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Bacharel em Teologia Exegese do Antigo Testamento DGCEC Coordenadoria dos Cursos Externos 1 Introdução A Bíblia Diz que a Bíblia serviu de “pátria portátil” pra que o povo judeu. Maomé denominou este povo de “o povo do Livro”. É impossível não ligarmos a sobrevivência do povo judeu à Torah; foi graças a esse Livro, a eles dado por Deus através de Moisés no Monte Sinai, que conseguiram atravessar séculos e milênios como povo distinto e como comunidade religiosa, apesar de todas as perseguições, as mais terríveis e cruentas. A Bíblia é uma “biblioteca” ou coleção de obras judaicas sagradas; nenhum outro livro, no mundo inteiro, se assemelha a ela. É o único livro que se apresenta como sendo a revelação escrita do único Deus verdadeiro. Em hebraico ela chama-se Tanach, por causa das três consoantes hebraicas TNGH, que compõem a abreviação da palavra, que representam as três divisões das Escrituras: T de Torah (Pentateuco); N de Neviim (Profetas) ; CH de Chetubim (Escritos ou Hagiográficos). A palavra é pronunciada quando são acrescentadas vogais adequadas, como Tanach. O estudo moderno da Bíblia faz uso de métodos de investigação razoavelmente científicos, lançando mão de instrumentos fornecidos pelo estudo comparado da religião, da filosofia e da paleografia, provou de maneira aceitável, senão inequívoca, que os livros que compõem a Bíblia foram escritos no decorrer de um vasto espaço de tempo que remonta à mais remota Antiguidade, e que adquiram forma literária definida a partir dos séculos X ou IX a.C. Muito do material referente às crenças religiosas, aos valores morais, às leis e à visão social encontradas na Bíblia constituindo o seu cerne, representa uma projeção superposta sobre o passado remoto e santificada, de seus próprios pontos de vista mais avançados tal como os expunham os redatores, cronistas, moralistas e legistas das Escrituras. Não há dúvida de que a Bíblia traz de fato para nós hoje como no passado para o povo judeu, a mensagem de um Deus único e verdadeiro. A unidade dos livros do V.T. evidencia sua inspiração divina. De todas religiões do mundo, só a hebréia-cristã oferece um epistemologia logicamente defensível. As investigações humanas no decurso de todos os assuntos, como pesquisas filosóficas, nunca conseguiram uma harmonia através dos milênios, e confudiram-se cada vez mais na área da religião, como exceção da Bíblia. Desde o principio e sua revelação ao homem, que Deus ordena que se escreva.Mas quando surgiu a “Escrita”? A primeira menção está no Gênesis, quando Deus pôs um sinal em Caim representando uma idéia; um único sinal representava o seu pensamento. Daí surgiu a escrita por sinais,

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1

Introdução

A Bíblia

Diz que a Bíblia serviu de “pátria portátil” pra que o povo judeu. Maomé denominou

este povo de “o povo do Livro”. É impossível não ligarmos a sobrevivência do povo judeu à

Torah; foi graças a esse Livro, a eles dado por Deus através de Moisés no Monte Sinai, que

conseguiram atravessar séculos e milênios como povo distinto e como comunidade

religiosa, apesar de todas as perseguições, as mais terríveis e cruentas.

A Bíblia é uma “biblioteca” ou coleção de obras judaicas sagradas; nenhum outro

livro, no mundo inteiro, se assemelha a ela. É o único livro que se apresenta como sendo a

revelação escrita do único Deus verdadeiro. Em hebraico ela chama-se Tanach, por causa

das três consoantes hebraicas TNGH, que compõem a abreviação da palavra, que

representam as três divisões das Escrituras:

T de Torah (Pentateuco);

N de Neviim (Profetas) ;

CH de Chetubim (Escritos ou Hagiográficos).

A palavra é pronunciada quando são acrescentadas vogais adequadas, como

Tanach.

O estudo moderno da Bíblia faz uso de métodos de investigação razoavelmente

científicos, lançando mão de instrumentos fornecidos pelo estudo comparado da religião, da

filosofia e da paleografia, provou de maneira aceitável, senão inequívoca, que os livros que

compõem a Bíblia foram escritos no decorrer de um vasto espaço de tempo que remonta à

mais remota Antiguidade, e que adquiram forma literária definida a partir dos séculos X ou

IX a.C.

Muito do material referente às crenças religiosas, aos valores morais, às leis e à

visão social encontradas na Bíblia constituindo o seu cerne, representa uma projeção

superposta sobre o passado remoto e santificada, de seus próprios pontos de vista mais

avançados tal como os expunham os redatores, cronistas, moralistas e legistas das

Escrituras.

Não há dúvida de que a Bíblia traz de fato para nós hoje como no passado para o

povo judeu, a mensagem de um Deus único e verdadeiro.

A unidade dos livros do V.T. evidencia sua inspiração divina. De todas religiões do

mundo, só a hebréia-cristã oferece um epistemologia logicamente defensível. As

investigações humanas no decurso de todos os assuntos, como pesquisas filosóficas, nunca

conseguiram uma harmonia através dos milênios, e confudiram-se cada vez mais na área

da religião, como exceção da Bíblia.

Desde o principio e sua revelação ao homem, que Deus ordena que se escreva.Mas quando

surgiu a “Escrita”?

A primeira menção está no Gênesis, quando Deus pôs um sinal em Caim representando

uma idéia; um único sinal representava o seu pensamento. Daí surgiu a escrita por sinais,

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com sinais que representavam uma palavra inteira, ou uma combinação de palavras. Que

podemos dizer disso? Que Deus é o principio de tudo, é a própria sabedoria. Nenhum

homem jamais encontrará o seu criador por seus próprios meios.

Os primeiros registros bíblicos, fora, sem dúvida, escritos no hebraico, língua de origem

semítica. Posteriormente apareceram versões em outros idiomas.

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I- VERSÕES ANTIGAS

Versões gregas:

- A Septuaginta – traduzida em Alexandria, 250-150 a.C.

Nota: Moshe Greemberg chega a conclusão de que os escribas de Jerusalém começaram a

corrigir e a editar o texto V.T. de maneira sistemática, já no terceiro século a.C., é que esta

atividade recebeu um novo impulso sob o reinado dos hasmoneanos, no séc II a.C.

- Héxapla de Orígenes – Orígenes viveu entre 185 – 250 a.C. e fez uma copia do V.T.

assim:

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª

Original

Hebraico

Hebraico

Transliterado

em grego

Tradução

grega-literal

de Áquila

Tradução

grega

idiomática

de Símaco

Septuaginta Tradução

Grega de

Teodósio

Isso para comparar as divergências, por ser demasiado volumosa, nunca foi publicada,

entretanto, a 5ª coluna foi posteriormente publicada por Eusébio e Pamfílio.

Códice Vaticano

Códice Sinaítico

Códice Alexandrino

Versões Gregas Posteriores

1. Versão de Áquila - Áquila nasceu no ponto e converteu-se ao Judaísmo; foi aluno do

Rabi Akiva. Sua versão grega foi tão literal ao padrão, que se tornou difícil de se

entendida.

2. Versão de Símaco - Traduziu o V.T. para o grego idiomático aderindo os altos

padrões de exatidão. Segundo Jerônimo ele era ebionita, mas Epifânio fala que era

Samaritano convertido ao Judaísmo.

Targuns Aramaicos

Durante o exílio Babilônico, o povo Judeu começou a esquecer o Hebraico e assimilaram o

aramaico, língua internacional para a diplomacia e o comércio, principal veículo de

comunicação entre o governo Persa e seus súditos. O Hebraico foi enclausurado entre as

paredes das sinagogas, até se tornar escrito e lido só pela classe sacerdotal.

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Os Targuns tiveram origem nos tempos do sacerdote-escriba Esdras que ao voltar do exílio,

não pode ensinar de imediato as escrituras ao povo, como era seu desejo, por não mais

entenderem o Hebraico. Essa necessidade fez com que Esdras formasse levitas capazes de

interpretarem as escrituras de maneira parafraseada, à princípio, oralmente.

A Vulgata de Jerônimo

Era uma versão latina da bíblia Grega, a Septuaginta, não era uma tradução direta do

Hebraico. Jerônimo foi comissionado pelo Papa Dâmaso para revisar a versão Ítala e ele o

fez comparando esta versão com a Septuaginta, e pelo seu grande conhecimento de

Hebraico ficou tão perfeita que o papa elogiou.Traduziu também, o Saltério, que por ter sido

adotado na igreja de São Pedro em Roma, ficou conhecido como saltério romano. Produzia

ainda uma segunda versão, a chamada de saltério Galaciano, baseado na quinta coluna da

Héxapla de Orígenes.

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II - A Obra dos Soferim, o Talmude e os Massoretas

Sopher (Heb. Pl Sopherim) significa “Escribas”. Uma ordem de escribas que surgiu

sob Esdras e que na época de Jesus formava a corporação responsável pelo texto bíblico. E

desenvolveram o artifício de contarem todos os versículos, as palavra, as letras em cada

livro do V.T, anotando essa cifras no término de cada livro.

Desde o retorno dos exilados seu cativeiro na babilônia, os Sopher exercia a função

de copista profissional da Torah, teve seu trabalho aumentando com a reprodução de outros

textos tais como Talmud, Os comentários, Os livros de Orações e as obras devocionais e

eruditas. Também fazia copias Hagadah para o Seder do Passach (serviço religioso

domestico), da Meguilah (rolo do livro de Ester) para o Purim; o Ketubot (Contratos de

casamento).

Os primeiros escribas e sábios Rabínicos se dedicavam à proteção do texto definitivo do

Torah hebraicas para as gerações ainda não nascidas, e portanto não permitiram qualquer

modificação em seu conteúdo, fosse por indiferença, ignorância ou descuido do escriba, ou

por deliberadas alterações.

Exigia-se que o sopher preparasse seus Rolos da Torah com a legibilidade e beleza

possíveis, para maior glória de Deus. Antes de sentar-se para copiar, o sopher deveria estar

ritualmente puro em corpo, espírito e alma; tinha que colocar o xale de orações (o talit) e os

filactérios como se estivesse exercendo uma atividade religiosa, e os conservava até que

sua quota diária de trabalho estivesse terminada.

O Talmud – Derivado do hebraico “Lamed”, que significa “estudou”, ou de “Limed” =

“instruiu”.

O Talmud é uma coleção de vários livros, uma verdadeira biblioteca de tratados de

leis, regulamentos rabínicos, tradições, costumes, ritos e cerimônias, assim como leis civis e

criminais. É dividido em 3 partes:

1 – A Mishnah – códigos de leis orais.

2 – A Guemara – comentário e elaboração do texto da Mishnah

3 – O Midrash – exposição e interpretação da Bíblia em forma de sermão.

A Mishná - Dá raiz hebraica “shanah”, que significa “repetir a tradição”.

Nasceu da grande necessidade de guardar a Lei Oral, não na memória nem sempre

confiável, mas escrevendo-a. Divide-se em seis partes.

As seis divisões da Mishnah chamaram-se “sedarim” (singular seder), que significa

“ordens”. Ao todo, elas compreendem um total de sessenta e tres “massechtot” (= tratados).

Cada tratado está dividido em perekim (capítulo). São 523 capítulos.

1ª Ordem – Sementes (zeraim). Trata de leis agrícolas e observâncias;

2ª Ordem – Festas (Moed). Abrange as leis do Sabath, dos Festivais e dos dias de jejum.

3ª Ordem – Mulheres (nashim). Detalha as leis relativas ao noivado, casamento e divórcio.

4ª Ordem – Danos (Nezikim). Trata-se de leis civis e cerimoniais.

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5ª Ordem – Coisas Sagradas (Kodashim). Trata dos sacrifícios, das oferendas e dos

serviços no templo.

6ª Ordem – Purificação (To-Harot) Trata das coisas “limpas” e “impuras”, e da higiene

pessoal.

A Guemará – em aramaico, significa “término”, de “gemas”, complementar, galgar ou

aprender. É um comentário rabínico do código da Mishnah. Surgiu em duas formas: o

guemará da Palestina e o Guemará da Babilônia; há entre eles, acentuadas diferenças, mas

a essência é igual.

Os sábios que o formaram eram os amoraim (expositores) e os tanaim

(interpretadores da Mishná).

Além das exaustivas discussões das Leis da Mishnah, os amoraim também

exploravam um conjunto de conhecimentos e opiniões de grande peso e variedade: como os

problemas de fé, do arrependimento, do pecado e da devoção; da oração e do estudo da

Torah; de Medicina e de Higiene; de Matemática e de Astronomia; de casamento e de

divórcio; de ética: o tratamento justo e benevolente dos pobres, do trabalhador, do

necessitado, do fraco, do estrangeiro gentio, do escravo.

O Talmud, no Guemará, oferece uma linha de orientação para uma conduta virtuosa

em todos os passos da vida e para a regulamentação de relações justas na sociedade entre

pais e filhos, marido e esposa, devedores e credores, perdedores e achadores, juiz e o

acusado, o homem e a comunidade, Israel e as nações. É um livro único!

O Midrash – Do verbo hebraico “darash”, que significa “expor”, “interpretar” ou deduzir,

especificamente “expor os preceitos e valores éticos das Escrituras”.

A Midrash era uma interpretação livre e imaginosa das obras bíblicas, especialmente

dos cinco livros de Moisés.

Nele avultava a maioria das formas literárias conhecidas dos Judeus daqueles

séculos: aforismos sábios, máximas morais, provérbios populares, metáforas poéticas,

surpreendentes analogias, lendas, fábulas, parábolas, alegorias e anedotas.

Na propagação da fé, o mestre e o pregador tinham funções complementares a executar: o

primeiro deveria “persuadir”, o outro “inspirar” o povo a amar a Deus, a dedicar-se a cumprir

os mandamentos da Torah e a palmilhar o caminho judaico da virtude.

O Midrash originou-se das palestras e homilias populares que eram enunciadas nas

sinagogas e na Bet Há-Midrash (casa de Estudo).

O objetivo do Midrash era o de esclarecer as verdades da Torah em lendas, alegorias, e

anedotas em torno de traços de caráter e de ações dos heróis das escrituras.

Consiste em duas Partes:

Halacah- procedimentos- comentando as leis da Tora;

Hagadah - declaração ou explicação comentando toda a Tanach (bíblia).

Os Massoretas – em Hebraico significa “cadeias” ou “tradição”, daí, “legar”,

“Transmitir”.

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Eram um grupo especial de funcionários do templo - escribas rabínicos cuja função era a de

estudar minuciosamente cada texto, apontar os erros aos copistas, caso houvesse, e

aprovar e rejeitar o trabalho completo.

Depois da instituição por Esdras e os escribas do estudo obrigatório e universal da Torah,

iniciou-se a preparação febril de cópias manuscritas do Pentateuco. Como houvesse uma

grande dispersão do povo judeu, os mestres de religião exigiam o maior empenho na

prevenção da corrupção do texto bíblico.

Esse exame minucioso e completo do texto das escrituras na era talmúdica tinha o nome de

“Massorah”, os “guardiões da tradição bíblica eram chamados “Massoretas”.

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III - Cânon do Antigo Testamento.

O termo “ Cânon” deriva do grego” Kanon”, significando “vara reta”, beira reta”, “régua”. A

edição Massorética do Antigo Testamento é da edição Grega, a Septuaginta. Segundo a

versão grega, a a.T. é dividido em:

Livros da Lei - Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

Livros da Historia - Josué, Rute, 1º e 2º Samuel, 1º 2º Reis,1º e 2º Crônicas, 1º e 2º

Esdras, Neemias, Tobias, Judite e Éster.

Livros Proféticos- Profeta Maiores- Isaias, Jeremias, Baruch, Lamentações, Epístola de

Jeremias, Ezequiel e Daniel.

Suplemento Histórico - 1º e 2º Macabeus.

Ordem dos livros da Tanach

Os Profetas- Nebiin

Os Escritos- Kethubhim.

Livros Apócrifos - As versões mais antigas os incluíram, porem, em parte. Os Targuns

aramaicos não o reconheceram. Jerônimo, tempos depois, o grande tradutor das escrituras

para o latim, também não os reconheceu como canônicos.

Apenas a Septuaginta os aceitou como tais, e as traduções Ítala, Copta, Etiópia e Siríaca.

Os judeus alexandrinos aceitaram-nos na versão grega Áquila, como valiosas e edificantes.

Também as obras pseudo-epigráficas conservadas na quarta caverna do Qurãn, o

testamento de Levi, em aramaico e o livro de Enoque em Hebraico; o Apocalipse de Elias, a

Assunção de Moisés, 1º Clemente, Epistola de Barnabé.

Textos Sumério - Babilônicos- São escritos que nos relatam como viveram os antigos que

habitavam no vale do Tigre-Eufrates, após a Era Neolítica.

Estudavam o movimento das estrelas, elaboraram um calendário e utilizaram-no com

segurança.

Deir El- Bahari - Foi uma aldeia egípcia onde viveram os operários que construíram os

grandes túmulos do vale dos reis do Egito e neles rabiscaram notas de seus feitos diários,

alem de escreverem em cerâmicas, onde deixavam que trabalhassem um dia de oito horas

e uma semana de dez dias, recebiam salário e uma ração de alimento.

Primeira Hipótese Documentária sobre os Escritos Sagrados – Fragmentária

Francisco Astruc, médico francês, e Eichhorn, erudito alemão, foram unânimes em

assegurarem a autoria mosaica ao Pentateuco, embora dividissem em vários documentos

principais: Eloístico, porque Deus é chamado de Elohim; Jovista, porque Deus é Jeová.

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Segunda Hipótese – Fragmentária.

No afã de mostrar ao mundo como exímio exegeta, Alexandre Geddes decompôs o

Pentateuco em vários documentos sem lógica e sem nexo, destruindo até a ordem

cronológica. Seguiram-lhe Water e Hartmann, no mesmo pensamento, ensinando o

Pentateuco por uns cem números de pós-mosaicos, e que foram feitas adições de tempos e

tempos, até se tornarem no que hoje conhecemos.

Terceira Hipótese

Foi um caminho aberto e seguido por De Wette (1805), que chegou a publicar um

livro que ensinava que Josias fora o autor de Deuteronômio e que escrevera pouco antes de

sua reforma religiosa. Seguiram-lhe nesse pensamento Bleek (1843); Knobel (1825); Tuch

(1838). Mais tarde Keil, Hegstenberg e outros, defenderam a unidade do Pentateuco.

Posteriormente surgiu a idéia de que o livro de Josué era do mesmo autor e que o

Pentateuco deveria se chamar de “Hexateuco”. Mas ficou por aí, não havendo

desdobramento dessa hipótese.

Quarta Hipótese

Surgiu em 1853, com Hupfeld, que afirmou existir além do Deuteronômio, mais três

documentos históricos nos mesmos termos do Pentateuco: duas eloístas e uma javista.

Posteriormente, os críticos afirmaram que em vez de ser três documentos fundamentais,

devemos ter quatro, os quais denominamos de J. E. D. P., para facilitar o raciocínio.

Documento “J” – Afirma-se que foi escrito por um profeta do reino de Judá, onde

denominavam Deus de Jeová (Javista); detalhes da vida humana. (Século IX a.C.)

Documento “E” – Segundo alguns críticos, foi escrito por um profeta de Efraim, onde

denominavam Deus de Eloim, (Eloístico, séc. VIII a.C.)

Documento “D” – Compreende o livro de Deuteronômio, durante o reinado de Manassés

(Séc. VI a.C.)

Documento “P” – Ou escola de sacerdotes que escreveram as secções legais do

Pentateuco. “P” vem da palavra “priest”, em inglês.

Depois de termos estudado o começo, a formação do Pentateuco em termos gerais,

a partir de agora, estudaremos as particularidades de cada livro em toda a Tanach cristã.

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IV - O “Bereshith” – O Livro de Gênesis

Gênesis em grego, significa “começo”, encontra-se na Septuaginta.

Bereshth no hebraico significa “no princípio” e encontra-se na Torah.

Segundo a tradição, foi escrito por Moisés, e nele se definem as promessas feitas a

Abraão, Isaque e Jacó.

Através do Espírito Santo, Moisés recebeu toda orientação e revelação para escrever

sobre a criação do mundo.

O Bereshth é um livro sobre o plano divino da redenção.

Esboço:

I – Começo da Humanidade

a) Criação do mundo

b) O lugar do homem

c) A entrada do pecado e a Queda

II – A vida dos Patriarcas

a) Chamada e Promessa a Abraão

b) A vida de Isaque

c) A vida de Jacó

d) A vida de José

O que se vê na narração do Bereshth, é a aliança da graça, a maneira graciosa como Deus

trata com os que lhe são fiéis, desde Adão. Há uma eleição, a seleção de uma comunidade

com a qual tem estreito relacionamento, com aliança e promessas.

A teoria de um único autor se alicerça em duas considerações:

1º) O uso do termo “toledath”, que é igual a gerações, descendência.

“Toledath” = esta é a gênis dos céus e da terra, quando foram criadas (estas são as

gerações). Na primeira passagem segue-se o desenvolvimento daquilo que foi criado.

2º) A unidade está na técnica do autor em tratar das gerações ancestrais que não são da

linhagem escolhida, não usando a ordem cronológica de nascimento. Ex: A descendência

de Cão e Jafé vem antes da de Sem, o que não aconteceu com Ló, Ismael, Isaque...

