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    Psicanlise e Msica: reflexes sobre o inconsciente equvoco

    Antonio Quinet(Formaes Clinicas do Campo Lacaniano)[email protected]

    Resumo: Este trabalho demonstra as articulaes entre psicanlise e msica a partir daconcepo de Jacques Lacan do inconsciente estruturado como uma linguagem com asupremacia do significante (em relao ao significado) no tratamento das palavras peloinconsciente e tambm sua teoria do inconsciente como saber sobre "lalngua", composta pelaequivocidade, rimas, jogos de palavras e musicalidade de cada idioma que se presentificam deforma singularpara cada sujeito.Palavras chaves: inconsciente - msica - linguagem - lalngua - psicanlise

    Psychoanalysis and music: reflexions about the uncouncious - equivocal

    Abstract: This paper demonstrates the conexion between psychoanalysis and music based onJacques Lacan conception of the uncounscious structured as a language wherein there is asupremacy of the signifier over the signified in the way words are treated by the uncounscious,and, in the other hand, his theory ol "lalangue", composed by the equivocities, rimes, puns andmusic of each language which is incorporated in a very singular way by each subject.

    Key words:uncounscious - music - language - "lalangue" psychoanalysis

    Introduo

    No texto inaugural da psicanlise, A interpretao dos Sonhos, Freud desvelaas leis do inconsciente, fazendo emergir o sujeito do desejo como sujeitodeterminado pela linguagem. S temos acesso s significaes dos sonhosuma vez que so relatados, ou seja, quando a experincia solitria noturna doespectador-sonhador partilhada com um interlocutor por meio das palavrasescolhidas para relat-lo. O sonho , com efeito, a sua narrativa. napassagem do sonho para as palavras que nasce a psicanlise, quando Freudaponta que o intrprete do sonho o prprio sonhador. Essa interpretaonada mais do que a associao livre, isto , aquilo que o sonhador, em seurelato, associa a cada imagem ou cena de seu sonho. Essa associao, nocusta lembrar, uma associao de palavra em palavra que se d muitasvezes, no pelo contedo das palavras, e sim por sua sonoridade, atravs daproximidade das imagens acsticas das palavras, nos termos da lingstica,dos significantes.

    No processo de formao do sonho as lembranas, fantasias e aspiraes sotransformadas em cenas que se sucedem como um filme ou uma pea deteatro que expressam de forma no reconhecida pelo sonhador algum desejoproibido e censurado que permanece recalcado no Inconsciente. Esse desejo,

    Freud logo percebeu, de natureza sexual e recusado pelo consciente dosujeito. O sonho d um tratamento ao desejo que ele aparece disfarado e

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    assim dribla a censura e se expressa de forma a ser realizado sem que osujeito acordea no ser no pesadelo, quando o disfarce no foi to eficientee causou angstia. O fundador da psicanlise percebeu algumas regrassempre presentes na formao do sonho: a exigncia de figurabilidade, ouseja, o fato dos sonhos serem feitos com imagens e colocados em cenas

    sucessivas; a condensao, o fato de um personagem, por exemplo, poderrepresentar vrias pessoas e o deslocamento, a troca de um elemento poroutro pela via da associao. Lacan demonstrou que esses dois ltimosmecanismos equivalem a leis prprias da linguagem. A condensao equivale metfora, na medida em que uma palavra substituda por outra; e odeslocamento metonmia, pois nesta a troca de elementos se d porcontigidade. Dessa forma, no processo de formao do sonho, objetos,pessoas, idias, cenas so tratadas como palavras, ou melhor, o Inconscienteutiliza o material sonoro desses elementos e faz o sonho de forma a que osonhador no reconhea de imediato os elementos que originaram o sonho.Quanto mais censurado esse elemento, mais transformado ele .

    O Inconsciente usa os elementos originais do sonho como puros sinaissonoros, significantes, sem significado pr-estabelecido, por onde desliza odesejo. Isso nos mostra que o inconsciente musical e que sua manifestaose efetua atravs da musicalidade presente na linguagem falada, ou seja, pormeio dos sons das palavras escolhidas pelo sonhador para relatar seu sonho.O significado delas , na verdade, o desejo, to fugaz quanto o sujeito que ase manifesta. O sujeito do desejo esse fogo no artifcio da linguagem.

    O trabalho da interpretao dos sonhos consiste em passar para palavras asfiguras das cenas onricas como se decifra os rbus, as cartas enigmticas.Freud nos revela que o melhor exemplo de uma interpretao dos sonhos quenos chegam dos antigos se baseia num trocadilho. um exemplo narrado porArtemidoro sobre um sonho de Alexandre da Macednia. Julgo tambm queAristander ofereceu uma interpretao das mais felizes a Alexandre daMacednia quando havia cercado Tiro (s) e a sitiava, mas se sentiainquieto e perturbado em vista da longa durao do stio. Alexandre sonhou quevia um stiro (s) danando em seu escudo. Aconteceu que Aristander seencontrava nas vizinhanas de Tiro, a servio do rei, durante a campanha daSria. Dividindo a palavra relativa a stiro em e s (Tiro tua) estimulou orei a apertar o cerco, tornando-se este senhor da cidade.i

    Um professor de qumica, em anlise com Freud, sonha estar preparando umasubstncia, o brometo de fenil magnsio. Mas, no sonho, ele mesmo omagnsio. Percebendo que seus ps se decompem e seus joelhosamolecem, ele retira suas pernas do alambique. Logo em seguida acorda e, emestado de exaltao, brada: Fenil! Fenil! Suas associaes levam-no, pelarima, palavra em hebraico Schlemilque significa incapaz e infeliz, fazendoassim surgir a dimenso da falta, explicitada pela associao do cientistasonhador: ele se lembra de um captulo de um livro que tem por ttulo: Osexcludos do amor. O sonho a via rgia de acesso ao Inconsciente e nestetrata-se de uma "qumica silbica", como diz Freud.

