordão, que tinha pertencido às duas tribos e meia. O reino de Israel se unirá ao de Judá tanto nos interesses civis quanto nos sagrados; e, como amigos e irmãos, mutuamente possuirão e desfrutarão um ao outro; e ambos juntos possuirão os cananeus, até Za- refate, que pertence a Sidom; e Jerusalém possuirá as cidades do sul, até Sefarade. Assim os judeus aumen­taram os seus limites em todas as direções. Os rabinos modernos ensinam os seus estudiosos que por Zarefate e Sefarade deve ser entendido França e Espanha, ba­seando nisso uma expectativa tola e infundada de que uma hora ou outra os judeus serão senhores destes paí­ses; e assim supõem que os cristãos seriam os edomitas, sobre os quais pensam que terão o domínio. Mas a pro­messa aqui, sem dúvida alguma, tem um significado es­piritual, e teve o seu cumprimento no estabelecimento da igreja cristã no mundo, o Israel do Evangelho, e terá o seu cumprimento cada vez mais no seu aumento e nas adições feitas a ele, até que o corpo místico esteja com­pleto. Quando os ministros e os cristãos em geral forem bem sucedidos na tarefa da evangelização, e trouxerem os seus vizinhos a Cristo, para se entregarem a Ele, então os possuirão. Os convertidos que Abraão teve são descritos como as almas que lhe foram acrescentadas, Gênesis 12.5. A posse estará ganha, não vi et armis - por força e armas; pois as armas da nossa batalha não são carnais, mas espirituais; é pela pregação do precio­

so Evangelho e pelo poder da graça divina que o acom­panha, que esta posse é adquirida e mantida.

Que o reino do Redentor será levantado e sus­tentado, para o conforto dos seus súditos leais

e para o terror e vergonha de todos os seus inimigos (v. 21): O reino será do Senhor, o Senhor Cristo. Deus lhe dará este reino, colocando todas as coisas em suas mãos, todo o poder tanto no céu como na terra; os homens lhe entregarão o seu poder, ao se entregarem a Ele como o seu povo voluntário, aceitando-o como a sua cabe­ça. Agora, a obra dos reis é proteger os seus súditos e subjugar os seus inimigos; e Cristo fará isto. Ele tanto recompensará como punirá. 1. O monte Sião será salvo; sobre ele salvadores virão, os pregadores do Evangelho, que são chamados de salvadores, porque a sua tarefa é salvarem-se a si mesmos e aqueles que os ouvirem; e nis­to eles trabalham junto com Cristo; mas o trabalho deles só poderá ter um bom resultado se Ele, por Sua graça, trabalhar junto com eles. 2. O monte de Esaú será julga­do; e os mesmos que vêm como salvadores ao Monte Sião julgarão o monte de Esaú; pois a palavra do Evangelho em sua boca, que salva os crentes, julga os incrédulos e os condena. Os ministros de Cristo são salvadores no Monte Sião quando pregam que aquele que crer será salvo; mas eles julgam o monte de Esaú quando pregam que aquele que não crer será condenado, o que não só são comissionados, mas ordenados a fazer, Marcos 16.16. E no curso da providência de Deus a Sua Escritura é cumprida; quando Deus levanta amigos para a igreja em sua angústia (como levantou juizes para livrar Israel na antiguidade, Juizes 2.16), então salvadores vêm sobre o Monte Sião, para salvá-la de ser humilhada e destruída; e quando os inimigos da igreja são derrubados, e os seus poderes subjugados, então o monte de Esaú é julgado; e isto será feito em todas as gerações, da maneira que Deus achar melhor. Podemos confiar que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja, mas a igreja prevalecerá contra elas; pois o reino será do Senhor; os reinos do mundo se tornarão dele. Ele tomou e tomará tudo e todos para Si mesmo, através do Seu grande po­der; e assim, o Seu reino será glorioso.