Os Seis Dias da Criação

A palavra “Yom” representa um dia literal de vinte e quatro horas. Gênesis

1:3-2:3 nos dá um relatório duma semana literal na qual Deus restaurou completamente, do

caos, uma criação que tinha sofrido uma catástrofe (possivelmente na época em que

satanás e seus anjos foram expulsos da presença de Deus).

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Segundo Isaias 45:18, Deus não criou a terra em vão ou para ser um caos, a palavra “bohu”

significa “vazio”.

No Bereshth 1:2 , usa-se o verbo “hayãh” que tem noção básica de “veio a ser”.

“E a terra ‘veio a ser’ sem forma e vazia”. Em Ezequias 28, vemos o “príncipe de Tiro”

comparando com Satanás e presidindo um Éden pré-catastrófico.

Segundo pesquisas feitas em carbono 14, a idade do mundo é de quatro bilhões de anos,

ou mais! Será que podemos conciliar os “seis dias” da criação, num tão grande espaço de

tempo?

Há três teorias de interpretação da palavra hebraica “Yõm” como dia no processo da

criação:

1. A palavra “Yõm” representa, literalmente, um dia de 24 horas. Sendo assim, como

poderia Deus, que está fora do tempo e do espaço, ser contido no espaço de um dia,

num tempo de 24 horas? Se para o homem é pequeno, como não seria para o Eterno?

Talvez “Yõm”, ou um dia, tivesse sido usado por Moisés para ordenar os fatos.

2. “Yõm” poderia ser, realmente, um dia e Moisés recebeu a revelação em seis dias.

3. “Yõm” poderia representar uma era geológica, ou estágio no processo criativo,

explicado assim:

a) A terra começou sua história numa forma confusa e caótica, e depois cedeu lugar

a um estado mais ordeiro.

b) Surgiram as condições apropriadas à manutenção da vida: separação do vapor

espesso que cercava a terra, em nuvens e rios; penetração do sol à terra.

c) Separação da terra das águas e aparição dos vegetais.

d) Emergência da vida animal.

e) As formas mais complexas de vida

f) A raça humana, o mais alto produto do processo da criação.

Seriam seis eras geológicas.

Há várias maneiras empregadas na palavra hebraica “bãra” que significa “verbo”. Este verbo

é empregado na narração da criação do “nada”, onde o sujeito é sempre Deus, nunca o

homem.”Bãrã”= coisa criada quando não havia nada preexistente.

O que deduzimos é que, sendo Deus eterno e não contido no tempo e no espaço,

não o poderíamos limitar em tão pouco espaço de tempo; para toda a criação, então “Yõm”

foi realmente um dia de vinte e quatro horas e em seis dias Moisés recebeu a revelação com

tanta realidade que até parecia estar presente no tempo da criação, ou Deus o tenha voltado

no tempo assim como fez o apóstolo João ir para o futuro e ver as catástrofes apocalíptica,

até o milênio.

Há muitas coisas que não podemos alcançar, muitas perguntas sem nenhuma

resposta; não fazemos idéia do começo nem do fim do tempo, nem dos confins do espaço

até aonde alcança o nosso pensamento, nossa limitada inteligência, fica apenas a fé, pela

qual aceitamos e acreditamos e acreditamos no poder infinito de Deus.

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Adão e sua Queda

A origem da raça humana é assunto de revelação da parte de Deus, um homem e

uma mulher, de forma literal, não mitológica, Adão e Eva.

Aqui, no começo da narração, Deus é chamado de “Deus” (Elohim) é “Senhor Deus”

(Jeová Elohim), seu nome pessoal. Iniciava-se o processo de sua auto-revelação. Não havia

chuva, um vapor regava a terra em forma de neblina.

O homem foi criado perfeito, de terra, mas ao comer da “Árvore do Conhecimento”,

tornar-se-ia mortal; ao desobedecer, o Homem caiu na imperfeição e foi afastado da “Árvore

da Vida”, perdeu o direito á imortalidade, e, pela misericórdia divina, teve início o processo

do Plano de Redenção do homem, por meio de um Salvador, Jesus cristo.

Deus criou o Homem livre, deu-lhe liberdade de consciência, de ir e vir, mesmo que

ele use essa liberdade para rejeitar e desobedecer o seu Criador Satanás, por meio de uma

serpente, usou de sutileza e astúcia, e provocou a queda do primeiro casal, cobrindo-o com

a mortalha do pecado, da escuridão, de trabalho e sofrimento.

Abraão

Dois mil anos depois da criação e queda do Homem, quatrocentos anos depois do

dilúvio, numa terra idólatra, começa a ser realizado o plano de Salvação, da Redenção do

Homem, com a chamada de um escolhido hebreu, ao qual Deus faz a promessa:

Herdariam a Terra de Canaã;

Tornar-se-iam uma grande nação;

E que por ele, seriam abençoadas todas as nações.

Confirmação arqueológica da integridade histórica de Abraão

1) O nome de “Abram” aparece nos registros cuneiforme da primeira metade do

segundo milênio antes de Cristo.

2) Tanto Ur, como Harã, eram cidades prósperas no século XXI a.C.

3) Siquém, Ai e Betel estavam habitadas durante aquele período, e Vale do Jordão,

populoso.

4) Que os nomes dos reis invasores, relacionados em Gênesis 14, eram

apropriados àquela época.

Abraão teve sua chamada em Ur e a confirmação em Padã-Harã, depois da morte de seu

pai, quando também foi comissionado. Deus ordenara-lhe que saísse do meio de sua

parentela, ele só era o eleito, mas levou consigo o seu sobrinho Ló e pagou o preço. Ao

separarem-se, Ló escolheu as cercanias de Sodoma e Gomorra, e só não foi destruído

porque seu tio orava por ele.

Abraão teve um filho da escrava Agar, o menino Ismael e treze anos depois Sara,

sua esposa, aos noventa anos de idade deu-lhe Isaque. Abraão tinha 100 anos quando ele

nasceu.

Isaque casou com sua prima Rebeca, neta o seu tio Naor e filha de Betuel que

também era pai de Labão.

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Rebeca, vinte anos depois de casada, teve gêmeos Esaú e Jacó e este casou com

suas primas Raquel e Léa, filhas de Labão, irmão de sua mãe. Elas fundaram a grande

família israelita ao darem doze filhos a Jacó, mais uma menina Diná.

Estes foram os filhos de Jacó: Rúben, Simeão, Judá, Issacar, Zebulom, God, Aser,

Dan, Naftali, José e Benjamim, formaram as doze tribos de Israel. A morrer sua esposa

Raquel, Jacó transferiu todo o amor que por ela para o primeiro filho que ela lhe dera, José,

e fez-lhe uma túnica de várias cores, o que provocou grandes ciúmes entre seus irmãos,

acentuado pelos sonhos que o jovem narrava-lhes. Por isso foi vendido como escravo aos

ismaelitas que o revenderam no Egito a Potifar.

No tempo de José o Egito estava sendo dominado por reis pastores, os Hicsos, o que foi

bom para a recepção dos hebreus, tribo pastoril. Os egípcios antigos tinham horror a

pastores de ovelhas e quando retornavam o governo do país, fizeram dos hebreus escravos,

forçados a trabalharem por casa e comida.

Quatrocentos e trinta anos depois, quando partiram prá Canaã, levaram consigo os ossos

de José.

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V - Êxodo

Do hebraico “Weelleh Shemoth” (= estes são os nomes) ou apenas “Shemóth (= os nomes

Septuaginta = Êxodo = saída).

Agora os filhos de Israel Haviam-se tornado uma grande nação e Deus renovou a sua

aliança; era uma aliança de amor e graça, e Deus exigia obediência numa profissão de fé

até então desconhecida de todos os povos “eu sou o senhor teu Deus, que te tirei da terra

do Egito, da servidão...”

No primeiro mandamento (mitzvah) Deus proíbe a adoração a outros deuses e por séculos

isso foi uma monolatria, pois os israelitas tinham os seus deuses.

Deus fê-los saber que os ídolos, todos, são “e’lilim”, isto é “coisa de nada”, e de nada

serviam, mas só depois de terem sido expulsos de sua terra para o exílio na Babilônia, que

se acertaram com Deus e adotaram, conscientemente, de uma vez por todas o monoteísmo,

um Deus único e verdadeiro, criador dos céus e da terra.

O Decálogo

Em hebraico: “Asseret Há- Dibrot”, que significa literalmente “As Dez palavras”, o

equivalente em português é “Decálogo”, do grego “Dekalogos”.

Os Dez mandamentos formam a parte mais difundida da Bíblia, pois enfatiza uma vida

santificada, o produto de uma fé pura e verdadeira. A santificação do sabad foi mais para

dar um descanso compulsório. Pela Lei a mulher é resguardada sob o cuidado do homem.

A graça reinada suprema na aliança do Sinai assim como fora na aliança com Abraão. O

Código de Lei era um testamento de graça.

O Tabernáculo

Em hebraico “ Mishkam” ( o tabernáculo, Êxodo 25: 9).

“Haser” (cortinas exteriores do pátio) cercavam um perímetro de 50 côvados por 100. Este

pátio foi feito para separar Israel como santa possessão de Deus, conservando a nação

separada dos gentios.

Mishka, o tabernáculo, literalmente significa “habitação” e enfatiza a presente de Deus.

Embora fosse difícil ou quase impossível, que o Deus de universal majestade, fosse retido

num tabernáculo, entretanto, não se trata de uma presença espiritualizada, o próprio Deus

Habitava ali,aquele que se revela por raios e trovões no monte Sinai.

“Ohel Mo’ edh” (“A tenda da congregação”) Ex. 29: 42,43. Significa a presença do senhor

para ter comunhão com Israel. A gloria de Deus que fora vista de longe, no Monte Sinai,

passou a habitar entre o povo, não como uma demonstração, mas para ter comunhão com o

povo e o povo com ele e Moisés.

“Ohel Há Eduth” “O Tabernáculo do testemunho” ( Ex. 38:21) Era a presença de Deus

específica, não simbólica.

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Focalizava a atenção para o encontro de Deus e seu povo, através da Arca do concerto,

que continha os Dez Mandamentos. Em Hebraico “ Arom Há- Kodesh”.

Mãsãk = O véu exterior

Mizbzh’olah = O altar de holocaustos era revestido de bronze.

Zebhahim = Sacrifício de sangue.

Minhah = Sacrifícios de cereais.

Kiyyõr = A pia de bronze, para purificação, na qual os sacerdotes lavavam as mãos e os

pés antes de entrar no santuário. Um símbolo do batismo.

Kodesh = O santuário. Nele havia três objetos sagrados: ao norte, a mesa da proposição;

ao sul, o candelabro; ao ocidente, o altar do incenso.

“Shulhãn Welehem pãnim” = “mesa e pão da presença”. Nela se colocavam doze pães

frescos de farinha fina, cada sábado. Simbolizava Cristo, o pão da vida, e igualmente as

doze tribos de Israel.

“Menorah” = candelabro de sete braços, feito de uma só peça, que devia estar sempre

aceso. Tipicamente Cristo, luz o Mundo.

Mizbah Migtar = O pequeno altar de outro, para incenso. Simboliza a nação dos santos.

“Shulhãn Welehem pãnim” = (já descrito)

“Parõket” = cortina interior que separava o Santo dos Santos - foi este o véu rasgado

quando cristo morreu.

“Qodesh Qodashim” = A arca da aliança, também chamada de Aron Habberit.

“Kappõret” = propiciatório, derivado da palavra “Kipper”, que significa propiciar.

1-Átrio externo = A primeira estrutura vista no átrio do tabernáculo, era o altar dos

sacrifícios. As cortinas em volta deste local fala do pecador fora da comunhão com Deus por

causa do pecado. Essa exclusão seria temporária, pois o material de que eram compostas,

fala isso, o linho.

A porta à entrada - fala-nos pelo pecado.

O altar de bronze - expiação pelo pecado.

O Santuário – era o lugar de execução do serviço dos sacerdotes. Trabalhavam à luz do

candeiro ( Menorah). Ali havia três objetivos:

1- A mesa dos Paes Asmos - Comunhão e alimento espiritual; Deus presente.

2- O Candeeiro de Ouro - O Testemunho.

3- O Altar de incenso – Comunhão e intercessão.

O Lugar Santíssimo – Era a área mais exclusiva do santuário, de todo o tabernáculo. Podia

ser usada por um só homem, uma vez por ano, no dia da Expiação ( Yõm Kippur).

O único móvel ali dentro era a Arca do concerto. Esse lugar era separado por um véu

(parõlet). Por cima da Arca havia o propiciatório com dois querubins de ouro estendendo as

asas sobre ele.

O Propiciatório - Era feito de ouro maciço e significava que a graça de Deus, mediante o

sangue do sacrifício oferecido no dia da Expiação, interviria para desfazer o ultrage à

santidade de Deus é veredito da justiça divina pronunciada contra o homem culpado.

Também expressava a verdade da comunhão com Deus, porque ali repousava a gloria

divina, o brilho sobre natural ( Shekinah).

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“Yom Kippur” ( O Dia da Expiação)

Era realizado com a oferta em sacrifício de um “bode expiatório”. O sumo sacerdote oferecia

dois bodes como oferendas a Deus pelos pecados do povo; um era sacrificado no altar e o

seu sangue aspergido oito vezes diante do senhor; o outro recebia, pela imposição das

mãos do sumo sacerdote, transferência para si de todo o pecado do povo que fora

confessado; era um ritual místico em que o bode expiatório era levado e solto no deserto,

para nunca mais voltar. Com o passar dos séculos está cerimônia sofreu alterações, já na

segunda Comunidade de Israel: o bode, ao receber, numa transferência mágica, os pecados

do povo, estava destinado a apaziguar Azazel, o demônio mau que habitava no deserto.

O animal era levado cerimoniosamente, para um penhasco bem alto e lançado precipício

abaixo, para que morresse. No instante em que isto era feito, as grandes massas que

enchiam a área do templo e todas as colinas circunvizinhas a Jerusalém, recebiam o sinal

de que a cerimônia havia terminado. O sinal consistia numa larga faixa de lã branca,

simbolizando a pureza, que era acenada e um dos portões do templo.

Quando o povo a via tremular, gritava de alegria, tomavam-na como sinal do perdão de seus

pecados.

O costume de se ter um bode expiatório sacrificado, continuamente ininterrupto, não

somente por causa de seus objetivos místicos, mas por ser um meio conveniente e fácil de

descarregar os sentimentos de culpa e pecado.

Depois da destruição do templo em 70, quando já não se podia mais trazer s sacrifícios, o

rito da “Kaparah”, que também era um sacrifício simbólico de expiação, foi introduzido entre

judeus da Diáspora (Galut). Nesse ritual, o devoto, segurando um galo ou uma galinha

firmemente pelas pernas, faz círculos por sobre a cabeça, por três vezes, recitando ao

mesmo tempo, a fórmula mística em que a oferenda do sangue da ave, que deve ser

derramada pelo magarefe ritual (shochet), deve ser aceito simbolicamente como expiação

pelos pecados que ele tinha cometido durante os anos que passou. Hoje em dia, esse rito

foi substituído pela doação de uma quantia para obras de caridade, embora ainda hoje

judeus ritualistas ortodoxos que praticavam a “Kaparah”.

Com a destruição final do templo em Jerusalém, houve uma inevitável perda de ênfase da

expiação coletiva e cada vez mais o indivíduo passou assumir a responsabilidade moral de

suas próprias ações.

A expiação não significava mais o apagar automático dos erros cometidos, mas um sopesar

voluntário focalizado pela luz implacável da verdade voltada para o próprio ser. A “expiação”

era agora arrependimento, uma transformação que o individuo devia sofrer “por dentro”, e

alcança-la era o objetivo de todos os ritos e orações do Yõon Kippur. A sinceridade do

arrependimento do individuo deveria ser testada pela alteração no seu modo de pensar e

pela sua conduta.

O Yõon Kippur é observado com austeridades apropriadas, com orações continuas e

expressões de dor e de arrependimento. É dever de todo judeu jejuar neste dia,

dispensando-se só os gravemente enfermos.

Pensamentos Judaicos sobre as epopéias, heróis e narrações bíblicas

A Queda do Homem - A história conta a queda de Adão e o Paraíso perdido, e fala dos

primeiros descendentes de adão, tateando e vagando em busca de um sentido de

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moralidade, mesmo o mais rudimentar, em meio à selvageria. A evasão hipócrita do fraticida

Caim, ante Deus que lhe perguntava Por seu irmão Abel, por ele assassinado.

A epopéia épico-moral do dilúvio, é semelhante a queda do homem: um problema moral que

ecoa cada vez mais alto na consciência da humanidade.

Era a terra empapada de sangue, com a insuportável carga de maldade humana que

deveria ser varrida pelo dilúvio purificador, antes que o homem pudesse encetar o avanço

da civilização.

Por que esse pensamento de que esses episódios bíblicos podem ter inserido em suas

narrações mitos?

Porque tem um numero extraordinário de elementos analógicos na mitologia e bibliografia

religiosa de outros povos da Antiguidade, especialmente daqueles que surgem na escrita

cuneiforme das línguas sumerianas, babilônica e ugarítica. Só difere na ênfase dada na

Bíblia aos ensinamentos moralísticos que permeiam nessas historias, entretanto, esses

mitos e lendas não têm prioridade na historia cultural. É como se cada povo narrasse, em

forma de lenda, uma memória remota, já alterada de geração para geração.

A criação do Mundo – Há um mito egípcio antigo que descreve como Rá, o deus-sol dos

egípcios, criou o mundo e o homem; há, ainda, outro mito que atribui ao deus Tot, um deus

escriba, que tudo formou com o poder mágico das palavras.

Dilúvio – Na mesopotâmia, cerca de 2000 a.C., foi composto um poema épico, onde se

narra um grande dilúvio, cujo herói chamava-se Gilgamesh. Também num canto babilônico,

Utnapishtim, o herói, foi escolhido por Deus para continuar a vida na terra, ele constrói uma

arca e leva consigo na viagem dirigida pela divindade, um casal de animais e de aves de

cada espécie. Depois que as águas baixaram, Utnapshtim desce da arca com sua família e

oferece um sacrifício ao deus Marduke.

Também um paralelo da história de Moisés com a de Sargão, o Antigo (2600 a.C.), primeiro

grande rei da Babilônia. Ambos os grandes líderes são descritos por aqueles que teceram

os mitos nacionais em torno deles, como tendo sido prejudicados desde o princípio, por

dificuldades quase insuperáveis; ambos eram de origem humilde e tinham sido rejeitados

pela sociedade dos paises onde viviam. Moisés era filho de escravos, Sargão nascera

ilegítimo e ambos correram o mesmo risco de vida. Sobre Sargão estava escrito numa

Estela de sua própria estátua, encontrada em escavações feitas no local onde ficava Nínive,

na Mesopotâmia: “Minha mãe era degredada, meu pai não conheci”.

No Decálogo há muitas citações paralelas com o Código de Hamurábi, legislador da

Babilônia, que viveu antes de Moisés. Coincidências?

Mitzvah – (pl. Mitzvot), significa mandamentos ou preceitos. De acordo com o padrão

estabelecido pelos Dez mandamentos, concordou-se que o número de leis básicas,

inclusive de mandamentos, estatutos, ordenanças e preceitos da Torah, era 613 (Taryag

Mitzvot). A Taryag Mitzvot é muito elástica e abrange todos os tipos de valores: legal, moral,

ético, social, econômico, político, teológico, cerimonial e ritualístico. As mitzvot são a

totalidade da vida judaica.

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Morte – No pensamento religião judaico, a vida e a morte formam um todo, sendo somente

aspectos diferentes da mesma realidade. Eram consideradas complementares uma à outra,

assim como a noite é para o dia e o inverno para o verão. Eram as engrenagens que

rolavam no processo da Criação.

“A vida e a morte são irmãs; vivem na mesma casa. São ligadas uma à outra e tão

apegadas entre si, que não podem ser separadas. Estão unidas pelos extremos de uma

frágil ponte sobre a qual todas as coisas da criação têm de passar. A vida é a entrada; a

morte é a saída”.

Bachya Ibn Pakuda

Mundo do Além – (hebr. Olam Há-Ba)

Os judeus sempre tiveram seu pensamento voltado para a eternidade.

“Se o Criador não houvesse feito um mundo que se seguisse à morte do homem,

para que ter-lhe-ia dado um começo?” Do Juízo Final (Baruch).

Viam o céu e a terra como interdependentes nos ensinamentos da Jerusalém Celestial e

Jerusalém Terrena, na designação do Reino de Deus no advento do Messias bem Davi.

Havia um paraíso (Gan Éden) sobre o qual Kalonymos fala:

“Agora, ó filho do homem! Tudo dependerá do tipo de carga que você traz consigo.

Ela decidirá se você será admitido ao lugar que brilha com a eterna luz (Gam Éden), ou será

condenado às regiões onde reina suprema escuridão (Guehinom)”.

Quais são os conceitos tradicionais judaicos do Gan Éden (Jardim do Éden ou

Paraíso) e de seu aposto Guehinom (Geena no N.T. e inferno em Português)?

Todas as religiões sentiam a necessidade de acreditar num mundo posterior que

fosse tangível. Como a maior parte da Humanidade sempre teve dificuldade em

compreender idéias abstratas, as recompensas e castigos prometidos para o Mundo do

Além precisavam ser traduzidos em termos compreensíveis e concretos através de símbolos

acessíveis aos conhecimentos e à experiência de todos.

