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PASTORAL DA RECONCILIAÇÃO: A ação da Igreja enquanto agente de restauração da Sociedade, tendo como paradigma central a Obra de Cristo. EXEGESE COLOSSENSES 1: 13-20 FACULDADE TEOLÓGICA SUL AMERICANA www.ftsa.com.br VANDERLEI RODRIGUES DE ARRUDA Q u e m m e d e r a , a o m e n o s u m a v e z

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PASTORAL DA RECONCILIAÇÃO: A ação da Igreja enquanto agente de restauração da Sociedade,

tendo como paradigma central a Obra de Cristo.

EXEGESE COLOSSENSES 1: 13-20

FACULDADE TEOLÓGICA SUL AMERICANAwww.ftsa.com.br

 VANDERLEI RODRIGUES DE ARRUDA

 

Quem me dera, ao menos uma vez, prova

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r que quem tem mais do que precisa terá. Quase sem

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pre se convence que não tem o bastante. E fala dem

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ais por não ter nada a dizer. Quem me dera, ao men

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os uma vez, que o mais simples fosse visto como o

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mais importante, mas nos deram espelhos. E vimos u

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m mundo doente. Quem me dera, ao menos uma vez. En

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tender como um só Deus ao mesmo tempo é três. E es

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se mesmo Deus foi morto por vocês. É só maldade en

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tão, deixar um Deus tão triste. Eu quis o perigo e

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até sangrei sozinho. Entenda, só assim pude traze

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r você de volta para mim..."Renato Russo.(Índios)

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".

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, Pai de Nosso Sen

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hor Jesus Cristo, aquele que chama e capacita seus

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servos para Sua obra. A minha amada esposa Nara L

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úcia Arruda, que ao longo deste tempo de estudo e

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casamento tem sido minha incansável amiga, namorad

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a, ajudadora e companheira de ministério. Querida,

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esse trabalho e formatura são nossos. Da mesma so

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rte dedico aos meus amados filhos, Calebe e Jônata

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s, que souberam suportar a falta do pai nos moment

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os tristes e alegres de suas vidas. Obrigado. Amo

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vocês.

AGRADECIMENTOS

A Deus, e ao nosso Senhor Jesus Cristo, pela operação e a consolação do Espírito Santo, pela salvação, pelo chamado e confirmação do pastorado, o qual tem sido fiel em todos os momentos de minha vida.

A Nara a quem amo muito, minha esposa, aos meus queridos filhos, Jônatas e Calebe que suportaram as minhas faltas; aos constantes carinhos que eles souberam dispensar a mim nos momentos em que estava preocupado e triste, pelos exemplos de suas constantes alegrias, que me renovaram. pelo seu apoio, motivação, carinho e exemplo.

A Diva da Silva, irmã em Cristo e grande amiga, que nos socorreu e nos ajudou, desprendendo-se em amor a nosso favor.

Ao meu orientador, Ênio Caldeira Pinto, que pelo esforço e dedicação foi compreensivo e grande amigo, durante estes anos de estudo e principalmente nesta monografia.

A todos os mestres da Faculdade Teológica Sul Americana, que durante o período de estudo souberam nos auxiliar no árduo trabalho de aprendizado.

As amigas da biblioteca, Mirtês e Isabel, que mesmo em local reservado que é a biblioteca, não nos negaram sorrisos e brincadeiras, obrigado.

Aos meus amigos e irmãos de República, Fábio Henrique; Oséas; Edmur; Abinadabe e André Luís.

Ao Reverendo Eduardo Emerich e sua esposa Anazita Emerich, cujo apoio e exemplo me motivaram a esta jornada, por sua providencial ajuda na revisão gramatical do texto; pela compreensão de sua família no ato da revisão que lhe custou muito tempo e atenção, muito obrigado.

A todos os irmãos da Igreja Presbiteriana de Ourinhos, que acreditaram em meu chamado, sendo fiéis no meu sustento durante o tempo de estudo.

Ao Reverendo Clodoaldo Monteiro Junior meu tutor e sua esposa Rosangela Cássia Monteiro, meus irmãos e amigos em Cristo Jesus.

Aos irmãos e irmãs da Congregação Presbiteriana de Vila Odilon, que estiveram nos apoiando nestes quatro anos de curso; irmãos e irmãs que aprendemos a amar como a nós mesmos.

A minha família, que compreendeu meu chamado, apesar de não fazerem parte mesma família da fé, mas nos deu o apoio necessário para seguirmos em frente.

A Jesus Cristo principalmente que me ensinou as suas grandezas, e Seus atributos divinos....A DEUS TODA A HONRA E GLÓRIA....AMÉM!!!

 

SUMÁRIO

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PARTE 1

 

I. CRITICA TEXTUAL....................................................................................10

1.1 Delimitação da perícope.................................................................................10

1.2 Texto na Língua Original.................................................................................12

1.3 Análise Critica.................................................................................................13

1.3.1. Variantes Textuais......................................................................................13

1.3.2. Manuscritologia ..........................................................................................14

II. LEITURA SINCRONICA DO TEXTO.........................................................15

2.1 Análise Morfo-Gramatical................................................................................15

2.2 Tradução Comparações de traduções............................................................39

2.3 Análise Semântica do Vocabulário.................................................................41

III. LEITURA DIACRONICA DO TEXTO.........................................................53

3.1 Critica Literária................................................................................................53

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3.1.1 Análise da Composição Literária................................................................53

3.2 Critica da Tradução.........................................................................................55

3.2.1 Formas.......................................................................................................55

3.3. Critica da Redação.........................................................................................57

3.3.1. Local da Redação.......................................................................................57

3.3.2. Data da Redação........................................................................................60

3.3.3. autenticidade da autoria da carta................................................................61

3.3.4. Propósito de Paulo ao escrever a carta aos Colossenses..........................64

3.3.5. Tema Central e esboço da Carta................................................................66

3.4. Destinatário....................................................................................................68

3.4.1. A Cidade de Colossos.................................................................................68

3.4.2. A heresia de Colossos................................................................................71

IV. A IGREJA DE CRISTO E SUA PRATICA NO MUNDO.............................75

4.1. Síntese da compreensão...............................................................................75

4.2. Leitura Teológica............................................................................................76

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4.3 Atualização do Texto.......................................................................................77

4.3.1. Em relação com o Pai................................................................................77

4.3.2. Em relação ao Universo.............................................................................79

4.3.3. Em relação ao Mundo................................................................................79

4.3.4. Em relação com a carne............................................................................80

4.3.5. Em relação à Igreja....................................................................................82

4.3.6. Em relação ao Evangelho..........................................................................83

4.3.7. Em relação ao Espírito Santo.....................................................................84

4.3.8. Em relação ao futuro..................................................................................85

4.3.8.1. Quem batiza no Espírito Santo.............................................................86

4.3.8.2. Quem é Jesus Cristo para a América Latina........................................87

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................90

 

 

 

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PARTE 2

 

Nota preliminar...........................................................................................................97

I Da criação até o descendente, uma história de amor e reconciliação (fundamentação bíblico-teológica)............................................................................100

1.1 O mal........................................................................................................100

1.2 O propósito de Deus na criação...............................................................101

1.3 O Pacto da redenção................................................................................105

1.4 A relação de Cristo com o Pacto da Graça...............................................111

II Os Ofícios de Jesus......................................................................................115

A tensão religiosa................................................................................................115

2.1 O Profeta e o Sacerdote..........................................................................115

2.2 O Rei e o Profeta.....................................................................................115

Os Ofícios de Jesus.............................................................................................116

2.3 Jesus, o Profeta.......................................................................................116

2.4 Jesus, o Sacerdote..................................................................................121

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2.5 Jesus, o Rei.............................................................................................123

III Jesus e sua prática pastoral...........................................................................128

3.1 O Reino de Deus.....................................................................................128

3.2 Os ensinamentos de Jesus reconciliam os padrões divinos e os padrões humanos.................................................................................................130

IV a Igreja de Cristo e sua ação pastoral no mundo.........................................135

Notas preliminares..............................................................................................135

4.1 O Ministério Profético denuncia o Ser da Igreja de Cristo......................137

4.2 O Ministério Sacerdotal denuncia o Ser da Igreja de Cristo...................141

4.3 O Ministério Real denuncia o Ser da Igreja de Cristo.............................146

Conclusão.................................................................................................................151

Bibliografia................................................................................................................153

 

RESUMO

O texto de Colossenses é o primeiro texto de Paulo no qual se pensa na abrangência cosmológica da Obra de Cristo na Cruz, aqui o autor não somente enfatiza a salvação das pessoas por meio da Cruz, mas também a restauração de todo o cosmos. Na perspectiva paulina, a Pessoa de Jesus Cristo adquiriu novas cores quando é comparado ao Criador do Universo, Redentor e Restaurador de todas as coisas a Si mesmo. Esta é a temática central que perpassa toda carta. Procurar-se-á fazer uma analise do capitulo primeiro dos versículos que estão entre o verso treze ao vinte. Através de uma analise gramatical procurar-se-á aprofundar-se nas formas escrituristicas que foram utilizadas pelo autor, e quais foram de fato seus verdadeiros desejos ao escrever esta carta tão atual para nossos dias. Através do método histórico - critico procurar-se-á levantar questões sócio-econômicos que influenciaram aquela sociedade a trocar o verdadeiro Evangelho por outro totalmente contrário ao de Cristo. A exegese deste texto também servirá de base para a abordagem teológica do tema "Pastoral da Reconciliação, a ação da Igreja

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enquanto agente de restauração da Sociedade, tendo como paradigma a Obra de Cristo". Devido à profundidade e abrangência do texto em pauta, várias questões permanecerão em aberto para novas discussões e análises. Mas caso tenhamos alcançado de forma majoritária os objetivos acima descritos, nos daremos por satisfeitos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

I) CRÍTICA TEXTUAL

 

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Devido ao fato de que os textos do Novo Testamento originalmente sido redigidos em escrita contínua, sem espaços entre as palavras e sem subdivisões em versículos, capítulos e perícopes. A delimitação dos textos do Novo Testamento, portanto, serve como recurso para demarcar o início e o fim da perícope a ser analisada exegeticamente, "bem como ver a sua unidade com coesão e coerência textual".

 

 

1.1 Delimitação da Perícope

 

O texto a ser analisado por este trabalho tem causado certa polêmica entre os críticos por causa de sua delimitação, uns o analisam a partir dos vv 15-20; outros porém, o analisam entre os vv 13-20 e outros até o vv 23; mas para este trabalho exegético serão analisados os versos de 13 até ao 20 do primeiro capítulo da epístola aos Colossenses.

A razão para esta analise tem sua causa na intenção de Paulo ao escrever aos irmãos da fé em Colossos; a partir do verso 13 ele passa a desenvolver a razão pela qual Deus nos fez pessoas idôneas; assim o uso do adjetivo ([o]j) indica que a nova frase que se segue está subordinada a anterior, porém com ênfase a santidade doada por Deus aos seus filhos por meio do Seu Filho amado.

Paulo introduz a figura de Deus Pai, aquele que tirou os cristãos da dominação do reino das trevas os transportando para o reino do Seu Filho amado, reino este que impera o amor, a justiça, a verdade, que são características claras da santidade de Deus.

Com ênfase na Pessoa do Filho, Paulo demonstra que Ele tem a mesma essência do Pai; O igualando a todos atributos do Pai; os atos realizados pelo Filho são abrangentes, indo da criação do cosmos até mesmo a reconciliação de tudo a Deus.

Existe uma inimizade ocasionada pelo pecado humano, e que precisava ser aplacada por Deus e para Deus; toda a perícope transcorre harmonizando a relação de Deus Pai com Seu Filho Amado, unidos na realização do objetivo central da vinda do Filho ao mundo, a restauração de sua criação, resultando assim na exaltação da Pessoa do Filho amado de Deus.

A ação redentora realizada por Jesus na cruz foi capaz de apaziguar a ira de Deus contra o pecado e retirar do homem a culpa pela ofensa a Deus.

A partir do verso 21, Paulo introduz novamente as pessoas de Colossos, agora de maneira mais exortativa enfatiza os efeitos benéficos causados pela reconciliação obtida por meio de Jesus com Deus Pai.

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Agora os reconciliados com Deus receberam um novo padrão de vida, devendo praticá-los como sinal de verdadeiro compromisso cristão.

 

1.2 TEXTO ORIGINAL

 

Kolojjaeij 1:13-20

 

13 o]j evrru,sato h`ma/j evk th/j evxousi,aj tou/ sko,touj kai. mete,sthsen eivj th.n basilei,an tou/ ui`ou/ th/j avga,phj auvtou/(

14 evn w-| e;comen th.n avpolu,trwsin( th.n a;fesin tw/n a`martiw/n\

15 o[j evstin eivkw.n tou/ qeou/ tou/ avora,tou( prwto,tokoj pa,shj kti,sewj(

16 o[ti evn auvtw/| evkti,sqh ta. pa,nta evn toi/j ouvranoi/j kai. evpi. th/j gh/j( ta. o`rata. kai. ta. avo,rata( ei;te qro,noi ei;te kurio,thtej ei;te avrcai. ei;te evxousi,ai\ ta. pa,nta diV auvtou/ kai. eivj auvto.n e;ktistai\

17 kai. auvto,j evstin pro. pa,ntwn kai. ta. pa,nta evn auvtw/| sune,sthken(

18 kai. auvto,j evstin h` kefalh. tou/ sw,matoj th/j evkklhsi,aj\ o[j evstin avrch,( prwto,tokoj evk tw/n nekrw/n( i[na ge,nhtai evn pa/sin auvto.j prwteu,wn(

19 o[ti evn auvtw/| euvdo,khsen pa/n to. plh,rwma katoikh/sai

20 kai. diV auvtou/ avpokatalla,xai ta. pa,nta eivj auvto,n( eivrhnopoih,saj dia. tou/ ai[matoj tou/ staurou/

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auvtou/( ÎdiV auvtou/Ð ei;te ta. evpi. th/j gh/j ei;te ta. evn toi/j ouvranoi/jÅ

1.3 ANÁLISE CRÍTICA

 

1.3.1 Variantes textuais

 

Segundo os críticos a análise do texto contido na Bíblia Nestlé em grego, a única variante textual está no verso 20 deste capítulo em estudo de Colossenses. Portanto, o texto em grego já está acrescido de chaves, marcando esta variante [ di’’’’’’’’, au,tou]. Todos os críticos concordam que deverá deixar as palavras entre colchetes, para que se observe esta variante como um pronome intensivo que significa para, associando ao indivíduo a sua propriedade à identidade pessoal de Cristo.

Sendo assim, em aceitando a variante, o texto passa a significar que todas as coisas foram reconciliadas para Cristo, como observado em algumas versões bíblicas correntes atualmente.

Ao aceitar-se esta tradução, concordar-se-á com o versículo dezesseis, onde é afirmado que tudo foi criado por meio dEle (o filho de Deus) e para Ele, denotando assim que o Filho de Deus é a própria imagem de Deus, ou seja, Jesus é o próprio Deus criador, encarnado e vivendo entre suas criaturas, para morrer em favor deles, mas seu objetivo é reconciliar consigo mesmo todas as coisas, a fim de restaurar todas as coisas àquilo que eram antes do pecado.

 

 

 

 

 

1.3.2 Manuscritologia

 

O texto em estudo demonstra uma variante, causadora de uma polêmica entre os eruditos, que não conseguiram chegar a um ponto comum. Assim, estabeleceu-se o uso de colchetes em traduções posteriores.

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"Segundo a opinião da maioria da comissão, a frase [ di’’’’’

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’’’, au,tou ], que é apoiada pelo papiro 46; a,A; C; D; 614

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sir(p,h) cop (bo), foi omitida de B. D. G., ara etí, ou acid

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entalmente (por causa de homoeoteleuton) ou deliberadamente

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(por ser supérflua e obscura). Conforme a opinião da minoria

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, a expressão é tão perturbadora ao sentido que é difícil at

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ribuí-la ao autor sagrado. A fim de representar os dois pont

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os de vista, ficou resolvido reter as palavras no texto, ent

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re colchetes.’’

A variante citada acima, está nos manuscritos como uma variação ortográfica, também encontrada no papiro 46 datado do ano 200 d.C.

{D} como está entre colchetes já se evidencia que o manuscrito tem uma variante

apoiada por outros manuscritos, como: a,A; C; D; K; P; Y, ; tendo ainda a omissão deste termo em outras variantes, como os manuscritos B; D; G; L.

E como está indicado pela letra "D" isto nos mostra que não é um dos principais manuscritos, apesar de sua fonte ser confiável, seu tipo de texto é o Ocidental, datado no século V e VI. A letra "D" é a classificação do manuscrito Bezae, assim se mantém entre colchetes esta variante por não haver consenso entre os eruditos.

O uso da variante ficou expressa na tradução da Bíblia de Jerusalém, que deu um sentido mais completo ao texto bíblico, ficando de acordo com o verso do 16 do capítulo estudado, "assim, por meio de Cristo e [para] Ele foram criadas todas as coisas".

 

II) LEITURA SINCRÔNICA DO TEXTO

 

2.1 Análise Morfo - Gramatical

 

vs 1: 13 o]j o[j adjetivo pronominal relativo nominativo masculino singular; este adjetivo é usado aqui em concordância com seu antecedente em gênero e número,

seu uso é determinado pela partícula o , seu uso nesta clausula evidência sua subordinação ao versículo anterior, esta ação é em beneficio próprio. Sua tradução é: Que Ele (este pronome provavelmente é uma forma antiga da língua grega)

evrru,sato – r`u,omai - verbo indicativo aoristo médio depoente ativo dativo, 3a pes. Singular; o verbo indicativo é usado aqui para dar reforço de que o fato é tido

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como certo, certeza; ainda que o tempo aoristo expresse um fato certo de ação completa, porém simples e inacabada. O fato da ação da libertação é de que Ele nos salvou, ou seja, o fato de salvar é certo, verdadeiro, indicado pelo modo indicativo, porém, este fato é de uma ação completa e de caráter simples e inacabado (redenção final). Sua tradução é: Salvou, libertou. Como está expresso no tempo ativo, indica assim que o autor do ato de salvar é Ele quem o faz.

h`ma/j –evgw, - substantivo pronome acusativo 1a pes. Plural (nós) . Este substantivo está indicando o objeto seguinte estendendo ainda mais o significado da ação verbal que o antecede na frase, sua função é de objeto direto na ação verba é quem recebe os benefícios da ação verbal. Sua tradução é: nós.

evk – evk preposição genitivo (de, fora de, longe de, por, por meio de, por causa de,para fora de; porque, para; em, a; o) Esta preposição é primaria e está enfatizando a origem da ação (o ponto de onde a ação ou de onde o movimento está procedendo) esta ação vem de fora (de lugar, tempo; ou causa; literal ou figurativa). Sua tradução é: de fora de, para fora de

th/j – o` artigo definido feminino singular (o;isso; ele, ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso). Este artigo indica enfaticamente a origem ou posse do próximo substantivo que o precede. (podendo também ser um pronome demonstrativo). Sua tradução é: ela, dela, da.

evxousi,aj – evxousi,a substantivo genitivo feminino singular (autoridade, direito, liberdade, habilidade, capacidade, sobrenatural, dê poder a, poder de decisão; governante; com jurisdição; com autoridade de governar). Este substantivo assinala o papel de posse. Marcado pelo genitivo, assim atribuindo ao substantivo o caráter de autoridade, poder de decisão sobre alguém, ele tem jurisdição. Sua tradução pode ser: autoridade, direito, jurisdição.

tou/ - o` artigo definido genitivo neutro singular (com, para que, de forma que, com o resultado que, isso). Este artigo está sendo enfático e concorda com o próximo substantivo, em gênero e número, mas estendendo ainda a idéia do substantivo anterior, de que há uma autoridade ou uma jurisdição que possui poder.

sko,touj - sko,toj substantivo genitivo neutro singular (de escuridão; peque, mal). Este substantivo de posse demonstra que esta escuridão é quem exerce autoridade sobre alguém, é de origem maligna, do mal. Sua tradução é: das trevas ou de escuridão; do mal; de pessoas que vivem na ignorância das "coisas" divinas e dos deveres humanos, que vivem na imoralidade.

kai. – kai, conjunção coordenativa (e, também, mas, até mesmo). Esta conjunção está ligada ao verbo precedente, sendo a frase anterior uma contraposição com a frase posterior, porém, não perdendo a função gramatical de sua construção; é uma conjunção coordenativa adversativa, que está ligando o mesmo pensamento de que Ele nos libertou das trevas, em oposição as trevas, Ele nos libertou para a luz. Sua tradução pode ser: e também; mas; até mesmo.

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mete,sthsen – meqi,sthmi verbo indicativo aoristo ativo 3a pes. Singular (remove; engane; traga). Este verbo expressa o fato certo, uma verdade que ocorreu, sua ênfase está indicando o resultado de uma ação completa porém, inacabada; sua função é de dar ênfase ao ato do agente na ação. Sendo traduzido por: transportados para, outro lugar, ou de estado, condição moral ou espiritual, remover de um lugar para outro. Sua tradução é: transportados

eivj – eivj preposição acusativo (com , em, para; em, a, em, em, por, se aproxime, entre, contra, interessando; como) esta preposição é usada geralmente como auxiliar do substantivo seguinte, dando sentido ao lugar para o qual será inserido àquele que foi libertado, tirado das trevas. Seu uso geralmente está associado a verbos de movimento. E esta preposição significa que a ação se deu no passado. Sendo sua tradução : para, em.

th.n – o` artigo definido acusativo feminino singular (o; isso; ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso). Este artigo aponta de forma acusativa para o substantivo posterior o qual ele antecede, dando ênfase particular ao lugar para o qual serão transportados. Sua tradução é: a, para.

basilei,an – basilei,a substantivo acusativo feminino singular (reino, domínio,). Este substantivo é utilizado aqui para determinar a que tipo ou extensão de reino é este, o qual foram introduzidos àqueles que saíram do reino das trevas. Agora reino (dele) designado pelo próximo substantivo. Esta palavra é traduzida por Reino, ou domínio. Um reino no qual estão sujeitos à regras de um rei.

tou – o` artigo definido masculino singular (para que, de forma que, com o resultado que, isso). Este artigo esta ressaltando o próximo substantivo, dando a ele a ênfase particular, de forma não genérica, determinada e direta. O sentido é enfático quanto a qualidade do próximo substantivo. Traduzido por: do, para que.

ui`ou/ - ui`o,j substantivo genitivo masculino singular (filho, descendente, descendência, herdeiro, (com gen.). Freqüentemente um que compartilha uma relação especial com ou uma semelhança para alguém ou algo; discípulo; seguidor.). Este substantivo tem a função de adjetivo, expressando os atributos do filho, que é de posse, que tem autoridade, e que possui poder, devido ao modo genitivo do substantivo, sua tradução é Filho de Deus, ou filho do homem, título preferido de Jesus, já que simboliza a humanidade, fraqueza e mortalidade, contrariando o desejo messiânico judaico, este termo desfruta do amor supremo de Deus unido a Ele em afetuosa intimidade, obediente a Ele em todos os seus atos..

th/j – o` artigo definido genitivo feminino singular (o; isso; ela,). Este artigo ressalta o tipo de posse ou do atributo do próximo substantivo, seu sentido é enfático e pertence a alguém, seguindo a interpretação do substantivo, anterior, este reino possui algo de importante, é traduzido por: ela, a.

avga,phj – avga,ph substantivo genitivo feminino singular (amor; principalmente de amor Cristão, preocupação, interesse,). Este substantivo tem a função de adjetivo, já que está designando o tipo deste objeto, sendo que este objeto possui

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amor, caridade, é querido, é amado por. Sua tradução é: é amado pelo, é querido pelo.

auvtou/ - auvto,j substantivo pronome genitivo masculino 3a pes. Singular (ego, da si mesmo, até mesmo, todo, precedeu pelo artigo o mesmo; como uma terceira pessoa a favor dele, ela, isto.). Este substantivo é usado para reforçar que o substantivo pertence a alguém, seu uso é na forma de um pronome. Sua tradução poderia ser: dele, seu.

vs . 14 - evn – evn preposição dativo (com dativo em, a, se aproxime, por, antes de, entre; dentro; por, com; em, para). É uma preposição primitiva, pois sua idéia expressa a idéia do genuíno sentido do dativo, ou seja, a idéia de lugar; tempo ou estado é de idéia de interesse pessoal, a idéia da redenção está personificada e se propõe como o fim da idéia e não o meio para atingir esse fim. Esta preposição está expressando antecipadamente a idéia do próximo verbo e;comen Sua tradução é: em. por.

w-| - o[j adjetivo pronominal demonstrativo masc. Singular (quem, o qual, isso que, isso). Este adjetivo está indicando o atributo do substantivo (ui`ou/ ), a que se refere, pois é nele que somos redimidos, sua forma de demonstrativo é resumptivo, ou seja, está apontando juntamente para o verso anterior, seu sentido é demonstrar o atributo do Filho. Sua tradução é: o qual, ou no qual.

e;comen – e;cw verbo indicativo presente ativo 1a pes. Plural (tenhamos, seguramos, possuímos; mantemos; recebemos, adquirimos, consideramos, pensamos, possamos, sejamos capazes, devamos, sejamos). Este verbo no tempo presente é bastante significativo, pois o tempo presente representa uma declaração simples do fato ou da realidade, vendo como está acontecendo no tempo atual, porém, em algumas traduções é parecido com o passado. Por estar na voz ativa representa o assunto como o realizador da ação verbal, sendo que esta ação será realizada do modo indicativo, não se importando com o tempo, mas com a ação que aconteceu, acontece ou acontecerá de fato de verdade, pois seu tempo é linear, caracterizando como uma ação inacabada, porém realizada completamente na ação verbal.. Sua tradução é: temos, possuímos, adquirimos.

th.n – o` artigo definido feminino singular (o;isso; ele, ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso). Este artigo aponta para o próximo substantivo de forma enfática, valorizando a idéia da contradição dos conceitos de preso x liberto, sendo sua forma de acusativo cognato, dando a idéia do seu conteúdo, e de sua direção. Sua tradução é: a; do resultado.

avpolu,trwsin – avpolu,trwsij substantivo acusativo feminino singular (fixando livramento, libertação, liberação). Este substantivo nos mostra o fato de que verdadeiramente aconteceu, ou seja, é verdadeira a existência da idéia desta palavra, como está na forma acusativa, isto valoriza o conteúdo da mesma, e a direção a que ela está tomando. Sua tradução é: libertação, redenção; uma libertação efetuada mediante pagamento de um resgate, mediante o sangue derramado.

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th.n – o` artigo definido acusativo feminino singular (o;isso; ele, ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso). Este artigo aponta para o próximo substantivo de forma enfática valorizando ainda mais a idéia do conteúdo deste substantivo. E seu conteúdo é de grande valor e verdade. Sua tradução é: a, que.

a;fesin – a;fesij substantivo acusativo feminino singular (perdão, cancelamento de pecados), libertação (de prisioneiros). Este substantivo é o ápice da idéia do versículo, pois todas as palavras no tempo acusativo apontam para este desfecho no qual a idéia é verdadeira e valorosa, ela expressa a idéia de perdão, libertação, de liberdade, de perdão de pecados, , perdão da penalidade, como se eles nunca existissem.

tw/n – o` artigo definido genitivo feminino plural (isto, que, elas, isto). Esta palavra aponta para o próximo substantivo de forma enfática, apoiando o tipo de qualidade é o próximo substantivo., Sua tradução é: das, as.

a`martiw/n – a`marti,a substantivo genitivo feminino plural (freqüentemente oferecimento pelo pecado; pecado). O substantivo declara o motivo do perdão do Filho. Sua tradução é de pecado.

vs 15 - o[j – o[j adjetivo pronominal relativo nominativo masc. Singular (quem, o qual, isso que, isso). Neste caso é usado em concordância com seu antecedente em

gênero e número, seu uso é determinado pela partícula - o[ ; seu uso evidência que esta frase é subordinada à anterior; ficando evidenciado ainda que seu uso é em benefício próprio, porém, atraído ao caso de seu antecedente. Sua tradução é: que é; o qual; isso que.

evstin – eivmi, verbo indicativo presente ativo 3a pes. Singular (seja, exista, aconteça, viva, seja localizado dentro, permaneça, fique, venha). Como este verbo está no modo presente, representa a declaração simples do fato ou da realidade como acontecendo em tempo atual, constituindo-se em um tempo presente histórico e por isso narra a ação passada de modo vivido, energético, enfático; sendo em ação ativa, logo o sujeito é realçado por esta voz, o que é uma afirmação com certeza sobre o sujeito. Sua tradução é: é, seja.

eivkw.n – eivkw,n substantivo nominativo feminino singular (semelhança, imagem, forma, aparecimento, estátua). A afirmação da existência do objeto é explicitada pelo uso do substantivo, é mais realçada também pelo uso do termo nominativo que acentua de maneira enfática a respeito do sujeito da oração, a imagem refletida é a mesma, sem distorção, sem defeito, sem desvios. Sua tradução é: semelhança, mesma imagem.

tou/ - o` artigo definido genitivo masc. Singular (para que, de forma que, com o resultado que, isso). Este artigo é usado especificamente para caracterizar o tipo de deus a que ele está ligado, e que tipo de atributo lhe é dado; neste caso é para acentuar que o Deus em específico, é o Deus dos judeus ou dos cristãos.

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qeou/ - qeo,j substantivo genitivo masc. Singular (Deus Supremo). Este substantivo por estar no modo genitivo ressalta o valor que é atribuído ao substantivo especificando sua origem. Sua tradução é: Deus Supremo.

tou/ - o` artigo definido genitivo masc. Singular (para que, de forma que, com o resultado que, isso). Este artigo enfatiza novamente a procedência ou de qual é a origem do substantivo anterior, assim ele esta associado ao próximo adjetivo, valorizando a sua qualidade ou seus atributos, porém, pode ser omitida na tradução. Sua tradução é: de forma que; para que; isso

avora,tou – avo,ratoj adjetivo pronominal genitivo masc. Singular (invisível, não visto). Sua ênfase recai sobre o substantivo a qual ele está ligado, logo este Deus referido por Paulo tem como atributo o ser invisível. Sua tradução é invisível.

prwto,tokoj – prwto,tokoj adjetivo pronominal nominativo masc. Singular. Além de designar ser o sujeito da oração, em aposição a outro substantivo da mesma oração, está demonstrando a relação das duas orações. Sua tradução é: primeiro-nascido, primeiro, o filho primeiro-nascido (de Cristo). existindo antes de toda a criação ou superior para com toda a criação.

pa,shj – pa/j adjetivo genitivo feminino singular (sem o artigo, cada, todo, todo tipo de, tudo, cheio, absoluto, maior. (2) com o artigo inteiro, inteiro, tudo). Por estar antes do substantivo a ênfase recai sobre o adjetivo, assim designando a totalidade, Sua tradução é todo, tudo.

kti,sewj( - kti,sij substantivo genitivo feminino singular (criação, o que é criado, ordem criada, criatura (de seres vivos), ato de criação). Este substantivo enfatiza os limites da totalidade a que se refere o adjetivo anterior. Sua tradução é: criação; criatura; da ordem criada.

Vs 16 o[ti – o[ti conjunção subordinativa (conj. que geralmente está introduzindo a opinião subjetiva do escritor.).Esta conjunção introduz à uma nova oração e esta está subordinada a anterior, por isso a clausula é chamada de espexegética, pois ela está em aposição ao substantivo da cláusula posterior. É uma cláusula introdutória na qual se explicará a finalidade e a relação do versículo anterior, com esta nova oração onde no português é uma conjunção causal final, sendo esta nova oração a expressão da finalidade da ação. Sua tradução é: pois.

evn – evn preposição dativo (com dativo, em, a; se aproxime, por, antes de, entre, no meio de , com, em). Esta preposição dativa enfatiza a ação por meio de quem algo fora criado, ela aponta para o próximo substantivo, o qual sofrerá uma mudança em seu termo. Sua tradução é: em, por meio de.

auvtw/| - auvto,j substantivo pronome dativo masc. 3a pes. Singular (ego, da si mesmo, até mesmo, mesmo, precedido pelo artigo o mesmo, como uma terceira pessoa. a favor de, ele, ela, isto.). Este substantivo tem a função de um pronome, a qual expressa intensidade, sendo um pronome pessoal, expressa ação de ordem pessoal, Ele mesmo está agindo, ou fazendo algo que tem a duração da eternidade.

