32 Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema: "Criação"

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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS 32 o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos Tema: "Criação" 7, 8 e 9 de fevereiro de 2016 Allan Kardec Patrono Espiritual do Encontro

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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

32o

Encontro Espírita sobre

O Livro dos Espíritos

Tema:

"Criação"

7, 8 e 9 de fevereiro de 2016

Allan Kardec Patrono Espiritual do Encontro

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Tema: "Criação"

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Informações Gerais Dias: 7, 8 e 9 de fevereiro de 2016 Horário: 8h às 8h30min – Chegada / Recepção 8h30min às 9h – Abertura / Deslocamento 9h às 10h30min / 11h – Estudo 10h30min às 11h – Intervalo 11h às 12h55min – Estudo 13h – Encerramento CENTROS PARTICIPANTES Centro Espírita Léon Denis Centro Espírita Abigail Centro Espírita Antonio de Aquino Centro Espírita Casa do Caminho (sábado, 6 de fevereiro de 2016) Centro Espírita Léon Denis (Cabo Frio) Grupo Espírita Allan Kardec (Dias: 21 de maio e 18 de junho de 2016) Grupo Espírita Beneficente Dr. Hermann (Campos) O Encontro será apresentado, também, pela Internet. Coordenação Geral: Deuza Maria Nogueira Organização do Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro Diagramação e Finalização: Setor Editorial do CELD

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Sumário

Objetivos .......... 4

Introdução .......... 5

Programa do Encontro .......... 6

Tema 1 – O que conhecemos do Universo? .......... 7

Tema 2 – Eis que surge a vida! .......... 13

Tema 3 – A chegada do Homem .......... 18

Tema 4 – Diversidade dos povos .......... 23

Tema 5 – Pluralidade dos Mundos .......... 26

Tema 6 – Qual a parte que nos cabe na obra da Criação? .......... 32

Conclusão do Encontro .......... 36

Anexos .......... 37

Referências Bibliográficas .......... 70

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Objetivos

Objetivo geral:

• Compreender que a obra da Criação é conduzida pela Vontade de Deus e suas Leis.

Tema 1: O que conhecemos do Universo?

• Reconhecer que a criação do Universo ocorre através de uma Vontade Superior.

• Compreender que a nossa definição do Universo amadurece, conforme se aprimora a nossa observação e nosso conhecimento.

Tema 2: Eis que surge a vida!

• Identificar a Vontade Divina na formação do nosso planeta e de seus habitantes.

• Perceber que a Terra foi organizada por Jesus e sua equipe com as características necessárias ao nosso progresso.

Tema 3: A chegada do Homem

• Compreender que os espíritos humanos chegaram à Terra quando havia corpos para recebê-los.

• Perceber que os corpos humanos são recursos indispensáveis ao progresso dos espíritos.

Tema 4: Diversidade dos povos

• Perceber que a finalidade da diversidade dos povos é o progresso intelecto-moral da humanidade pelas variadas experiências.

Tema 5: Pluralidade dos Mundos

• Analisar as diferentes condições físicas e morais dos mundos como estações de progresso.

• Perceber que o conhecimento da escala dos mundos nos dá condições de:

o compreender o estágio atual do mundo em que habitamos e

o traçar metas na caminhada evolutiva.

Tema 6: Qual a parte que nos cabe na obra da Criação?

• Reconhecer o nosso compromisso como cocriadores em conformidade com a Lei de Deus.

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Introdução Estudamos, em anos anteriores, a visão espírita sobre Deus1 e sobre os

elementos que formam o Universo, que juntamente com o Criador configuram a trindade universal: Deus, espírito e matéria2. Esses elementos se associam e participam da beleza da Criação, assunto que vamos abordar neste Encontro.

O Homem, ao longo dos séculos, vem buscando desvendar o Universo, principalmente no que concerne ao seu início, ao surgimento dos planetas e dos seres vivos. À medida que se aprimora intelectualmente, ele cria recursos para provar tais teorias, definições ou conceitos elaborados através de seus estudos.

Deus, na sua onipotência e onisciência, aliadas à justiça, ao amor e à bondade, criou para todos nós, seres universais, mundos variados, onde estamos desenvolvendo nossas potências, seja como seres encarnados ou desencarnados.

Com Allan Kardec, também atento a este assunto em sua época, e outros autores espirituais consagrados, vamos estudar a visão espírita da Criação, apro-veitando, também, algumas contribuições da Ciência para elucidar certos pontos. Tudo isso para fortalecer nossas convicções sobre a bondade de Deus e o nosso papel no mundo, favorecendo, assim, nossa caminhada para Deus, não só pelo nosso desenvolvimento intelectual, mas sobretudo o moral.

1 Para mais detalhes, ver Apostila do 30o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos. 2 Idem, ver Apostila do 31o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos.

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Programa do Encontro

Tema central:

“Criação”

1o dia: Domingo – 7/2/2016

Tema 1: O que conhecemos do Universo?

Tema 2: Eis que surge a vida!

2o dia: Segunda-feira – 8/2/2016

Tema 3: A chegada do Homem

Tema 4: Diversidade dos povos

3o dia: Terça-feira – 9/2/2016

Tema 5: Pluralidade dos Mundos

Tema 6: Qual a parte que nos cabe na obra da Criação?

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Tema 1 – O que conhecemos do Universo? “Olhai as aves do céu: não

semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros. E, no entanto, vosso Pai celeste as alimenta. Ora, não valeis vós mais do que elas? (...)

Observai os lírios do campo, como crescem, e não trabalham e nem fiam. (...) Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que existe hoje e amanhã será lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, homens fracos na fé?”

(JESUS. Mateus, VI: 26 a 30. Bíblia de Jerusalém.

Editora Paulus.)

Objetivos:

• Reconhecer que a criação do Universo ocorre através de uma Vontade Superior.

• Compreender que a nossa definição do Universo amadurece, conforme se aprimora a nossa observação e nosso conhecimento.

“O que conhecemos do Universo?” é a pergunta que norteia este tema. A Ciência tem feito inúmeras descobertas. Na medida do possível, ela vem mapeando o Universo dentro das suas possibilidades de conhecimento e tecnologia.

Analisemos com a Doutrina Espírita as informações que os bons espíritos nos trazem sobre isso.

O Universo compreende a infinidade dos mundos que vemos e dos que não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se movem no Espaço, assim como os fluidos que o preenchem.

Questão 37 – O Universo foi criado, ou existe de toda a eternidade, como Deus?

“Certamente, ele não se pôde fazer sozinho e, se existisse de toda a eternidade, como Deus, não poderia ser obra de Deus.”

A razão nos diz que o Universo não pôde fazer-se a si mesmo e que, não podendo ser a obra do acaso, deve ser a obra de Deus.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. – grifo nosso.)

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Léon Denis3 nos mostra que é necessário um motor inicial, Deus, para explicar os movimentos planetários, pois “A mecânica celeste não se explica por si mesma”.

Diz, ainda:

“A força engendra o movimento, mas a força não é a Lei. Cega e sem-guia, ela não poderia produzir a ordem e a harmonia no Universo. Estas são, todavia, manifestas. No topo da escala das forças, aparece a energia mental, a vontade, a inteligência que constrói as formas e fixa as leis.”

(LÉON DENIS. O Grande Enigma, capítulo I. CELD. – grifo nosso.)

Fica claro, então, que todo o nosso conhecimento científico a cerca da vida universal ainda não responde “que” ou “quem” é o agente causador de toda essa engrenagem harmoniosa. É preciso reconhecer uma ação inteligente, de ordem superior a tudo o quanto se sabe até hoje, regendo todo esse processo.

Questão 38 – Como Deus criou o Universo?

“Para me servir de uma expressão corrente: por sua Vontade. Nada caracteriza melhor esta vontade onipotente do que estas belas palavras da Gênese: ‘Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita’.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. – grifo nosso.)

Essa citação bíblica do livro Gênesis4 do Antigo Testamento nos dá a possibilidade de pensar que Deus criou o Universo de forma instantânea. Kardec5, porém, nos leva a refletir que na época de Moisés, para explicar aos Homens a criação do Universo, fazia-se necessário algo de maravilhoso, que fugisse dos meios comuns, “senão eles teriam dito que Deus não era mais hábil que os Homens. Uma teoria científica e racional da criação os deixaria frios e indiferentes.”

A Vontade de Deus é como ele, soberanamente justa e perfeita. Deus é perfeito para o mundo e para a minha vida, já que sou parte de Sua criação. Ele nos mantém através de suas Leis, criadas para nossa felicidade, e cuida de cada criatura6. Ele, também, se utiliza dos bons espíritos, que vêm em nosso auxílio, sempre com a sua permissão; são os incansáveis trabalhadores do bem.

Aqui ainda cabe diferenciar vontade de desejo para não banalizar a Criação. A Vontade de Deus não é um mero desejo nem um capricho; tudo tem um propósito superior.

3 LÉON DENIS. O Grande Enigma, capítulo I. CELD. 4 Ver Anexo 2. 5 ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XII, item 12. CELD. 6 Ver O Livro dos Espíritos, questões 963 e 964.

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A respeito dessa vontade criadora, sinaliza Léon Denis, sobre a maior potência de nossa alma, como filhos de Deus:

“(...) Pela vontade criadora dos grandes espíritos e, acima de tudo, do Espírito divino, toda uma vida maravilhosa se desenvolve e se escalona, gradualmente, ao Infinito, nas profundezas do céu, vida incomparavelmente superior a todos os esplendores criados pela arte humana, e tanto mais perfeita, quanto mais se aproxima de Deus.

Se o Homem conhecesse a extensão das forças que nele existem em germe, talvez ficasse deslumbrado; mas, em vez de se julgar fraco e de temer o futuro, compreenderia sua força; sentiria que ele próprio pode criar esse futuro.”

(LÉON DENIS. O Problema do Ser e do Destino, capítulo 20. CELD. – grifo nosso.)

Portanto, precisamos aprender a observar mais as coisas simples, que estão ao nosso alcance, para compreendermos o que é mais complexo. Se observarmos as obras da Natureza no nosso mundo, reconheceremos ali o sinal característico de uma variedade infinita e a prova de uma atividade sem igual7. Como exemplo, podemos citar o nosso próprio corpo humano, com seu mecanismo perfeito para a encarnação do espírito.

Questão 39 – Podemos conhecer o modo da formação dos mundos?

“Tudo o que se pode dizer e o que podeis compreender é que os mundos se formam pela condensação da matéria disseminada no Espaço.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. – grifo nosso.)

Como foi visto no Encontro anterior8, a matéria não existe somente no estado de matéria tangível. O fluido cósmico universal “é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza”. Os espíritos agem sobre esse fluido, “não os manipulando como os Homens manipulam os gases, mas com a ajuda do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para os espíritos o que a mão é para o Homem.” 9

A respeito da manipulação desse fluido para a formação dos mundos, esclarece-nos o Espírito André Luiz:

“O fluido cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio.

7 Ver A Gênese, capítulo VI, item 63. 8 Para mais detalhes, ver Apostila do 31o Encontro Espírita sobe O Livro dos Espíritos, temas

2 e 6. 9 ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XIV, itens 2 e 14. CELD.

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Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano.

Nessa substância original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão indestrutível (...), extraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da Imensidade, em serviço de Cocriação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Todo-Misericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criação Excelsa.

Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez que o Espírito Criado pode formar ou cocriar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade.”

André Luiz

(Psicografia de FRANCISCO C. XAVIER e WALDO VIEIRA. Evolução em Dois Mundos, primeira parte, capítulo 1. Editora FEB. – grifo nosso.)

Questão 40 – Os cometas seriam, como agora se pensa, um início de

condensação da matéria e mundos em via de formação?

“Isto está correto; porém, o que é absurdo é acreditar na influência deles. Refiro-me a essa influência que vulgarmente lhes atribuem, pois todos os corpos celestes têm sua parte de influência em certos fenômenos físicos.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. – grifo nosso.)

Os astros não exercem sobre nós nenhuma ação que venha refletir em nosso comportamento moral. A influência dos cometas, das “estrelas cadentes” (meteoritos que entram na atmosfera terrestre) ou o “nascer sob uma boa estrela”10 são crenças ou expressões que fogem à realidade do espírito imortal. Nós é que, às vezes, por conveniência, nos apegamos às visões místicas dos fatos. Estudos nos mostram a influência da força gravitacional da Lua sobre a Terra, por exemplo, mas isso não determina a ação de nossos pensamentos aliados à nossa vontade.

(...) Os grupos de estrelas aos quais se deu o nome de constelações são, apenas, conjuntos aparentes, formados por uma ilusão de óptica, em função da distância em que se encontram da Terra. (...)

10 Ver O Livro dos Espíritos, questão 867.

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Desde que esses agrupamentos de estrelas só existem em aparência, a significação que uma crença vulgar supersticiosa lhes atribui é ilusória, e sua influência só pode existir na imaginação. (...)

A crença na influência das constelações, principalmente nas que constituem os doze signos do zodíaco, origina-se da ideia ligada aos nomes que elas têm, se à constelação que se chama leão fosse dado o nome de asno ou de ovelha, certamente lhe teriam atribuído uma outra influência.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo V, item 12. CELD.)

Questão 41 – Um mundo completamente formado pode desaparecer e a

matéria que o compõe disseminar-se de novo no Espaço?

“Sim, Deus renova os mundos, como renova os seres vivos.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Tudo se renova; só alguns querem ou insistem em permanecer num mesmo ponto. Mas a irrevogável lei do Progresso nos impele a seguir adiante, para frente e para o Alto. Portanto, ideias como “O mundo vai acabar”; “O mundo está piorando”; “Vivemos sós em meio à violência”; são pensamentos que não condizem com a ideia de renovação.

A crença em Deus nos faz ver a utilidade da Criação. Deus não cria nada para ser inútil; tudo se transforma, se renova para melhor servir às suas criaturas.11

Questão 42 – Podemos conhecer a duração da formação dos mundos: da Terra, por exemplo?

“Não posso te dizer isto, pois só o Criador o sabe e bem louco seria quem pretendesse sabê-lo, ou conhecer o número de séculos desta formação.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

O texto bíblico sobre a criação do Universo (Anexo 2) descreve essa criação de forma figurada. Kardec, no entanto, nos orienta:

(...) A formação do globo está escrita em caracteres imprescritíveis no mundo fóssil e está provado que os seis dias da criação correspondem a tantos períodos, cada um, talvez, de várias centenas de milhares de anos12. Isto não é um sistema, uma doutrina, uma opinião isolada, é um fato tão consistente quanto o do movimento da Terra e que a Teologia não pode recusar-se a admitir, prova evidente do erro que se

11 Ver O Livro dos Espíritos, questão 728. 12 Para mais detalhes sobre a visão atual da Ciência a esse respeito, ver Anexo 4. (Nota da

Equipe do Encontro.)

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pode cometer, tomando ao pé da letra as expressões de uma linguagem, frequen-temente, figurada. Poder-se-ia daí concluir que a Bíblia é um erro? Não; porém, que os homens se enganaram ao interpretá-la. (...)

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, item 59. CELD.)

Todo o simbolismo bíblico traz um significado, que vamos entendendo à medida que abrimos a nossa mente para a compreensão da Lei de Deus refletida no mundo físico.

(...) Como é grande o Universo, perto das mesquinhas dimensões que os nossos pais lhe atribuíram! Como é sublime a obra de Deus, quando a vemos cumprir-se segundo as eternas leis da Natureza! Mas também, quanto tempo, quantos esforços e devotamento foram necessários aos gênios para descerrar os olhos, e arrancar, afinal, a venda da ignorância!

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo V, item 13. CELD.)