Depois do Exílio é que os judeus, através dos seus rabinos, receberam uma

interpretação exegésica como nos mostra o Apocalipse de João: de Gan Éden como o Céu

e o Guehinom (Geena) o Inferno. Era um a assimilação da dualidade zoroástrica. Antes era

uma exegese metafórica e alegórica onde o Gam Éden era o próprio homem que criava de

acordo com suas atitudes, assim como o Guehinom

Música “Cria-se uma canção quando o espírito dá um salto”

Como povo judeu estava perpetuamente preocupado com o espírito, as canções que

“saltavam” espontaneamente de sua alma encheram sua vida de beleza e autencidade. A

música era ritualista e buscava sublinhar emocionalmente o religioso do serviço sacrificial do

templo, no monte Sião.

Havia outra música orientada para fins sobrenaturais. O profeta Elias pedia um

músico para que ao som do seu instrumento, recebesse a revelação divina (II Rs. 3:l5).

A música era uma terapia, consagrada pelo tempo, para a doença mental e era usada como

tal quase que universalmente por todos os povos da antiguidade. Assim, deve-se

observar que não foi somente o capricho de um déspota-maníaco-depressivo que fez com

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que o rei Saul ordenasse ao jovem Davi que tocasse a harpa para ele, em seus momentos

de angústia em que um espírito mau o atormentava.

“Hagadah” do Pessach - Hagadah é uma palavra hebraica que significa “conto” ou

narrativa. É um costume ordenado nas escrituras:

“E contarás ao teu filho naquele dia dizendo: é por causa do que o senhor fez por nós

quando saímos do Egito” (Êxodo 13: 8 ) Essas narrações são parte do Pessach.

Ressurreição - é uma doutrina judaica que expressa a certeza de que quando zhegar o

messias, os mortos se levantarão fisicamente e se reanimarão com as almas individuais,

que haviam sido suas em vida. É uma crença primordial que sustentava a esperança no

advento do Messias e da Era da Redenção, quando se estabeleceria o Reino de Deus por

mil Anos, do Juízo Final.

Rosh Hashanah - literalmente “cabeça de Ano”, isto é, Ano Novo.

Sabath - (= cessação, descanso) – É o mais sagrado e inviolável dia para os judeus, depois

do Yõm Kippur.

“É um sinal entre mim e os filhos de Israel para sempre” (Ex. 31:17).

O Sabath é uma reafirmação do princípio mosaico de que, por mais pobre, oprimido, ou

rejeitado que o homem seja ou possa se sentir no mundo, no dia de Sabath ele alcança,

uma grande dignidade e estatura moral.

O Sabath é a afirmação em termos religiosos e sociais dos direitos do homem diante de

Deus.

“Akedah” - (o sacrifício de Isaac). A narração desse episodio passou de pai para filho como

oração e culto e serviu de consolo para o povo judeu em meio às adversidades. Isaac era o

protótipo do mártir suave, indômito, que estava preparado para perder a vida se assim

pudesse servir à vontade de seu Deus.Pais desesperados sacrificavam seus filhos a fim de

salva-los do batismo certo que lhes estava destinado se caíssem nas garras de seus

perseguidores. Eles lhes seriam devolvidos, segundo a fé de Abraão, na Ressurreição.

“Shavuot” - (=Festas das Semanas). A lembrança que tem o povo judeu da consagração

de seus ancestrais como “um povo sagrado”, feita por Deus no Monte Sinai, quando Moisés

lhes apresentou a aliança da Torah, também chamada de “Zeman Matan Toratenu”, que

significa “o tempo em que nos foi dada a nossa Torah”. O nome antigo era “Phag Há –

Bikurim” isto é, “A Festa dos Primeiros Frutos”. Os gregos chamavam a Shavuot de

“Pentecostes” do grego “Pente Kostus”, que significa “o qüinquagésimo”, porque era

festejada cinqüenta dias depois da oferenda do molho de cevada que se fazia no templo de

Jerusalém, no segundo dia do Pessach.

Enquanto o templo estava de pé, Shavuot era observado como o segundo dos “três festivais

de peregrinação”. Seu ponto culminante era o altar do Santuário, em Jerusalém, onde se

realizava a oferenda dos primeiros frutos ao templo, multidões de peregrinos de todas as

partes de Israel, enchiam as estradas que levavam ao monte Sião.

Quando as Sinagogas tomaram o lugar do templo, no culto congregacional, os ritos de

colheita adquiriram caráter meramente simbólico.

Hoje em dia nos Kibuthz, são trazidos os primeiros frutos da colheita de verão e exibidos na

sinagoga como prova de bons resultados alcançados pela comunidade.

Nesse dia comemora-se a consagração de Israel ao serviço de Deus e lê-se em voz alta o

livro e Éster. (Só- 1:16).

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“Shechinah”- ( A Presença divina ou a Gloria de Deus). A Shechinah apareceu para

Moisés na teofania da Sarça Ardente; pousou sobre o tabernáculo no deserto, no dia de sua

dedicação e no Santo dos Santos do templo, em Jerusalém.

O Talmud afirma que aonde quer que vá o povo judeu; a Shekinah o segue.

“Shofar” - ou chifre de carneiro, é o único instrumento musical antigo ainda em uso nos

ritos da sinagoga. O chifre de carneiro foi escolhido para servir de Shofar, porque relembra

ao devoto o ato incomparável de fidelidade a Deus da imobilização de Issac, no qual

Abraão, por intercessão da providência, teve o filho substituído por um carneiro. A lei proíbe

que o Shofar seja feito de chifre de vaca ou de boi, pois relembraria a infidelidade de Israel

ao adorar um bezerro no deserto.

O som de Shofar servia para conclamar o povo para a guerra, para a chegada da Lua Nova

e os dias de jejum e festas. Seu som, feito pelo soprar forte dos guarda que vigiavam as

cidades, acalmava o povo. O shofar também anunciava a aproximação da Arca do Senhor,

o advento do Ano Sabático e o fim do período de quarenta e nove anos, o ano do jubileu.

Hoje o shofar só é soprado pelo Rosh Hashanah, nas sinagogas. Ao ouvirem o seu som, os

homens são conclamados para a guerra espiritual contra o pecado e a apostasia; seu

objetivo é o de despertar a consciência e de induzir a introspecção.

“Sinagoga” - Em hebraico Bete Kenesset, que significa “casa da Assembléia” A palavra

sinagoga vem do grego “synagoge” e significa “assembléia” ou “congregação”.

Ela aparece com muita freqüência no Novo Testamento. A sinagoga passou a existir no

século VI a.c., no cativeiro, e assinalou uma transformação de longo alcance na religião

judaica. Já no século VIII a.C., o profeta Amós e seu contemporâneo mais moço e mais

talentoso, Isaías ben Amós, já havia aberto as mentes dos homens para uma revaliação

seria acerca da autencidade e da validade de seus valores religiosos (Is 1:11) tudo começou

a mudar quando o povo foi levado cativo, por Nabucodonosor, para a Babilônia. Foi na

adversidade, numa terra estranha, que a sinagoga nasceu, cresceu e tomou forma,

evoluindo a partir de considerações de ordem prática. Agora choravam o que tinham

perdido, o templo, e já não podiam mais oferecer sacrifícios e restou-lhes, apenas, orar e

estudar a Torah. Aprenderam a orar e mesmo depois de voltarem do exílio, optaram pela

continuidade da sinagoga, mesmo tendo o Segundo Templo.

Foi a sinagoga que manteve os judeus unidos no decurso dos séculos e mesmo que fossem

destruídas, podiam-se ser substituídas , ao passo que com o templo não era assim.

“Sinédrio” – Foi fundado por Moisés, no deserto; era composto por setenta homens

idôneos e idosos, anciãos, mais o presidente (Nassi), que era o juiz. Com o passar do

tempo, o Sinédrio foi-se tornando numa organização formada pela elite, membros da

nobreza e do alto clero.

“Sucot” - ( Festa das cabanas) ou ( Festa dos Tabernáculos). À princípio era uma festa

tribal, com banquetes e danças, na época da Lua cheia. Era uma festa ligada à colheita de

cereais. Começava quatro dias depois do Yom Kippur e durava sete dias, durante os quais,

o povo morava em cabanas ou tendas (Ex. 34:22; Levítico 23:43).

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VI - Levíticos

No hebraico “Wayyiqrã” que significa “E Ele chamou”. Na Septuaginta é “Levitikon”, que

significa “aquilo que é dos levitas”.

É a regularização do ofício sacerdotal como santidade de Israel nação separada para o

serviço e gloria de Deus. Enfatiza Israel como povo redimido e exclusivamente de Deus,

através da propiciação e derramamento de sangue de uma vida inocente no lugar da vida do

culpado, à qual já perdeu o direto, e assim conservar aberto o acesso a Deus. Entretanto, o

regulamento quanto ao rito e ao sacrifício, tem que surgiu da parte de Deus, e não do

homem, o povo deve abster-se de qualquer violação dos vínculos nupciais.

O sacrifício de Holocausto. “consagração” este sacrifício nunca era oferecido pelos

pecados, mas pelo pecado. Era uma atitude de penitência, abandono de pecado e de

consagração por parte do ofertante:

Uma oferta de expiação;

Sacrifício oferecido por já salvos;

Sacrifício perpétuo;

Os Sacrifícios de Manjares eram:

Uma oferta de preservação à vida;

Uma oferta de serviço;

Uma oferta de sustento do ministério;

Apontava para a vida no Espírito;

Simbolizava a comunhão espiritual com Deus;

Oferta de oração.

Sacrifícios pelos pecados - Assim como sacrifício pelo pecado, também era uma oferta de

expiação, com uma diferença, apenas: o primeiro é pelo pecado o segundo, pelos pecados.

O holocausto expiava o pecador decaído sua própria vida, era expiada em sua natureza

geral e abstrata; o sacrifício pelos pecados considerava o pecado em particular, especifico,

um ato praticado e confessado.

Sacrifícios – por transgressões ou de reparação – Pecados contra Deus, praticado pelos

sacerdotes, pelo príncipe, pela congregação ou pelo individuo. Era pecado de conduta ou

relacionamento, de ofensas pessoais.

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VII - Números

No hebraico “Bemidar”, isto é, “no deserto de”, tirado do primeiro versículo. Na Septuaginta

o quarto livro de Moisés chama-se “Arithmoi”, que significa “números”, por causa do

destaque aos números do censo.

A lição que o livro nos dá, é que o povo de Deus só pode avançar à medida em que confia

em suas promessas, dependendo totalmente dele. Só os que realmente crêem entram no

descanso e Deus.

Há objeções quanto as cifras registradas por Moisés, alguns estudiosos dizem ser

alegóricas e interpretam a palavra “eleph” (mil) como sendo “Família” ou “clã”, porem

“eleph” significa milhares mesmo, não é simbologia, é literal.

Sobre as cordonizes, acham absolutamente incrível, uma quantidade delas, ajuntadas em

tal área numa profundidade de dois côvados, daria quase mil toneladas de carne por

refeição à cada família.

Sabemos, porém, que isso é uma má exegese do texto hebraico, que não indica e nem

declara que houve uma pilha de dois côvados cúbicos de corpos de cordonizes, só indica

que os ventos fortes forçavam as cordonizes a voarem baixo, cerca de dois côvados acima

da superfície da terra.

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VIII - Deuteronômio

No hebraico “Ellen Haddbarim”, que significa “estas são as palavras” ou “Debarim”, isto é,

“palavras”.

Na Septuaginta é “Deuteronomion”, “segunda promulgação da lei”.

Moisés faz aqui um discurso à congregação de Israel, imprimindo em suas consciências os

privilégios e as obrigações que lhe pertenciam como povo de Deus. Expôs a constituição da

nova teocracia e a responsabilidade. “Viver o presente sem se esquecer do passado,

olhando para o futuro”.

Os termos usados em Deuteronômio tem dado problemas porque são interpretados como se

fossem geográficos, quando são apenas nomes próprios, p. ex.: “eber hayyarden”, que

significa literalmente como região oeste do Jordão, entretanto, não se dizia esta frase se

localizando; a posição de quem a pronunciava, pouco importava, era o nome da região.

Os textos de Deuteronômio contém muitas referências à natureza sinistra da influência

cananéia sobre a pureza da religião de Israel. Todos os santuários cananeus têm de ser

completamente destruídos, e não deve ficar o menor sinal de altares ou pilares. Todas as

práticas vinculadas à fé pagã, precisam ser meticulosamente evitadas, tais como ferver o

cabrito no leite da mãe, raspar a barba ou cortar a própria carne como sinal de devoção a

alguma divindade pagã. Toda a lei é forte e foi outorgada a um povo simples, que se

preocupava com a agricultura, seu gado e suas vestes.

Aqui a memória da escravidão no Egito é especialmente vivida, para que não se

esquecessem da bondade divina. Apesar de haver um certo paralelismo entre os Dez

Mandamentos e o Código de Hamurábi, entre os israelitas não havia quase distinção de

classes e as condições sociais correspondiam a uma comunidade muito mais rural, o que

não era o caso da Babilônia que vivia da guerra e diferenciava classes inferiores em:

Livre – awelum

Servo – musshkenum

Escravo - wardum

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IX - Livros Históricos

Os hebreus foram os primeiros escritores a narrarem a história com verdadeiro senso

histórico, em todo o mundo antigo; nem mesmo os egípcios e os babilônicos, chegaram-lhes

perto, na serenidade e verdade, e há uma razão “... cedo descobriram que os negócios

humanos se desenvolveram sob um propósito divino. Os acontecimentos humanos, em sua

mente profética, não eram como as ondas do mar, que sobem e descem, de acordo com o

ímpeto das águas; eram uma corrente que se movia na direção ideal. Crendo no futuro,

interessavam-se pelo passado, não apenas quanto aos fatos, mas quanto ao seu sentido e

valor”. Foram os primeiros a afirmarem que Deus controla o destino dos homens e a história

das nações, sem tirar-lhes o direito de escolher.

A história escrita pelos escritores seculares, são apenas objetivas, enquanto que a

Bíblia é também subjetiva, não registra somente os fatos, mas dá-nos a possibilidade de a

interpretarmos como valores em relação ao homem. A história objetiva é impessoal,

informativa, prendendo-se aos fatos relatados; a história subjetiva é pessoal, levanta

interesses e inspira ação, não visa fatos, mas o leitor.

1. Josué

Em hebraico “Yehoshua”, que significa “Salvador”.

Na Septuaginta é “Yesus”, ou Jesus, significando também Salvador.

O livro aproxima-nos de Josué e o identifica com sua breve biografia, dando autenticidade

diante do povo, agora sem Moisés. Ele é o descendente de José e Asenate, por Efraim.

Israel era um povo que saia do Egito e invadia Canaã, dizimando seus habitantes e

tomando-lhes cidades, por isso foi visto como “habirus”, assaltantes da areia, bandidos que

tinham língua e cultos diferentes. Nas escavações de Mari e Nuzi, próximo à Babilônia, os

hebreus eram uma tribo que também era referida com os caracteres S.A GAZ. Não se sabe

como eram pronunciados.

Algumas tribos cananéias procuraram fazer as pazes com Israel e se livrarem de sua força,

como aconteceu com os gibeonitas. Nas tabuinhas de correspondência, encontradas nas

escavações arqueológicas, são narradas “episódios sobre guerras, com os ‘habirus’, sobre a

terra invadida”. Houve vários milagres narrados como o “dia longo”. Contém o registro da

leitura Solene da lei, feita pela congregação inteira de Israel, entre o monte Ebal e monte

Gerizim.

Descobertas posteriores em Mari e Nuzi, e em Babilônia, revelaram que os “Habirus”

participaram na história do Vale da Mesopotâmia já no começo do segundo milênio antes de

Cristo.

São encontrada nas inscrições sumerianas de Naram-Sin, de Larsa, e nas Warod-Sin e

Rim-sin, da dinastia elamita, textos hititas que nos dão evidência que os S.A GAZ e os

“habirus” são o mesmo povo.

Uma descoberta acidental levou à escavação de um arquivo, em 1887, de correspondência

egípcia antiga, escritas em placas de barro, cuneiformes como a escrita babilônica.

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Representavam uma versão cananita (da Cananéia), seqüência de acontecimentos

vinculados à conquista de Canaã, pelos exércitos de Josué.

Nas “correspondências de Tell-el-Amarna”, foram encontradas cartas desesperadas, dos

governadores para os seus soberanos, fazendo-os saber da grande ameaça que eram os

“habirus”. “Tão certamente como vive o rei, meu senhor, quando saem os comissários, direi:

Perdidas são as terras do rei! Não estais me ouvindo? Todos os governadores estão

perdidos; não sobra um único governador para o rei meu senhor. Que o rei preste atenção

aos arqueiros, e que o rei, meu senhor, mande tropas de arqueiro, pois não sobram terras

ao rei!

Os Habiru estão fazendo pilhagem em todas as terras do rei. Se chegarem arqueiros ainda

este ano, as terras do rei, meu senhor, permanecerão intactas, mas, se não há arqueiros, as

terras do rei, meu senhor, serão perdidas!”.

Ainda se leram em tabuinhas de barro: “Cuide o rei de sua terra. A terra do rei está perdida.

Será totalmente arrancada de mim. Quanto às terras de Sheeri (seir) e até Ginti- Kirmal ( o

monte Carmelo ) não há paz em todas as regiões...”

Por aqui vemos como Josué estava arrasando as cidades condenadas de Canaã.

Os israelitas, apesar de guerrearem sob a égide de Deus, não conseguem conquistar toda a

terra, e uma boa parte do declínio espiritual e da apostasia que marcava a historia de Israel,

durante a época de juizes é atribuída à tolerância, aos habitantes e à sua religião

degenerada no meio da terra.

A palavra hebraica “dom” é traduzida, literalmente, como “calar-se” ou “cessar”, e há uma

ligeira diferença em ser lida como “detém-se”. Entretanto, há uma explicação semántica

para esse episódio sobrenatural que foi o “Dia Longo de Josué”, estudado e ensinado como

um problema de fé na onipotência de Deus.

2. Juízes

No hebraico e’ “shopletim”, que significa “juizes ou lideres executivos”. Foi o tempo entre a

morte de Josué e a coroação de Saul e mostra que Israel falhou como Teocracia. O

sacerdócio também não se firma como governo civil, cada um vive como bem lhe apraz.

Israel não cumpria a lei e era oprimido pelos povos vizinhos O livro compreende três partes

desiguais:

I - Uma introdução;

II - O corpo do livro;

III - Dois registros, onde narram a migração dos danitas, com a fundação do santuário de

Dan, e a guerra contra Benjamim, em punição do crime de Gabaá.

Narra a história de heróis libertadores, suas origens, caracteres e ações, que variavam de

um para outro, mas tinham algo em comum: receberam uma graça especial, um carisma

como homens especialmente escolhidos por Deus, para uma missão libertadora.

Os erros do povo são evidenciados nas referências: “Os filhos de Israel fizeram o que era

mau diante dos olhos do senhor”.

O propósito do livro não é glorificar os ancestrais, mas para glorificar a graça de Deus de

Israel e mostrar que o bem estar depende do seu relacionamento com Deus. Quanto ao

sacrifício da filha de jefté:

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O Sacrifício humano sempre foi entendido, desde os dias de Abraão, como sendo

uma ofensa e uma abominação perante o senhor, sendo expressamente proibida em

levítico e Deuteronômio. É inconcebível que o piedoso jefté fizesse isto para agradar

a Deus, para quem o crime é abominação.

A Moça anuiu com muita docilidade, pediu, porém, dois meses do pai, para chorar a

sua virgindade (betulim), o que não teria acontecido se fosse morrer e fosse

queimada.

A garota oferecida ao senhor e não “conheceu homem”, o que seria desnecessário

dizer se tivesse sido morta. Sendo filha única, seu poderia, casá-la com um servo e

adotar os netos como filhos para não ficar sem descendentes, mas ao consagrá-la

ao senhor, ficou virgem para sempre; não houve sacrifício humano, mas uma virgem

consagrada.

Ficou a lição de a opressão é um castigo pela desobediência; a vitória é voltar para o

senhor.

3. Rute

Palavra de etmologia duvidosa, talvez seja uma modificação moabita da palavra hebraica

“re’ut”, que significa “amizade, associação”.

Na “Tanach”, a bíblia hebraica, este livro está colocada com os hagiógrafos como um dos

cinco rolos, os “megillot”, que se liam nas principais festas, destinando-se Rute à festa de

Pentecostes.

Trata-se da história de Rute, a moabita que, depois da morte do Marido nascido em Belém e

imigrado para Moab, retorna à Judá com sua sogra Noemi e casa-se com Boaz, parente do

seu marido. Nele vemos o valor da educação domiciliar ministrada à mulher, foi assim que

Noemi converteu Rute à sua fé.

A família de Elimeleque saiu de Belém (casa do pão) nos tempos de juízes, e como era de

se esperar, os filhos casaram-se com moças Moabitas. Depois da morte do marido e dos

dois filhos, Noemi volta para sua pátria. Uma das noras retorna à casa paterna, mas Rute

apega-se à sogra e vai com ela para Belém, aceitando casar com Boaz, o parente remidor

(gõel) cumprindo a lei do levirato.

Desse casamento nasceu Obed, pai de Jessé, avô de Davi.