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evkti,sqh – kti,zw verbo indicativo aoristo passiva 3a pes. Singular (crie, faça). Por ser um verbo no tempo aoristo pontiliar, este verbo designa ação criadora realizada por meio do Filho está completa, porém, seu tempo ainda está inacabado, ou seja, a finalização da criação ainda está por acontecer, mas já ocorreu; sendo a ação verbal está centrada sobre o sujeito, assim é nEle ou dentro dEle que esta ação ocorreu.

ta. – o` artigo definido nominativo neutro plural (o, isto, que, eles, elas, isto). Este artigo demonstra e define o sujeito da oração. Sua tradução é Este.

pa,nta – pa/j adjetivo pronominal nominativo atribuitivo neutro plural (sem o artigo cada, todo. todo tipo de, tudo, cheio , absoluto, maior.). Este adjetivo está atribuindo uma qualidade ao substantivo, e isto de forma pronominal e definido, ou seja, está afirmando objetivamente que a abrangência desta ação é de totalidade (todo), sendo ainda que isto inclui todas as coisas, assim determinando a extensão desta inclusão. Sua tradução é: tudo; todo; todas.

evn – evn preposição dativo (com, em, a, se aproxime, por antes de, entre, dentro). Esta preposição demonstra a posição em que o substantivo está no interior de, e demonstra que a posição é de dentro para fora; ou para outra posição diferente da outra.

toi/j – o` artigo definido masc. Plural (os). Este artigo define a quem está diretamente ligado na frase, neste caso é o substantivo seguinte, não deixando dúvidas da sua construção literária, dando ao substantivo um atributo distinto e único.

ouvranoi/j – ouvrano,j substantivo dativo masc. Plural (céu). Este substantivo tem a prerrogativa de esclarecer o lugar no qual é feita a ação da oração, sua tradução é céus. Abrangendo tudo o que existe no céu, o assento da ordem das coisas eternas é o local perfeito, onde Deus habita juntamente com outros seres celestiais.

kai. – kai, conjunção coordenativa (e, também, é, isto é). Esta conjunção liga a frase anterior a esta nova frase, dando novos argumentos para o que segue adiante, sendo a expansão do pensamento de Paulo a respeito da Pessoa de Jesus Cristo, o que é caracterizado é, que este novo pensamento não está sendo contrário ao anterior, por isso é uma oração coordenada aditiva, pois é de igual função gramatical a anterior.

evpi. – evpi, preposição genitivo (sobre, em, ao longo de, por cima de). Em uso metafórico assume a noção de domínio, poder, o que nos possibilita entender que pelo Filho de Deus foram criadas todas as coisas também sobre a terra. Contrastando com o pensamento dos hereges que não crêem que o Filho de Deus criou todas as coisas.

th/j – o` artigo definido feminino singular (a;isso; ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso). Sua função gramatical é equivalente a um adjetivo atribuitivo, sendo assim enfático em sua indicação sobre o substantivo seguinte, pois está

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dando um caráter objetivo e específico para que tipo ou que qualidade é a criação executada pelo Filho de Deus, sendo agente modificador do substantivo denotando que não é simplesmente a criação da terra composta de minerais, mais engloba também todas os seres vegetais, animais irracionais ou racionais, ou seja tudo o que existe engloba o termo de terra.

gh/j( gh/ substantivo genitivo feminino singular ( a terra, terra, país, região, terra, chão, gênero humano). Este substantivo sofreu uma modificação em seu significado em decorrência do artigo definido anterior que nos possibilita entender que seu significado é mais abrangente do que simplesmente o mundo físico (solo, minerais) mais engloba a terra com seus habitantes e todas os seres criados e a totalidade da criação.

ta. – o` artigo definido nominativo neutro plural (o, isto, que, ele, ela, isto). Está indicando a que tipos de "coisas" foram criados pelo Filho de Deus, ressaltando afirmativamente o Seu poder criador.

o`rata. – o`rato,j adjetivo pronominal nominativo neutro plural (visível). Este adjetivo esclarece o uso do seu substantivo, ou seja, a extensão do ato criador abrange todas as coisas (visíveis).

kai. – kai, conjunção coordenativa (e, também, é, isto é). Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, reforçando o sentido do pensamento Paulino.

ta. – o` artigo definido nominativo neutro plural (o, isto, que, ele, ela, isto). O uso deste artigo indica a natureza a que se está referindo, logo as coisas que o Filho criou está também no campo invisível,expandindo a ação do criador até mesmo ao campo invisível.

avo,rata – avo,ratoj adjetivo pronominal nominativo neutro plural (não visto, invisíveis). Este artigo indica sua função gramatical atribuitiva, ou seja, esta atribuindo qualidade ao substantivo, sua tradução é invisível, assim, o ato criador do Filho também participa no campo espiritual.

ei;te – ei;te conjunção coordenativa alternativa (se). Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, sua melhor tradução é quer seja, dando ênfase as coisas criadas pelo Filho.

qro,noi – qro,noj substantivo nominativo masculino singular (trono). Seu significado é enfatizado pelo uso nominativo, pois atribui a este trono, os poderes constituídos no mundo, como reinado, reis, soberanos.

ei;te – ei;te conjunção coordenativa (se) Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, que a anterior, sua melhor tradução é quer seja, dando ênfase às coisas criadas pelo Filho.

kurio,thtej – kurio,thj substantivo nominativo feminino plural (poder (acreditou para ter um pouco de controle em cima do destino humano), autoridade). Com esta

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idéia Paulo expressa que até mesmo a autoridade de Jesus está sobre o "destino das pessoas", como idéia de direção, guia, e mudança na história das pessoas a que Ele intervem; pois Ele tem o poder para reger as vidas das pessoas, pois Ele é Soberano, Ele tem o domínio, Ele guia os seus porque sabe o que é melhor para eles.

ei;te – ei;te conjunção coordenativa alternativa(se) Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, que a anterior, sua melhor tradução é: quer seja, enfatizando as coisas criadas pelo Filho

avrcai – avrch, substantivo nominativo feminino plural (começando, primeiro). Mas uma vez a colocação destes termos nos leva a pensarmos sobre o poder criador do Filho de Deus, ao mencionar os principados Paulo está pensando diretamente sobre as milícias celestiais, sejam as divinas ou a dos anjos maus, pois este termo está diretamente relacionado com as forças espirituais, submetendo-os ao poder de Jesus, descaracterizando os "eons" dos gnósticos.Sua tradução é principados.

.ei;te – ei;te conjunção coordenativa (se) Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, sua melhor tradução é: quer seja. Dando ênfase as coisas criadas pelo Filho

evxousi,ai –\ evxousi,a substantivo nominativo feminino plural (direito, liberdade, habilidade, sobrenatural, dê poder a, poder governante. governo. funcionário). O poder do Filho de Deus está sobre os governantes da terra, expandindo o seu poder está também sobre todos os líderes do mundo; nada acontece fora da sua vontade, Ele tem o governo de tudo em suas mãos, Ele estabelece as leis e elas se cumprem pela sua vontade.(noite, dia, as marés dos oceanos; estações climáticas, os governantes, ainda que não cumprem a Sua vontade).

ta. – o` artigo definido nominativo neutro plural (os, isto, que, eles, elas, isto) Este artigo está demonstrando e definindo o sujeito da oração. Sua tradução é Este.

pa,nta – pa/j adjetivo pronominal nominativo neutro plural. Como este adjetivo está acompanhado do artigo, ele ressalta o limite do poder criador do Filho, abrangendo tudo o que existe sobre a terra e nos céus.

diV – dia, preposição genitivo (por meio de, com, ao longo de). Esta preposição indica a origem de quem é o poder, ou por meio de quem todas as coisas foram criadas. Sendo a ligação dos termos seguintes com a frase anterior, assinalando que o sentido da frase é complemento da primeira.

auvtou/ - auvto,j substantivo pronominal genitivo masc. 3a pes. Singular (ego, de si mesmo, até mesmo, mesmo, precedeu pelo artigo o mesmo.) Este substantivo é usado para reforçar o substantivo de posse, seu uso está na forma de um pronome. Sua tradução poderia ser: dele, seu.

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kai. – kai, conjunção coordenativa (e, também, é, isto é). Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, reforçando o sentido do pensamento Paulino.

Eivj – eivj preposição acusativa (para, em, a, por, se aproxime, entre, contra, interessando como). Esta preposição indica o movimento da oração, assim sendo, entendemos que é por meio do Filho que tudo acontece, Ele rege, governa e ordena todas as coisas, é por meio dEle e de nenhum outro que tudo acontece; tem uma origem as existências de todas as coisas, sejam criadas, ou de todos os acontecimentos em nossa volta e de tudo o que acontece no universo e na terra; esta é uma afirmação da qual não cabe dúvida nos acontecimentos da história, nada acontece por um destino, ou um acaso, tendo uma origem, aqui Paulo indica que o Filho de Deus, Jesus Cristo, é a origem de todas as coisas.

auvto.n – auvto,j substantivo pronominal acusativo masc. 3a pés. Singular (até mesmo, mesmo) Este substantivo é usado para reforçar o substantivo de posse, e seu uso é na forma de um pronome. Sua tradução poderia ser: dele, seu.

e;ktistai – \ kti,zw verbo indicativo perfeito passivo 3a pés. Singular (crie, faça). A ação se dá no presente de forma que a ação é completa e o fato realmente aconteceu, e foram criados para Ele, pois o agente que recebe a ação é o sujeito da frase, logo tudo pertence a Ele, não a outro, somente o Filho é o possuidor de todas as coisas.

Vs 17 kai. – kai, conjunção coordenativa (e, também, é, isto é) Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior reforçando assim o sentido do pensamento Paulino.

auvto,j – auvto,j substantivo pronome nominativo masc. 3a pés. Singular ( isto, ele). Seu uso pronominal enfatiza a substituição do termo do sujeito pelo uso do seu pronome, por isso há esta substituição do nome pelo seu correspondente pronominal.

evstin – eivmi, verbo indicativo presente ativo 3a pés. Singular (seja, exista, aconteça, viva, seja localizado dentro) Este verbo indica afirmativamente que o Filho de Deus existe desde a eternidade, não existe começo, inicio de sua existência, Ele é eterno igualmente como a Deus. Sua força ativa demonstra que a ação verbal é do sujeito sobre a ação, assim é Ele que tem poder para criar. Sua tradução é: é do verbo ser, de existência.

pro – pro, preposição genitiva (antes de, a, ante, ou seja, preparando-se para entrar). Sua indicação ressalta o sujeito da frase com relação as coisas criadas antes delas, por isso esta sua indicação enfatiza o caráter temporal ou o tempo da existência das coisas criadas. Esta preposição antepõe a existência dEle antes de outras coisas criadas. E por ser uma preposição ela estabelece que a frase seguinte depende da 1a frase. Sendo esta nova construção um complemento da 1a; e por causa de seu modo, indica-nos que a origem do Filho é anterior a tudo o que existe, sem entrar no mérito da ordem da criação, a ênfase de Paulo é ressaltar que a existência do Filho é anterior a tudo o que existe. Sua tradução é: antes de.

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pa,ntwn – pa/j adjetivo pronominal genitivo neutro plural (sem o artigo: cada, todo; todo tipo de, tudo, cheio, absoluto, maior.). Sua ênfase afirma a ação do sujeito da oração, e por estar sem o artigo, isto ressalta o caráter do substantivo.

kai. – kai, conjunção coordenativa (e, também, é, isto é) Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, reforçando assim o sentido do pensamento Paulino

ta. - o` artigo definido nominativo neutro plural (os, isto, que, eles, elas, isto). Este artigo está demonstrando e definindo o sujeito da oração.

pa,nta – pa/j adjetivo pronominal nominativo neutro plural (sem o artigo, cada, todos, todos tipo de, tudo, cheios, absolutos, recomende, dê aprovação para, mostrem, provem) Este adjetivo está atribuindo uma qualidade ao substantivo, e isto de forma pronominal e definido, ou seja, esta afirmando objetivamente que a abrangência desta ação é de totalidade (todo), sendo ainda que isto inclui todas as coisas, assim determinando a extensão desta inclusão.

evn – evn preposição dativo (em, a; se aproxime, por antes de, entre, dentro, do interior para fora ) Esta preposição demonstra a posição em que o substantivo ou estado no interior de, e está demonstrando que esta posição é de dentro para fora; ou para outra posição diferente da outra.

auvtw – auvto,j substantivo pronome dativo masc. 3a pés. Singular (até mesmo, mesmo, dando um interesse pessoal ao sujeito) Este substantivo é usado para reforçar o local da ação, e seu uso é na forma de um pronome

sune,sthken( - suni,sthmi verbo indicativo perfeito ativo 3a pés. Singular (recomende, dê aprovação para, mostre, prove,demonstre junto, tenha o próprio lugar da pessoa.). Este verbo está expressando o resultado perdurador e prolongador da ação verbal, logo tudo o que existiu, o que existe e o que existirá será pela ação permanente do sujeito da frase, (Ele).

v. 18 kai. – conjunção coordenativa (e, também, é, isto é). Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, reforçando assim o sentido do pensamento Paulino.

auvto,j – auvto,j substantivo pronome nominativo masc. 3a pés. Singular (até mesmo, mesmo). Este substantivo nominativo predicional enfatiza que é Ele mesmo o sujeito da frase.

evstin – eivmi, verbo indicativo presente ativo 3a pés. Singular (seja, exista, aconteça, viva). Como este verbo está no modo presente, representa sua declaração simples do fato ou da realidade como acontecendo em tempo atual, constituindo-se em um tempo presente histórico e por isso narra a ação passada de modo vivido, energético, enfático; sendo uma ação ativa, logo o sujeito é realçado por esta voz, o que é uma afirmação sobre o sujeito. Sua tradução é: é, seja.

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h` o` artigo definido nominativo feminino singular (a, isto, isso, ela). Serve para enfatizar ou designar especificamente o objeto.

kefalh. – kefalh, substantivo nominativo feminino singular encabece, domine, cabeça (de grau superior). Este substantivo está ligado diretamente ao sujeito da frase expressando de maneira objetiva a representatividade do sujeito.

tou/ - o` artigo definido genitivo neutro singular (a;isso; ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso) Este define a quem está diretamente ligado na frase, e neste caso é ao substantivo seguinte, assim não deixando dúvidas da sua construção literária, dando ao substantivo um atributo distinto e único, pois denota a origem pela qual vem a ação.

sw,matoj – sw/ma substantivo genitivo neutro singular (corpo, corpo vivo, corpo físico, o corpo (de Cristo) a igreja; podendo denotar que seja, corpo morto, cadáver, a realidade ou substância). Este é um complemento adjetival do substantivo anterior, dando àquele o sentido a que a cabeça está ligada a alguém. Este corpo pertence à cabeça, logo o corpo é vivo e tem as suas reações comandadas por sua cabeça.

th/j – artigo definido genitivo feminino singular (a;isso; ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso). Sua função gramatical é equivalente a um adjetivo atribuitivo, sendo assim, enfático em sua indicação sobre o substantivo seguinte, pois está dando um caráter objetivo e específico do significado real ao corpo.

evkklhsi,aj –\ evkklhsi,a substantivo genitivo feminino singular (igreja, congregação, assembléia), que junta (de religioso, político. ou grupos não oficiais). Este substantivo designa o real significado do corpo; ou seja o corpo da cabeça é a Igreja, logo ela é o corpo do Filho, e ela está inserida no interior do Filho, pois ela procede do interior do Filho.

o[j – o[j adjetivo pronominal relativo nominativo masc. Singular (quem, o qual, isso que, isso). ). Neste caso é usado em concordância com seu antecedente em gênero

e número, seu uso é determinado pela partícula - o[ ; seu uso evidência que esta frase é subordinada à anterior; ficando evidenciado ainda que seu uso é em benefício próprio, porém, atraído ao caso de seu antecedente. Sua tradução é: que é; o qual; isso que.

evstin – eivmi, verbo indicativo presente ativo 3a singular (seja, exista, aconteça, viva, seja localizado dentro). Como este verbo está no modo presente, representa sua declaração simples do fato ou da realidade como acontecendo em tempo atual., constituindo-se em um tempo presente histórico e por isso narra a ação passada de modo vivido, energético, enfático; sendo em ação ativa, logo o sujeito é realçado por esta voz, o que é uma afirmação com certeza sobre o sujeito. Sua tradução é: é, seja.

avrch, - ( avrch, substantivo nominativo feminino singular (primeiro). É a designação do sujeito da oração, e este é o primeiro, ou o começo de uma nova humanidade. Ele é.

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prwto,tokoj – prwto,tokoj adjetivo nominativo masc. Singular (primeiro-nascido, primeiro, o Filho primeiro-nascido (de Cristo)) Este adjetivo está diretamente ligado ao primogênito, logo ele recebe a forma pridicativa, pois ele é o primeiro; o inicio; ou o principio (o alfa)

evk – evk preposição genitivo (com genetivo: de, fora de, longe de, por, por meio de, por razão de, porque, para, em, a, de). Esta preposição designa enfaticamente que o primogênito é o primeiro dos; informando-nos que Ele precede aos outros, pois Ele veio para fora; saiu de uma posição para outra, e Ele é o primeiro deste novo estágio.

tw/n – o` artigo definido genitivo masc. Plural (para que, de forma que, com o resultado que, isso). Este artigo enfatiza novamente a procedência ou de qual é a origem do substantivo anterior, assim ele esta associando ao próximo adjetivo, valorizando a sua qualidade;. Sua tradução é: dos.

nekrw/n – nekro,j adjetivo pronominal genitivo masc. Plural (pessoa morta, inanimada, morta.). Agora este adjetivo completa o sentido da frase; Ele é o primeiro dos mortos, esta designação é definitiva e cabal, apontando diretamente ao objetivo de Paulo em expressar a nova condição dos crentes em Cristo. NEle temos a confirmação do nosso futuro.

i[na – i[na conjunção subordinada ( para que (de propósito), de forma que (de resultado), isso (declaração indireta). Esta nova frase ainda está subordinada a anterior, alargando ainda mais o sentido do pensamento Paulino; nos esclarecendo que da mesma forma de Cristo, nós seremos no futuro.

ge,nhtai - gi,nomai verbo subjuntivo aoristo dativo 3a pés. Singular (se torne, seja. aconteça, aconteça como em ser,nasça ou criatura feita (de coisas), se torne algo (de pessoas)). Este verbo é a expressão futurista dos acontecimentos em Cristo, dentro do pensamento Paulino Cristo ressuscitou, e desta mesma forma é a aspiração de Paulo quanto ao futuro dos cristãos.

evn – evn preposição dativo (em, dentro de, de dentro para fora).expressa o propósito dos acontecimentos futuros; é do propósito de Deus que Ele tenha a primazia diante de todas as coisas.

pa/sin –pa/j adjetivo pronominal demonstrativo neutro plural (sem o artigo, cada, todo; todo tipo de, tudo, cheio, absoluto, maior). Este está enfatizando que a supremacia ou superioridade de Jesus é abrangente; total e engloba tudo. Ele é superior a tudo e a todas as coisas.

auvto.j – auvto,j substantivo pronome nominativo masc. 3a pes. Singular (até mesmo, mesmo). ). Este substantivo nominativo predicional enfatiza que é Ele mesmo o sujeito da frase.

prwteu,wn( prwteu,w verbo particípio presente ativo nominativo masc. Singular (tenha em lugar primeiro, seja acima de tudo outro). Este verbo faz a afirmação de que Ele tem a primazia sobre tudo.

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’’’Vs 19 o[ti o[ti conjunção subordinativa (que geralmente introduzindo a opinião subjetiva do escritor.). Esta conjunção introduz à uma nova oração e esta está subordinada a anterior, por isso a clausula é chamada de espexegética, pois ela está em aposição ao substantivo da cláusula posterior. É uma cláusula introdutória na qual se explicará a finalidade e a relação do versículo anterior com esta nova oração onde no português é uma conjunção causal final, sendo esta nova oração a expressão da finalidade da ação. Paulo usa de um artifício exegético (o[ti) para introduzir a figura de Deus o Pai pois não há nenhuma palavra no grego para " o Pai," neste versículo embora o verbo peça ou qeoj ou o` pathr como é o assunto. Sua tradução é: pois.

evn – evn preposição dativo(em, dentro de, entre, de dentro para fora). Expressa o propósito dos acontecimentos futuros; é do propósito de Deus que Ele tenha a supremacia diante de todas as coisas.

auvtw/| - auvto,j substantivo pronominal dativo masc. 3a pés. Singular ( de si mesmo, até mesmo, todo, precedido pelo artigo o, mesmo, como uma terceira pessoa.) Este substantivo nominativo predicional enfatiza que é Ele mesmo o sujeito da frase.

euvdo,khsen – euvdoke,w verbo indicativo aoristo ativo 3a pés. Singular (seja agradado, leve delícia ou prazer interno, de dentro). A ênfase dada ao verbo serve para observarmos que a ação é realizada por Ele, e o resultado traz satisfação a Deus; e este prazer está em seu interior, parte de seu intimo desejo que o Filho tenha a primazia e a plenitude de tudo.

pa/n – pa/j adjetivo acusativo nominativo singular (todo tipo de, tudo, cheio, absoluto, maior). Neste caso o adjetivo aponta enfaticamente para a totalidade da ação do Pai; não tendo nenhuma restrição em seu desejo em prol do Filho.

to. – o` artigo definido neutro singular (o, isto, que, ele, ela, isto). Este artigo está demonstrando e definindo o sujeito da oração.

plh,rwma – plh,rwma substantivo acusativo neutro singular (abundância, perfeição (freqüentemente do ser Divino ou natureza). A ênfase dada por este substantivo denota a quantidade ou totalidade da ação do Pai em prol do Filho; logo houve abundância; ao Filho fora concedido a plenitude, nada menos do que isto.

katoikh/sai – katoike,w verbo infinitivo aoristo acusativo (intransitivo: viva, resolva; transitivo: habite, viva dentro). Este verbo esta na forma imperativa; logo nEle esta toda a abundância de Deus, o que já ocorreu, porém ainda não de forma completa, ainda se dará a plenitude; mas o ato já aconteceu, mas ainda não está concretizado.

Vs 20 kai. – kai, conjunção coordenativa (e, também, é, isto é). ). Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, reforçando assim o sentido do pensamento Paulino.

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DiV – dia, preposição genitiva (por, por meio de, com,através de). É pela instrumentalidade do sujeito que a ação se dará a origem, e está marcada por esta preposição, não deixando dúvidas subseqüentes desta ação, esta ação parte do intimo dEle para a execução desta ação.

auvtou/ - auvto,j substantivo pronominal genitivo masc. 3a pés. Singular (como uma terceira pessoa a favor de, ele, isto) Este substantivo é usado para reforçar possessão o que evidencia a forma de um pronome. Sua tradução poderia ser: dele, seu.

avpokatalla,xai – avpokatalla,ssw verbo inifinitivo aoristo acusativo (reconcilie). Por causa do prefixo avpo esta ação é de maneira completa, o ato da reconciliação é completa, ocorreu verdadeiramente, contudo não afirma a duração deste ato, o que ainda está para ser completada em sua totalidade.

ta. – o` artigo definido nominativo plural (o, isto, que, ele, ela, isto). Este artigo está demonstrando e definindo o sujeito da oração.

pa,nta – pa/j adjetivo pronominal acusativo nominativo plural (sem o artigo, cada, todo) Este adjetivo está atribuindo uma qualidade ao substantivo, e isto de forma pronominal e definido, ou seja, está afirmando objetivamente que a abrangência desta ação é de totalidade (todo), sendo ainda que isto inclui todas as coisas, assim determinando a extensão desta inclusão.

eivj – eivj preposição acusativo (com, em, para dentro, por, se aproxime, entre, contra, de dentro para fora) Esta preposição indica o movimento da oração, assim sendo, entendemos que é por meio do Filho que tudo acontece, Ele rege, governa e ordena todas as coisas, é por meio dEle e de nenhum outro que tudo acontece; tem uma origem as existências de todas as coisas, sejam criadas, ou de todos os acontecimentos em nossa volta e de tudo o que acontece no universo e na terra; esta é uma afirmação da qual não cabe dúvida nos acontecimentos da história, nada acontece por um destino, ou um acaso, tem uma origem, e esta está nas mãos do Filho de Deus, Jesus Cristo. O ato reconciliador se dá também pela ação do Filho.

auvto,n – auvto,j substantivo pronominal acusativo masc. 3a pés. Singular (ele, isto,) Este substantivo nominativo predicional enfatiza que é Ele mesmo o sujeito da frase.

eivrhnopoih,saj – eivrhnopoie,w verbo particípio aoristo ativo nominativo masc. Singular (faça paz). A ação deste verbo associado ao modo ativo nominativo, nos mostra que é o sujeito da ação por quem se opera a reconciliação; resultando na paz com Deus e para com Deus, beneficiando àqueles que foram reconciliados com Deus com o retorno a amizade com Deus.

dia. – dia, preposição genitivo (por, através de, por meio de). É pela instrumentalidade do sujeito que a ação se dará à origem, e está marcada por esta preposição, não deixando dúvidas subseqüentes desta ação, esta ação parte do intimo dEle para a execução desta ação.

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tou/ - o` artigo definido nominativo singular (a;isso; ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso). Este artigo está demonstrando e definindo o sujeito da oração.

ai[matoj – ai-ma substantivo genitivo neutro singular (sangue, morte, morrer). O meio pelo qual a paz foi obtida foi através do seu sangue; esta é a fonte da paz (o derramamento do sangue do Filho).

tou/ - o` artigo definido nominativo singular (a;isso; ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso) Este artigo está demonstrando e definindo o sujeito da oração.

staurou – stauro,j substantivo genitivo masc. singular (cruz). O fato de a reconciliação ser através do Filho é amplamente reconhecida neste texto, bem como o preço pago para a obtenção desta paz, que foi o sangue dEle derramado em favor dos pecadores, agora foi necessário um sacrifício para que isto acontecesse, uma oferta para Deus; e o local deste sacrifício foi à cruz, onde Ele fora erguido aos olhos de todos, e todas as pessoas do mundo, visível, e invisível, contemplaram o Filho de Deus nas "alturas", a semelhança da serpente que Moisés erguera no deserto, Jesus também o fora; onde todas as pessoas que O contemplar e crer nEle serão por Ele reconciliados com Deus.

auvtou/ - auvto,j substantivo pronominal genitivo masc. 3a pres. Singular (ele, isto). Este substantivo é usado para reforçar possessão o que evidencia a forma de um pronome. Sua tradução poderia ser: dele, seu.

diV dia, preposição genitivo (por, por meio de, com, durante, ao longo de) É pela instrumentalidade do sujeito que a ação se dará a origem, e está marcada por esta preposição, não deixando dúvidas subseqüentes desta ação, esta ação parte do intimo dEle para a execução desta ação.

auvtou – auvto,j substantivo pronominal genitivo masc. 3a pés. Singular (a si mesmo, até mesmo, mesmo) Este substantivo é usado para reforçar possessão o que evidência a forma de um pronome. Sua tradução poderia ser: dele, seu.

ei;te ei;te conjunção coordenada (se, ou) Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, que a anterior, sua melhor tradução é quer seja, dando ênfase à ação realizada pelo Filho.

ta. o` Artigo definido nominativo plural (os, isto, que, eles, elas, isto). Este artigo está demonstrando sobre quem se realizará a ação anterior..

evpi.. evpi, Preposição genitivo (sobre, em, ao longo de) Em uso metafórico assume a noção de domínio, poder; até mesmo sobre a morte. Está acima de outros coisas, não se importando o que seja, mas demonstra o seu poder sobre tudo.

th/j o` artigo definido genitivo fem. Singular (a;isso; ela,. para que, de forma que, o resultado que, isso) Este artigo está demonstrando afirmativamente de onde procede a ação,

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gh/j – gh/ substantivo genitivo feminino singular (a terra, terra, país, região, terra, fundamento, gênero humano). Esta enfatizando a abrangência a que se processou pelo ato de Jesus na cruz e está focalizada na terra física, real e a tudo o nela habita ou lhe pertença.

ei;te – ei;te conjunção coordenativa (seja; ou se..se). Está unindo orações de igual função gramatical, ou seja, esta nova oração tem o mesmo significado que a anterior, que a anterior, sua melhor tradução é quer seja, dando ênfase à ação realizada pelo Filho.

ta. – o` artigo definido nominativo plural (os, isto, que, eles, elas, isto) Este artigo está demonstrando afirmativamente para onde a ação do Filho recai.

Evn – evn preposição dativo (em, dentro de, a, se aproxime, por, antes de, entre, com). A ação parte do interior do Pai; para em Cristo sermos reconciliados;

toi/j – o` artigo definido dativo masc. Plural (a; isso; eles,. para que, de forma que, o resultado que, isso) Este artigo enfatiza novamente a procedência ou de qual é a origem do substantivo anterior, assim ele esta associando ao próximo substantivo o local de sua ação. Sua tradução é: dos.

ouvranoi/j –Å ouvrano,j substantivo dativo masc. Plural (também usou de Deus para evitar menção do nome sagrado) céu. Este é uma designação na qual é usada para demonstrar o local da divindade; ou de tudo o que exista lá; este é também o local da qual recebeu os benefícios da paz que Cristo estabeleceu por meio de seu sangue na cruz.

 

 

2.2 Tradução e Comparações de traduções

LIVRE ALMEIDA REVEISTA E ATUALIZADA

BIBLIA DE JERUSALÉM

BÍBLIA ALMEIDA CONTEMPORANEA

13 Ele (Deus Pai) nos salvou e nos tirou com Seu poder para fora do domínio das trevas e nos transportou com segurança para dentro do Reino do Seu Filho amado.

13 Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor,

13 Ele nos arrancou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu filho amado,

13 Ele é que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor,

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14 por meio dEle obtemos o perdão pelos nossos pecados, nos redimindo para com Deus definitivamente.

14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.

14 no qual temos a redenção – a remissão dos pecados.

14 em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados.

15 Ele é a mesma imagem, a mesma essência, a mesma natureza do Deus invisível. Ele é o primogênito de toda a criação

15 Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;

15 Ele é a Imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criatura,

 

 

15 Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.

 

 

 

 

 

16 porque nEle foram criadas todas as coisas, seja nos céus, sejam na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, soberanias, principados, potestades, autoridades. Tudo veio a ser criado por meio dEle e para Ele

16, pois, nele, foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.

 

 

16 porque nele foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis: Tronos, soberanias, Principados, Autoridades, tudo foi criado por ele e para ele.

16 Pois nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.

 

 

17 Ele existe antes de todas as coisas, ele é o principio (Alfa) e o fim de tudo (Omega). Por meio dEle tudo existe, se mantém,

17 Ele é antes de todas as cousas. NEle, tudo subiste.

 

 

17 Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste.

 

 

17 Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.

 

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se renova. Ele é o sustentador de tudo.

   

18 e Ele é a cabeça da Igreja o seu corpo. Ele é o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, para que em todas as coisas ser o primeiro.

18 Ele é a cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as cousas, ter a primazia,

18 Ele é a Cabeça da Igreja, que é o Seu corpo. Ele é o Princípio dos mortos, tendo em tudo a primazia,

 

 

18 E ele é a cabeça do corpo, a igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência.

 

19 porque foi do agrado do Pai, que nEle residisse toda a plenitude da divindade.

 

 

19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude

 

 

19 aprouve a Deus, pois nele fazer habitar toda a Plenitude

 

 

19 Pois foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse,

 

20 e que havendo feito a paz mediante o derramamento de seu sangue na cruz, por meio dEle reconciliou para si mesmo todas as coisas, seja sobre a terra, seja nos céus.

20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as cousas, quer sobre a terra, quer nos céus

20 reconciliar por ele e para ele todos os seres, os da terra e os dos céus, realizando a paz pelo sangue da sua cruz.

20 e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.

 

Em todas as versões adotadas para esta exegese nota-se que não houve muitas diferenças entre elas, somente no que concerne a algumas palavras e uso de seus sinônimos, mas o sentido original do texto não se perdeu em nada de uma tradução para outra.

Somente a Bíblia de Jerusalém usa o termo "para ele" no verso de número 20, onde concorda com o texto grego adotado pelos eruditos, onde o termo aparece entre colchetes, conforme descrito no ponto anterior, quanto a sua manuscritologia, o que concorda com o verso de número 16 deste capítulo perfazendo uma harmonia da

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idéia de que todas as coisas foram reconciliadas para Jesus e por meio dEle mesmo para Ele mesmo, dando a ênfase em sua divindade, como agente criador do universo e de todas as criaturas seja elas visíveis ou invisíveis.

 

 

2.3 Analise Semântica do vocabulário

 

Pretender-se-á fazer agora uma análise mais detalhada da nossa perícope propriamente dita. A perícope está inserida na epístola de Paulo aos Colossenses, trabalharemos posteriormente seu contexto histórico, buscaremos salientar os três principais aspectos do contexto histórico, de forma que pudéssemos nos servir dele para tentarmos fazer uma apropriada interpretação da mesma.

A análise semântica tem como objetivo entender o significado do texto, qual era a mensagem do autor aos seus destinatários, neste particular Paulo. E a partir daí, levantar possíveis temas que surgirão, a fim de posteriormente fazermos uma reflexão teológica sobre tal mensagem. Procurar-se-á fazê-la de forma sistematizada, isto é, as principais expressões da perícope serão analisadas na própria ordem em que o texto bíblico é apresentado e aceito dentro do Cânon. Serão colocadas as expressões do texto bíblico e em português, conforme a tradução anteriormente exposta e seu correspondente em grego, para que o leitor se familiarize com as palavras e ou expressões a serem estudadas.

 

VERSÍCULO 13

o]j evrru,sato h`ma/j evk th/j evxousi,aj tou/ sko,touj kai. mete,sthsen eivj th.n basilei,an tou/ ui`ou/ th/j avga,phj auvtou/( (Ele nos salvou e nos tirou com Seu poder para fora do domínio das trevas e nos transportou com segurança para dentro do Reino do Seu Filho amado).

Depois de uma introdução emocionante em favor dos colossenses, Paulo passa a exaltar a Deus que nos salvou com Seu poder absoluto do domínio (evxousi,aj) das trevas; domínio simbolizado pelas trevas (sko,touj) poder da opressão; do autoritarismo; da mão-de-ferro; é uma força maligna que rege o sistema governamental existente e a vida das pessoas, que demonstram a falta de amor; do solidarismo; do egoísmo; da injustiça e do pecado que são as marcas deste domínio opressor e caótico.

Quando Deus nos libertou deste domínio, nos transportou com segurança para o Império de Seu Filho amado, a mudança é radical, pois o uso metafórico da figura

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das trevas para luz demonstra que agora este novo reino (basilei,an), existe vida, justiça, liberdade, dignidade, alegria, pois o reino possui as características de seu Rei.

Quando Paulo diz isto, ele está afirmando que as pessoas que foram transportadas para este reino da luz foram libertadas daqueles velhos conceitos errados que eram a lei de suas vidas, mas, agora eles fazem parte de um novo reino, aquilo que os impulsionavam para o pecado e as praticas erradas foram vencidas a partir do momento que foram levadas para a luz; esta conquista já é evidenciada na vida das pessoas devendo ser buscada a cada instante, como demonstração do ato redentor de Cristo nela; estes agora possuem um novo padrão de vida que os impulsionam para o amor, para a vontade de ajudar os outros, respeitar e a buscar viver uma vida justa e piedosa, características estas da luz. O reino da luz possui uma direção, um governo; onde é exercida a verdade e a ordem bem diferente do governo das trevas onde reina o caos e o egoísmo.

Neste versículo Paulo da algumas razões fortes afirmando que a nova vida é adquirida somente em Deus, o fato de viver uma vida reta, integra e justa está em Deus e no reino do Seu Filho amado, e não em uma pratica de ordenanças morais e éticas nascidas no coração humano, pois vivem segundo o padrão maligno. Paulo esta combatendo tais práticas legalistas, que tem por objetivo de elevar o "ser humano" a alcançar algum benefício divino; mas a verdadeira integridade é vivenciada somente por aqueles que foram transportados por Deus para o reino de Seu Filho amado.