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    A primazia do som no Inconsciente

    Ao reler Freud, a partir da lingstica, Lacan levanta a tese de que Oinconsciente estruturado como uma linguagem, nomeando o que evidenteem todos os exemplos de Freud ao descobrir as leis do inconsciente, ou seja,

    que no Inconsciente h uma primazia do significante em relao aos significadode cada palavra. O inconsciente trata as palavras como msica, pelo seuencadeamento sonoro. no Curso de lingustica geral de Ferdinand deSaussure que Lacan encontra seu argumento mas transformando-o a partirdaquilo que o Inconsciente ensina.iiSaussure toma uma palavra qualquer designando-a por signo lingstico eprope como exemplo uma palavra simples: rvore. Essa palavra compostapor sua imagem acstica, que seu som, que ele designa com o terno arborem latim, e por aquilo que ela significa, seu conceito, que Saussure designacom um desenho. Constitui assim o signo lingustico (a palavra) como umafrao em que o denominador o significado (o conceito) e o numerador o

    significante (sem som).

    Algoritmo de Saussure

    som

    conceito

    tesignifican

    osignificadS

    s

    Arbor

    Quando se diz arbor, temos o que ela significa e seu som. No signo lingusticoo que a palavra indica a coisa que ela representa. Quando se diz rvore,

    todo mundo j tem a representao de alguma rvore. Toda palavra, portanto,que ele chama de signo lingstico, tem seu som, que ele chama de imagemacstica (no tem nada a ver com imagem, o simples som), e o conceito dervore, ou seja, o significado daquele som que a coisa que o som designaiii. Aimagem acstica, esse som extrado de seu significado, para aqum ou paraalm do conceito que a representa, o puro som, o significante. Lacan vaiinverter essa relao, colocando o significante em cima e o significadoembaixo. Por qu? Porque o inconsciente se interessa muito mais pelosignificante do que pelo significado. Ele constitudo por cadeias designificantes, que so os encadeamentos sonoros das palavras ou seja umfraseado de sons que faz com que possamos afirmar que o inconsciente

    musical.Algoritmo de Lacan:

    osignificad

    tesignifican

    Que a fala tenha uma funo de comunicao, todos notamos isso; o que nonotamos que ela tem tambm uma funo de mal-entendido. Ao sarem deuma conferncia minha dizem: "O Quinet d isse aquilo e outros contestam.

    No, o Quinet disse aquilo outro. Se, por um lado, partilhamos de significadoscomuns a certos significantes, por outro lado, o fato de falarmos a mesma

    lngua no impede o mal-entendido prprio linguagem que nos indica que noestamos to distanciados da torre de Babel.

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    No dicionrio os significantes tm no apenas um e sim uma srie designificados. O inconsciente nos mostra que o que interessa ao sujeito, porexemplo, no uma cadeira como conceito quando ele se refere palavracadeira numa anlise. No o nvel da semntica que o interessa, ou seja, a

    definio dicionaresca de uma cadeira com sua funo mobiliria, seudeterminado material, se tem quatro ou mais pernas, se seu estilo esse ouaquele. O que interessa ao que cadeira como sonoridade - remete aosujeito, podendo remeter, por exemplo, lembrana de uma cadeira da vidalibidinal do sujeito em sua infncia. A cena de infncia foi fixada a determinadossignificantes, ou seja, cada cena tem seu memorial presente como msica, ouseja, o encadeamento de determinadas notas que se referem a determinadaspalavras. Na anlise trata-se da articulao da cadeira no com seu significadoe sim da articulao do significante cadeira com outra imagem acstica. Freudpercebe que os sonhos, os sintomas, os lapsos, so todos da ordem do chiste,como trocadilhos, porque eles funcionam na base do jogo de significantes em

    que a proximidade sonora de certas palavras ou slabas produzem aequivocao de sentido. Toda anlise uma experincia de significao, ouseja, de dar novos significados a significantes, a acontecimentos, a coisas queocorreram na vida do sujeito. s vezes o sujeito verifica que determinadascoisas no tem significao e, por outro lado a importncia de certossignificantes norteadores de sua existncia. A gente pode passar a vidaencalhado numa palavra, dizia Clarice Lispector.

    O primeiro ponto , portanto, a prevalncia do significante em relao aosignificado. Na verdade, o significado outro significante, no existe osignificado fixo de nenhum significante, pois o significado pode remeter aoutros. Se eu digo que cadeira um mvel, estou usando um som queremetem a outros significantes, e assim por diante. O inconsciente constitudo dessa forma: pelo desfilamento dos significantes, que deslizam semcessar no se detendo em significados comuns, mas a determinadossignificantes que tm um significado muito especial para o sujeito.