A vinda de grandes pensadores e cientistas às suas épocas, como Galileu, Newton, Einstein e outros, contribuiu, e muito, para chegarmos até os conhecimentos atuais considerados como explicações científicas sobre o Universo. Esses espíritos encarnam entre nós, trazendo seus conhecimentos, seus avanços, auxiliando outros espíritos a progredir, intelectual e moralmente. Não podemos deixar de reconhecer, em tudo isso, a bondade divina.

O homem avança em conhecimento. O que hoje parece ser a verdade, amanhã pode se tornar obsoleto. E, assim, avançamos rumo à compreensão de Deus e seus Projetos.

Formados os mundos, então, Deus prossegue em seu Projeto, com a criação dos seres vivos.

Mas como foi essa criação?

Veja também:

• O Livro dos Espíritos: questões 540, 462, 575, 576, 963 e 964. • O Evangelho Segundo o Espiritismo: capítulo VII, item 13 e

capítulo XXV, item 6. • A Gênese: capítulo XII, itens 1 a 12; capítulo V, itens 6 a 11 e 14. • A Caminho da Luz, cap. I, "A Ciência de todos os Tempos".

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Tema 2 – Eis que surge a vida! Objetivos:

• Identificar a Vontade Divina na formação do nosso planeta e de seus habitantes.

• Perceber que a Terra foi organizada por Jesus e sua equipe com as características necessárias ao nosso progresso.

(...) Nossos pobres olhos não podem divisar particularidades nesse deslum-bramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida está nas suas mãos. É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da existência planetária. No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do princípio. Um sopro de sua vontade pode renovar todas as coisas, e um gesto seu pode transformar a fisionomia de todos os horizontes terrestres. (...)

O determinismo do amor e do bem é a Lei de todo o Universo e a alma humana emerge de todas as catástrofes em busca de uma vida melhor.

Só Jesus não passou, na caminhada dolorosa das raças, objetivando a dilaceração de todas as fronteiras para o amplexo universal. Ele é a luz do princípio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo. Seu coração magnânimo é a fonte da vida para toda a humanidade terrestre. Sua mensagem de amor, no Evangelho, é a eterna palavra da ressurreição e da justiça, da fraternidade e da misericórdia. Todas as coisas humanas passaram, todas as coisas humanas se modificarão. Ele, porém, é a luz de todas as vidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição.

Emmanuel

(Psicografia de FRANCISCO C. XAVIER. A Caminho da Luz, Introdução. Editora FEB. – grifo nosso.)

Fala-nos o Espírito Emmanuel13, com base nas tradições do mundo espiritual, que “existe uma Comunidade de Espíritos Puros”, diretora dos planetas do nosso sistema, e que Jesus é um de seus membros. Diz, ainda, que essa comunidade se reuniu nas proximidades da Terra, quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, para dar início à formação do nosso planeta; foram empreendidos grandes esforços para manter a nebulosa terrestre em equilíbrio, enquanto esta era submetida à ação de energias físico-químicas sob altas temperaturas, “como se a matéria colocada num forno, incandescente, estivesse sendo submetida aos mais diversos ensaios, para examinar-se a sua qualidade e possibilidades na edificação da nova escola dos

13 Psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. A Caminho da Luz, capítulo 1. Editora FEB.

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seres”. Jesus, com suas legiões de trabalhadores, elaborou toda a estrutura da Terra (dentro das Leis de Deus), propiciando-lhe as condições físicas adequadas à manutenção da vida organizada. (Ver Anexo 5.)

Questão 43 – Quando a Terra começou a ser povoada?

“No começo tudo era caos; os elementos estavam confundidos. Pouco a pouco, cada coisa tomou seu lugar; então, apareceram os seres vivos apropriados ao estado do globo.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Emmanuel nos informa, em outros trechos da mesma obra citada anteriormente14, que os operários espirituais, sob a orientação do Cristo, elaboraram as primeiras células iniciando “a construção das formas organizadas e inteligentes dos séculos porvindouros”.

E prossegue dizendo que os primeiros habitantes da Terra, no plano material, foram os seres unicelulares, que viviam na água, pois a terra firme não possuía ainda oxigênio em proporções de manter a existência animal. Esses seres só possuíam o sentido do tato.

“ Milhares de anos foram precisos aos operários de Jesus, nos serviços da elaboração paciente das formas” . Nesse processo, os órgãos foram se aperfeiçoando, até que começaram a surgir os primeiros seres de terra firme, bem como os anfíbios (que vivem na terra e na água). E eis que:

“(...) As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade. (...)

Emmanuel

(Psicografia de FRANCISCO C. XAVIER. A Caminho da Luz, capítulo 2. Editora FEB.)

Essa elaboração das formas de vida ao longo dos milênios é um exemplo de que as leis da Natureza impõem um tempo mais ou menos longo para a concretização das coisas. “Nada de grande se adquire sem esforço” 15. Portanto, se enxergarmos a vida além dos limites da presente encarnação, perceberemos que é necessário trabalho, paciência e perseverança para buscar os nossos objetivos de vida; seguindo a ordem natural das coisas. Deixaremos, então, de criar expectativas por respostas

14 Psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. A Caminho da Luz, capítulo 2. Editora FEB.

15 LÉON DENIS. No Invisível, capítulo V. CELD.

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imediatas da vida ou dos benfeitores espirituais, e entenderemos a Vontade de Deus como tudo aquilo que é belo, bom e perfeito.

O conhecimento do trabalho de Jesus e seus colaboradores para a formação do planeta faz com que valorizemos os seres vivos, o meio ambiente, bem como nosso próprio corpo físico como preciosas ferramentas de progresso espiritual. Pois, conforme ressaltam os espíritos16: “O corpo físico na crosta planetária representa uma bênção de nosso eterno Pai. Constitui primorosa obra da Sabedoria divina, em cujo aperfeiçoamento incessante temos nós a felicidade de colaborar. Quanto devemos à máquina humana pelos seus milênios de serviço a favor de nossa elevação na vida eterna? Nunca relacionaremos a extensão de semelhante débito.”

Questão 44 – De onde vieram os seres vivos para a Terra?

“A Terra continha-lhes os germens que aguardavam o momento favorável para se desenvolver. Os princípios orgânicos se reuniram, desde que cessou a força que os mantinha afastados, e eles formaram os germens de todos os seres vivos. Os germens permaneceram em estado latente e inerte, como a crisálida e as sementes das plantas, até o momento propício à eclosão de cada espécie; então, os seres de cada espécie reuniram-se e se multiplicaram.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

A Ciência nos diz17 que as moléculas inorgânicas existentes nos primórdios da Terra sofreram transformações, sob diversas condições ambientais, e, após milhões de anos combinando-se com outros elementos inorgânicos existentes no oceano, foram se formando estruturas simples que eventualmente atingiriam um nível de organização que desse a propriedade de se multiplicarem. Esses produtos formaram organismos simples (que possuíam uma única célula), e, com o passar dos milênios, esses seres sofreram modificações e deram origem a outros mais complexos (pluricelulares). O Espiritismo acrescenta que na formação dos seres vivos há, também, a união dessa matéria ao princípio espiritual, que se elabora através dos diversos estágios pelos reinos da Natureza para se tornar espírito.

Questão 45 – Onde estavam os elementos orgânicos antes da formação da Terra?

“Eles se achavam, por assim dizer, em estado fluídico, no Espaço, no ambiente dos Espíritos, ou em outros planetas, aguardando a criação da Terra para iniciar uma nova existência em um globo novo.”

(...) Conservamos, durante anos, germens de plantas e de animais que só se desenvolvem a uma dada temperatura e num meio propício; têm-se visto grãos de trigo

16 ANDRÉ LUIZ. Missionários da Luz, capítulo 12. Editora FEB. 17 Para mais detalhes, ver Anexo 6.

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germinar após vários séculos. Há, portanto, nessas sementes um princípio latente de vitalidade que apenas aguarda uma circunstância favorável para se desenvolver. O que acontece, diariamente, sob os nossos olhos, não pode ter ocorrido desde a origem do globo? Esta formação dos seres vivos saindo do caos pela própria força da Natureza tira alguma coisa da grandeza de Deus? Longe disso, ela responde melhor à ideia que fazemos de seu poder, exercendo-se sobre mundos infinitos através de leis eternas. Esta teoria não resolve, é verdade, a questão da origem dos elementos vitais; Deus, porém, tem seus mistérios, e pôs limites às nossas investigações.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD – grifos nossos.)

Os espíritos não afirmam se as moléculas que vieram do Espaço ou de outros planetas para a Terra eram orgânicas ou inorgânicas. Porém, com relação ao “estado fluídico” dos elementos, São Luís nos esclarece18 que a agregação da matéria fluídica no Espaço não ocorre conforme a agregação da matéria densa do nosso planeta. Tudo é solidário para que haja harmonia! Nada vem pronto! Nem Deus, nem os espíritos elevados fazem tudo sozinhos, eles contam com a ajuda dos seres mais simples para a elaboração das formas e a manutenção da harmonia geral; “enquanto se ensaiam para a vida e antes de terem plena consciência de seus atos e de seu livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos de que são os agentes inconscientes (...). É assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que começou, ele próprio, pelo átomo”19. Assim vemos a sabedoria e a bondade na Criação de Deus.

Questão 46 – Ainda há seres que nasçam espontaneamente?

“Sim, porém o gérmen primitivo já existia em estado latente. Sois testemunhas, todos os dias, deste fenômeno. Os tecidos do corpo humano e dos animais não encerram os germens de uma multidão de vermes que aguardam, para eclodir, a fermentação pútrida necessária à sua existência? É um mundo minúsculo que dormita e que se cria.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD – grifo nosso.)

A Ciência nos mostra20 que, hoje em dia, a formação dos seres vivos não se dá mais como nos primórdios da Terra, nem por intermédio de um “princípio ativo” no ar, que faça a vida surgir de repente. A formação dos seres obedece à lei de Reprodução, pois os organismos, mesmo os mais simples, já estão estruturados para isso.

Analisando todas essas informações sobre o modo como se opera a criação divina, começamos a ter uma noção da extensão desta verdade: “Deus se ocupa com

18 ALLAN KARDEC. O Livro dos Médiuns, item 128, questões 4, 14 e 18. CELD. 19 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questão 540. CELD. 20 Para mais detalhes, ver Anexo 6.

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todos os seres que criou, por menores que sejam; para sua bondade, nada é pequenino.” 21 Além disso, amplia-se, também, a nossa visão do amor que Jesus tem por nós, pois agora compreendemos que a sua misericórdia nos acompanha há muito tempo, ajudando no nosso aperfeiçoamento. Ele é um dos mensageiros e ministros de Deus, “cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal (...) Assistir os homens no seu desespero, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os afastam da felicidade suprema, constitui para eles uma suave ocupação.”22

À esta altura do estudo, vale questionar: Em que o estudo da Criação influencia nos nossos destinos?

• Ajuda-nos a responder a questão: “De onde viemos?”

• Leva-nos a um profundo respeito a Deus e à obra da criação.

Dando continuidade a este estudo, surge, então, uma pergunta:

E nós, os seres humanos, como surgimos na Terra?

Veja também:

• A Gênese, capítulo X, itens 13 a 15 e 20 a 23. • O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 11.

21 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questão 963. CELD. 22 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, item 113. CELD.

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Tema 3 – A chegada do Homem "(...) Não lestes que desde o

princípio o Criador os fez homem e mulher? e que disse: Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne?”

(JESUS. Mateus, XIX: 4 e 5. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus)

Objetivos:

• Compreender que os espíritos humanos chegaram à Terra quando havia corpos para recebê-los.

• Perceber que os corpos humanos são recursos indispensáveis ao progresso dos espíritos.

Vimos nos temas anteriores que a criação do Universo se deu pela Vontade de Deus, a causa primária, e da ação dos espíritos evoluídos sobre a matéria, obedecendo a Leis Divinas predeterminadas.

Vimos, também, que a criação do nosso planeta e dos primeiros seres vivos foi regida por Jesus e seus colaboradores dentro dessa mesma ordem de acontecimentos.

Neste tema veremos a sequência desse processo na formação dos corpos humanos.

Questão 47 – A espécie humana encontrava-se entre os elementos orgânicos contidos no globo terrestre?

“Sim, e ela veio a seu tempo; foi o que fez com que se dissesse que o Homem tinha sido formado do limo da terra.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD – grifo nosso.)

Conforme vimos no Tema 2, a Ciência nos diz que os seres de organização mais complexa, ou seja, com corpo formado por muitas células, se originaram a partir das modificações sofridas pelos seres mais simples. Ela inclui a espécie humana entre esses seres e mostra que esta veio a seu tempo pelo mesmo processo, o que mostra uma concordância com o texto bíblico que diz: Deus “modelou o Homem com a argila do solo”23.

A Doutrina Espírita conta ainda com as seguintes informações dadas pelo espírito Emmanuel24: Quando se deu um repouso nas reações turbulentas sofridas

23 Para mais detalhes, ver Anexo 7. 24 Idem, ver Anexo 5.

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pela matéria da Terra no início da sua criação, Jesus e sua legião de trabalhadores a cobriram com um elemento viscoso chamado protoplasma25, que foi “o embrião de todas as organizações do globo terrestre” 26. Após milhares de anos de elaboração, no período em que os trabalhadores espirituais estabeleciam uma linhagem definitiva para todas as espécies, foi operada “uma definitiva transição no corpo perispiritual preexistente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações” 27 para a formação dos primeiros selvagens de compleição me-lhorada.

Façamos algumas reflexões: • Já meditamos quanto ao trabalho dos geneticistas da espiritualidade

para a elaboração do nosso corpo físico? • Qual o uso que estou dando ao meu corpo? Estou dando condições

para que ele produza substâncias salutares, que auxiliem no meu progresso e bem-estar?

Nosso corpo é um universo. André Luiz nos diz que “a inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço” 28. Portanto, quando cuidamos dele, ajudamos os seres que nele habitam a manterem o bom funcionamento dos nossos órgãos.

Kardec, por sua vez, nos traz outra reflexão:

(...) Acompanhando-se passo a passo a escala dos seres, pode-se dizer que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior. (...)

Ainda que isso possa ferir o seu orgulho, o homem deve se resignar a ver no seu corpo material apenas o último elo da animalidade na Terra. (...)

Entretanto, quanto mais o corpo diminui de valor aos seus olhos, mais cresce a importância do princípio espiritual. Se o primeiro nivela o homem ao bruto, o segundo o eleva a incomensurável altura. Vemos o limite onde se detém o animal; não vemos o limite que o espírito do Homem pode atingir.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo X, itens 27 e 28. CELD.)

25 Protoplasma: O conteúdo celular vivo, formado principalmente de citoplasma e núcleo. (AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA. Mini Aurélio – o Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Positivo.)

26 Emmanuel. Psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. A Caminho da Luz, capítulo 2. Editora FEB.

27 Emmanuel. Psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. A Caminho da Luz, capítulo 2. Editora FEB.

28 André Luiz. Psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER e WALDO VIEIRA. Evolução em Dois Mundos, capítulo 3. Editora FEB.

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Questão 48 – Podemos conhecer a época da aparição do Homem e dos outros seres vivos na Terra?

“Não, todos os vossos cálculos são quiméricos.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

No livro Gênesis, do Antigo Testamento, consta que Deus criou o homem e a mulher na mesma época em que criou o planeta, no tempo em que “não havia ainda nenhum arbusto dos campos sobre a terra e nenhuma erva dos campos tinha ainda crescido” 29. Consta, ainda, que, aproximadamente 1650 anos mais tarde, houve um grande dilúvio que exterminou todos os seres humanos e animais que não estavam abrigados com Noé e sua família em uma arca30.