"Ele nos tirou do escuro e hor

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rendo domínio de falsas idéias quiméricas, para a terra enso

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larada do pleno conhecimento e expectação realísticas; da co

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nfusa esfera de desejos pervertidos e anseios egoísticos, pa

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ra o alegre domínio de santos anseios e gloriosas renúncias;

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da miserável masmorra de intoleráveis grilhões e gritos pen

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etrantes, para o magnífico palácio de liberdade gloriosa e c

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ânticos alegre".

Com tal definição final percebemos os benefícios daqueles que foram salvos das trevas e levados a viverem uma vida em companhia de Seu Salvador, a fonte de toda a vida.

VERSÍCULO 14

evn w-| e;comen th.n avpolu,trwsin( th.n a;fesin tw/n a`martiw/n (por meio dEle obtemos o perdão pelos nossos pecados, nos redimindo para com Deus definitivamente).

Aqui se percebe o Pai utilizando alguém para satisfazer a Sua justiça; pois há uma inimizade entre Ele e os homens, causada pelo Pecado, por isso Ele redime e perdoa o homem definitivamente de uma vez por todas, o que é claramente

demonstrado pelo termo avpolu,trwsin Sua justiça foi satisfeita de maneira que agora Seu Filho tem autoridade para redimir o homem, uma aplicação da justiça forence; redime o homem do seu pecado "original", restaurando a amizade entre Deus e os seres-humanos. O Filho é a propiciação e a expiação pelo pecado; e nesta oferta a Justiça divina se satisfez plenamente.

A função deste versículo é estabelecer a transição para a grande passagem cristológica que se segue.

Toda a obra da redenção é atribuída a Cristo; é uma libertação conquistada mediante ao pagamento de um preço; a semelhança de um pagamento para

libertação de um escravo (avpolu,trwsin), cujo preço foi o sangue de Cristo derramado como forma deste pagamento.

Paulo tem a intenção de mostrar aos gnósticos que Jesus é humano e nossa redenção é adquirida por Ele e não por meio dos eons intermediários; Jesus não é nenhum eon, mas é humano.

Esta redenção é o livramento da maldição, particularmente da escravidão do pecado e livramento para a verdadeira liberdade.

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Através deste perdão, os redimidos estão capacitados a viverem com Deus e a experimentarem a gloriosa comunhão com Ele.

 

VERSÍCULO 15

o[j evstin eivkw.n tou/ qeou/ tou/ avora,tou( prwto,tokoj pa,shj kti,sewj( (Ele é a mesma imagem, a mesma essência, a mesma natureza do Deus invisível. Ele é o primogênito de toda a criação).

Paulo revela a verdadeira Pessoa de Jesus aos colossenses, e se observa a face histórica de Deus na Pessoa de Jesus, assim a auto revelação de Deus se faz presente em Jesus; não podemos pensar que o termo primogênito esta se referindo a uma pessoa criada, mas Ele é o primeiro na série dos ressuscitados (1.18b); segundo Fabris a tradição judaica observa o papel de precedência em relação aos irmãos e uma dignidade especial em relação ao pai, permite o esclarecimento do sentido da expressão: Cristo não só tem um papel mediador na criação, como a sabedoria, mas enquanto "primogênito" é o "primeiro" a exercer o seu influxo e senhorio sobre ela.

Jesus não é apenas um reflexo do Deus invisível, pois o termo eivkw.n não possibilita esta interpretação, pelo contrário expressa a igualdade em tudo, na semelhança, na essência, nos atributos e na revelação da mesma Pessoa, assim Jesus é a revelação da Pessoa do Deus invisível.

O Filho é Deus revelado, o Filho é o próprio Deus, a manifestação de Deus, como definiu o comentarista Hendriksen. Ao usar este termo, a ênfase é dada para realçar Àquele a que pertence o direito e a dignidade do primogênito em relação a toda criatura, como primogênito Ele é o herdeiro e soberano de tudo.

Para Ralph P. Martin a

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imagem não deve ser entendida como sendo uma magnitude que

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é estranha à realidade e presente somente na consciência. Te

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m sua participação na realidade. É, de fato, a própria reali

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dade. Logo, Cristo como a imagem de Deus significa que Ele n

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ão é uma cópia de Deus, "como Ele"; é a objetivação de Deus

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na vida humana, a "projeção" de Deus na tela da nossa humani

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dade e a encarnação do divino no mundo dos homens. A descriç

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ão é revelatória, mais do que ontológica. Conta-nos o que Cr

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isto faz (para revelar a Deus) ao invés daquilo que Ele é em

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Si mesmo. Portanto, não pode querer dizer que Ele pertence

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à criação de Deus; pelo contrário, fica em contraste com a o

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bra das mão de Deus como sendo o agente através de quem todo

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s os poderes espirituais vieram a existir.

Novamente Paulo revela novas características de Jesus, para pessoas que estão confusas em entender o verdadeiro sentido da encarnação de Deus em Jesus Cristo.

VERSÍCULO 16

o[ti evn auvtw/| evkti,sqh ta. pa,nta evn toi/j ouvranoi/j kai. evpi. th/j gh/j( ta. o`rata. kai. ta. avo,rata( ei;te qro,noi ei;te kurio,thtej ei;te avrcai. ei;te evxousi,ai\ ta. pa,nta diV auvtou/ kai. eivj auvto.n e;ktistai\ (16 porque nEle foram criadas todas as coisas, seja nos céus, sejam na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, soberanias, principados, potestades e autoridades. Tudo veio a ser criado por meio dEle e para Ele).

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Devido ao uso da conjunção Subordinada o[ti entende-se que por meio dEle (o Filho) todas as coisas vieram a existir, sendo que ele é o agente dinâmico na ação criadora, por ser Ele da mesma essência de Deus Pai, vê-se que o Filho é também o criador; logo Paulo enfatiza a deidade de Jesus, mas agora, de uma forma que expresse como Jesus o Criador, a imagem do Deus invisível, e por meio de sua ação, pelo Seu poder todas as coisas passaram a existir, seja nos céus com todas as suas hostes celestiais; sejam na terra com todas as suas criaturas; reinos e povos. Ele tem autoridade sobre todos e todas as coisas (ta panta).

Por meio de Cristo, todos os reino são estabelecidos, pois Ele é o detentor de autoridade para assim estabelecer todo governo; dentro do pensamento gnóstico havia aeons específicos para cada hierarquia; porém Jesus torna obsoleta esta forma de pensamento.

O caráter criador de Cristo é revelado no verso, mas o pensamento de Paulo nos mostra que em Cristo foram criadas todas as coisas, assim toda a criação está realizada dentro da esfera de Cristo, ou seja Jesus é a fonte da criação, o Alfa.

Tudo o que existe é um desdobramento da mente de Deus acerca de como deveriam ser a natureza e das exigências do ser de Cristo.

Cristo é o padrão ou protótipo da criação, tudo foi criado sob a consideração do seu ser; expressando-o de alguma maneira a fim de fomentar a Sua glória a fim de manifestar as excelências de Sua pessoa.

Deus projeta toda a criação a partir de Cristo, pois Ele queria se revelar as suas criaturas, assim Jesus se torna a razão pela qual Deus decidiu criar tudo, pois Ele é a personificação clara de Deus; neste sentido o ser humano fora criado segundo a imagem de Cristo; pois Deus projetou, realizou a criação e se manifestou na Pessoa de Jesus, o que o torna a fonte da criação.

O ato criador de Jesus é total, por meio dEle todo o universo, a criação passou a existir, rebatendo a heresia gnóstica, que dizia que o ato criador estava reservado a certos aeons maus; mas todos os elementos celestiais passaram a existir por intermédio de Jesus, o que mostra a superioridade deste para com aqueles.

Jesus é a fonte criadora, quando Paulo diz isto não está apenas mostrando a instrumentalidade pela qual Deus se utilizou para criar todas as coisas; a ênfase está na afirmação de que Jesus é o próprio Deus criador, a fonte da vida e da criação,muito além do pensamento gnóstico que creditava a um aeon maus a criação de tudo A filosofia dos gnósticos sobre este assunto, diz que o criador é mau e foi criado por um aeon que está remoto (longe) é varrido . O Filho do amor de Deus é o Criador e o Sustentador do universo que ele não é mau.

Jesus é o Alfa, mas também é o Omega; o fim de todas as coisas, pois tudo passou a existir para Ele mesmo; ou seja, todas as coisas retornarão para Ele sendo absorvidas por Ele, os remidos chegarão a participar de sua própria natureza, sem jamais perderem sua individualidade; tudo foi criado a fim de que, eventualmente encontrasse nEle a razão da existência. Ele é aquele que preenche a tudo e a todos..

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Jesus Cristo é a causa material da criação, é a substância na qual tudo tem o seu potencial. Ele é a causa formal, nEle se acha o plano de desenvolvimento e seu potencial. Ele é a causa eficiente, sendo o agente pelo qual a criação passou a ser concretizada. E é a causa final, pois se cumprem todos os desenvolvimentos ou fruição da vida. Ele é o alvo na direção do qual se move a criação.

"Cristo, por conseguinte, é o Alfa, o Um e o Omega da

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vida; o começo, o meio e o fim; Ele é o padrão, a razão, o

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agente, o sustentador e o alvo da vida"

 

VERSÍCULO 17

kai. auvto,j evstin pro. pa,ntwn kai. ta. pa,nta evn auvtw/| sune,sthken. (Ele existe antes de todas as coisas, ele é o principio (Alfa) e o fim de tudo (Omega). Por meio dEle tudo existe, se mantém, se renova. Ele é o sustentador de tudo).

 

A idéia do versículo anterior ainda se faz presente; mas agora o autor aborda outras características do Filho, porém com o mesmo vigor, dinâmica e didática da frase anterior; aqui se vê o caráter eterno do Filho, pelo uso enfático do verbo evstin se percebe a preocupação de Paulo em afirmar de modo enérgico esta declaração. Aqui se concentra um dos mistérios da economia de Deus na ordem das funções; do

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Pai; do Filho e do Espírito Santo; esta afirmação coloca Cristo sendo o agente Criador de tudo, pois por meio dEle que tudo passou a existir e virão a existir; tudo depende dEle para sua preservação; Ele é a fonte da vida e da renovação de tudo; Ele é a fonte inesgotável de toda vida; a vida é a essência do Filho, esta dependência mostra o caráter divino de Jesus. Ele é a vida, nEle está a vida.

Além de ser Jesus o criador de todas as coisas, é por meio dEle que tudo é sustentado, Ele é a fonte de toda ordem, e harmonia de toda natureza, e renovação da vida no universo todo, o mundo e suas leis "naturais" são na verdade ordenados por Jesus; e não tem nada de ser uma lei que surgiu do acaso, do destino ou da necessidade de sobrevivência; mas é o próprio Senhor Jesus que as estabeleceu para que houvesse a ordem e a sobrevivência na terra

Cristo é eterno, assim Ele não tem principio ou fim, mas Ele é o principio e o fim de todas as coisas; Jesus é atemporal, a concepção de que Jesus teve inicio é equivocada, pois Ele é o próprio Deus, o sustentador de tudo o que existe, assim se percebe a ilimitação de Sua Pessoa.

Como disse Champlin, Jesus é antes de t

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udo no tocante a importância, o poder e a autoridade estabel

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ecida na terra.

 

VERSÍCULO 18

kai. auvto,j evstin h` kefalh. tou/ sw,matoj th/j evkklhsi,aj\ o[j evstin avrch,( prwto,tokoj evk tw/n nekrw/n( i[na ge,nhtai evn pa/sin auvto.j prwteu,wn( (Ele é a cabeça da Igreja o seu corpo. Ele é o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, a fim de ser o primeiro em todas as coisas.

Neste simbolismo de ser Cristo a Cabeça do corpo, se percebe a união vital entre Ele e seu corpo, é uma união mística, aqui porém está em foco a autoridade absoluta de Cristo e seu governo ativo sobre a Igreja, Cristo está na qualidade de Senhor.

A Igreja é um organismo vivo, pois está ligada a cabeça que é a fonte da vida, logo Ele a sustém, a mantém em vida, com isto existe a harmonia e o amor entre a cabeça e o corpo, nesta interação se percebe que não existe nada mais além de ser Cristo àquele que mantém o corpo saudável.

A supremacia ou preeminência de Cristo era exatamente a verdade que necessitava receber ênfase, como já foi demonstrado, é por esta razão que este aspecto específico da doutrina é proposta aqui em Colossenses.

Como cabeça, Cristo faz com que sua igreja viva e cresça. Ele se constituiu o seu cabeça orgânico, como tal Ele exerce autoridade sobre a mesma, e de fato, sobre todas as coisas relacionadas aos interesses da Igreja, Ele a governa e a sustenta, suprindo-a de todas suas necessidades espirituais e materiais.

Ora sendo o Filho de Deus o cabeça orgânico é enfatizado a Soberania dEle para a Igreja, então ela não é de modo algum dependente de qualquer criatura, seja anjo ou outra coisa, pois sua suficiência está somente em Cristo, Sua fonte de vida.

"Esta

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declaração é clara implicação contra os falsos mestres. A i

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greja não recebe seu crescimento e liderança de nenhum outro

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senhor. A necessidade única e exclusiva da Igreja é Cristo,

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fonte de sua sobrevivência."

Neste sentido sendo Cristo o cabeça da Igreja, Ele dá direção e unidade para Sua igreja, assim a Igreja de Cristo é a expressão do agir de Deus entre nós; a Igreja tendo sua força vital em Cristo poderá exercer e divulgar ao mundo o amor e a vida com que ela é preenchida por Jesus.

A igreja possui esta capacidade de dar sentido e razão existência humana.

VERSÍCULO 19

o[ti evn auvtw euvdo,khsen /| pa/n to. plh,rwma katoikh/sai (porque foi do agrado do Pai, que nEle residisse toda a plenitude da divindade).

Quando pensamos em plenitude, pensamos em totalidade ou em algo que está transbordante, assim foi do inteiro agrado de Deus que em Jesus habitasse toda a plenitude divina; com isto se observa a Pessoa de Jesus expressando em tudo o que Ele fazia e realizou, tanto na criação, no campo transcendental, como no campo imanente, o Jesus histórico se revela divino em todos os seus conceitos morais e éticos, percebe-se que Sua vida foi à expressão máxima do que é viver sob a orientação e governo divino; foi uma vida santa onde a humildade e o respeito pela vida teve preeminência, nos revelando os padrões de Deus.

Jesus está cheio do poder e do amor de Deus, assim como Deus habita em Sião, Jesus é o espaço físico ideal para a habitação plena da presença de Deus, era necessário que fosse assim para que Ele pagasse o preço de nossos pecados, e poder agradar a Deus satisfazendo a Justiça divina.

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Rebatendo os gnósticos, Paulo mostra que Deus se agradou na Pessoa de Jesus para ser Ele a plenitude da expressão divina, e não em outro, ou nos aeons como eles pensavam. Jesus é a expressão máxima da Pessoa de Deus.

VERSÍCULO 20

kai. diV auvtou/ avpokatalla,xai ta. pa,nta eivj auvto,n( eivrhnopoih,saj dia. tou/ ai[matoj tou/ staurou/ auvtou/( ÎdiV auvtou/Ð ei;te ta. evpi. th/j gh/j ei;te ta. evn toi/j ouvranoi/jÅ (e que havendo feito a paz mediante o derramamento de seu sangue na cruz, por meio dEle reconciliou para si mesmo todas as coisas, seja sobre a terra, seja nos céus).

A obra da reconciliação é a paz entre Deus e os seres humanos, esta obra teve como altar a Cruz; onde Cristo derramou o seu sangue, pagando e cancelando a dívida que estava sobre nós pecadores; mas o verso mostra também que Cristo fez tudo isto para Ele mesmo, ou seja, para que todas as coisas fossem reconciliadas por meio dEle e para Ele, sendo Ele o único digno de receber a honra a glória e o louvor; para ele (diV autou).

O fato de haver uma inimizade entre os homens e Deus está subentendida, porque por meio de Jesus se estabelece a paz entre Deus e os homens; a palavra reconciliação e enfatizada pelo termo avpo que expressa este fato como definitivo, não deixando margem para se pensar em outro ato de Deus em favor da reconciliação dEle para conosco.

Deus opera por meio de Cristo a obra da reconciliação, e foi necessário que a oferta fosse perfeita, sem mácula, sem pecado, a qual deveria agradar a Deus e a Sua justiça, pois a dívida que estava sobre nós precisava ser paga, e somente pelo derramamento do sangue de uma oferta perfeita e pura é que ele seria pago diante de Deus.

A cruz é o local do ofertório, e Jesus é erguido à vista de todos, e cumprindo todas as profecias proferidas pelos profetas a respeito dEle.

A oportunidade da reconciliação com Deus permite ao "homem" experimentar as mais ricas alegrias e satisfação, pois agora limpo pelo sangue de Jesus, o pecado é perdoado, e as pessoas remidas passam a viver um novo estilo de vida, experimentam e passam a conhecer os perfeitos preceitos de Deus o que eleva em muito o nível de vida dos remidos.

Reconciliar é re atar todos os laços de amizade com Deus, é experimentar a presença transcendente e imanente de Deus na Pessoa de Jesus Cristo.

 

III) LEITURA DIACRÔNICA DO TEXTO

3.1 Crítica Literária

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3.1.1 Análise da Composição Literária

 

Muito se tem falado a respeito da carta aos colossenses, principalmente o que concerne ao texto entre os versículos 15 ao 20 do capitulo primeiro; uns preferem atribuir a composição deste hino a Paulo; outros preferem atribuir a um hino pré-existente, sendo adaptado por Paulo, para melhor explicar a Excelência da Pessoa de Cristo aos crentes rebatendo assim a heresia gnóstica prevalecente em Colossos.

Para uma melhor explicação observaremos algumas posições:

A primeira cristandade glorificou a Cristo como o Senhor em hinos (Cl 3:16; Ef 5.19) e cantou salmos cristãos (ICo 14.26). tais hinos são citados integral ou parcialmente nas cartas do Novo Testamento. Nos atos o autor, seguindo o modelo do cântico cristão primitivo, formulou por seu turno hinos, a fim de descrever o louvor dos redimidos pela

swthrí’’’’"i,ªªªªa.

Assim como a confissão, o hino re

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fere-se ao evento de Cristo, mas não fala dele nos moldes cô

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nscios da fórmula da fé, e assim, com formulações detalhadas

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, trata do acontecimento que às vezes também é narrado como

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um desenrolar dramático. Em geral os hinos são subdivididos

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em estrofes mas não no ritmo de uma métrica rigorosa .

No texto analisado se percebe a construção poética do escrito. Pela

presença marcante de duas palavras em grego, j e’’,stiu referenciais das duas estrofes existentes neste hino; ambas as estrofes a oração relativa introduz uma declaração da soberania de Cristo, à

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qual se segue cada vez um o’]]ti justificativo. Acrescentam-se os

vv 17 e 18 com kai. au,to,j, o versículo 20 com kai. di ‘’,au,tu""?|">>..

O hino enaltece a Cristo como o Senhor da criação e da reconciliação. No entanto o autor de Colossenses não adotou o hino em alterações, mas interpretou-o dentro de visão paulina.

No fim da primeira estrofe a expressão cefalh. tou sw,matoj tinha originalmente um sentido cosmológico; swma refere-se ao cosmo que abrange o universo, e cuja cabeça é Cristo.

Com o acréscimo thj evkklhsi,aj confere-se significado eclesiológico à declaração: Cristo é o Senhor sobre o cosmo, mas atualmente exerce seu senhorio universal na igreja. Na forma atual o versículo 20 está sobrecarregado: Ele estabeleceu paz dia. tou/ ai[matoj tou/ staurou/ auvtou. As palavras dia. tou/ ai[matoj tou/ staurou/ auvtou revelam-se como sendo uma inserção, pela qual o autor da carta indica o sentido da teologia paulina sobre a cruz, para a cruz de Cristo como lugar em que foi fundada a reconciliação cósmica .

No trecho seguinte o estilo muda da afirmação (vv 15-20) para o apelo (vv 21-23), a fim de adjudicar à comunidade a palavra da reconciliação.

Além dos citados, os escritos do NT apresentam ainda outros exemplos de hinos cristãos primitivos: Fé 1:3-14; 5:14: IPÊ 2:22-24(25); Hb 5:7-10 e outros mais. Os hinos cristológicos que poderiam ser cantados em diversas ocasiões possuíam como lugar vivencial primeiramente o culto da comunidade, no qual se entoavam hinos a "CHRISTO QUASE DEO" .

 

3.2 Crítica da tradição

3.2.1 Formas

 

Para podermos definir em qual categoria o escrito de Paulo aos Colossenses é enquadrado pela critica literária se faz necessário observamos primeiramente as definições corretas do que seja uma carta e uma epístola.

De um modo geral a epístola é uma carta de qualquer espécie: originalmente apenas uma comunicação escrita entre pessoas

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distantes entre si, quer pessoal e particular, quer oficial. Neste sentido as epístolas fazem parte da herança de todos os povos dotados de literatura, e exemplos já podem ser encontrados nos tempos do Antigo Testamento (2sm 11; 1Rs 5,10,20, e outras).

Para Deissmann, A , a carta serve para, em caso de separação especial, manter contato e troca de pensamentos entre remetente e destinatário. Surge sempre de uma situação determinada e fala para uma realidade específica do destinatário.

A epístola para este mesmo autor é diferente da carta porque ela fornece apenas uma moldura de uma exposição literária; não se dirige a destinatários determinados, mas tem por objetivo aproximar um tratado a um círculo mais amplo de leitores, diferenciado da carta propriamente dita, essa forma artística foi denominada de epístola; sendo que a palavra epístola significa não outra coisa do que carta.

Para Kümmel, os escritos paulinos tomam uma nova fórmula literária mais próximas dos escritos oriental e judaico, do que das fórmulas epistolares helenistas.

Os escritos Paulino assumem certa superioridade sobre as epístolas helenistas, pois são desprovidas de artifícios literários e do caráter popular. Isso foi conseguido mediante transformações livres e intencionais dessas peças literárias, especialmente da fórmula introdutória que, de acordo com a ocasião da carta, varia de fórmula, não só na introdução como na conclusão que é formalmente estruturada, mas também por causa da parênese encontrada em quase todas as cartas e das comunicações relativas às viagens de Paulo e de seis companheiros de jornada.

As epístolas paulinas que chegaram até nós são epístolas do apóstolo em caráter oficial, servem para levar adiante sua atividade missionária à distância. Na pena do Apóstolo, a forma da epístola toma todas as formas estilísticas do discurso missionário oral, falando de maneira geral, desde a pregação da Palavra até a oração de adoração, sermão, parênese, exposição doutrinária, testemunho profético e hino, e, conseqüentemente na Igreja Primitiva torna-se a forma de expressão escrita, tanto da literatura edificante como no pensamento teológico. Ocasionalmente, Paulo faz uso de unidades que tinham sido dele próprio, quer pela tradição cristã primitiva (ICo15:3-5; Rm 1,3,4; Cl 1:15-20), contudo o vocabulário e a origem de tais trechos só podem ser afirmados conjenturalmente.

Uma epístola escrita para uma ocasião toda especial, e que evidentemente deve ser lida por todos os cristãos em determinada circunstância (ITs 5.27), uma epístola dirigida a uma comunidade vizinha (Cl 4.16); ou epístola dirigida a várias comunidades (Gl ,1.2; cf 2Co 1.1), estão todas destinadas a se tornar textos literários com caráter oficial.

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A força motriz para a formação independente da forma epistolar num meio de autocomunicação literária da cristandade foi a real necessidade da missão para a edificação, defesa contra idéias errôneas e manutenção da ordem eclesial.

Reconhecemos que o estilo literário de Colossenses, segundo os apontamentos apresentados se aproximam mais aos de uma epístola.

Pois esta epístola tem na introdução o nome do remetente e do destinatário, bem como a alegria pessoal do apóstolo pelos irmãos de Colossos com ações de graças a Deus pela vida deles; tem ainda uma oração, e ainda na saudação um Hino Cristológico como atitude de louvor a Deus pela vida deles; tendo ainda dados pessoais do apóstolo, quanto às condições a que ele está sujeito por causa de Cristo; seguindo a esta apresentação segue os ensinos doutrinários e teológicos a que Paulo está disposto a defender contra os hereges de Colossos; finalmente segue as saudações pessoais do apóstolo e recomendações de seus auxiliares aos irmãos colossenses, com respeito ao tratamento para com àqueles e com respeito ao destino que estes ensinamentos devam ter: de serem lidos na Igreja de Laodicéia, e vice-versa (Cl 4.16).

 

 

3.3 Crítica da Redação

 

3.3.1 Local da redação

 

Existe uma polêmica com relação ao local da prisão de Paulo, se ele estava na oportunidade da redação desta carta em Éfeso; ou em Cesaréia, ou em Roma, local este mais provável segundo a maioria dos críticos; sendo unânimes em admitir e afirmarem que realmente Paulo estava preso, como também está explícito na própria carta, segundo os versículos três, dez e dezoito do capítulo quatro de Colossenses. Tradicionalmente existem estas três hipóteses a ser consideradas, as quais estaremos a seguir, dando os prós e contra de cada cidade supra citadas.

Em virtude das condições a que Paulo estava não era possível que Paulo estivesse em Cesaréia porque estivera preso nesta localidade quando fora transferido de Jerusalém para lá, em decorrência da perseguição dos judeus contra ele, conforme lemos em Atos capítulo 23: 23; 33; 25: 6; 13.

Segundo Kümmel (1982, p 455), existe uma objeção quanto ser a redação desta carta em Cesaréia, pois segundo ele, esta cidade era muito pequena e dificilmente poderia ter sido escolhida para as atividades missionárias de muitos companheiros

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de Paulo, entre os quais somente alguns fossem judeus cristãos, e assim não justificaria a ida de Epafras até lá, como sendo um itinerário missiológico.

Contra a hipótese de a autoria paulina ser em Cesaréia, argumenta Champlin:

Alguns estudiosos identificam o lugar de encarcerament

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o como Cesaréia (ver Atos 24:24). Porém, contrária a essa po

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sição pode-se frisar que o trecho de Fm 22, indica que Paulo

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planejava visitar Colossos em breve; mas o livro de Atos mo

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stra-nos que quando Paulo estava em Cesaréia, encaminhava-se

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pra Roma ( portanto, para o Ocidente, e não para o Oriente)

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, não havendo nenhuma indicação que naquele tempo, Paulo pud

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esse esperar ser solto em breve....além disso, não é fácil e

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xplicar por que razão Onésimo, o escravo fugido, fora para C

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esaréia. Muito mais provável é que se tivesse refugiado em u

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ma cidade grande ..., a cidade de Roma era refugio dos escra

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vos fugitivos

Os argumentos em favor do local da autoria na cidade de Éfeso são fortes, porém, a maioria dos críticos a rejeita por alguns motivos, como por exemplo: primeiro, não há informações neotestamentária certa sobre isso, exceto talvez, o trecho de I Co 15.52; assim tudo não passa de meras especulações. Segundo, não há quaisquer citações dos primeiros pais da igreja ou da tradição cristã, em apoio a essa teoria. Terceiro, muitos bons eruditos modernos rejeitam esta hipótese, em virtude dos vários ângulos estudos do problema; confirmando assim a autoria em Roma. Quarto motivo é que seria incoerente para Paulo se empreender a uma viagem de mais de 3.200 km, para confirmar novamente as reais condições das igrejas que ele fundara. (Champlinn, p 75).

Os motivos que favorecem a localidade supostamente correta apontam com mais certeza para a cidade de Roma.

Segundo Martin; os fatores qu

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e favorece esta certeza está firmada principalmente no teste

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munho de Eusébio; - a base para a identificação do lugar do

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confinamento de Paulo como sendo em Roma parece ter sido est

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abelecida já no tempo da História Eclesiástica de Eusébio (i

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i.22.1) que Paulo foi trazido para Roma juntamente com Arist

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arco (Cl 4.10, cf confirmação em At 27.2); bem como também,

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a permanência de Paulo em Roma sem um confinamento "sem cons

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trangimento", sendo-lhe permitido receber visitas e até mesm

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o ter um escriba ao seu lado;...os nomes que são mencionados

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no capítulo 4:7-17 de Colossenses, também formam conexões c

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om listas semelhantes em fm 23,24 e trazem o caso de Onéssim

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o à tona;...o aprisionamento em Filipos (at 16.23-40) só dur

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ou apenas uma noite,.....em Cesaréia permaneceu por dois ano

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s (at 23.23-26.32),porém, ali não havia a possibilidade de u

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ma suposta liberdade, em decorrência de seu apelo a Roma, e

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conforme pedido de abrigo registrado em Fm 22 (Martin, 1991,

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34 – 42).

Para Kümmel, sua justificativa para determinar a correta localidade do aprisionamento do apóstolo Paulo cita o ponto de vista de João Crisóstomo, como sendo o argumento mais coerente até os dias de hoje:

A epístola aos Colossenses procede de Roma. A

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prisão em Roma com suas restrições atenuadas (At 28.16-30),

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propiciou ao apóstolo a possibilidade de fazer a sua própri

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a pregação e de manter um intenso intercâmbio com um bom qua

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dro de colaboradores, dotados de eficiência requerida para u

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ma metrópole. Também sua alegria com o triunfo do Evangelho

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no mundo inteiro compreende-se melhor em Roma (Rm 1:6-23).

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Com certeza determinar a verdadeira localidade de Paulo ao redigir a carta aos Colossenses parece uma tarefa ainda a ser cumprida com total exatidão, é de suma importância pois estabelecer o contexto em que Paulo estava inserido e o que realmente estava acontecendo com ele e com a Igreja, é fundamental para entendermos os temas tratados na Sagrada Escritura para nossos dias.

Diante dos argumentos prós e contras, chega-se a conclusão que parece mais provável de que a epístola aos Colossenses foi redigida durante o aprisionamento de Paulo em Roma entre os anos de 61 a 63 A D em virtude dos outros comentaristas situarem as cartas de Efésios; Filemon e Colossenses, no mesmo local, destacando a homogeneidade que há entre estas epístolas, o que ajuda a caracterizar estas epístolas como sendo escritas na mesma localidade das já referidas. Em decorrência dos vários nomes que aparecem no final destes textos bíblicos, e também por causa dos mesmos portadores que o próprio Paulo encarregou de enviar a estas respectivas Igrejas, sendo eles Tíquico e Onésimo, conforme os textos que segue: Ef 6:21,22; Cl 4:7-9, em Filemon 23, 24, sendo o próprio Onésimo o portador da carta.

Como se pode perceber as dificuldades em torno do local preciso da autoria desta epístola é ainda hoje discutida, mas os argumentos em favor da cidade de Roma são ainda o mais aceito, pois as sugestões que favorecem as cidades de Éfeso e Cesaréia não são consistentes, enquanto os argumentos favoráveis a Roma foram satisfatórios aos críticos da atualidade, e por isso concorda-se com eles a favor de Roma.

 

 

3.3.2 Data da redação

 

 

Se por um lado fora difícil determinar com precisão a localidade em que esta carta fora escrito por Paulo; agora o desafio de situar esta carta em sua data correta, torna-se uma tarefa mais desafiadora há necessidade de alguns apontamentos para que não seja cometida nenhuma falha neste ardoroso trabalho de pesquisa quanto à ocasião da escrita da mesma.

Para Champlinn a data mais provável de sua redação está entre os anos de 54 a 62 d.C.; se levarmos em conta que a autoria foi em Roma, isto justificará os elevados termos teológicos concebidos por Paulo, quanto à relevância da Superioridade da Pessoa de Cristo Jesus, relatada nesta epístola.

Para kümmel, a época da redação situar-se-ia ou em 56-58 ou em 58-60.

Para o comentarista William Hendrisksen, esta epístola fora escrita segundo tudo aponta para a data durante o período de 61-63 A D., talvez alguma data neste

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período ou próximo aos meados do mesmo, pelo menos antes da redação de Filipenses

Oscar Cullmann situa a data da redação ao mesmo tempo em que a epístola de Filemon fora escrita, ou seja, no ano 59 A D., Paulo está na prisão (4:3,10,18), em Roma, verossimilmente.

Temos uma excelente contribuição quanto à datação da epístola aos Colossenses no Novo Dicionário da Bíblia, a qual a data no ano de 61 A D, ao que parece é a data mais provável.

 

 

3.3.3 Autenticidade da autoria da carta

 

 

Muito se tem discutido a respeito da autoria desta carta, uns não a reconhecem como composição genuína de Paulo, outros defendem a autoria paulina, assim devemos investigar com quem está a verdade ou supostamente está a verdade, já que aqueles alegam a autoria a uma outra pessoa e não diretamente a Paulo, devido ao uso de muitas preposições e conjunções e alguns substantivos que supostamente Paulo não utilizava habitualmente em outras cartas de sua autoria, por isso é relevante nesta parte do trabalho levantarmos estas questões que são essenciais para o reconhecimento do verdadeiro autor, já que o altíssimo nível teológico que existe nesta carta é algo que nos mostra ser uma pessoa extremamente conhecedora de Cristo e do fundamento cristão.

Segundo Martin, a tradição de que Colossenses é autenticamente paulina está fundamentada na tradição dos Pais Eclesiásticos que assim a aceitavam (Ireneu: Adv . Haer., iii.14.1; Tertuliano: De Praescr.Haer.vii; Clemente de Alexandria: Strom.i.1) e não havia disputa sobre sua autoria durante as décadas anteriores; há ainda a inclusão de Colossenses no Cânon muratoriano, no qual Márcion a inclui em sua lista canônica.

Existem ainda provas internas registradas na própria carta, como é confirmada no começo do capitulo (1.1), bem como também no final da carta (4.18).

Para Robertson esta carta é genuinamente paulina pela determinação e do estilo energético que evidencia a personalidade de Paulo, demonstrada em cartas consideradas genuinamente paulina, como a carta aos Romanos; e aos Corintios e Gálatas que segunda a critica atual não duvidam da autoria paulina.

Para Kümmel as divergências existentes quanto o estilo gramatical pouco tem relevância, já que o uso de partículas não determina a autenticidade da carta, pois para ele o conteúdo teológico é mais importante.