    O que Freud designa por cadeia associativa, Lacan chama de cadeia designificantes, um significante articulado a outro, a outro, a outro. Eis o que severifica na trilogia do significante em Freud. Como se d esta articulao desentido na psicanlise? Vemos com Saussure, que os significantes so

    articulados entre si e com seus significados correspondentes.

    S - S - S" - S"' - S"" s s s" s"' s""

    Ao encadearmos uma frase, as palavras vo apresentando seus significantes,os sons, e seus significados, os conceitos que representam. A experincia doinconsciente nos revela que no bem essa articulao que dada, mas umaarticulao em que ns temos uma cadeia de significantes e que s no final de

    uma frase que ns vamos ter o sentido do primeiro significante. Tomemos oexemplo de um tipo de alucinao de Daniel Schreber, cujo caso foi estudado

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    por Freud: "eu agora vou me...". O que significa esta frase? S poderemosconhecer seu sentido se pudermos ir at o final da frase que, no caso, elemesmo completava "... convencer de que sou louco".iv Ento o significantelouco, que o ltimo termo da frase o que d o sentido do que estavaacontecendo com ele. A constituio do sentido, que a psicanlise nos desvela,

    se d a posteriori, do final para diante. Trata-se do conceito de Nachtrglich deFreud, - o a posteriori. A anlise tambm assim, mas no s. Isso umaexperincia da vida em geral. Um acontecimento importante na vida de algumpode ter hoje para ele um significado diferente do que tinha ontem. E quemsabe se amanh j no ser ainda outro diferente? A sesso de anlise tambm ressignificada a partir do corte da sesso, que implica numaexperincia de pontuao. Lacan representa a estrutura da significao,mostrando que o vetor do significado corta o do significante produzindo osentido a posteriori.

    S s

    Da mesma forma, as primeiras notas de uma msica s adquirem sentidonuma seqncia de trs para a frente.

    Uma analisante fez um sonho que considerou estranhssimo, no qual tinhaperdido um vidro de absinto. Mas absinto? um tipo de droga, diz ela, quedava barato antigamente, no sculo passado, coisa que nem se usa mais.Falar absinto pode evocar diversas coisas, eu mesmo pensei em abscesso,porque ela havia feito recentemente um abscesso no corpo. De repente, elapassa a palavra para o francs ela teve uma educao francesa e falaabsinthe, que o mesmo significante de absente, ausente no feminino. Apassagem de uma lngua para outra muito freqente na anlise de pessoasque falam vrias lnguas, como vimos no prprio exemplo de Freud. Osignificante absente remeteu sua prpria histria sobre a qual percebeu quesempre se sentiu ausente do desejo do pai, jamais estava presente em suacasa. Na sua vida adulta reatualizando a ausncia/presena do pai, era elaquem, nas situaes em que diante do Outro social devia manifestar suapresena, respondia ausente. Estarabsente constitua assim um sintoma em

    sua vida que a fazia sofrer, pois no respondia presente convocao dodesejo. Pela pura associao de significantes, absinto trouxe baila suasituao fantasmtica e a pergunta: "qual o meu lugar no desejo do Outro?"O que ela respondia pela ausncia, por ter sempre se sentido ausente dodesejo paterno.

    O processo da anlise o processo de deciframento dessa articulaosignificante que nada mais do que um desdobramento, um desenrolar dascadeias de associao de significantes. Quando ela falou absinto e eu penseiabcesso, eu estava errado. O que mostra que quem faz a interpretao dosseus prprios sonhos o sonhador. Eu no falei abscesso para ela, apenas

    pensei, pois se eu dissesse " um abscesso", estaria dando um significadoquele absinto e com isso teria interrompido a cadeia significante e no sei se

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    ela teria chegado ao significante ausente, um significante-mestre em suahistria. Quem interpreta , portanto, o prprio sujeito ao deixar-se vagar porsuas associaes: absinto, absinthe, absente, ausente. Este ltimo significantenessa cadeia o significado de absinto. Absinto aqui no quer dizer a bebidaabsinto, quer dizer ausente. Essa sesso pode ser considerada como uma

    frase que comea com "estou procurando um vidro de absinto" do relato dosonho e termina com ausente que d, portanto, o significado ao termoabsinto, cujo significado dicionaresco pouco importou. No se trata de umsignificado que esgote o sentido, mas de um significante que remete a outracadeia associativa em que est presente a questo do desejo como desejo doOutro.

    Vejamos agora as propriedades do significante.v A primeira propriedade indicaque um significante no se define pelo significado e sim por outro significante,com o qual ele vai estar em oposio. Tomemos o significante homem. Quandose diz "o homem e a humanidade", "o homem e a massa", o homem e o

    animal e "o homem e a mulher", esse homem que est presente nessas quatroproposies o mesmo homem? Esse simples exemplo mostra que a primeirapropriedade do significante que ele s se define pela diferena. E suadiferena, se encontra em sua situao de oposio a outro significante. O quedefine, portanto, o significante a sua localizao em relao a um outrosignificante, como o significante absinto, que se ope apresente devido a seuequvoco com o significante absent.