“lãhem” (1:13) é uma palavra aramaica e significa “portanto”, mas esta mesma palavra era

usada nos escritos hebraicos significando “para estas coisas”.

O “gõel” precisava ser um parente de sangue, possuir dinheiro suficiente para comprar a

herança perdida e dispor-se a casar com a viúva.

4. I e II Samuel

Na forma mais antiga das Escrituras hebraicas, estes dois livros apareceram como um só.

Os judeus de Alexandria chamavam-no de “livros dos reinos” (=basileiõn), depois de apenas

“libri regnõ-rum” (livros dos reinos).

A divisão em dois livros remonta à tradução grega (Septuaginta); na Vulgata 1 e 2 Samuel e

1 e 2 Reis , formam os quatro livros dos Reis. É uma obra de fontes diversas sobre o início

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do período monárquico, onde são narradas as guerras de Saul, sua rejeição e a unção de

Davi por Samuel para ser o novo rei.

Os livros de Samuel cobrem o período que vai da origem da monarquia israelita, ao fim do

reinado de Davi.

Registra a realeza de Davi em Hebrom, a guerra contra os filisteus e a conquista de

Jerusalém, o que garante a confirmação de seu reinado sobre todo o Israel, sete anos após

a morte de Saul.

Sob o governo de Davi, os filisteus foram definitivamente expulsos e a unificação do

território chegou ao termo com a absorção dos cananeus, com Jerusalém como capital

política e religiosa do reino.

O propósito do livro é mostrar:

A carreira de Samuel, fundador de reis.

A carreira de Saul, o rei infiel, que abandonando a aliança, se transformou em

tirano.

A carreira de Davi, rei verdadeiramente teocrático, que fundou a dinastia

permanente e válida.

O nome “shemu’el” significa “ouvido de Deus” ou “pedido a Deus”.

Samuel era filho do levita Elcana, e de sua esposa Ana, que sendo estéril, pediu-o ao

senhor no “yõm kippur”, fazendo um voto de dedicá-lo, enquanto vivesse, ao senhor, o que

realmente fez entregando o menino ao sacerdote Heli, na tenda da congregação, em Silo.

Segunda a Torah, os levitas não tinham nenhum território tribal de sua propriedade,

moravam entre as quarenta e oito cidades espalhadas pelas doze tribos.

O livro narra, também, a vida de Samuel e seu tríplice ministério; como obedeceu ao senhor

ungindo os reis Saul e Davi; o reinado turbulento do primeiro e o grande pecado do segundo

com suas funestas conseqüências.

O reinado é estabelecido e Israel torna-se um reino forte e poderoso.

5. I e II Reis

Também faziam parte do “Basileion”, como III e IV temos. Quanto as fontes desta obra três

documentos são mencionados:

O livro dos atos do rei Salomão;

O livro das crônicas dos reis de Judá;

O livro das crônicas dos reis de Israel.

O tema é demonstrar, na base da história de Israel, que o bem-estar da nação depende, em

última análise, da sinceridade da sua fidelidade à aliança com o Senhor, e que o sucesso de

qualquer soberano deve ser medido pelo grau de sua adesão à constituição mosaica e pela

qualidade de seu testemunho perante os pagãos, de pureza e de honra a Deus.

O propósito é de descrever aqueles eventos que eram importantes do ponto de vista

de Deus e do seu programa de redenção.

Descreve a construção do templo em sete anos, na qual trabalharam mais de 30.000

israelitas e 153.000 estrangeiros. Como Deus evidenciou sua aceitação, fazendo a Sua

glória descer e preencher o Templo por ocasião de sua dedicação.

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As condições que levaram Salomão ao pecado, e suas riquezas. Ainda fala de como o rei

construiu “lugares altos” no monte das oliveiras e em toda parte em Israel, para as

divindades pagãs adoradas por suas esposas gentias.

Durante o reinado de seu filho Abias, o reino é dividido e dez tribos seguem a Jeroboão.

O profeta Elias era um emissário divino, da parte de Deus, para despertar o povo do sono

do pecado.

A batalha dos Deuses – Durante duas gerações, desde a divisão do reino, Israel

permanecia sem templo, sem sacerdotes verdadeiros e sem a palavra de Deus. Não havia

forças e nem condições para organizarem uma resistência contra a campanha de Acabe e

Jesabel. Elias orou e não houve chuva por mais de três anos, quando ele voltou à presença

do rei com uma mensagem de desafio aos profetas de baal, não foi bem aceito. Mas falou

ao povo com veemência e autoridade, que não podiam ficar entre dois pensamentos, o

Deus que fosse realmente Deus, seria o vencedor.

O Deus de Elias respondeu com fogo que consumiu o holocausto, a água e calcinou as

pedras do altar.

Anos depois, o rei Acazias, filho de Acabe, sofreu uma queda e ficou gravemente enfermo, e

como de se esperar pelos antecedentes paternos, mandou emissários a Baal-Zebul, deus

dos filisteus, para saberem dele se ficaria bom, em vez de procurar Jeová, o Deus de Israel.

Elias sabendo disso, por parte de Deus, mandou-lhe uma mensagem de condenação e

morte. Como represália Acazias mandou-o prender e para isso foi um destacamento de 50

soldados e seu capitão, foram queimados com fogo do céu; o mesmo aconteceu com outros

50, mas o capitão do terceiro destacamento, era muito humilde e não morreu. Elias

acompanhou-o à presença do rei. Passadas estas coisas, estando Elias com seu discípulo

Eliseu, um carro de fogo os separou e o profeta arrebatado num redemoinho.

Primeiro caiu o Reino do Norte (Israel) e foi levado cativo para a Assíria.

Depois foi o Reino do Sul (Judá) que foi levado cativo para a Babilônia, onde passaram

setenta anos cativos.

6. I e II Crônicas

No hebraico o título é “Diberey hay-yamin”, que significa “narrativas dos dias”, ou mais

literalmente “as palavras”. Na Septuaginta são chamados de “Paraleipomenõn”, que significa

“das coisas omitidas”.

O propósito destes dois livros é passar em revista a história de Israel desde os primórdios

da raça humana até o cativeiro da Babilônia e o Edito da restauração. Os dois livros das

crônicas eram, primitivamente, um só, é uma obra do judaísmo pós-exílio, de uma época em

que o povo privado de sua independência política, gozava ainda de uma certa autonomia

reconhecida pelos senhores do Oriente: vivia sob a direção de seus sacerdotes, segundo as

normas de suas leis religiosas. O templo e suas cerimônias eram o centro da vida nacional,

um contexto vivificado pela piedade pessoal, pelas lembranças da gloria ou das fraquezas

do passado e pela confiança nas promessas dos profetas.

O autor de Crônicas é um levita de Jerusalém que escreve depois da época de Esdras e

Neemias. A obra recebeu algumas adições como as tábuas genealógicas, algumas listas de

nomes, provavelmente as dos partidários de Davi (1 crô 12),a dos sacerdotes e levitas (1

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Crô. 15) e a que descreve o pessoal encarregado do culto e da administração do templo de

Salomão, e é grande o interesse pelo templo.

O clero desempenha papel proeminente, não somente o equiparado aos levitas, a

santificação estende-se aos leigos por seus sacrifícios de comunhão.

O centro permanente das Crônicas é o desejo de Davi de construir um santuário para o

senhor, bendito seja o seu nome, desde os preparativos até sua restauração levada a cabo

pela Segunda Comunidade de Israel, ao voltar do Exílio. Não mencionam as desavenças de

Saul com Davi, nem o pecado com Bete-Seba, os dramas de família e as revoltas, mas a

profecia de Natã é posta em relevo, e dá-se especial destaque às instituições religiosas.

A partir do cisma, as Crônicas só se preocupa com reino de Judá.

Este esboço histórico é composto com propósitos definidos em mente, que é dar para os

judeus da Segunda Comunidade, a verdadeira base espiritual da sua teocracia, como o

povo da aliança do senhor, bendito seja o seu nome.

A verdadeira gloria da nação hebréia está no seu relacionamento com deus, através da

aliança do senhor, bendito seja o seu nome.

Como já dissemos, seu autor foi um levita de Jerusalém, e segundo o Talmud, foi Esdras.

Como líder do reavivamento espiritual e moral da Segunda Comunidade, sendo levita da

classe sacerdotal, todo o seu trabalho se adapta no contexto.

Em II Macabeus há a informação de que Neemias possuía uma considerável biblioteca (II

Macabeus 2:13-15).

Fontes:

1. Os livros dos reis de Judá e Israel;

2. A historia do livro dos reis (midrash);

3. As palavras de Uzias, compostas por Isaias;

4. As palavras de Semaías, o profeta, e de Ido;

5. A historia do profeta Ido;

6. As palavras de Jeú bem Hanani;

7. As palavras de Hozaú;

E ainda, Gênesis, Samuel e Reis.

Autenticidade: Há um interesse nas instituições religiosas como sendo essenciais à

perpetuação da verdadeira teocracia; cita os músicos e cantores do templo, as genealogias

dos sacerdotes e o culto. Há a narrativa de Roboão enfrentando a invasão de Sisaque; Asa

confrontando com Zera, o etíope, a tentativa de Uzias conseguir segurança através de um

forte exercito regular; o arrependimento de manassés; a grande páscoa nacional de Josias.

Informa-nos sobre os profetas Samuel, Gad, nata, Aias, Semaías, Hanani, Jeú e Elias.

Há referências que são encontradas só aqui, como informações sobre Asaf, Hemã,

Jedutum, Idi, os dois profetas chamados odede, e também jaaziel e Eliezer. São omitidos os

pecados de Davi, Adonias e Salomão.

7.Esdras e Neemias

O nome Esdras é uma forma aramaica do hebraico “ezer”, que significa “ajudar”, o que é

normal já que voltaram do exílio falando aramaico.

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No hebraico Neemias é “nehem-yoh” que significa “consolo do senhor”.

Os dois livros, segundo a tradição, eram um só e são continuação das Crônicas, e foram

escritos por escribas hebreus; no texto massorético não há espaço dividindo os dois livros.

Tema – Reconstrução da teocracia hebréia, nos alicerces físicos e espirituais do passado.O

Edito de Ciro autoriza os judeus a regressarem à Jerusalém para reconstruírem o templo,

mas os trabalhos são interrompidos pela oposição dos samaritanos.

No tempo do rei Artaxerxes, Esdras, escriba encarregando dos negócios judaicos na corte

da Pércia, chega a Jerusalém com uma nova caravana, e munido de um decreto que lhe dá

autoridade de impor à comunidade a lei de Moisés, vê-se na obrigação de tomar severas

medidas contra os judeus que haviam-se casado com mulheres gentias.

Depois, Neemias, copeiro-mor de Ataxerxes, consegue do rei a missão de ir à Jerusalém

para reconstruir as muralhas, e para isso foi nomeado governador.

Esdras faz leitura solene da lei, celebra-se a festa dos tabernáculos, o povo confessa seus

pecados e se compromete a observar a Lei.

Autoria e data

Supondo que o Ataxerxes de Esdras 7:1, fosse o Artaxerxes I Longímano, a chegada de

Esdras em Jerusalém deve ter ocorrido em 457 a.C. (o sétimo ano de reinado, Esdras 7:8).

Esdras chegou doze anos antes de Neemias.

Ao observar o emprego do pronome “eu” em Esdras 7:10, cremos que o próprio Esdras é o

autor do livro que leva o seu nome. Passaram-se treze anos antes de ele ler a Torah,

embora seu propósito específico em vir à Jerusalém fosse ensinar a Lei de Deus, bendito

seja o seu nome, conseguiu apenas uma vez ler a Torah numa solenidade publica, na

ocasião da Festa dos Tabernáculos. Entretanto, Esdras tinha ensinado a Lei, com diligência,

a grupos menores de discípulos e levitas no decurso dos anos anteriores. Aí nasceu o

Targum.

Segundo a arqueologia, o termo “rei da Persia, foi muito utilizado no tempo que a Pérsia foi

uma potencia mundial, o que se adapta no estilo de Esdras, nascido e educado em território

persa.

O edito registro de Esdras foi achado em ecbátama, na Pércia, na forma hebraica, sem

duvida representava as próprias palavras que foram transmitidas aos judeus. O propósito de

Esdras aqui não está sendo uma narrativa estritamente cronológica, mas sim, como sendo

um histórico de oposição à edificação dos muros da cidade, desde a época de Ciro, até o

reinado de Artaxerxes.Segue uma ordem tópica mais que uma ordem cronológica.

8. Ester

O nome Ester é derivado da palavra persa “Stara” ou Sithara”, que significa “estrela”. O

nome hebraico de Ester era “Hadassa”, que significa “mista”.

O tema é a providência triunfante de Deus em libertar e preservar o seu povo da malícia dos

pagãos que queriam tramar a sua destruição. Embora não mencionasse o nome de Deus,

está implícito de maneira clara na oração do povo, no livramento grandioso.

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Eram os remanescentes que haviam ficado por opção e que tinham o desejo de expressar a

sua fé para outros, embora de maneira discreta, sem pronunciarem o nome de Deus. (Est.

4:14)

Esboço:

A festa de Assuero e o repudio de Vasti.

A escolha de Ester como rainha.

O complô de Hamã para destruir mordecai e os judeus.

Mordecai persuade a Éster para intervir.

Ester faz petição bem sucedida perante o rei.

A queda de Hamã e a libertação dos judeus;

A festa do Purim.

Mordecai é elevado a ministro do rei.

Autoria e data

A maneira como é narrado o livro, dá-nos a impressão de que os protagonistas fossem parte

do passado, um registro tradicional para as gerações futuras, embora as autoridades a

remontem até Josafá e que foi repetida pelo rabino Ibn Ezra. Não se tem o nome do autor,

Pode ter sido o próprio Mordecai, Esdras ou Neemias, ou mesmo um escriba.

Quanto a data, o inicio é a morte de Ataxerxes (450 a .C) e o final antes de 330 a.C., não

havendo nenhuma influência grega na corrente de pensamentos. O autor tem profundo

conhecimento dos costumes persas e da história local, pode ter sido um judeu persa.

Pano de Fundo:

Segundo os registros seculares Xerxes, o Assuero da Bíblia, tinha uma rainha terrível que

bem podia ser Vasti. Sua historia é sinistra e leva outro nome: “a rainha Améstris, filha dum

persa chamado Otanes, em seu ódio e ciúme, mutilou a mão de Artaynta, uma concubina de

Xerxes, e que também, mandou enterrar vivos quatorze jovens persas da nobreza, como

oferta de gratidão a um deus do submundo”.Certamente a origem persa de Améstis, sua

sádica brutalidade excluem qualquer possibilidade de ser identificada com Ester, menina

judia e doce, que obedecia a Deus, o único verdadeiro.

Heródoto, historiador grego, entra em acordo satisfatório, em suas datas, com Ester:

a) Foi no terceiro ano de seu reinado, 483 a.C., que Xerxes convocou uma

assembléia dos seus nobres para planejar uma expedição contra a Grécia – uma ocasião

que muito provavelmente se deu a festa mencionada;

b) Que Ester foi feita rainha em seu sétimo ano de reinado (479 a. C), o qual

corresponderia ao ano no qual Xerxes voltou de sua derrota em Salámis e procurou

consolação no seu harém. Depois de sua briga domestica com Améstris, sobre Artaynta,

Xerxes pode ter escolhido uma nova rainha. Há ainda, algumas observações sobre as 12>

províncias registradas em Ester, segundo Heródoto, o Império Persa dividiu-se em 20

satrápias, o que é bem provável que houvesse um pouco de exagero já que a palavra

“medinah” (província) não representasse a mesma unidade territorial no idioma persa, é

certo afirmar-se categoricamente, que o Império Persa poderia estar dividido em 12>

Medinah.O induto de sobrevivência, e por segurança, a erradicação do mal, é que armaram

os judeus que conseguiram matar tão grande numero de inimigos, e isso, observando-se

que o governo persa tinha uma atitude extremamente insensível para com a vida humana, e

quando se tratava de um problema de um membro da família real, sabe-se que sua

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severidade não tinha limites. Nas inscrições babilônicas há um certo “Marduk-ai-a” que era

oficial em susã durante o reinado de Xerxes; seria Mordecai? Registra, ainda, numa

inscrição de Ataxerxes II, a declaração de que o palácio de Xerxes foi destruído e sua

lembrança teria desaparecido e por isso não há registros seus.

c) O nome “Purim” é autentico. A palavra “pur” significa “sorte” e tem sido

descoberta nas inscrições assírias.

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X. Jô

Em hebraico é “Iyyõb” - provavelmente derivado de uma raiz que significa “voltar” ou

“arrepender-se”, e pode então significar “quem volta para Deus”.A ortografia árabe seria

“Awwãbun”; em arcadismo seria”ayyabun”; nas cartas de tell-Amarna é “Ayab”.

Essa interpretação é baseada em árabe “aba”, que significa “arrependimento” ou “voltar-se

para traz”, freqüentemente seguido pela frase “ilã’llahi”, significando “para Deus”. Outra

etmologia possível de “Iyyõb” é “perseguido”, do hebraico “ãyeb”, que significa “odiar”,

estarem em inimizade.

O tema é: “Por que sofrem os justos?”

Resposta: Deus merece o nosso amor à parte das bênçãos que concede, e pode permitir o

sofrimento como meio de fortalecer e purificar a alma.

Os pensamentos de Deus e os seus caminhos, são movidos por considerações vastas

demais para a limitada mente humana compreender, já que o homem não pode ver os

grandes assuntos como os vê o onipotente. Se um homem de tão alta reputação era

sofredor de um revés tão devastador, o que não poderia acontecer a outro? Se Jó fosse

culpado mesmo que não fosse do conhecimento do povo, então este desastre tão tremendo

seria compreendido como sendo justiça de Deus. Temos em Jó um livro doutrinário; fala da

doutrina do homem, de Satanás, do pecado, da justiça, da disciplina, da fé, da criação e

outras.

Revela, também, fatos divinos e sobrenaturais. As quatro partes principais:

1- Prólogo; 2- Diálogo;

3- Monólogo; 4- Epílogo.

Jó realmente existiu, não é um mito, nem uma lenda, foi um homem que viveu no mundo,

que nasceu de um homem e de uma mulher, que nasceu e teve filhos; teve alegrias e

dissabores. O Talmude não nos diz nada sobre o autor, apenas que foi alguém que viveu na

época de Abraão, mas o fato do livro estar no cânon judeu, nos traz pensar em um israelita

como narrador.

1º) O livro indica um tipo de organização patriarcal de famílias e clãs que faz lembrar a

época de Abraão;

2º) É o chefe de uma família que oferece sacrifícios, ao invés dum sacerdote oficial. A

narração começa em prosa: “Era uma vez um grande servo de Deus, chamado Jó, que vivia

rico e feliz; Deus permitiu que Satanás o ferisse para prova-lo; ferido primeiro nos seus

bens, perde também os dez filhos num só dia. Atormentado em sua carne por uma doença

repugnante e dolorosa, já se mantém, conformado.

O livro mostra-nos com clareza a preferência do nome pan-semítico de Deus, “Eloah” ou

“Eloim”.

O Título “Eh-Shaddai”, o Deus Poderoso, Onipotente, ocorre seis vezes no livro.

É a história de um homem justo que sofreu as mais terríveis dores de corpo e de espírito,

apesar de estar consciente de ter vivido uma vida reta, permanecendo firme em meio às

aflições; foi contemporâneo de Abraão e também respeitou o Código de Hamurábi.

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O capítulo introdutório é apresentado mostrando a situação de Jó, do ponto de vista

divino, como uma controvérsia entre Deus e Satanás, na qual é debatido se pode-se amar a

Deus por si mesmo, e não meramente por bênçãos que Ele concede. O capítulo final

apresenta o resultado final do período probatório; depois da situação de provações

angustiosas, seguida por uma situação de renovada prosperidade e sucesso, teria sido uma

falta de realismo da parte do autor se ele tivesse procurado conservar o mesmo tom e ponto

de vista até o final do livro. Os amigos de Jó não o consolaram, antes o acusaram quando o

visitaram; ao encontrarem o amigo, condoeram-se tanto do seu lastimável estado, que

ficaram em silêncio por sete dias.

Jó era reto, temente a Deus, cuidava de seus filhos, mas nunca lhes ensinara, eles mesmos

a não pecarem ou sacrificarem como ofertantes; nunca lhes abrira os olhos para a vida que

levavam numa eterna festa. E o próprio Jó, que ajudara a muitos e consolara, não fora

capaz quando se sentiu na dor, de consolar a própria esposa, uma mãe enlouquecida pelo

desespero de perder os dez filhos num só dia.

Os amigos de Jó:

Elifaz - Seu nome significa “Deus é ouro refinado” ou “Deus concede”. Sua terra natal era

Temã, em Edom, a sudoeste da Palestina, era uma terra conhecida pelos seus homens

sábios; Elifaz era um homem culto, de grande conhecimento sobre as doutrinas de Deus.

Dois de seus principais argumentos são que Deus é soberano, justo e puro e que o homem

é a causa dos seus próprios problemas.

Bildade – Seu nome significa “Filho da contenda”. Sua terra era a Síria, ao longo do rio

Eufrates; é o tradicionalista do grupo, mais argumentador do que Elifaz. Ele acusa Jó de

impiedade e assegura que Deus jamais perverte o direito.