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A ausência de conceitos paulinos familiares nada prova, porque observações análogas poderiam ser feitas a respeito de outras epístolas paulinas. Até mesmo o fato de as palavras adelphoi ou adelphé, que aparecem em todas as outr

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as epístolas de PAULO, se acharem ausentes em Cl dificilmente provaria alguma coisa, já que existem outros longos trechos de texto Paulino onde tal expressão também não aparece.(Rm 1.14 – 6.23; 2Co 1.1-7,16).

O conteúdo cristológico é uma afirmação paulina, como expressada nas epístolas de 1Co 2.8;8.6; 2Co 4.4; Gl 4.3,9; Fl 2.10, como afirma Kümmel; os ensinamentos de

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Colossenses são uma antítese contra os ensinamentos dos falsos mestres, Paulo atribui a Cristo o papel cosmo-abrangente de mediador da criação e de vencedor das forças cósmicas pela sua morte e ressurreição (1.15-17.20a;2.10.15). A cristologia cósmica, que assim fica evidente, possui seus antecedentes como nos textos supra citados.

Ainda participando do pensamento de Kümmel, o fluxo da evolução de idéias e dos pensamentos Paulino, caminham de Colossenses para Efésios e não o contrário, logo essa epístola tem uma linguagem mais trabalhada, com as idéias mais sistematizadas e ordenada, em decorrência da urgência que o problema de Colossos trazia para o cristianismo e aos cristãos de lá, ao compararmos estas duas cartas percebemos a fluência de idéias vindas de Colossenses para Efésios e nunca o contrário.

Para Kümmel a conclusão que se chega é que realmente Colossenses fora escrita por Paulo, sendo ainda usada por Justino (dial. 85. 2; 138.2), como ele atesta em seu livro.

Para Hendriksen, os argumentos lexicográficos contra a autoria paulina são de pouca relevância, pois a argumentação vai de acordo com o assunto a ser tratado; assuntos diferentes requerem palavras diferentes.

Em sua argumentação Hendriksen expõe várias cláusulas as quais se afirmam que Paulo não escreveu esta carta, ele as rebate dizendo que se tomarmos isto como comprovação de autenticidade, teremos que nos ater também aos vários tipos de conjunção e seus tipos (narrativa, descritiva, didática, hortativa ou doxológica) dos quais Paulo os usa com destreza, já que cada um tem seu significado próprio; ou ainda que estes críticos conseguissem provar que todos os autores gregos revela um padrão consistente no uso desta conjunção, não se importando em que sentido ele emprega, então eles teriam mais consistência para suas argumentações anti-paulinas .

Outro comentarista de expressão é Oscar Cullman que atesta esta epístola a Paulo, seus argumentos são importantíssimos já que ele admira o fator teológico que ela nos mostra uma nova característica de Cristo e sua obra cósmica, alargando assim o horizonte do cristão ao universo.

Contra as argumentações dos críticos quanto a autoria paulina Cullmann diz que o gnosticismo já estava presente na cultura grega muito antes do cristianismo, e não somente após o século II como alguns dizem, o gnosticismo não atacou o cristianismo diretamente mas o fez por meio do judaísmo helenizado.

A doutrina da pré-existência de Cristo não é uma idéia particular desta carta, achamo-la expressa na epístola aos Filipenses (2.9-11). À mediação de Cristo na criação do mundo aparece mesmo em I Co 8.6, passagem cuja autenticidade paulina jamais foi contestada.

Cullmann ainda diz que Paulo querendo combater eficazmente os gnósticos, deveria lutar no próprio terreno deles e empregar termos gnósticos para retorna-lo contra eles.

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As idéias de Colossenses são mais primitivas do que as de Efésios, o que nos mostra a evolução do pensamento de Paulo nesta carta, e naquela o surgimento de uma nova concepção teológica, fantástica é podermos deslumbrar o surgimento e o crescimento das idéias deste autor ungido de Deus.

Até que se prove o contrário, é mais certo e honesto admitir-se que esta epístola realmente foi escrita pelo apóstolo Paulo, todas as indicações apontam para esta conclusão, e como os demais críticos, concordar-se-á com esta afirmação em favor da autoria paulina.

 

 

3.3.4 Propósito de Paulo ao escrever a epístola aos Colossenses

 

Após relatório recebido de seu amigo e irmão na fé, Epáfras, Paulo elabora uma resposta convincente para derrubar as argumentações errôneas que surgiram na igreja de Colossos, para Paulo defender as bases do cristianismo era de fundamental importância, pois, não queria ver sua obra destruída, ainda que esta igreja não tenha sido fundada por ele,contudo, foi fundada por um dos seus discípulos, e por isso, ele poderia considera-la como uma das "suas" igrejas.

Champlin diz ainda que Paulo desejava dar instruções positivas quanto às crenças e à ética cristã, não servindo apenas de mera polêmica contra o gnosticismo. Paulo combinou habilmente esses dois propósitos neste escrito.

Para Fabris, Paulo estava muito preocupado e alarmado com o tipo de filosofia que surgira em Colossos, e isto poderia levar os cristãos daquela localidade e de outras a um afastamento da fé em Cristo e a uma corrupção dos ensinamentos que Paulo já difundira pelas igrejas onde passou, pois para os judeus-helenistas, esta nova filosofia significava uma nova corrente religiosa.

Todos os críticos concordam que o propósito da autoria desta carta é combater as heresias existentes no meio da comunidade de Colossos, queriam fundir o Evangelho em uma especulação filosófica (2.8), tingida de gnosticismo, Paulo lhe opõe em sua carta uma doutrina cristológica das mais nítidas: < em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Divindade>, plenitude da qual fala os heréticos, e nele sois plenos (2.4-10). Esta heresia é propagada por judaico-cristãos, e o apóstolo toma cuidado em acentuar a superioridade da circuncisão espiritual sobre a circuncisão carnal do judaísmo (2.11); enfim esses heréticos querem introduzir práticas ascéticas que Paulo recusa, malgrado sua aparência de sabedoria, como contrárias à liberdade cristã (2.16-23), para expor, em seguida, o que deve ser a disciplina da vida cristã (3.1 até 4.6).

Segundo Kümmel os cristãos de Colossos estavam sendo ameaçados pelo perigo dos falsos mestres. Embora estes ainda não houvessem obtido completo sucesso

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(2.48.20), evidentemente já teriam causado forte impressão à comunidade. Por isto, Paulo se mostra agradecido pela condição dos colossenses como cristãos, e alegre por causa da disciplina existente em suas fileiras e da fidelidade que demonstram à fé em Cristo (1.3ss;2.5).

No entanto, Paulo julga necessário o aperfeiçoamento e o fortalecimento da confissão da comunidade cristã (1.9ss;2.6s).

Para Paulo esta doutrina errada somente poderia ser corrigida através da exposição da verdadeira doutrina, ou seja, colocar Cristo como a verdadeira origem e o cabeça do universo, de todas as criaturas, inclusive de todos os seres angélicos, é o portador da reconciliação para eles tanto quanto para a humanidade, sua cruz representa o triunfo sobre as forças espirituais, nele habita toda a plenitude da divindade, o mundo inteiro encontra toda a plenitude divina no seu ser, da redenção, da sabedoria, e do conhecimento.

Paulo enfatiza o papel cósmico de Cristo e o domínio dos poderes espirituais por ele exercido justamente porque os falsos mestres colossenses levantaram dúvidas sobre o fato de haver Cristo subjugado os elementos do mundo, e porque procuraram reivindicar para si próprios tais poderes por meio de recursos cúlticos e ascéticos, e seus esforços neste sentido impressionaram uma parte da comunidade, e até mesmo a Paulo que observou atentamente estes erros e por isso os combateu acirradamente.

Assim Paulo escreve a carta com o objetivo bem claro e definido, rebater os falsos ensinos e levar os cristãos a uma vida coerente com a fé professada, é esta a conclusão que se chega após estes comentários que anteriormente fora exposto.

 

 

3.3.5 Tema central e esboço da carta

 

A epístola de Colossenses é muito rica em seu conteúdo, trazendo novas considerações teológicas o que tem confundido até hoje os críticos literários, verdadeiros especialistas no estudo aprofundado do Novo Testamento e principalmente nas cartas Paulinas, por isso é relevante nesta parte do trabalho observamos com cuidado a temática desta epístola tão importante para nossa pesquisa.

Para Hendriksen o tema central desta epístola é: Cristo, o Preeminente, o Único e Todo-Suficiente Salvador.

Na introdução da Bíblia na linguagem de hoje, o tema desta epístola está centrado na nova vida que os seguidores de Cristo tem por estarem unidos com ele e como essa vida se manifesta especialmente no amor de uns para com os outros (3.12-14).

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A preeminência do Filho é a figura mais exaltada neste texto; e Paulo utiliza-se de um hino e o transforma em uma formula maravilhosa da teologia; o testemunho da igreja primitiva na exaltação de Cristo dá-nos a dimensão exata da abrangência cosmológica da Pessoa de Jesus.

O comentarista William Hendriksen faz um comparativo entre Jesus na criação e Jesus na redenção.

JESUS NA CRIAÇÃO (VV 15-17) JESUS NA REDENÇÃO (VV 18-20)

15. Que é a imagem do Deus invisível . O primogênito (protótipo) de toda a criação

18. E Ele é a cabeça do corpo, a Igreja; Que é o princípio, o primeiro dos mortos; que em todas as coisas Ele possa ter a preeminência,

16. Pois, por meio dEle, foram criadas todas as coisas. Nos céus e na terra. As visíveis e as invisíveis. Sejam tronos ou domínios ou principados ou autoridades. Todas as coisas foram criadas por meio dEle e com vistas a Ele.

19. Pois, por meio dEle, Ele (Deus) se agradou em fazer nEle (=Cristo) habitar toda a plenitude,

17. E Ele é antes de tudo, e todas as coisas se apóiam nEle.

E através dEle reconciliar todas as coisas a si, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dEle, sejam as coisas da terra, ou as coisas nos céus,

 

As mesmas expressões

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se acham não apenas em ambas as colunas, mas aparecem na mes

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ma seqüência. Existe um paralelismo definido de idéias e for

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mas. A glória de Cristo é balanceada por sua majestade na re

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denção.

Este comparativo nos ajuda na compreensão do pensamento Paulino em rebater a heresia de Colossos; pois esta exaltação de Cristo, o coloca em uma posição incomparável, bem diferente do pensamento gnóstico da época.

Jesus além de ser o criador é o sustentador da vida em tudo; por isso o caráter cosmológico dado por Paulo neste texto, nos ensina que Jesus é Deus.

 

 

3.4 Destinatários

 

3.4.1 A CIDADE DE COLOSSOS

 

Ninguém sabe quando Colossos foi fundada. Tudo o que sabemos é que era uma próspera comunidade já nos dias de Xerxes, rei da Pérsia (485-465 a.C.)

Xenofone, um vivo jovem ateniense, ganhou para si fama duradoura nas seguintes áreas: a) como líder da retirada dos "10.000", provando sua admirável habilidade militar rapidamente adquirida, e b) como um mestre da narrativa no seu Anabasis, fornecendo à posteridade um brilhante relato da marcha.

Pouco tempo após o início desta expedição, quando marchava para o sudoeste, vindo de Sardis, o exército alcançou Colossos, permanecendo ali sete dias. É neste contexto que Xenofone define a Colossos do ano 401 a C, como uma cidade habitada, próspera e grandiosa. E Colossos era realmente grandiosa, não apenas por seu relativo tamanho e população, mas também em importância estratégica, por estar ela situada na via que ligava a Ásia do leste ao oeste, sendo ainda a chave para a entrada no Vale do Licos e ao mesmo tempo a estrada na direção leste voltada para Apamea e os portões da Cilícia. Contudo ao passar do tempo ela foi perdendo sua importância em virtude de outras cidades que prosperavam ao seu redor como Laodicéia, Hierápolis e Éfeso.

O vale do Lico era atormentado por muitos terremotos. A Ásia Menor inclui um cinturão de atividade vulcânica. Ora, os terremotos e vulcões significam desastre, mas em contrapartida, também significam terreno fértil em virtude do enriquecimento mineral que o solo recebe por causa das erupções vulcânicas, assim sendo havia boa pastagem para os rebanhos de carneiro, conseqüentemente grandes ganhos

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com a lã, com as fábricas de tingimento das fibras dos carneiros e carne destes rebanhos em toda esta região.

Colossos fica no vale do rio Lico, um afluente do Meandro, na parte sulina da antiga Frígia que se localiza no oeste da Turquia moderna. A leste está à cidade de Éfeso, cerca de 200 km; com a Antioquia da Síria e, mais ao norte, cruzava a estrada que levava ao Eufrates. Por ali passaram os exército de Xerxes e de Ciro.

A vida econômica de Colossos caracterizava-se pela manipulação da lã, famosa e renomada devido ao seu tingimento. A riqueza dos cidadãos e a economia estavam em declínio na época romana, talvez pela concorrência das duas cidades que faziam limites com ela; a cidade de Hierápolis, famosa por suas águas termais, e de Laodicéia, distante cerca de 15 km e que se tornou o centro administrativo da região.

Nos anos 60/61 d.C, um terremoto destruiu parcialmente as cidades de Colossos e de Laodicéia, sendo que a primeira nunca mais recuperou o seu status, a quem acredite que Colossos também tenha sido total ou parcialmente reconstruída; o que parece bem provável por causa das provas encontradas em inscrições encontradas em suas ruínas atualmente(Tácito, ann XIV,27; Orósio e Vesco); segundo Flávio Josefo havia frígios e gregos sendo esta a população de Colossos após o terremoto que assolou a região do Vale do Lico; mas a situação foi-se agravando em virtude do crescimento de suas cidades vizinhas que prosperavam cada vez mais..

O cenário religioso na Frígia é até que se sabe, região rica e com vários elementos característicos de outras religiões e seitas que estavam presentes. Florescia ali o culto a Cibele, a grande deusa-mãe da Ásia, para os dados que demonstram a Frigia como sendo o centro do culto.

Este culto era originalment

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e um rito da natureza vinculado com costumes da fertilidade,

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e levava a alegria e êxtase excessivo. Com o nome de Hera-A

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targatis, ela recebia sacrifícios oferecidos com "alegria ba

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rulhenta e extática", conforme a descrição feita por Luciano

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do festival em Herápolis. Porém, práticas ascéticas também

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faziam parte desta religião, e sugere-se que a alusão de Pau

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lo ao "rigor ascético"(2.23) e à circuncisão (2.11), talvez

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seja uma referência aos ritos de iniciação e às práticas da

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mutilação, familiares neste culto..

Ainda havia outras seitas religiosas, tais como a adoração a deusa Ísis, que era associada também a Mãe Divina primordial da Ásia Menor; e o santuário do oráculo de Apolo em Claros, onde contém o verbo: "mistério", que é a mesma que Paulo utiliza em sua carta para os colossenses (Cl 2.18).

Segundo Martin, a possível influência do judaísmo sincretista na Ásia Menor é vista no culto a Men Asceno que era, de acordo com Estrabo, o deus principal de Antioquia da Pisídia. O culto era imensamente popular durante o Império, e oferecia um culto de cura com um forte elemento de religião pessoal entusiasta. O deus era conhecido como Apolo, Dionísio e Asclépio; mas uma inscrição fragmentária começa com o nome "Ouio" que pode ser entendido como sendo uma versão de Javé. O monoteísmo era uma doutrina importante nesta religião, pois uma certa inscrição declara que: "um só Deus nas alturas, o grande Men celestial, grande poder do Deus imortal". O culto deste "Deus altíssimo era relacionado, no culto a Ísis, com o controle dos "elementos do mundo (água, terra, fogo e ar), o que já era uma concepção de origem iraniana (persas) denotando que a influência persa remontavam em muitos anos a concepção grega filosófica da origem do universo e da vida.

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Assim sendo até mesmo o judaísmo que estava presente na região do Vale do Lico era vítima do sincretismo decorrentes da fusão de culturas helenistas, na qual o rigor ascético da religião frígia foi somado aos elementos religiosos persas e a características de um ensinamento sapiencial tirado dos cultos de mistérios.

Segundo o comentarista Ralph P. Martin, este fundo histórico tem sua aplicação à ascensão do ensino que veio a assaltar a igreja em Colossos. conforme observa Paulo em sua carta à eles; segundo a natureza do ensino que era passado às pessoas da igreja, pois continha parcialmente elementos judaicos e parcialmente idéias que pertenciam ao mundo da filosofia religiosa e do misticismo helenista.

Colossos era um centro cultural onde este sincretismo facilmente poderia ser esperado; não é de se estranhar, portanto, que foi a congregação dos colossenses uma cidade parcialmente judaica-oriental e parcialmente grega-frígia que veio a ser alvo de um ataque em nome de uma "religião fantasiosa" e sincretista.

Assim, sendo esta cidade e suas práticas místicas que levaram a Epáfras, fundador da igreja em Colossos a buscar ajuda de seu mestre e conselheiro Paulo, para combater a heresia de Colossos, a bem da verdade, Epáfras estava temporariamente aprisionado com Paulo como nos mostra o capitulo 4 verso 7-9 da carta de Colossenses, onde Paulo recomenda aos irmãos Tíquico e Onésimo para levar a carta aos irmãos de Colossos; logo se percebe algum tipo de impedimento para que Epáfras não pudesse retornar para sua cidade. O comentarista Hendriksen aponta para o aprisionamento de Epáfras juntamente com Paulo em Roma, como diz o texto bíblico da carta a Filemon verso 23.

 

 

3.4.2 A heresia de Colossos

O gnosticismo, movimento teológico [intelectualista], é fundado sobre a gnosis ou conhecimento, (em grego: gnosis). Originalmente foi uma simples tendência de espírito que colocava em primeiro plano da fé cristã, especulações metafísicas. Depois o gnosticismo se fixa em sistemas gnósticos nos quais se introduziram elementos estranhos à teologia cristã. Mas parece hoje, que seja necessário fazer remontar a origem do gnositicismo para além do cristianismo. Para as comunidades cristãs primitivas o âmago do problema se apresentou na pretensão do gnosticismo de ultrapassar a fé singela da comunidade aspirando conhecimento (gnosis) espiritual mais perfeito.

Para se declarar que o único motivo era os gnósticos é um tanto precipitado, pois o ensino estava inserido a ensinos que judeus-helenistas semeava na igreja de Colossos, assim há outros tipos de problemas que Paulo combaterá em sua epístola, assim é necessário se observar os pensamentos de Paulo por toda a epístola, já que ele não sistematizou ponto por ponto sua argumentação com exatidão tudo quanto estava envolvido, ainda que se possa notar três fatores:.

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3.4.2.1 Era dado um importante lugar aos poderes do mundo espiritual, em detrimento da posição que devia ser ocupada por Cristo. Em 2.18 o apóstolo fala sobre o culto dos anjos, havendo outras referências sobre a relação entre a criação espiritual e Cristo (1.16,20; 2.15) que parecem ter significação similar.

3.4.2.2 Era dada grande importância às observâncias externas, tais como festas e jejuns, luas novas e sábados (2.16ss), e, provavelmente, também à circuncisão (2.11).Essas coisas eram exibidas orgulhosamente como o verdadeiro caminho da autodisciplina e da sujeição da carne (2.20ss).

3.4.2.3 Os mestres falsos se jactavam de possuir filosofia

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superior. Isso fica claro em 2.4,8,18; e também podemos supor que ao usar freqüentemente os vocábulos conhecimento (gnosis e epignõsis), sabedoria (Sophia), entendimento (synesis), e mistério (mysterion), Paulo estava contrabalançando tal ponto de vista.

Para Martin a heresia combatida por Paulo não é o gnosticiscmo plenamente desenvolvido dos sistemas do século II, mas sim, um sincretismo protognóstico que muito provavelmente, surgiu na era apostólica, e para o qual há paralelos no judaísmo heterodoxo na diáspora frígia, onde era valorizada a ação dos eons (espíritos intermediários entre Deus e os homens) os quais exerciam uma influência direta sobre o "destino" dos seres humanos, como também a influência sobre o mundo criado e tendo poderes sobre este "universo".

O teor doutras partes polêmicas da epístola indica a crença de Paulo na vitória de Cristo sobre os agentes demoníacos (2.15), e na liberdade do cristão diante deles (2.20).

"O argumento princip

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al a favor de um gnosticismo incipiente ou de um protognosti

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cismo existente em colossos e refutado nesta Epístola, é ach

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ado não somente na polêmica contra um culto a anjos como tam

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bém na atitude de Paulo a um sistema dualista. Este pensamen

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to nos leva ao âmago da cosmo-visão gnóstica. Havia uma prát

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ica de culto aos anjos (2.18) e Paulo faz um esforço especia

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l para acentuar o ensino sobre a reconciliação cósmica, não

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havendo parte alguma do universo que deixa de ser afetada (1

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.15-20) nem poder hostil que deixa de ser subjugado (2.15).

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os super-seres angelicais são reduzidos à incapacidade e são

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levados em triunfo por Cristo".

Segundo S. Lyonnet (em Saint Paul et lê Gnosticisme. L’épitre aux Colosssiens, em The Origins of Gnosticism, Leiden, 1967, pgs 538-51), insiste que é uma tensão moral, e não em abismo ontológico, que coloca Cristo em oposição aos seus rivais. Os espíritos maus não são mencionados como tais mas sua existência é subentendida. O que pode ser o caso é que foi Paulo quem colocou estes poderes angelicais em contraste com Cristo e lhes deu o caráter de rivais dEle, porque Ele não pode tolerar qualquer dualismo duradouro entre o bem e o mal.

Depois, estes poderes foram investidos de um caráter demoníaco por Paulo, visto não poder ele contemplar qualquer rivalidade a Cristo que não advenha de uma fonte antagonista. O dualismo, no entanto, adotava uma forma prática em Colossos. Esta seria a explicação do código ético rigoroso, que praticava uma observância escrupulosa do cerimonial (2.16) bem como um repúdio negativo aos hábitos naturais (2.21-23). Provavelmente, o que subjazia as duas formas do culto era um desejo pela purificação, um regime de abstinência e de obediência que tornaria o devoto digno de uma visão tipo (2.18) e o progresso de sua alma para a região etérea num êxtase.

Evidências em prol deste conjunto de ritos de purificação estão generalizadas em todas as religiões de mistério helenistas; e Diógenes Laércio (viii.33) claramente descreve a crença pitagoreana de que a alma deve ser purificada. "A purificação é mediante a ablução, o batismo e a lustração (lavagem purificadora), e manter-se limpo...de toda a poluição, e abster-se da carne...e outras abstinências preceituadas

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por aqueles que realizam ritos místicos nos templos.". esta é uma declaração notável, e contém muito dos termos-chaves no capítulo de Paulo (2.11,12,16,21-23).

Pode-se concluir dizendo que Paulo enfrentava tendências e ensinos em Colossos que faziam algum tipo de oposição. Deus foi distanciado e ficou sendo remoto; o mundo foi desprezado e o corpo humano submetido ao desdém e seus apetites físicos eram freados de modo desnatural. É possíveis que alguns mestres tivessem argumentado, com base na premissa de um dualismo entre Deus e a matéria, que o ascetismo deveria ser substituído pelo seu inverso.

A tendência passaria, então, a correr para o libertinismo, se a matéria não tinha relacionamento algum com Deus, logo, o homem poderia satisfazer os desejos do seu corpo sem restrição nem consciência.

 

IV) LEITURA HERMENÊUTICA DO TEXTO

 

 

4.1 Síntese de compreensão

 

Nesta perícope se percebe o entusiasmo e a firmeza de Paulo ao descrever sobre o seu Salvador, percebe-se a visão cosmológica que ele atribui a Cristo, e a profundidade da ação realizada por meio de Jesus na cruz, Jesus é o ápice da revelação divina, o clímax de todo o plano de Deus para com o mundo, obra de Suas mãos.

A pessoa de Jesus Cristo é igualada em todos os sentidos a Pessoa do Deus Pai; sendo que este não se importou em manifestar em Cristo toda a Sua glória; a pessoa de Cristo além de ser o redentor do homem e de todo o cosmos; recebe também o reconhecimento de Sua total divindade; com todos os seus atributos; Jesus, nas palavras de Karl Barth, é Deus. Jesus é tão humano que somente Deus poderia viver como Ele viveu, mas sendo tão humano assim somente poderia ser Deus vivendo entre nós (Boff, 1997), ou seja os atos de Jesus em prol dos pecadores foram atos que revelaram a totalidade do significado do que é ser "humano"; e assim pelos seus gestos de amor a nós percebemos a grandiosidade de quem é Jesus Cristo.

Toda a formulação deste hino está centralizada na Pessoa e na Obra de Jesus Cristo, o meio pelo qual Deus Pai se fez revelado a nós seres carnais e limitados, com o propósito de redimir o mundo caído e destruído, Jesus reconciliou através de Sua morte na cruz todas as coisas para Ele mesmo, reforçando ainda mais a centralidade em Cristo e para Cristo.

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A abrangência e singularidade de Jesus Cristo é revelada por Aquele que um dia chamou o apóstolo Paulo em meio a um clarão de luz no caminho de Damasco, e disse: por que me persegues?

Para Paulo o ponto de partida para uma vida justa, piedosa e reta deve ser a vida obtida por Cristo na cruz, a aceitação desta verdade implica em um novo estágio para a pessoa que passa pela experiência da conversão a Cristo, e a partir da reconciliação com Deus a pessoa passa a ter capacidade para aprender e viver um novo estilo de vida, um novo conceito de vida neste mundo corrompido e injusto.

 

 

4.2 Leitura teológica

 

Dentro do texto analisado se percebe a ação criadora centralizada na figura do Filho de Deus, que é a própria imagem do Deus invisível, assim como João apresenta

Jesus como sendo o logos por meio do qual todas as coisas passaram a existir; Paulo reforça este pensamento dizendo que é por meio de Jesus que tudo passou a existir, mas agora Paulo adianta-se ao pensamento joanino dizendo que todo o cosmo é sustentado e mantido em vida pela ação de Jesus e que esta criação ainda será transformada, como cenário do palco da vida com Deus deslumbraremos os novos céus e a nova terra, restaurada à perfeição de Deus, tudo terá a marca da perfeição; o Deus conosco, o Emanuel, Deus em todos e todos em Deus (I Co 15:28). Este novo mundo será a habitação de Deus e dos seus filhos para a eternidade.

Jesus é o primeiro de um novo mundo, um mundo onde reina a luz de Deus, um reino de amor, de justiça, esta é a máxima do ato criador de Deus em Cristo Jesus, o cosmos, as criaturas e a natureza sendo por Ele restaurados a comunhão com Deus. Pois toda a criação geme aguardando o dia em que acontecerá a reconciliação total com Deus.(Rm 8.22,23)

 

4.3 Atualização do texto

 

A palavra "singularidade",aplicada a Cristo, significa sua imparidade: Ele é absolutamente incomparável. Fico admirado com a seguinte referência feita por Charles Misner: Albert Einstein achou que a existência do Universo é uma questão religiosa; sendo judeu, era natural que ele pensasse assim. Mas, não se interessava por freqüentar uma igreja. A razão de Einstein não ter tempo para visitar uma igreja é que, para ele, os pastores blasfemavam, ou seja, quando falavam sobre Deus não tinham suficiente respeito pelo Criador do Universo. E nós? Será que temos

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suficiente admiração e reconhecimento à SINGULARIDADE DE JESUS? Lembremo-nos daquele escritor de Londres, que tem um alto preço na cabeça, porque, no seu livro Versos Satânicos, segundo a acusação, não reconheceu a importância de Maomé. Por isso, deve ser morto. Imagine quanto de nós seríamos mortos, se fôssemos acusados de não reconhecer a singularidade de Jesus!

Meu plano é o de buscar oito relações de Jesus que mostram sua incomparabilidade com Buda, Confúcio, Sócrates, Moisés ou com qualquer outro. Ele é singular na história da humanidade. Escolhi a idéia de relacionamento por causa de Missões - que tem a tarefa de relacionar Deus com a humanidade. Em uma demonstração clara do ato de amor de Deus para com a humanidade decaída da graça; seu ato de amor em Jesus Cristo resultou a reconciliação de Deus com tudo aquilo que Ele criou; a oportunidade única de experimentar o que Adão perdeu em tempos de outrora.

 

4.3.1 EM RELAÇÃO A DEUS – PAI

a) Cristo é o resplendor da glória divina e a expressão exata do seu Ser. Jesus é um com Deus, como também é Deus - tudo isto confunde mentes finitas como as nossas. Ele compartilha a glória divina e sempre a compartilhou; é amado do Pai e ama o Pai. Este relacionamento entre Cristo e o Pai é um tipo particularmente revelador. Ele é Deus unigênito, o que estava no peito do Pai, com um relacionamento muito próximo (Jo 1,18). É Ele que faz exegese ou exposição de Deus. Disse Jesus a Filipe: "Se quiser saber como é Deus, olhe para mim. Quanto tempo tem estado com vocês e vocês não me viram ainda?" (Jo 14,9s). Em outros termos: não o viram na realidade, como expressão exata do ser de Deus. Naturalmente, há aspectos em que a encarnação limita esta expressão, mas, quanto à sua personalidade, Jesus é a expressão exata de Deus.

Pedro afirma: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mc 16,17). Quanta tinta vem sendo despejada no papel para descrever o que significa o termo "Filho de Deus". Obviamente gerado, mas sem o papel de relação conjugal. Portanto, Ele é singular na sua filiação em comparação conosco. Qualquer teologia que identifica a filiação de Jesus e a nossa simplesmente não entende a Palavra de Deus.

b) Em relação ao Pai, Jesus aprendeu a obedecer ao Pai: Pelas coisas que Ele sofreu, aprendeu a obediência. (Hb 5,8). Nós somos obedientes apenas quando queremos. Jesus não tinha sido testado em relação ao Pai e nunca pediu algo que o Pai não queria fazer. Parece que no jardim do Getsêmani é que Ele aprendeu algo sobre obediência. Ele é coerente com o Pai. Fomos retirados do império das trevas e colocados no Reino do seu Filho Amado (Cl 1,13). Este mesmo Reino é o Reino de Deus em muitos textos. No fim, depois de colocar todos os inimigos debaixo dos seus pés, Cristo entregará o Reino de volta ao Pai, para que Deus seja tudo em todos (1Co 15,24).

c) Em relação ao Pai, Jesus é o caminho, o apresentador, de maneira que ninguém pode chegar ao Pai sem ser por Ele. Isso tem uma profunda implicação para Missões. Há pessoas que dizem que crêem em Deus (veja o caso dos

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muçulmanos), mas o deus do islamismo não tem filho nem espírito, como tem o nosso Deus. Em outras palavras: por negarem a Trindade não crêem no mesmo Deus em que nós cremos. Só se pode chegar a Deus pelo Filho.

 

4.3.2 EM RELAÇÃO AO UNIVERSO

a) A Bíblia ensina que Jesus é o desenhador e o agente da Criação. O Pai, em termos humanos, disse ao Filho: "Faça um Universo para mim." E o Filho respondeu: "Eu faço." A Bíblia diz que todas as coisas foram feitas por Ele, visíveis e invisíveis; nada que se fez chegou a existir sem Ele (Jo 1,3; Cl 1,16). Então, tudo o que existe, as maravilhas que os homens ainda estão descobrindo, tudo tem o toque de Jesus Cristo.

Tanto o Antigo como o Novo Testamento apre

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sentam o nosso Deus como tão sublime e singular que não exis

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te a possibilidade da salvação além das fronteiras da fé por

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Ele estabelecido. Portanto, levemos o conhecimento do nosso

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Deus e do Senhor Jesus Cristo até os confins da Terra.

b) É Jesus que mantém o Universo. Se Ele quisesse, o Universo voltaria para o nada. Seria muito interessante ver o Universo todo como uma bola sólida, composta de prótons, elétrons e neutrons em perfeito equilíbrio antes do "Big Bang"- se os

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cientistas estão certos. Mesmo assim, foi Cristo que fez essa "bola"! Cremos que todas as existências e inteligências sem carne foram criadas por Ele (Cl 1,16). Isso tem uma implicação importante para quem trabalha entre povos dominados por poderes satânicos.

4.3.3 EM RELAÇÃO AO MUNDO

a) Jesus é o abençoador do mundo. Em ti serão benditas todas as famílias do mundo (Gn 12,3). Isso inclui todas as raças. Ele é o presente de Natal que Deus deu ao mundo (Jo 3,16); é o Cordeiro sacrifical que tira o pecado do mundo. É fascinante ler em Apocalipse a descrição, segundo a qual, algumas décadas depois de Cristo morrer na cruz, Ele ainda estava ferido ao pé do trono (Ap 5,6). Essa cena mostra, conforme foi revelado ao apóstolo João, o relacionamento entre o Rei e o Cordeiro sacrificial. O mundo necessita do sacrifício de Cristo para alcançar a reconciliação com Deus.

b) Ele é o Mediador entre Deus e os homens; é singular como o Salvador do mundo (Jo 4,42). Salvador significa "libertador", "curador". A palavra salvar significa curar. Estando este mundo fatalmente doente, Missões é a tarefa de levar o remédio chamado Jesus. Como o Médico dos médicos, Ele se oferece para curar este mundo doente.

c) Ele é a Luz do mundo, isto é, onde se comunica Jesus as coisas são iluminadas. Ele muda o cenário do mundo, como o Sol, ao despontar, irradia a luz em toda parte (Jo 8,12) . Ele não só revela o que está errado como também dá vida. Como a luz é essencial à vida, Jesus é necessário ao mundo.

d) Ele é o servo do mundo. O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate do mundo. (Mc 10,45). Isaías (cap. 42 - 53) descreve o Senhor como o servo sofredor, que carrega os pecados de seus companheiros. Israel é descrito, no texto de Isaías, como se estivesse identificado com o Servo. Ele resgata Israel com a sua morte e ressurreição.

e) Ele reverte o papel do primeiro Adão, recriando a raça (Cl 1:16) Isto Adão não podia fazer, mesmo se arrependendo em cinzas, durante os novecentos e trinta anos que viveu. Cristo é declarado o último Adão porque, por meio dele, existe uma nova criação (1Co 15,45; 2Co 5,17).

4.3.4 EM RELAÇÃO À CARNE

a) Jesus se encarnou de forma singular - A palavra carne, no Antigo Testamento, "bassar", significa essa massa de humanidade com todas as suas características e fraquezas. Note a importância da encarnação: todas as predições do Antigo Testamento, relacionadas com a vinda de Cristo, se referem a sua carne. Não temos, creio eu, nenhum texto que claramente distinga Jesus como apenas espírito. Por exemplo, em Isaías, Ele é descrito como Deus forte encarnado.

