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CONSÓRCIO ENER-REDE COUTO MAGALHÃES REDE COUTO MAGALHÃES ENERGIA S.A. ENERCOUTO S.A. V.II-37 3.4) Geologia 3.4.1) Metodologia A caracterização dos aspectos geológicos da região de interesse para o empreendimento AHE Couto Magalhães foi realizada em três diferentes escalas de abordagem referentes às respectivas áreas de influência determinadas para o projeto, sendo que todas estão inseridas na Sub-Bacia hidrográfica do Alto Araguaia. Para o contexto geológico da Área de Influência Indireta - AII do empreendimento foi estabelecido que a mesma estende-se de sul para norte acompanhando o Rio Araguaia e englobando a nordeste o Domo de Araguainha e ao sul o município de Alto Taquari; além destes, ela também abrange os municípios de Santa Rita do Araguaia e Alto Araguaia. Compreende área mais ampla que a da Área de Influência Direta - AID, abrangendo uma parcela da Sub-Bacia hidrográfica do Alto Araguaia. A Área de Influência Direta - AID do empreendimento AHE Couto Magalhães contempla a totalidade das bacias de drenagem dos cursos d’água afluentes do estirão do rio Araguaia a ser afetado pelo aproveitamento, incluindo a Sub-Bacia do rio Babilônia pela margem direita do rio Araguaia e as Sub-Bacias do Ribeirão Claro e Córrego Rico pela margem esquerda do mesmo, conforme é apresentado no Mapa MF-CTM-01. Para a caracterização geológica da Área Diretamente Afetada - ADA tomou-se como limite a área a ser inundada pelo reservatório (cota 623 m), que inclui uma faixa marginal de 100 metros na horizontal, delimitada a partir do nível d’água máximo normal do reservatório e a área situada imediatamente à jusante do barramento, sujeita à alteração da vazão e à restituição da vazão turbinada, bem como as faixas de terrenos que receberão diretamente o empreendimento e a infraestrutura de apoio para sua construção. Para o diagnóstico deste tema foi realizada a revisão bibliográfica disponível (PROGEA 1998, WALM 2002 e 2007), além de trabalhos de campo realizados nos anos de 2002 e 2008 e no mês de Junho de 2009, com deslocamentos pelas principais vias de acesso, através de trilhas e com sobrevôos específicos, com auxílio de avião monomotor pelas três áreas de influência, com o intuito de encontrar afloramentos rochosos para com isso realizar a descrição das unidades litológicas presentes na área do empreendimento e, por conseguinte o mapeamento geológico. Esse procedimento permitiu ilustrar o tema em pauta através de produtos cartográficos típicos, ressaltando-se que aqueles apresentados em escalas mais abrangentes, tais como os mapas geológicos da AII (Mapa MF-CTM-04) e o da AID (Mapa MF-CTM-05), respectivamente nas escalas 1:250.000 e 1:100.000, são compilações (com adequações) dos overlays originais (escala 1:250.000) do Mapa Geológico (escala 1:1.000.000) da Folha SE.22 Goiânia (CPRM 2004). Os estudos geológicos desenvolvidos para a ADA estão representados pelos mapas MF-CTM- 06 e MF-CTM-07, sendo o segundo, resultado de um mapeamento em escala mais detalhada de uma pequena porção da área mapeada pelo primeiro (Área do trecho de vazão reduzida). O Mapa MF-CTM-06 – Mapa Geológico da ADA, apresentado em escala 1:30.000, é uma compilação do “Mapa Geológico da Área do Reservatório”, escala 1:50.000, elaborado pelo CNEC (1989, complementado com CPRM 2004) além de fotografias obtidas durante o reconhecimento geológico de campo realizado para este EIA-RIMA, conforme já mencionado.

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3.4) Geologia 3.4.1) Metodologia A caracterização dos aspectos geológicos da região de interesse para o empreendimento AHE Couto Magalhães foi realizada em três diferentes escalas de abordagem referentes às respectivas áreas de influência determinadas para o projeto, sendo que todas estão inseridas na Sub-Bacia hidrográfica do Alto Araguaia. Para o contexto geológico da Área de Influência Indireta - AII do empreendimento foi estabelecido que a mesma estende-se de sul para norte acompanhando o Rio Araguaia e englobando a nordeste o Domo de Araguainha e ao sul o município de Alto Taquari; além destes, ela também abrange os municípios de Santa Rita do Araguaia e Alto Araguaia. Compreende área mais ampla que a da Área de Influência Direta - AID, abrangendo uma parcela da Sub-Bacia hidrográfica do Alto Araguaia. A Área de Influência Direta - AID do empreendimento AHE Couto Magalhães contempla a totalidade das bacias de drenagem dos cursos d’água afluentes do estirão do rio Araguaia a ser afetado pelo aproveitamento, incluindo a Sub-Bacia do rio Babilônia pela margem direita do rio Araguaia e as Sub-Bacias do Ribeirão Claro e Córrego Rico pela margem esquerda do mesmo, conforme é apresentado no Mapa MF-CTM-01. Para a caracterização geológica da Área Diretamente Afetada - ADA tomou-se como limite a área a ser inundada pelo reservatório (cota 623 m), que inclui uma faixa marginal de 100 metros na horizontal, delimitada a partir do nível d’água máximo normal do reservatório e a área situada imediatamente à jusante do barramento, sujeita à alteração da vazão e à restituição da vazão turbinada, bem como as faixas de terrenos que receberão diretamente o empreendimento e a infraestrutura de apoio para sua construção. Para o diagnóstico deste tema foi realizada a revisão bibliográfica disponível (PROGEA 1998, WALM 2002 e 2007), além de trabalhos de campo realizados nos anos de 2002 e 2008 e no mês de Junho de 2009, com deslocamentos pelas principais vias de acesso, através de trilhas e com sobrevôos específicos, com auxílio de avião monomotor pelas três áreas de influência, com o intuito de encontrar afloramentos rochosos para com isso realizar a descrição das unidades litológicas presentes na área do empreendimento e, por conseguinte o mapeamento geológico. Esse procedimento permitiu ilustrar o tema em pauta através de produtos cartográficos típicos, ressaltando-se que aqueles apresentados em escalas mais abrangentes, tais como os mapas geológicos da AII (Mapa MF-CTM-04) e o da AID (Mapa MF-CTM-05), respectivamente nas escalas 1:250.000 e 1:100.000, são compilações (com adequações) dos overlays originais (escala 1:250.000) do Mapa Geológico (escala 1:1.000.000) da Folha SE.22 Goiânia (CPRM 2004). Os estudos geológicos desenvolvidos para a ADA estão representados pelos mapas MF-CTM-06 e MF-CTM-07, sendo o segundo, resultado de um mapeamento em escala mais detalhada de uma pequena porção da área mapeada pelo primeiro (Área do trecho de vazão reduzida). O Mapa MF-CTM-06 – Mapa Geológico da ADA, apresentado em escala 1:30.000, é uma compilação do “Mapa Geológico da Área do Reservatório”, escala 1:50.000, elaborado pelo CNEC (1989, complementado com CPRM 2004) além de fotografias obtidas durante o reconhecimento geológico de campo realizado para este EIA-RIMA, conforme já mencionado.