Zofar – Seu nome significa “cabeludo” ou “rude”; sua cidade era Naamã, ao norte da Arábia.

Ele é dogmático, severo e moralista, exibindo às vezes, ser mais perfeito do que os outros.

Um dos seus argumentos principais é que Deus não ignora a iniqüidade de ninguém.

Eluú – Seu nome significa “Ele é meu Deus”. Sua cidade era Buz, na Síria ou Arábia; era o

mais jovem dos quatro e quase sem nenhuma intimidade com Jó. Falou que Deus é sempre

misericordioso e bom. Os três “consoladores” tinham representado falsamente a natureza e

a providência de Deus. A contribuição de Eliú foi corrigir a explicação farisaica dos amigos,

de que todos infortúnios como sendo necessariamente um castigo pelo pecado pessoal. De

fato, pode ser dito que as expressões de Eliú servem admiravelmente para preparar o

caminho para a Teofania dos capítulos finais. Seu estilo e linguagem são marcantemente

diferentes, apresentam uma personalidade distinta.

Diálogo – Jó amaldiçoa o dia do seu nascimento e lamenta sua miséria, seu desespero era

grande; lamenta porque não morreu no ventre materno. Perguntou: Por que e para quê

nascem os miseráveis?

Os homens tinham falado, declarado, proclamado, divulgado, exposto suas idéias, teorias e

pensamentos sobre o caso do patriarca. Acusaram e contenderam com o ancião, argüiram e

discutiram com ele. A Ciência (Elifaz), a tradição (Bildade) e o dogma (Zofar), tinham

apresentado seus argumentos.

A sabedoria e o conhecimento não acertaram o alvo e Deus se fez ouvir intimando a Jó a se

erguer e preparar-se para ouvir. As perguntas divinas não podem ser respondidas por Jó,

simples humano. Jó arrepende-se de se ter justificado, confessa sua ignorância, se humilha

e se torna um exemplo de benção.

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XI. Salmos

Em hebraico chama-se “Tehillim” ou cânticos de louvor. Na Septuaginta é “Psalmoi” =

“cânticos para serem acompanhados por instrumentos de cordas”.

Para se entender como nos Salmos atribuídos a Davi, o tempo é referido, procura-se a

tradução hebraica. Se foi Salomão quem constituiu o Templo, a que Templo se referia Davi?

Talvez do hebraico “Beyty-Elohim” que significa “casa do Senhor”, ou “Beyty Yahweh”, “casa

de Jeová”.

E era que, às vezes, denominavam a Tenda da Congregação.

Nos Salmos de Davi se revela um homem comum que adorava ao Senhor, expressa suas

incertezas, inseguranças, angústias, tristezas, vitórias e derrotas, que de outra maneira

jamais externaria. Um rei nunca parece comum para seus súditos, para conhecer-lhe as

fraquezas é inédito.

Os Salmos eram cânticos de louvor, orações e petições; são as mais belas poesias de que

temos conhecimento.

Essa maneira de cultuar não era prerrogativa só dos hebreus, a descoberta de números

consideráveis de hinos acadianos e egípcios, comprovou de maneira clara a antiga

aplicação deste gênero literário pelos vizinhos de Israel, já no segundo milênio a.C.

A arqueologia também descobriu poesias ligaríticas compostas numa língua muito

semelhante ao Hebraico, datadas do século XV a.C.

Como seus vizinhos do Egito, da Mesopotâmia e de Canaã, Israel cultivou, desde origens, a

poesia lírica sob todas as formas. As características mais distintas da poesia Hebraica, é o

paralelismo de idéias, a relação vista a cada dois ou mais versos e poesias, sem a menor

preocupação com rima, palavras, sons. A vantagem disto, é que a mensagem retém seu

efeito geral quando traduzida para outra língua.

Termos Técnicos:

Mizmar – “salmo” acompanhado de instrumento de corda.

Shir ou “Shir humana’aloth” – cânticos dos degraus.

Maskil – poema didático contemporâneo.

Miktan – cântico de expiar ou cobrir os pecados.

Tepillah – simplesmente oração.

Tehillah – cântico de louvor.

Shiggayon – cântico errante.

Termos Musicais:

Lam – menasseah – ao mestre do canto

Neginot – instrumento de corda.

Nehillot – instrumento de sopro (flauta)

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Sheminit – alaúde de oito cordas, ou uma oitava, isto é, mais baixo do que o soprano

(alomoth)

“Alamoth” – virgens ou soprano alto.

Mehath – doença, tristeza, cântico de lamento.

Selah - não é para ser lido em voz alta, é apenas um aviso de pausa.

Dos tipos vários de paralelismo, veremos dois: Sinonímico – 2º verso repete com

sinônimos, pensamentos do primeiro (Salmo 20:2, 3); Antitético – 2º verso é uma síntese

do primeiro (Sl 71:2; Pv. 12: 1, 2).

Outros paralelismo:

Analítico.

Progressivo.

Introvertido.

Climático

“Wa’nni nasákhti malki’al Siyyon har - Kodash” = Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o

meu santo monte Sião.

As classes os Salmos

Salmos Didáticos – (1,15,50,94...) estes comunicam algo de importante ao povo e visava

instruí-lo no caminho do bem e da prosperidade espiritual.

Salmos de gratidão e louvor – (30, 75, 105, 106, 146,150) falam da gratidão e do louvor

que o salmista eleva a Deus. São os Salmos de Aleluia, por se usar esta palavra, sempre.

Salmos Históricos – (77, 81, 114,137) São verdadeiras odes aos eventos históricos e

incidentes na história dos judeus, cânticos onde narraram a escravidão egípcia, o êxodo,

guerras, o cativeiro babilônico e sobre vidas em particular.

Salmos Imprecatórios – (35, 58, 59,109...) A palavra “imprecar” significa pedir a Deus que

amaldiçoe alguém ou algo. São invocações de males para os inimigos do poeta ou salmista;

pode ser também, para o povo todo.

Salmos Messiânicos - (Proféticos) – 2, 22, 24, 45, 50, 69, 72, 96 ...

Salmos da Lei – (8, 29, 104, 119 ...)

Salmos da Natureza - cantam a grandeza, bondade e valor da natureza (criação).

Salmos Penitenciais - (6, 37, 38, 51, 102) O salmista reconhece as suas falhas e pede

perdão.

Salmos de Peregrine - Cânticos dos degraus; eram cânticos que os judeus entoavam

quando subiam de sua cidade para o Templo, em Jerusalém. E também entoados pelo povo

ao subirem os próprios degraus do Templo.

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Divisão dos Salmos

Livro I – Salmos de 1 a 41 – correspondem ao Gênesis – o nome Jeová tem ênfase.

Livro II – Salmos de 42 a 72 – correspondem a parte do Êxodo, salvação dos homens e

libertação de Israel – aqui cita o nome de Eloim como Deus; também são quase todos de

Davi.

Livro III – Salmos de 73 a 89 – sobre Levíticos, o Tabernáculo, liturgia levítica, a santidade

de Deus (tanto Eloim, como Jeová.) São de Asafe.

Livro IV – Salmos de 90 a 106 – Autores incertos – fala sobre números, perigos, proteção e

peregrinação.

Livro V – Salmos de 107 a 150 – Vários autores – Relata sobre o Deuteronômio – enaltece

o valor da palavra “Lei”, e o louvor; o clímax é o 119 – Jeová domina.

“Hëykal” – Templo

“Godesh” – santuário

“Beyt – Yahweh – casa de Deus (Josué 6:24)

“Sukkah” – choupana

“iohel” – tenda

“millah” – palavra

“Salaq” – subir

“-ayik” – de ti

Não foi nada fácil para os tradutores da Bíblia, dar o sentido literal do texto no original, para

o idioma em que estava se traduzindo. Uma exegese profunda foi necessária, porque

traduzir da Septuaginta e da Tanach, nem sempre havia concordância. Em hebraico: “Lê -

mim - nesah” é traduzida como “até – desde – fim”.

Em grego – “eisto nikos” – até a vitória.

“To nikopoio – ao que ganha a vitória.

“epinikion” – cântico de triunfo

Eram termos técnicos em desuso que faziam com que o verdadeiro significado não

fosse mais lembrado, o que dificultava uma perfeita exegese.

“eis to telos” (grego) “até o fim”.

“Lam-me-nasseah” (hebraico) “para louvor” (targum).

Os Salmos não foram prerrogativas só do povo hebreu, outros povos da Antiguidade

também compuseram cânticos de louvor e adoração aos seus deuses; e em alguns há até

semelhanças intrigantes.

Ugarítico- “aquele que cavalga nas nuvens” Sl. 104:3 – “Tomas as nuvens por teu carro”.

Ugarítico- “suas lagrimas são derramadas como ciclos na cama enquanto chora”.

Sl.6:6 “todas as noites faço nadar o meu peito”.

Ugarítico- “ teu reino é eterno, teu poder perdura até todas as gerações”.

Sl. 145:13- “O teu reino é o de todos os séculos, o teu domínio subsiste por todas as

gerações”.

Ugarítico- Ó El, apressa, ó El, ajuda-me” Sl40:13-“Dá- te pressa, ó senhor socorre-me”.

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Vemos aqui alguns exemplos marcantes de paralelismo, o que nos leva a crer que os

hebreus não foram pioneiros nesse estilo poético, mas que haviam assimilado a cultura do

povo cananeu.

Mesmo que por uma questão de semântica, hoje não consigamos dar a mesma

interpretação e quando o cântico foi elaborado, temos que ter em mente que todas as partes

da palavra de Deus são verdadeiras no sentido tencionado pelo autor original sob a

inspiração do Espírito Santo, mesmo quando expressas em linguagem que talvez tenha sido

compreendida só na época em que foi escrita.

Para o povo de Deus daqueles tempos, os seus inimigos eram os inimigos de Deus, daí a

imposição da destruição justificada desses inimigos.

O amor de deus e sua justiça, só foram corretamente entendidos quando Jesus veio à terra

ensinar seu amor aos homens.

Síntese:

Livro I- Pecado

Livro II- Salvação

Livro III- Adoração

Livro IV- Peregrinação

Livro V- Obediência

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XII. Provérbios – A verdadeira Sabedoria

Em hebraico é “Misheley shelo h”, que significa “provérbios de Salomão”.

O termo de “provérbios” é “mãshãl”, que significa “paralelo, semelhante” ou “uma derivação”.

O objetivo primordial do livro é ser praticado, sendo aplicação, a edificação moral. Dá

admoestação à juventude. Às vezes não há coerência dentro dos cânticos, as máximas se

agrupam sem plano nenhum e com repetições, entretanto, há uma unidade.

Foram usados três termos representando a sabedoria em provérbios:

1- Hokanah; 2- Binah; 3- Tushiyyah

1. Hokanah - “Sabedoria”. Um correto discernimento entre o bem e o mal, entre o

vício e a virtude, entre o dever e o fazer sua própria vontade. Ensina a prudência em

assuntos seculares, a socialização e o relacionamento interpessoal.

2. Binah- “Compreensão” – descreve a diferença entre o falso e o real, entre a

verdade e o erro, entre alegrias efêmeras e vãs e valores que tornam o homem feliz,

de verdade.

3. Tushiyyah – “Sabedoria Sadia”. A Sabedoria eficiente ou sucesso permanente. A

sabedoria é uma introspecção refletida; realça a capacidade da mente humana de

atingir a realidade divida.

4. Para usarmos em educação, provérbios e máximas, adágios, enigmas.

O tema – “O temor do senhor é o principio da sabedoria”.

Por que há um livro chamado sabedoria?

“Para aprender a sabedoria e o ensino para entender as palavras de inteligências; para

obter o ensino de bem proceder a justiça, o juízo e a equidade; para dar ao simples

prudência, e aos jovens conhecimento e bom siso,ouça o sábio e cresça em prudência, e o

entendimento adquira habilidade.” (Pv.1:2-5)

Como não há seqüência cronológica, fica difícil de fazermos uma divisão de assuntos, ou

mesmo, de temas. Fala sobre a excelência da sabedoria, admoesta o jovem bem a ouvir, o

coração e a voz, para adquirir entendimento; junta ao ensinamento o atrativo de uma

apresentação enigmática, já conhecida na antiguidade. É uma seqüência de instruções,

interrompida por dois discursos de sabedoria personificada e o epílogo é uma composição

erudita, em ordem alfabética, que louva a mulher perfeita.

Segundo inscrições encontradas em escavações arqueológicas, as palavras dos sábios

árabes Agur e Lemuel, atestam o valor da sabedoria estrangeira que são inspiradas nas

máximas egípcias de Amenemopê (1000 a.C)

Quem adquire sabedoria (conhecimento), crescerá e possuirá o bom senso de não se obter

às palavras dos perversos e fugirá da mulher estrangeira e da adúltera, e usufruirá vida

abençoada.

Por nosso coração ser o centro da vida e das emoções, encontramos vários versículos

referentes a esse órgão. “O coração é o homem interior”. No coração devemos guardar os

decretos divinos, com ele devemos confiar no senhor, e devemos guarda-lo para vivermos

melhor e mais.

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Discorre na prudência do bom pai que instrui o filho com responsabilidade e entendimento

espiritual.

No hebraico, principal significa “cabeça”, “chefe”, quando se fala que a sabedoria é a “coisa

principal” (ARC), dar ênfase a aquisição da sabedoria.

Salomão exorta o jovem sobre a influência carnal que pode levá-lo à ruína material e

Espiritual. Aconselha contra a preguiça, o excesso de lazer e sobre a mulher adultera, que

poderá leva-lo à morte.

Evidencia os valores da mulher virtuosa e a felicidade que reina em seu lar, na ordem

doméstica e o orgulho do marido felizardo.

A composição de Provérbios 1-9, segue o modelo das “Instruções”, um clássico da

sabedoria egípcia e dos “conselhos” de um pai a seu filho”, inscrições recentemente

encontradas num texto arcádico de Ugarit. Até mesmo a personificação da sabedoria tem

antecedentes literários no Egito, onde foi personificada Maat, a justiça –verdade, entretanto,

apesar de a forma literária de Salomão não ser nova, ela preserva a originalidade do

pensador israelita e é transformada por sua fé já vista.

Nas duas coleções, a ugarítica e a egípcia, predomina o tom de sabedoria humana e

profana, que desconcerta o leitor cristão.

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XII. Eclesiastes

Em hebraico “Qehelet”,que significa “ofício do pregador; aquele que chama; aquele que

invoca”. É derivado da raiz “qanal”, que significa “convocar uma assembléia”, ou então

“dirigir a palavra à uma assembléia”.

Este pequeno livro se intitula “Palavras de coélet, filho de Davi, rei de Jerusalém”.

A palavra Coélet não é um nome próprio, mas um substantivo comum usado às vezes, com

artigo; é um nome de ofício, e designa aquele que fala assembléia. Daí o titulo latino e

português “o pregador”, transcrito da Septuaginta.

O tema do livro é que “tudo é vaidade”, mas o propósito é conscientizar o homem da

nulidade das coisas do mundo e que a felicidade pessoal não passa de algum tempo, alguns

momentos.

Tudo é decepcionante: a ciência; a riqueza e o amor; até mesmo a vida; cujo fim é a velhice

e a morte, a qual atinge igualmente, sábios e néscios, ricos e pobres, animais e homens.

Desperta o homem para a realidade de não se ater somente em sua realização, como se

isso fora sua preocupação última.

O autor do livro é sem dúvida, Salomão:

É muito rico. (2:8)

É sábio (1:16)

Senhor de muitos servos (2:3)

Construiu bastante (2:4-6)

É filho de Davi e rei de Jerusalém (1:1)

Entretanto, a tradição judaica, em Baba Bathra, afirma que “Ezequias e sua companhia

escreveram Eclesiastes; o que se pensa é que esse rei mandou-o reescrever. A autoria do

livro em si, é de Salomão, e foi levado como tesouro, entre outros, para o exílio, pois usa

muitas palavras em aramaico, e essa foi a época em que os judeus fizeram bastante uso

dessa língua, ao ponto de esquecerem o hebraico.

O autor descreve tudo empiricamente, há momentos de reflexão e amargura, quando afirma

que “a vida é opressão, calamidade e tristeza, seria melhor nem ter nascido”.

Medita sobre a morte, não como um fim, mas um estágio letárgico, nem mau, nem bom, e

termina com exortações à fé em Deus e a guardar seus mandamentos. Dá uma lição de

desapego aos bens materiais, e negando a felicidade dos ricos, prepara o homem para

entender que “bem aventurados são os pobres”.

Cantares de Salomão

Em hebraico o titulo é “Shir hash-shirim”, isto é “Cântico de Cânticos”, ou “O melhor dos

Cânticos”.

Na Septuaginta, literalmente é “asma amatom”, ou sopro Vivifico”.

Pelo titulo vemos que não é apenas um cântico, é um cântico que está acima de todos os

cânticos. Esse cântico Por excelência, é o mais belo, celebra numa serie de poemas o amor

mútuo de uma Amada e um Amado, que se unem e se perdem, se buscam e se encontram.

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Na bíblia hebraica, o Cântico é classificado entre os “escritos” que formam a terceira e mais

recente parte do cânon judaico. Este livro que não fala em Deus e que emprega a linguagem

de um amor apaixonado, tem causado estranheza, mas celebra o amor mútuo e fiel que o

matrimonio confirma, proclamando sua legitimidade.

Nos primeiros versículos lê-se em hebraico: “asher li-shelomot”, isto é “que é de Salomão”.

Há no livro várias palavras aramaicas, o que, a exemplo de Eclesiastes, pode apontar para

uma reescrição pós-exilica, entretanto, é bom lembrarmos que esses vocábulos podiam

existir nos tempos antigos, antes do exílio, uma vez que havia mulheres oriundas das

pradarias aramaicas, no meio deles, se não esquecermos que as esposas dos patriarcas

falavam esse idioma e compreendermos que sempre houve vocábulos aramaicos no falar

dia-a-dia do povo israelita.

Há três tipos de interpretação para o livro:

1ª) Interpretação Alegórica – Salomão foi identificado com o senhor Jesus e a Sulamita

com a igreja, ou Salomão com Jeová e a Sulamita com Israel.

2ª) Interpretação literal – Seria um cântico secular de amor, uma ode ao amor de um casal,

sem nenhuma mensagem espiritual ou teológica, embora fosse difícil crer num Salomão

marido de mil mulheres, apaixonado por uma camponesa. Talvez fosse um sonho criado por

ele, de um amor puro por uma única mulher. Há ainda, os defensores de que era um dos

muitos, talvez o melhor, dos cânticos, que os hospedes cantavam em festas de casamento,

onde eram cantadas a beleza da noiva e as virtudes do noivo.

3ª) Interpretação Típica - A defesa de que realmente se contou uma fase da vida de

Salomão em que habituado que estava com princesinhas deslumbrantes, a beleza pura e

simplicidade Angélica da camponesinha, o encantou. Por ela o rei trocaria suas mulheres

sensuais e “experts” no amor; por isso o cântico tem conotação de monogamia.

Compreende-se porque os rabinos proíbem-no a qualquer judeu antes de trinta anos.

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XIII. Os Profetas

A Bíblia hebraica agrupa os livros de Isaias, Jeremias, Ezequiel e dos Doze Profetas, sob o

título de “Profetas posteriores”.

A Bíblia grega apresenta os livros proféticos depois dos Hagiógrafos, numa ordem diferente

da do hebraico.

As grandes religiões da Antiguidade tiveram pessoas inspiradas que pretendiam falar em

nome de Deus. A própria Bíblia dá testemunho sobre o vidente Balaão, que o rei de Moab

mandou vir de Aram, e sobre os 450 profetas de Baal consultados por Acab (1 Rs.22), os

quais, como os pioneiros, eram um grupo numeroso de turbulentos. Confrarias de

“inspirados” apareceram em Sm 10:5 e no tempo de Elias; era a “Casa de Profetas”.

A mensagem divina chegava ao profeta de muitas maneiras: numa visão ou pelo ouvir (Bat

kol), mas na maioria das vezes era por uma inspiração interior.

A mensagem recebida é transmitida pelo profeta em forma igualmente variada: em trechos

líricos ou relatos em prosa, em parábolas ou às claras, no estilo breve dos oráculos.

A expressão da mensagem depende do temperamento pessoal e dos dons naturais de cada

profeta, que tem a convicção inabalável de que recebeu uma palavra de Deus e de que

deve comunica-la. Esta convicção se funda na “experiência” o profeta tem um contato

imediato com Deus, transcendente, numa intervenção de Deus na forma do profeta, que o

coloca num estado psicológico “supra-normal”. Esta mensagem, assim transmitida,

raramente se dirige a um só indivíduo. São mensagens que se referem ao presente e ao

futuro.

No entanto, como o profeta não é mais que um instrumento, a mensagem que ele transmite

pode ultrapassar as circunstâncias em que foi pronunciada, permanecendo em mistério.

Os profetas desenvolviam um desempenho considerável, religiosamente em Israel; não só

mantiveram e guiaram o povo no caminho do javisono autêntico, como também foram os

órgãos principais do processo da revelação. Suas contribuições se combinaram segundo

três linhas mestras: o monoteísmo, a moral, e a esperança da Salvação.

Monoteísmo - só lentamente é que Israel chegou à uma definição do monoteísmo. Durante

muito tempo aceitou-se a idéia de que os outros povos podiam ter outros deuses, o Deus de

Israel, porém, era exclusivo. “Iahweh, Senhor da terra inteira, não deixa lugar para outros

deuses”.