Um menino nos foi dado, uma criança nasceu (Is 9,6). Esta é uma referência ao nascimento de Cristo na carne. João revela que os demônios têm horror de admitir a encarnação de Jesus. Devemos testar os espíritos, isto é, investigar se eles

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admitem que Jesus veio em carne. Assim, podemos saber se eles são emissários satânicos ou não. A encarnação de Jesus é uma doutrina bíblica fundamental. Os gnósticos, como os dos primeiros séculos, e outros grupos que negam a encarnação, na realidade estão aliando-se com o próprio demônio. Paulo afirmou que Jesus nasceu de uma mulher, debaixo da Lei (Gl 4,4) e que Ele é o fim da Lei (Rm 10,4). Ele cumpriu a lei em nosso lugar; lutou contra satanás em nosso lugar e venceu; Ele nasceu da virgem para, em nosso lugar, cumprir a Lei e, assim, ser nosso representante diante de Deus. Jesus refuta as acusações satânicas contra os que não guardam a Lei e que devem, por isso, ser levados para o lado dele. O corpo de Cristo, formado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, foi dado por Deus para que o Filho fizesse a vontade do Pai.

Um corpo me preparou para fazer a tua vontade (Hb 10,5ss). Essa é a verdade que Hebreus enfatiza e que Paulo concorda, dizendo que foi a obediência de Cristo que nos salvou. Jesus não apenas se encarnou, mas foi na carne que Ele obedeceu. Deus condenou o pecado na carne de Cristo (Rm 8,3), repassando a santidade e a vida eterna.para todo aquele que é por Ele regenerado, pois Ele levou sobre si o pecado em Sua carne, para a efetivação da salvação (Rm 5,15-19) e se tornando o novo Adão, mas diferente do primeiro Adão que repassou o pecado para nossa carne humana.

a) Jesus é o Filho do homem - O profeta Daniel, em uma visão, viu alguém celestial como se fosse um filho do homem. Essa visão é Jesus, que desce do Céu e se identifica com seu povo. A base da relação que existe entre o Filho do homem e os filhos humanos fornece o fundamento para toda a raça nova de Cristo (Cl 1.20). Filho do homem foi o termo favorito de Jesus, quando Ele descreveu a si mesmo. Ele usava este termo corporativo que comunica um indivíduo em solidariedade com muitos. Pela sua morte e ressurreição, traz vida para todos nós, através da encarnação.

O mundo necessita do sacrifício de Cristo para alcançar a reconciliação com Deus

Ressurreição - Sem corpo de carne, Jesus não poderia ressuscitar. Se Ele não houvesse ressuscitado, declara Paulo, não haveria esperança de ressurreição para ninguém (1Co 15, 16ss): fatalmente, daqui a um milhão de anos, ainda estaríamos naquele cemitério onde seremos sepultados. Mas, por causa da encarnação e ressurreição de Cristo, podemos esperar rever todos os nossos irmãos.

 

4.3.5 EM RELAÇÃO À IGREJA

 

a) Jesus é o arquiteto da Igreja - "Eu edificarei a minha Igreja", foi uma palavra que Ele deu após a revelação que o Pai fez a Pedro. "A minha Igreja", diz respeito à casa, à residência de Deus, o qual habitará na casa levantada por Cristo (Ef 2,22).

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b) Jesus é Cristo-Rei - Jesus, quando foi exaltado e entronizado ao lado do Pai, foi intitulado Cristo e Senhor-ungido, Rei (At 2,36). Para sua Igreja, Cristo é Rei, aquele que tem autoridade suprema sobre seus súditos. Paulo diz que o mundo tem muitos senhores e muitos deuses, mas, para nós, seus servos, só existe um Deus e um Senhor (grego: Kýrios), Jesus Cristo (1Co 8,6), em relação à sua Igreja. Então, vemos que o senhorio de Cristo se relaciona com a nossa obediência; especialmente reforça a sua ordem para irmos e fazermos discípulos de todas as nações.

c) Cristo é cabeça da Igreja - Ser a cabeça, além de ser líder, significa idealizar e planejar o que vai acontecer. Então, quando queremos traçar algum projeto, se Cristo não for à cabeça, o projeto falhará totalmente. Esta doutrina de Cristo como cabeça tem destaque na carta aos Colossenses; mas, se voltarmos para Coríntios ou para os Efésios encontraremos uma ênfase pertinente ao Corpo de Cristo e não apenas à Cabeça. A cabeça está cheia de nervos, mas o corpo também o está. Ele é o líder, mas também é a pessoa que atua em nós através dos nervos, pois o corpo está ligado a Cristo mediante este contato vital. A figura de cabeça e corpo ilustra o essencial relacionamento entre Cristo e a sua Igreja.

Estar em Cristo significa reproduzir a sua personalidade na Terra. Sua humanidade, seu amor ao Pai e aos pecadores, sua compaixão, tudo deve manifestar este intercâmbio entre nós e Ele.

Paulo escreve para os Coríntios: "Vós sois corpo de Cristo". E aos Colossenses e aos Efésios afirma que a Igreja toda do mundo inteiro é corpo de Cristo também. Então não importa onde você vive nem onde eu vivo, se fazemos parte do seu Corpo. Somos membros do corpo universal e membros da igreja local (1Co 12s.21-27). Nesta mesma referência, as expressões estar em Cristo e Cristo em vós mostram uma reciprocidade, em relação a Ele, que é a esperança da glória (Cl 1, 27). Mais de cem textos, nas Epístolas repetem a expressão "em Cristo" ou "nele". Em João 15, Jesus usou a figura da videira e dos ramos. Os ramos estão na videira porque há uma ligação entre eles. Estar em Cristo significa, então, reproduzir a sua personalidade na Terra. Sua humanidade, seu amor ao Pai e aos pecadores, sua compaixão, tudo deve manifestar este intercâmbio entre nós e Ele.

d) A Igreja é a herança de Cristo - Ele receberá a Igreja por herança. Todas as igrejas do mundo, habitadas pelo Espírito Santo, estarão incluídas (Ef 1,11). Isto quer dizer que Ele vai herdar, casar com a noiva, a Igreja. A segunda vinda de Cristo será o dia das Bodas do Cordeiro. A respeito do relacionamento entre Cristo e a Igreja, Efésios mostra que Ele morreu para salvá-la e apresentá-la a si mesmo, santa, gloriosa, sem qualquer falha, sem rugas ou mácula (Ef 5,25ss). Isso é um desafio imensurável, porque pela glorificação dos crentes, Deus purificará sua Igreja para que ela possa casar com o santo marido. Que milagre tremendo é este, nossa vida particular e a vida da Igreja de Cristo, sendo recebidas em santidade por Deus, mediante o lavar regenerador do sangue de Jesus Cristo.

e) Cristo é o Sumo Sacerdote - O livro de Hebreus enfatiza o que significa este ofício e nos incentiva a nos aproximarmos dele, pois Ele entende as nossas fraquezas, é compreensivo e compassivo (Hb 4,14; 5,10).

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4.3.6 EM RELAÇÃO AO EVANGELHO

a) Cristo é o cerne do Evangelho - Não pregamos a nós mesmos, mas pregamos o Cristo e a nós mesmos como seus servos (2Co 4,5). Se tirarmos Cristo do Evangelho, não haverá mais nada das boas novas. Ele está envolvido em cada faceta das suas mensagens. Quem invocar o nome do Senhor pode ser salvo (At 4,12), mas quem não o conhece não pode clamar por Ele.

Quem invocar com fé o nome do Senhor será salvo (Rm 10,13). O primeiro credo da Igreja afirma isto: "Jesus é o Senhor". Mais uma palavra relacionada com o Evangelho: Ora, a vida eterna é esta: que te conheçam como um só Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, aquele que enviaste (Jo 17,3). Conhecer o Cristo e o Pai nos assegura a vida eterna, o justo viverá pela fé (Gl 3.11), a fé é dom de Deus (cf Ef 2.8), portanto a fé salvifíca somente é concedida àqueles que foram escolhidos pelo Espírito Santo.

 

4.3.7 EM RELAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo e Cristo estão interligados de tal forma que quem separar um do outro comete um erro teológico fatal.

a) Jesus Cristo é o batizador singular no Espírito - Falar do batismo no Espírito (1Co 12,13) e não lembrar quem batiza seria tropeçar gravemente. Esta verdade encontra-se enraizada nos evangelhos e em Atos dos Apóstolos.

Deus amou o mundo a ponto de enviar Seu Filho como o único sacrifício pelos pecados desse mundo. Basta crer no Filho para receber a bênção da vida eterna e basta não crer para continuar na condenação. Vale a pena reparar na causa da condenação daqueles que não receberam o Filho. Não é que são condenados, apesar de não terem a culpa por não ouvirem o evangelho, pois a luz veio ao mundo, iluminando a "todo homem" (Jo 1,9). Pelo contrário, os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más". São condenados não porque a luz não chegou até eles, senão porque fugiram da luz, para evitar que sua maldade ficasse exposta.

Entendemos claramente que a expiação de Cristo é limitada, pois Cristo veio e morreu por causa dos eleitos de Deus para a salvação deles, mas esta declaração nos mostra claramente a reação do homem pecador com relação a Deus, portanto a ação do Espírito Santo é fundamental na conversão do pecador, sendo Ele que aplica à consciência do pecado, do juízo e da justiça divina (cf Jo 16.8). Sem a Pessoa de Cristo autorizando a ação do Espírito Santo, nada se pode fazer em prol da salvação do ser humano.

b) Ele é a pessoa que roga ao Pai que envie seu outro paracletos. João apresenta Jesus Cristo como nosso paracletos, nosso advogado, companheiro espiritual o tempo todo. Então Jesus vai chegar ao lado do Pai e pedir-Lhe que mande outro

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paracletos (Jo 14,16). A mulher de Samaria começou a pensar: "O que este rabino está me falando?" Jesus disse: "Se você conhecesse o dom de Deus e quem é que fala consigo, você pediria e receberia água viva em forma de uma fonte a jorrar." É claro que Jesus estava falando do Espírito Santo: Se alguém tem sede, venha até mim e beba porque, como dizem as Escrituras, do seu interior fluirão rios de água viva. (Jo 7, 37ss). Então venha e beba de Cristo. Quem, não chegando a Cristo, tentar beber do Espírito Santo pode descobrir que se envolveu com espíritos demoníacos. Quem batiza no Espírito Santo é Cristo. Ele glorifica o Senhor Jesus; portanto, o que o Espírito produz na vida do cristão é a personalidade de Cristo. Ele não é apenas o Espírito do Pai, mas também o Espírito de Cristo. E, notadamente, é o espírito que é portador da personalidade. Se for separado o meu espírito do meu corpo, este fica inerte, mas a personalidade se mantém intacta. Quando eu chegar na presença de Deus, após a morte, serei eu mesmo.

c) A Palavra de Deus nos manda orar sempre no Espírito, o que exige também orar no nome de Cristo (Ef 6,18). Ele garante que, se pedirmos algo em seu nome, o Pai é glorificado na resposta que este nome abona. Isso é como pedir dinheiro do banco pelo nome de quem endossa um cheque: a autorização essencial se garante pela assinatura.

 

4.3.8 EM RELAÇÃO AO FUTURO

a) Jesus é o Senhor da História. Ele quebra os selos do Apocalipse e os selos representam o que vai acontecer. O primeiro selo do cavalo branco que sai para vencer e para segurar o que vence representa Jesus Cristo. O simbolismo aponta a futura história da evangelização e de Missões em toda a Bíblia, até o fim da História, Jesus prometeu a seus discípulos que os acompanharia até o fim (Mt 28,20).

Ora, a vida eterna é esta: que te conheçam como um só Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, aquele que enviaste (Jo 17,3). Conhecer o Cristo e o Pai nos assegura a vida eterna

b) Ele será o salvador de Israel, quando este tiver os ramos reintegrados (Rm 11,24). Deus promete apartar os pecados de Jacó. Isto só pode acontecer quando Israel reconhecer o Messias que é o nosso Senhor Jesus.

c) Jesus Cristo é à base de nossa esperança. Aguardamos a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e salvador Jesus Cristo (Tt 2,14).

d) Jesus Cristo acompanha "o termômetro" da ira de Deus, que está subindo cada dia (Rm 2,5). Quando esse termômetro chegar à marca predeterminada por Deus, explodirá a ira do Cordeiro (Ap 6). Em relação ao futuro, Jesus julgará o mundo.

e) Ele, justo juiz, julgará as nações com cetro de ferro (Sl 2,9), bem distinto de um cetro de pau ou de borracha. Não haverá mais possibilidade de arrependimento. Todos nós compareceremos, individualmente, diante do tribunal de Cristo para recebermos o bem e o mal que tivermos feito, durante a vida em nosso corpo: prestaremos contas dos nossos talentos ganhos e das nossas falhas, para serem

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julgados no tribunal de Cristo (2Co 5,10; Rm 14,10). Dele receberemos elogios ou nós nos afastaremos dele envergonhados (lJo 2,28). É verdade que os eleitos não se dará a morte eterna, porque obtiveram a vida eterna pela graça de Deus, pela obra sacrificial de Jesus na cruz, portanto somos salvos pela graça de Deus, e não pelas obras de nossas vidas (cf Ef 2.10)

 

4.3.8.1 Quem batiza no Espírito Santo é Cristo

A conclusão é o reconhecimento à supremacia e à singularidade de Cristo. Ambas têm a mesma significação. Se Cristo é supremo, nossa vida e nossa igreja precisam se encaixar nessa suprema autoridade. Onde quer que procuremos, no Novo Testamento, notamos a incontestável sublimidade de Jesus Cristo. Sua singularidade se encontra do início ao fim. Como o Alfa e o Ômega (a primeira e a última letras do alfabeto grego), tudo se relaciona com Ele. Como Tomé, prostremo-nos e adoremo-Lo.

 

4.3.8.2 Quem é Jesus Cristo para a América Latina

 

Para nosso contexto latino americano se faz urgente o testemunho de um Cristo verdadeiro, um Cristo que restaura as vidas humanas, que restaura as pessoas em toda sua totalidade, fazendo das pessoas novas criaturas, não apenas na teoria, mas na prática, pessoas mais solidárias, mas cônscias de suas responsabilidades em um contexto tão conturbado, corrompido e caótico que presenciamos atualmente, principalmente nos países latinos americanos.

A corrupção política e econômica parece-nos um fenômeno mundial, mas se faz mais grave nos países latinos americanos, por isso a recuperação de uma ética e uma moral capaz de abarcar a todos só se faz por meio do Filho de Deus, para isso, é urgente a evangelização, o anuncio das boas novas; pois somente Cristo nos corações dos seres humanos pode realizar a verdadeira justiça nos relacionamentos humanos.

A igreja (corpo), as pessoas, é a portadora desta mensagem salvadora; por isso a clareza sobre o Senhor Jesus é fundamental, não como temos visto entre as muitas igrejas no Brasil, e na América Latina, um Cristo descarnado dos problemas humanos, um Cristo mágico, um Cristo dono das instituições financeiras, pronto a abrir as "janelas dos céus" e enriquecer o seu "povo"; ou um Cristo que leva as pessoas a experimentarem longos períodos de êxtases os quais não se produzem nada; alem de um forte doping aos viciados de drogas.

A busca de uma sociedade perfeita é utópica enquanto não dermos os primeiros passos em prol desta sociedade; os cristãos estão parados, vivendo suas vidas dissolutas e negligentes para as bênçãos maravilhosas que obtivemos por meio de Jesus na Cruz; o ato da reconciliação com Deus já se deu para àqueles que foram

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agraciados com o perdão divino, já receberam uma nova identidade, um novo caráter, ainda que estejam a progredir gradativamente na vida do cristão, mas estes foram arrancados dos conceitos corrompidos do mundo, este sistema opressivo e egoísta, para o Reino do Amor do Filho de Deus, somos novas criaturas como disse Paulo; precisamos lutar em prol da justiça e da verdade repreendendo de forma profética os erros deste sistema corrompido das trevas, pois para isto que o Senhor nos chama; para fazermos as Suas obras que estão preparadas antes da fundação do mundo para que as praticássemos (Ef 2.10).

Sempre lembrando que aqueles que querem viver uma vida piedosa no Senhor serão perseguidos, torturados, trucidados pelo deus deste século e por seus agentes opressores e todo aquele que defende este sistema são contra o sistema justo de Deus.

Mas temos a certeza que Ele guarda nosso tesouro que está nos céus, juntamente com Ele; somos luz neste mundo em trevas, assim como Jesus viveu livre, sem se contaminar com as coisas do mundo, por meio da obediência a Deus, assim hoje podemos viver a semelhança de Cristo, se formos fiéis a Ele e a Sua Palavra; PAI NÃO PEÇO QUE OS TIRES DO MUNDO, MAS OS LIVRES DO MAL. (cf Jo 17.15)

Mais que oportuno, a América Latina e o mundo, precisam ouvir a mensagem do amor de Deus para com o mundo por meio de Jesus Cristo, o Deus encarnado.

A contribuição de Paulo aos colossenses é fantástica, pois por meio do hino cristológico, ele conseguiu rebater todas os enganos heréticos que perturbavam aquela igreja, a forma com que ele coloca Cristo como o criador; como o redentor nos mostra a excelência de Sua Pessoa e de Sua singularidade no mundo.

A obra realizada por Cristo não só trouxe a paz entre Deus e os seres humanos (salvos em Cristo), mas também restaurou a dignidade humana, àqueles que foram reconciliados têm a grata oportunidade de provar em suas vidas a felicidade de serem novas criaturas, reconciliados com Deus, reconciliados consigo mesmo, reconciliado com o próximo e reconciliado com a natureza, obra das mãos de Deus; temos a singular oportunidade de vivermos a semelhança de Adão no paraíso, ainda que este mundo hoje seja corrompido, lembramos que Jesus viveu aqui sem pecar, andando em obediência a Deus, o cristão tem o Espírito Santo dentro dele, o que nos faz lembrar que este Espírito não é de covardia, mas de coragem suficiente para destruir todas as obras malignas, e manifestar as obras do Criador nele.

Por isso é urgente levarmos a mensagem da vida plena em Jesus Cristo para os perdidos.

 

 

CONCLUSÃO

 

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Através deste trabalho exegético percebemos que a preocupação do apóstolo era rebater os falsos ensinos que perturbavam os cristãos de Colossos, assim, todas as palavras utilizadas tinham como certo destruir a heresia praticada naquela Igreja.

O hino analisado teve como objetivo central, recuperar a imagem de Jesus Cristo que estava inferiorizado pelo ensino herético de prestar culto e adoração a seres angelicais, e pela prática ascética de ritos e rituais capazes de levar as pessoas à salvação, descaracterizando totalmente o sacrifício vicário de Jesus Cristo.

Por isso este tema é ainda tão atual. Em tempos que existem milhares de Igrejas praticando toda sorte de ensino, ora corretos ora heréticos. É urgente atentar para os ensinos bíblicos e rejeitar toda heresia moderna, ainda que pareça piedosa e bíblica.

 

 

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PASTORAL DA RECONCILIAÇÃO

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A ação da Igreja enquanto agente de restauração da Sociedade,

tendo como paradigma central a Obra de Cristo.

 

 

 

Monografia apresentada à Faculdade Teológ

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ica Sul Americana, em cumprimento das exigências p

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ara a conclusão do curso de Bacharel em Teologia.

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Esta reflexão teológica está de acordo

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com as exigências constantes do Manual Presbiteri

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ano, da Igreja Presbiteriana do Brasil para aprova

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ção de candidato à Licenciatura e Ordenação ao Sag

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rado Ministério, conforme Seção 4a

, artigos 119; 1

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20

a e b.

 

 

Nesta reflexão teológica, será discutido o capítulo VIII da Confissão de Fé de Westminster, referente ao CRISTO MEDIADOR, Seção I.

 

 

Aprouve a Deus, em seu eterno

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propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu

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unigênito filho, para ser o Mediador entre Deus e

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o homem; o Profeta, o Sacerdote, o Rei, o Cabeça

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e Salvador de sua Igreja; o herdeiro de todas as c

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oisas; o Juiz do mundo; a quem, desde toda a etern

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idade, deu um povo para ser sua progênie e para se

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r por ele, no tempo, redimido, chamado, justificad

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o, santificado e glorificado.

 

JUSTIFICATIVA

 

Vivemos em um mundo caótico, onde as pessoas só querem buscar os seus próprios interesses, a qualquer custo e a qualquer preço, e, para isso vivem em constantes conflitos, étnicos, religiosos, ideológicos, éticos, morais, sociológicos, entre sexos, políticos, e assim por diante. Percebe-se o quanto o ser humano é limitado e extremamente inclinado a guerras, conflitos e discussões, dos quais surgem grandes guerras e rachas em várias camadas da sociedade até mesmo dentro das Igrejas.

Percebemos a dificuldade que é, para o ser humano conviver em harmonia com seus semelhantes e, principalmente, com seu Criador. Isso nos impulsiona a olharmos para o texto bíblico e constatarmos que o fio condutor que perpassa todo o relato bíblico que trata das relações entre Deus e o ser humano é o fato de Deus sempre proporcionar à sua criatura condições para que esta possa ter uma comunhão saudável com Ele. Quando olhamos em seu conjunto, os relatos da

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Criação e da Revelação percebemos que todas as coisas foram reconciliadas com seu Criador. Pois falar de reconciliação é falarmos sobre a nova criação de Deus.

Vendo tal abrangência do propósito divino, percebo a relevância deste tema, ainda que pouco realçada e discutida pelos grandes teólogos e até mesmo por Paulo. Para mim é de fundamental importância para meu ministério missiológico, já que levar a mensagem do amor de Deus em Cristo Jesus, o Redentor como único meio de reconciliação com Deus é a mensagem pura do Evangelho, já que há, hoje, a descaracterização da Pessoa de Jesus como único caminho que leva as pessoas a Deus, por isso notamos a perda da relevância do que realmente significa: JESUS CRISTO, O REDENTOR, até mesmo em nossas Igrejas.

Nota preliminar

Definição de Reconciliação

A reconciliação significa a restauração de um bom relacionamento entre inimigos. A fim de conseguir este bom relacionamento na confrontação entre Deus e o homem, é necessário que os fatores que produzem a inimizade sejam removidos. Mediante a propiciação de uma oferta capaz de aplacar a ira de Deus por causa da ofensa cometida contra Ele, o propósito desta oferta é alterar a atitude de Deus,substituindo a ira pela boa vontade e favor para com os ofensores. A expiação é a ação que se dirige para aquilo que provocou o rompimento no relacionamento com Deus.

Para Colin Brown, "com o pecado

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desencadeou-se uma seqüência de eventos que somente pode ser

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rompida mediante algum rito compensatório ou ato de reparaç

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ão pela transgressão, levando a anulação do ato ofensivo".

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Segundo Colin Brown, a reconciliação envolve três áreas distintas no estudo da salvação: a reconciliação obtida através de uma expiação, ou retirada, da ofensa causadora da discórdia - e isto se faz através do sacrifício de um animal como oferta substitutiva do infrator- tem o sentido de uma mudança (katallasso) de vida, e finalmente, tem o significado de restauração (apokatastasis) parcial ou universal, no sentido escatológico.

No Novo Testamento, ocorre no sentido ativo de reconciliar (katallasso), ou passivo "ser reconciliado". No sentido de relacionamento com Deus, somente é utilizado por Paulo em Rm 5.10; 2 Co 5.18-20, Cl 1.20, 22; em Ef 2.16 ocorre ()

este termo com o prefixo apo denota que esta ação é definitiva e certa.

O sujeito da reconciliação é Deus (2 Co 5.18,

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19), esta é a novidade teológica em comparação com o pensame

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nto religioso não-cristão, que conhece a divindade somente c

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omo o objeto da obra reconciliadora do homem, evidenciando a

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ssim a mensagem vétero-testamentária de Deus como aquele que

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é misericordioso e gracioso, que revela o amor inabalável e

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a fidelidade como pertencentes à essência do Seu ser (cf ex

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34.6,7; Sl 103.8) que promete o perdão e a restauração da a

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liança como Sua obra soberana (Is 43.25; 54.7ss; Jr 31.31ss)

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Deus reconciliou-se com o homem antes que este o considerasse seu amigo (cf Rm 5.10), logo o homem era inimigo de Deus antes de acontecer à reconciliação. Parecida com uma ação fortiori a ressurreição de Cristo é a garantia da salvação.

Colin Brown, citando C. K. Barret ressalta que a reconciliação está relacionada com a justificação e leva, portanto, diretamente à referencia à justiça de Deus, principalmente no texto paulino de II Co 5.19 e (cf Rm 4.3-8). A justificação é levada a efeito, quando Deus não leva em conta a iniqüidade do homem, mas, sim, considera-o justo, mediante a fé (cf Rm 4.3 com Gn 15.6). Outrossim, é verdadeiro quando se diz que Jesus tomou sobre si os nossos pecados, a fim de que "nele fôssemos feitos justiça de Deus (2 Co 5.21)", isto porque o crente realmente se reveste da justiça dEle. Dessa forma, agora as transgressões já não contam contra os homens (cf Ex 29.10), o caminho está aberto para a reconciliação, pois Cristo é a propiciação, aquele que, por meio de Sua obediência a Lei de Deus agradou ao Deus-Pai, mediante Sua morte vicária na cruz. Este foi o preço e a oferta para a salvação dos eleitos de Deus, para a salvação. A morte de Jesus Cristo na cruz foi à porta aberta para a reconciliação de Deus para com o homem. Esta é a oferta da graça.

A reconciliação entre duas partes é necessária, quando ocorreu algo que causou o rompimento e fez com que uma ou ambas as partes se tornassem hostis uma à outra. Para que haja a reconciliação, é fundamental remover os fatores que produzem a inimizade no conflito. Para Bruce Milne, a reconciliação é o cancelamento da inimizade que havia entre duas pessoas, que por um motivo ou outro entraram em conflito."".

A idéia que houve anteriormente uma comunhão é clara e por isso há um empenho para se restaurar tal comunhão, relacionamento este que foi interrompido devido ao erro de uma das partes em cumprimento de suas obrigações, ofendendo a outra parte.

No caso do relacionamento de Deus com o homem e do homem com seu próximo e com todas as áreas que estejam dentro dos seus relacionamentos, o que aconteceu para que padecêssemos em meio a tantas lutas e desrespeito?

Para se entender a reconciliação, são necessários alguns apontamentos sobre o pecado original de nossos primeiros pais, pois a questão da origem do mal na história da humanidade é questionada desde os mais remotos tempos da filosofia que procura entender a origem do mal no mundo, sem contudo obter sucesso, uma vez que temos na Bíblia, a Palavra de Deus, a explicação desta origem.

 

 

 

 

 

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I) DA CRIAÇÃO ATÉ O DESCENDENTE, UMA HISTÓRIA DE AMOR E RECONCILIAÇÃO (FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA)

 

1.1 O MAL

 

A existência do mal e da moral é um dos problemas mais profundos e difíceis que têm ocupado o pensamento humano. É um problema que tem dado que fazer aos corações humanos em todos os tempos. É um problema que tem sido levantado pelas Escrituras e que deveria advertir-nos contra o perigo de alimentarmos conceitos superficiais e levianos concernentes ao caráter e propósitos divinos. "O problema de se reconciliar a bondade infinita e a justiça, no criador desse mundo, é difícil". ( James Orr, citado por Júlio A. Ferreira, 1980 p 137).

O mal natural e o mal moral existem no universo como um fato, e existiriam ainda que o Cristianismo jamais fosse mencionado. O cristianismo apenas intensifica o problema devido a luz que ele lança sobre o caráter de Deus, e a concepção mais elevada que tem do homem, mas não cria o problema, antes professa ajudar-nos a resolvê-lo.

O pecado está aí; aí também está o sentimento de responsabilidade e de culpa; e nem o coração, nem a razão da humanidade permitirão que os tratemos como se não existissem. Nem tampouco o negar a existência de Deus, sana a dificuldade. Enigmático como é o problema do mal, tanto mais enigmático, ainda, seria se fôssemos impelidos a crer que, atrás de tudo, não existe nenhuma retidão e amor infinitos que nos garantissem a esperança de que, em última instância, haja uma solução para o problema. Passaremos a considerar a origem do mal e suas relações com o ser humano hoje.

 

 

1.2 O PROPÓSITO DE DEUS NA CRIAÇÃO

 

A narrativa bíblica de Gênesis nos capítulos um a três nos dá conta de que Deus é o Criador de todas as coisas. Aí se percebe que tudo que Ele fez é bom e perfeito (cf Gn 1:1; 12; 18; 21; 25; 31). De acordo com a questão 15 do Catecismo Maior, "a obra da criação é aquela pela qual, no princípio e pela palavra do seu poder Deus fez[...]. E tudo muito bom".

Deus mesmo proclamou todas as obras de suas mãos, quando completadas, como sendo tudo muito bom (Gn 1:31), com o propósito de que Ele manifestasse a sua própria glória. Nossa confissão expressa claramente que "o fim principal de Deus, em seu eterno propósito, e em sua execução temporal na criação providencia, é a

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manifestação de Sua própria glória". Portanto, o propósito era manifestar Sua glória às suas criaturas, a fim de receber delas a honra e a glória devida a Si e seu propósito era levar suas criaturas a participarem de sua glória e conhecerem o seu amor por elas.

Nas palavras de Karl Barth, a criação não é produzida

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e não subsiste por sua própria conta. A criação é a institui

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ção, desejada e posta livremente por Deus, de uma realidade

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diferente dele mesmo. Mas Deus quer a criatura e a fez, não

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por capricho, nem por necessidade, mas porque a tem amado de

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sde a eternidade e intenta mostrar seu amor nela e longe de

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limitar sua glória pela existência desse ser diferente dele

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Ele mesmo quer revelar sua glória e ligando-se ao ser criado

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[...] amor quer fazer algo de seu objeto, quer agir em seu

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favor. Deus ama a sua criatura...

Sendo Deus amor, e sendo seu propósito fazer manifestar às suas criaturas este amor, nada mais justo ser o nosso maior propósito na vida glorificá-lo e gozá-Lo plena e eternamente (cf Sl 73.24 – 26; Jô 17.22-24). Este é o objetivo eterno de Deus mostrar o seu amor as suas criaturas, - este é o tema que queremos perseguir neste trabalho -, pois Deus sabia que o homem iria pecar, mas deu-lhe a oportunidade de obedecer-lhe e serví-Lo, sendo imposta ao homem apenas uma condição: Obedeça-Me e viverás. Conforme a Confissão de fé de Westminster capítulo VII seção II,

" o primeiro pa

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cto feito com o homem foi um pacto de obras (Gl 3.12), no qu

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al a vida foi prometida a Adão e, nele, à sua posteridade (R

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m 10.5; 5.12-20), sob a condição de perfeita e pessoal obedi

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ência (Gn 2.17; Gl 3.10).".

Deus em Seu eterno amor e justiça propôs ao homem a felicidade eternamente, desde que não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal (cf Gn 2.17) esta era a única condição de Deus para com o homem.

Mas com a sedução de satanás na figura da serpente, homem e mulher cedem aos seus argumentos e desobedecem a Deus. Este ato consistiu em grande desobediência a ordem negativa de Deus, ocasionando assim o pecado na raça humana. Parece ser o plano geral, eminentemente sábio e justo de Deus, introduzir todos os objetos recém-criados do governo moral num estado de provação, por certo tempo, durante o qual ele faz seu caráter e destinos permanentes dependerem da própria ação deles. Ele os cria santos, ainda que capazes de cair. Nesse estado, ele os sujeita a um teste moral por certo tempo. Se passassem no teste, o galardão consistiria em que seus caracteres morais seriam confirmados e feitos infalíveis, para sempre. Se caíssem, seriam judicialmente excluídos do favor e comunhão de Deus, para sempre, e daí moral e eternamente mortos.

Mas isto suscita a questão por que Deus então permitiu que o homem pecasse. Se Ele sabia que o homem poderia pecar, por que colocar esta condição a ele?

Essa questão é prova evidente de que não somos pessoas robodizada nas mãos de Deus. Ao contrário Ele na Sua infinita sabedoria e amor para com suas criaturas permite que elas desfrutem da total e verdadeira liberdade que qualquer ser humano pôde ter provado em sua vida; a qual nenhum dos homens da era moderna poderia ter provado.

As influências externas e as motivações subjetivas que impeliram nossos primeiros pais a esse terrível pecado,

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em primeira instância não implicam pecado neles, mas veio a ser a ocasião de pecarem ao permitirem que suas mentes fossem ocupadas e sua vontade dominada a despeito da proibição divina.

Deus em Sua Palavra diz que Ele converte todo mal em b

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em (Gn 50:20); "ou o pecado em benção; Deus criou esse ser c

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iente de tudo o que aconteceria mediante o Seu soberano conh

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ecimento, e havendo determinado administrar o pecado para o

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bem, Ele soberanamente decretou não intervir para impedi-lo,

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e assim infalivelmente o fez futuro".

Ainda que Deus seja o Soberano e dirija todas as coisas, é sabido, segundo A A Hodge que Ele não só permite os atos pecaminosos, mas os dirige e controla segundo a determinação de seus próprios propósitos. Contudo, a pecaminosidade dessas ações pertencem exclusivamente ao agente pecador, e Deus de forma alguma é o autor ou aprovador do pecado.

As ações pecaminosas, como todas as demais, são expressas na Escritura como ocorrendo pela permissão de Deus e de acordo com seu propósito, de modo que os homens perversamentes dizem serem mandados por Deus (Gn 45.4,5; Ex 7.13).

Deus em Sua riqueza e glória não é surpreendido pelo pecado humano. Ele nem é o gerador do pecado e nem o aprova. Está preocupado em estabelecer critérios e limites ao homem para que este não peque, através de sua lei positiva, pois Ela é vida para aqueles que a obedecem (cf Pv 8:22 – 36; Gn 2.17), e tem o propósito de desencorajá-los, por meio das ameaças e punições reais, para que não venham a infringir os retos preceitos divinos.