    A segunda propriedade do significante sua topologia de composiosegundo as leis de uma ordem fechada. uma ordem que tem suas leis,como vimos, metfora e metonmia. Essa ordem fechada constitui a repetioprpria ao inconsciente mostrando que a associao livre no to livre poisas cadeias significantes tm uma amarrao que faz com que se esteja semprevoltando aos mesmos lugares, como pode ser verificado no exemplo dosnmeros ditos ao acaso: esse acaso nunca por acaso, pois o encadeamentodos significantes segue determinadas vias particulares de cada sujeito. O queFreud mostra nada mais que o acaso no inconsciente determinado e temleis.vi Por isso Lacan prope pensar o inconsciente como o conjunto de cadeiasem que cada cadeia significante, como um anel, se articula com outra cadeiasignificante formando assim anis dentro de um colar, que se articula comoutro anel de um outro colar, feito de anis e este com outro colar e assim

    sucessivamente.

    O inconsciente constitudo por anis de cadeias significantes ou cadeiasmusicais - articulados em colares que se conectam entre si. Um significante deuma cadeia faz tambm parte de outra cadeia significante que se conecta comoutros significantes mostrando assim a sobredeterminao de toda formaodo inconsciente.

    A simultaneidade de pertencimento de um mesmo significante a mais de umacadeia lhe confere uma propriedade fundamental no s para a constituio

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    dos sintomas como tambm para a tcnica analtica no que diz respeito interpretao. Trata-se da equivocidade. A equivocidade do significanteaparece como o fato de uma palavra poder ter vrios sentidos (ambiguidadesemntica) como verificamos no dicionrio, mas estruturalmente ela devida articulao e posio do significante na sua conexo com os outros. A

    equivocidade significante a caracterstica do inconsciente, a qual Lacan eleva condio de definio do prprio inconsciente ao traduz-lo do alemoUmbewustpara o francs como Une bvue (uma equivocao). O inconsciente equivocidade e nesta se repercute a diviso do sujeito e a impossibilidade desua definio por um significante que fosse unvoco e que o designasse comotal. O inconsciente estruturado como uma linguagem d mais importncia aosom do que ao sentido das palavras. Navegamos no sem-sentido ao sabor damsica inconsciente.

    A equivocidade derivada da musicalidade do inconsciente se contrape a outrapropriedade do significante que nos faz tender a tom-lo como um s e

    unvoco. Trata-se do poder de comando prprio ao significante. Ela se encontramais evidenciado no imperativo do que nas formas indicativo ou subjuntivo.Faa! Pare! Ande! O poder de comando transparece tambm evidenciado nasfalas performativas descritas por Austin em seu livro Quando dizer fazer.viiSea est muito evidenciado, essa propriedade se encontra presente em todosignificante. Esse poder tambm comparece em seu aspecto hipntico osignificante faz o outro obedecer e tambm o faz adormecer. Quem assiste auma palestra sabe que o significante pode ser um bom sonfero. Essapropriedade relativa caracterstica unitria do significante ele um, todosignificante em si um S1, significante-mestre. o sem-sentido prprio damsica (presente na fala) que nos permite escapar ao autoritarismo da palavra.O ser humano tem a doena da significao a obsesso pelo sentido. Elequer dar sentido vida, morte e s palavras que lhe vem dos outros e doOutro, que o lugar do inconsciente. Quando ele ouve uma fala ele j tende aantecipar o sentido da frase, da palavra ou da interjeio. Ele faz isso,inclusive, com a msica o que deu origem s teorias que correlacionam asmsicas com os afetos. o que as crianas nos ilustram quando noentendem uma palavra ou escutam uma palavra nova, em princpio para elas,desprovida de sentido. Sua tendncia utilizar algo que mais se assemelhadentro de seu repertrio e no lugar da palavra desconhecida colocar umsignificante cujo sentido j lhe dado por um significado conhecido. Como por

    exemplo mesinha de travisseira (no lugar de cabeceira), frica na boca (nolugar de fita), O Cristo rebent no Rio de Janeiroe os Gustavos Unidos,nas falas de crianas.

    O Inconsciente: saber sobre a lngua

    Freud chama a ateno, em seu texto inaugural da psicanlise, para aimportncia da lngua em que o sonho feito e como este utiliza todas asfacetas de seu cristal, tornando na verdade os sonhos intraduzveis, mas nempor isso inexplicveis. Os sonhos nos mostram que o inconsciente estruturadopela lngua, que Lacan, no desenvolvimento de seu ensino, elevou a categoria

    de conceito escrevendo-a em uma s palavra Lalngua (Lalangue) termo queremete a uma anterioridade da articulao de significantes que precipita uma

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    significao, como a lalao ou tatibitati das crianas. Lalngua o conceito queLacan cria para falar do efeito da linguagem no sujeito, extrado o seu efeito desentido. Isso porque a linguagem no tem existncia terica, mas ela sempreintervm sob a forma de uma lngua. Diz Lacan: Conforme a maneira como alngua foi falada e tambm ouvida por tal ou qual sujeito em sua particularidade,

    que algo em seguida sair em seus sonhos, em todo tipo de tropeo, em todotipo de dizer. Eis o materialismo em que reside a apreenso do inconsciente.viiiNo ensino de Lacan podemos diferenciar a linguagem e lalngua.