Deus é único; os outros deuses são mitos e ilusões, não existem. Deus é transcendental,

está rodeado de mistérios, infinitamente acima de sua criação, de quem, entretanto, ele está

perto pela bondade e pela ternura por seu povo, Israel.

A moral - A santidade Deus se impõe à impureza do homem; é o pecado que separa o

homem de Deus; que é um atentado contra o Deus de justiça, contra o Deus de amor,

contra o Deus de Santidade.

O que Deus pede é uma religião interior que se deve direcionar às manifestações exteriores

do culto.

A espera da Salvação - Contudo, o castigo não é a ultima palavra de Deus, que longe de

querer a ruína total de seu povo, continua a realizar suas promessas, não obstante todas as

apostasias. Para estabelecer e governar seu reino sobre a terra, Jeová enviará o “ungido”

(Messias), que nascerá da linhagem de Davi, em Belém de Efrata, receberá os mais

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magníficos títulos, terá sobre si o Espírito do Senhor e seu nome será “Emanuel” (Deus

conosco).

Esta esperança sobreviveu aos sonhos de dominação terrestre, ao desmoronamento do

reino é a dura lição do exílio.

Num geral, a natureza da profecia hebraica, é uma revelação oral escrita, em palavras

humanas, transmitindo a revelação de Deus e sua vontade. Moisés foi um profeta porta-voz

que esclareceu a vontade divina em todo seu ministério. Houve profetas que não tiveram

suas mensagens escritas, mas foram citados como Natã, Gade, Semaías, Aias, Elias,

Micaías, Eliseu, Odede, e outros (chamados profetas pré-literários).

O Ofício – do verbo acadiano “nabu”, que significa “chamar, anunciar, convocar”. Logo no

inicio do Código de Hamurábi, rei babilônico, afirma ser “nibitBel”, que significa “vocacionado

de Baal, e que os deuses “nibiu”, Isto é, o chamaram, ou nomearam. Em hebraico, eram

também chamados de “ish-Elohim” – homem de Deus, ou “hazeh” ou “roeh” = vidente. Estes

termos implicavam que os profetas não seriam enganados pela aparência externa em falsas

impressões, entregavam-se à vontade de Deus.

Alguns profetas surgiram da tribo sacerdotal, a maioria entretanto, pertencia às outras tribos

e formavam uma classe à parte, distinta dos sacerdotes que iam-se tornando cada vez mais

profissionais.

Para que servia mesmo a profecia?

1. Para exortar o povo e solidificar a fé em Deus.

2. Recordar que as bênçãos dependiam da obediência do povo e da fidelidade dos

decretos divinos.

3. Levar o povo a um avivamento espiritual, desviando-se do mal e voltando-se para

Deus, que apesar de tudo, continua amando-os.

4. A profecia hebraica era selada como palavras de Deus, ao ser pronunciada pelo

profeta a frase: “assim diz o senhor”, e o que predizia tinha que ser cumprido, e se as

predições fossem futuras, sempre havia milagres e profecias cumpridas para provar a

veracidade.

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XIV. Profetas Menores

Introdução – São chamados assim os Doze profetas, não pelo tempo do seu ministério, mas

por estarem todos, reunidos num só livro, um rolo grande que em grego veio a chamar-se

“Dodekaprophrton”. A Igreja Cristã denomina-os de doze Profetas Menores pela brevidade

se suas mensagens e não pelo valor que é equiparado ao dos Profetas Maiores.

A bíblia hebraica (Tanach), seguida pela Vulgata, ordena-os segundo a sucessão histórica

que a tradição lhes atribuía. A colocação é um pouco diferente na Bíblia grega

(Septuaginta), que aliás, faz como estamos fazendo agora, pondo-os antes dos Profetas

Maiores. Os livros são apresentados aqui segundo a disposição tradicional da Bíblia

hebraica.

1. Amós

Seu nome é derivado do verbo “ãmas”, que provavelmente significa “erguer um fardo,

carregar”.O tema é a “justiça de Deus para com os que são fieis à sua Aliança e à sua Lei”.

Amós era pastor em Técca, nos limites do deserto de Judá (1:1); alheio às confrarias de

profetas, foi tomado por Iahweh de detrás do seu rebanho e enviado a profetizar a Israel

(7:14). Após um curto ministério, foi expulso de Israel e retomou suas ocupações anteriores.

Além de pastor em Técca, o profeta era boiadeiro e colhedor de sicômeros, perto de Belém.

Estudiosos crêem-no de origem humilde por não ser mencionado o nome do seu pai, e essa

foi uma das fortes razoes para ser ignorado. Não freqüentou uma escola formal de profetas,

não sendo nomeado no ministério profético. Abandonou o lar ao ser comissionado por Deus,

e como leigo, num linguajar simples de camponês, mas com a convicção de homem

habituado à vida laboriosa, tornou-se um arauto que proclamou uma mensagem dura, não

só para a orgulhosa Israel, mas para as nações vizinhas, também.

Estava havendo um conflito de ordem moral na classe rica, estavam se esquecendo do

sétimo mandamento, e procuravam parecer santos aos olhos da família que haviam

manchado, com hipocrisias e rituais do culto de Deus.

Sua mensagem é precisa quando diz: “dois anos antes do terremoto” (1:1)

Talvez tenha sido o primeiro “profeta escrevente”, apesar da pouca cultura, pelas inúmeras

referencias à torah.

Prega no reinado de Jeroboão II, época gloriosa para Israel, humanamente falando que o

luxo e a riqueza dos grandes insulta a miséria dos oprimidos, que o esplendor dos seus

cultos, disfarçava a hipocrisia.

Amós condena em nome de Deus, a vida corrupta das cidades, as injustiças sociais, a falsa

segurança posta em ritos, nos quais a alma não se compromete (5:21,22). Iahweh,

soberano Senhor do mundo, punirá duramente a Israel, obrigado por sua eleição, à uma

justiça moral maior (3:2).

O “Dia do Senhor” será de trevas e não de luz (5:18); a vingança será terrível, executada por

um povo que Deus chama (6:14), a Assíria. Mas há uma pequena esperança para a casa de

Jacó (9.8), para o “resto” de José.

É uma doutrina profunda sobre Deus, senhor universal e todo poderoso, defensor da justiça,

expressada pelo profeta com segurança absoluta.

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Amós foi um homem preparado por Deus para proferir oráculos sobre:

- A prostituição religiosa. Am 2:7 . Deut. 23:17,18

Se não há uma proibição como o povo iria saber se era legal ou não?

Consagração dos Nazireus.

Dízimos.

Tradição não obedecida sobre os cultos.

Ofertas voluntárias (nedabõh).

Logo no princípio do livro, lê-se em hebraico “bõqer” (vaqueiro), daí a certeza de que o

profeta foi boiadeiro (7:14); mas devia criar, também uma espécie de ovelhas malhadas, em

hebraico “nõqed” (1:1). Ao colher sicômeros ou figueiras bravas, mostrava ter outras

atividades para sobreviver ( Shiqemim= sicômeros).

Amós também condena não entregar à noite, as roupas empenhadas (Ex 22:26).Sua

mensagem não é inovadora, relembra a Aliança quebrada, o que traria conseqüências

drásticas.

2. Oséias

Do hebraico “Hõshea”, que significa “salvação”. Oriundo do reino do Norte, o profeta é

contemporâneo de Amós, pois pregou no templo de Jerobõao II.

Com uma audácia surpreendente e uma paixão que impressiona, a alma terna e violenta de

Oséias, exprimiu pela primeira vez, as relações entre Iahweh e Israel, nos termos de um

matrimônio. É um livro preocupado com os costumes morais em decadência, pelo abandono

das leis do Senhor; Israel é tratada como esposa amada de Deus, que o abandona, mas

que continua sendo amada e esperada, os israelitas são a prole divina, nascidos desse

amor.

Oséias é treinado e aprofundado no amor de Deus por Israel. O livro usa um dialeto do

Norte de Israel, perto da Síria, onde se falava o aramaico. Seu ministério foi penoso, pois

teve de viver na realidade, o drama de Israel, seu problema religioso e moral, em seu

matrimônio. A nação israelita tinha chegado a um nível muito baixo, talvez o mais baixo de

toda sua história, onde imperava a prostituição no templo, tendo como disfarce o louvor a

Deus. Até sacrificavam crianças aos deuses pagãos.

Oséias casou realmente com Gômer e Deus pôs em seu coração um grande amor por ela,

uma paixão avassaladora, ao ponto de sempre perdoar -lhe as traições. Era uma ilustração

de Israel com Iahweh.

Para a sociedade e para a religião, homem consagrado casar-se com uma prostituta era

inaceitável, e Oséias causou um grande impacto ao agir assim, sem falar no escândalo e na

vergonha para a família.

Ao transmitir a mensagem, o profeta fez o povo sentir o peso do castigo divino por ter agido

com deslealdade com o senhor. Israel é uma mulher adultera, que abandona o marido que

tudo lhe deu, mas Deus, com amor, conclama o seu retorno e promete recebe-la sem

recriminações, porem, se continuar resistindo, então lhe viriam os castigos: ficaria sem grão

e vinho, sem a lã e o linho, suas vergonhas seriam descobertas, no seu meio não haveria

mais alegria e não seriam esquecidos seus dias com os Baalins.

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O livro de Oséias teve ressonâncias profundas no A.T. e encontrou eco nos profetas

seguintes quando exortam à uma religião do coração, verdadeira. O casamento místico

entre Iahweh e Israel fez escola entre os místicos cristãos ao fazerem alusão ao

relacionamento entre Jesus e a igreja.

3. Miquéias

Em hebraico “Mi-kã-Yãhu”, que significa “Quem é como o senhor?”

Miquéias era um cidadão do reino do Sul, oriundo de Morasti, perto de Hebrom. Exerceu seu

ministério nos reinados de Acaz e Ezequias, antes e depois da tomada de Samaria, e talvez,

até a invasão de Senaqueribe. Foi contemporâneo de Oséias e por mais tempo de Isaías, e

por sua origem camponesa, tem semelhanças com Amós, na linguagem.

Ameaças e promessas se alternam no livro. Nada sabemos da vida de Miquéias, nem como

ele foi chamado por Deus, mas nele vemos a consciência viva de sua vocação profética.

Apesar de fustigar os ricos egoístas, os credores sem compaixão, os comerciantes

fraudulentos, as famílias divididas, os sacerdotes e os profetas gananciosos, os chefes

tirânicos e os juízes venais, anuncia o nascimento em Efrata do Rei pacífico, que

apascentará o de Iahweh (5.1-5).

O N.T. conservou o texto sobre a origem do Messias em Belém de Efrata (Mt 2:6; Jo 7:42).

O termo básico de Miquéias é que o produto essencial da fé é a reforma social e a

santidade.

É interessante a maneira como fala das pequenas aldeias que estavam sendo envenenadas

pela ruína do reino do Sul.

Bete-Le-Afra - cidade do pó (casa)

Safir – Cidade de deleite.

Zaamã – cidade de saída.

Bete- Ezel- casa de remoção.

Laquis- cidade do cavalo.

Aezibe-cidade de decepção.

Maressa-cidade de posse.

Miquéias parece ter passado boa parte de sua vida nas áreas do interior, mais do que em

Jerusalém. Por não ser mencionado o nome do seu pai, podemos concluir que era de

família humilde.

4. Sofonias

Do hebraico “Sepham –yah”, que significa “O Senhor esconde-o”. Era filho de Cusi e bisneto

do Rei Ezequias; foi o único profeta de sangue real, em linguagem direta, e por sua

descrição exata da tipografia do lugar (1:4), demonstra seu conhecimento do lugar que

poderia ser Jerusalém.

Profetizou no tempo do rei Josias. Seus ataques contra as modas estrangeiras, e os cultos

dos falsos deuses, suas repreensões aos ministros, e o seu silêncio sobre o rei, indicam que

o seu ministério foi antes da reforma religiosa, quando o rei ainda era menor.

A mensagem de Sofonias resume-se num anúncio do Dia do Senhor, catástrofe que atingirá

a Judá, condenado por suas falhas religiosas e morais, como também, outras nações.

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O tema é que “O Senhor ainda está no comando”, apesar de tudo que acontece, mas ele

tomará vingança.

5. Naum

Do hebraico “Nahum”, que significa “consolação”.

Começa sobre um poema sobre a ira de Iahweh contra os maus e com sentenças

proféticas.

O tema é “a ruína de nínive” e enfatiza a grande verdade: “Deus não se deixa zombar”. Isto

fez de Naum um dos grandes poetas de Israel.

A profecia é um pouco anterior à conquista de nínive; sente-se vibrar o rancor de Israel

contra o inimigo hereditário, o povo assírio. Se haviam passado quase cento e cinqüenta

anos depois da profecia de Jonas e da conversão dos ninivitas, só que desta vez não lhe foi

dada a oportunidade de arrependimento, e a queda do império é certa; os reis deste país

eram temidos pelos outros povos, por sua brutalidade e crueldade, agressividade e idolatria.

Açoitavam seus prisioneiros até arrancarem-lhes a pele que depois era usada para

ornamentar os seus palácios e templos. Desafiavam Deus com a desumanidade no trato

com os vencidos, zombavam do Deus de Israel.

6. Joel

Do hebraico “yõ’el”, que significa “o Senhor é Deus”. Este livro divide-se naturalmente em

duas partes:

Na primeira - uma invasão de gafanhotos que assola Judá e provoca uma liturgia de luto e

suplica. Deus promete o fim da praga e a volta da abundância.

Na segunda - descreve em estilo apocalíptico o julgamento das nações.

Joel adverte o povo sobre o julgamento divino contra Israel no Dia do Senhor, tipificado pela

praga de gafanhotos que põe o país em bancarrota.

Depois de profetizar sobre os gafanhotos, conclama o povo ao arrependimento, fala de

Deus e do triunfo final milenar.

Joel foi considerado um profeta cultual, ligado ao serviço do templo. A efusão do espírito

profético sobre todo o povo de Deus na era escatológica (3.1-5), responde aos anseios de

Moisés (Nm 11:29); é também, o profeta do pentecostes, do apelo ao jejum e à oração.

7. Obadias

É o mais curto dos livros proféticos, tem apenas 21 versículos, e suscita problemas para os

exegetas que discutem sobre a sua unicidade e seu gênero literário, e fazem sua data

oscilar desde o século IX a.C. até à época grega.

A profecia de Obadias desenvolve-se em dois planos:

O castigo de Edo

O Dia do Senhor, em que Israel se desforrará de Edom.

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É um grito nacionalista de vingança em busca da liberdade.

Há no versículo 20 uma referência obscura à uma localidade distante chamada Sefarade,

cuja identificação é muito debatida. Há uma antiga tradição rabínica que relaciona Sefarade

à região da Espanha e assim os judeus da Espanha, no “gãlut” (diáspora) vieram a ser

chamados Sefaraditas, (A comunhão sefárdica).

Quanto à mensagem de Obadias acerca do futuro julgamento de Deus sobre Edom, deve

ser lembrado que os edomitas eram considerados pelos profetas como sendo a tipificação

de tudo que se opunha ao Deus de Israel. Edom era considerado o tipo do mundo corrupto e

cheio de ódio, pronto para o julgamento.

8. Jonas

Do hebraico “Yonah” = pombo

É mencionado em II Reis 14:25, predizendo vitórias para Jeroboão II. Era natural de Gate-

Hefer, da tribo de Zebulom, ao norte de Israel.

Em seu livro vemos a misericórdia de Deus extensiva aos gentios, mediante

arrependimento; vemos que Deus é universal e não propriedade exclusiva dos judeus.

Fala-se no capitulo 2:1, em “dâg gadõl”, ou “grande peixe”. Na língua hebraica não existia

um verbete para designar “baleia” havia, ainda, outra palavra que poderia ter sido usada,

mas aí a tradução seria por demais vaga, é “tannin”, que pode ser “tubarão”, “serpente

marinha” ou até “dragão”, dependendo do sentido literal da frase. Tudo ficou explicado no

N.T. quando Jesus, falando aramaico, (Mt 12:40), frisou a palavra “baleia”.

Ser engolido por um peixe, ficar em seu estômago, consciente, três dias, ali orar, e depois

ser vomitado justamente nas costas do país para onde deveria ter ido, e aparecer na praia,

sem nenhum “sinal” do suco gástrico na pele, só milagre mesmo!

O livro de Jonas difere de todos os livros proféticos porque é somente uma narração, conta

a história de um profeta desobediente, que quer à princípio, fugir de sua missão e que

depois se queixa a Deus do sucesso de sua pregação.

É uma narração didática e seu ensinamento marca um dos ápices do Antigo Testamento,

afirma que as ameaças proféticas, mesmo as mais categóricas, são a expressão de uma

vontade misericordiosa de Deus, que só espera a manifestação do arrependimento para

conceder seu perdão. O que Deus quer é a conversão, a missão de Jonas, portanto, atingiu

o objetivo.

Jonas conclama os Ninivitas a um arrependimento com jejum e pranto; a conversão não

deve ser nas roupas rasgadas, mas no coração. O avivamento deve começar pelos lideres,

por àqueles que estão à frente do povo. Deus é misericordioso e faz “grandes coisas”. É o

profeta que prediz “o derramamento do Espírito”, não como o profeta Joel, mas o Senhor

alcança aos que o invocam.

Rompendo com o particularismo no qual a Segunda Comunidade de Israel era tem*** a

encerrar-se, o livro prega um universalismo extraordinariamente aberto.

Aqui todo mundo é simpático: os Marinheiros pagãos do naufrágio, o rei, os habitantes e até

os seus animais, todos, exceto o único israelita que está em cena, Jonas!

Jonas, depois de sua fuga frustrada, foi um “Paulo” de antes de Cristo, o missionário dos

gentios, meio contrariado por achar que Deus era só dos israelitas, e por saber ser Deus

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muito misericordioso e que sem dúvida, perdoaria os ninivitas mediante arrependimento. Na

sua fuga, Jonas não pensou que prejudicaria terceiros, por isso dormiu no porão do navio.

Interessante é observarmos que sozinho, Jonas pesou mais que toda carga, passageiros e

tripulação. O pecado realmente pesa!

Depois de ter orado no estômago do peixe, o profeta dialogou com Deus e se acertou com

ele, humildemente.

9. Habacuque

No hebraico “Habaqquq”; este é um nome raro e seu significado é incerto; talvez fosse “um

forte abraço” ou “Abraço ardente” por ser derivado de “habaq” (=abraçar).

Alguns exegetas sugerem que seria derivado de “hambaququ”, uma planta dos assírios.

Este nome deveria ter significado forte para os pais do profeta, uma vez que o nome era a

própria personalidade do individuo, ou expressavam uma emoção paterna, e mesmo

materna.

O livro começa com um diálogo entre o profeta e Deus: duas queixas do profeta respondem

dois oráculos divinos. O segundo oráculo fulmina cinco impressões contra o opressor, a

seguir o profeta conta, salmodiando, o triunfo final de Deus. Isso não basta para fazer de

Habacuque um profeta cultual (culto), um membro do pessoal do templo.

Os nobres líderes reais e religiosos estavam roubando e oprimindo o povo de Judá, tinham

que ser punidos pelos caldeus, e foi essa classe a primeira a ser levada para o cativeiro.

Mas os caldeus em nada compartilham da doutrina da santidade de Deus. Habacuque

apresenta uma nota nova e ousada no quadro doutrinário dos profetas. Ousa pedir a Deus

contas do seu governo do mundo. A ele dirige-se a resposta divina: “por caminhos

paradoxais, o Deus onipotente, prepara a vitória final do direito, e “o justo viverá da fé”. O

pecador orgulhoso que confia em si mesmo, será condenado.

Habacuque, ao invés de se dirigir diretamente à nação como porta-voz do Senhor, entrega a

mensagem revelando ao povo como esta chegará a ele, respondendo às perguntas que

surgiam dentro de si. Só mesmo ele e Daniel, empregaram essa técnica literária.

10. Ageu

Do hebraico “Haggay”, que significa “festivo”, derivado de “hag” – Festival.

Com Ageu começa o ultimo período profético, o pós exílico. A mudança é forte e não passa

despercebida:

Antes do exílio - a palavra de ordem dos profetas fora “castigo”.

Durante o exílio - passou a ser “consolação”. Agora era “Restauração”.

O profeta aparece num momento decisivo para a formação do judaísmo: o nascimento da

“Segunda Comunidade de Israel”.

Dirigindo-se a Zorobabel e Josué, líderes de Judá, o profeta exorta à reconstrução do

templo, que tinha chegado o tempo para tal. Pela falta de fé em reedificarem a casa de

Deus, o preço a ser pago foi uma seca que veio sobre a terra. Diante disso, o povo atendeu

e se pôs a trabalhar no templo. Depois se inspiraram nas lembranças das grandes

festividades acontecidas para inauguração do templo de Salomão, marcaram também,

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grandes cerimônias para o templo do dono do ouro e da prata, e o poder é prometido a

Zorobabel, se cristalizando em torno do santuário e do descendente de Davi, a esperança

messiânica.

11. Zacarias

Do hebraico “Zekar-yah”, que significa “O Senhor se lembrou”, segundo se entende, que o

Senhor atendeu às orações de seus pais que pediram um menino.

O tema é: “Deus preservará o remanescente fiel, Israel será salvo pelo Messias”.