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Deus em Sua grandeza permite ao homem escolher entre obedecer a Ele ou não. Este é o privilegio de Adão. Deus o capacitou com suficiente conhecimento para Sua orientação, "estava implícito em Adão que ele era um agente moral santo e Deus um governante moral justo", sendo capaz tanto de obedecer como de cair diante de Deus.

Com o pecado da desobediência adâmica, o homem perde a virtude da santidade diante de Deus, agora está todo em pecado; todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23) e com isto todos estão em estado de depravação total diante de Deus.

"A depravação do homem ou a incapacidade total

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de livrar-se, por si mesmo, da escravidão do pecado está fun

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damentada no fato de o espírito humano estar morto desde o n

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ascimento do homem".

Desde que o homem pecou e afastou-se de Deus, ele agora é considerado prisioneiro de satanás (o príncipe do poder do ar) que o leva a satisfazer todos os desejos da carne, que são inimizades contra Deus.

Ainda que o ser humano pratique ações boas, porquanto ele tem dentro de si, a lei moral imanente, ainda que ofuscada pelo pecado, a Confissão de Fé, no capítulo XVI, diz que aos olhos de Deus as boas obras só podem ser praticas pelos salvos, porque elas estão predestinadas aos eleitos de Deus (cf Ef 2.10). Evidentemente as obras são praticadas para edificação da Igreja e para glória de Deus diante dos homens pecadores, nunca em prol da salvação.

Portanto, se o homem está em um estado de depravação; se é pecador, por causa do pecado de Adão, já que agora sua descendência por geração ordinária está condenada a este estado, sendo impossível fazer qualquer coisa em prol de sua salvação, como ele poderia remover a barreira que o separa de Deus, seu criador?

As barreiras impostas pelo pecado do homem são conhecidas: desobediência à Palavra de Deus, soberba humana, orgulho, incredulidade, juízo próprio ou auto-suficiência. Mas a grande barreira a ser superada com certeza é a desobediência para com Deus. O homem deu ouvido a satanás e assim tomou sua decisão, como vimos anteriormente. Agora, não pode por si mesmo se achegar a Deus verdadeiramente.

Tendo se rebelado contra Deus, homem e mulher foram expulsos, do paraíso e destituídos da graça divina e das bênçãos dela decorrentes. Esta pena é justa. Eles a mereceram por causa de suas cobiças. Mesmo assim, não foi fechada a eles a oportunidade para uma reconciliação com Deus, Ele lhes promete um descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente e livraria o seu povo do pecado (cf Gn 3.15).

As conseqüências do pecado em nós, homens pecadores, são inúmeras: as penas interiores são cegueira do entendimento (Ef 4.18); sentidos depravados (Rm 1.28),

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fortes ilusões (II Ts 2.11), dureza de coração (Rm 2.5), pavor na consciência (Is 33.14) afetos torpes (Rm 1.26). As punições exteriores são a maldição de Deus sobre as criaturas, por nossa causa (Gn 3.17) e todos os outros males que caem sobre nós: em nossos corpos, nossos nomes, bens, relações e ocupações (Dt 28.15), e a própria morte, pois o salário do pecado é a morte (Rm 5.12, 6.23).

Mas Deus em Sua misericórdia e amor socorre ao pecador, estabelecendo o pacto da redenção, muito antes da fundação do mundo, Deus já estava preparado para aquilo que o homem faria. O homem rejeitou a Deus,mas Deus não o rejeitou, pois Ele tem o firme propósito de salvar os seus, mediante a ação do descendente, o Seu escolhido.

Para uma melhor compreensão sobre a ação pastoral de Jesus é de fundamental importância tratarmos nesta seção do pacto da redenção: as partes envolvidas, seu acordo, promessas e deveres,seus benefícios para com os pecadores.

 

 

1.3 O PACTO DA REDENÇÃO

 

Até aqui, foi abordada neste trabalho a origem do mal na história da humanidade. Como se viu a origem do mal não está em Deus, mas no homem, com a queda do primeiro casal diante da tentação satânica. Mesmo não merecendo favor nenhum de Deus, Ele vem aos infratores e os conforta, mediante a promessa de um libertador, que nascerá da mulher. Nisto se observa à justiça de Deus e o amor dEle para com suas criaturas. Passaremos a pensar no propósito de Deus para com o pecador.

O propósito de Deus para com o pecador é restaurá-lo àquilo que ele era quando Deus o criou: um ser perfeito, gozando a presença de Deus plenamente e assim O glorificando com sua vida. Para que a reconciliação ocorra é necessário retirar a causa do mal. Assim acontecendo, o caminho da restauração estará aberta para a comunhão, a amizade recuperada do homem para com Deus.

Sobre esse assunto, a doutrina armeniana diz que Deus operou por vários concertos na história humana, a fim de tentar restaurar este relacionamento. Porém, quando olhamos o pacto da redenção, concluímos que Deus já havia planejado na eternidade. Por isso Deus não tem tentado concertar sua obra, porquanto Seus decretos são perfeitos; Por Sua Onisciência conhece todas as coisas.

No pacto da Redenção temos um acordo entre o Pai como representante da Trindade, e o Filho, como representante do seu povo, no qual o último compreende satisfazer as obrigações daqueles que o Pai lhe deu, e o primeiro promete ao Filho tudo o que é necessário à Sua obra redentora.

A lei de santidade requer, não só que a vontade humana subsista em perfeita harmonia com o Divino, rendendo-se a Ele em amor, confiança e obediência, mas,

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como conseqüência disso, que exista em estado afetivo correto, em uma vida interna pura e harmoniosa.

Para James Orr, "a esfera exterior de obediência é determinada por nossa posição no mundo, bem como por nossa relação com ele, com o nosso próximo e com Deus". Como negação de tudo isso, o pecado, do ponto de vista bíblico, consiste na revolta da criatura contra a sua posição de submissão à vontade soberana de Deus, e no fato de ter forjado uma independência falsa e ter substituído o viver para Deus pelo viver para si. Por isso o homem não poderia ser a parte contratual deste acordo. Assim era fundamental que o próprio Deus estabelecesse que Ele providenciaria o meio pelo qual restauraria a comunhão com o homem.

Segundo Berkhof, o pacto da redenção é o fundamento firme do pacto da graça. Se não houvesse conselho eterno de paz entre o Pai e o Filho, não poderia ter havido acordo entre Deus e o pecador. Através do pacto da redenção torna-se possível o pacto da graça, pois o primeiro diz respeito à relação entre Deus e o Filho e o segundo, entre Deus e o homem.

O pacto da redenção ou conselho da paz (cf Zc 6.13) está fundamentado na Escritura, onde se mostra que ele é um decreto de Deus. Em Ef 1.4 é indicado que Deus nos escolheu em Jesus, antes da fundação do mundo, pois Ele tinha um eterno propósito estabelecido em Cristo Jesus (Ef 3.11). As passagens são várias, mas todos apontam para este decreto da eleição, segundo o qual Deus nos escolheu desde o princípio para a salvação (cf II Ts 2.13). Ele tem um propósito para estes eleitos, conforme passagens anteriores. Ele santificou o Seu povo para ser santo, irrepreensível. O Seu povo é santo porque Ele é santo (cf Lv 20.26).

Neste pacto estabelecido por Deus é indicado o plano dEle para a salvação dos pecadores. Ainda que esta expressão não apareça claramente, nos Evangelhos, ao longo de Seu ministério terreno Jesus se refere a este pacto várias vezes, em diálogos com seus discípulos. Jesus diz a eles que este pacto fora estabelecido antes da Sua vinda; Ele se refere a uma comissão que recebeu do Pai (cf Jo 5.30, 43; 6.38-40). Veio como mensageiro de Deus, para restaurar o pecador, provendo a reconciliação entre eles e alcançando certo número de pessoas, como diz o apóstolo Paulo em Rm 5.12 – 21.

O pecado de Adão foi imputado a todos, mas a salvação é ação da graça de Deus, portanto não abrangerá a totalidade da raça humana, diferentemente do que houve com o pecado. No paralelo que Paulo faz entre Adão e Cristo é bem claro que Jesus é apresentado como sendo a cabeça do pacto (I Co 15.22).

Estabelecemos este ponto para esclarecer que a razão da vinda de Cristo é para salvar e libertar os eleitos de Deus para a salvação, àqueles que foram dados a Jesus pelo Pai, como afirma o Catecismo Maior na questão 31. Sobre esse povo está a benção de Deus, nele deve resplandecer a glória do Senhor, sendo luz e sal na terra, vivendo vida santa e pura, buscando cumprir a justiça de Deus na terra.

O conselho da redenção é o firme fundamento da aliança da graça, segundo Berkhof, pois sem esta ordem não poderia haver o conselho da paz entre o Pai e o

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Filho, não poderia ter havido nenhum acordo entre o Deus triúno e os homens pecadores. O conselho da redenção torna possível o pacto da graça.

Neste acordo entre Deus e o Filho, o Filho se coloca como sendo o fiador do homem (cf Hb 7.22), tomando sobre si as obrigações legais deste.

Cristo se colocou no lugar do pecador e incumbiu-se d

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e fazer a expiação do pecado, suportando o castigo necessári

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o, e de satisfazer as exigências da lei em lugar de todo o S

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eu povo.

À semelhança de Adão, Jesus viria para obedecer e se submeter à lei de Deus, por isso se diz que o pacto das obras estava sobre Jesus, a fim de que Ele cumprisse toda a lei para assim cumpri-la diante de Deus, pois esta era a condição para que as pessoas pudessem ser salvas (cf Dt 6;7). O pacto da graça foi feito com Cristo, como o segundo Adão, e, nele, com todos os eleitos, como sua semente (I Co 15.22,45; Ef 1.4).

Sobre Jesus pesa a lei a qual Ele cumprirá até o fim; ele mesmo disse que não veio revogar a lei, mas cumpri-la (Mt 5.17). Para Cristo, o pacto estabelecido com Deus é o pacto das obras; assim, Ele deve obedecer a Deus em submissão e amor. Para Jesus, continua em vigor, pois esta é a condição de Deus para aqueles que querem ser salvos, Deus não iria revogar Seus decretos e as condições prescritas no pacto com Adão: se obedeceres é certo que viverás (Gn 2.17). Portanto, com Jesus, o pacto das obras com Jesus tem as mesmas condições que teve para com Adão, pois Jesus é o Cabeça da Sua Igreja, assim como Adão é o cabeça da humanidade.

Para Charles Hodge o fato de que

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o gênero humano caiu nesse estado de pecado e miséria no qu

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al nascemos é levado em conta com respeito ao princípio da r

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epresentatividade. Adão foi constituído nossa cabeça e repre

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sentante, de modo que seu pecado é a base judicial de nossa

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condenação e da conseqüente perda da imagem divina, bem como

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do estado de morte espiritual em que todos os homens vêm ao

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mundo.

Com o pacto das obras, a vida só pode ser obtida pela satisfação das exigências em vigor na lei. Como o último Adão, Cristo obtém a vida eterna como uma recompensa por Sua obediência fiel, e não de forma alguma, como um dom imerecido da graça. Diferentemente de nós pecadores redimidos por Cristo, que somos agraciados por Deus, pois somos co-herdeiros por meio de Cristo Jesus para a vida eterna, segundo a eleição do Senhor.(cf Ef 1:3-14; 3.6).

No pacto com Jesus, Deus exige que o Filho seja o fiador do homem. Jesus assume nossa dívida, sendo Ele o cabeça do Seu povo. Mas para que Ele possa assumir nossa divida ele tem que assumir nossa natureza humana, nossas enfermidades, embora sem pecado ( cf Gl 4.4,5; Hb 2.10-15). É necessário que submeta totalmente a lei, a fim de obedecê-la e assim pagar a divida humana que era a desobediência a Deus, Jesus é o merecedor da vida eterna (cf Sl 40.8: Mt 5.17,18; Jo 8.29) e, agora, por seus méritos, aplica-os ao Seu povo, regenerando-o e levando-o a conversão, dotando-o de fé e santificando-o, por meio da ação do Espírito Santo, assegurando assim a consagração de seu povo a Deus, a fim de apresentá-lo santo e puro (cf Jo 16.13-15; Cl 1.22,28; Ap 21.9)

Além das exigências, o pacto da redenção também tem suas promessas. O Pai dá ao Filho um corpo não contaminado pelo pecado (cf Hb 10.5), e unge, dando-lhe o Espírito Santo sem medida, qualificando-o assim para os ofícios messiânicos (Is 42:1, 2, 61; Jo 3.34). Deus assegurou ainda que O apoiaria na execução de Sua obra, e assim o habilitaria a realizar a destruição de Satanás, estabelecendo o Reino de Deus (Is 42: 6 7; Lc 22.43); que O livraria do poder da morte e O exaltaria à Sua mão direita no céu, entregando-lhe o poder do céu e da terra (sl 16:8-11; At 2: 25-28; Fp 2:9-11); que O habilitaria a enviar o Espírito Santo, o selo que garantiria a salvação dos seus eleitos, que não se perderiam (cf Jo 6:37, 39, 40, 44, 45);que os participantes de redenção seria que ninguém poderia enumerar, de modo que todas as nações seriam alcançadas (Sl 22:27; 72:17). Finalmente Berkhof diz que todas as obras maravilhosas da redenção que Jesus realizaria tornar-se-iam manifestas aos homens e aos anjos, para a glória e a honra a Deus. (cf Ef 1.6, 12, 14).

O pacto da graça como um fim em si mesmo é um pacto de amizade mútua ou comunhão com a vida. Este pacto pode ser considerado como o fim que Deus tinha em vista no pacto da redenção, como uma realização espiritual última que Ele realiza no curso da história pelo ministério da Palavra, pela operação do Espírito Santo nos corações de seus escolhidos (cf Jo 16: 8), convencendo as pessoas do pecado, da justiça e do juízo, e que aperfeiçoará seu povo no tempo da consumação de todas as coisas.

Portanto é uma relação de amizade entre Deus e o homem, uma comunhão de vida em que o homem é feito participante da vida divina, a vida da ressurreição, o retorno do homem aos braços de Seu Pai bondoso, Justo e Santo. Desta forma, este pacto

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nos apresenta a condição em que os privilégios são melhorados para fins espirituais, as promessas de Deus são abraçadas por uma fé viva e as bênçãos prometidas são conduzidas à plena fluição. Agora, o homem, restaurado a comunhão com Deus, desempenha sua parte no pacto da graça, não para receber a vida por meio das ordenanças, pois ele é salvo mediante os méritos de Cristo Jesus, mas para honrar a Deus por meio de sua obediência a Ele. É a oportunidade para o homem não mais condenar a Adão pelo seu erro, mas para ele próprio discernir entre o bem e o mal, saber escolher entre agradar a Deus ou não.

O pacto da redenção é o fio condutor perpassando toda a Bíblia é a revelação do agir de Deus em prol do Seu povo. Deus é o ofendido pelo pecado humano, mas Ele mesmo providência a única oferta capaz de satisfazer a exigência da Lei e propiciar a expiação pelo pecado dos Seus eleitos, assegurando a estes as bênçãos decorrentes do sacrifício de Jesus Cristo (cf Cl 1.18).

Na origem, o pacto traduz disposição de Deus no sentido de comunicar suas bênçãos aos homens. Além disso, no pacto Deus dá gratuitamente tudo o que Ele exige.

É porque o pacto é uma disposição livre e soberana da parte de Deus, pode também ser chamado um testamento (Hb 9.16, 17). Este nome acentua os seguintes fatos: (a) que o pacto, como um todo, e um dom de Deus; (b) que sua dispensarão neotestamentária foi iniciada pela morte de Cristo; (c) que é firme e inviolável e (d) que nele Deus dá o que exige.

 

 

1.4 A RELAÇÃO DE CRISTO COM O PACTO DA GRAÇA.

 

Cristo é apresentado pela Escritura como Mediador do pacto. Um mediador, no sentido geral da palavra, é simplesmente uma pessoa que medeia entre duas partes opostas numa tentativa para harmonizá-las. Entretanto, a idéia escriturística de Cristo como nosso Mediador é multo mais específica e profunda. Cristo é o Mediador em mais de um sentido. Intervem entre Deus e o homem, não meramente para solicitar a paz e persuadir a ela, mas armado de pleno poder para fazer tudo que é necessário para realmente estabelecer a paz. É o Mediador que, como nosso fiador, toma sobre Si a culpa dos pecadores, paga a penalidade do pecado, cumpre a lei, e assim restaura, nos que Ele representa, a relação certa com Deus (Hb 7.22; 8.6; 9.15; 12.24).

Mas Ele

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é também o Mediador de acesso, que revela aos homens a verd

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ade concernente a Deus e sua relação com Ele, e as condições

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de serviço aceitável, que os persuade e os habilita a receb

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er a verdade, e os dirige e os sustenta em todas as circunst

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ancias de vida, de modo a aperfeiçoar o seu livramento (Rm 5

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.2). Para fazer tudo isso utiliza o ministério dos homens (2

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Co 5.20).

Com o titulo de Cristo, a Pessoa de Jesus possuí três ofícios que são inerentes à Sua missão de Mediador entre Deus e os homens, a saber:

"...debemos, pues, advertir que el nombre de C

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risto se extiende a estos três ofícios. Porque es bien sabid

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o que tanto los profetas, como los sacerdotes y los reyes, b

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ajo la Ley eran ungidos com aceite sagrado, dedicado a esto.

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De aquí que al Mediador prometido se le haya dado el nombre

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de Mesías, que quiere decir "ungido". Y aunque admito que f

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ue así llamado especialmente por razón de su reino, sin emba

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rgo también la unción profética y sacerdotal conservan su va

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lor y no se deben menospreciar.

Jesus é o descendente da mulher que fora prometido para restaurar a comunhão do homem com Deus e retirar a barreira da desobediência levantada por eles no paraíso. Assim faz-se necessário abordarmos estes ofícios e sua importância na Obra de Cristo, obra esta que revelou não só um homem perfeito, mas revelou-nos a Pessoa de Deus e Seu amor para com os pecadores. Portanto, Jesus é Deus-homem e homem-Deus.

 

 

 

 

 

 

 

 

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II OS OFÍCIOS DE JESUS

 

Desde o tempo de Calvino, costuma-se falar de três ofícios do Mediador. O homem, como foi criado por Deus, devia exercer o papel de profeta, sacerdote e rei. Daí ter sido dotado de conhecimento e entendimento, de retidão e santidade, e de domínio sobre a criação inferior. A entrada do pecado no mundo afetou o homem todo e o impossibilitou de funcionar propriamente na sua tríplice capacidade de profeta, sacerdote e rei,. ficando assim sujeito ao pecado, ao engano, ao erro e a morte. Mas Jesus veio como homem ideal e com o propósito de restaurar o homem à sua condição original.Desse modo, Ele deveria exercer também esses ofícios. Através do exercício desses ofícios são revelados os efeitos e as virtudes de Jesus, necessários para que as pessoas possam crer nEle. É preciso conhecer Sua vida e o que Ele fez pelo pecador para que assim todos os que o receberam descansem seguros, confiando plenamente que a Sua Obra foi completa em prol da Salvação.

Para Calvino existe uma grande dificuldade em descriminar claramente as ações distintas de cada um dos ofícios em Jesus, sendo que Ele os exerce todos simultaneamente de maneira completa. Assim, ao separá-los corre-se o risco de exaltar um em detrimento dos outros. Assegurar a distinção dos três ofícios em Cristo é assegurar a distinção das duas naturezas em Cristo, sem ambigüidades, sem confusão, sem conversão e sem composição, de modo que as duas naturezas em sua totalidade são perfeitas e distintas, a Deidade e a humanidade de Cristo.

Charles Hodge explica que os elementos necessários para se alcançar esse grande objetivo estão divididos em duas classe, a saber: aqueles que dizem respeito a Deus e aqueles que dizem respeito aos homens.

No tocante a Deus é abs

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olutamente necessário para se obter a reconciliação é necess

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ário que o Mediador aplaque o justo desprazer de Deus fazend

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o expiação da culpa do pecado e apresentar súplicas em favor

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deles; esta ação é primordial a fim de que sejam aceitos pe

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lo Pai. Aos homens é absolutamente necessário que o Mediador

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lhes revele a verdade concernente a Deus, suas relações com

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Ele, bem como as condições para que o serviço seja aceitáve

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l; que Ele os persuada e os capacite a receberem a verdade r

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evelada e O obedeçam.

Observar-se-ão dois momentos distintos nesta etapa do trabalho, a saber: o conflito religioso judaico com relação a estes ofícios no contexto neotestamentário; no segundo momento será observado cada ofício distintamente.

Segundo a exposição de Emil Brunner, não foi por acidente que a teologia Reformada, na sua doutrina dos "ofícios" de Cristo, sublinhou essa afirmação originalmente bíblica da salvação histórica, que, no período do escolasticismo medieval fora perdida. A obra de Jesus é o cumprimento da Velha Aliança (pacto das obras). Na doutrina dos três "ofícios’ de Cristo nos relembramos novamente a verdade que conhecemos Jesus através da ação de Deus nEle; isto já foi sugerido nos varies títulos dados a Jesus na Igreja Primitiva todos os quais têm um caráter" funcional "e sugerem Sua Obra antes que Sua Pessoa".

Quando os teólogos Reformados falam do triplo "ofício" ou obra de Cristo eles têm em mente as três figuras teocráticas que existiam sob o antigo pacto: o profeta, o sacerdote e o rei. Em Jesus todas essas três representações foram cumpridas, e elas se fundem em uma completa unidade na Sua Pessoa, dando completa significação à Sua Obra.

Segundo esclareceu o Catecismo Maior em sua questão 39; "era indispensável que o Mediador fosse homem, para poder solguer a nossa natureza e possibilidade a obediência à Lei, sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e solidarizar-se com nossas enfermidades, para que recebêssemos a adoção de filhos e tivéssemos conforto e acesso com confiança ao trono da graça".

Assim também por meio de Sua encarnação Ele exerceria os ofícios a Ele atribuídos em várias passagens vétero-testamentárias, conforme veremos a seguir, a fim de confirmá-los diante do seu povo e atestar a veracidade bíblica, cumprindo-a como sinais visíveis para aqueles que esperavam a restauração de Israel através de seu libertador.

 

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2. A tensão religiosa

 

2.1 O PROFETA E O SACERDÓCIO

 

O profeta, ao menos nos dias dos grandes profetas estava deliberado e conscientemente na defensiva contra o sacerdócio e o Templo. Mais de uma vez esta atitude desenvolve-se em uma feroz hostilidade. A classe sacerdotal, sob um ponto de vista profético, é algo que, na melhor das hipóteses, pode apenas ser tolerada e, freqüentemente, parece uma impossibilidade absoluta. É sem dúvida esse o elemento no qual a religião do Antigo Testamento é menos diferenciada da religião pagã das nações circunvizinhas; além disso, é devido a este contraste que o paganismo entrou em Israel e Judá (cf Zc 7: 1-16; 22: 1-9).

 

 

2.2 O REI E O PROFETA

 

O Rei é também um fenômeno muito ambíguo. Por um lado, desde o tempo de Davi, a Monarquia esteve sempre em íntima conexão com a esperança messiânica do futuro e, assim, o Messias é esperado da descendência da casa de Davi (cf II Sm 7.1-29; Jr 33.15; Ez 34.23; Zc 12.8; Lc 1.32; Jo 7.42; Rm 1.3), como sendo um Rei justo e poderoso. Por outro lado, desde o tempo de Moisés e dos juízes, do período clássico da religião javista, havia uma atitude muito crítica em relação à Monarquia, porque ela parecia interferir com a direita direção divina sobre a nação de Israel que em contraste com as nações orientais circunvizinhas, não era originalmente uma monarquia nem uma hierarquia, mas uma pneumatocracia. O dirigente de Israel deveria ser um líder chamado e tornado poderoso por Deus, não uma hereditariedade soberana. Na história de Saul, como primeiro Rei, como um Rei eleito e como um "Nabi" (palavra hebraica para profeta) é evidentemente um caso transicional.

Assim, a monarquia existiu numa espécie de crepúsculo entre a mais alta boa vontade de Deus para com seu povo e aquela que está em oposição diretamente a Sua vontade, por causa da mancha pecaminosa, que era a distinção entre Israel e as nações vizinhas, reduzindo-a ao mero plano humano.

Ambas

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as tensões: aquela entre o Profeta e o Sacerdote, e aquela

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entre o Profeta e o Rei, não poderiam ter vencedor na velha

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aliança. Somente Jesus o Messias, cujo reinado é totalmente

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diferente da dinastia de Davi do sacerdócio de Jerusalém, qu

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e não era inteiramente dum tipo de profeta do V.T., é quem e

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liminar essas tensões e contradições, porque Ele reúne estes

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três ofícios na Sua própria pessoa. No Seu Mundo Ele é tant

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o Reconciliador como Rei; no Seu Sacrifício, Ele é tanto aqu

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ele que proclama o nome de Deus como O que afirma a Glória d

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e Deus e a Soberania de Deus; em Sua Sabedoria, Ele é tanto

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o Revelador como Cordeiro Sacrificial

 

 

2.3 JESUS, "O PROFETA"

 

Nos tempos de Moisés fora profetizado que surgiria no futuro, dentre os judeus, um profeta semelhante a ele, a fim de revelar toda a vontade de Deus para o Seu povo (Dt 18.15,18), Moisés, servo íntegro ao Senhor, conduziu o povo de Deus por mais de quarenta anos e lhes ensinou a vontade de Deus. Para isso Deus utilizou Seu servo, Moisés, para ser o mediador entre Ele e Seu povo. Moisés recebeu a revelação direta de Deus, concretizada nos mandamentos, no monte Sinai (Ex 20: 1-21). É interessante observar que o povo tinha medo de Deus, a semelhança de Adão; preferia tratar com Moisés a tratar diretamente com Deus. Este medo é causado pela presença do pecado em nós.

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Ao povo cabia obedecer a Deus ou não, (Dt 11.26-32), sabendo que a vontade de Deus é boa e perfeita, a qual conduz a quem a seguir a uma vida tranqüila e livre de problemas, principalmente em relação ao Lesgislador e a qualquer ação judicial condenatória, visto que a Lei do Senhor é superior a qualquer lei humana. Esta é a característica marcante da superioridade da Lei Mosaica; ela é divina.

Moisés, como profeta anunciou aquilo que ele recebeu de Deus: sua lei. E Jesus trouxe aos homens a revelação da vontade de Deus, sendo considerado por muitos como sendo o "profeta" anunciado por Moisés (Mt 16:14; 21.11; Lc 24.44; Jo 7.40), mas Jesus era superior aos outros profetas. Jesus é superior aos profetas, porque esses traziam palavras de Deus: e Jesus é a própria Palavra de Deus (Logos; Jo 1:1,2) revelada a todos, e todos O admiravam pois Ele os ensina como quem tem autoridade; Jesus não legitimava suas palavras como os antigos profetas dizendo: "assim diz o Senhor...."; mas Ele dizia: "em verdade, em verdade Eu vos digo (Mt 18.3).

Para Emil Brunner Jesus como profeta não é um profeta a semelhança dos antigos profetas porque Ele possuía autoridade. E Sua autoridade está firmada em Sua própria Pessoa.

"Sua Palavra não pode ser separada d

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e Sua Pessoa, enquanto para o profeta o que importa é a Pala

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vra que lhe é dada por Deus, Sua personalidade não tem impor

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tância. Por isso é que Jesus fala com autoridade absoluta, E

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u vos digo, Ele não reclama inspiração pelo contrário, em Su

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as Palavras Ele freqüentemente se aponta como quem anuncia o

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novo dia, o dia que aponta para o fim, o mundo celestial. S

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ua autoridade repousa no fato de que Ele auto afirma que Ele

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veio do Pai (Mt 20.28; Mc 1.0.45; Jo 1.11; 5.43; 6.44; 8.42

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; 16.28)".

Sua mensagem revela a verdade que estava sendo aguardada desde a promessa à mulher no paraíso. Sua mensagem anuncia que o Reino está entre eles, presente, atuante. Jesus é a mensagem viva da revelação divina, aguardada pelos profetas. Sua proclamação aponta sempre para além do ensino. Ela aponta para Ele próprio, ou seja, para a revelação de que Ele é o Messias, o Emanuel, para aquele em que Deus está presente em pessoa, não apenas pela ação do Espírito Santo sobre Ele, mas também por ele ser o próprio Deus, agindo entre o povo.

Jesus é a revelação viva de Deus, não escrita, mas viva e presente na história das pessoas e atuante no cotidiano deles, interferino, agindo em prol deste povo. Por onde quer que Jesus passava, uma multidão sempre o estava seguindo (Mt 5.1; Mc 3.7; Lc 22.47), pois Ele as ensinava com autoridade, ora exortando, ora dando esperança, ora dando conforto (Mt 7.29; Lc 4.32). Sua autoridade não era dada por homens, ou por alguma classe religiosa; sua autoridade lhe fora dada pelo próprio Pai (Mt 9.6; 28.18; Mc 2.10; 5.24; Jo 5.27), e isto marca seu ministério profético entre o povo, pois Ele revelava e ensinava o povo com amor e poder, em virtude da sede que o povo tinha de justiça e amor. Jesus dá respostas corretas para eles dizendo-lhes: vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, pois Eu vos aliviarei (Mt 11.28).

O profeta possui esta virtude de ora exortar o povo para o arrependimento, ora dar esperança ao povo. Ele os sustenta e os vivifica por meio de Sua Palavra. A Palavra do Senhor restaura a alma (Sl 19.7), a Palavra do Senhor é luz para o caminho dos fiéis, dando-lhes orientações corretas em suas atitudes (Sl 119:105), a Palavra do Senhor trás vida (Jo 5.39; Fp 2.16). Jesus é o Logos (Jo 1.1). Ele é a Palavra viva de Deus, porque é o próprio Deus falando aos corações cansados e aos pecadores, trazendo-lhes mensagem de paz e não de guerra.

Para João Calvino, Jesus Cristo é profeta porque Ele cumpriu todas as profecias referentes à Sua Pessoa. Esta era a expectativa profética, anunciada desde os mais remotos tempo em Israel. Jesus ensinou todas as coisas aos judeus (Jo 4.25) e esta é a razão de Jesus ser o profeta, não para anunciar suas próprias palavras, mas para anunciar a Palavra de Deus aos homens, a fim de que creiam ser Ele o Messias prometido;Assim a ênfase de Sua Palavra era Sua auto-revelação, não explicita, mas implicitamente, por meio de suas ações e Palavras.

"Convi

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ene notar aqui outra vez que no recibió la unción para sí, a

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fim de que enseñara, sino para todo su cuerpo, a fim de que

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resplandeciese en la predicación ordinaria del Evangelio la

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virtude del espiritu Santo."

Para Calvino, a anunciação da Palavra de Jesus por meio dEle ia além das palavras utilizadas para anunciar um fato ocorrido ou de um conto ilustrativo para anunciar uma verdade; a Sua palavra declarava Sua virtude e natureza divina, e, por isso, as multidões se maravilhavam.

O profeta só pode dar ao povo aquilo que ele recebe de Deus. O papel principal do profeta vétero-testamentária era receber a Palavra de Deus e revelar a vontade de Deus ao povo, interpretar a lei em seus aspectos morais e espirituais, protestar contra o formalismo e o pecado, chamando o povo de volta ao caminho do dever, e dirigir-lhe a atenção para as promessas gloriosas de Deus para o futuro.

Na vida ministerial de Jesus, percebe-se claramente o exercício pleno desses ofícios em Sua Pessoa. Nas muitas discussões que houve entre Jesus e a classe dos cléricos, a mensagem contra eles era sempre dura, principalmente contra o formalismo e a hipocrisia. Exemplo clássico é a parábola do BOM SAMARITANO (Lc 10.33ss), contada por Jesus.

No ofício profético, Jesus não é apenas aquele que proclama com palavras a vontade de Deus, mas está interagindo em comum acordo com o Pai e o Espírito Santo, pois obedeceu a Deus voluntariamente.

Nas palavras de E.C.Gardner, Jesus na função de profeta, não apenas anuncia a vontade de Deus, mas Se revelam por meio de suas ações para declarar a quem tem ouvidos e a quem tem olhos, o deslumbre da Salvação em Sua Pessoa.

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"Jesus procura responder à vontade de Deus revelada, não pro

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priamente num conjunto de leis, mas na ação divina dentro de

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sua própria experiência: em sua vida e vocação, no poder qu

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e lhe fora dado para expulsar demônios e curar doentes, na c

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onfrontação de suas necessidades humanas, no sábado e nos de

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safios para ir a Jerusalém a padecer a morte sobre a cruz. E

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m todos esses eventos Ele discerne a ação de Deus e se esfor

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ça para que a sua vontade seja feita na terra, em sua própri

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a vida negando-se a se conformar com as tradições dos homens

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ou a buscar qualquer vantagem para si mesmo. E o Novo Testa

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mento, como um todo, dá testemunho da convicção da atividade

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de Deus na pessoa de Cristo e desafia os homens a responder

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a essa ação com a qual se defrontam".

A mensagem profética como visto anteriormente consta da exortação ao arrependimento e o retorno do povo para o caminho de Deus, e Jesus anuncia aos pecadores o arrependimento porque está próximo o Reino do Céu (Mt 3.2). Sua intenção era proporcionar ao arrependido uma nova vida e uma nova oportunidade para ser feliz neste mundo temporal. Esta era a mensagem que Jesus anunciava, sempre com esta conotação vivificante aos seus ouvintes, Não era carregada de obrigações e ordenanças como as dos fariseus; antes valorizava o ser humano como criatura digna de receber o tratamento de Deus. Como dissemos anteriormente, seu propósito é restaurar a comunhão de Deus para com os pecadores e elevá-los ao padrão de Deus.

A Palavra de Jesus tocava as pessoas em suas necessidades com autoridade e Poder; bem sabia o apóstolo Paulo a respeito disso, quando disse: "não vim entre vós com sabedoria humana a fim de vos convencer, mas vim pelo poder de Deus (I Ts 1.5)". Assim também a ação da Palavra de Jesus é cheia de Poder e autoridade muito diferente dos antigos profetas.

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O ministério profético de Cristo continua ainda pela operação do Espírito Santo através dos ensinos dos apóstolos (Jo 14.26; 16.12-14). Jesus estando à direita do Pai o enviou para que o Espírito Santo testificasse e ensinasse tudo a respeito de Jesus e Sua mensagem (cf 16.1-15). A respeito da ação do Espírito Santo, declara Berkhof: "E hoje opera pela iluminação espiritual dos crentes na leitura bíblica e meditação da mesma".