Kardec, porém, nos esclarece:

(...) Ainda uma vez, nada poderia prevalecer contra a evidência dos fatos. Ao contrário, tudo se explica, admitindo-se a existência do Homem, antes da época que, vulgarmente, lhe é atribuída; a diversidade das origens; Adão vivendo há 6000 anos, povoando uma região ainda desabitada; o dilúvio de Noé, como uma catástrofe parcial, confundida com o cataclismo geológico; finalmente, levando-se em conta a forma alegórica própria ao estilo oriental e que se encontra nos livros sagrados de todos os povos. Eis por que é prudente não agir com leviandade, julgando falsas doutrinas que podem, mais cedo ou mais tarde, como tantas outras, desmentir aqueles que as combatem. As ideias religiosas, longe de se perderem, se engrandecem, caminhando com a Ciência; este o único meio de não mostrarem um lado vulnerável ao ceticismo.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, item 59. CELD.)

Vale ressaltar que a espécie humana não surgiu na Terra com todas as suas capacidades desenvolvidas. O Anexo 10 mostra a trajetória do Homem primitivo no seu processo de desenvolvimento.

Questão 49 – Se o gérmen da espécie humana encontrava-se entre os elementos orgânicos do globo, por que não se formam, espontaneamente, Homens, como na origem destes?

“O princípio das coisas está nos segredos de Deus; todavia, pode-se dizer que os Homens, uma vez espalhados pela Terra, absorveram em si mesmos os elementos necessários à sua formação para transmiti-los, segundo as leis da reprodução. O mesmo se dá com as diferentes espécies de seres vivos.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD – grifo nosso.)

29 Para mais detalhes, ver Anexo 7. 30 Idem, ver Anexo 9.

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Somos cocriadores pelas leis da reprodução. Kardec nos diz31 que a união dos sexos para operar a renovação dos seres que morrem é de ordem divina. E prossegue dizendo:

3. Porém, na união dos sexos, ao lado da Lei Divina material, comum a todos os seres vivos, há uma outra Lei Divina, imutável como todas as Leis de Deus, exclusivamente moral: é a lei do amor. Deus quis que os seres fossem unidos, não somente pelos laços da carne, mas pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se estenda sobre seus filhos, e que eles fossem dois, em lugar de um, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir. (...)

(ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXII. CELD.)

Dessa forma fica claro que nosso papel como cocriadores vai muito além da união para a geração de corpos e dos cuidados materiais para com os filhos32.

Questão 50 – A espécie humana começou por um único homem?

“Não; aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro, nem o único que povoou a Terra.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

36. Segundo o ensino dos espíritos, foi uma dessas grandes imigrações, ou, se

quiserem, uma dessas colônias de espíritos vindas de uma outra esfera, que deu origem à raça simbolizada na figura de Adão, e, por essa razão, chamada de raça adâmica. Quando ela chegou aqui, a Terra já estava povoada desde tempos imemoriais, assim como a América, quando os europeus chegaram lá. (...)

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XI. CELD.)

Questão 51 – Podemos saber em que época vivia Adão?

“Aproximadamente, naquela que lhe assinalais; mais ou menos 4000 anos antes do Cristo.”

O homem, cujo nome a tradição conservou como Adão, foi um daqueles que sobreviveram, numa região, após alguns dos grandes cataclismos que agitaram, em diversas épocas, a superfície do globo, e se tornou o tronco de uma das raças que, hoje, o povoam. As leis da Natureza se opõem a que os progressos da Humanidade, constatados muito tempo antes do Cristo, tenham podido se efetuar em alguns séculos, como se o homem estivesse na

31 ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXII, item 2. CELD. 32 Para melhor entendimento sobre a visão espiritual das uniões afetivas, recomendamos a

leitura da obra Vida e Sexo; do Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, Editora FEB.

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Terra, apenas a partir da época assinalada pela existência de Adão. Alguns consideram, e com mais razão, Adão como um mito ou uma alegoria que personifica as primeiras idades do mundo.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Percebemos, então, que a chegada dos seres humanos à Terra não se deu de forma milagrosa, instantânea. Os primeiros corpos humanos se formaram pelo aper-feiçoamento dos seres vivos que lhes antecederam. Tudo isso para prover a habitação adequada ao estágio evolutivo dos espíritos.

Mas como os primeiros homens se agruparam em povos? E a raça adâmica, qual foi o seu destino na Terra?

Veja também:

• O Livro dos Espíritos, questões 819 a 822. • A Gênese, capítulo VII, itens 43 a 50; capítulo XI, itens 28 a 41; e

capítulo XII, itens 1 a12.

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Tema 4 – Diversidade dos povos Objetivo:

• Perceber que a finalidade da diversidade dos povos é o progresso intelecto-moral da humanidade pelas variadas experiências.

Questão 52 – De onde vêm as diferenças físicas e morais que distinguem as variedades de raças33 humanas na Terra?

“Do clima, da vida e dos hábitos. O mesmo se dá com dois filhos de uma mesma mãe, que, educados longe e diferentemente um do outro, em nada se asse-melharão quanto ao moral.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

29. Ainda que os primeiros que vieram devessem ser pouco adiantados, pelo

fato mesmo de terem de encarnar em corpos muito imperfeitos, deveria haver entre eles diferenças sensíveis nas suas características e aptidões, segundo o grau de seu desenvolvimento moral e intelectual. Os espíritos similares se agruparam natural-mente, por analogia e simpatia. (...) Os espíritos similares, continuando a encarnar de preferência entre os seus semelhantes, perpetuaram as características distintivas, físicas e morais, das raças e dos povos, que só desaparecerão com o tempo, mediante a fusão e o progresso dos espíritos.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XI. CELD.)

A bondade de Deus nos permite reencarnar em diferentes cenários para aprendermos a valorizar o que temos, tanto quanto aprendermos diversos comporta-mentos e culturas. Cada área do globo tem suas peculiaridades: belezas naturais, facilidades no acesso aos bens materiais, bem como doenças, guerras, catástrofes naturais, etc., que representam sempre oportunidades de aprendizado para os espíritos que ali vivem. Essas experiências variadas na vida material promovem o amadureci-mento e, consequentemente, aumentam o livre-arbítrio (a capacidade de fazermos escolhas e a responsabilidade de responder pelo que escolhemos), principalmente no planejamento reencarnatório.

O conhecimento sobre essa didática divina que o Espiritismo proporciona produz consequências para o espírito, tais como a aceitação das condições em que reencarnou, entendendo como funciona a lei de Causa e Efeito; entendendo, também,

33 Ver “Nota Explicativa” ao final das obras básicas de Allan Kardec editadas pelo CELD. (Nota da Equipe do Encontro.)

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que tudo o que nos acontece está no cabimento da Lei Divina, pois Deus é bom quando me dá, quando me tira e quando me impede de ter34.

Questão 53 – O homem surgiu em vários pontos do globo?

“Sim e em diversas épocas, e aí está uma das causas da diversidade das raças; depois, os Homens, dispersando-se sob diferentes climas e aliando-se a outras raças, formaram novos tipos.”35

a) Estas diferenças constituem espécies distintas?

“Certamente que não, todos são da mesma família: as diferentes variedades do mesmo fruto o impedem de pertencer à mesma espécie?”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

38. Do ponto de vista fisiológico, certas raças apresentam tipos particulares

característicos que não permitem afirmar que tiveram uma origem comum. Há dife-renças que, evidentemente, não são simples efeitos do clima, uma vez que os brancos que se reproduzem em regiões de negros não se tornam negros e vice-versa. O calor do Sol queima e bronzeia a pele, mas nunca transformou um branco em negro, achatou o nariz, mudou traços fisionômicos, nem tornou crespos e lanosos os cabelos longos e sedosos. Hoje, sabe-se que a cor do negro resulta de um tecido especial subcutâneo que se liga à espécie.

Deve-se, portanto, considerar as raças negra, mongólica e caucásica como tendo origens próprias e surgidas simultânea ou sucessivamente em diferentes partes do globo; o seu cruzamento produziu as raças mistas secundárias. (...)

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo XI. CELD.)

Encontramos nos corpos físicos, desde o homem primitivo ao homo sapiens, a possibilidade de o espírito desenvolver suas faculdades como inteligência, livre-arbítrio, vontade, pensamento contínuo. Apesar das diversas mutações que os corpos sofreram, não deixam de pertencer à espécie humana, pois, mesmo surgindo em vários pontos do planeta, passaram pelo mesmo processo de elaboração.

Questão 54 – Se a espécie humana não procede de um único indivíduo, os homens devem deixar de considerar-se irmãos por isso?

“Todos os homens são irmãos em Deus, porque são animados pelo espírito e tendem para o mesmo objetivo. Quereis sempre tomar as palavras ao pé da letra.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

34 Para mais detalhes sobre a lei de Causa e Efeito aliada à bondade de Deus, ver Apostila do 30o Encontro Espírita sobe O Livro dos Espíritos; Tema 5.

35 Colocamos no Anexo 11 trechos da narrativa de Emmanuel em A Caminho da Luz sobre o surgimento do Homem em diferentes pontos do globo e sua dispersão. (Nota da Equipe do Encontro.)

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Deus educa seus filhos colocando lado a lado a ignorância e o saber, o bem e o mal, ou seja, espíritos em diferentes níveis de conhecimento e moralidade, para que os mais adiantados auxiliem no progresso dos mais atrasados. Ele deseja que nos amemos, troquemos conhecimentos e cuidemos uns dos outros para crescermos juntos rumo à perfeição. E Jesus é não só o nosso mestre condutor, mas um irmão mais velho que esteve encarnado entre nós para, através do contato, nos ensinar o amor a Deus e ao próximo.

Podemos concluir, então, que o estudo da diversidade dos povos nos ajuda a:

• confiar na sabedoria e perfeição do projeto de Deus; • perceber a adequação ao meio em que se reencarna como fator edu-

cativo; • compreender que fazemos parte da grande família humana, abolindo

preconceitos.

E os outros planetas, também servem de morada para os seres vivos?

Veja também:

• O Livro dos Espíritos, questões 132, 171 e 625. • A Gênese, capítulo XI, item 32 e nota de rodapé de Kardec.

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Tema 5 – Pluralidade dos Mundos “(...) Contemplai, pois, essa abóba-

da azulada, à noite, à hora do repouso e da prece, e nessas esferas inumeráveis que brilham sobre vossas cabeças, pro-curai aquelas que levam a Deus e implo-rai a ele que um mundo regenerador vos abra as portas, após a expiação na Terra.” – Santo Agostinho

(ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III, item 18. CELD.)

Objetivo:

• Analisar as diferentes condições físicas e morais dos mundos como esta-ções de progresso.

• Perceber que o conhecimento da escala dos mundos nos dá condições de:

o compreender o estágio atual do mundo em que habitamos e

o traçar metas na caminhada evolutiva.

Até aqui, analisamos a Vontade Divina atuando na formação do Universo, bem como do planeta Terra e seus habitantes. Veremos a seguir os diversos tipos de morada para os espíritos encarnados e a nossa atuação no mundo em que habitamos.

“Cesse de perturbar-se o vosso coração! Crede em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, e quando for e vos tiver preparado o lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também.”

Jesus

(João, XIV:1 a 3. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.)

Jesus na passagem acima faz menção à quantidade infinita de mundos que existem no nosso Universo. E vai além, consolando-nos e confortando quando diz que um dia estaremos junto a Ele.

Também podemos conceber como moradas o estado feliz ou infeliz do espírito. A ambiência espiritual do nosso planeta é composta pela soma do mundo interior (sentimentos e pensamentos) vivido em cada um de nós, ou seja, é a casa das nossas emoções. Dessa forma todos influenciamos o mundo material e espiritual que nos cerca.

Dependendo da forma como agimos quando encarnados, o nosso estado d’alma na erraticidade será mais ou menos desligado do mundo material. Daí a

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importância de nos vigiarmos a todo instante, cultivando boas ações, para então, um dia, estarmos lá onde Jesus está.

Questão 55 – Todos os globos que giram no Espaço são habitados?

“Sim, e o Homem da Terra está longe de ser, como o supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição. Há, no entanto, Homens que se acreditam muito fortes, que imaginam que este pequeno globo é o único a possuir o privilégio de conter seres racionais. Orgulho e vaidade! Acreditam que Deus criou o Universo unicamente para eles.”

Deus povoou os mundos de seres vivos que contribuem, todos, para o objetivo final da Providência. Acreditar que os seres vivos estejam limitados unicamente ao ponto que habitamos no Universo, seria colocar em dúvida a sabedoria de Deus, que nada fez de inútil; ele deve ter traçado para esses mundos um objetivo mais sério do que o de recrear nossa vista. Nada há, aliás, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa, racionalmente, fazer supor que apenas ela tenha o privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de mundos semelhantes36.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD – grifo nosso.)

O objetivo final da Providência é a perfeição e a felicidade inalterável de todas as suas criaturas. E nessa caminhada ao progresso, vamos percebendo a contribuição de todos os seres vivos na manutenção do planeta; e isso reforça a ideia de que todos somos úteis – basta que atentemos à função que nos foi designada. E nesse conjunto harmonioso, Deus conduz todos os seres ao progresso através do trabalho.

Ampliando essa visão para os diversos mundos, e recordando que Deus não cria nada por acaso – tudo tem o seu porquê, seu propósito e sua destinação, segundo a lei de Progresso – e que a matéria é instrumento de auxílio na condução moral e intelectual do espírito, é coerente conceber a existência dos diversos mundos e da vida em todos eles.

Existem pesquisas científicas que exploram o Universo com objetivo de encontrar vida além da Terra. E alguns destes cientistas declaram que as chances de existir a vida no Espaço é quase uma certeza. Vemos aí a Ciência buscando compro-var o que a Doutrina já trata como verdade. (Ver Anexo 14.)

176. Os Espíritos, depois de terem encarnado em outros mundos, podem fazê-lo neste, sem que jamais tenham estado aqui?

“Sim, como vós, em outros. Todos os mundos são solidários. O que não se faz num, faz-se noutro.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

36 Colocamos no Anexo 14 uma entrevista com um grupo de cientistas que descobriu um planeta com características físicas semelhantes às da Terra. (Nota da Equipe do Encontro.)

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Há muitos exemplos na bibliografia espírita dessa solidariedade entre os mundos: os espíritos exilados de Capela37, Alcíone em Sirius38, Mozart em Júpiter39, etc. Deus é tão justo e bom que, aproveitando as necessidades dos habitantes de cada planeta e dos espíritos estrangeiros, permite que esse evento de solidariedade e coletividade aconteça.

Para os espíritos elevados, que vêm aos mundos inferiores por missão, o sentimento de fraternidade já é bem natural. Para nós, que ainda não chegamos a esse patamar, ainda é bastante difícil exercermos essa solidariedade. Contudo, em nossos pequenos mundos, na família, no trabalho, na casa espírita, podemos começar a aflorar esse sentimento: basta agir!

Percebemos assim que a Misericórdia de Deus nos dá inúmeras oportunidades para fazer o bem aos nossos irmãos, seja como encarnado ou desencarnado. A solidariedade entre os mundos permite-nos o contato com os espíritos que se adiantaram em inteligência ou em moralidade em outros orbes para o aprendizado pela troca de experiências.

A tarefa que nos é designada não é superior às nossas forças. E a lição da solidariedade que nos é passada pelos bons espíritos nos diz, também, que o homem mais importante sob o ponto de vista da hierarquia humana precisa do operário que confecciona o tijolo de sua residência ou o pãozinho do seu café da manhã.

3. Do ensino dado pelos espíritos, resulta que os diversos mundos estão em condições muito diferentes uns dos outros, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes. Dentre esses mundos, existem aqueles cujos habitantes ainda são inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros estão no mesmo grau e outros lhes são mais ou menos superiores em todos os aspectos. (...)40

(ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III. CELD.)