Zacarias era filho de Baraquias e neto de Ido, sacerdote mencionado em Neemias 12:4,

contemporâneo de Zorobabel. Segundo referências em Mateus 23:35, Zacarias foi

martirizado no templo, talvez por suas profecias.

As oito visões de Zacarias – Mensagem durante a edificação do templo.

1. O cavaleiro entre as murteiras - o homem do cavalo vermelho que para entre as

murteiras, e o anjo do senhor, são a mesma pessoa, trata-se de Cristo. Deus, por

intermédio do Messias, estar prestes a intervir no mundo.

2. Os quatro chifres e os quatro ferreiros – A derrota de Israel.

3. O cordel de Medir – A cidade será grande e cheia de gente; a população será tão

numerosa, que se entenderá além das muralhas da cidade.

4. Josué - O símbolo da oração sacerdotal suas roupas representam Israel, mas

Deus mandou-lhe trocar as vestes.

5. O candelabro - Israel é a lâmpada de testemunho, Zorobabel e Josué eram as

duas oliveiras.

6. O rolo volante - O julgamento divino.

7. O efa - de iniqüidade ser levada para a Babilônia, banida.

8. A morte - a conquista e a pestilência são derramadas sobre as cidades pagãs das

circunvizinhanças.

Em Zc. 2:4, o profeta é chamado de “na-ar”, que em hebraico significa “jovem”, pelo que

se diz ser ele jovem mesmo ao cooperar com Ageu, durante a campanha em prol da

reedificação do templo, 520 a.C.

Estudiosos exegetas descobriram dois pontos conflitantes: a origem do capitulo 9-14,

que coloca em dúvida a unicidade; as teorias pré - exílicas e pós-alexandrinas.

Teorias pré exílicas de Zacarias

a) Zacarias 11:12, 13 é citado em Mateus 27:9,10, como sendo Jeremias

b) Zc 9:1, 2, cita Hadraque, Damasco e Hamate, como sendo países

independentes, esta passagem deve pertencer a uma época anterior à

conquista da Síria, por Tiglate-Pileser.

c) Zc.11. – Possibilidade de uma fraternidade entre Judá e Israel, provavelmente

antes da queda de Samaria.

d) Zc.10:10-11- refere-se à Assíria como sendo independente.

e) Zc.10:14- indica uma data pré -exílica, pois fala de terafins e advinhos, e

sabemos que depois do exílio, não se voltou a praticar o culto idólatra.

Teorias pós Alexandrinas.

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f) Zc. 9:13- menciona os filhos de Javé, a Grécia - os gregos em cena,

conseqüentemente Alexandre Magno.

g) Zc. 9:4,2- províncias conquistadas por Alexandre

h) O bom pastor de Zc11, seria o sacerdote Onias III, no reinado do séc IV.

i) Assuntos apocalípticos foram a etapa final judaica, produto do desespero do

judaísmo e dos judeus, diante da decepção sob os Gentios.

Apesar dessas teorias, a unicidade do livro de Zacarias é defendida:

j) “Diz o Senhor” (Ne’ um yahweh) ocorre quatorze vezes em Zacarias 1 e seis

em Zacarias 2;

k) “Os olhos do senhor” se acha duas vezes em Zacarias 1 e uma vez em Zc2;

l) “O senhor dos Exércitos” três vezes em Zc1 e três vezes em Zc2.

12. Malaquias

Do hebraico “Malaki”, que é uma forma de “Mal’ak-yah”, ou pessoa encarregada de

mensagem, nos Targuns é parafraseado “pela mão do meu mensageiro”.

Há dois grandes temas:

As faltas cultuais dos sacerdotes e também dos fiéis;

O escândalo dos matrimônios mistos e dos divórcios

Os pecados que Malaquias denuncia são os mesmos que Neemias enfrentou-a

frouxidão moral dos levitas, descuido dos dízimos e muitos casamentos com mulheres

estrangeiras, neste último, os homens estavam repudiando e abandonando suas esposas e

casando-se com outras mulheres, isto é estava enchendo de lagrimas o altar do Senhor, o

sofrimento das mulheres abandonadas compungia o coração de Deus.

Como acabamos de estudar, o V.T. é diferente de qualquer outra obra literária antes da era

Cristã; ao terminarmos os doze profetas Menores, ficamos ainda mais convictos da

infalibilidade bíblica e de sua autencidade desde Gênesis.

Todas as palavras nos levam à uma única conclusa; o amor de Deus pelo homem e do

plano da Redenção.

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XV. Profetas Maiores

1. Isaías

Do hebraico “Yesha -Yahu”, que significa “O Senhor é salvação”. Isaías foi o profeta das

promessas.

O profeta Isaías nasceu por volta de765 a.C. era filho de Amós (forte, corajoso) e membro

da família real, atuando como estadista no palácio. Exerceu o ministério durante quarenta

anos e pode-se dividir em quatro períodos:

1ª) Isaías preocupa-se com a corrupção moral que a prosperidade tinha provocado em Judá,

nos anos entre sua chamada e o reinado de Acaz.

2ª) O recurso de Acaz ao rei assírio, colocou Judá sob sua tutela e precipitou a ruína do

reino do norte, ezequias sucedeu Acaz.

4ª) Isaias, que tinha silenciado por que Ezequias não ouvira os seus conselhos, volta a falar

quando o rei revoltou-se contra a Assíria. Isaías ajudou-o e prometeu socorro divino, e a

cidade de Jerusalém foi salva.

O brilho de estilo, a novidade das imagens, faz o grande clássico da Bíblia; Isaías foi

marcado para sempre pela cena de glória e esplendor tremendos, por ocasião de sua

vocação no templo, na qual teve a revelação da transcendência de Deus e da indignidade

do homem.

Ele é o profeta da fé, e nas graves crises que a nação atravessa, pede que cofiem só em

Deus. O messias por ele anunciado é descendente de Davi, que fará reinar sobre a terra a

paz e a justiça, e difundirá o conhecimento de Deus. Gênio religioso tão grande, marcou

profundamente sua época, e fez escola.

Esboço dividido em volumes:

1. O volume das repreensões e promessas.

2. O volume de Emanuel.

3. O volume do julgamento divino das nações: Babilônia, Filístia, Moab, Damasco,

Samaria, Etiópia, Egito, Babilônia (II fardo), Edom, Arábia, Jerusalém e Tiro.

4. 1º volume de Julgamento e promessa.

5. Volume de ais para os infiéis de Israel.

6. 2º volume de Ezequias

7. O volume da consolação.

8. O volume de paz.

‘Durante o ministério de Isaías, a Assíria foi castigada, e sua capital Nínive; a cidade

tinha recebido uma mensagem cerca de cem anos antes, através do profeta Jonas; foi

avivada, se arrependeu e recebeu o perdão de Deus. Agora não lhe seria dada nenhuma

chance por ter voltado ao pecado e a idolatria politeísta, por ser crudelíssima com os

vencidos. Para livrar Judá de suas mãos, deus enviou o anjo exterminador, que numa só

noite, matou 185.000 assírios, no seu acompanhamento de guerra.

Isaías teve uma mensagem doutrinária e sistemática em Teologia, Soteriologia e

Escatologia, o que nos assegura ser um único autor.

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Na reforma religiosa de Ezequias foi de grande influencia. Durante o reinado do famigerado

filho de Ezequias, o rei Manassés, quando uma forte e reacionária luta contra o severo culto

do Senhor, sob o comando real, estava entre o povo, o profeta propagou a mensagem que

recebeu do senhor, do inevitável julgamento, a tomada de Jerusalém,o cativeiro em

Babilônia e restauração.

Segundo a tradição, Isaias foi martirizado no reinado de Manassés, serrado ao meio vivo,

dentro de um tronco oco, um requinte de maldade muito usado então. (cf. Heb 11:37).

Isaías foi no Antigo Testamento o que Paulo foi no Novo Testamento, e por isso foi chamado

pelos estudiosos de “o príncipe dos profetas”, essa importância é confirmada ao ser citado

21 vezes no Novo Testamento.

Segundo exegetas de renome o livro recebeu acréscimos, são capítulos onde o nome do

profeta não é mencionado e onde o contexto histórico é posterior cerca de dois séculos:

Jerusalém já foi tomada, o povo se acha cativo em Babilônia, Ciro já está em cena e será o

instrumento da libertação. Sem dúvida, a onipotência divina poderia transportar um profeta a

um futuro longínquo, retira-lo do presente e alternar suas imagens e seus pensamentos,

mas isso supõe o desdobramento da sua personalidade e o esquecimento dos

contemporâneos – para os quais ele foi enviado - os quais não têm paralelo na Bíblia e são

contrários à própria noção de profecia, a qual não faz intervir o futuro se não como um

ensinamento para o presente. Por isso deram o nome à essa parte do livro de Deutero

Isaías ou Segundo Isaías. Mesmo com todos esses estudos, confirmam-se que apenas um

autor é que escreveu todo o livro; quando o mesmo é citado no Novo Testamento, as

referências é sobre um Isaías histórico, à sua personalidade, o que não poderia ser feito se

fossem dois os autores em vez de um só.

Só para lembrar:

Alguns exegetas são conflitantes quando a unicidade do livro, ainda hoje, e como já

comentamos, levantam objeções contra passagens de conhecimento futuro.

J.Dorderhein afirma que Isaías 40-55 é do séc. VII a.C., e não poderia ter previsto a queda

de Jerusalém com o cativeiro de 70 anos, e muito menos ter profetizado consolação dirigida

à Judá no exílio, a profecia sobre Ciro e sua Missão. Todas essas teorias caem quando

vemos a revelação divina nas profecias de Isaías, sua comissão no templo e sua entrega ao

ministério. São conjecturas humanas de quem recusa a ver nelas a profecia futurista.

O profeta messiânico Isaías foi quem primeiro deu a certeza de que Deus enviaria o seu

filho para resgatar Israel.

O julgamento cumpria-se na ruína de Jerusalém e o tempo da restauração está próximo; um

novo êxodo, mais maravilhoso do que o primeiro, reconduzirá o povo para a nova

Jerusalém. Essa distinção entre dois tempos, “o das coisas passadas” e o “das coisas

vindouras”, marca o começo da escatologia. O monoteísmo é afirmado doutrinalmente e a

vaidade dos falsos deuses é demonstrada por sua impotência. O universalismo religioso

exprime-se claramente pela primeira vez.

No livro estão inseridos quatro peças líricas, os “cânticos do servo”. Eles apresentam um

perfeito Servo de Iahweh, que reúne o seu povo e é a luz das nações, que prega a

verdadeira fé, expia por sua morte os pecados do povo e é glorificado por Deus. O servo é o

mediador da salvação que virá e isso justifica a interpretação messiânica dos textos sobre o

Servo sofredor, indentificando-o com Jesus e sua missão.

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Isaías e os Reis e Judá.

Somente os cinco primeiros capítulos de Isaías se deram no reinado de Uzias, que ficara

leproso e que reinara por cinqüenta e dois anos, uma época prospera e calma, porque ele

fora fiel ao senhor.

Jotão - fora regente por doze anos e reinou quatro. Era filho de Uzias. Foi um rei reto, mas

não conseguiu fazer com que o povo deixasse de ser hipócrita e de dar a mínima

importância às advertências de Deus.

Acaz - filho de Jotão, reinou dezesseis anos quando o povo tinha-se degradado até o mais

baixo nível, sem moralidade, idólatra, feiticeiro, bem pior do que os povos vizinhos.

Ezequias - foi um servo fiel do Senhor, mas havia herdado dois grandes problemas do pai:

1- A aliança com os assírios, que fora feita com intuito de destruir Israel.

2- Os pecados sucessivos.

Manassés - O filho degenerado de Ezequias; durante esse reinado Isaías terminou o seu

ministério martirizado por esse rei insano, que não suportava ouvir os juízos divinos;

Manassés tinha quinze anos de reinado e vinte e sete anos de idade, quando o fez.

Isaías era o jovem reto diante de Deus, num momento em que o povo tinha um moralismo

religioso hipócrita, que não demorou a cair no mundanismo. Judá é retratado como um

homem doente, cheio de chagas purulentas, originadas da vida pecaminosa, como se o

pecado estourasse pelo corpo, semelhante às chagas de doenças contagiosas, que iam-se

propagando à medida que iam afundando no pecado.

Isaías, além de Estadista na corte, era um sectário do rei Uzias, e ao receber o chamado

para o ministério, não se desprendeu totalmente, mas ao morrer o rei Uzias, meio

desnorteado, corre a refugiar-se no templo; foi ao lugar certo para ser renovado, e uma

visão de Deus aprofundou-o de vez no ministério.

Ao bradar “ai!” para si mesmo, Isaias estava se desnudando diante de Deus numa confissão

compungida. O profeta reconhecia sua vida entre pecadores e foi purificado com brasa do

altar. Profetizou o nascimento virginal de Jesus e muitos dos adjetivos a ele empregados

como Renovo da Raiz de Jessé, Maravilhoso, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da

Paz.

Em Isaías, a salvação é de graça (55:1)

A salvação concede a vida eterna (55:3)

A salvação não será para sempre oferecida aos pecadores (55:6,7)

A salvação é para todos (55:6,7).

2. Jeremias - O Profeta que Chorou.

Do hebrico “Yrme-Yahu”, que significa “O Senhor estabelece”. (?) Segundo alguns exegetas,

se provém do verbo “ramah” (lanças), pode ser entendido no sentido de lançar alicerces.

Nasceu um século depois de Isaias, em Anatote, de família sacerdotal, a uns quatro

quilômetros de Jerusalém. Aos vinte anos começou o seu ministério instruído por Deus a

pregar uma mensagem de julgamento para Judá, devido a hipocrisia e impiedade reinante.

A profecia é uma serie de advertências para que Judá abandonasse a idolatria. Cada classe

da sociedade dos hebreus, foi julgada e condenada ao pior dos castigos que seria o exílio

em cativeiro, entre tanto, na plenitude dos tempos, o Messias viria, o justo Renovo, para

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livrar Israel. No hebraico acrescenta-se a palavra “semah” à de Messias, significando “um

broto, crescimento, rebento.”

A vida e o caráter do profeta, são conhecidos melhor do que os de qualquer outro profeta

pelos relatos biográficos dados por ele mesmo, que não chegam a ser uma biografia, mas

um testemunho comovente das crises interiores que ele atravessou, pois viveu no período

trágico em que preparou e se consumou a ruína do reino de Judá.

Jeremias atravessou essa dramática historia, pregando, ameaçando, anunciando a ruína

advertindo os reis incapazes que sucediam no trono de Davi. Pelo compra de uma fazenda

empenhada, de um parente falido, mostra-nos que tinha boa situação financeira. Poucos

homens chamados por Deus, sofreram tanto em seu ministério.

Foi odiado e rejeitado de tal maneira, que num momento de forte depressão, pensou em

abandonar o ministério, e seus diálogos internos com Deus, estão cheios de gritos de dor:

“Por que a minha dor é contínua? (15:18)”.

De uma alma terna feita, feita para amar, foi enviado para “arrancar e destruir, para

exterminar e chamar” (1:10); para predizer, sobretudo, a desgraça. (20:8). Ansioso de paz,

teve de estar sempre em luta, contra os seus, contra seus familiares, contra seus reis,

contra todo o povo, “homem de disputa e homem de discórdia para toda a terra”.(15:10)

O que nos torna Jeremias tão caro e tão próximo, é sua religião interior e pessoal que levou-

o a aprofundar-se no ensino tradicional: “Deus sonda os rins e o coração” (11:20); “retribui a

cada um segundo seus atos” (31:29,30); “ a amizade com Deus (2:2), se rompe pelo

pecado, que provém do coração mau” (4:4; 17:9; 18:12).

Foi perseguido e encarcerado, mas o poder da palavra não pode ser contido pela tortura

que lhe impuseram seus opositores, seus próprios parentes e companheiros de sacerdócio,

por estarem sendo mundanos e infiéis. Ainda havia alguns príncipes piedosos e anciãos que

livraram-no da prisão após ter feito um forte sermão no templo, algo totalmente

desconhecido para o povo. Imagine um sacerdote, com um sermão imprecatório, contra o

seu próprio povo!

Desde então, foi proibido de entrar no templo, e passou a usar o seu secretario, Baruc,

como porta-voz. O sermão teve uma propagação intensa, e não demorou muito, o rei

solicitou uma cópia, e depois de ter lido-a, jogou o livro no fogo da lareira.

A invasão dos caldeus fez com que o rei Zedequias passasse a teme-lo, pois essa invasão

tinha sido predita por ele.

Anos depois, o rei Zedequias permitiu que os nobres nacionalistas encarcerassem Jeremias

sob a acusação de ser traidor da pátria, pois tinha aconselhado o povo a submeter-se à

Babilônia, mas o rei, depois, mandou o tirar do cárcere livrando-o da morte iminente, e o

mantendo escondido até a queda de Jerusalém.

Nabucodonosor ao saber de como o povo fora instruído por Jeremias a submeter-se à

Babilônia, tratou-o bem e deu-lhe uma pensão vitalícia no exílio, o que o profeta não aceitou,

optando por ficar em Jerusalém.

Os remanescentes mataram, traiçoeiramente, a Gedalias e fugiram para o Egito levando-o

consigo, e lá Jeremias continuou entregando a mensagem durante alguns anos, e talvez

morrido por lá.

Época – Jeremias foi profeta de última hora de Judá, antes de soar o momento final do juízo

divino.

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Ele foi criado e educado dentro da cultura sacerdotal, e sempre foi fiel às leis do senhor; ao

iniciar o seu ministério, estava acontecendo o avivamento do rei Josias, depois do infortúnio

do reinado de Manassés, o rei que mais fez pecar Judá. Era de bom tom ser sectário, o

povo atendeu ao chamado do rei e se dispôs a voltar para Deus, entretanto foi uma

conversão falsa e assim que o rei morreu, a nação voltou a decair espiritualmente e

moralmente.

A missão de Jeremias faliu durante sua vida, mas sua figura não cessou de crescer após a

morte. Sua doutrina de uma aliança nova, fundada sobre a religião do coração, tornou-se a

base do judaísmo em sua linha mais pura.

Esta influencia duradoura supõe que os ensinamentos de Jeremias foram muitas vezes

lidos, meditados e comentados.

Condições Histórica e política, em Geral.

Rei Josias - temente a Deus promoveu um avivamento espiritual nacional e restaurou o

templo; fez a grande páscoa nacional.

ReiJeocaz- reinou três meses, foi feito prisioneiro pelo rei do Egito.

Rei Jeoaquim - posto no trono pelo faraó.

Três anos depois, o Egito foi vencido e tornado vassalo pela Babilônia; para assegurar os

pagamentos dos tributos judaicos, Nabucodonosor levou cativa a elite como refém, pois

havia vencido, também, a Judéia, e no meio foi Daniel e seus amigos.

Rei Joaquim - neto de Josias, reinou três meses e foi levado para Babilônia com sua mãe e

grande número de soldados, artesãos e cidadãos da alta sociedade - foi a segunda leva de

deportados.

Rei Zedequias - filho do rei Josias, se aliou com o Egito contra a Babilônia, Jerusalém foi

incendiada depois de um cerco de dois anos.

O templo que simbolizava a resistência foi destruído.

Jeremias, juntamente com Naum e Sofonias, muito trabalhou na reforma religiosa de Josias.

O povo não era sincero, mas só Deus podia ver isso, porque externamente, estavam

adorando o senhor, e eram hipócritas e dissimulados. Só mesmo Deus podia revelar e ele

revelou a Jeremias, começando sua mensagem falando do seu plano na vida do profeta

mesmo antes dele ser formado no ventre materno. Por essa ocasião, Jeremias teve 2

visões:

Primeira: um ramo de amendoeira, árvore que floresce meses antes das outras e tida como

símbolo de vigilância, prontidão.

Segunda: uma panela fervendo e derramando seu conteúdo para o norte, de onde viria o

juízo sobre Judá.

Em sua mensagem Jeremias compara Judá à uma esposa infiel, que abandona o lar,

arrepende-se, é perdoada e volta, mas esse arrependimento não é verdadeiro. Deus

conclama o profeta a encontrar entre o povo, homens sinceros e nem mesmo entre os

pobres, encontrou nenhum, entre os profetas só havia falsos que profetizavam mentiras que

eram aprazíveis ao povo.

O famoso sermão do templo, foi amargo, o profeta não procurou guardar a mensagem e

nem amenizar-lhe o peso das palavras, foi fiel ao Senhor e teve a sua vida ameaçada pelos

sacerdotes, seus parentes e pelos falsos profetas que haviam alicerçado suas falsas

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mensagens na integridade do templo, isto é, enquanto o templo estivesse de pé, Deus não

permitiria que Jerusalém fosse destruída.

Caíram por terra suas falsas palavras, assim como caiu o templo e Jerusalém foi destruída.

Jeremias, mesmo sendo severo e cruel em sua mensagem, essa era a verdade.

3. Lamentações

Em hebraico é “ekah!” (= como!...) era uma pequena palavra que aparece logo no começo.

O tema é um lamento sobre a cidade devastada, Jeremias do que iria acontecer, seu

coração tremeu e chorou.

Falar-se, descrever, nunca é com ver na realidade, sentir de verdade.

Embora não haja, expressamente no livro, quem era o autor, a tradição reflete no titulo como

sendo de Jeremias. Na Septuaginta grega, tais como Jerônimo e Orígenes, reconheciam

Jeremias como autor de Lamentações.