A realidade de Deus como Santo e Misericordioso, a realidade do homem como pecador e a realidade genuína do homem em Deus são determinantes para Jesus que, entre nós, exerceu o ministério de pacificador ou Mediador neste conflito, cumprindo assim seu ofício profético da reconciliação entre Deus e o homem. Esta verdade está de acordo com a pregação de Jesus em Mt 5.9: "bem aventurado os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus". Como tal, Ele está no meio do conflito, resolvendo e retirando as barreiras que ocasionaram o conflito. Por isso, a obra reveladora de Jesus culmina em Sua obra Sacerdotal da reconciliação.

 

2.4 JESUS, "O SACERDOTE"

 

Deus estabelece os sacerdotes na história do povo de Israel com a escolha de Arão e seus filhos (cf Ex 28.1), e como tais, eles deveriam servir como mediadores entre Deus e os homens, como sacerdotes e representantes de um Deus Santo, eles participavam da santidade do tabernáculo e tinham que seguir os padrões rigorosos da pureza ritualista impostas por Deus (cf Lv 21.1-22.16). Além dos seus deveres cerimoniais, - tais como: oferecer sacrifícios e cuidarem do lugar de adoração - eles atuavam ainda como juízes (cf Dt 17.8-13), dispensavam bênçãos (Nm 6.22-27), apresentavam oráculos (Nm 27.21) e ensinavam a lei divina ao povo (Dt 33.10). Os sacerdotes a priori deviam ser os responsáveis pela verdadeira religiosidade do povo, a fim de que o culto prestado a Deus fosse legítimo e sem mácula.

O ofício sacerdotal de maior relevância para o povo hebreu era a expiação do pecado nacional diante de Deus, uma vez por ano (cf Lv 16.29-34). Pois era consagrada a Deus a festa anual das expiações, pois o povo sabia que muitas das "maldições" que estavam sobre ele eram decorrentes dos pecados das pessoas que não queriam servir a Deus com sinceridade. Deus possibilitou a substituição dos pecadores pelo bode emissário (cf Lv 16 1-10), para que ele levasse sobre si todo o pecado nacional e, vagando pelas terras de Israel levasse os pecados para longe da vista do povo, simbolizando, é claro, que Deus estava lançando os pecados deles sobre o animal inocente e levando-os para longe deles; à semelhança de Jesus, como profetizou Isaías no capítulo 53: 5;6;11, Ele levou sobre si os nossos pecados. Como sacerdote perfeito, Jesus apresentou a oferta perfeita da qual Deus se agradou (cf Hb 7: 20-28). Seu sacerdócio não tem fim, é eterno, por isso superior aos demais sacerdotes de Israel. Com a apresentação da oferta perfeita a Deus, Ele aplacou definitivamente o pecado humano (Mt 20.28). A morte de Jesus na cruz é o ponto máximo da revelação divina, pois é por meio deste ato que os pecadores podem ser salvos e perdoados.

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Na cruz, Jesus levou sobre si o pecado de todo o mundo, suficiente para aplacar a todos, porém este ato é válido somente para os eleitos de Deus para a salvação.

No sistema religioso judaico, as oferendas já estavam contaminadas pela ganância sacerdotal sendo veementemente repreendidos por Jesus. Quando entra no templo, atirando todos os cambistas para fora do templo do Senhor. Jesus ali demonstrou toda a ira divina contra esta corrupção e pecado cometido pelos sacerdotes judaicos (cf Mt 21.12).

O povo não tinha mais como ser purificado diante de Deus, pois os sacerdotes eram corruptos e as ofertas não eram mais tão perfeitas como antigamente. Assim, Deus se manifestou no tempo oportuno para trazer paz e perdão ao seu povo, em vista de tão grande decadência religiosa em Israel. Jesus veio exercer Seu ofício sacerdotal como o Sacerdote perfeito, sem pecado e capaz de trazer ao povo o perdão tão esperado, como diz o salmista no salmo 32: 3,4: "eis que meus ossos estão envelhecendo pelos constantes gemidos dos meus pecados..". O povo gemia por causa de seus pecados, o povo se maravilhava com Jesus porque Ele trazia paz e perdão aos pecadores: eis que o Filho do homem tem poder para perdoar os pecados das pessoas (cf Lc 5.22-24). Como sacerdote, Ele tinha autoridade para expiar os pecados das pessoas pela Sua palavra.

Como sacerdote, Ele viveu uma vida dedicada totalmente a Deus, era consagrado ao serviço de Deus, era aquele que, além de revelar as maravilhas de Deus às pessoas, vivia ininterruptamente cumprindo as ordenanças de Deus de modo voluntário e prazeroso: "eis que a minha comida e bebida é fazer a vontade de meu Pai, (Jo 4.34)". Como sacerdote perfeito apresentou a oferta perfeita a fim de levar sobre si os pecados de todos (cf Is 53.5; 6; 10; 11), Ele é o cordeiro que tira o pecado do mundo (cf Jo 1.29).

O sacrifício de Jesus Cristo na cruz era inevitável, precisava acontecer para que o pecado fosse perdoado. Era necessário propiciar uma oferta que agradaria a Deus para sempre, em vista da corrupção sacerdotal.

Nas palavras de Emil

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Brunner o ponto essencial do sacrifício de Cristo é que "era

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preciso" acontecer, aquela necessidade que relaciona aquela

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transformação da situação humana de mal para bem, da tragéd

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ia para a vitória, com a morte de Jesus na cruz, como ato re

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velador, expiador e redentor de Deus. O mistério do sacrifíc

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io e expiação, da punição vicária, de pagamento da dívida, d

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o resgate da escravidão aos poderes das trevas é revelar o a

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to salvador de Deus na Pessoa de Jesus Cristo morto na cruz.

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A cruz de Cristo revela-nos que, pertencendo ao pecado, a situação do homem em relação a Deus é perigosa, sinistra e desastrosa. O homem não pode alterar essa situação, então Deus, somente Deus, pode fazer isso; e Ele o fez em Jesus Cristo, por meio de sua morte na cruz. Nele, agora, obtivemos a paz com Deus, por meio de Seu sangue derramado na cruz (Cl 1.19).

Com o inicio do ministério de Jesus, uma nova mensagem foi inserida no contexto judaico, uma mensagem proclamada e esperada, uma mensagem de esperança, de restauração para a nação de Israel, na qual seria revivido o glorioso dia do rei Davi. Porém o Reino anunciado de Jesus não é carnal, mas, sim, espiritual, conforme diz João Calvino, um reino que será completado, como vislumbrado por João no livro de Apocalipse, que será concretizado de fato como governo divino sobre seus eleitos e sobre o "mundo".

Jesus é o rei, hoje, de Sua Igreja, porque Ele é o cabeça de seu corpo (cf Cl 1.15). Agora passaremos a discorrer sobre Jesus, exercendo o ofício de Rei.

 

2.5 JESUS, "O REI"

"Cristo exerce o ofício de rei, cha

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mando do mundo um povo para si, dando-lhe oficiais, leis e d

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isciplinas, para visivelmente os governar; concedendo a graç

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a salvadora aos seus eleitos; recompensando sua obediência e

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corrigindo-os em conseqüência de seus pecados; preservando

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e sustentando-os em todas as suas tentações e sofrimentos; r

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estringindo-os em todas as suas tentações e sofrimentos, e p

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oderosamente ordenando todas as coisas para a sua glória e p

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ara o bem de seu povo; e também tomando vingança contra os q

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ue não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho."(Catecismo

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Maior questão 45)

A suma da mensagem profética no Antigo Testamento é a anunciação do governo de Deus sobre o povo de Israel. Desde que Israel rejeitou o governo de Deus por meio de Seus sacerdotes, o povo estava se enterrando cada dia mais em meio aos problemas (I Sm 8:7). Mesmo com o governo de Davi, o povo passou por muitas dificuldades, ainda que Davi era um homem segundo o coração de Deus (cf At 13.22).

Emil Brunner nos dá uma rica contribuição, dizendo que, quando Jesus começou a pregar, a Sua mensagem logo foi ligada com estas idéias fundamentais da mensagem dos profetas, que foram intensificadas e se fizeram mais urgente através da pregação de João Batista.

O reino de Deus que está vindo, a nova era,contraste com a era presente. Esta é a razão por que, em muitas das parábolas contadas por Jesus, o tema de um Rei (Mt 18.23;22.2) é enfatizado. Este é o alvo de toda a história: que por fim a vontade de Deus será feita; que por fim o Rei terá um povo obediente. Se atentarmos para as palavras dos sábios vindos do oriente, na época do nascimento de Jesus, observamos que eles o tratam como sendo o Rei dos Judeus (cf Mt 2.2). Isto nos alerta para este ofício de Jesus como Rei, mesmo sendo de uma família humilde como a de José e Maria.

Se Jesus tivesse proclamado apenas o Reino de Deus e a obediência à vontade de Deus como condição de participação no Reino, então Ele teria sido mais um dos profetas. Porém Jesus não proclamou meramente esta vinda do Reino de Deus, ao mesmo tempo Ele inaugurou a nova era e representou-a em Sua própria Pessoa. Ele próprio, em Sua pessoa, é a aurora deste Reino de Deus.

Na pessoa de Jesus, a soberana autoridade de Deus está presente de um modo totalmente diferente dos modelos até então conhecidos de um governo "teocêntrico". Em Sua pessoa como amostra do que será o governo eterno de Deus sobre o Seu povo, é inevitável a confrontação do modelo governamental exercido pelos homens até então. No governo teocêntrico está explicito que a direção é exclusivamente prerrogativa da vontade santa e soberana de Deus.

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O reino anunciado por Jesus é um reino onde existe verdadeiramente a presença libertadora, restauradora e perdoadora do amor de Deus, amor este que facilita a comunhão para todos aqueles que O encontram. Neste reino, não existe a opressão de um rei dominador ou opressor, que tira a vida e a alegria de seus súditos. Pelo contrário neste reino divino é manifesto o Seu amor santo, que vence o mal. É o governo de alguém que derrama Sua vida em serviço amorável, que quebra a resistência por uma vitória interior.

Fomos transportados do domínio das trevas para o Reino do Seu Filho amado (Cl 1.13), reino este onde o pecador encontra perdão, onde o cansado encontra alento, o rejeitado encontra valor. Neste reino, as pessoas são chamadas para uma nova vida, uma vida restaurada ao projeto inicial que Deus tinha para o homem: ser imagem e semelhança de Deus (cf Gn 1.26). Este é o reino de Deus, libertador, restaurador, e Jesus é o Rei, que se deu em favor de Seu povo, deu sua vida em resgate de Seu povo. Jesus conquistou este direito na cruz, esvaziando todo o Seu Ser em nosso favor. O amor de Deus realmente reina no coração humano, a oposição entre a vontade de Deus e a vontade própria da criatura foi superada; aí se tornou verdade: "Serei vosso Deus, e vós sereis Meu povo."

"A verdadeira autoridade de Jesus Cris

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to é mostrada no fato de seres humanos servirem a Deus e seu

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próximo em amor. Porque este serviço é a vontade de Deus. O

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nde amor e serviço são verdadeiros reais, aí a vontade de De

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us está sendo feita "tanto no céu como na terra." Aí o manda

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mento de Deus é cumprido, que não manda nada além, senão amo

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r. Amor, e nada além, é o cumprimento da lei. Sem amor a fé

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é morta. A autoridade de Cristo é somente real onde "o joelh

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o"está realmente "dobrado,"e onde "o coração"realmente "conf

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essa que Jesus é Senhor,"assim é onde os homens realmente vi

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vem em obediência a Jesus."

A autoridade de Jesus Cristo é, portanto, uma realidade somente onde os homens realmente dobram o joelho diante dele, isto é, na Igreja. A Igreja consiste daqueles que reconhecem Jesus Cristo como seu Senhor e na obediência da fé, e no amor, servem como seu Senhor o fez. A autoridade de Cristo significa que por meio de Sua Palavra e Seu Espírito ele realmente governa sobre os "homens" (os salvos). Jesus não é apenas um Rei que simplesmente reivindica Seus direitos, mas aquele a quem a Igreja realmente se submete. Ele é a cabeça do Corpo da Igreja (Cl 1.18). Ele é realmente a autoridade em uma comunidade de pessoas que realmente obedecem A Sua vontade.

Júlio Andrade Ferreira, citando Strong, (in loco, pp 711, 712,716,-720, 776) diz que, ao olharmos para trás no que tem acontecido já e, também, em vista do futuro cumprimento, nas expressões que a descrevem, a obra tríplice de Cristo aparece como sendo imutável. Os ofícios eram distintos, mas eram prefigurações daquele que haveria de combinar em si mesmo todas essas atividades e iria prover a realidade ideal.

"Isto deve s

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er distinguido da soberania que Cristo possuía originalmente

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em virtude de sua natureza divina. A realeza de Cristo é a

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soberania do Redentor divino-humano, soberania essa que lhe

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pertencia de direito desde o momento do seu nascimento, mas

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que foi somente exercida a partir da sua entrada no estado d

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e exaltação. No exercício deste ofício real, Cristo governa

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todas as coisas no céu e na terra, para a glória de Deus e a

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execução dos propósitos divinos de salvação.".

Jesus como rei de Seu povo nos protege contra todo tipo de ataque do inimigo. À semelhança dos reinos humanos que se julgam prósperos pela abundância e proteção contra seus inimigos, muito mais é Jesus como nosso rei, pois Ele nos protege contra o ataque dos nossos inimigos espirituais, de onde deduzimos que Ele reina mais por causa de nós que por Si mesmo, tanto por dentro como por fora, para enriquecer-nos com os dons do Espírito, que naturalmente nos orientam para edificarmos a comunhão de Sua Igreja (Ef 1.22,23).

Jesus é rei eternamente, como ensina explicitamente as passagem de Sl 45.6, em conformidade com Hb 1.8; Is 9.7; Dn 2.44: Cristo nunca deixará de ser a Cabeça da

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Sua Igreja, jamais a deixará como um corpo sem cabeça, assim como Ele é sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque.

Não teria muito sentido Deus se tornar homem, na Pessoa de Jesus, e, depois, na eternidade, onde será estabelecido realmente o Seu Reino, deixar de exercer a sua realeza, visivelmente, deixar de conviver com seus súditos. Ele estará entre nós porque Ele é o Deus conosco. Seu governo será justo, governará com cetro de ferro, sem opressão, mas com amor; Seu povo o louvará para sempre, à semelhança dos vinte e quatro anciãos no Apocalipse de João.

Jesus geralmente ensinou como os rabinos judaicos por meio de ditos breves, ao invés de extensos discursos, e muitos de seus mais importantes ditos são constituídos de parábolas, provérbios e pronunciamentos isolados, respondendo a perguntas e reagindo a situações. Sua autoridade foi reconhecida por todos seus ouvintes (Mt 7.28,29). Como se utilizava de parábolas, sua compreensão era difícil para muitos e até mesmo para seus discípulos, para quem Jesus as explicava, em particular.

Dos ensinos de Jesus brotam três ênfases principais:

a primeira ênfase recai sobre seu Pa

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i divino, pois Jesus queria que seus discípulos se relaciona

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ssem com o Pai com intimidade familiar , não com formalismos

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e ritualismos; a segunda ênfase era dada a possibilidade de

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uma nova vida aos seus ouvintes por meio do arrependimento;

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e a terceira ênfase dizia respeito a Si mesmo como Filho do

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Homem e o Messias de Israel; através de Seus sinais e Suas

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palavras àqueles que atentassem descobririam que Jesus é o R

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estaurador tanto de Israel como de todos aqueles que o receb

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iam como o Messias de Deus

.

Portanto, atentar para os ensinos de Jesus constitui a melhor maneira de perceber o ato reconciliador que Ele realizou por meio de suas atitudes e palavras, em uma sociedade corrompida e vazia em sua vida espiritual, apesar de sua intensa religiosidade para com Deus, por meio de seus constantes sacrifícios.

 

 

III) JESUS E SUA PRÁTICA PASTORAL

 

3.1 O REINO DE DEUS

 

A mensagem sobre o Reino de Deus é uma das maiores ênfases de Jesus, pois esta mensagem marca definitivamente o regresso do governo teocêntrico de Deus sobre seu povo eleito, e assim também lembra ao povo que ele têm um Rei, que é o Seu Senhor. O reino está presente com Jesus, e seus milagres são sinais desse Reino.

No Reino do futuro não haverá mais dores, sofrimentos e doenças (cf Ap 21: 4). Esta é a ênfase profética anunciada desde a mais antiga tradição judaica com respeito ao

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consolo de Deus para com Seu povo,dando conta da restauração da saúde plena das pessoas; seus corpos não padecerão mais as conseqüências do pecado sobre eles, reforçando o principio bíblico de que Deus criou seres integrais, onde a separação da carne e da alma se torna inadmissível, contrariando os filósofos que criam que a carne é má e o espírito é bom. O cristianismo crê que tanto a carne é boa como também o espírito é bom (cf Gn 1.31), os quais serão restaurados ou ressuscitados para a eternidade, ainda que hoje soframos enfermidades e doenças por causa das conseqüências do pecado que pesa sobre nós.

O Reino de Deus anunciado por Jesus é marcado também pela justiça plena, pela retidão, pela verdade, pela dignidade, pela vida que emana dEle e alcança a todos aqueles que se aproximam dEle. E isto não é apenas para o futuro; hoje pode-se provar amostras celestiais em nosso dia-a-dia, bastando para isso submeter-se pela fé ao senhorio de Cristo, solene compromisso que traz salvação e vida eterna ( cf Mc 10: 17-27; Jo 5.24). Esta é a conseqüência de uma vida restaurada com Deus, por meio do sacrifício de Jesus na Cruz. A mensagem reconciliadora nos mostra que Deus está sempre buscando o infrator (cf Is 2.1-4; 9.6-7; 11.1-12.6; Jr 23.5,6). O Reino é manifestado pelos milagres de Jesus (cf Mt 11.12; 12.28; Lc 16.16 – 21); que concede vida eterna a todos os que fazem parte desde Reino (cf Mc 10.17-27; Jo 5.24).

A segunda ênfase dada por Jesus em seus ensinamentos é a obra salvífica que Deus realizaria por meio da sua morte na cruz. Este o ponto culminante da revelação divina. Jesus morre pelos pecados dos eleitos, traz para Si mesmo os infratores, perdoando-lhes os pecados e preservando-os seguros até o dia da ressurreição (cf Lc 5.20,23; 7.48; Jo 6.37; 17.1-26). Jesus, ao ser sacrificado, cumpre a vontade de Deus, abrindo uma nova possibilidade ao homem regenerado: ser obediente a Deus e assim aprender a viver sob o governo divino. Agora, a pessoa regenerada passa a viver com confiança e fé em Deus, arrepende-se de seus pecados e goza da alegria do perdão; com isto o processo de crescimento espiritual é uma realidade, e a santificação é diária.

A obra de Jesus na cruz traduz a mais alta manifestação do amor de Deus para com os pecadores e pelas Suas criaturas (cf Jo 3.16). O projeto de Deus é restaurar os eleitos ao primeiro estado dos nossos pais adâmicos. Nas palavras sábias do apóstolo Paulo, em Rm 15.20, "onde abundou o pecado, superabundou a graça". Com estas palavras, Paulo nos mostra que a mensagem salvífica não está repousada apenas nas Palavras de Jesus, mas está no acontecido, no fato real de que Cristo padeceu e levou sobre Si nossas iniqüidades, satisfazendo para sempre a justiça de Deus. E agora Seu Reino está estabelecido, ainda que de forma incompleta, está presente nos corações dos fiéis (cf Lc 17. 20,21).

A mensagem da cruz é a proposta da reconciliação de Deus com os pecadores, nas palavras de Boff, a cruz é o símbolo da reconciliação dos opostos: sinal do ódio humano e do amor de Deus... Cristo é o conciliador dos opostos existenciais e o integrador das várias dimensões da vida humana na busca de sentido e luz para a caminhada.

Nas palavras de Timóteo Carriker, o homem é a única criatura que Deus fez cujo ser não está em si mesmo, e que por si mesmo não é nada. A "canicidade" do cão está

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no cão, mas a "humanidade" do homem não está no homem. Está na sua relação com Deus. O homem é homem porque reflete Deus, e somente quando ele assim o faz. Pela obra de Jesus na cruz, sabe-se, biblicamente, que a única possibilidade para a verdadeira realização humana é Jesus fazer morada no coração do ser humano, ao que chamamos de conversão a Cristo.

A nova vida é dada aos pecadores como dom da livre graça de Deus e deve expressar-se num novo estilo de vida. Os que receberam a graça devem ser agradecidos. Os que são grandemente amados precisam demonstrar grande amor para com os outros. Os que vivem porque são perdoados devem eles mesmos perdoar. Os que conhecem a Deus como seu amoroso Pai Celestial devem aceitar sua providência sem amargura, honrando-O todo o tempo, confiando em Seu cuidado. Em resumo, os filhos devem ser como Seu Pai e Seu Salvador, sendo completamente diferentes do mundo.

Nesta parte do trabalho, queremos enfatizar o ato reconciliador de Jesus como possibilidade de Deus restaurar os padrões divinos corrompidos pelos homens, por meio do ensino de Jesus.

 

 

3.2 OS ENSINAMENTOS DE JESUS RECONCILIAM OS PADRÕES DIVINOS E OS PADRÕES HUMANOS.

 

Jesus utilizou vários meios para ensinar o povo e aos seus discípulos as verdades espirituais recebidas de Seu Pai com respeito a nova vida dada por Deus em Cristo Jesus. Somos novas criaturas em Cristo Jesus, como disse Paulo em II Co 5.17 cf Cl 1.13.

Em um mundo secularizado, onde a ênfase no materialismo e a escravidão como forma de enriquecimento são gritantes e a luta pela sobrevivência torna-se de vital importância, Jesus ensina aos seus ouvintes que não se devem preocupar com aquilo que comerão ou beberão no outro dia, pois o Senhor tem dispensado a eles maior cuidado do que dispensa a natureza. Assim, com este ensino, Jesus declara que Deus se preocupa com eles e não os abandonou, mesmo o povo sendo escravizado e oprimido pelos líderes políticos e religiosos daquela época; Deus é o ajudador dos menos favorecidos à semelhança do que aconteceu no Egito. Deus veio para libertar os cativos e oprimidos; abençoa Seu povo e zela por eles com Seu amor eterno. Jesus ensina que aqueles que pertence ao Senhor devem entregar suas ansiedades a Ele, mas devem também buscar viver de acordo com os padrões de Deus, buscar implantá-los no mundo com todo o zelo e prioridade (Mt 6.25-34). Por meio deste ensino, Jesus busca restaurar a fé das pessoas em Deus, pois os rituais vazios de Jerusalém, têm trazido sobre eles maldições e tristezas, afastando-os do verdadeiro Deus e do verdadeiro compromisso com Ele.

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Com esta mensagem, Jesus explorou a questão da sobrevivência humana e do cuidado de Deus para com Seu povo.Com isso, Jesus também ensina que a mensagem a ser pregada hoje deve ser aquela que estimula as pessoas a terem fé em e a lembrarem que aquele que é tocado por Jesus recebe a missão de viver sob os padrões de Deus, como disse o salmista no capítulo 37.5: "entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle, e o mais Ele fará"; como disse ainda Pedro em I Pe 5.7: "lançando sobre Ele toda a nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós". Assim, as pessoas que vivem com Deus devem gozar da alegria de Sua providência. Esta mensagem trazia paz e esperança àqueles que padeciam nos tempos de Jesus.

Jesus ensinou aos seus discípulos na parábola do Credor Incompassivo, em Mateus 18: 21-35 que devemos perdoar aos outros, em virtude de Deus ter perdoado os nossos pecados, o ensino de Jesus chocava-se com os padrões anteriores que o povo judeu possuía, a ponto de gerar dúvidas em Pedro. Este novo padrão de vida faz parte do Reino de Deus e esta é uma das marcas de uma nova vida em Cristo.

No Evangelho de Mateus, capítulo treze, existe uma coletânea de parábolas a respeito do Reino de Deus contadas por Jesus, aos seus discípulos e às multidões que o seguiam. As parábolas tanto revelam como ocultam a verdade.

"Jesus cita o Salmo 78.2, onde as p

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arábolas ou os enigmas são um recital da história da redençã

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o de Deus, do Seu povo, atingindo seu clímax na escolha de D

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avi para pastorear Israel. Os próprios eventos redentores nã

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o eram ocultos, porém seu significado não era óbvio. O salmi

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sta revelou seu significado".

Neste intuito de Jesus de se utilizar das parábolas estava o interesse de criar um certo suspense quanto a verdadeira identidade de Sua Pessoa, em vista da rejeição que as pessoas tinham por Ele, principalmente os que eram ligados à ordem religiosa de Israel.

Segundo Tasker "Jesus ad

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otou deliberadamente o método de ensinar por parábolas num p

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articular estágio do seu ministério com o fim de reter mais

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ampla verdade sobre Si e sobre o reino do céu, privando diss

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o as multidões que se tinham mostrado surdas às suas reivind

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icações e não foram responsáveis ao seu apelo ".

Nesta coleção de parábolas sobre o Reino de Deus, Jesus é enigmático quanto a revelação clara do mesmo. Sua ênfase recai sobre o fato de que o Reino se faz presente por intermédio de Sua Pessoa, mas seus ouvintes ainda não o reconheceram como Rei, apesar de todas as dicas dadas por Jesus, por meio de seus milagres e discursos. Mas suas parábolas revelam que aqueles que O descobriram como Rei vislumbraram seus valores, viram que Ele é mais valioso do que qualquer outro objeto de valor, pois os valores celestiais são incomparavelmente melhores do que os terrenos. As parábolas também ensinam aos ouvintes algumas verdades sobre o inimigo de Seu Reino, como o fato dEle tentar introduzir pessoas

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entre aqueles que já descobriram a alegria do Reino na Pessoa Jesus, a fim de tentar acabar com este Reino.

Apesar destas tentativas, o reino é semelhante ao fermento ou a semente de mostarda, que aos olhos humanos são coisas tão pequenas, porém seu efeito e seu crescimento são patentes aos olhos. A massa dobra-se de volume, a ponto de alimentar uma grande quantidade de pessoas. A mostarda cresce dando abrigo e proteção a uma grande quantidade de pássaros que a procuram, para fazer dela a sua morada; semelhantemente assim é o Reino de Deus, abrigo, proteção, cujo sustento é dado pelo Rei.

Sua mensagem sobre o reino demonstra que Deus realmente está disposto a colocar de lado a inimizade que havia entre ele e os homens, por meio de um acordo unilateral,firmado em Jesus, que vai beneficiar o homem em todos os sentidos de sua vida. O papel de Jesus como o Mediador nos possibilita esta grande benção de Deus. O reino de Deus não tem fim como profetizado em Isaías capítulos 2.1-4; 9.6,7, 11, 12. Este Reino não terá fim, e Seu Rei é aquele que Deus ungiu dentre aqueles da raiz de Davi. Logo este Reino será justo, verdadeiro, promulgador da vida e da alegria, no qual todos aqueles que fazem parte dele gozarão de respeito e dignidade, serão supridos em suas necessidades e sempre estarão aprendendo as verdades de Deus.

No Reino de Deus, não há lugar para o mal, para a cobiça e para a inveja, pois todos serão um em Cristo, e louvarão Seu Rei. Este reino será totalmente estabelecido, quando as forças do mal forem totalmente destruídas pelo Filho de Deus. Então Deus estabelecerá sua vontade tanto no céu como na terra, e Seu governo durará para sempre.

Esta é a mensagem que Jesus trouxe para mostrar que o Reino de Deus vai muito além dos limites terrenos, pois ela revela a reconciliação de Deus com os homens para devolver-lhes os privilégios de um governo justo, por meio do Seu Filho amado, o primogênito do Novo Mundo.

Mas esta mensagem é dada a um povo específico e com isto nos chama a atenção para as conseqüências e as responsabilidades deste povo para com Deus e para com a sua ação como povo de Deus no mundo.

Ao longo deste trabalho se demonstrou a ação redentora de Deus para com Seu povo, principalmente por meio de Jesus Cristo, a Palavra de Deus encarnada e viva. Ele como mediador entre Deus e os homens se submeteu totalmente à obediência da Lei do Pai, entregando-se como oferta expiatória, levando sobre Si os pecados de Seu povo eleito, morrendo na cruz por ele.

Como mediador entre Deus e os homens, Jesus exerceu três ofícios distintos, porém inseparáveis, como sinais para que Seu povo O reconhecesse como o Messias de Deus. Profeta, sacerdote e rei. Esses ofícios, exercidos por Jesus, foram direcionados para a libertação do ser humano, visando sempre a restauração humana, e a ênfase dada por Jesus foi sempre direcionada para mostrar o amor e a misericórdia de Deus para com os infratores.

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Após Jesus ressuscitar, Ele deixou uma missão aos seus discípulos, de pregar o Evangelho a todas as nações e fazer discípulos (cf Mt 28:19). Para isto Ele concedeu à Sua Igreja o poder e a unção do seu Espírito Santo traduzidos em instrução, proteção e vitória na luta contra o mal, com a finalidade de expandir as fronteiras do Reino de Deus na terra. Na dupla missão de Jesus, uma das ordenanças era evangelizar e a outra fazer discípulos. Fazer discípulos envolve ter uma vida santificada e comprometida com Deus e com o próximo, em uma relação integral e nunca uma relação alienada dos problemas do dia-a-dia; por isso a pergunta fica evidentes: qual o verdadeiro sentido de ser cristão em um mundo tão conturbado e corrompido? Quais as responsabilidades da Igreja de Cristo no mundo? Paulo deixou-nos orientações sobre a Igreja no mundo (cf II Co 5.18,19), e uma das principais prioridades de Ser Igreja é ser constantemente agente reconciliador em todo conflito social.

Nesta última parte deste trabalho queremos refletir sobre os ministérios exercidos pela Igreja de Cristo no mundo: o ministério profético, o sacerdotal e o governo (rei).

Enfatizamos anteriormente que Jesus exerceu fielmente seus ofícios. A Igreja, por ser corpo de Cristo, extensão da ação de Cristo no mundo na atualidade, como vem desempenhando os seus ministérios para com Deus e para com o próximo?

 

 

 

IV A IGREJA DE CRISTO E A AÇÃO PASTORAL NO MUNDO

Notas preliminares

Entende-se por Igreja (ekklesia) uma assembléia chamada para fora. Por muito tempo, se tem pensado que a Igreja é chamada para atuar no mundo, que esta é a razão de Ser de uma Igreja. O termo, a bem da verdade tem a ver com a chamada que Deus faz para seu povo sair do sistema maligno ao qual pertencia e se reconcilie com Deus (cf Cl 1.13). Deus por meio de Jesus Cristo nos chamou ou nos tirou para fora do domínio das trevas, transportando-nos para o Reino de Seu Filho.

Por causa desta mudança, a Igreja então é a comunhão dos santos, lavados pelo sangue de Jesus; ela é visível e invisível; visível na profissão e conduta dos membros desta assembléia; e invisível porque é espiritual e não pode ser discernida pelo olho físico e somente Deus conhece os limites e é capaz de definir quem pertence a ela de fato. O próprio Jesus disse que até mesmo no meio desta comunidade haverá aqueles que não são regenerados pelo Espírito Santo (cf Mt 7.15-23). Não há duas Igrejas. Na verdade, uma só é a Igreja, conhecida perfeitamente por Deus e conhecida imperfeitamente na terra.

Após a reforma, foram levantados alguns critérios para assegurar quais Igrejas andavam na verdade; e chegou-se à conclusão que era Igreja militante, ou seja, aquela que prega verdadeiramente a Palavra de Deus (Jo 8.31,32,47; 14.23) e que

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administra perfeitamente os sacramentos (Mt 28.19; Mc 16.16). A verdadeira Igreja de Jesus é ainda conhecida por meio da disciplina como ferramenta para purificar e manter a mente pura (cf Mt 18.18; I Co 5.1-5,16).

A Igreja é a comunidade separada e chamada por Cristo a viver sua missão para o Seu Senhor na terra; Quando falamos em Igreja, falamos de sua mais alta expressão: ela é comunidade. Nela, o Espírito Santo distribui dons aos seus membros, a fim de edifica-la e dar o correto ensino por meio das pessoas que Ele designou para fazer as tarefas. Como ela é o corpo de Cristo, entendemos que a ação exercida pelos seus membros na verdade a ação que o próprio Cristo exerce no mundo por intermédio dela. Evidência disso é quando Jesus disse aos Seus discípulos que eles realizariam obras maiores que as praticadas por ele em Seu ministério (cf Jo 14.12). Quando Jesus disse que maiores obras eles realizariam compreende-se esta afirmação a partir do triplo ministério de Jesus. Assim, cabe aos discípulos e a Igreja viverem verdadeiramente esta verdade, com ousadia e coragem, pois Jesus sempre estará conosco, até a consumação dos tempos. Esta é a promessa; Jesus sustenta e rege sua Igreja pelo seu poder.

Conforme resolução da "COMISSÃO SOBRE ORDENAÇÃO E MINISTÉRIO DA ALIANÇA MUNDIAL PRESBITERIANA", OS VÁRIOS MINISTÉRIOS DA Igreja são fundamentalmente expressões do ministério de Cristo na Igreja e no mundo.

Por "ministério" de Cristo entende-se o ato de Deus em Jesus Cristo, caracterizado em conexão com o papel de Cristo como Servo Sofredor.

O povo de Deus vive agora no tempo entre a ressurreição e a ascensão, por um lado, e o Reino de Cristo, por outro. O ministério de Cristo de que a Igreja participa por serví-Lo deve ser entendido como propósito redentor de Deus em Cristo. Serviço prestado pelos fiéis a Cristo como se fosse o próprio Cristo exercendo o Seu ministério ainda hoje no mundo.

Ser Igreja reconciliadora de Cristo é isto: viver de tal forma que demonstre Ser Cristo vivendo hoje no mundo com todos os seus exemplos da mais alta qualidade de vida, do mais alto padrão moral e ético, do mais alto conceito de que é ser humanitário.