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O Mapa MF-CTM-07 - Mapa Geológico de Detalhe do Trecho de Vazão Reduzida, apresentado em escala 1:10.000, é resultado da compilação (com adequações) do “Mapa Geológico Local”, escala 1:5.000, elaborados pelo CNEC (1989, complementado com CPRM 2004). 3.4.2) Área de Influência Indireta - AII 3.4.2.1) Considerações Gerais As áreas de influência definidas para o empreendimento estão inseridas na borda noroeste da Bacia Sedimentar do Paraná que possui, dentro do território brasileiro, uma área aproximada de 1.100.000 km², com limites atuais de natureza erosiva, formados a partir de arqueamentos do embasamento, que possuem relações com várias reativações sofridas pela bacia ao longo de sua evolução tectônica (IPT 1981). Seu formato assemelha-se à letra J, com orientação geral NNE – SSW (Figura 3.4.2.1-1). É uma unidade geotectônica estabelecida sobre a Plataforma Sul-Americana a partir do Devoniano Inferior ou do Siluriano. Sua persistente subsidência, embora com caráter oscilatório, permitiu a acumulação de grande espessura de sedimentos, lavas basálticas e sills de diabásio (IPT 1981). A Bacia Sedimentar do Paraná é considerada de comportamento relativamente estável, dissociada de efeitos tectono-térmicos mais intensos, comparada a outras de margem continental. Trata-se de uma bacia intracratônica Sul-Americana, desenvolvida totalmente sobre a crosta continental, onde o registro lítico-sedimentar a magmático abrange do Mesopaleozoico ao Cenozoico (CABRAL JÚNIOR 1991). As falhas com orientação NW-SE foram fortemente reativadas durante a separação juro-cretácico do Gondwana, criando, provavelmente, várias outras paralelas a esta direção. As falhas de direção NE-SW geralmente ocorrem com ausência de diques e deformações associadas a estes; estruturas relacionadas a movimentações transcorrentes são muito comuns.

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Fonte: IPT 1981

Figura 3.4.2.1-1: Mapa Geológico Regional Simplificado da Bacia do Paraná

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3.4.2.2) Unidades Litoestratigráficas O Quadro 3.4.2.2-1 apresentado a seguir exibe, de maneira resumida e do topo para a base da coluna estratigráfica, as 13 unidades litoestratigráficas mapeadas para a Área de Influência Indireta do AHE Couto Magalhães.

Quadro 3.4.2.2-1 Unidades Litoestratigráficas – AII

Período Simbologia –

Unidade Litoestratigráfica

Litologias

Q2a Depósitos Aluvionares: Areia, areia quartzoza, cascalheira, silte, argila e localmente turfa, em ambiente continental fluvial.

ENdl Depósitos Detrito – Lateríticos: Sedimento aluvial e/ou coluvial (areia, cascalheira, silte/argila), total ou parcialmente laterizados (arenito, conglomerado e lamito), e laterito autóctone com carapaça ferruginosa, em ambiente continental.

Cenozoico

ENch Formação Cachoeirinha: Sedimento inconsolidado, areno-argiloso, vermelho, parcialmente laterizado. Localmente arenito amarelado, argiloso, médio a grosso, lentes de conglomerado; argilito cinza esverdeado com grãos de areia esparsos.

K1βsg Formação Serra Geral: Basalto e basalto – andesito de filiação tholeiitica; riolito e riodacito. Intercalação de camadas de arenito, litarenito e arenito vulcânico.

K2vp Formação Vale do Rio do Peixe: Arenito muito fino a fino cor marrom, rosa e alaranjado, seleção boa a moderada, camadas tabulares; intercalação de camadas tabulares de siltito maciço, cor creme a marrom e lentes de arenito conglomerático com intraclastos argilosos ou carbonáticos, em ambiente continental desértico eólico.

Mesozoico

J3k1bt Formação Botucatu: Arenito fino a grosso de coloração avermelhada, grãos bem arredondados e com alta esfericidade, dispostos em sets e/ou cosets de estratificação cruzadas de grande porte, em ambiente continental desértico, depósitos de dunas eólicas.

P3T1c Formação Corumbataí: Siltito argiloso, folhelho síltico e raro arenito e calcário micrítico e microesparítico, maciço ou laminado, sucedidos por arenito, interlaminação entre arenitos, siltitos e argilitos, com níveis de silexito e silexito coquinoide, siltitos e siltitos arenosos, calcário micrítico e marga, em ambiente marinho de costa a transicional.

P2i Formação Irati: Folhelho, siltito e argilito cinza escuro; calcário, silexito, marga e folhelho betuminoso, em ambiente marinho, depositado por decantação em águas calmas abaixo do nível de ação das ondas.

P1p Formação Palermo: Siltito, siltito arenoso, arenito fino a muito fino e folhelho, lentes de arenito grosso e conglomerado com seixos discoides, em ambiente marinho raso.

C2P1a Formação Aquidauana: Arenito vermelho a róseo, médio a grosso, arenito arcoseano, diamictito, arenito esbranquiçado, conglomerado, siltito, folhelho e arenito fino laminado, vermelho a róseo, intercalações de diamictito e folhelho cinza esverdeado, em ambiente continental, fluvial e lacustre.

Paleozoico

Dpg Formação Ponta Grossa: Arenito fino feldspático, conglomerado, folhelho com lentes de arenito fino, folhelho carbonoso, arenito síltico e pelito.

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Período Simbologia –

Unidade Litoestratigráfica

Litologias

D1f Formação Furnas: Arcóseo grosso, texturalmente imaturo, arenito conglomerático e conglomerado oligomítico. Arenito de granulação fina, interdigitado com argilito, siltito e folhelho, em ambiente fluvial a transicional com depósitos de deltas de rios entrelaçados e litorâneos.

Proterozoico NP1y1gn Ortognaisse Oeste de Goiás: Biotita gnaisse granítico e tonalítico.

Fonte: CPRM 2004 – Adaptado.

A seguir será realizada descrição sucinta, da base para o topo do perfil estratigráfico, das unidades litológicas apresentadas no quadro acima.

Ortognaisse Oeste de Goiás – Domo de Araguainha O Domo de Araguainha é uma cratera erodida de natureza complexa, com 40 km de diâmetro, formada próxima ao limite Permiano-Triássico (245 Ma.), conforme exibe as Fotos 01, 02 e 03 presentes no inventário fotográfico. A biotita gnaisse granítico e tonalítico que está presente no centro do domo e representa o Ortognaisse Oeste de Goiás é fruto da colisão de um corpo celeste contra a superfície da Terra, representada por uma plataforma marinha rasa. As feições de metamorfismo de impacto reconhecidas em Araguainha incluem a presença de shatter cones em arenitos da Formação Furnas, diversos tipos de brechas de impacto, feições planares em grãos de quartzo, feldspato e mica, tanto no embasamento granítico quanto nas brechas, feições de intensa deformação e bombas de impacto compostas por hematita (CROSTA 1999). As rochas afetadas pelo impacto incluem desde as rochas granitoides em geral do Ortognaisse Oeste de Goiás do Proterozoico, que se encontra exposto no centro do núcleo soerguido do domo, até unidades sedimentares Paleozoicas da Bacia do Paraná (Formações Furnas e Ponta Grossa), dispostas de forma anelar ao redor do núcleo da estrutura, como pode ser visto no Mapa Geológico da AII (MF-CTM-04). É importante destacar que o Domo de Araguainha encontra-se bem afastado do empreendimento AHE Couto Magalhães, cerca de 80 km a jusante do mesmo, e somente foi considerado neste estudo devido as suas especificidades de caráter geológico.

Formação Furnas A Formação Furnas, do Grupo Paraná, caracteriza-se por arenitos ortoquartzíticos, de granulação fina (predominantemente) a conglomeráticos, cinza-claro, brancos e avermelhados, apresentando lentes de conglomerados oligomíticos e delgadas com intercalações síltico-argilosas, cinza-esverdeado apresentando estratificações plano-paralelas e cruzadas de pequeno a médio porte (RADAMBRASIL 1983).