    A linguagem se refere relao de significante e significado que cada umarticula segundo a singularidade de seu inconsciente. A linguagem a mesmapara todo o ser falante, suas regras e leis so universais assim como todosujeito est submetido s propriedades do significante que se manifestam nafala consciente e nas formaes do inconsciente como os sonhos, os lapsus eos trocadilhos jocosos e tambm o sintoma na neurose. A lalngua o queresulta para o sujeito do que lhe vem da lngua materna. a lngua como

    idioma, o portugus, o francs, mas no s exatamente isso. Lalngua decada um, prpria a cada ser humano a partir da sua relao com a lngua deonde nasceu e foi criado.

    Lalngua aquilo da lngua materna que o sujeito recebe como chuva, tormentade significantes prprios quela lngua idiomtica que se depositam para elecomo material sonoro, ambguo, equvoco, cheio de mal-entendidos, cheio desentido e, ao mesmo tempo, sem sentido. o "depsito, o aluvio, apetrificao deixada como marca da experincia inconsciente por parte de umgrupo".ix Que grupo esse? Grupo lingstico, grupo familiar. Cada lngua temseus prprios equvocos (ambigidades) e Lacan chega a dizer que lalingua o conjunto do que foi depositado para um sujeito dos equvocos de sua lngua.Em portugus o significante manga pode ter vrios significados dependendodas palavras com as quais se associa: fruta, parte de um camisa, deboche.Cada lngua tem assim suas prprias rimas, suas prprias associaesfonemticas e seus trocadilhos. Alm do mais, cada lngua possui umamusicalidade assemntica prpria com palavras cujos sons se aproximam ouse afastam, independente do que significam. Isso constitui tambm a suaintradutibilidade. Ao se passar de uma lngua para outra, passa-se de umamusicalidade para outra e com isso perde-se determinadas associaes eganha-se outras.

    Lalngua,termo inventado por Lacan, conjuga a lngua com a lalao que serefere quela forma de falar do beb (aproximadamente entre 1 ano e 2 anos emeio) que parece uma lngua prpria antes mesmo da aquisio da falapropriamente dita, ou seja, antes mesmo da articulao significante.Cada ser humano, como ser falante, nasce e cresce recebendo a chuva depequenas gotas at enxurradas - da lngua em que nasce, e vai dela seapropriando e constitundo a sua lngua comeando pela lalao onde amusicalidade com seu ritmo, cadncias, entonaes, graves e agudos permite criana expressar seus desejos e afetos do jbilo ao dio, da tristeza exaltao.

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    a partir da lalngua que Lacan fez sua nova definio do Inconsciente: "oInconsciente o saber inscrito na lalngua"x ou ainda, o Inconsciente umsaber lidar com lalnguaxi. Decifrar o Inconsciente se confrontar com osenigmas trazidos porlalngua que afetam o sujeito falante.

    O advento do msico das palavras

    Joyce nos relata em alguns textos os efeitos dessa chuva de lngua que omarcaram como escritor e que ele chamou de epifanias, onde o som prevalente em relao ao significado das palavras. Ao entrar em casa... elereunia palavras e frases que no tinham sentido.xii Porm, tinham umamusicalidade, a mesma que ele encontrava na poesia. o que se podeconstatar a partir de seu comentrio literrio assim como de suas experinciasinfantis com a lngua na convivncia com seus pais. Uma cano deShakespeare ou de Verlaine, em aparncia to livre e vivaz - e to afastada detoda inteno consciente quanto a chuva caindo no jardim ou a luminosidade

    da noite - nada mais do que a expresso rtmica de uma emoo quenenhum outro procedimento poderia comunicar com tanta perfeio. xiii

    Para Lacan lalngua no s da ordem da linguagem. Ela feita de gozoxiv e fonte de "todos os afetos que restam enigmticos".xv H um gozo contido emlalngua com seus efeitos de enxurrada que deixam sulcos, marcas, leitos noser humano fazendo de cada um, um ser arrebatado e traumatizado pela duchada sonoridade e dos enigmas da lngua na qual ele se banha. Toda lalngua,por conter o gozo, uma obscenidade.xvi

    Um retrato do artista quando jovemxviicomea com a voz do pai contando parao little boyJoyce a estria de uma vaquinha-mu, a moocow, que encontra babytuckoo. Ele era baby tuckoo. Essa voz vira um canto e esse canto vira umacano: O, the wild rose blossoms/ On the little green place. Essa era a suacano. A me toca o piano para ele danar: Tralala lala,/ Tralala tralaladdy,/Tralala lala,/ Tralala lala. A me canta, o menino canta, seu corpo dana. Amsica aconteceu no corpo voz e lngua. Logo em seguida, os tios vieramvisitar seus pais. Quando ele crescesse, iria se casar com Eileen - ele disse ese escondeu debaixo da mesa. Sua tia o ameaou que, se no se desculpasse,as guias viriam lhe arrancar os olhos. Uma epifania musical irrompe em suamente. Voz do supereu. Ele ouve: Pull out his eyes,/ Apologize,/ Apologize,/