Sendo a Igreja a extensão da ação de Cristo no mundo, então ela possui marcas distintas, as quais a revela ao mundo. Para Calvino e para os Reformadores, a verdadeira Igreja é aquela que prega verdadeiramente a Palavra de Deus, administra corretamente os sacramentos e exercita fielmente a disciplina nela.

O estado de uma pessoa denuncia sua personalidade. As pessoas são pecadoras porque elas se encontram em um estado pecador. Sendo justificadas por Cristo, elas passam para um estado de justo, puro aos olhos de Deus, pelos méritos de Cristo. O Ser de Cristo denuncia que Ele é Deus, por causa das Suas obras e ofícios realizados em Seu ministério terreno. O Ser cristão denuncia que as pessoas demonstram características explícitas do seu estado de santidade, pois Deus é santo.

O Ser Igreja de Cristo, leva-nos a refletir sobre suas marcas e responsabilidades para com Deus e para com o mundo. Quais são essas marcas?

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4.1 O MINISTÉRIO PROFÉTICO DENUNCIA O SER DA IGREJA DE CRISTO

 

A missão de Jesus foi restaurar a comunhão de Deus com o homem, por meio de Suas palavras cheias de autoridades. Ele levou muitos a seguí-Lo e outros a odiá-Lo. Por meio de Suas palavras foi possível conhecer o que Ele pensava e também conhecer Seu propósito para com Suas criaturas. Por Suas palavras, tomamos conhecimento do verdadeiro sentido das palavras dos mandamentos divinos, sua nova ênfase nos mandamentos nos deram condições de compreender o que era não matar, não cobiçar.... Por meio de Suas palavras, Jesus soube consolar, exortar seus ouvintes. Pela autoridade de Suas palavras, os demônios foram expulsos das pessoas, e os punidos foram libertados. Por meio de Suas palavras, os milagres aconteceram. Por meio de Suas palavras, os poderosos foram repreendidos por causa de suas obras más; a finalidade de Jesus era restaurar os princípios éticos, morais e religiosos daquele povo. Por meio de Suas palavras, a mensagem do Reino foi anunciada e vivenciada.

A palavra de Jesus deu aos homens o conhecimento dos erros e ocasionou o arrependimento dos infratores, trazendo como resultado uma nova vida a estas pessoas. Paulo, na carta aos Romanos, no capítulo 10.8-15, ensina que a fé acontece no coração de uma pessoa por meio da pregação do Evangelho, pela operação do Espírito Santo. Disso se conclui que as mudanças necessárias na sociedade devem acontecer pela pregação do Evangelho, pois O Ser Igreja de Cristo é crer no poder de Deus em transformar as vidas.

Por meio das palavras do cristão, Deus estará atuando pelo poder que o próprio Jesus garantiu dar aos seus discípulos com a vinda do Espírito Santo. As palavras dos cristãos são revestidas da unção divina, estimulando a Igreja ser testemunha atuante na sociedade. A Palavra de Deus é mais cortante que uma espada de dois gumes (cf Hb 4.12). Veja-se o caso de Pedro. As palavras saídas de sua boca no dia de Pentecostes revelavam algo mais que apenas sons; revelavam o poder de Deus (cf At 2.37-41). Jesus recomendou a seus discípulos que não se preocupassem com o que teriam que dizer quando estivessem diante de Imperadores e homens de poder, pois o próprio Espírito Santo falaria por intermédio deles (cf Mc 13.11).

Cremos que a Palavra de Deus possui poder; e esta é a razão pela qual ela continua a levar a mensagem do Evangelho de Cristo a todas as nações. Cremos nisto, em vista das muitas agências missionárias espalhadas pelo mundo, enviando e sustentando seus obreiros. Esta certeza de que é Deus concedendo esta autoridade a Igreja é que motiva a obra missionária.

Mas o papel da Igreja não é apenas anunciar a mensagem redentora em Cristo Jesus, embora esta palavra possua o poder para reconciliar Deus e os homens. Outro papel fundamental do Ser Igreja Profética é também denunciar o pecado: os abusos sociais, os erros cometidos pelas autoridades mundiais. A voz da Igreja tem que ser a voz dos oprimidos e de todos aqueles que sofrem injustiças, sejam quais

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forem as causas que provoquem esta falta grave diante de Deus; é preciso levantar a voz da verdade, e buscar a justiça de Deus.

O nome de Cristo perante o mundo é um nome "maldito" (cf Jo 7.7; 15.18,19), bem como também o de seus discípulos. Como Jesus mesmo disse, o mundo jaz no maligno, e ele odiará a todos que proclamarem este nome, porque este nome representa a santidade de Deus, representa a verdade. Contra Ele toda a mentira não prevalece, pois Ele é a luz do mundo. Onde há luz não subsistem as trevas; onde há o pecado, passa a existir a santidade; onde existe a mentira, passa a existir a verdade. Por isso, o nome de Cristo é tão amaldiçoado neste mundo corrupto onde impera a mentira. Sabemos pela Bíblia que o pai da mentira é o diabo; logo está explicado o motivo deste ódio contra Cristo e contra todos seus seguidores.

Neste sentido o teólogo Bonhoeffer colabora conosco, dizendo que:

(...) em nossos dias a mera citação do nom

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e de Jesus Cristo tem inesperado poder, e dificuldade que se

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tem em pronunciar este nome talvez esteja ligada ao pressen

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timento do poder que lhe é inerente. Onde o nome de Jesus Cr

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isto é pronunciado, há proteção e reivindicação. Isto vale p

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ara todas as pessoas que, em sua luta por direito, verdade,

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humanidade e liberdade, reaprenderam a pronunciar novamente

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o nome de Jesus Cristo, ainda que de forma hesitante e em au

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têntica timidez. Este nome oferece proteção a elas e aos val

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ores pelos quais se empenham; ao mesmo tempo, é uma reivindi

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cação a estas pessoas e valores .

Pelas palavras de Bonhoeffer, apenas o pronunciar o nome de Jesus Cristo tem o poder de provocar tamanha reviravolta em qualquer sistema onde impera a opressão e a escravidão, pois o nome de Jesus possui o estigma da liberdade, e da verdade.

O Ser Igreja Profética de Cristo é não temer a nada que se oponha a verdade, pois a proclamação do Evangelho produz vida e liberdade. Nas palavras de John Stott, o evangelho é o poder de Deus para a salvação (cf Rm 1.16).

Na verdade, por

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ém, toda verdade é poderosa. A verdade de Deus é muito mais

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poderosa que as mentiras perversas do diabo. Nunca deveríamo

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s ter medo da verdade. E nem deveríamos, em tempo algum, tem

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er pela verdade, como se sua sobrevivência estivesse pendura

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da por um fio. Deus zela por ela, nunca permitirá que seja c

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ompletamente suprimida. Como o próprio apóstolo Paulo coloco

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u em 2 Co 13.8, nada podemos contra a verdade, senão em favo

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r da própria verdade

O Ser Igreja de Cristo é estar comprometido com a verdade de Deus. Ser Igreja Profética de Cristo é anunciar às boas novas as pessoas, pois ele crê na ação transformadora do poder de Deus na vida daqueles que precisam ouvir a Deus. Esta é uma das marcas que a diferencia do mundo, de que ela é de Deus. Esta marca é a evidência clara do papel reconciliador que a Igreja tem no mundo, anunciando o amor de Deus para com os pecadores e contra a injustiça. As pessoas tomam conhecimento de que existe alguém que se importa com elas e com os problemas que lhes afligem. Como disse Gardner:

O cristão não foi chamado ap

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enas para perdoar e para agir, de modo livre, para com os ir

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mãos na fé, mas também para imitar o amor de Deus para com o

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s que ainda não se reconhecem como seus filhos. E assim Deus

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convoca o crente para proclamar a todos, tanto por obras co

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mo por palavras, o sentido do seu amor redentor .

O Ser Igreja Profética de Cristo é refletir aquilo que Jesus fez por meio de suas palavras, ora confortando, ora exortando, mas sempre preocupado em reconciliar o Perfeito com o imperfeito, ou seja, levar as pessoas a reconhecerem suas faltas e necessidades diante de Deus e assim deixar em seus velhos conceitos e se reconciliarem com o Criador.

Esta ação é fundamental para o Ser da Igreja Profética de Cristo. Se ela não anuncia a verdadeira mensagem aos pecadores, ela deixa de Ser Igreja Profética de

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Cristo; se ela deixa de Ser a voz da denuncia, ela deixa de Ser a Igreja de Cristo. Portanto, o Ser Igreja Profética de Cristo é ser a voz do própria Cristo na terra, repreendendo toda forma de expressão maligna no mundo.

Concluindo esta seção, gostaria de deixar as palavras do teólogo John Stott, que disse:

Se o cristão assumisse realmente o papel que lhe cab

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e na sociedade, a sua influência seria tal que não teria esp

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aço para a injustiça e para o mal...o cristão não deveria se

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assemelhar(...) a eles (as pessoas do mundo) (Mt 6.8). Ao i

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nvés disso ele nos conclama a uma lealdade ainda maior (a do

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coração); a uma devoção mais profunda (a de filhos que se a

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proximam do Pai); e uma ambição muito mais nobre (buscar pri

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meiro o reino de Deus e Sua justiça). Somente depois que esc

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olhemos e seguimos os seus caminhos é que o nosso sal passa

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a conservar o seu sabor, nossa luz começa a brilhar, nós nos

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tornamos de fato suas testemunhas e seus servos e passamos

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a exercer uma influência integral na sociedade.

 

 

4.2 O MINISTÉRIO SACERDOTAL DENUNCIA O SER DA IGREJA DE CRISTO

 

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A vida de Jesus retratada nos Evangelhos denuncia que Seu ministério era servir tanto a Deus como as pessoas do mundo. Jesus disse que quem deseja ser grande no Reino de Deus, seja aquele que sirva aos outros (cf Mt 20.28; Mc 10.43). A vida do discípulo de Cristo é servir ao Seu Senhor (cf Jo 12.26) e, neste serviço, está a abrangência do serviço total a Jesus, pois este serviço está relacionado a toda a vida do discípulo e diz respeito a tudo o que ele faz, a todos com quem se relaciona. O verdadeiro culto a Deus é sabermos o que é bom e o praticarmos (cf Pv 3.27), como diz o sábio. Estando na nossa mão o poder de fazer o bem, não devemos recolhê-la para o não realizar em favor de quem necessita de nossa ajuda.

Jesus executou o ofício sacerdotal de maneira perfeita. Ele serviu corretamente em todos as suas ações para com Deus, pois Ele estava atento às necessidades de todos aqueles que estavam a Sua volta, amparando-os e corrigindo-os, vinde a mim os cansados e os oprimidos pois Eu vos aliviarei (cf Mt 11.28).

Por meio de Seu serviço sacerdotal, Ele apresentou suas ofertas a Deus e como serviço a Deus. Ele se ofereceu como oferta de sacrifício para que assim pudesse reconciliar Deus com os homens. O serviço prestado por Jesus não foi apenas seu corpo como vitupério pelos pecados das pessoas, mas o seu amor para com as pessoas oprimidas e necessitadas. Suas obras foram apresentadas a Deus como prova de que Ele as amava como o Pai as ama; sua vida foi sacrificada em prol do Seu próximo, como o profeta Zacarias disse em seu livro, capítulo sete, para aqueles que queriam apresentar seus sacrifícios e jejuns: antes que eles os oferecessem, primeiro deixassem de oprimir as pessoas, parassem de fazer o mal e passassem a praticar o bem para com o seu próximo. Este é o verdadeiro culto a Deus, é o verdadeiro sacrifício. Quando aprendermos a servir ao próximo, estaremos cumprindo o mandamento divino: amar a Deus e olhar para o nosso próximo e ver nesta pessoa o alvo do amor de Deus. Assim, estaremos agindo como a verdadeira Igreja de Cristo.

À pergunta em que consis

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tiria o amor, continuamos respondendo com a Escritura: na re

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conciliação do ser humano com Deus em Jesus Cristo. A desuni

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ão do ser humano com Deus e com o próximo, com o mundo e con

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sigo mesmo está terminada. Por graça, foi-lhe devolvida a or

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igem. O amor designa, portanto, a ação de Deus no ser humano

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através da qual é superada a dicotomia em que o ser humano

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vive. Esta ação se chama Jesus Cristo, reconciliação. Amor,

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portanto, é uma coisa que acontece ao ser humano, algo passi

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vo, algo de que ele não dispõe por si mesmo, porque, por def

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inição, está além de sua existência na dissensão. Amor signi

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fica sofrer a metamorfose de toda a existência por parte de

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Deus, ser incorporado ao mundo tal como ele somente pode sub

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sistir diante de Deus e em Deus. Amor não é escolha do ser h

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umano, mas eleição do ser humano por Deus

Cristo serviu, e suas obras provaram que Ele era do alto. O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é aquela que olha para o mundo e vê a oportunidade de servi-lo de tal forma que todos possam glorificar a Deus por suas obras. A Igreja de Cristo precisa demonstrar suas obras de amor a Deus para que sua adoração e louvor possam ser aceitos por Deus. Este amor é incondicional, a Igreja deve servir sem esperar receber em troca o favor do mundo, prestando contas somente a Deus, e dEle esperando sua recompensa.

Neste serviço, a Igreja precisa estar atenta para as necessidades dos irmãos em primeiro lugar, e uma forma deste serviço é a preocupação com a comunhão que todos os crentes devem ter um com o outro e com Deus.

Comu

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nhão cristã é comunhão por meio de Jesus Cristo e em Jesus C

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risto. Não há comunhão cristã que seja mais ou menos do que

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isso. Quer seja um único e breve encontro ou uma comunhão di

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ária que perdure há anos, a comunhão cristã é somente isso.

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Pertencemos uns aos outros tão-somente por meio de e em Jesu

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s Cristo.

No serviço do Ser Igreja Sacerdotal de Cristo, a preocupação com o outro deve ser a prioridade. Segundo o apóstolo Paulo, na Igreja de Cristo cada um deve considerar um superior a si mesmo (cf Fp 2.3), pois como irmandade lavada e purificada pelo sangue de Jesus, o que deve reinar é o amor sincero, não fingido, sem inveja e sem ciúmes. É nesse sentido que a Igreja do passado foi exortada pelos apóstolos do Senhor, pois estes sentimentos são carnais, terrenos e diabólicos (cf Tg 3).

Na comunhão espiritual vive o radiante amo

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r do serviço fraternal, o ágape; na comunhão anímica arde o

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amor obscuro do impulso ímpio-piedoso, o Eros. Naquela há o

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serviço fraternal ordenado, e nesta (anímica) o desejo desor

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denado por prazer; naquela há a submissão humilde entre os i

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rmãos, nesta, a submissão humilde-orgulhosa dos irmãos aos p

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róprios desejos. Na comunhão espiritual reina a Palavra de D

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eus somente, na comunhão anímica, porem, ao lado da Palavra,

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reina também a pessoa dotada de poderes, experiências e cap

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acidades sugestivo-mágica especiais. Na primeira, o que liga

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é somente a Palavra de Deus, na segunda, além da Palavra, t

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ambém a pessoa liga a si mesma. Naquela, todo o poder, honra

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e domínio estão entregues ao Espírito Santo; nesta, são bus

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cadas e cultivadas esferas de poder e influência pessoais, c

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om certeza, à medida que se trata de pessoas piedosas, na in

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tenção de servir ao maior e melhor, mas, na verdade, para de

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rrubar do trono o Espírito Santo e empurá-lo para uma distân

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cia irreal....Assim, na comunhão espiritual reina o Espírito

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, na comunhão anímica, a técnica psicológica, o método; naqu

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ela o amor serviçal, ingênuo pré-psicológica, pré-metódico p

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elo irmão, nesta, a análise e a construção psicológica; naqu

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ela, o serviço humilde e criativo ao irmão, e nesta, o trata

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mento investigador, calculista de pessoas estranhas.

A grande diferença entre as duas comunidades cristãs apontadas por Bonhoeffer está em que uma dispensa amor no serviço a Deus, e outra realça o egocentrismo de seus membros. Ainda que as duas busquem o crescimento e comunhão, a verdadeira comunhão somente pode ser operada pelo próprio Cristo por meio de Seu Espírito Santo, o qual é que opera nos corações das pessoas as mudanças

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necessárias em cada um, conforme o propósito do próprio Deus, pois Ele distribui os dons conforme a Sua vontade soberana, independente das ações das pessoas.

Jesus em Seu ministério demonstrou que Ele não pensava em Si mesmo, mas somente em Deus e nas pessoas que estavam em torno dEle. O serviço cristão deve ser de igual modo parecido ao de Jesus. Os cristãos devem ser altruístas em tudo o que fazem, ter no coração o único desejo de estar servindo a Deus e a comunidade, nunca pensar em seus próprios desejos, mas pensar sempre no bem da comunidade cristã, como também no bem da sociedade pagã.

É um fato singular que justamente cristãos e teó

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logos muitas vezes consideram seu trabalho tão importante e

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urgente que não permitem que nada no mundo os interrompa. Pe

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nsam que assim prestam um serviço a Deus e, na realidade, de

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sprezam o "caminho tortuoso, e, não obstante, reto de Deus"(

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Gottfried Arnold). Não querem saber do caminho humano consta

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ntemente entecruzado!. No entanto, faz parte da escola da hu

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manidade não poupar nossas mãos quando se trata de prestar s

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erviço, e que não assumamos o poder sobre nosso tempo, mas p

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ermitamos que Deus o preencha.

Jesus ensinou através da parábola do bom samaritano que nada é mais importante para Deus que a vida humana, por isso o serviço do Ser da Igreja Sacerdotal de Cristo é buscar a todo o custo priorizar a vida de seus membros e das pessoas que fazem parte da criação de Deus, como também de toda a vida no planeta Terra.

Outra forma de assegurar a comunhão da Igreja é o repartir da Palavra e a oração comunitária dos irmãos.

O início do dia dos

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cristãos não deve ser logo carregado e perturbado com as mui

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tas preocupações do dia de trabalho. No limiar do novo dia e

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rguer-se o Senhor que o fez. Todas as trevas e a confusão da

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noite, com seus sonhos, somente recuam perante a clara luz

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de Jesus Cristo e sua Palavra que desperta. Diante dele foge

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toda inquietude, impureza, preocupação e medo. Por isso, ca

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lem-se cedo de manhã todos os pensamentos e as palavras vãs,

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e o primeiro pensamento e a primeira palavra pertençam àque

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le ao qual pertence toda a nossa vida (cf Ef 5.14).

Uma Igreja envolta pela Palavra de Deus cresce em comunhão e amor, as orações comunitárias servem para despertar o amor de um para com o outro, pois as dores de um são a dor do outro, como também as alegrias de uns são a alegria de todos.

Com

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o vida e ação representativas, a responsabilidade é essencia

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lmente relação do ser humano com o semelhante. Cristo se fez

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ser humano e com isso assumiu responsabilidade representati

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va pelos seres humanos. Existem, também, uma responsabilidad

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e por coisas, situações, valores, mas apenas sob rigorosa ob

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servância da determinação original, essencial e final de tod

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as as coisas, situações e valores para Cristo (cf Jo 1.3), o

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Deus feito ser humano. Através de Cristo, devolve-se ao mun

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do das coisas sua orientação voltada para o ser humano, conf

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orme a criação

O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é Ser uma Igreja voltada para a comunhão de seus membros, acima de tudo entrelaçados pelo amor comum, por meio de Cristo Jesus, pois Ele é o mesmo em todos, o Seu Espírito Santo foi derramado nos corações de todos os cristãos igualmente.

Na comunhão cristã, tudo depende de que

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cada pessoa se transforme num elo indispensável de uma corr

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ente. A corrente será inquebrável só quando o menor elo engr

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enar com firmeza também. Uma comunidade que tolera a existên

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cia de membros que não são aproveitados, irá à ruína através

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deles. Será, pois, conveniente que cada pessoa receba uma t

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arefa determinada dentro da comunidade, para que, em momento

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s de dúvida, saiba que também ele não é inútil e inaproveitá

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vel (...) A exclusão dos fracos é a morte da comunhão.(...)

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Quem quer aprender a servir precisa, primeiramente, aprender

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a pensar pequeno de si mesmo (cf Rm 12.3).

O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é atentar para as responsabilidades para com Deus e para com o próximo daqueles menos favorecidos, daqueles que sofrem por causa da fome, da pobreza, das injustiças, daqueles que padecem por causa das doenças. O mandamento de Jesus é abrangente, atingindo até mesmo os encarcerados, viúvas e órfãos. A prioridade de Deus é para com a vida, seja ela de cristãos ou não cristãos, pois o Senhor é misericordioso para com todos, derramando a chuva e aquecendo a todos sem distinção (cf Mt 5.45). De igual modo, devemos também amar a todos, sem distinção de cor, raça, credo religioso ou político, status social. O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é presta o verdadeiro serviço a Deus à semelhança de Seu Senhor, ela se dá em prol dos outros, levando toda a Igreja a prestar verdadeira adoração a Deus pelas suas obras.

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O Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é saber reconciliar os cristãos aos padrões de Cristo de tal forma que eles poderão servi-Lo com todo o coração, e assim viverem conforme a vontade de Deus. A Igreja de Cristo precisa desenvolver este ministério e levar avante o projeto de Deus, no qual a comunhão dos irmãos deve ser priorizada, não com mecanismos humanos, mas pela livre ação do Espírito Santo de Deus, pois somente assim suas obras diante do mundo poderão ser reconhecidas como ação do próprio Deus por meio de Sua Igreja. À semelhança das obras de Cristo, em que todos glorificavam a Deus, assim também o Ser Igreja Sacerdotal de Cristo é proporcionar tal louvor e glória somente a Deus.

 

 

4.3 O MINISTÉRIO REAL DENUNCIA O SER DA IGREJA DE CRISTO

 

Em seu ministério real, Jesus demonstrou que era Filho do Rei. Como tal, foi um Rei vivendo no meio de seus súditos, não fazendo caso de Seu título, mas esvaziando-se completamente da "autoridade" da Sua realeza e se entregando ao serviço de Seu povo. Envolvido com seu desejo de fazer prioritariamente a vontade de Deus, Ele cumpriu todas as leis dos mandamentos de Deus, oferecendo Sua vida como sacrifício em favor de Seu povo, como o propósito de reconciliar Deus com o homem caído. Esta determinação estava focada na oportunidade de restaurar a vida dos pecadores aos padrões de Deus, propiciando assim uma nova vida.

Para o estabelecimento desta nova vida, foi necessária a remoção da barreira que separava Deus e os homens, o que foi conseguido com sucesso total por Jesus, pois Ele foi fiel aos princípios de Deus, o que o tornou o único Mediador entre Deus e os homens, e nenhum outro nome existe além do nome de Jesus Cristo.

Por meio da nova vida implantada nos corações daqueles que foram agraciados por Deus, surge agora a responsabilidade da nova vida, como Paulo disse: os que estão em Cristo são nova criatura (cf II Co 5.17). E esta nova criatura foi restaurada àquilo que Adão possuía, o livre-arbítrio. Agora, a pessoa restaurada por Deus conhece o bem e o mal, pois ela passou de um estado pecador para um estado justo, assim capacitado por Cristo a discernir o que deve e o que não deve fazer. A lei foi-nos dada como aio, para nos conduzir até Cristo, mas agora fomos emancipados por Deus, pois agora o Senhor implantou em nossos corações a Sua lei, como disse o profeta Jeremias (31.33). Portanto, agora somos responsáveis por todas nossas ações diante de Deus e diante dos homens.

O manda

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mento de Deus é a palavra de Deus ao ser humano; tanto no co

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nteúdo como na forma, é a Palavra concreta ao ser humano con

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creto. O mandamento de Deus não deixa ao ser humano espaço p

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ara aplicação ou interpretação, mas somente para obediência

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ou desobediência. O mandamento de Deus não pode ser achado e

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sabido fora de tempo e espaço; só pode ser ouvido na vincul

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ação a tempo e lugar. O mandamento de Deus é determinado, cl

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aro e concreto até os mínimos detalhes, ou não é mandamento

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de Deus.

O Ser Igreja Real de Cristo é estar voltada para cumprir a vontade de Deus e nada mais do que isto ou menos do que isto, é fazer a diferença verdadeiramente no mundo, é ser luz e sal na terra.

Está claro que a única postura adequada do ser

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humano (regenerado) perante Deus é a prática de sua vontade

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. O Sermão do monte aí está para que seja praticado (Mt 7.24

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ss). É no fazer, apenas, que se consuma a submissão à vontad

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e de Deus. No cumprimento da vontade de Deus o ser humano de

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siste de todo direito próprio, de toda autojustificação. No

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cumprimento, ele se entrega humildemente ao bondoso juiz.

O Ser Igreja Real de Cristo é se doar em prol da justiça divina, buscando com todas as suas forças lutar em prol da paz e da harmonia no mundo, pois Ela é sustentada

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e direcionada pelo próprio Deus e não pelas forças malignas ou pelo espírito humano. Cristo é aquele que dirige Seu povo, dando a verdadeira instrução, aquele que tem ciúmes por nós e geme de tristeza por causa de nossos pecados. Cristo foi para o céu para que pudesse vir o Espírito Santo, aquele que testifica de Cristo, conduzindo os pecadores até Ele, para que conheçam a verdade libertadora.

Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça,

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porque deles é o reino dos céus (Mt 5.10). Não se fala aqui

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da justiça de Deus e, portanto, não da perseguição por causa

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de Jesus Cristo; são bem-aventurados os perseguidos por uma

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causa justa - , podemos acrescentar, por uma causa verdadei

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ra, boa, humana (cf 1 Pe 3.14 e2.20). com esta bem-aventuran

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ça, Jesus contesta veementemente a errônea timidez daqueles

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cristãos que evitam todo sofrimento por uma causa justa, boa

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e verdadeira, a estreiteza, portanto, que coloca sob suspei

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ção qualquer sofrimento por uma causa justa e dele se distan

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cia(...) Jesus se importa com aqueles que sofrem por uma cau

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sa justa, mesmo que não seja exatamente a confissão de seu n

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ome; integra-os em sua proteção, em sua responsabilidade e e

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m sua reivindicação.

O Ser Igreja de Cristo é viver a nova vida oferecida a Deus, por todos que estão em Cristo; é ser um povo submisso às leis de Deus pois elas trazem vida e liberdade, diferentemente dos tempos da escravidão, onde ela era a canga sobre seus seguidores. O Ser Igreja Real de Cristo é ser, portanto, uma Igreja integrada e submissa aos propósitos divinos.

É preciso trocar as armas enferr

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ujadas pelas novas (...), os simples é quem, em meio à perve

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rsão, confusão e distorção dos conceitos, mantém os olhos vo

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ltados apenas para a simples verdade de Deus, quem não é um

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aner dipsychos um homem de duas almas (Tg 1.8), e sim homem

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de coração indiviso. Ele se apega aos mandamentos, ao juízo

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e à misericórdia que diariamente emanam da boca de Deus, por

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que tem e conhece a Deus, ele se libertou dos problemas e co

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nflitos de decisão ética. Estes não mais o afligem. Ele pert

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ence unicamente a Deus e à vontade de Deus. Pelo fato de não

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olhar o mundo de soslaio, além de Deus, o simples é capaz d

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e encarar com liberdade e sem preconceitos a realidade do mu

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ndo.

Para que a Igreja de Cristo seja verdadeiramente este agente de transformação no mundo é necessário que ela tome posse de sua personalidade; e de sua responsabilidade diante de Deus e diante dos homens. É fundamental que ela (e quando falo de Igreja, estou pensando no grupo de todos os crentes em Cristo espalhados por todo o mundo), assuma sua missão de ser submissa a Deus e a Sua lei, para que ela não corra o risco de se tornar alienada do contexto em que ela vive e de que participa.

O primeiro antídoto para essa mistura de alien

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ação secular com pessimismo cristão é a história. A história

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está repleta de exemplos de mudanças sociais resultantes da

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influência cristã(...). Não houve nenhuma outra pessoa como

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Cristo no mundo que tantas mudanças provaram no mundo; de S

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ua vida fluiu uma força tão poderosa que foi capaz de arranc

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ar milhões de pessoas da escuridão e trazem-nas para Sua mar

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avilhosa luz.

Toda vez que a Igreja de Cristo se posicionou firme na defesa da verdade divina, os paradigmas humanos foram abalados, o império das trevas foi prejudicado, e o mundo voltou a conhecer um pouco da justiça divina na terra. O Ser Igreja real é Ser submissa totalmente aos princípios divinos, e toda vez que surgir algo contrário a estes princípios a Igreja deve se posicionar contra. O Ser Igreja Real de Cristo é Ser uma Igreja que reconheça que ela deve ser subserviente ao Seu Rei e nada mais e nada menos do que isto.

(...) a Bíblia fala que para haver um

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a justificação é necessário auto-avaliação, sem, contudo, in

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correr em contradição com o fato de que, para os que vivem n

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a suspensão do saber a respeito do bem e do mal, não há mais

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escolha entre múltiplas alternativas; existe sempre só o fa

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to da eleição, para a símplice prática da uma vontade divina

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, não mais podendo haver para o seguidor de Jesus noção do p

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róprio bem.

A igreja de Cristo é a extensão da ação divina na terra; ela é o corpo da cabeça, e o cabeça do corpo é Cristo; logo concluímos que a Igreja deve andar segundo o comando de Sua cabeça. Por isso, a ênfase na submissão da Igreja às ordenanças de Jesus deve ser fundamental para a vida sadia da Igreja, pois somente assim ela será verdadeiramente o Ser Igreja Real de Cristo na terra.

Há um velho ditado popular que diz: uma andorinha só não faz verão. Queria acrescentar a este pensamento, um tanto quanto conformista e pessimista, que a Igreja como comunidade de crentes no mundo é bem grande: e portanto, é uma andorinha muito grande, que pode mudar os acontecimentos na história. A própria história nos mostra que, quando a Igreja de Cristo assumiu seu papel no mundo, sendo obediente a Deus, ela mudou o quadro de opressão, de escravidão para um quadro de vida e liberdade. Quando o corpo bem ajustado à cabeça trabalha, ele traz transformações. Esta é a ação verdadeira de uma Igreja marcada para ser vitoriosa e que carrega em seu bojo histórico uma coletânea de pessoas corajosas e submissas à vontade de Deus que venceram as forças malignas e viveram implantando o Reino de Deus na terra.

A Igreja possui o ministério da reconciliação conforme o texto de II Co 5.18-23. Nesse sentido, a igreja é a agente reconciliadora e deve exercer essa função, assim como Cristo o fez. Ela deve ser a promotora da harmonia entre os pecadores, os fracos, os pobres, necessitados e mediar juntamente às classes mais privilegiadas, a fim de promover a vida e a dignidade entre as classes; não há mais judeus e gentios, pois Jesus reconciliou consigo mesmo a todos, para viverem uma vida harmônica e em paz. Bem aventurado os pacificadores, pois dos tais é o reino de Deus. (Mt 5.6).

 

 

 

 

 

CONCLUSÃO

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A ação de Deus ao longo de toda a Bíblia sempre foi oferecer ao homem condições para uma reconciliação. Este desejo motivou o Criador para realizar a mais "louca" aventura de resgate que a história já pode presenciar. Foi a maior prova de amor que Ele poderia demonstrar às Suas criaturas, como diz o texto bíblico: O Senhor prova o seu amor para conosco pelo fato dEle ter nos amado, ainda sendo nós pecadores..., pois Ele morreu por nós para que pudéssemos ter Sua vida (cf I Jo 4.19; Rm 5.8; II Co 4.10 ).

Todos os aspectos da vida de Jesus Cristo nos demonstram a riqueza de Sua Pessoa; por isso é necessário que cada dia mais em nossa vida o conheçamos um pouco mais dela. Através dos ofícios realizados por Jesus observamos que foi o próprio Deus que se manifestou à humanidade, dando provas incontestáveis do Seu amor por nós, e tornando claro que realmente Jesus é o homem-Deus e é o Deus-homem. Por meio de Seus ensinos, aprendemos que Ele deu o verdadeiro sentido para Lei do passado, e demonstrou que somente Ele mesmo poderia cumpri-la.

Com a ida de Jesus para junto do Pai, Ele não nos abandonou, mas enviou o Seu Espírito para conduzir o Seu povo em triunfo e em verdade, revelando por meio dele toda a verdade, concedendo a este povo (Igreja) poder, dons, os quais capacitaram-no a desempenhar um grande papel no mundo.

Privamos-nos de retratar sobre a América Latina, porque entendemos que este tema abrange a totalidade mundial da Igreja de Cristo. Temos problemas gritantes em nosso Continente, principalmente nos países latinos, onde a opressão, a fome, a desigualdade social são escandalosas. Mas cremos no papel que a Igreja de Cristo pode desempenhar, para transformar esta realidade, sendo ela verdadeiramente o SER IGREJA PROFÉTICA, SACERDOTAL E REAL DE CRISTO. Ela e somente ela tem as credenciais necessárias para transformar o mundo e cumprir o seu papel reconciliador entre Deus e os homens, por meio de Cristo Jesus, que é quem está atuando por meio dela. Nela repousa o poder de Deus, que concede a cada crente capacidade divina para influenciar qualquer contexto social existente na terra.

Entendemos que pela presença viva de Deus em Sua Igreja, ela precisa demonstrar realmente o Ser Igreja Reconciliadora de Cristo na terra.

Ao longo deste trabalho se percebe o fio condutor da reconciliação de Deus com o homem e com todas as suas criaturas; pois o Ministério da Igreja no mundo é implantar e buscar a reconciliação de Deus com a humanidade (cf II Co 5:18 – 6:3).

Os ofícios de Jesus são desprezados na maioria das vezes na vida cotidiana da Igreja e da pregação pastoral em muitas de nossas Igrejas, por isso, entendo que é necessário retornarmos a eles para melhor entender o agir de Jesus entre as pessoas, certamente o Rei destitui-se de Sua glória para viver no meio do povo; a Igreja de Cristo precisa viver entre as pessoas, não isolada, não nas alturas, mas inserida no contexto e na vida das pessoas que fazem parte de sua vida, bem como também na vida de todos aqueles que são circunvizinhas a ela.

O Ser Igreja de Cristo é Ser aquela que leva o Ministério da Reconciliação a sério.

 

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