Nossas ações e pensamentos caracterizam o planeta em que habitamos, e por estar na condição de espíritos ainda imperfeitos, somos habitantes de um mundo inferior. “Ao mesmo tempo em que os seres vivos progridem moralmente, os mundos em que eles habitam progridem materialmente” (Santo Agostinho)41. Vemos injus-tiças na Terra, irmãos com necessidades materiais ou em sofrimentos de diversas expressões, bem como pessoas em situação material confortável. Percebemos dessa

37 Emmanuel, pela psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. A Caminho da Luz. Editora FEB.

38 Emmanuel, pela psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. Renúncia. Editora FEB.

39 ALLAN KARDEC. Revista Espírita, maio de 1858. Editora FEB. (dentre outras referências)

40 O Anexo 12 apresenta um resumo das diferentes condições físicas e morais dos mundos. (Nota da Equipe do Encontro.)

41 ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III, item 19. CELD.

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forma que ainda no mesmo mundo existem diferentes condições materiais, porém “o sofrimento está em toda a parte”42, portanto precisamos ajudar uns aos outros para evoluirmos coletivamente.

Questão 56 – A constituição física dos diferentes globos é a mesma?

“Não; eles de modo algum se assemelham.”

Questão 57 – Não sendo a mesma para todos, a constituição física dos mundos, segue-se que haja para os seres que os habitam uma organização diferente?

“Sem dúvida, assim como no vosso os peixes são feitos para viver na água e os pássaros no ar.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Alguns cientistas ainda duvidam da existência de mundos habitados pela carência de grandes evidências materiais. A constituição física dos outros mundos não é igual à nossa, e, por mais que não encontremos neles a matéria que nos é conhecida, isto não impede que lá exista outro tipo de matéria.

Os mundos são estações com as características físicas necessárias ao progresso dos que neles habitam. A matéria com a qual temos contato (perceptível aos nossos órgãos físicos e aos nossos instrumentos) encontra-se em um estado físico (mais bruto) apropriado às experiências que ainda necessitamos vivenciar43. Porém, em mundos mais adiantados os habitantes não necessitam sofrer as vicissitudes da matéria grosseira para se purificarem. Portanto, a diferenciação dos mundos se dá pela situação em que se encontram os seus habitantes.

À medida que os espíritos evoluem, a sua conformação física também se torna menos rude. Esse exemplo é bem claro na história do nosso planeta: os humanoides eram seres muito mais rudimentares fisicamente do que nós da atualidade. A beleza, nesse sentido, é a consequência do estado moral do espírito. Para nós, habitantes do planeta Terra, a beleza muitas vezes é um estímulo à vaidade e ao orgulho, e muitos espíritos são falhos nesse tipo de prova. Porém, se usarmos nosso corpo como instrumento de progresso, estaremos buscando o desapego e, consequentemente, a predominância do espírito sobre a matéria.

Questão 58 – Os mundos que se encontram mais afastados do Sol acham-se privados de luz e de calor, visto que o Sol não se mostra a eles senão sob a aparência de uma estrela?

42 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questão 931. CELD. 43 Ver O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III, item 15 e O Livro dos Espíritos,

questões 181 e 182.

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“Credes, pois, que não haja outras fontes de luz e de calor além do Sol; e não levais em conta a eletricidade que, em certos mundos, desempenha um papel que vos é desconhecido e bem mais importante do que na Terra? Além disso, não foi dito que todos os seres veem da mesma maneira que vós e com órgãos constituídos como os vossos.”

As condições de existência dos seres que habitam os diferentes mundos devem ser apropriadas ao meio no qual eles são convocados a viver. Se nunca tivéssemos visto peixes, não compreenderíamos que seres pudessem viver na água. Assim é, em outros mundos, que encerram, sem dúvida, elementos que nos são desconhecidos. Não vemos, na Terra, as longas noites polares iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? Nada há de impossível em que, em certos mundos, a eletricidade seja mais abundante do que na Terra e neles desempenhar um papel geral, cujos efeitos não podemos compreender. Esses mundos podem, portanto, encerrar, em si mesmos, as fontes de calor e de luz necessárias aos seus habitantes.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

11. Conforme nossos cálculos, o Sol deve aparecer aos habitantes de Júpiter

sob um ângulo muito pequeno e, em consequência, dar-lhes pouca luz. Podes dizer-nos se a intensidade da luz é ali igual à da Terra ou se é menos forte?

“Júpiter é envolvido por uma espécie de luz espiritual que mantém relação com a essência de seus habitantes. A luz grosseira de vosso Sol não foi feita para eles.”

Bernard Palissy

(ALLAN KARDEC. Revista Espírita, abril de 1858, Conversas Familiares de Além-Túmulo. Editora FEB.)

Sabendo que cada planeta possui as condições físicas adequadas à manutenção da vida de seus habitantes, a luz solar, mesmo sendo grosseira em Júpiter, exerce importante papel na Terra. Por exemplo, “se não fosse o poder muito maior da luz solar, casada ao magnetismo terrestre, poder esse que destrói intensivamente para selecionar as manifestações da vida, na esfera da Crosta, a flora microbiana de ordem inferior não teria permitido a existência dum só homem na superfície do globo.”44

Para os mundos superiores, as condições de existência tendem a ser muito mais ligadas à vida espiritual, enquanto que, para nós, com outras características, utilizamos artifícios bem mais rudimentares e materiais. Nesse sentido, encontramos a beleza da divindade: cada um de nós conta com um pedaço da criação que nos serve

44 André Luiz, pela psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. Os Mensageiros. Editora FEB.

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diante das nossas necessidades. Assim temos responsabilidades quanto a tudo que nos foi dado como instrumento de crescimento, e dessa forma, prestaremos contas do que fizemos com o que nos foi ofertado e com este espaço em que habitamos.

Como habitantes do planeta Terra, depois de saber o que já estudamos, qual a nossa contribuição?

Veja também:

• A Gênese, capítulo XI, item 27. • O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III. • Revista Espírita, agosto de 1858, Habitações do Planeta Júpiter.

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Tema 6 – Qual a parte que nos cabe na obra da Criação?

Objetivo:

• Reconhecer o nosso compromisso como cocriadores em conformidade com a Lei de Deus.

Ser cocriador não tem só o aspecto de “criar”, mas também de melhorar, aperfeiçoar o que se cria, o que se faz, contribuir para a evolução das coisas.

Questão 132 – Qual é o objetivo da encarnação dos Espíritos?

“Deus impõe-lhes a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, é uma missão. Porém, para chegar a essa perfeição, devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal: nisto é que está a expiação. A encarnação tem também um outro objetivo, que é o de colocar o espírito em condições de suportar sua parte na obra da Criação; é para executá-la que, em cada mundo, ele toma um instrumento em harmonia com a matéria essencial desse mundo para aí executar, daquele ponto de vista, as ordens de Deus; de tal forma que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”

A ação dos seres corporais é necessária à marcha do Universo; Deus, porém, na sua sabedoria, quis que, nessa mesma ação, eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar dele. É assim que, por uma admirável Lei de sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD – grifos nossos em negrito.)

Suportar aqui tem a ideia de “ter sobre si; sustentar”45, ajudar a alcançar aquilo que se objetiva no que tange ao progresso da humanidade, ao cumprimento da Lei Divina (o que nos cabe na obra da Criação). Somos o suporte para a implantação do Reino de Deus aqui na Terra.

Conforme nos diz Santo Agostinho46, nosso planeta tem por característica “servir de lugar de exílio para os espíritos rebeldes à Lei de Deus.” Neste mundo “os espíritos têm de lutar contra a perversidade dos homens e a inclemência da Natureza”. Isso mostra que, devido ao nosso atual estágio evolutivo, a nossa parte na obra da Criação exige o contato com espíritos imperfeitos, como nós próprios, e com circunstâncias materiais bastante penosas. Porém, São Luís nos esclarece: “Aqueles que realizam essa tarefa com zelo transpõem, rapidamente e menos penosamente,

45 AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA. Mini Aurélio – o Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Positivo.

46 ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III, item 15. CELD.

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esses primeiros degraus da iniciação, e desfrutam mais cedo do resultado do seu trabalho”47, abreviando as suas condições de reencarnação.

Questão 573 – Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados?

“ Instruir os homens; auxiliar-lhes o progresso; melhorar suas instituições, através de meios diretos e materiais; as missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes; aquele que cultiva a terra cumpre uma missão, como aquele que governa ou o que instrui. Tudo se encadeia na Natureza; ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da Providência. Cada um tem sua missão neste mundo, porque cada qual pode ser útil em alguma coisa.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD – grifos nossos.)

Por estarmos em um mundo de provas e expiações, os desígnios dos quais Deus nos confiou a execução constituem-se de tarefas bastante materiais, seja em família, no trabalho profissional, na casa espírita, seja exercendo o nosso papel de cidadãos. Através dessas tarefas, contribuímos para o progresso das outras criaturas de Deus, e pelo aprendizado que adquirimos com cada experiência, nós próprios também progredimos.

Dr. Hermann nos esclarece48: “Cada um traz em si a marca de um dever (...). Cada um traz em si a função para a qual veio talhado49”. – Isso significa que cada um de nós está ligado a certo gênero de tarefas com o qual se vinculou anteriormente, seja no plano espiritual, seja em outras encarnações. – E o benfeitor acrescenta: “Cada um cumpra com o desejo do seu coração, mas que todos recordem o sagrado dever com a oportunidade de trabalho que lhes é dada.”

Portanto cada um de nós deve se perguntar: Estou trabalhando para o bem de todos? Estou espalhando o bem entre as criaturas de Deus?50

Questão 625 – Qual é o tipo mais perfeito, que Deus tenha oferecido ao Homem, para lhe servir de guia e de modelo?

“Vede Jesus.”

Jesus é para o homem o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua Lei, porque ele era animado pelo espírito divino e o ser mais puro de todos os que apareceram na Terra.

47 ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo IV, item 25. CELD. 48 Ver Anexo 15. 49 Talhar: (...) 2. Gravar, esculpir. (...) 5. Ajustar, moldar. (...) (AURÉLIO BUARQUE DE

HOLANDA FERREIRA. Mini Aurélio – o Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Positivo.) 50 Ver Anexo 16.

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Se alguns daqueles que pretenderam instruir o Homem na Lei de Deus, algumas vezes, o têm desviado, através de falsos princípios, foi por se terem deixado dominar, eles próprios, por sentimentos muito terrestres e por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo. Muitos têm apresentado como leis divinas o que eram apenas leis humanas, criadas para servir às paixões e dominar os homens.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD – grifos nossos.)

Na obra da Criação existem leis que regem as condições da vida do corpo e as que regem as condições da vida da alma. Veremos no quadro a seguir, um resumo do que foi visto nos temas anteriores, mostrando essa diferenciação.

Condições da vida da alma Condições da vida do corpo

A Vontade de Deus constrói as formas e fixa as leis. Na criação divina tudo tem um propósito superior.

Os planetas são formados pela condensação da matéria disseminada no espaço.

Na formação dos seres vivos há, também, a união dessa matéria ao princí-pio espiritual, que se elabora através dos diversos estágios pelos reinos da Nature-za para se tornar espírito.

Por meio de transformações ao longo de milhões de anos, as moléculas inorgânicas existentes nos primórdios da Terra deram origem aos organismos sim-ples, e estes, aos mais complexos.

Deus quis que os seres fossem unidos, não somente pelos laços da carne, mas pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se estenda sobre seus filhos.

Os Homens, uma vez espalhados pela Terra, absorveram em si mesmos os elementos necessários à sua formação para transmiti-los, segundo as leis da re-produção.

Todos os Homens pertencem à espécie humana e são irmãos em Deus, porque são animados pelo espírito e tendem para o mesmo objetivo.

As diversas raças humanas tive-ram origens próprias e surgiram em dife-rentes partes do globo.

Os mundos são estações com as características físicas necessárias ao pro-gresso dos que neles habitam.

A constituição física dos diferen-tes globos não é a mesma.

A encarnação de Jesus na Terra nos tirou das trevas da ignorância sobre a Lei de Deus. Ele nos ensinou a lei de Amor e seus desdobramentos, deixando-nos o exemplo de como devemos proceder para cumprirmos os desígnios de Deus.

Nós traçamos uma trajetória ao longo do tempo e vamos continuar traçando, já que o progresso é incessante. Por isso devemos nos perguntar:

Como nós estamos nos portando no nosso dia a dia, para fazer jus à oportunidade de evolução que Deus nos dá?

Graças a esse pensamento, conseguimos fazer escolhas cada vez melhores, cada vez mais em conformidade com a Vontade de Deus.

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Veja também:

• O Livro dos Espíritos, questões 133, 647, 648, 675 e 676. • O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo IV, item 26.

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Conclusão do Encontro Assim percebemos que a Vontade de Deus é como ele, soberanamente justa e

perfeita. Ela se manifesta não só na criação dos seres e dos mundos, mas também na condução das suas criaturas para a perfeição. Tudo na Criação divina tem um propósito superior.

A bondade divina mantém o equilíbrio do Universo através de leis sábias e justas, e conta com a ajuda de todas as suas criaturas, desde o átomo primitivo até o arcanjo, para a elaboração das formas e a manutenção da harmonia geral. Tudo se encadeia de modo que todos os seres progridem pelo trabalho. “Deus se ocupa com todos os seres que criou, por menores que sejam; para sua bondade, nada é pequenino.” 51

Os corpos humanos, recursos indispensáveis ao progresso dos espíritos, se originaram pelo mesmo princípio que os outros seres: “cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior”52. Após sua origem no mundo, os seres passaram a formar novos corpos pela reprodução.

Percorremos diversos mundos progredindo em ambientes apropriados ao nosso estágio e em contato com espíritos de diferentes níveis, para que os mais adiantados auxiliem no progresso dos mais atrasados. Contamos não só com nossos irmãos da Terra, mas também com a solidariedade dos nossos irmãos que se adiantaram em outros orbes. “Todos os mundos são solidários. O que não se faz num, faz-se noutro”53.

Jesus é um dos mensageiros e ministros de Deus, “cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal”54. É o nosso modelo mais perfeito, que nos ensina como devemos proceder para cumprirmos os desígnios divinos, ou seja, a parte que nos cabe na obra da Criação.

51 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questão 963. CELD. 52 ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo X, itens 27 e 28. CELD. 53 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, questão 176. CELD. 54 ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, item 113. CELD.

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ANEXO 1 – Tema 1 Nossa Galáxia

Para idearmos, de algum modo, a grandeza inconcebível da Criação, comparemos a nossa galáxia a grande cidade, perdida entre incontáveis grandes cidades, de um país cuja extensão não conseguimos prever.

Tomando o Sol e os mundos nossos vizinhos como apartamentos de nosso edifício, reconheceremos que em derredor repontam outros edifícios em todas as direções.

Assestando instrumentos de longo alcance da nossa sala de estudo, perceberemos que nossa casa não é a mais humilde, mas que inúmeras outras lhe superam as expressões de magnitude e beleza.

Aprendemos que, além de nossa edificação, salientam-se palácios e arranha-céus como Betelgeuze, no distrito de Órion, Canópus, na região do navio, Arctúrus, no conjunto do Boieiro, Antares, no centro do Escorpião, e outras muitas residências senhoriais, imponentes e belas, exibindo uma glória perante a qual todos os nossos valores se apagariam.

Por processos ópticos, verificamos que a nossa cidade apresenta uma forma espiralada e que a onda de rádio, avançando com a velocidade da luz, gasta mil séculos terrenos para percorrer-lhe o diâmetro. Nela surpreenderemos milhões de lares, nas mais diversas dimensões e feitios, instituídos de há muito, recém-organizados, envelhecidos ou em vias de instalação, nos quais a vida e a experiência enxameiam vitoriosas.