    Pull out his eyes. Seus olhos arrancar,/ Se desculpar,/ Se desculpar,/ Seusolhos arrancar. Nesse trecho, que podemos qualificar de originrio no contatode Joyce com a lngua, num primeiro momento ele nomeado por seu pai: ele baby tuckoo nomeao que ele recebe como uma encantao, ou seja, umcanto que contem a magia da criao que logo se transpe para uma frasemusical. A cano paterna se vincula cano materna que toma seu corpofazendo deste um corpo danante, um corpo musical. Mas, em seguida,irrompe a ameaa, o perigo, a punio corporal atravs do traumatismo dalalngua, tambm como uma cano: pull out his eyes! Apologize. Esse doistempos apresentam as duas valncias do gozo (ou do afeto) de lalngua: prazere dor, deleite e horror.

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    O sintoma e a msica da lngua

    No texto sobre Joyce, Lacan redefine o sintoma como acontecimento de corpo,afirmando que este corpo est ligado ao que dessa lngua se canta: lon la, lonla de lair, lon laire, de lon la

    xviii. Assim, Lacan pe em cena lalngua,

    remetendo-a diretamente lalao, de onde se origina o termo lalangue. Eispor que opto pela traduo, ou melhor, por sua transcriao em lalngua, talcomo proposta por Haroldo de Campos, pois incluiu o cantarolado de lalnguapresente na criana quando em lalao. O tral-l-l-l-l da msica componente integrante e fundamental do conceito de lalngua presente nessatraduo criada pelo poeta. Lalngua composta por significantes da lnguamaterna + a msica com a qual foram ditos.

    Os significantes de lalngua so lalados. O sintoma pode se localizar no corpo,na medida em que o sujeito sintomatiza sua relao com lalngua no corpo, efaz do seu corpo uma escritura escrevendo em seu corpo sua maneira de

    lidar com lalngua, em toda sua originalidade e transcriatividade.

    A lngua lalada pelo beb composta pela conjuno da lngua materna comolhe foi falada com a maneira como ela foi ouvida. Ao distinguirmos o enunciadode sua enunciao, encontramos nesta a maneira, o jeito e at mesmo amsica como ela foi captada pelo fala-a-ser.

    O inconsciente real como elucubrao sobre lalngua (Lacan) o inconscientemusical. Se ele privilegia o nonsense de cada lngua, porque aposta na suamusicalidade e em seus efeitos sonoros, que tocam o sujeito como ser-para-a-arte e fazem do corpo um corpo cantante e um corpo danante. A interpretaopotica , portanto, aquela que leva em conta a musicalidade de lalngua, ouseja, sua poesia.

    Se Joyce pde nos mostrar, como indica Lacan, certo tipo de manejo delalngua que nos remete ao inconsciente real e interpretao do psicanalistacomo potica, por ele, como artista, ter feito a opo pela musicalidade daspalavras, em detrimento do sentido.

    A srie de epifanias em que Joyce decide dedicar sua vida a seu ser-para-a-arte se inicia com uma frase retirada de seu tesouro a caminho do mar da

    Irlanda: A day of dappled seaborne clouds. Um dia de nuvens listradas vindasdo mar.A frase e o dia e a cena se harmonizavam em um acorde. Perguntou-se se essa harmonia era devido s cores. Retirou as cores de tudo sua voltae viu que no eram as cores, e sim a estabilidade e o equilbrio composto poraquelas palavras. Veio-lhe, sob forma de surpresa, a constatao: Ser entoque ele amava mais a elevao e a queda rtmica das palavras do que suasassociaes de legenda e cor?.

    As ondas do mar da Irlanda a Salvador que acompanham o balano daspalavras da poesia en-cantada, so como as claves de sol de lalngua.Cantarole com Dorival Caymi Minha jangada vai sair pro mar..., e voc ter

    uma vaga, uma onda-ideia da melopia que nos move. Ele ouvia uma msicadentro de si como a de lembranas e nomes dos quais tinha quase conscincia

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    mas que no podia captar por um instante sequer; e ento a msica pareceurecuar, recuar, recuar: e de cada esteira da msica nebulosa que recuava sedeslocava sempre uma nota prolongada de convocao, penetrando como umaestrela no crepsculo do silncio. Poder a interpretao do analista elevar-se eficcia potica dessa nota-estrela, no horizonte de seu silncio?