O estilo e a fraseologia são semelhantes em Jeremias e Lamentações.

Jeremias é o livro das advertências;

A bíblia hebraica (Tanach) classifica Jeremias em suas “Lamentações” entre os cincos

“megillot”, os rolos que eram lidos nas grandes festas. Lamentações 1:2,4 pertencem ao

gênero literário dos cantos fúnebres; 03 é uma lamentação individual e o capítulo cinco é

um lamento coletivo, lifo pelos judeus no grande jejum comemorativo da destruição do

templo, e a Igreja Católica faz uso dele durante a Semana Santa, para relembrar o drama do

Calvário.

Jeremias não foi um reformador social radical, nem pensador inovador religioso; a reforma

social e o pensamento religioso, eram de Deus, partilhando-os com seu povo, apesar da

mensagem não ser original.

4. Ezequiel

Do hebraico “Yehezeqel”, que significa “Deus fortalece”.

Assim como Jeremias, Ezequiel pertencia a uma família sacerdotal, e o seu pai chamava-se

Buzi, e ao ser incluído entre os reféns que Nabucodonosor levou cativos, evidenciou sua

alta posição social. Foi colocado numa comunidade perto de Nipur, cerca de cinqüenta

milhas ao sul de Babilônia, no rio Eufrates, chama o Tell-Adib, no “grande canal” (rio Qebar).

Nas inscrições cuneiformes encontradas nas escavações, este canal se chama

“Nárukabari”, e corria do Eufrates, Ur, irrigando a planície de aluvião entre o Eufrates e o

Tigre.

Foi nesse ambiente que Buzi foi instalado com sua família, e aí vivia o jovem Ezequiel e foi

chamado para o ministério aos trinta anos. Seu casamento foi feliz até a que morte a morte

os separou e ele ficou viúvo.

Ezequiel foi privilegiado de “ver” a gloria de Deus (Shekinah). Na sua visão viu seres

resplandecentes voando no meio de brilhante resplendor de luzes emanadas da luz. Ali, o

profeta vê a glória de Deus afastar-se do templo, e conseqüentemente, do povo.

1. A glória de Deus (shekinah) se levanta sobre a arca deslocando-se para a entrada

do templo (9:3);

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2. A glória de Deus se levanta sobre a arca por sobre os querubins, enchendo o

templo (10:4);

3. A glória de Deus se levanta e sai pela porta oriental a casa (10:19).

4. A glória de Deus saiu pelo monte das oliveiras; e depois foi embora (11:23).

Ainda choram os judeus pela Shekinah, e esperam-na festejando os dias em que estivera

entre eles, numa festa comemorativa que leva o mesmo nome.

Daniel ainda veria a Shekinah no leste (Babilônia), para onde seria levado o povo de Deus,

a terceira leva, mas só para ele, explicando-lhe acontecimentos escatológicos.

Como um mestre em conhecimento, Ezequiel usou das coisas visíveis para explicar as

invisíveis, as parábolas, mas de modo tão menos literal que, se não o quisessem ouvir, pelo

menos ficariam curiosos com sua maneira de expor a palavra, ilustrando sua profecia com

episódios por ele vivenciados no momento.

Ezequiel é um sacerdote e o templo é a sua preocupação principal, que se trate do templo

presente maculado por ritos impuros e que a glória de Deus abandona, quer se trate do

templo futuro, cujo é descrito minuciosamente, e para o qual ele vê Deus voltar.

O profeta tem horror às impurezas e uma grande preocupação por separar o sagrado do

profano. Na sua qualidade de sacerdote, seu pensamento e vocabulário assemelham-se à

lei da santidade (Lv 17-26). É sobretudo, homem de visões, seu livro contém apenas quatro,

mas ocupam espaços consideráveis e manifestam um mundo fantástico de culto no templo

onde seres terríveis pululam, um templo futuro desenhado como uma planta de arquiteto,

donde brota um rio de sonhos numa geografia quase utópica. Suas alegorias têm grande

poder de imaginação: as duas irmãs Aola e Elomba (23); o naufrágio de Tiro (27); o faraó-

crocodilo (29e32); a arvore gigante (31) e a descida ao inferno (32). Como é linda,

emocionante e chocante, sua parábola da órfã! (15-16).

A arte de Ezequiel se impõe por suas dimensões e seu relevo, que criam como que uma

atmosfera de horror sagrado diante do ministério do divino. Ele rompe com o passado de

sua nação. A lembrança das promessas feitas aos antepassados e da Aliança concluída no

Sinai aparece esporadicamente.

O povo estava tão cauterizado mentalmente e emocionalmente, que muitos cultuavam aos

deuses pagãos, às vezes, abominavelmente, oferecendo sacrifícios humanos, e logo após,

iam ao Templo adorar a Iahweh. Hipócritas é o que eram estes que assim faziam

mostrando-se para o mundo o que não eram, na realidade.

Deus procurava um homem para “tapar a brecha do muro”, por um homem só, fiel corajoso,

a cidade seria salva. Havia homens fieis, mas onde estavam eles?

Toda a doutrina deste profeta tem por núcleo a renovação interior: é preciso criar para si um

coração e espíritos novos, ou melhor, o próprio Deus dará “outro” coração, um coração

“novo” e infundirá no homem um espírito “novo”.

Oráculo sobre Tiro -Era um centro comercial dos mais antigos numa ilha.Cidade fortificada

era inexpugnável. Foi invadida por Nabucodonosor, mais tarde, a outra parte foi vencida por

Alexandre Magno, o grande, passando por um istano fabricado.

A descrição de Tiro por Ezequiel, não se referia a um rei terrestre, um rei perfeito e cheio de

sabedoria, querubim da guarda ungido, que, entretanto, falhou, e nele foi achada iniqüidade,

e foi lançado por terra.

Deus revelou a Ezequiel que ainda era o atalaia do seu povo, admoestando-o sobre os

pecados, conscientizando-o da sua responsabilidade, e que esse povo repentinamente

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passaria a ter interesse nas coisas espirituais, e chegariam a perguntar ao profeta “como

pois, viveremos?”. Ezequiel recebeu, de Deus, a instrução de assim responder:

Eu vivo e te vejo;

Não sinto alegria em ver o ímpio morrer;

Quero que abandonem seus caminhos e viva;

Vivam e deixem os maus caminhos;

Por que morrer ó casa de Israel?

O templo caiu, Ezequiel foi acreditado, tornando-se popular no meio do povo. Deus seria o

pastor:

“Eis que eu mesmo procurei as minhas ovelhas...”.

Apascentá-la-ei em bons pastos...

A perdida procurarei, e a desgarrada tornarei a traze-la...

A quebrada ligarei e a enferma fortalecerei.

Gogue e Magogue

Gogue - chefe da banda do norte, terá um reinado chamado Magogue, formado por duas

regiões, Meseque e Tuba. Os aliados de Gogue serão Irâ (persas), leste da Europa

(Gomer), centro e norte da África (Cuxe e Pute) e Turquia (Togarma).

Os opositores - Sabá e Dedã, antigos países da Arábia.

A batalha de Ezequiel acontecerá nos “últimos dias” (38:16), no principio da tribulação,

porem não será a batalha do apocalipse, no final do milênio, compare:

Ezequiel (38-39 Apocalipse (20)

A batalha segue-se a um período quando

o nome de Deus está sendo profanado

(39:7)

Esta batalha segue-se a um período de

glória milenar.

Deus chama Gogue e Magogue para fora

(38:7)

Satanás chama Gogue e Magogue

(20:8)

A invasão vem do Norte e de países

identificados (38:15)

Todas as nações são reduzidas em toda a

terra (20:7,8)

O propósito é saquear Israel (38:8) As nações serão enganadas pelo diabo,

para se revoltarem contra Deus (20:8)

(38-39) Ezequiel Apocalipse (16-17)

Conduzido por Deus

Conduzido pela Besta

Limitado pelo numero de nações. Participação universal das nações.

Sobrevive1/6 de invasores (39:2)

(A. R. A)

Nenhum inimigo sobrevive.

Precedido de grande prosperidade. Precedido de grande tribulação com

intenso sofrimento.

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Parece evidente por essas distinções entre as duas batalhas que o apóstolo João usou a

expressão Gogue e Magogue como símbolo.

Haverá um Templo Milenial, onde o senhor será adorado em verdade; também um novo

Israel, uma terra santa, com água pura, saída de debaixo do altar.

Sob outro aspecto, Ezequiel dá origem à corrente apocalíptica. Suas grandiosas visões já

anunciam as de Daniel, e não é nada estranho que no Apocalipse de S. João encontremos

tantas vezes e sua influência.

4. Daniel

Do hebraico “Dáanyyél”, que significa “Deus é Juiz” ou “Deus é meu Juiz”.

O cânon judaico coloca Daniel entre os “Chethulhim” ou Hagiógrafo, e não entre s profetas.

“Chethubhim” é como se chama a terceira divisão da Bíblia hebraica.Havia dois motivos

para que Daniel fosse colocado entre os Escritos e não entre os Profetas:

1º) Daniel não tinha sido nomeado ou ordenado como profeta, mas permaneceu como

funcionário do Estado;

2º) quase todos os seus escritos, ou um grande percentual, não são proféticos, mas de

narrações históricas.

Ainda se observa que poucas são as mensagens transmitidas para o povo como seria

normal num ministério profético, mas o que predomina são visões para si mesmo. Profecias

são revelações dadas para uma comunidade, o que não aconteceu com Daniel. Jesus bem

Sirac (Eclesiástico) não menciona o livro de Daniel, nenhuma passagem, apesar de citar

todos os profetas.

Entre os críticos há, ainda, os que indicam Daniel como pertencente à uma classe de

“adivinhos caldeus”, denomina a de “Kasdim”, termo étnico que descrevia a raça de

Nabucodonosor. E Entretanto, o Escrito tendo sido grafado no Aramaico antigo, nos prova

sua autoria de Daniel, Assim como o tempo em que foi escrito, e o seu estilo descarta

qualquer influencia pagã; há também grande percentual escrito em hebraico, e é

lembrarmos que Daniel era um homem da nobreza judaica, e que quando foi levado cativo,

sabia ler e escrever em hebraico, e que com o passar dos tempos, só os rabinos o sabiam.

As partes da profecia de Daniel que se referem aos gentios, ou seja, no aramaico.

Mas as partes que só interessavam aos judeus, Daniel as escreveu em hebraico,

exclusivamente para eles.

Mesmo que alguns exegetas afirmem que os fatos históricos relatados em Daniel, tenham

datas posteriores, o fato de terem sido procedidos com tanta exatidão pelo profeta, o

autentica como porta-voz divino da revelação. O próprio Cristo deu autenticidade ao livro de

Daniel, ao menciona-lo como testemunho em sua preleção no monte das Oliveiras, quando

diz “ao abominável da desolação de que falou o profeta Daniel”. (Mt 24:15, Dn. 9:27; 11:31;

12:11)

Daniel demonstra um conhecimento tão profundo dos acontecimentos dos tempos em que

reinavam os reis por ele mencionados, (VI séc a.C.), que nem se pode imagina-los num

autor posterior. A cidade de Susã realmente fazia parte da província de Elão na época dos

caldeus.

E o que dizer sobre as “setentas semanas”? Foram predições extraordinárias!Apontam o

nascimento e morte de Cristo, 320 a.C., a destruição de Jerusalém poucas décadas depois.

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Declara um período de 69 semanas (483 anos) entre o “decreto” para reconstruir os muros

de Jerusalém, e a morte do ungido.

Apesar de Esdras não ter conseguido erguer os muros até Neemias chegar treze anos,

depois, daí começou a contar o tempo dado a Daniel.

Depois sete semanas entre a ordem e a construção, seriam contadas mais sessenta e duas

semanas e o Ungido seria morto e retirado da terra (69 semanas). O tema do livro de Daniel

é que “Deus revela o profundo e o escondido” (Dn 222; 4:25).

Foi escrito em Babilônia, durante o exílio e divide-se em duas partes: histórico e profético.

Mesmo Daniel estando na idade mais difícil para se ter coragem para enfrentar perigos de

vida, a adolescência, foi íntegro e fiel aos ensinamentos que recebera para seu Bar-Mitzvah

(Filho do Mandamento).

Nabucodonosor mandou que escolhessem jovens “sem nenhum defeito”, “doutos em

ciência” e “competentes para assistirem no palácio”. Por aí observamos que o jovem Daniel

era perfeito fisicamente, instruído e habituado a transitar em palácios, onde nascera.

Por três anos cursou a escola babilônica, ele e outros escolhidos, um curso onde tudo

divergia dos costumes judaicos. Sua determinação em não contaminar-se com a comida

pagã, e nem em observar seus ensinamentos, fé-lo amado por Deus e agradar a todos. Ao

ser examinado no fim do curso, nem mesmo os nativos o superaram.

Daniel havia aprendido adentrar à presença de Deus por meio da meditação, e assim fazia

depois das orações, e desta maneira recebia revelações como do sonho de Nabucodonosor.

Num país distante e estranho, sem família por perto, Daniel como refém, tinha a espada

sobre a cabeça, mas confiou em Deus para enfrentar a intolerância religiosa, a fúria do rei e

a inveja dos seus pares.

O livro destina-se a sustentar a fé e a esperança dos judeus perseguidos por Antíoco

Epífanes, Daniel e seus companheiros foram submetidos à mesma prova, saíram

vencedores e os perseguidores reconheceram o poder de Deus.

O perseguidor moderno é descrito com traços mais negros, mas virá o tempo do fim, no qual

o inimigo será abatido, terá fim a desgraça e o pecado.

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Conclusão

O Antigo Testamento é uma coletânea de livros inspirados por Deus. A unicidade de

propósito e de programa, é significante, e evidencia uma única mente e como autor, a mente

divina.

A religião judaica-cristã, é a única que oferece uma epistemologia. A bíblia é a verdade

revelada, é o próprio Deus se auto revelando.

O homem como ser falho, não consegue encontrar Deus com suas próprias procuras.

João 10:35 “... e a Escritura não pode falhar”.

II Tm. 3:16 “... toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino”.

Hb. 1:12 “Havendo Deus... falado... pelos profetas... nos falou pelo Filho”.

A bíblia sempre deve emitir juízos sobre o homem; o homem nunca poderá julgar a Bíblia,

nem emitir juízos contrários aos ensinamentos estabelecidos pela exegese.

Deus é eterno e não se chega a Ele através de formulas matemáticas. A verdade é

encontrada num diálogo intimo com Deus; por meio de um encontro direto com Deus!

Gênesis.

No hebraico “bereshilh” = princípio;

Na Septuaginta “Gênesis” = começo.

Tema: As origens de tudo que foi criado.

Êxodo

No hebraico “We’ ellleh shemoth”= estes são os nomes”, ou “Shemoth”= os nomes.

Na Septuaginta- Êxodo = saída.

Tema- Deus cumpre as promessas.

Levíticos

Em hebraico “Wayyqrã” = “Ele chamou”.

Na Septuaginta = “”Leutikon”= “aquilo que é dos levita”.

Tema-Os regulamentos sacerdotais é a santidade de Israel, como nação separada para o

serviço e a glória de Deus.

Números

Em hegraico “bemidãr”= “no deserto de”

Na septuaginta = “Arithmoi” = números.

Tema- É Israel sendo treinado no deserto, num período de disciplina que durou quarenta

anos.

Deuteronômio

No hebraico “elleh haddebãrin”= “estas são as palabras”.

Na Septuaginta “Deuteronômio” = Segunda promulgação da lei.

Tema: conscientiza o povo dos privilegiados e obrigações que lhes pertenciam como povo

de Deus.

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Josué

No hebraico “yesheshua” = Salvador.

Na septuaginta “yesus” = Jesus = Salvador.

Tema - Fala do poder irresistível de Deus em vencer o mundo e entrar na posse de sua

herança.

Juízes

No hebraico “Shóphetim” = “juizes ou líderes executivos.

Na Septuaginta = “Kritai” = Juízes.

Tema - Fala de Israel falhando como teocracia; a morte de Josué, sua falha em não deixar

sucessor; a liderança de homens escolhidos por Deus, que libertava o povo da opressão

sofrida pelos vizinhos.

Rute

Palavra originada do moabita “re’ut”= amizade, associação.

Tema - Ensina o alcance da Palavra de Deus.

I e II Samuel

No hebraico “Basileiõn”= Livro dos reis.

Tema - Registra a função da monarquia hebraica, sua infidelidade e vitórias.

Samuel = Juiz-profeta- sacerdote, ungiu o primeiro e o segundo rei de Israel.

I e II Reis

Também eram chamados de “Basileiõn”, que juntamente com 1 e 2 Samuel formavam 3º e

4º com os dos reis. Com o passar do tempo a vulgata de Jerônimo abandonou o nome para

designa-los separadamente. Neles o secretário oficial da corte (Mazkir), fazia suas

anotações históricas.

I e II Crônicas

No hebraico “Diberey hay-yamim” – “narrativa dos dias”, ou “as palavras dos dias”.

Tema - Narra a historia de Israel desde os primórdios da raça humana, até o cativeiro da

Babilônia e o edito de restauração.

Esdras e Neemias

Esdras no hebraico “Ezer = ajuda”.

Neemias hebraico “Nehem-yah” = consolo do senhor”.

Tema - Relatórios da reconstrução da teocracia, nos alicerces físicos e espirituais do

passado. Nasce a Segunda comunidade de Israel.

Éster

No hebraico “Hadassah”= Murta; no persa seria “Stara” ou “Shitareh” = estrela.

Tema - ilustra a providencia divina de Deus, soberana em livrar o seu povo da inveja

inimiga.

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No hebraico “iyyob” = voltar ou arrepender-se ou “quem volta para Deus”.

Em árabe “auwabum”.

Em acadiano “ayabum”.

Tema- “Por que sofrem os justos?”

Provérbios

No hebraico “Msheley – Shelomoh” = provérbios de Salomão.

O verbete “provérbios” em hebraico é “Mãshãl” = paralelo ou semelhante, uma descrição.

O tema é instruir nos princípios sábios.

Eclesiastes

No hebraico “gõhelet” = pregador.

Tema - Convencer os homens sobe a nulidade das coisas mundanas.

Cantares de Salomão

No hebraico “Shirhsh-shirim”= Cânticos dos cânticos.

Conta o amor de Salomão por sua noiva camponesa, um amor mútuo e puro, além de forte.

Isaías

No hebraico “yesha-yahu” = “o señor é salvação”. A salvação é recebida pela graça, pelo

poder de Deus, não pela força do homem, ou pelas boas obras da carne. Profeta

messiânico, expõe a doutrina de Cristo.

Jeremias

No hebraico “yirme-yahu”= “O senhor estabelece”. Profetizou para cada classe social dos

hebreus com advertência para que abandonassem a idolatria e o pecado sob pena de

opressão por vizinhos.

Lamentações

No hebraico é “ékah” = “como!...”

É um lamento pelos males que vieram sobre o povo.

Ezequiel

No hebraico “yehézeqel” = “Deus fortalece”.

Fala sobre a queda de Jerusalém e o cativeiro da Babilônia como corretivos pela apostasia

e desobediência do povo.

Daniel

No hebraico “Daniyyél” = “Deus é juiz”.

Tema - Ensina que Deus é soberano e único, dominador de todas as coisas, condena e

destrói os rebeldes, e livra o seu povo.

Oséias

No hebraico “Hõshea” = salvação.

Tema - Prega a necessidade de arrependimento e volta para Deus.

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Bacharel em Teologia Exegese do Antigo Testamento

DGCEC Coordenadoria dos Cursos Externos

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Joel

Do hebraico “yo’el”= “o Senhor é Deus”.

Tema - Fala do Dia do Senhor. Israel será julgado começando pelos gafanhotos, que

dizimaria a loucura.

Amós

Derivado do verbo “amas”, talvez significando “aquele que carrega fardos”.

O tema é “a fidelidade do senhor”.

Obadias

Livro de 21 capítulos.

O tema é sobre o julgamento de Edom.

Jonas

No hebraico “yonáh”= pombo

Tema- “Deus é universal, sua misericórdia alcança a todos, mediante arrependimento.

Miquéias

No hebraico “Mi-ka-yahú”= “ quem é como o senhor? – Fala da fé salvadora que produz

mudanças sociais e santidade na justiça divina.

Naum

No hebraico “Náhum” = consolação.

A santidade de Deus envolve de compaixão e misericórdia os que nele confiam.

Habacuque

No hebraico”Habaqquq”=”abraço ardente”(?)

Tema: Diz respeito aos problemas de fé em face ás dificuldades aparentes que pareciam ser

impecilhos ao cumprimento das promessas.

Sofonias

No hebraico “Sphan-yah” = “o senhor escondeu”.

Tema: O senhor é e será o controlador de tudo que criou, apesar das aparências contrárias.

Ageu

No hebraico “Haggay” = festivo, derivado de “hg” = festival.

Se o povo de Deus em primeiro lugar o culto a Deus, a pobreza e o fracasso não existirão.

Zacarias

No hebraico “Zekar-yah” = “o Senhor se lembrou”. Deus preservará o remanescente do seu

povo que permanece fiel.

Malaquias

No hebraico “mal’áki-yah” = “Mensageiro do Senhor”. Pela falta de certeza,

parafraseia-se no Targum como sendo “pela mão o meu mensageiro”.