Formação Ponta Grossa A Formação Ponta Grossa apresenta uma sequência marinha fossilífera, constituída por interestratificações de arenitos finos a grosseiros, de colorações predominantes cinza e arroxeadas, associados à siltitos, argilitos e folhelhos rítmicos, localmente fossilíferos, com cores

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variegadas, predominando as vermelho-arroxeadas e cinza esverdeado. São comuns as estratificações e laminações plano-paralelas e cruzadas de pequeno porte.

Formação Aquidauana Almeida (1945) propôs a designação provisória Série Bela Vista para os arenitos, siltitos, tilitos e conglomerados fluvioglaciais que estudou na região de Nioaque e Bela Vista, no Estado do Mato Grosso, considerando-os com presumida idade permocarbonífera e correlacionando-os com depósitos da Série ltararé-Tubarão da borda oriental da bacia sem, contudo, afirmar a mesma procedência para os gelos responsáveis pelos depósitos das duas séries. Almeida (1954) reconheceu a existência de camadas glaciais e fluvioglaciais dentro do Arenito Aquidauana, usando a denominação de Série Aquidauana, incluindo nesta unidade os estratos anteriormente denominados de Série Bela Vista. Oliveira (1964), em trabalho de reconhecimento no centro-leste mato-grossense, concordou com a concepção dos autores da PETROBRAS e considerou a Série Aquidauana como incluindo sedimentos correlacionáveis ao Grupo ltararé e à Formação Palermo. Dando prioridade à designação mais antiga, conservou o termo “Aquidauana” para as rochas pensilvanianas do noroeste da Bacia Sedimentar do Paraná. Para Petri & Fúlfaro (1966), a existência de conglomerados polimíticos na Formação Aquidauana em Goiás, a leste de Mato Grosso, com seixos facetados e estriados poderiam eventualmente corresponder a tilitos. Estes mesmos autores, baseados nas observações de Almeida (1948), observaram que as camadas sílticas são pouco frequentes na região do Alto São Lourenço e supuseram um rápido acunhamento lateral destes ritmitos em direção ao rio Caiapó-GO. Gonçalves & Schneider (1968), constataram, na referida unidade, a presença de sedimentos essencialmente arenosos, de coloração vermelho-arroxeadas, com variação faciológica, tanto vertical como lateral. Posteriormente, em 1970, ao integrarem a geologia do centro-leste mato-grossense, descreveram a formação como constituída essencialmente por rochas arenosas, vermelho-arroxeadas, com grandes variações faciológicas. Os trabalhos efetuados pelo RADAMBRASIL (1983) comprovaram ser a Formação Aquidauana constituída por arenitos finos, médios a grosseiros, esbranquiçados, arroxeados ou vermelho-tijolo; lentes conglomeráticas; intercalações de siltitos e argilitos avermelhados e subordinadamente diamictitos. Na Área de Influência Indireta - AII, a Formação Aquidauana aflora no extremo norte, a jusante do local da barragem, em terrenos meandrantes do rio Araguaia e ao longo de seus afluentes, córregos Piçarrinha e Fundo (Foto 04).

Formação Palermo Conforme Souza Júnior (1983), seguindo uma configuração contínua, a Formação Palermo, aparece na maioria das vezes bordejando superiormente litotipos relativos à Formação Aquidauana, principalmente na porção central da área ocupada pela Bacia Sedimentar do Paraná, englobando, dentre outras localidades, os municípios de Araguainha, Alto Garças, Guiratinga, Tesouro, Alcantilado, Batovi e Torixoréo.

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Quanto a seus contatos, a Formação Palermo sobrepõe-se discordantemente à Formação Aquidauana e se faz recobrir por rochas relativas ao Grupo Passa Dois, contato este considerando por alguns como concordante e por outros como discordante.

Formação Irati Ascendendo na coluna estratigráfica encontram-se os depósitos pelítico-carbonáticos da Formação Irati. Esta unidade é constituída por dois membros: o Taquaral (inferior) e o Assistência (superior), descritos em Hachiro (1991). O membro inferior é composto por folhelhos acinzentados, assinalando talvez um ponto de máxima transgressão marinha. O membro Assistência compreende folhelhos cinza-escuro a pretos, pirobetuminosos, intercalados com camadas de calcário e sílex, já em condições de águas mais rasas com alta salinidade e taxa de evaporação elevada. Estes níveis de sílex representam provável substituição de evaporitos. Pelo levantamento de CPRM (2004), a Formação Irati aparece associada à Formação Corumbataí, mas somente em pequenas duas faixas da AII, uma no centro e outra no extremo leste da mesma.

Formação Corumbataí A Formação Corumbataí é a unidade litoestratigráfica composta por depósitos possivelmente marinhos de planícies de maré, incluindo argilitos, folhelhos e siltitos cinza, arroxeados ou avermelhados, com intercalações de bancos carbonáticos, silexitos e camadas de arenitos finos (IPT, 1981). Na região-tipo onde ela foi estudada, no Estado de São Paulo, apresenta em sua parte inferior siltitos, argilitos e folhelhos cinzentos a roxo-acinzentado, nos afloramentos, podendo possuir cimentação calcária e lembrando a formação Serra Alta. Segue-se uma sucessão de camadas siltosas, ritmicamente alternadas com lâminas ou delgadas camadas, cuja litologia varia entre argilosa e arenosa fina, tanto vertical como horizontalmente. As cores vermelha e arroxeada passam a predominar nas partes média e superior da formação, onde também se apresentam lentes e bancos calcários com até cerca de meio metro de espessura, mas não muito frequentes. Como estruturas sedimentares, são observadas estratificação e laminação plano-paralela, estratificação cruzada de baixo ângulo, estruturas flaser, estratificação rítmica, marcas onduladas, fraturas de ressecamento e brechas intraformacionais (IPT, 1981). Por outro lado, na Formação Corumbataí teria ocorrido sedimentação principalmente em zonas de transição, entre alto-mar e face de praia. A deposição das duas formações teria ocorrido em mar epicontinental, em condições de estabilidade tectônica e aridez climática. CPRM (2004) adota apenas o termo Formação Corumbataí, que ocorre, seguindo contornos estruturais, na porção central e norte da AII, ao longo do rio Araguaia e afluentes (córrego do Servo, ribeirões da Vaca, Claro e afluentes – córregos Paradão, do Lageado, Bálsamo, do Fundo) e do rio Babilônia e afluentes (Jacaré, da Matinha, da Jóia, do Barro Preto, do Borá). As Fotos 05 e 06 apresentam afloramentos da Formação Corumbataí na AII, mais precisamente na boçoroca do Servo, situada nas proximidades do córrego do Servo, afluente do rio Araguaia.

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Formação Botucatu Segundo IPT (1981), a Formação Botucatu é constituída quase inteiramente por arenitos de granulação fina a média, uniforme, com boa seleção de grãos foscos, com alta esfericidade. São avermelhados e exibem estratificação cruzada tangencial de médio a grande porte, característica de dunas caminhantes. Representa os diversos sub-ambientes de um grande deserto climático de aridez crescente. Na AII, não foi possível verificar o porte das estratificações cruzadas, devido ao intenso grau de alteração. Notou-se, no entanto, que apresentam boa seleção e granulação predominantemente constituída por areia fina (análise com lupa), além das seguintes características principais: São rochas psamíticas sustentadas pelos grãos;

São arenitos a arenitos arcoseanos, onde o feldspato predominante é o microclínio; a

matriz apresenta quartzo finamente recristalizado, evidenciando texturalmente a silicificação;

Predomina a granulação areia fina a média; a seleção é boa;

Predominam grãos subarredondados e de esfericidade intermediária;

Os contatos entre os grãos são predominantemente côncavo-convexos, mas também há

planares e pontuais; É frequente a cimentação ferruginosa na borda dos grãos e a presença de “filmes” de

material limonítico. A Formação Botucatu é de grande importância do ponto de vista ambiental, não somente pelos acentuados e frequentes problemas de erosão (Fotos 07 e 08), como também por constituir o aquífero Guarani, o maior do Brasil. Constitui-se em importante reserva estratégica para o abastecimento de água da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e de lazer. A Formação Botucatu aflora em boa parte da porção centro-sul da AII, destacando-se ao longo do rio Araguaia e dos afluentes, córregos do Buracão, Araguainha, da Cabeceira Alta, Ribeirãozinho, da Queixada, Guariroba, Três Capões, do Capão, Zeca Novato, Pau Terra e da Divisa, além do rio do Sapo.