    O paradoxo do ritmo pulsional o de fazer ouvir um andamento...- trata-se deum movimento no sentido musical, como alegro ma non tropo, agitato, adgio,ou melhor dizendo, como afirma Alain Didier-Weil, ...um suingue, cujo carterrepetitivo jamais vivido como repetio montona. xix

    A temporalidade do jogo da lalngua

    O ritmo musical - modo como as notas e o silncio se organizam num espao detempo - existe em lalngua antes mesmo do advento da fala propriamente dita,no perodo de lalao. Um ritmo regular o que encontramos no chamado jogo

    do fort-da, descrito por Freud a partir da observao de seu netoxx. Quando esteficava sozinho no bero, aos 18 meses de idade, ele brincava com um carretelamarrado por um barbante. Ao segurar sua ponta ele atirava o carretel longe desi emitindo uma sequncia de notas descendentes Ooooo, seguido de umsilncio, para em seguida puxar para si o carretel emitindo uma outra srie denotas, desta vez ascendentes aaAAAAAA. Esse hit do nenm, foi interpretadopor Freud como a enunciao de Fort (longe) para o som Ooo, de Da (aqui) paraaaAAAA. o que em portugus chamamos de a brincadeira do esconde-esconde na qual o adulto fala para o beb: cadee? - ach! Freud mostracomo o nenm com esse jogo, representa as idas e vindas da me, a alternnciade sua ausncia e presena. Trata-se tambm, nos indica Lacan, de umaexperincia de simbolizao em que a partir do jogo a criana metaforiza a mee pode se separar dela, pois a representa em seu jogo ldico. Eis umaexperincia de criao: de performance e msica. A lalao desse beb no temo intuito de comunicar e sim de gozar, Genussen, com lalngua representandotragicamente o desaparecimento do Outro. A ttulo de brincadeira poderamosdizer que da dessa polaridade sonora que constitui o par de oposiosignificante ( - ) que se origina o bordo roqueiro Ooo-Yeh!.

    A interpretao do analista

    A partir do que foi dito at aqui, se coloca a questo de o qu e como o analistadeve falar para conduzir o analisante a ser o analista de sua prpria experinciado inconsciente e encontrar os significantes de sua lalngua onde estacionarame se fixaram seus dramas e sintomas. O analista no pode ser aquele que provo sentido e sim aquele que deve propiciar a produo das cadeias musicaisassociativas de cada um. Para escapar do efeito de persuaso e de comandoque toda fala contm em menor ou maior grau, ele usa a propriedade deequivocidade da lngua. Mas a interpretao analtica, que se apia noinconsciente real de lalngua, a que joga no apenas com o equvoco dosignificante, mas tambm com a musicalidade, ou seja, no ritmo e suaorganizao de silncio e sons, a altura, a intensidade, assim como a mudana

    de timbre, que caracteriza cada voz. O timbre me diz se aquele som umviolino, um avio, um trovo ou a me. Se o analista muda o timbre de sua voz

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    ao repetir os significantes do analisante, o efeito outro apesar do enunciadoser o mesmo.

    Eu so, logo existo

    Assim, a interpretao psicanaltica no tem efeitos apenas por seu texto e simpela maneira como dita a partir da imensa variao que possvel se dizeruma frase qualquer. Lacan chegou a dizer: fao uma palavra dizer qualquercoisa que eu queira. A maneira como se fala que trar um dizer para alm dosentido dos ditos como efeito dos significantes. Um enunciado varia conforme amaneira como dito: interrogativo, suspensivo, imperativo, suave, enrgico,etc... Falar qualquer texto que seja j uma interpretao. Nesse sentido, falar interpretar. A interpretao pode, portanto, ser entendida como interpretaoteatral, ou seja, a maneira como um ator d seu texto, com sua enunciao,pausas, entonaes e musicalidade do texto que poder dar um sentidodiferente e at oposto ao que est dizendo. O teatro, como a sesso de anlise,

    o lugar da poesia viva. s ao ser dita, que a letra mostra de uma poesia numlivro fechado ento vivificada. A msica de uma fala com seu tom, andamento,pausas, em suma, como um intrprete de um instrumento musical faz com umapartitura, que evoca o sentido do texto, sem no entanto enunci-lo.

    Segundo Paul Valry: A poesia uma longa hesitao entre o som e osentido. Esse som da poesia se encontra na msica de lalngua, comoencontramos na prpria definio de poesia no dicionrio Robert da lnguafrancesa. A poesia, de acordo com o dicionrio Robert, a arte da linguagemque visa exprimir ou sugerir algo atravs do ritmo, da harmonia e daimagemxxi, sendo os dois primeiros caracteres musicais. Lacan j dizia em1953: Basta escutar a poesia... para que se faa ouvir uma polifonia e se vejaque todo o discurso se alinha nas vrias pautas de uma partitura.xxii Da mesmaforma, o inconsciente real como saber de lalngua polifnico escrito a vriasvozes que ecoam na fala, no pensamento e no corpo do ser falante. Como dizHenri Michaux Je suis gong, ouate e chant neigeux:je le dis et jen suis sr.Eu sou gongo, forro e canto de neve; eu digo isso e tenho certeza disso. Elenos aponta assim que sou um ser musical, vibrante, de percusso, gongo, eforro de algodo, l ou seda (ouate o nome que se d para enchimento ouentre-tela de roupa) e tambm canto. ao dizer isso que eu o sou. Eu so doverbo soar. O dito um ato performativo e musical de afirmao do fala-a-ser.

    O real no faz sentido, mas ressoa. Ele se manifesta na ressonncia delalngua, na sua musicalidade por onde se expressa o real do inconsciente.L onde o sentido se esvai, desvela-se um novo cogito para o ser falante que, em suma, um corpo cantante: Eu so, logo existo.

    Referncias:

    DIDIER-WEIL, Alain, Trabalhando com Lacan. Rio de Janeiro: Ed. Zahar.