André Luiz

(Psicografia de FRANCISCO C. XAVIER e WALDO VIEIRA. Evolução em Dois Mundos,

Primeira parte, capítulo 1. Editora FEB.)

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ANEXO 2 – Tema 1 A obra dos seis dias

No princípio, Deus criou o céu e a Terra. Ora, a Terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas.

Deus disse: “Haja luz”, e houve luz. Deus viu que a luz era boa e Deus separou a luz e as trevas. Deus chamou à luz “dia” e às trevas “noite”. Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia.

Deus disse: “Haja um firmamento55 no meio das águas e que ele separe as águas das águas”, e assim se fez. Deus fez o firmamento, que separou as águas que estão sob o firmamento das águas que estão acima do firmamento, e Deus chamou ao firmamento “céu”. Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia.

Deus disse: “Que as águas que estão sob o céu se reúnam num só lugar e que apareça o continente”, e assim se fez. Deus chamou ao continente “terra” e à massa das águas “mares”, e Deus viu que isso era bom.

Deus disse: “Que a terra verdeje de verdura: ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem sobre a terra, segundo sua espécie, frutos contendo sua semente”, e assim se fez. (...) Houve uma tarde e uma manhã: terceiro dia.

Deus disse: “Que haja luzeiros no firmamento do céu para separar o dia e a noite; que eles sirvam de sinais, tanto para as festas quanto para os dias e os anos; que sejam luzeiros no firmamento do céu para iluminar a terra”, e assim se fez. Deus fez os dois luzeiros maiores:56 o grande luzeiro como poder do dia e o pequeno luzeiro como poder da noite, e as estrelas. (...) Houve uma tarde e uma manhã: quarto dia.

Deus disse: “Fervilhem as águas um fervilhar de seres vivos e que as aves voem acima da terra, sob o firmamento do céu”, e assim se fez. (...) Houve uma tarde e uma manhã: quinto dia.

Deus disse: “Que a terra produza seres vivos segundo sua espécie: animais domésticos, répteis e feras segundo sua espécie”, e assim se fez. (...)

Deus disse: “Façamos57 o Homem à nossa imagem, como nossa semelhança (...)”. Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia.

(...) Deus concluiu no sétimo dia a obra que fizera e no sétimo dia descansou, depois de toda a obra que fizera.

(Gênesis: 1 e 2. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.)

55 A “abóbada” aparente do céu era para os antigos semitas uma cúpula sólida, mas também uma tenda armada, retendo as águas superiores por suas aberturas; por elas Deus faz vir sobre a terra a chuva e a neve e faz também jorrar o dilúvio. (Nota da Editora Paulus.)

56 Os nomes são omitidos propositalmente: o Sol e a Lua, divinizados por todos os povos vizinhos, aqui são simples luzeiros que iluminam a Terra e fixam o calendário. A divinização dos astros era tão tentadora que o autor deve ainda lhes reconhecer um papel de “poderes”, podendo “comandar” o que faz parte também das representações tradicionais. (Nota da Editora Paulus.)

57 (...) quando Deus, como em 11:7, ou não importa qual outra pessoa, fala consigo mesmo, a gramática hebraica parece aconselhar o emprego do plural. O grego (...) compreendeu este texto como uma deliberação de Deus com sua corte celeste, com os anjos. E este plural era uma porta aberta para a interpretação dos Padres da Igreja, que viram já sugerido aqui o mistério da Trindade. (Nota da Editora Paulus.)

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ANEXO 3 – Tema 1 Considerações científicas sobre a origem do Universo

SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO

Teve um ponto de partida. A Ciência, nesse aspecto, trabalha com teorias; não há uma resposta segura sobre a origem do Universo. A melhor teoria que nós temos é a do Big Bang, que diz que o Universo estava, como que, concentrado em um único ponto com uma massa “absurda”. Vejamos, por exemplo, a matéria que constitui uma cadeira, se a comprimirmos até que toda a sua massa se concentre em um pequenino espaço, a tendência é que ela exploda.

A Ciência estima que essa explosão aconteceu a 13,5 bilhões de anos, com uma incerteza de mais ou menos 3 bilhões, através de datação de substâncias químicas, como, por exemplo, o urânio. Há pessoas que estudam outras formas de medir a origem do Universo, como, por exemplo, por onda de rádio, ou outro tipo de propagação, chegando-se à conclusão de que o Universo seria mais antigo.

A respeito dessa teoria algumas pessoas (não espíritas, principalmente) levantam a seguinte questão: “Se o Universo partiu de um ponto, o que havia antes?” Não era o nada, pois para a Ciência, assim como para o Espiritismo, o nada não existe. O que a Ciência diz é que antes da explosão, não havia tempo. O tempo começou a existir com o espaço; os dois caminham juntos.

SOBRE A IDEIA DE DEUS COMO CRIADOR DO UNIVERSO

Nós – a humanidade – temos um conhecimento cada vez maior sobre a matéria, que é o objeto de estudo da Ciência. A Ciência, porém, não estuda Deus, não por descartar essa ideia, mas porque ela não se preocupa com isso. Como espíritas, sabemos que, mesmo seguindo esse caminho, ela irá, no futuro, encontrar Deus, o Criador; e isso ocorrerá por consequência do seu estudo, não, por ela ter o objetivo de provar ou não a existência de Deus.

Nessas investigações, através de aceleradores de partículas, são encontradas partículas cada vez menores da matéria, que dão uma ideia de como era o Universo bem “jovenzinho”. As deduções das combinações químicas possíveis levam até o ponto onde existiam essas partículas mais simples, mas não conseguimos chegar ao “ponto zero” da criação da matéria, do Universo, do espaço, porque a Ciência ainda não conhece a partícula elementar primitiva, revelada pelos espíritos na Codificação. Os cientistas não negam a sua existência, por isso continuam na busca.

SOBRE A FORMAÇÃO DOS PLANETAS

Supõe-se que os outros planetas e demais astros tenham começado como a Terra, porque seus estudos baseiam-se na análise da composição química de

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meteoritos58, imaginando-se a sua origem. E mesmo a idade da Terra é comparada com a desses meteoritos, tendo em vista que os materiais terrestres estão nas condições de temperatura, pressão, etc., da Terra, e um pedaço de material que vem do espaço traz o registro do local de onde ele saiu. As sondas enviadas ao espaço estão mostrando que é possível aos outros planetas possuírem constituição física diferente da do nosso – Por exemplo, um planeta “gigante” como Júpiter, que é quase todo constituído de gás. Essas sondas têm trazido a informação de que os planetas mais próximos à Terra possuem elementos químicos conhecidos por nós, mas com outra organização, que formou mundos muitos diferentes, que, inclusive, não comportam vida humana semelhante à da Terra. Vale ressaltar que a Ciência já admi-te a hipótese da existência de formas de vida com constituição diferente da nossa – se a nossa é baseada, principalmente, no elemento carbono, não poderia haver alguma baseada em silício ou nitrogênio, por exemplo? Além disso, pela análise da composição química dos materiais trazidos pelas sondas, a Ciência também presume, por dedução, o modo de formação desses planetas.

58 Meteorito: Corpo metálico ou rochoso que, vindo do espaço cósmico, cai na superfície da Terra; aerólito. (AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA. Mini Aurélio – o Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Positivo.)

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OS COMETAS E A FORMAÇÃO DOS MUNDOS

Há estudos que mostram que os cometas são fruto de uma agregação de matéria ocorrida em condições especiais no espaço – aqui temos a atmosfera da Terra, que impõe outras condições para essa agregação. Nesses estudos, são feitas análises dos materiais presentes nos meteoritos59, e depois, são enviados astronautas para tentar reproduzir nas estações espaciais as reações químicas que geraram aquela agregação, a fim de saber como elas ocorrem no espaço.

SOBRE A RENOVAÇÃO DOS MUNDOS

Tudo está sempre em constante agregação e desagregação. É o ciclo da matéria. Determinadas forças em algumas circunstâncias provocam certo tipo de agregação, quando essas forças entram em colapso e deixam de existir, aquela momentânea forma de agregação deixa de existir e a matéria disseminada assume outra. Um exemplo disso são os reflexos que vemos de estrelas que explodiram. O Sol, que também é uma estrela, está passando por esse processo de agregação, e, em algum momento, explodirá, deixando, assim, de existir.

A CIÊNCIA E O ESPIRITISMO

À época de Kardec, não eram ainda conhecidos os conceitos de átomo e suas subpartículas. A publicação da descoberta do elétron é de 1899 (30 anos após a sua desencarnação), a do próton e a do nêutron são do início do século seguinte, em uma época em que não havia calculadoras, nem computadores. O conhecimento científico em torno desses assuntos estava ainda muito “jovenzinho”, em termos de amadure-cimento, portanto seria natural que houvesse resistência a essas ideias trazidas pelos espíritos, mas Kardec, não obstante tudo isso, publica as ideias trazidas pelos espíritos superiores sobre o tema, pois enxergava em tudo isso uma fonte de conhecimento que precisaria se tornar público.

Todo Homem de Ciência que trabalha na sua divulgação e popularização contribui com o Espiritismo, pois no esforço de tornar simples os seus conceitos, eles nos ajudam a penetrar nos mistérios da Natureza, mesmo mantendo a visão de que todos esses fenômenos naturais acontecem de forma aleatória. Recentemente, em um evento acadêmico na área da Biologia, um cientista de renome internacional disse: “Ultimamente, eu tenho trabalhado com uma hipótese para estudar as relações dos ecossistemas60. Não obstante a ideia política, social e ecológica sobre o assunto, é

59 Um exemplo desses meteoritos é o Bendegó, que possui quase 2m³ de volume, em exposição no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.

60 Ecossistema: o conjunto formado pela comunidade e o meio ambiente: as relações que os seres vivos de uma comunidade estabelecem com os fatores ambientais, como, por exemplo, solo, ar, água, etc. (AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA. Mini Aurélio – o Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Positivo.)

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necessário um entendimento espiritual sobre isso, pois há alguma conexão espiritual entre nós e o mundo em que vivemos, pois se esse mundo está saudável, isso reper-cute positivamente na nossa saúde, mas se esse mundo adoece, isso nos prejudica. Essa conexão com o nosso mundo faz com que dependamos uns dos outros e nos obriga a conservá-lo para a nossa própria conservação”. Portanto, com o desenrolar dos estudos, os cientistas, em algum momento, perceberão que há uma intervenção superior nas leis que regem a matéria, e ao perguntarem “que intervenção é essa?”, abrirão caminho para a discussão sobre a natureza espiritual dessa intervenção.

Equipe do Encontro61

61 Para a elaboração deste anexo, a Equipe do Encontro contou com a ajuda do companheiro Alexandre Lobato.

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ANEXO 4 – Tema 1

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ANEXO 5 – Tema 2 Jesus e sua equipe na criação dos seres vivos

O DIVINO ESCULTOR

Sim, Ele havia vencido todos os pavores das energias desencadeadas; com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, trabalhando a escola abençoada e grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça. Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda parte no universo galáxico.

Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao Homem, antecipando-se ao seu nascimento, no mundo, no curso dos milênios; estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos da existência planetária, e edificou as usinas de ozone a 40 e 60 quilômetros de altitude, para que filtrassem convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a composição precisa à manutenção da vida organizada no orbe. Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias.

O VERBO NA CRIAÇÃO TERRESTRE

A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na intimidade das energias que vitalizam o organismo do Globo. Substituíram-lhe a providência com a palavra “Natureza”, em todos os seus estudos e análises da existência, mas o seu amor foi o Verbo da criação do princípio, como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem fim. E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos con-tinentes e dos mares primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimi-tados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso.

Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra.

Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros Homens.

Emmanuel (Psicografia de FRANCISCO C. XAVIER. A Caminho da Luz, capítulo 1. Editora FEB.)

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ANEXO 6 – Tema 2 A Ciência e a formação dos seres vivos

Na época da Codificação da Doutrina Espírita havia uma grande discussão no meio científico com relação à origem da vida. Alguns cientistas defendiam a teoria da Abiogênese (aristotélica), enquanto outros a da Biogênese. A Abiogênese defendia que os organismos surgiam da matéria inanimada (não viva) ou através de um “prin-cípio ativo” que existia no ar. Por exemplo, algumas pessoas acreditavam que uma camisa suada mantida junto a uma porção de grãos de trigo por certo tempo daria origem a ratos. Os cientistas defensores dessa teoria a aplicavam principalmente para explicar o aparecimento de seres menores, como insetos e vermes. Já a Biogênese defendia que um ser vivo só poderia surgir a partir de matéria viva ou de outro ser vivo.

O primeiro experimento conduzido para refutar a teoria da Abiogênese foi o de Francesco Redi, em 1668. Redi colocou pedaços de carne dentro de alguns potes, dos quais deixou metade abertos e a outra fechados. Dias depois ele observou que, nos potes que foram deixados abertos, larvas de moscas e moscas adultas estavam sobre a carne, enquanto que nos potes deixados fechados a carne se mantinha sem larvas e sem as moscas. Para ter certeza de que as tampas não impediam a circulação do ar e, consequentemente, a do “princípio ativo”, Redi refez o experimento fechando os potes com gaze. Após alguns dias, nos potes com gaze, ele observou que as larvas das moscas se concentravam sobre a gaze, mas não dentro do pote. Dessa forma Redi concluiu que as larvas não surgiam espontaneamente na carne, mas pelos ovos que as moscas colocavam na carne.

Com a invenção e o aperfeiçoamento do microscópio foram descobertos, em 1683 por Anton van Leeuwenhoek, os micro-organismos, o que renovou a aceitação da Abiogênese, agora aplicada ao surgimento desses seres minúsculos. Alguns ex-perimentos foram conduzidos por cientistas para refutação ou aceitação dessa teoria, como os caldos nutritivos aquecidos de John Needham, em 1745, e os caldos nutri-tivos fervidos de Lazzaro Spallanzani, em 1768. Porém, foi com o experimento de Louis Pasteur (figura a seguir), por volta de 1860, que foi refutada totalmente a ideia da Abiogênese aristotélica.

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Em seu experimento, Pasteur colocou um caldo nutritivo em um balão de vidro, de pescoço curvo e ferveu o caldo existente no balão, o suficiente para matar todos os possíveis micro-organismos que poderiam existir nele. Após serem aque-cidos, os vapores da água provenientes do caldo condensaram-se no pescoço do balão e se depositaram, em forma líquida, na sua curvatura inferior. Como os frascos ficavam abertos, não se podia falar da impossibilidade da entrada do “princípio ativo” do ar. Com a curvatura do gargalo, os micro-organismos do ar ficavam retidos na superfície interna úmida e não alcançavam o caldo nutritivo. Quando Pasteur quebrou o pescoço do balão, permitindo o contato do caldo existente dentro dele com o ar, constatou que o caldo contaminou-se com os micro-organismos provenientes do ar.

A refutação da teoria da Abiogênese aristotélica resolveu um dos grandes dilemas do século 19, porém não resolveu a questão de como surgiu o primeiro ser vivo na Terra ou de como a vida apareceu no nosso planeta. Para tentar desvendar esse mistério diversas hipóteses foram criadas pelos cientistas ao longo do tempo. A principal teoria, até o final do século 20, foi a de Oparin e Haldane (1924). De acordo com essa teoria, moléculas inorgânicas existentes nos primórdios da Terra sofreram transformações, sob diversas condições ambientais de temperatura, radiação ultra-violeta, gases atmosféricos e etc., e, após milhões de anos, essas moléculas formaram, nos oceanos, estruturas denominadas “coacervados”. Essas estruturas não eram ainda organismos vivos, mas ao se formarem em enormes quantidades, e se chocarem no meio aquoso durante um tempo muito longo, eventualmente atingiriam um nível de

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organização que desse a propriedade de replicação. Surgiria aí uma forma de vida extremamente primitiva. Essa teoria ficou conhecida como Origem Química da Vida.