Formação Vale do Rio do Peixe Esta Formação geológica originou-se através de deposição continental desértica eólica, estando seus contatos inferiores (Formação Botucatu) dispostos de maneira concordante, enquanto que os superiores (Serra Geral) são discordantes. A litologia predominante nesta Formação é arenito muito fino e bem selecionado com coloração marrom, rosa e alaranjado. Subordinadamente ocorrem intercalações tubulares de siltito maciço de cor creme a marrom e também lentes de arenitos conglomeráticos.

Formação Serra Geral As “Eruptivas da Serra Geral” (White 1908) compreendem um conjunto de derrames de basaltos toleíticos entre os quais se intercalam arenitos com as mesmas características dos pertencentes

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à Formação Botucatu. São associados a estes, corpos intrusivos de mesma composição, constituindo, sobretudo, diques e sills. Os derrames são formados por rochas de cor cinza escura a negra com textura afanítica até fanerítica fina. Têm espessura individual variável, desde poucos a 50 m, até mesmo 100 m (LEINZ 1949). Sua extensão horizontal, a se julgar pelo exame de exposição nas escarpas das serras, no vale do rio Grande e por análise de fotografias aéreas, pode ultrapassar 10 km. Arenitos intertrapianos apresentam-se intercalados entre derrames ou grupos de derrames. Têm as mesmas características que os da Formação Botucatu, geralmente mostrando estruturas tipicamente dunares, outrora manifestando natureza hidroclástica. Podem mostrar-se silicificados em espessuras de alguns metros. A espessura dessas intercalações varia de centímetros ou decímetros, até 50 m. Os diques e sills têm granulação mais grossa, são holocristalinos e frequentemente apresentam textura ofítica. Nas bordas, contudo, texturas e estruturas semelhantes às dos derrames são às vezes observadas em diques e sills, em pequena espessura. A pouca frequência com que se manifestam estruturas fluidais faz pensar que as lavas cessaram de correr quando ainda muito líquidas, o que implica em rápida intrusão, escoamento e represamento (IPT 1981). A uniformidade dos derrames, a vasta extensão que cobrem, a associação a diques contemporâneos, a preservação local de morfologia das dunas e a raridade de produtos piroclásticos, indicam que os basaltos da Formação Serra Geral originaram-se do extravasamento rápido de lava muito fluida através de geoclases e menores falhas. Produtos de erosão dos basaltos não são conhecidos no interior da Formação, parecendo indicar não ter havido hiatos significativos durante o processo vulcânico. A persistência das condições desérticas durante o vulcanismo é comprovada pela existência das intercalações eólicas (IPT 1981). De acordo com CPRM 2004, na AII a Formação Serra Geral está presente, de maneira mais expressiva, na porção centro norte da área. Ocorrendo faixas mais restritas desta unidade geológica na região sudeste e sul da Área de Influência Indireta. A Foto 09 apresenta exemplo de afloramento da Formação Serra Geral situado na Área de Influência Indireta.

Coberturas Cenozoicas – ENch, ENdl e Q2a Ao término da sedimentação Bauru (Cretáceo Superior), a bacia do Paraná na área da Folha Goiânia de RADAMBRASIL (1983) possivelmente encontrava-se soerguida, já sofrendo intensos processos erosivos, delineando o atual relevo e a implantação de ciclos de aplainamento e dissecações. A partir do Terciário Inferior, houve a pediplanação geral dos planaltos e chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná, configurando-se sobre esta superfície a unidade, aqui considerada edafoestratigráfica, Coberturas Detrito-Lateríticas Terciárias e Quaternárias Indiferenciadas (ENdl), conforme pode ser visto na Foto 10, que mostra significativa distribuição espacial, ocorrendo em níveis topográficos elevados, formando amplos planaltos, onde solos argilo-arenosos parcialmente laterizados e couraças lateríticas (Foto 11) preservam-se em vastíssimas superfícies de aplainamento. Esta unidade encontra-se na borda sul, sudoeste, leste e centro oeste da AII.

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3.4.3) Área de Influência Direta - AID O contexto geológico da AID refere-se à geologia da área, que compreende, parcialmente, a bacia do rio Araguaia, no trecho que se estende a montante do córrego Rico até as sub-bacias a sul dos afluentes diretos do rio Araguaia, englobando praticamente toda a sub-bacia do rio Babilônia de maneira que no limite sudeste da AID (margem direita do rio Babilônia) a mesma contempla o Ribeirão Babilônia e o córrego Corrente. No limite sudoeste estão inseridos na área o Ribeirão São Bernardo, Ribeirãozinho e Ribeirão Engantanado, todos pertencentes à margem esquerda do rio Babilônia. A caracterização geológica ambiental da AID levou em consideração a disponibilidade de dados secundários e inspeções de campo nos anos de 2002 e 2008 e entre 10 e 19 de junho de 2009, consubstanciando com maior nível de detalhe de seus aspectos considerados mais relevantes. 3.4.3.1) Unidades Litoestratigráficas As unidades litoestratigráficas aflorantes na AID, conforme ilustra o Mapa MF-CTM-05, são constituídas por rochas sedimentares e ígneas da Bacia do Paraná, de idade paleo-mesozoica, além de coberturas sedimentares recentes, de idade cenozoica (CPRM, 2004). O Quadro 3.4.3.1-1 a seguir apresenta as 07 unidades geológicas mapeadas para esta área de influência.

Quadro 3.4.3.1-1 Unidades Litoestratigráficas – AID

Eon Era Período Litologias

Q2a – Depósitos Aluvionares (Foto 12) Cenozoico Quaternário – TerciárioENch – Formação Cachoeirinha (Foto 13) K1βsg – Formação Serra Geral (Foto 14) Mesozoico Cretáceo – Jurássico J3k1bt – Formação Botucatu (Fotos 15 e 16)P3T1c – Formação Corumbataí (Foto 17) Triássico - Permiano P2i – Formação Irati (Foto 18)

Fanerozoico Paleozoico

Permo - Carbonífero C2P1a – Formação Aquidauana (Foto 19) Fonte: CPRM 2004 – Adaptado.

Descrições mais detalhadas dessas unidades litoestratigráficas foram compilações da bibliografia regional e local, além de trabalhos de campo realizados nos anos de 2002, 2008 e entre os dias 10 e 19 de Junho de 2009, já apresentadas no item 3.4.2 - Área de Influência Indireta - AII. Destacam-se algumas diferenças básicas nas descrições geológicas entre o trabalho de CPRM (2004) e o de PROGEA & ELETRONORTE (1998), podendo-se destacar: PROGEA & ELETRONORTE (1998) denomina Formação Estrada Nova (Pen) para todo

pacote de siltitos argilosos, às vezes com intercalações de arenitos, da Formação Corumbataí (P3T1c), de CPRM (2004).

PROGEA & ELETRONORTE (1998) discrimina ao menos três níveis de sills de diabásio

(K1βsg): inferior, entre as formações Aquidauana e Irati; intermediário, entre as formações Irati e Estrada Nova; superior, aflorando em meio à Formação Estrada Nova, a norte da cidade de Alto Araguaia; os mesmos não estão diferenciados em CPRM (2004).