    FREUD, Sigmund. A interpretao dos sonhos, Obras Completas, Standart Edition Brasileira.Rio de Janeiro: Editora Imago, v. IV, 1969.

    _______________. A interpretao dos sonhos (O caso Schreber), Obras Completas,Standart Edition Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Imago, v. XI, 1969.

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    __________._____ Para-alm do princpio do prazer, Obras Completas, Standart EditionBrasileira. Rio de Janeiro: Editora Imago, v. XVIII, 1969.

    LACAN, Jacques. A instncia da letra ou o inconsciente desde Freud, Escritos. Rio deJaneiro: Ed. Zahar, 1998.

    _______________, Jacques. O Seminrio sobre a carta roubada. Rio de Janeiro, Jorge ZaharEditor, 1968.Austin, J. L. Quand dire, cest faire, Paris, Seuil, 1970.

    _______________. Confernce Genve sur le symptme, (4/10/1975) in Le bloc-notes depsychanalyse, Paris, 1985, n. 5._______________. Seminrio 24, l'Insu que sait de l'une bvue.

    ______________. Outros escritos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2003.

    ______________. La tercera, Intervenciones y textos 2, Ed. Manantial, Buenos Aires, 1985.

    ______________. O seminrio, livro 20, Mais, ainda, Rio de Janeiro, 1979.

    _______________. Funo e campo da fala e da linguagem, Escritos. Rio de Janeiro: Ed.Zahar, 1998.

    JOYCE, James, Setephan Hero, Oevres complete, Paris, La Pliade, t.1.

    _______________, Stephan Hero, Oeuvres, T.1, La Pleade, 1982.

    _______________.A portrait of na artist as a yong man. Londres: Everymans Library, 1991.

    ROBERT, Dictionnaire de la Langue Franaise. Paris: (editora prpria), 1985.

    SAUSSURE, Ferdinand. A natureza de signo lingustico in Curso de lingistica geral. SoPaulo: Ed. Cultrix, 7 ed., 1976.

    Sobre o autor

    Antnio Quinet psicanalista, psiquiatra e doutor em filosofia pelaUniversidade de Paris VIII. autor, entre outros, de As 4+1 condies daanlise (1991), A descoberta do inconsciente (2000), Um olhar a mais (2002)e A lio de Charcot (2005), todos publicados pela editora Zahar, almde Teoria e clnica da psicose (Forense Universitria, 2000).

    Notas

    iFreud, Sigmund, A interpretao dos sonhos, Obras Completas, Standart Edition Brasileira.Rio de Janeiro: Editora Imago, v. IV, p. 106.ii Lacan, Jacques, A instncia da letra ou o inconsciente desde Freud, Escritos. Rio deJaneiro: Ed. Zahar, p 496-533.iii Saussure, Ferdinand, A natureza de signo lingustico in Curso de lingistica geral. SoPaulo: Ed. Cultrix, 7 ed., 1976, p. 130.ivFreud, Sigmund, A interpretao dos sonhos (O caso Schreber), Obras Completas, op.cit,v.

    XI.v Cf. Lacan, Jacques, A Instncia da Letra no inconsciente ou a Razo desde Freud (1957) inEscritos, op.cit.

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    vi No texto dos Escritos O Seminrio sobre A carta roubada e seus anexos, Lacan coloca numgrafo o resultado de um jogo de par ou impar feito ao acaso mostrando que esse grafo orientado, com vias possveis e outras impossveis. Cf. Jacques Lacan, O Seminrio sobre acarta roubada. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, p. 59-66.vii

    Austin, J. L. Quand dire, cest faire, Paris, Seuil, 1970.viii Lacan, Jacques. Confernce Genve sur le symptme, (4/10/1975) in Le bloc-notes depsychanalyse, Paris, 1985, n. 5, p. 12.ix Lacan, Jacques. La tercera, Intervenciones y textos 2, Ed. Manantial, Buenos Aires, 1985, p.89.x Lacan, Jacques. La tercera, op.cit., p. 104.xi Lacan, Jacques. O seminrio, livro 20, Mais, ainda, Rio de Janeiro, 1979, p. 189-190.xii Joyce, James, Setephan Hero, Oevres complete, Paris, La Pliade, t.1, p. 346.xiiiJoyce, Stephan Hero, Oeuvres, T.1, La Pleade, 1982, p. 388.xiv Lacan, Jacques, op.cit., p. 89.xv Lacan, Jacques, Seminrio XX, p. 189-90.xvi cf. Lacan no Seminrio 24, l'Insu que sait de l'une bvue..xvii Joyce,James.A portrait of na artist as a yong man.xviii

    Lacan, Jacques, Outros escritos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2003, p. 565. (esta fraseno para ser traduzida, como o foi na verso brasileira de Outros escritos, e sim para ser lidaem voz alta e at mesmo cantada).xix Didier-Weil, Alain, Trabalhando com Lacan. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, p. 31.xxFreud, Sigmund, Para-alm do princpio do prazer, Obras Completas, op. cit.xxi Robert, Dictionnaire de la Langue Franaise. Paris: (editora prpria), 1985.xxii Lacan, Jacques, Funo e campo da fala e da linguagem, Escritos, op.cit., p. 238,