A formação de moléculas orgânicas a partir de elementos inorgânicas foi com-provada mais tarde pelo experimento de Miller e Urey, em 1953. Nesse experimento foram reproduzidas as condições da Terra primitiva e obtiveram-se aminoácidos, que são as unidades básicas formadoras das proteínas e do nosso DNA.

No final do século 20 outra teoria ganhou força no meio científico para expli-car o surgimento da vida na Terra a partir de compostos inorgânicos: a Teoria do Mundo de RNA de Walter Gilbert (1986). O RNA é uma molécula análoga ao DNA, porém é capaz de desempenhar diferentes papéis no metabolismo celular. Baseando-se nessa capacidade, essa teoria diz que a primeira molécula de RNA teria surgido a partir da combinação dos elementos inorgânicos existentes no oceano da Terra primitiva, ao longo de milhões de anos. Após seu surgimento, essa molécula adquiriu a capacidade de se duplicar e, posteriormente, de possibilitar a formação de proteínas. Ao longo do tempo, formou-se uma camada de membrana que isolou essa molécula do meio externo e possibilitou que ela começasse a participar de reações dentro dessa célula primitiva e a sintetizar a molécula de DNA, a qual passou a ser, então, a molécula primordial, onde fica armazenada toda informação genética do organismo.

A partir dessa célula primordial, formaram-se, através da evolução, todos os organismos vivos que vemos hoje e outros que já foram extintos. Dentre os meca-nismos pelos quais a evolução acontece um se destaca: a Seleção Natural. Esse mecanismo foi descrito por Charles Darwin, em 1859, e consiste no princípio de que cada pequena variação (ou característica) que apareça num indivíduo, se benéfica, é preservada. Diversas características apareceram e ainda aparecem a todo o momento, e o que as fazem ser benéfica ou não é o ambiente onde elas aparecem. Por exemplo: em uma população de besouros marrons que vive na grama, nasce um com a cor verde. Este indivíduo será mais difícil de ser percebido por um predador, pois sua cor se confunde com a da grama ao seu redor. Dessa forma, ele consegue viver por mais tempo e se reproduz com maior sucesso que seus companheiros marrons, uma vez que esses morrem mais cedo e têm menos tempo para isso. Reproduzindo-se mais, o besouro verde consegue passar essa característica (que está no seu DNA) para os seus descendentes, e estes também terão vantagem sobre os besouros marrons. Ao longo do tempo, a quantidade de besouros verdes aumenta, e essa característica passa a fazer parte dessa população.

Da mesma maneira, outras características mais ou menos sutis apareceram e foram sendo selecionadas pelo ambiente. Milhões de características, aparecendo du-rante milhões de anos, foram responsáveis pelo surgimento de toda a diversidade que podemos admirar atualmente no nosso planeta.

Equipe do Encontro

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ANEXO 7 – Tema 3 A formação do homem e da mulher

(...) No tempo em que Iahweh Deus fez a Terra e o céu, não havia ainda nenhum arbusto dos campos sobre a Terra e nenhuma erva dos campos tinha ainda crescido, porque Iahweh Deus não tinha feito chover sobre a Terra e não havia ho-mem para cultivar o solo. Entretanto, um manancial subia da terra e regava toda a superfície do solo. Então Iahweh Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente.

Iahweh Deus plantou um jardim em Éden, no oriente, e aí colocou o homem que modelara. Iahweh Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (...) E Iahweh Deus deu ao homem este mandamento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás que morrer.”

Iahweh Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda.” (...) Então Iahweh Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu. Tomou uma de suas costelas e fez crescer carne em seu lugar. Depois, da costela que tirara do homem, Iahweh Deus modelou uma mulher e a trouxe ao homem.

Então o homem exclamou: “Esta sim, é osso de meus ossos e carne de minha carne! Ela será chamada “mulher”62, porque foi tirada do homem!”

Por isso um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne. (...)

(Gênesis: 2. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.)

62 O hebraico joga com as palavras ‘îsha, “mulher”, e ‘îsh, “homem”. (Nota da Editora Paulus.)

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ANEXO 8 – Tema 3 Reajuste e conceitos

Talvez na mais antiga tradição de toda a História, o homem tenha sido educado de modo a crer que é superior à mulher, cabendo-lhe, portanto, exercer sobre ela um domínio absoluto e incontroverso.

Já no relato bíblico da Criação, o homem aparece no palco do mundo primeiro que a mulher, com o que se pretendeu significar sua ascendência sobre ela.

Eva, criada posteriormente de uma costela de Adão, para servir-lhe de adjutório, é bem o símbolo da situação dependente e da subserviência da mulher para com o homem, situação essa agravada logo depois, ao ser apontada como instrumento da tentação e causa da queda do homem, dando motivo a que, século após século, viesse a ser tida e havida como “a porta do Inferno e a mãe de todos os males.”

Aristóteles (384-322 A.C.), considerado um dos maiores pensadores não só da antiguidade, mas de todos os tempos, corroborando esse conceito depreciativo da mulher, achava que “ela é para o homem o que o servo é para o amo, o trabalhador manual para o intelectual, o bárbaro para o grego”. Dizia ainda: “A mulher é um homem inacabado, que se quedou imóvel em um grau inferior da escala do desenvolvimento. O macho é, por sua natureza, superior e a fêmea, inferior; um manda e a outra é mandada. A mulher tem a vontade fraca; e é por isso incapaz de independência de caráter ou atitude, etc.”

No sínodo realizado pela Igreja Católica no ano 585, foi a mulher objeto de acaloradas discussões, com o fim de saber se ela possuía alma ou não e se deveria ser qualificada como criatura humana!

O filósofo e teólogo S. Tomás de Aquino (1225-1274), cuja influência no pensamento dessa mesma Igreja se faz sentir até hoje, navegando por águas aristotélicas, também sentenciou: “A mulher é subordinada ao homem em virtude da fraqueza de sua natureza, tanto no espírito como no corpo. A sujeição da mulher está de acordo com a lei da Natureza, o que já não se dá com o escravo. O homem, não a mulher, foi feito à semelhança da imagem de Deus; é natural, portanto, que as esposas fiquem subordinadas aos esposos e sejam até mesmo as suas servas”.

Muitas outras citações poderiam ser aqui alinhadas, desse mesmo jaez; não queremos, porém, alongar-nos demais, o que seria fastidioso.

O que desejamos ressaltar agora é que caberia ao Espiritismo corrigir essa diminuição humilhante do sexo feminino, típica das sociedades patriarcais de anta-nho, dignificando-o e colocando-o em pé de igualdade com o masculino, ao revelar que homem e mulher, tais como os conhecemos, só existem nos planos inferiores da vida.

Com efeito, aprendemos com Kardec que os Espíritos não têm sexo e ora se encarnam como homens ora como mulher, de acordo com suas necessidades evolu-tivas. É que lhes cumpre progredir em tudo, e cada sexo, assim como cada posição

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social, lhes proporciona tarefas e situações diferentes, o que lhes dá o ensejo de ganharem múltiplas experiências. (O Livro dos Espíritos, parte II, cap. IV, questões de 200 a 202.)

Isto, que a alguns poderá parecer estranho, nada mais é que a confirmação do que ensinou Jesus ao dizer que nos planos sublimados da Espiritualidade “nem as mulheres têm maridos, nem os maridos têm mulheres, pois são como os anjos do céu.” (Mat., 22:30.)

Claro que, enquanto encarnado, cada sexo tem “deveres especiais”, estabelecidos pela organização social em que vivemos.

Afora isso, manda a justiça que tudo o mais seja feito em comum ou observado por ambos com perfeita equidade, eis que o homem e a mulher são iguais perante Deus. (...)

(RODOLFO CALLIGARIS. A Vida em Família. Editora IDE.)

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ANEXO 9 – Tema 3 O dilúvio

Iahweh viu que a maldade do Homem era grande sobre a Terra, e que era continuamente mau todo desígnio de seu coração. Iahweh arrependeu-se de ter feito o Homem sobre a Terra, e afligiu-se o seu coração. E disse Iahweh: “Farei desaparecer da superfície do solo os Homens que criei – e com os Homens os animais, os répteis e as aves do céu – porque me arrependo de os ter feito.” Mas Noé encontrou graça aos olhos de Iahweh. (...)

Noé era um homem justo, íntegro entre seus contemporâneos, e andava com Deus.(...)

Deus disse a Noé: “(...) Faze uma arca de madeira resinosa; tu a farás de caniços e a calafetarás com betume por dentro e por fora. (...)

Quanto a mim, vou enviar o dilúvio, as águas, sobre a Terra, para exterminar debaixo do céu toda carne que tiver sopro de vida: tudo o que há na Terra há de perecer. Mas estabelecerei minha aliança contigo e entrarás na arca, tu e teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo. De tudo o que vive, de tudo o que é carne, farás entrar na arca dois de cada espécie, um macho e uma fêmea, para os conservares em vida contigo. (...) Quanto a ti, reúne todo tipo de alimento e armazena-o; isso servirá de alimento para ti e para eles. (...)

No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do segundo mês, nesse dia jorraram todas as fontes do grande abismo e abriram-se as comportas do céu. A chuva caiu sobre a Terra durante quarenta dias e quarenta noites. (...) cresceram as águas e ergueram a arca, que ficou elevada acima da terra. (...) As águas subiram cada vez mais sobre a terra e as mais altas montanhas que estão sob todo o céu foram cobertas. (...) Pereceu então toda carne que se move sobre a Terra: aves, animais domésticos, feras, tudo o que fervilha sobre a Terra, e todos os Ho-mens. (...) A enchente sobre a Terra durou cento e cinquenta dias. (...)

Então assim falou Deus a Noé: “Sai da arca, tu e tua mulher, teus filhos e as mulheres de teus filhos contigo. (...)

Disse Deus: “Eis o sinal da aliança que instituo entre mim e vós e todos os seres vivos que estão convosco, para todas as gerações futuras: porei meu arco na nuvem e ele se tornará um sinal da aliança entre mim e a Terra. Quando eu reunir as nuvens sobre a Terra e o arco aparecer na nuvem, eu me lembrarei da aliança que há entre mim e vós e todos os seres vivos: toda carne e as águas não mais se tornarão um dilúvio para destruir toda carne. (...)”

Os filhos de Noé, que saíram da arca, foram Sem, Cam e Jafé; Cam é o pai de Canaã. Esses três foram os filhos de Noé e a partir deles se fez o povoamento de toda a Terra. (...)

(Gênesis: 6 a 9. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.)

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ANEXO 10 – Tema 3 Palavra e responsabilidade

INTERVENÇÕES ESPIRITUAIS

É assim que, atingindo os alicerces da Humanidade, o corpo espiritual do Homem infraprimitivo demora-se longo tempo em regiões espaciais próprias, sob a assistência dos Instrutores do Espírito, recebendo intervenções sutis nos petrechos da fonação para que a palavra articulada pudesse assinalar novo ciclo de progresso. (...)

LINGUAGEM CONVENCIONAL

(...) A esse modo natural de exprimir-se por gestos e atitudes silenciosos, em que derrama as suas forças acumuladas de afetividade e satisfação, desagrado ou rancor, em descargas fluidicoeletromagnéticas de natureza construtiva ou destrutiva, superpõe a criatura humana os valores do verbo articulado, com que acrisola as manifestações mais íntimas, habilitando-se a recolher, por intermédio de sinalética especial na escala dos sons, a experiênciados irmãos que caminham na vanguarda e aprendendo a educar-se para merecer esse tipo de assistência que lhe outorgará o estado de alegria maior, ante as perspectivas da cultura com que a vida lhe responde às indagações.

PENSAMENTO CONTÍNUO

Com o exercício incessante e fácil da palavra, a energia mental do Homem primitivo encontra insopitável desenvolvimento, por adquirir gradativamente a mo-bilidade e a elasticidade imprescindíveis à expansão do pensamento que, então paula-tinamente, se dilata, estabelecendo no mundo tribal todo um oceano de energia sutil, em que as consciências encarnadas e desencarnadas se refletem, sem dificuldade, umas às outras.

Valendo-se dessa instituição de permuta constante, as Inteligências Divinas dosam os recursos da influência e da sugestão e convidam o Espírito terrestre ao justo despertamento na responsabilidade com que lhe cabe conduzir a própria jornada...

Pela compreensão progressiva entre as criaturas, por intermédio da palavra que assegura o pronto intercâmbio, fundamenta-se no cérebro o pensamento contínuo e, por semelhante maravilha da alma, as ideias-relâmpagos ou as ideias-fragmentos da crisálida de consciência, no reino animal, se transformam em conceitos e inquirições, traduzindo desejos e ideias de alentada substância íntima.

Começando a fixar o pensamento em si mesmo, fatigando-se para concatená-lo e exprimi-lo, confiou-se o Homem a novo tipo de repouso – a meditação compul-sória, ante os problemas da própria vida –, passando a exteriorizar, inconscien-temente, as próprias ideias e, com isso, a desprender-se do carro denso de carne, desligando as células de seu corpo espiritual das células físicas, durante o sono comum, para receber, em atitude passiva ou de curta movimentação, junto do próprio

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corpo adormecido, a visita dos Benfeitores Espirituais que o instruem sobre as questões morais.

O continuísmo da ideia consciente acende a luz da memória sobre o pedestal do automatismo.

LUTA EVOLUTIVA

Entre a alma que pergunta, a existência que se expande, a ansiedade que se agrava e o Espírito que responde ao Espírito, no campo da intuição pura, esboça-se imensa luta.

O homem que lascava a pedra e que se escondia na furna, escravizando os elementos com a violência da fera e matando indiscriminadamente para viver, instado pelos Instrutores Amigos que lhe amparam a senda, passou a indagar sobre a causa das coisas... Constrangido a aceitar os princípios de renovação e progresso, refugia-se no amor-egoísmo, na intimidade da prole, que lhe entretém o campo íntimo, ajudando-o a pensar.

Observa-se tocado por estranha metamorfose. Vê, instintivamente, que não mais se poderia guiar pela excitabilidade dos

seus tecidos orgânicos ou pelos apetites furiosos herdados dos animais... Desligado lentamente dos laços mais fortes que o prendiam às Inteligências

Divinas, a lhe tutelarem o desenvolvimento, para que se lhe afirmem as diretrizes próprias, sente-se sozinho, esmagado pela grandeza do Universo.

A ideia moral da vida começa a ocupar-lhe o crânio. O Sol propicia-lhe a concepção de um Criador, oculto no seio invisível da

Natureza, e a noite povoa-lhe a alma de Visões nebulosas e pesadelos imaginários, dando-lhe a ideia do combate incessante em que a treva e a luz se digladiam.

Abraça os filhinhos com enternecimento feroz, buscando a solidariedade possível dos semelhantes na selva que o desafia.

Mentaliza a constituição da família e padece na defesa do lar. Os porquês a lhe nascerem fragmentários, no íntimo, insuflam-lhe aflição e

temor. Percebe que não mais pode obedecer cegamente aos impulsos da Natureza, ao

modo dos animais que lhe comungam a paisagem, mas sim que lhe cabe agora o dever de superar-lhes os mecanismos, como quem vê no mundo em que vive a própria moradia, cuja ordem lhe requisita apoio e cooperação.

NASCIMENTO DA RESPONSABILIDADE

A ideia de Deus iniciando a religião, a indagação prenunciando a Filosofia, a experimentação anunciando a Ciência, o instinto de solidariedade prefigurando o amor puro, e a sede de conforto e beleza inspirando o nascimento das indústrias e das artes, eram pensamentos nebulosos torturando-lhe a cabeça e inflamando-lhe o sentimento.