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PROGEA & ELETRONORTE (1998) define o pacote de aluviões (Q2a), formados por terrenos recentes, com areias, conglomerados e raros níveis argilosos. CPRM (2004) define a Formação Cachoeirinha como Coberturas Quaternárias (ENch), mas apenas nas partes mais a sudeste da AID.

3.4.4) Área Diretamente Afetada – ADA De uma maneira geral verifica-se, no entorno da área do reservatório, um substrato rochoso representado pelas formações sedimentares Irati (Pi) e Estrada Nova (Pen – Formação Corumbataí), além de depósitos sedimentares de cobertura (Qa) e dois sills de diabásio (Jkdsg), intrudidos respectivamente na base e no pacote superior da Formação Estrada Nova. Os arenitos da Formação Botucatu (TrJb) ocorrem em alguns topos de encostas que margeiam o reservatório. Na área prevista para a implantação da barragem e setor de jusante ocorrem diversos tipos rochosos da Formação Irati (Pifo, Pist, Piar, Pibr), o sill de diabásio inferior (JKdsg1), intrudido na base da Formação Irati, os arenitos da Formação Aquidauana (Cpa) e as coberturas cenozoicas (Qa e Qtf) principalmente relacionadas ao rio Araguaia. Cabe salientar que não foram encontradas cavernas de brecha calcária (pertencentes a Fm. Irati) na área do futuro reservatório. Foi verificada em trabalho de campo, realizado em junho de 2009, uma pequena gruta, pertencente a Fm. Irati, denominada Abrigo do Babilônia distante aproximadamente 900 m a montante da região de remanso do futuro reservatório. A caracterização mais detalhada desta gruta encontra-se no item 3.11.3.1 deste estudo. No presente estudo, os aspectos geológicos da ADA serão detalhados através de duas principais áreas: a área do entorno do reservatório (Mapa MF-CTM-06 – Mapa Geológico da ADA) e a área da barragem e setor de jusante (Mapa MF-CTM-07 - Mapa Geológico de Detalhe do Trecho de Vazão Reduzida). Isso se deve às diferentes utilizações e ambientes a serem geradas nesses dois trechos, na implantação e operação do empreendimento, prevendo-se antecipadamente diferentes solicitações aos maciços rochosos destes dois trechos distintos. O Quadro 3.4.4-1 a seguir apresenta as litologias mapeadas para a ADA, de acordo com o Mapa Geológico da ADA (MF-CTM-06), escala 1:50.000.

Quadro 3.4.4-1 Unidades Litoestratigráficas – ADA

Período Simbologia – Unidade

Litoestratigráfica Litologias

Cenozoico Qa Aluviões – Areias, conglomerados e raros níveis argilosos Jkdsg 1, 2 e 3 Diabásio Serra Geral - Sill inferior – 1, Sill intermediário – 2,

Sill superior – 3 (Foto 20) Mesozoico

Trjb Formação Botucatu - Arenitos residuais avermelhados Pen Formação Estrada Nova ou Corumbataí - Siltitos e arenitos

muito finos, arroxeados e esverdeados (Foto 21) Pi Formação Irati – Folhelhos negros, siltitos, arenitos e

calcário brechado (Fotos 22 e 23)

Paleozoico

CPa Formação Aquidauana – Arenitos e siltitos avermelhados (Foto 24)

Fonte: CNEC 1989 adaptado com complementações de CPRM 2004

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3.4.4.1) Área do Futuro Reservatório e Entorno A caracterização da geologia do entorno do reservatório foi elaborada com base nos resultados apresentados no Mapa MF-CTM-06 e por trabalhos de reconhecimento geológico de campo, em 2008 e entre os dias 10 e 19 de junho de 2009, realizado para o presente estudo, ao longo das principais estradas, do rio Araguaia e através de sobrevôo em avião monomotor em 2002. O diagnóstico aqui apresentado resulta de levantamentos e mapeamentos geológicos já existentes, interpretação fotogeológica de fotografias aéreas em escala 1:45.000 e trabalhos de campo. Em 2002 e 2009, os trabalhos de campo foram realizados através de novos levantamentos geológicos decorrentes do mapeamento em superfície em afloramentos localizados principalmente ao longo das estradas existentes e complementados por observações ao longo do rio Araguaia e dos seus principais afluentes: córrego Boiadeiro, ribeirão Claro e rio Babilônia.

Unidades Litoestratigráficas

Formação Irati A Formação Irati ocorre no vale do rio Araguaia, pouco a jusante da foz do rio Babilônia, até próximo à cachoeira Couto de Magalhães. A unidade apresenta cerca de 50 m de espessura, nos quais é possível identificar três associações faciológicas. A associação inferior constitui um pacote com cerca de 8 m de espessura e está assentada em discordância sobre Aquidauana. Este conjunto é caracterizado por ciclos decimétricos de arenito muito fino, siltito cinza e calcário brechado, que predomina na porção superior, sendo esta rocha interceptada por um "sill” de diabásio. A associação do pacote intermediário atinge cerca de 12 m de espessura, sendo constituída por lentes de arenito muito fino com "hummockys" (marcas onduladas de grande porte) e laminação ondulada, interdigitadas com siltito cinza parcialmente maciço e laminado. A associação faciológica superior apresenta cerca de 30 m de folhelho preto com laminação horizontal (Fotos 22 e 23), lentes decimétricas de calcário, argilito cinza e sílex.

Formação Estrada Nova / Corumbataí A Formação Estrada Nova ou Corumbataí aflora ao longo do vale dos rios Araguaia e Babilônia e do ribeirão Claro, além de ocupar os divisores nas proximidades do barramento. Está representada por siltitos, arenitos muito finos e argilitos, interacamadados em corpos de espessura métrica, que representam um espesso pacote impermeável. Os siltitos apresentam-se maciços ou laminados, os arenitos dispõem-se em corpos lenticulares com "hummockys" ou com marcas onduladas e os argilitos são maciços. Junto a essas rochas ocorrem lentes e camadas de coquina, calcários e sílex.

Formação Botucatu A Formação Botucatu expõe-se principalmente no topo dos espigões das encostas que margeiam o futuro reservatório, sempre acima da cota de inundação. É constituída por arenitos avermelhados, de granulação fina e média (bimodal), limpos, pobres em cimento e com grãos arredondados. Apresenta estratificação cruzada de grande porte e estratificação horizontal ondulada.

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A sequência atinge cerca de 20 m de espessura nas áreas próximas ao reservatório, dos quais a maior parte é representada por extensos depósitos coluvionares oriundos dessa Formação, constituída por areia maciça e friável, originados possivelmente durante o desenvolvimento da Superfície Erosiva Velhas.

Formação Serra Geral As intrusões do Diabásio Serra Geral, na área do futuro reservatório e entorno, são representadas por dois dos três “sills” mapeados pelo Mapa MF-CTM-06, denominados por “sill” intermediário (JKdsg2) e superior (JKdsg3). O JKdsg2 ocorre bordejando a ADA até a confluência do rio Babilônia com o Araguaia; o JKdsg3 ocorre no remanso do reservatório próximo às cidades de Alto Araguaia e Santa Rita do Araguaia. Há outra ocorrência no rio Babilônia, porém, devido às suas pequenas dimensões, o corpo não pôde ser representado. O “sill” intermediário está exposto no leito do rio Araguaia, na foz do rio Babilônia e a meia encosta no local do barramento. Constitui um corpo com espessura preservada de 45 m, intercalada entre as Formações Irati e Estrada Nova / Corumbataí. O "sill” superior aflora no rio Araguaia, pouco a jusante das cidades de Santa Rita do Araguaia e Alto Araguaia, onde fica uma cachoeira com cerca de 15 m de altura. Este corpo apresenta espessura da ordem de 20 m e está intrudido na Formação Estrada Nova / Corumbataí.

Coberturas Cenozoicas Os sedimentos de cobertura cenozoica que ocorrem na área do futuro reservatório e entorno são os colúvios e as aluviões. Os depósitos coluvionares são especialmente expressivos sobre a Formação Botucatu, mas não foram discriminados em mapa porque, em grande parte da área, podem ser confundidos com os solos da unidade. A Formação Irati e os “sill” de diabásio também apresentam colúvios associados, porém sua área de distribuição não é suficiente para a representação cartográfica. Os depósitos aluvionares são representados por sedimentos ativos e terraços. Os terraços são formas mais expressivas e ocorrem formando amplas várzeas na área de ocorrência da Formação Botucatu, em locais como a confluência do córrego Urtiga e o rio Babilônia, ou no córrego Urtiga, a montante de sua confluência com o córrego Boiadeiro; estes depósitos encontram-se barrados por níveis litológicos resistentes à erosão, no topo da Formação Estrada Nova / Corumbataí. São constituídos por areia fina e média e estão capeados por argila siltosa orgânica. As aluviões ativas ocorrem como barras fluviais ao longo da rede de drenagem. Nas áreas com terraços baixos são constituídas por areias finas e médias acumuladas em barras de meandro e longitudinais e, no restante da drenagem, constituem depósitos de areia e cascalho, barrados por pequenos afloramentos de rocha (Foto 25).

Estruturas Geológicas O flanco norte da Bacia Sedimentar do Paraná é caracterizado por baixa densidade de estruturas tectônicas, entre as quais predominam as falhas normais do Sistema de Falhas do Centro-Leste de Mato Grosso (NORTHFLEET et al. 1969), dispostas a nordeste-sudoeste e, a norte-sul, o Domo de Araguainha e o Alto de Torixoréu. As estruturas existentes indicam a

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atuação de uma tectônica rúptil distensiva que não se manifestou com grande intensidade na região. Na área do reservatório, as unidades estratigráficas mergulham cerca de 2° a 3° para sudoeste e sul - sudoeste, com alterações de direção e/ou mergulho localizadas, resultantes de movimentos originados por falhas. A interpretação fotogeológica permitiu a identificação de inúmeros alinhamentos de drenagem passíveis de serem identificados como falhas e de um grande número de lineações que mostram um forte controle da drenagem pelos traços de fratura. As direções apresentadas pelos lineamentos são, em geral, N 40° E, N 60° E, NS e N 30° W, e, em alguns deles, a fotointerpretação, na escala 1:8.000, permitiu a identificação de movimento relativo; dentre estes alinhamentos destacam-se aqueles orientados a N 30° W, com bloco baixo para NE e aqueles EW e N 50° W, com bloco baixo para sul e sudoeste. As lineações apresentam-se em diversas direções, entre as quais as mais importantes são as N 30° W, N 20° E, N 45° E e EW. No campo, as falhas e fraturas não são facilmente observáveis como em fotografias aéreas, porque a maior parte das falhas encontra-se em vales e não deve apresentar grandes rejeitos e, também, porque os afloramentos raramente exibem tais feições. Assim, foi possível a identificação de apenas três dessas estruturas, na margem da estrada vicinal que liga Santa Rita do Araguaia à cachoeira Couto de Magalhães, todas de expressão local e orientadas N 25° W vertical, N 60° E vertical (concordantes com os alinhamentos fotointerpretados) e N 15° E/70° SE (talvez associada à direção NS). Em relação às fraturas verificou-se que, em geral, as rochas são pouco fraturadas e suas principais direções são N 20° W, N 90° e N 60° E, concordando com as lineações NW e EW e concordantes com parte dos alinhamentos. As fraturas são responsáveis pela definição de blocos métricos, principalmente em diabásio, cuja remoção pela drenagem propicia o aparecimento de degraus nas cachoeiras. As informações de sondagem indicam que, em profundidade, essas estruturas encontram-se fechadas, embora possam apresentar sinais de alteração até 30 m de profundidade, quando próximas dos "canyons". 3.4.4.2) Área da Barragem e Trecho de Jusante

Considerações Gerais A caracterização da geologia da área da barragem e trecho de jusante da ADA está baseada nos trabalhos de CNEC (1989) e no reconhecimento geológico de campo, executado em 2002, 2008 e 2009, pela equipe da WALM, e representada no Mapa MF-CTM-07. O Mapa MF-CTM-07 foi elaborado a partir da interpretação de fotografias aéreas em escala 1:8.000 (GEOFOTO S.A. 1973 in CNEC. 1989), do reconhecimento de campo, realizado em 2002, 2008 e entre os dias 10 e 19 de junho de 2009, ao longo das vias de acesso existentes, incluindo as principais drenagens, bem como da análise dos testemunhos das sondagens rotativas disponíveis na área das obras. As formações sedimentares ocorrentes na área (Formação Irati e Aquidauana) configuram-se praticamente horizontais, com mergulho da ordem de 1° para WSW, localmente afetado pelo “sill” de diabásio e por falhamentos normais pouco expressivos. O fraturamento das rochas é, igualmente, pouco intenso, embora exerça forte influência na direção das drenagens, notavelmente ao longo do "canyon" do rio Araguaia. A descrição dos tipos litológicos e dos

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elementos estruturais encontrados na área da futura barragem e no trecho de jusante está apresentada a seguir.

Unidades Litoestratigráficas As associações litológicas verificadas nas formações presentes na área da futura barragem e setor de jusante foram diferenciadas em vários tipos, além dos depósitos de cobertura. Na Formação Aquidauana (CPa) são observadas duas associações típicas: arenitos finos a médios e arenitos grosseiros a conglomeráticos; na Formação Irati (Pi) são diferenciadas quatro camadas: a brecha calcária (Pibr), que se encontra separada em dois níveis pelo sill de diabásio inferior (JKdsg1), o arenito / arenito silicificado (Piar), o siltito (Pist) e o folhelho (Pifo); e entre as coberturas superficiais distinguem-se coluviões, tálus, aluviões recentes (Qa) e terraços (Qtf). O Quadro 3.4.4.2-1 apresenta as unidades litoestratigráficas da área da barragem e trecho de jusante do AHE Couto Magalhães.

Quadro 3.4.4.2-1 Unidades Litoestratigráficas da Área da Barragem e Trecho de Jusante

Período Simbologia – Unidade Litoestratigráfica Litologias

Qa – Quaternárias Indiferenciadas Aluvião Cenozoico Qtf – Quaternárias Indiferenciadas Terraço Fluvial

Mesozoico JKdsg 1 – Formação Serra Geral Diabásio Folhelho Siltito Arenito / arenito silicificado

Pi – Formação Irati

Brecha Calcária

Paleozoico

Cpa – Formação Aquidauana Arenitos Fonte: CNEC 1989 adaptado com complementações de CPRM 2004

Formação Aquidauana

O pacote sedimentar assim denominado está situado estratigraficamente abaixo da Formação Irati, em contato com a camada de brecha calcária basal dessa formação. O arenito Aquidauana aflora no leito do rio Araguaia, a partir da cachoeira Couto de Magalhães, sustentando paredões verticais de até 60 m de altura e, localmente, com taludes negativos. Na área do AHE, a porção superior desta Formação esta representada, em geral, por uma camada com 1,5 m a 5,5 m de arenito grosseiro a conglomerático, com seixos de arenito silicificado de até 6 cm de diâmetro, vermelho arroxeado e cinza arroxeado, maciço ou com estratificação cruzada e que caracteriza a fácies de canal da unidade. A partir de sondagens, verificou-se a ocorrência desta fácies também em níveis mais inferiores, entre 30 m e 40 m abaixo do contato com a Formação Irati, formando lentes com espessura de até 8 m; esta litologia denomina-se arenito grosseiro Aquidauana. Nos afloramentos, esta camada apresenta-se medianamente coerente a pouco coerente e sem fraturas. Nos testemunhos de sondagem, não só convencional, como integral, mostra-se pouco coerente a incoerente. Abaixo do arenito grosseiro a conglomerático, ocorre um arenito de granulação variável entre fina e média, quartzoso, com cimento limonítico a carbonático, avermelhado e com

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estratificações plano-paralela e cruzada. Intercalam-se a este, lentes de siltito e ou argilito com até 1 m de espessura e camadas de arenito de granulação grosseira de espessura métrica. A este pacote denomina-se arenito Aquidauana. Nos afloramentos, esses arenitos apresentam-se medianamente coerentes e nas sondagens mostram-se, em geral, pouco coerentes.