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Nesse concerto de forças, a morte passou a impor-lhe angustiosas perquirições e, enterrando os seus entes amados em sepulcros de pedra, o Homem rude, a iniciar-se na evolução de natureza moral, perdido na desértica vastidão do paleolítico, aprendeu a chorar, amando e perguntando para ajustar-se às Leis Divinas a se lhe es-culpirem na face imortal e invisível da própria consciência.

Foi, então, que, em se reconhecendo ínfimo e frágil diante da vida, compreen-deu que, perante Deus, seu Criador e seu Pai, estava entregue a si mesmo.

O Princípio da responsabilidade havia nascido. André Luiz

(Psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER e WALDO VIEIRA. Evolução em Dois Mundos, Primeira parte, capítulo 10. Editora FEB.)

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ANEXO 11 – Tema 4 Os primeiros povos

QUATRO GRANDES POVOS

As raças adâmicas63 guardavam vaga lembrança da sua situação pregressa, tecendo o hino sagrado das reminiscências.

As tradições do paraíso perdido passaram de gerações a gerações, até que ficassem arquivadas nas páginas da Bíblia.

Aqueles seres decaídos e degradados, à maneira de suas vidas passadas no mundo distante da Capela, com o transcurso dos anos reuniram-se em quatro grandes grupos que se fixaram depois nos povos mais antigos, obedecendo às afinidades sentimentais e linguísticas que os associavam na constelação do Cocheiro. Unidos, novamente, na esteira do Tempo, formaram desse modo o grupo dos árias, a civiliza-ção do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia.

Dos árias descende a maioria dos povos brancos da família indo-europeia; nessa descendência, porém, é necessário incluir os latinos, os celtas e os gregos, além dos germanos e dos eslavos.

As quatro grandes massas de degredados formaram os pródromos de toda a organização das civilizações futuras, introduzindo os mais largos benefícios no seio da raça amarela e da raça negra, que já existiam.

É de grande interesse o estudo de sua movimentação no curso da História. Através dessa análise, é possível examinarem-se os defeitos e virtudes que trouxeram do seu paraíso longínquo, bem como os antagonismos e idiossincrasias peculiares a cada qual.

A CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA

Dentre os Espíritos degredados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia foram os que mais se destacavam na prática do Bem e no culto da Verdade.

Aliás, importa considerar que eram eles os que menos débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina. Em razão dos seus elevados patrimônios morais, guardaram no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de sua pátria distante. Um único desejo os animava, que era trabalhar devotadamente para regres-sar, um dia, aos seus penates resplandecentes. Uma saudade torturante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas. Em nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi tão altamente desenvolvido. Em todos os corações morava a ansie-dade de voltar ao orbe distante, ao qual se sentiam presos pelos mais santos afetos.

63 Grupo de alguns milhões espíritos rebeldes ao progresso da coletividade do seu mundo (localizado no sistema planetário da estrela Capela) exilados na Terra. (Nota da Equipe do Encontro – baseada no capítulo 3 do livro A Caminho da Luz.)

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Foi por esse motivo que, representando uma das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do antigo Egito desapareceram para sempre do plano tangível do planeta. Depois de perpetuarem nas pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os Espíritos daquela região africana regressaram à pátria sideral. (...)

Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então, sabia-se da existência do Deus Único e Absoluto, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres, mas os sacerdotes conheciam, igualmente, a função dos Espíritos prepostos de Jesus, na execução de todas as leis físicas e sociais da existência planetária, em virtude das suas experiências pregressas.

Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu, então, a ideia politeísta dos numerosos deuses, que seriam os senhores da Terra e do Céu, do Homem e da Natureza.

As massas requeriam esse politeísmo simbólico nas grandes festividades exte-riores da religião.

Já os sacerdotes da época conheciam essa fraqueza das almas jovens, de todos os tempos, satisfazendo-as com as expressões exotéricas de suas lições sublimadas.

Dessa ideia de homenagear as forças invisíveis que controlam os fenômenos naturais, classificando-as para o espírito das massas, na categoria dos deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das árvores e ao som das flautas dos pastores, em contato permanente com a Natureza. (...)

A ÍNDIA

Dos Espíritos degredados no ambiente da Terra, os que se gruparam nas margens do Ganges foram os primeiros a formar os pródromos de uma sociedade organizada, cujos núcleos representariam a grande percentagem de ascendentes das coletividades do porvir.

As organizações hindus são de origem anterior à própria civilização egípcia e antecederam de muito os agrupamentos israelitas, de onde sairiam, mais tarde, perso-nalidades notáveis, como as de Abraão e Moisés.

As almas exiladas naquela parte do Oriente muito haviam recebido da misericórdia do Cristo, de cuja palavra de amor e de cuja figura luminosa guardaram as mais comovedoras recordações, traduzidas na beleza dos Vedas e dos Upanishads. Foram elas as primeiras vozes da filosofia e da religião no mundo terrestre, como provindo de uma raça de profetas, de mestres e iniciados, em cujas tradições iam beber a verdade os Homens e os povos do porvir, salientando-se que também as suas escolas de pensamento guardavam os mistérios iniciáticos, com as mais sagradas tradições de respeito. (...)

Da região sagrada do Ganges partiram todos os elementos irresignados com a situação humilhante que o degredo da Terra lhes infligia. As arriscadas aventuras forneceriam uma noção de vida nova e aqueles seres revoltados supunham encontrar

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o esquecimento de sua posição nas paisagens renovadas dos caminhos; lá ficaram, apenas, as almas resignadas e crentes nos poderes espirituais que as conduziriam de novo às magnificências dos seus paraísos perdidos e distantes.

Os cânticos dos Vedas são bem uma glorificação da fé e da esperança, em face da Majestade Suprema do Senhor do Universo. A faculdade de tolerar e esperar aflorou no sentimento coletivo das multidões, que suportaram heroicamente todas as dores e aguardaram o momento sublime da redenção. (...)

O povo hindu, não obstante o seu elevado grau de desenvolvimento nas ciências do Espírito, não aproveitou de modo geral, como devia, o seu acervo de experiências sagradas.

Seus condutores conheciam as elevadas finalidades da vida. Lembravam-se vagamente das promessas do Senhor, anteriores à sua reencarnação para os trabalhos do penoso degredo. A prova disso é que eles abraçaram todos os grandes missionários do pretérito, vendo neles os avatares do seu Redentor. Viasa foi instrumento das lições do Cristo, 6000 anos antes do Evangelho, cuja epopeia, em seus mínimos detalhes, foi prevista pelos iniciados hindus, alguns milênios antes da organização da Palestina. Krishna, Buda e outros grandes enviados de Jesus ao plano material, para exposição de suas verdades salvadoras, foram compreendidos pelo grande povo sobre cuja fronte derramou o Senhor, em todos os tempos, as claridades divinas do seu amor desvelado e compassivo. Mas, como se a questão fosse determinada por um doloroso atavismo psíquico, o povo hindu, embora as suas tradições de espirituali-dade, deixou crescer no coração o espinho do orgulho que, aliás, dera motivo ao seu exílio na Terra.

Em breve, a organização das castas separava as suas coletividades para sempre. Essas castas não se constituíam num sentido apenas hierárquico, mas com a significação de uma superioridade orgulhosa e absoluta. As fortes raízes de uma vaidade poderosa dividem os espíritos no campo social e religioso. Os filhos legítimos do país dão-se o nome de árias, designação original de sua raça primitiva, e o seu sistema religioso, de modo geral, chama-se “Ária-Darma”, que eles afirmam trazer de sua longínqua origem, e em cujo seio não existem comunidades especiais ou autoridade centralizadora, senão profunda e maravilhosa liberdade de sentimento.

A FAMÍLIA INDO-EUROPEIA

Se as civilizações hindu e egípcia definiram-se no mundo em breves séculos, o mesmo não aconteceu com a civilização ariana, que ia iniciar na Europa os seus movimentos evolutivos.

Somente com o escoar de muitos séculos regularizaram-se as suas migrações sucessivas, através dos planaltos da Pérsia. Do Irã procederam quase todas as corren-tes da raça branca, que representariam mais tarde os troncos genealógicos da família indo-europeia.

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Conforme afirmávamos, os arianos que procuravam as novas emoções de uma terra desconhecida eram, na sua maioria, os Espíritos revoltados com as condições do seu degredo; pouco afeitos aos misteres religiosos que, pela força das circunstâncias, impunham uma disciplina de resignação e humildade, não cuidaram da conservação do seu tradicionalismo, na ânsia de conquistar um novo paraíso e serenarem, assim, as suas inquietações angustiosas. (...)

Caminheiros do desconhecido erraram pelas planícies e montanhas desertas, não como o povo hebreu, que guardava a palavra divina com a sua fé, mas desar-vorados e sem esperança, contando apenas com as próprias forças, em virtude do seu caráter livre e insubmisso.

Suas incursões, entre as tribos selvagens da Europa, datam de mais ou menos dez milênios antes da vinda do Cristo, não obstante a humanidade localizar-lhe a marcha apenas 4000 anos antes do grande acontecimento da Judeia. É que, em vista de sua situação psicológica, os primitivos árias do Velho Mundo não deixaram vestígios nos domínios da fé, único caminho, daqueles tempos, através do qual po-deria uma raça assinalar sua passagem pela Terra. Não guardavam a história verbal de uma religião que não possuíam. Mais revoltados e enrijecidos que todos os demais companheiros exilados no orbe terrestre, suas reminiscências da vida pregressa nos planos mais elevados, qual a que haviam experimentado no sistema da Capela, traduziam-se numa revolta íntima, amargurada e dolorosa, contra as determinações de ordem divina. (...)

A misericórdia do Cristo, porém, jamais deixou de acompanhar esse grande povo no seu atribulado desterro. Ao influxo dos seus emissários, as massas migra-tórias da Ásia se dividiram em grupos diversos, que penetraram na Europa, desde o Peloponeso até as vastas regiões da Rússia, onde se encontram os antepassados dos gregos, latinos, samnitas, úmbrios, gauleses, citas, íberos, romanos, saxônios, germa-nos, eslavos. Essas tribos assimilaram todos os elementos encontrados em seus caminhos, impulsionando-lhes os passos nas sendas do progresso e do aperfeiçoa-mento. Enquanto os semitas e hindus se perderam na cristalização do orgulho religioso, as famílias arianas da Europa, embora revoltadas e endurecidas, confrater-nizaram com o selvagem e nisso reside a sua maior virtude. Assimilando os aborí-genes, engendraram as premissas de todos os surtos das civilizações futuras. Nessa movimentação para o estabelecimento de novo habitat, organizaram as primeiras noções políticas da vida coletiva, elegendo cada tribo um chefe para a direção de sua vida em comum. A agricultura, as indústrias pastoris, com elas encontraram os pri-meiros impulsos nas estradas incertas dos que descendiam do primata europeu. Com as organizações econômicas, oriundas do trato direto com o solo, deixaram perceber a lembrança de suas lutas no antigo mundo que haviam deixado. Bastou que inaugu-rassem na Terra o senso da propriedade, para que o germe da separatividade e do ciúme, da ambição e do egoísmo lhes destruísse os esforços benfazejos...

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As rivalidades entre as tribos, na vida comum, induziram-nas aos primeiros embates fratricidas. (...)

O POVO DE ISRAEL

Dos Espíritos degredados na Terra, foram os hebreus que constituíram a raça mais forte e mais homogênea, mantendo inalterados os seus caracteres através de todas as mutações.

Examinando esse povo notável no seu passado longínquo, reconhecemos que, se grande era a sua certeza na existência de Deus, muito grande também era o seu orgulho, dentro de suas concepções da verdade e da vida.

Consciente da superioridade de seus valores, nunca perdeu oportunidade de demonstrar a sua vaidosa aristocracia espiritual, mantendo-se pouco acessível à co-munhão perfeita com as demais raças do orbe. Entretanto, em honra da verdade, somos obrigados a reconhecer que Israel, num paradoxo flagrante, antecipando-se às conquistas dos outros povos, ensinou de todos os tempos a fraternidade, a par de uma fé soberana e imorredoura. Sem pátria e sem lar, esse povo heroico tem sabido viver em todos os climas sociais e políticos, exemplificando a solidariedade humana nas melhores tradições de trabalho; sua existência histórica, contudo, é uma lição doloro-sa para todos os povos do mundo, das consequências nefastas do orgulho e do exclu-sivismo.

As lendas da Torre de Babel não representam um mito nas páginas antigas do Velho Testamento, porque o exílio na Terra não pesou tanto às outras raças degre-dadas quanto na alma orgulhosa dos judeus, inadaptados e revoltados num mundo que os não compreendia.

Se procurarmos os seus antepassados, anteriores a Moisés, vamos encontrar o grande legislador hebreu saturando-se de todos os conhecimentos iniciáticos, no Egito antigo, onde o seu espírito recebeu primorosa educação, à sombra do prestígio de Termútis, cuja caridade fraterna o recolhera.

Moisés, na sua qualidade de mensageiro do Divino Mestre, procura então concentrar o seu povo para a grande jornada em busca da Terra da Promissão. Médium extraordinário, realiza grandes feitos ante os seus irmãos e companheiros maravilhados. É quando então recebe, de emissários do Cristo, no Sinai, os 10 sagra-dos mandamentos que, até hoje, representam a base de toda a justiça do mundo.

Antes de abandonar as lutas da Terra, na extática visão da Terra Prometida, Moisés lega à posteridade as suas tradições no Pentateuco, iniciando a construção da mais elevada ciência religiosa de todos os tempos, para as coletividades porvindouras.

O que mais é de admirar, porém, naquelas tribos nômadas e desprotegidas, é a fortaleza espiritual que lhes nutria a fé nos mais arrojados e espinhosos caminhos.

Enquanto a civilização egípcia e os iniciados hindus criavam o politeísmo para satisfazer os imperativos da época, contemporizando com a versatilidade das multi-dões, o povo de Israel acreditava somente na existência do Deus Todo-Poderoso, por amor do qual aprendia a sofrer todas as injúrias e a tolerar todos os martírios.

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Quarenta anos no deserto representaram para aquele povo como que um curso de consolidação da sua fé, contagiosa e ardente.

Seguiu-lhe Jesus todos os passos, assistindo-o nos mais delicados momentos de sua vida, e foi ainda, sob o pálio da sua proteção, que se organizaram os reinos de Israel e de Judá, na Palestina.

Todas as raças da Terra devem aos judeus esse benefício sagrado, que consiste na revelação do Deus Único, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres.

O grande legislador dos hebreus trouxera a determinação de Jesus, com respeito à simplificação das fórmulas iniciáticas, para compreensão geral do povo; a missão de Moisés foi tornar acessíveis ao sentimento popular as grandes lições que os demais iniciados eram compelidos a ocultar. (...)

A CHINA MILENÁRIA

(...) Quando se verificou o advento das almas proscritas do sistema de Capela, em épocas remotíssimas, já a existência chinesa contava com uma organização regular, oferecendo os tipos mais homogêneos e mais selecionados do planeta, em face dos remanescentes humanos primitivos. Suas tradições já andavam de geração em geração, construindo as obras do porvir. Daí se infere que, de fato, a história da China remonta a épocas remotíssimas, no seu passado multimilenário, e esse povo, que deixa agora entrever uma certa estagnação nos seus valores evolutivos, sempre foi igualmente acompanhado na sua marcha por aquela misericórdia infinita que, do Céu, envolve todos os corações que latejam na Terra.

A cristalização das ideias chinesas advém, simplesmente, desse insulamento voluntário que prejudicou, nas mesmas circunstâncias, o espírito da Índia, apesar da fascinante beleza das suas tradições e dos seus ensinos.

É que a civilização e o progresso, como a própria vida, dependem das trocas incessantes. O Universo, na sua constituição maravilhosa, não criou nem sanciona leis de isolamento na comunidade eterna dos mundos e dos seres. A existência é uma longa escada, na qual todas as almas devem dar-se as mãos, na subida para o conhe-cimento e para Deus. Enquanto a família indo-europeia pervagava no desconhecido, assimilando as expressões das tribos encontradas em longas iniciativas de construção e trabalho, os arianos da Índia estacionaram no repouso de suas tradições, desenvol-vendo-se, no curso do tempo, as mais prestigiosas lições de experiência para a alma dos povos. E agora, quando os israelitas são chamados por forças poderosas ao deslocamento no seio das nações, a fim de aprenderem mais intimamente a doce lição da fraternidade e do amor universal, renovando a fibra da sua fé a caminho da perfeita compreensão do Cristo, a China é também convocada, pelas transformações do sécu-lo, à grande lição do entrelaçamento da comunidade planetária, a fim de ensinar as suas virtudes e aprender as virtudes dos outros povos.

Foi pela sua obstinada resistência que a ideia chinesa estagnou-se na marcha do tempo, embora, nestas despretensiosas observações, sejamos dos primeiros a reconhecer a grandeza de suas elevadas expressões espirituais. (...)

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De um modo geral, é o culto dos antepassados o princípio da sua fé. Esse culto, cotidiano e perseverante, é a base da crença na imortalidade, porquanto de suas manifestações ressaltam as provas diárias da sobrevivência. As relações com o plano invisível constituem um fenômeno comum, associado à existência do indivíduo mais obscuro. A ideia da necessidade de aperfeiçoamento espiritual é latente em todos os corações, mas o desvio inerente à compreensão do Nirvana é aí, como em numerosas correntes do budismo, um obstáculo ao progresso geral.

O Nirvana, examinado em suas expressões mais profundas, deve ser considerado como a união permanente da alma com Deus, finalidade de todos os caminhos evolutivos; nunca, porém, como sinônimo de imperturbável quietude ou beatífica realização do não ser. A vida é a harmonia dos movimentos, resultante das trocas incessantes no seio da Natureza visível e invisível. Sua manutenção depende da atividade de todos os mundos e de todos os seres. Cada individualidade, na prova, como na redenção, como na glória divina, tem uma função definida de trabalho e elevação dos seus próprios valores. Os que aprenderam os bens da vida e quantos os ensinam com amor, multiplicam na Terra e nos Céus os dons infinitos de Deus. (...)

Emmanuel

(Psicografia de FRANCISCO C. XAVIER. A Caminho da Luz, capítulos 3 a 8. Editora FEB.)

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ANEXO 12 – Tema 5 Quadro ilustrativo da escala dos mundos

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ANEXO 13 – Tema 5 Júpiter e alguns outros Mundos

(...) Segundo os Espíritos, o planeta Marte seria ainda menos adiantado que a Terra64. Os Espíritos ali encarnados parecem pertencer quase que exclusivamente à nona classe, a dos Espíritos impuros65. (...) A Terra viria em seguida; a maioria de seus habitantes pertence incontestavelmente a todas as classes da terceira ordem, e uma parte bem menor às últimas classes da segunda ordem. Os Espíritos superiores, os da segunda e da terceira classes, aqui cumprem, algumas vezes, missões de civilização e de progresso, mas constituem exceções. Mercúrio e Saturno vêm depois da Terra. A superioridade numérica dos Espíritos bons dá-lhes preponderância sobre os Espíritos inferiores, do que resulta uma ordem social mais perfeita, relações menos egoístas e, consequentemente, condições de existência mais felizes. A Lua e Vênus encontram-se mais ou menos no mesmo grau e, sob todos os aspectos, mais adiantados que Mercúrio e Saturno. Juno66 e Urano seriam ainda superiores a estes últimos. (...) Os homens são ali infinitamente mais felizes que na Terra, em razão de não terem de sustentar as mesmas lutas, nem sofrer as mesmas tribulações, assim como não se acham expostos às mesmas vicissitudes físicas e morais.

De todos os planetas, o mais adiantado sob todos os aspectos é Júpiter. É o reino exclusivo do bem e da justiça, porquanto só tem Espíritos bons. (...)

A superioridade de Júpiter não está somente no estado moral de seus habitantes; está também na sua constituição física. Eis a descrição que nos foi dada desse mundo privilegiado, onde encontramos a maior parte dos homens de bem que honraram nossa Terra por suas virtudes e talentos.

A conformação do corpo é mais ou menos a mesma daqui, porém é menos material, menos denso e de uma maior leveza específica. Enquanto rastejamos peno-samente na Terra, o habitante de Júpiter transporta-se de um a outro lugar, deslizando sobre a superfície do solo, quase sem fadiga, como o pássaro no ar ou o peixe na água. Sendo mais depurada a matéria de que é formado o corpo, dispersa-se após a morte sem ser submetida à decomposição pútrida. Ali não se conhece a maioria das moléstias que nos afligem, sobretudo as que se originam dos excessos de todo gênero e da devastação das paixões. A alimentação está em relação com essa organização etérea; não seria suficientemente substancial para os nossos estômagos grosseiros, sendo a nossa por demais pesada para eles; compõe-se de frutos e plantas; de alguma

64 Trata-se de mera suposição, sem o que Kardec não teria empregado o verbo ser no condicional. (Nota da Editora FEB.)

65 Para maiores detalhes, ver a Escala Espírita em O Livro dos Espíritos, itens 100 a 113. (Nota da Equipe do Encontro.)

66 Junon no original. Hoje catalogado como asteroide, Juno era considerado um planeta na época de Allan Kardec. (Nota da Editora FEB.)

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sorte, aliás, a maior parte eles a haurem no meio ambiente, cujas emanações nutritivas aspiram. A duração da vida é, proporcionalmente, muito maior que na Terra; a média equivale a cerca de cinco dos nossos séculos; o desen-volvimento é também muito mais rápido e a infância dura apenas alguns de nossos meses. (...)

Quando se comunicam conosco, os Espíritos que habitam Júpiter geralmente sentem prazer em descrever o seu planeta; ao se lhes pedir a razão, respondem que o fazem com o fito de nos inspirarem o amor do bem, com a esperança de lá chegarmos um dia. (...)

O planeta Júpiter, apesar do quadro sedutor que nos foi dado, não é, absolu-tamente, o mais perfeito dos mundos. Outros há, desconhecidos para nós, que lhe são muito superiores, do ponto de vista físico e moral, e cujos habitantes gozam de felicidade ainda mais perfeita; são a morada dos Espíritos mais elevados, cujo etéreo envoltório nada mais tem das propriedades conhecidas da matéria.

(ALLAN KARDEC. Revista Espírita, março de 1858. Editora FEB.)

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ANEXO 14 – Tema 5 “As chances de haver vida em outros planetas são muito altas”

A equipe, de 23 cientistas, responsável pela descoberta do Kepler-186f foi liderada por Elisa Quintana, uma astrofísica que trabalha há oito anos no Seti, sigla em inglês para Busca por Inteligência Extraterreste (Search for Extraterrestrial Intelligence Institute). O local, fundado em 1984 na Califórnia, Estados Unidos, tem seus projetos patrocinados pela Nasa e emprega mais de 120 cientistas com o único propósito de explorar e explicar a origem e natureza da vida no Universo. Em outras palavras, seus pesquisadores procuram, com a tecnologia mais avançada do mundo, encontrar seres alienígenas. (...)

Nessa entrevista ao site da VEJA, a cientista explica qual a importância da descoberta do planeta Kepler-186f e conta como essa revelação vai nos levar não só a uma nova compreensão do Universo, mas também a rever nosso papel no Cosmo. (...)

De acordo com a última estimativa, só em nossa galáxia seriam 40 bilhões de planetas parecidos com o nosso. Então teríamos essa quantidade de novas descobertas?

Esse é o número mais aceito. Há muitos planetas na Via Láctea. (...) O fato de que nós descobrimos apenas um planeta do mesmo tamanho da Terra até agora não significa que eles não sejam abundantes. Eles simplesmente ainda não tinham sido vistos. (...)

Então a descoberta de sua equipe é apenas a consequência natural do avanço da Ciência, dos telescópios e dos estudos astronômicos?

A missão Kepler foi construída com o propósito de encontrar planetas com o mesmo tamanho da Terra e determinar sua frequência ao redor de outras estrelas além do Sol. Esse era o seu objetivo e, por isso, a descoberta não nos surpreendeu. Se descobríssemos que planetas das dimensões da Terra não eram comuns, isso também nos traria lições importantes – como a de que, talvez, a vida seja algo especial. Estamos descobrindo que existem vários mundos parecidos com o nosso e, por isso, as chances de haver vida em outros planetas são muito altas.

E por que revelações assim são importantes?

Porque elas nos mostram a frequência de planetas além do nosso Sistema Solar, nos ajudam a estudar suas atmosferas e composição. Mas, principalmente, nos levam a responder a questões como “estamos sozinhos no universo?” ou “será que existe vida além do Sistema Solar?”...

E que tipo de vida seria essa?

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Isso é difícil de responder. Qualquer forma de vida encontrada seria significativa. No instituto onde trabalho, meus colegas procuram sinais de rádio que poderiam vir de formas de vida inteligentes de outros planetas. Outras equipes, que trabalham com astrobiologia, buscam qualquer forma de vida fora da Terra, o que inclui o estudo de Marte, do gelo em Europa (uma das luas de Júpiter) e nas luas de Saturno. Eles também estudam seres em ambientes extremos, tentando compreender a flexibilidade da vida, como o funcionamento biológico de vermes que vivem no fundo de oceanos ou outros organismos que podem viver sem água por décadas, sobreviver a radiações intensas e depois voltar ao normal com uma única gota de água. Eles são fascinantes!

De acordo com o que você diz, a descoberta de planetas parecidos com a Terra vai aumentar e a probabilidade de encontrar outras formas de vida também será maior. Quais seriam as consequências disso?

Pessoas como eu, que estudam planetas fora do Sistema Solar, procuram luga-res em que existe água porque a vida, como conhecemos, precisa de água, e porque tudo o que podemos monitorar com a tecnologia atual são o vapor d'água ou outros elementos assim na atmosfera. É claro que esses novos planetas podem ter tipos de vida muito diferentes de tudo o que conhecemos, mas, já que não podemos detectar coisas assim, usamos a definição de ‘habitável’ como sendo algo parecido com a Terra e capaz de ter água líquida na superfície. Essa é uma concepção que coloca a Terra como parâmetro, porque achamos que a vida só pode existir na presença de oceanos como os nossos. Mas, no fundo, procuramos por lugares que sejam lar de qualquer forma de vida detectável. Se isso for encontrado, não só irá nos levar a uma compreensão do Universo de uma forma completamente nova como nos fará rever nosso papel no Cosmo. Deixaremos de ser os únicos seres vivos do Universo.

(RITA LOILA, Revista Veja online, 27 de abril de 2014.)

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ANEXO 15 – Tema 6 A Marca de um Dever

“O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos mais elevados (...)” (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, 2. ed. Celd, 2003. Cap. 17, item 7.)

As alegrias de um encontro espiritual são inúmeras e os homens que se dedicam a utilizar horas, mentes, destinos na direção do bem multiplicam seus créditos na espiritualidade, em função dos trabalhos que assumem.

Cada um traz em si a marca de um dever: há o dever do mundo, há o dever mediúnico, há o dever do aprendizado, há o dever do ensino, há o dever da maternidade e há o dever que a profissão impõe. Cada um traz em si a função para a qual veio talhado.

Entre os espíritas, muitos dizem: Como agir diante de um convite como este, tendo problemas por resolver? Parece que a questão torna-se difícil de ser solucionada quando as pessoas alegam compromissos no lar, compromissos com as férias, alegam compromissos com a vida.

Cada um sabe exatamente como agir; não seremos nós, os espíritos, que diremos às pessoas como fazer. Entretanto, caros filhos, devemos recordar aos corações presentes que todos temos um dever para com Deus: o dever do apren-dizado, o dever do ensino e o dever de espalhar dons de espiritualização onde estivermos, principalmente em dias de grandes lutas, em momentos de grandes dificuldades e nas ocasiões de lutas intestinas ou coletivas.

Cada um cumpra com o desejo do seu coração, mas que todos recordem o sagrado dever com a oportunidade de trabalho que lhes é dada. Assim, irmãos, oportunamente todos podem trabalhar, oportunamente todos podem brilhar, oportunamente todos podem colaborar e fazer.

Que vocês possam brilhar, que vocês trabalhem, que vocês colaborem, que vocês façam!

De nossa parte, nosso núcleo espiritual estará aberto ao atendimento às criaturas, aos sofredores, aos necessitados.

Que Deus nos ajude, abençoe, conduza e proteja, agora e sempre!

Muita paz!

Hermann

(Psicografia de ALTIVO CARISSIMI PAMPHIRO. Palavras do Coração, volume 2, lição 39. CELD.)

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ANEXO 16 – Tema 6 Uma boa ação por dia

Levanta cedo da cama Irradiando alegria. Repete: devo fazer

Uma boa ação por dia.

Tolera qualquer pessoa Que te cerca com ironia,

E já estarás fazendo Uma boa ação por dia.

Dialoga com o idoso De vida triste e vazia.

A bondade gesta assim: Uma boa ação por dia.

Irradia paz constante

No lar, nobre moradia. Executa dentro dele

Uma boa ação por dia.

Não te ausentes de ninguém Que te admira e confia,

Aconselhar é fazer Uma boa ação por dia.

Dá um banho no doente

Que no leito prova e expia, Realiza pelo menos

Uma boa ação por dia.

Dá que seja um cobertor Ao pedinte em noite fria,

Não te empobreces fazendo Uma boa ação por dia.

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Compreende teus parentes Vive, pois, em harmonia, Decreta silêncio e faze Uma boa ação por dia.

Quem, pois, galgou posto de anjo

E muita luz irradia, Se angelizou porque fez Uma boa ação por dia.

Casimiro Cunha

(Psicografia de ALAOR BORGES JÚNIOR. Semeadores da Verdade. Editora Paulo e Estêvão.)

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Referências Bibliográficas 1) ALLAN KARDEC. A Gênese. CELD.

2) ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo. CELD.

3) ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.

4) ALLAN KARDEC. O Livro dos Médiuns. CELD.

5) ALLAN KARDEC. Revista Espírita, maio de 1858. Editora FEB.

6) ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Missionários da Luz. Editora FEB.

7) ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Missionários da Luz. Editora FEB.

8) ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Os Mensageiros. Editora FEB.

9) ANDRÉ LUIZ, psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira. Evolução em Dois Mundos. Editora FEB.

10) AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA. Mini Aurélio – o Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Positivo.

11) AUTORES DIVERSOS. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.

12) EMMANUEL, psicografia de Francisco Cândido Xavier. A Caminho da Luz. Editora FEB.

13) EMMANUEL, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Renúncia. Editora FEB.

14) EMMANUEL, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Vida e Sexo. Editora FEB.

15) EQUIPE DO ENCONTRO SOBRE O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Apostila do 30o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos. CELD.

16) EQUIPE DO ENCONTRO SOBRE O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Apostila do 31o Encontro Espírita sobre O Livro dos Espíritos. CELD.

17) ESPÍRITOS DIVERSOS; psicografia de ALAOR BORGES JÚNIOR. Semeadores da Verdade. Editora Paulo e Estêvão.

18) LÉON DENIS. No Invisível. CELD.

19) LÉON DENIS. O Grande Enigma. CELD.

20) LÉON DENIS. O Problema do Ser e do Destino. CELD.

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21) RODOLFO CALLIGARIS. A Vida em Família. Editora IDE.

22) HERMANN; psicografia de Altivo Carissimi Pamphiro. Palavras do Coração, volume 2. CELD.

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