Formação Irati

Brecha Calcária Esta camada (não cartografada no Mapa MF-CTM-07) constitui a base da Formação Irati e repousa em discordância erosiva sobre a Formação Aquidauana. Apresenta espessura média de 8 m, estando separada em duas partes pelo “sill” de diabásio, das quais a superior é a mais delgada, com cerca de 2 m de espessura. Em alguns locais, a parte superior desta camada está ausente; observam-se espessamentos localizados, de até 11 m, na sua parte inferior (abaixo do diabásio), o que faz supor que a intrusão básica sobrepõe, em alguns locais, todo o pacote da brecha. Essa camada compreende intercalações decimétricas de siltito, arenito calcífero e calcário argiloso com laminação ondulada, brechados, incluindo níveis de brechas silicificadas e com recristalização de calcita. Na parte superior da brecha (acima do diabásio), essa associação litológica aparece com cores cinza claro, esbranquiçadas e esverdeadas e na parte inferior, com cores cinza arroxeadas derivadas do arenito Aquidauana; apresenta-se bem estratificada e exibe nos níveis brechados ou silicificados, vazios centimétricos revestidos por calcita recristalizada, responsáveis em parte pela fragmentação dos testemunhos de sondagem e, eventualmente, por alguns valores elevados obtidos nos ensaios de perda d'água efetuados.

Arenito / Arenito Silicificado A camada de arenito situa-se estratigraficamente acima da brecha calcária e sob a camada de siltito com as quais apresenta contato gradacional. Sua espessura média, na área da barragem, é de 9 metros, apresentando variações locais, função da interdigitação com a camada de siltito superior. O arenito é cinza claro a branco, de granulação muito fina, pouco calcífero e apresenta intercalações decimétricas de siltito argiloso calcífero com bioturbação, arenito fino a médio com coquina e, localmente, concentrações decimétricas de sílex. Na base, apresenta um nível parcialmente silicificado, branco, com espessura de 1 m a 2 m, intensamente cortado por fraturas preenchidas com calcita e/ou com sílex; nos testemunhos de sondagem, o arenito apresenta-se medianamente coerente, enquanto o arenito silicificado mostra-se coerente.

Siltito O siltito posiciona-se acima da camada de arenito, com a qual localmente se interdigita e possui uma espessura média de 5 metros na área da futura barragem. É constituído de finas intercalações de siltito argiloso e arenoso, cinza, sendo mais escuro na porção superior, apresentando-se laminado com bioturbação e, às vezes, maciço na porção inferior onde grada para o arenito muito fino. Em profundidade, apresenta-se medianamente coerente.

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Folhelho

A camada de folhelho ocorre acima do siltito e representa a porção superior da Formação Irati na área, sendo sobreposta estratigraficamente pelo diabásio do “sill” intermediário. O folhelho alcança espessura máxima de 30 m e encontra-se capeado, em quase toda sua área de ocorrência, por coluvião. O folhelho é negro, pirobetuminoso (Fotos 22 e 23), com laminação horizontal, calcífero, apresentando intercalações milimétricas de calcita, decimétricas de argilito calcífero cinza claro e creme e subdecimétricos de sílex, além de argilito calcífero esbranquiçado com espessuras de 30 cm a 60 cm, que ocorrem principalmente próximo à base da camada. A passagem para a camada de siltito inferior dá-se, em geral, através de brecha intraformacional que ocorre em até três níveis nos últimos 2 m do pacote, intercalados a calcários e a argilitos e folhelhos dobrados e interlaminados com calcita; nas fraturas que cortam o pacote é também comum a presença de calcita como preenchimento (Foto 26). Nos seus 8 a 10 metros superficiais, o folhelho encontra-se alterado em solo, a partir dos quais se apresenta pouco coerente, sendo medianamente coerente nos níveis de argilito e calcário.

Formação Serra Geral O diabásio do "sill” inferior está posicionado na camada de brecha calcária da base da Formação Irati. Tem uma espessura da ordem de 90 m e aflora no leito do rio Araguaia a partir do eixo da Barragem, formando logo a jusante do AHE, a cachoeira Couto de Magalhães e sustentando, por alguns quilômetros, as paredes do "canyon" do rio Araguaia. O contato superior deste "sill” aflora no leito do rio, ao longo do eixo em torno da cota 598,0 m e foi observado em várias sondagens rotativas realizadas na área da Barragem, onde, em geral, é brusco e selado. Seu contato inferior guarda as mesmas características do contato superior. O diabásio tem estrutura holocristalina, textura intergranular fina e cor cinza escuro, tendo frequentemente pirita e principalmente calcita disseminadas ou preenchendo vênulas na rocha. No contato com a brecha, apresenta uma zona afanítica com espessura de 0,5 m a 2 m, em geral mais fraturada e que apresenta maior suscetibilidade à alteração intempérica. De modo geral, o corpo de diabásio mostra-se são e pouco fraturado, exceto próximo aos seus contatos, onde é mais fraturado e junto à superfície, onde pode apresentar fraturas abertas e alteradas. Na encosta abrupta do "canyon", onde se situa o emboque da janela de serviço, verificou-se, em sondagem, que ocorrem fraturas com as paredes alteradas em solo, até profundidades superiores a 20m.

Quaternárias Indiferenciadas O coluvião ocorre praticamente em toda a área de estudo, capeando os diferentes tipos litológicos, não estando mapeado no Mapa MF-CTM-07. Na área da futura barragem é constituído por argila silto-arenosa, vermelha, homogênea e porosa, proveniente da alteração do diabásio do "sill" médio, mostrando uma espessura bastante variável, chegando a atingir 9,0 m na ombreira esquerda.

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V.II-54

A aluvião recente ocorre predominantemente na margem direita, no local da barragem; apresenta espessura de até 2 metros e é constituído por areia fina, pouco argilosa, cinza escura, fofa, localmente capeada por argila orgânica preta. O terraço fluvial ocorre somente na margem esquerda do local da barragem, em nível superior ao da aluvião e se encontra capeado por coluvião, nas suas porções mais elevadas. Próximo à margem, constituído de areia siltosa marrom alaranjada com cascalhos de sílex e arenito de até 15 cm na maior dimensão e nos níveis mais elevados apresenta, em geral, uma camada superficial de silte argiloso variegado, alcançando espessura máxima de 3 m. O tálus ocorre à jusante da Barragem, no sopé da escarpa desenvolvida no “sill” do diabásio inferior, sendo constituído por solo argilo-arenoso marrom-avermelhado, fofo, contendo cerca de 40% a 50% de blocos de diabásio, com diâmetro de até 2 m e chega a atingir espessura máxima de 10 metros.

Estruturas Geológicas Os principais elementos estruturais observados na área do AHE Couto Magalhães são representados pelo mergulho das formações e por estruturas de caráter rúptil distensivo a elas impostas, caracterizadas por falhas normais e fraturamento, indicados no Mapa MF-CTM-06. Os mergulhos das camadas foram interpretados do conjunto das sondagens realizadas na área, verificando-se um mergulho médio de 1° para WSW, com variações para 3° SW, que se deve a mudanças laterais nas espessuras das camadas consideradas, incluindo as variações locais no posicionamento do “sill” diabásio inferior dentro da Formação Irati e, também, possivelmente, aos pequenos basculamentos de blocos provocados por falhamentos normais. As falhas foram fotointerpretadas e representam alinhamentos de drenagem com evidências de deslocamento normal e estão representadas por três principais alinhamentos de direções, NW e ENE. As investigações realizadas na área, entretanto, não permitem a confirmação dessas estruturas, principalmente pelos reduzidos rejeitos a elas atribuídos, embora se possa presumir indiretamente a existência da falha de direção N 20° W, que cruza o rio Araguaia cerca de 2.800 m a jusante da Barragem, pela mudança na atitude das camadas. O fraturamento das rochas pode ser observado pelas pequenas formas retilíneas das drenagens, sendo mais evidentes ao longo do rio Araguaia, no trecho em que este corta o “sill” de diabásio. Na área de ocorrência da Formação Irati, o fraturamento é pouco evidenciado em superfície devido à presença de um constante e espesso capeamento coluvionar; já na área da Formação Aquidauana, nota-se uma menor intensidade no fraturamento e menor persistência das direções das juntas, pela forma curvilínea das drenagens. De modo geral, as principais direções de fraturas são as mesmas observadas em escala regional, dispostas a N 20° W, N 90° e N 60° E, com variações locais. 3.4.5) Síntese dos Aspectos Relevantes As áreas de influência definidas para o empreendimento estão inseridas na Bacia

Sedimentar do Paraná que possui, dentro do território brasileiro, uma área aproximada de 1.100.000 km², com limites atuais de natureza erosiva, formados a partir de arqueamentos do embasamento, que possuem relações com várias reativações sofridas pela bacia ao longo de sua evolução tectônica (IPT 1981). Seu formato assemelha-se à letra J, com orientação geral NNE – SSW.

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V.II-55

As unidades litoestratigráficas incidentes na Área de Influência Indireta - AII são constituídas por rochas sedimentares e ígneas da Bacia Sedimentar do Paraná, de idade paleo-mesozoica, por coberturas sedimentares recentes, de idade cenozoica, além do Complexo Goiano do Período Pré Cambriano, no Domo de Araguainha e estão apresentadas a seguir.

As unidades litoestratigráficas aflorantes na Área de Influência Direta - AID são

constituídas por rochas sedimentares e ígneas da Bacia do Paraná, de idade paleo-mesozoica, além de coberturas sedimentares recentes, de idade cenozoica, conforme a seguir.

De uma maneira geral verifica-se, na Área Diretamente Afetada - ADA, um substrato

rochoso representado pelas formações sedimentares Irati e Estrada Nova / Corumbataí, além de depósitos sedimentares de cobertura e dois sills de diabásio, intrudidos respectivamente na base e no pacote superior da Formação Estrada Nova / Corumbataí. Os arenitos da Formação Botucatu ocorrem em alguns topos de encostas que margeiam o reservatório. Na área prevista para a implantação da barragem e setor de jusante ocorrem diversos tipos rochosos da Formação Irati, o sill de diabásio inferior, intrudido na base da Formação Irati, os arenitos da Formação Aquidauana e as coberturas cenozoicas principalmente relacionadas ao rio Araguaia.

As formações sedimentares ocorrentes na área da barragem e trecho de jusante da ADA

(Formação Irati e Aquidauana) configuram-se praticamente horizontais, com mergulho da ordem de 1° para WSW, localmente afetado pelo “sill” de diabásio e por falhamentos normais pouco expressivos. O fraturamento das rochas é, igualmente, pouco intenso, embora exerça forte influência na direção das drenagens, notavelmente ao longo do "canyon" do rio Araguaia.

O futuro reservatório do AHE Couto Magalhães não deverá apresentar problemas quanto

a fugas d’água, visto que estará assentado sobre rochas pouco fraturadas e reconhecidamente pouco permeáveis.

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V.II-56

3.4.6) Inventário Fotográfico

Foto 01: Domo de Araguainha - Arenito da Formação Ponta Grossa. Notar que o mergulho da camada de rocha encontra-se praticamente a 90º da superfície horizontal, devido ao impacto do meteorito – AII.

Foto 02: Domo de Araguainha – relevo soerguido devido ao impacto do meteorito, possivelmente esta estrutura soerguida é constituída de biotita gnaisse granítica – AII.

Foto 03: Domo de Araguainha – Arenito da Formação Furnas. Notar que o mergulho da camada de rocha encontra-se praticamente a 90º da superfície horizontal, devido ao impacto do meteorito – AII.

Foto 04: Arenito da Formação Aquidauana presente na margem esquerda do rio Araguaia.

Foto 05: Afloramento da Formação Corumbataí.

Foto 06: Afloramento da Formação Corumbataí.

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V.II-57

Foto 07: Processo de boçorocamento expondo os materiais constituintes da Formação Botucatu.

Foto 08: Processo de boçorocamento expondo os materiais constituintes da Formação Botucatu (seta vermelha) e também da Formação Corumbataí (seta preta).

Foto 09: Afloramentos de basaltos da Formação Serra Geral presentes em afluente do rio Babilônia. Normalmente as drenagens naturais da AII estão encaixadas nos basaltos.

Foto 10: Coberturas Detrito-Lateríticas Terciárias e Quaternárias indiferenciadas presentes na AII.

Foto 11: Presença de Couraça Laterítica preservada em superfície de aplainamento na AII.

Foto 12: Fm. Corumbataí

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V.II-58

Foto 13: Afloramento da Formação Cachoeirinha em área de empréstimo presente na AID.

Foto 14: Afloramento da Formação Serra Geral presente na AID.

Foto 15: Afloramento da Formação Botucatu presente na AID.

Foto 16: Afloramento da Formação Botucatu presente em corte da BR – 364 na AID.

Foto 17: Afloramento da Formação Corumbataí presente na AID.

Foto 18: Afloramento de folhelho carbonoso pertencente à Formação Irati presente na AID.

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V.II-59

Foto 19: Arenito da Formação Aquidauana presente na AID.

Foto 20: Cachoeira Couto de Magalhães encaixada em Sill de Diabásio intermediário - ADA.

Foto 21: Camada centimétrica da Formação Estrada Nova / Corumbataí presente na área do futuro reservatório - ADA.

Foto 22: Afloramento de folhelhos negros da Formação Irati presente na área do futuro reservatório - ADA.

Foto 23: Afloramento de folhelhos negros da Formação Irati presente na área do futuro reservatório - ADA.

Foto 24: Afloramento de arenito avermelhado da Formação Aquidauana na margem direita do rio Araguaia - ADA.

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V.II-60

Foto 25: Barras fluviais quaternárias ao longo das redes de drenagem.

Foto 26: Camada centimétrica de calcita como preenchimento em fraturas.

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V.II-61

3.4.7) Mapas

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V.II-62

Inserir Mapa Geológico da AII – MF-CTM-04 – Escala 1:250.000

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V.II-63

Inserir Mapa Geológico da AID – MF-CTM-05 – Escala 1:100.000

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V.II-64

Inserir Mapa Geológico da ADA – MF-CTM-06 – Escala 1:30.000

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V.II-65

Inserir Mapa Geológico da ADA – TVR MF-CTM-07 – Escala 1:10.000

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V.II-66

INSERIR SEÇÕES REFRENTES AO MAPA MF-CTM-07