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UNIVERSIDADE DO ALGARVE ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA ÁREA DEPARTAMENTAL DE ENGENHARIA CIVIL APONTAMENTOS DE COMPLEMENTOS DE MATEMÁTICA (REVISÕES SOBRE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL)

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UNIVERSIDADE DO ALGARVE

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA

ÁREA DEPARTAMENTAL DE ENGENHARIA CIVIL

APONTAMENTOS DE

COMPLEMENTOS DE MATEMÁTICA

(REVISÕES SOBRE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL)

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Revisões sobre funções reais de variável real

APONTAMENTOS DE COMPLEMENTOS DE MATEMÁTICA

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Sumário: Revisões sobre funções reais de variável real

i) Domínios; ii) Noções topológicas; iii) Limites e continuidade; iv) Derivadas, diferenciabilidade e diferencial; v) Gráficos; vi) Função composta; vii) Integrais; viii) Equações diferenciais.

As funções reais de variável real (f.r.v.r.), podem descrever o comportamento de uma determinada

grandeza que apenas depende de um factor. E podem ser definidas por

:

( )ff D

x y f x

⊆ →

→ =

� �.

Na disciplina de Complementos de Matemática, estudam-se funções mais gerais. Estas contemplam

o caso de grandezas que dependem de mais do que um factor. As funções vectoriais de variável

vectorial, ou campos vectoriais, e as funções reais de variável vectorial, ou campos escalares

(funções com várias variáveis).

Antes de se passar ao estudo das funções com várias variáveis, faz-se uma breve revisão sobre as

f.r.v.r., nomeadamente no que diz respeito a, domínios, noções topológicas, limites, continuidade,

derivadas, diferenciabilidade, diferencial, função composta, integrais e equações diferenciais.

Esta revisão vai ter por base a seguinte função

2

1

2, 0

( ) 1, 0x

x xx

f x xe x+

� − ≥�= −�� <�

. (0.1)

Trata-se de uma função definida por ramos, onde existe uma variável dependente ( ( )y f x= ) e uma

variável independente (x). Portanto, uma f.r.v.r..

1º ramo: para 0x ≥ a função está definida por 2 2

( )1

x xy f x

x−= =−

;

2º ramo: para 0x < a função está definida por 1( ) xy f x e += = .

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i) Domínios

Definição 0.1: O domínio, fD ⊆ � , de uma f.r.v.r., :f →� � , é o conjunto de valores da

variável independente para os quais a função está definida, ou seja,

{ }: ( )fD x f x= ∈ ∈� � .

Definição 0.2: O contradomínio, fCD ⊆ � , de uma f.r.v.r, ( )y f x= , é o conjunto de valores de y obtidos quando x percorre o domínio da função { }( ) :f fCD y f x x D= = ∈ ∈� .

Exemplo 0.1: A função (0.1) está definida por ramos, portanto, para se calcular o seu domínio,

deve estudar-se o domínio das funções definidas nos seus ramos:

• 1º ramo: Apesar de se indicar que neste ramo a função é válida para 0x ≥ , a função deste ramo

está definida para { :1 0} \{1}D x x= ∈ − ≠ =� � , assim o domínio deste ramo é

[ [ [ [1 0 0\{1} \{1} 0,1fD + += = = ∞� � �� � ��� ;

• 2º ramo: Nesse ramo a função está definida para 0x < , uma vez que, o domínio da função

deste ramo é � , então ] [2

,0fD −= = −∞� �� .

Portanto, fazendo a reunião dos domínios dos ramos, vem

] [ [ [ [ [ ] [ ] [1 2

,0 0,1 ,1 \{1}f f fD D D= = −∞ ∞ = −∞ ∞ =� �� � ��� � ��� .�

ii) Noções topológica

Definição 0.3: Seja X ⊆ � , 0r > e ] [( , ) { :| | } ,d a r x x a r a r a r= ∈ − < = − +� uma vizinhança

de a ∈� ,

• int( ) ( , )a X d a r X∈ ⇔ ⊂ . Repare-se que, int( )X X⊆ .

• ext( ) ( , ) \ ca X d a r X X∈ ⇔ ⊂ =� (complementar de X , cX X �� � ).

• front( ) ( , )a X d a r X⇔� � � e ( , ) cd a r X� � (sse não for nem interior nem exterior a

X).

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Estes conjuntos são disjuntos dois a dois, isto é, int( ) ext( )X X� �, int( ) front( )X X� � e

ext( ) front( )X X� �, e a sua união é o universo considerado, isto é,

int( ) ext( ) front( )f f fD D D = �� � .

Definição 0.4: O conjunto X ⊆ � diz-se:

• aberto sse coincide com o seu interior.

• fechado sse coincide com a sua aderência, ad( ) int( ) front( )X X X X� � � , ou seja, sse o seu

complementar for aberto. Repare-se que, ext( ) \X X�� .

• limitado sse existir uma vizinhança de � que o contenha.

• compacto sse for limitado e fechado.

Estas noções são importantes, porque, por exemplo, só se poderá definir derivada de uma função

num ponto interior do domínio.

Exemplo 0.2: Classificação topológica do domínio da função (0.1).

Como foi visto, \{1}fD = � , vindo:

• int( ) \{1}f fD D= =� , fD é aberto;

• ext( )fD = ∅ ;

• { }front( ) 1fD = .

• { }ad( ) int( ) front( ) \{1} 1f f f f fD D D D D= = = = ≠� �� � , logo, fD não é fechado.

O conjunto fD não é limitado (pois não existe uma vizinhança de � que o contenha) e não é

fechado, logo não é compacto. �

iii) Limites e continuidade

Definição 0.5: Uma função f diz-se contínua num ponto a sse lim ( ) ( )x a

f x f a→

= . Por outro lado, caso

a função não seja contínua nem prolongável por continuidade ao ponto a, diz-se descontínua nesse

ponto.

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Exemplo 0.3: A continuidade da função (0.1), deve ser estudada nos dois ramos e no ponto de

mudança de ramo, 0x = .

• Para 0x ≥ (1º ramo), a função é contínua para [ [ ] [( )0,1 1,x∀ ∈ +∞� , por se tratar de uma

função racional.

• Para 0x < (2º ramo), a função é contínua, pois trata-se de uma função exponencial, que é

contínua em � .

• Para 0x = , (0) 0f = , 2

0 0

2lim ( ) lim 0

1x x

x xf x

x+ +→ →

−= =−

e 1

00lim ( ) lim x

xxf x e e

+

→→= = . Portanto

∃0

lim ( )x

f x→

, uma vez que, 0 0

lim ( ) lim ( )x x

f x f x+ −→ →

≠ , logo a função não é contínua neste ponto.

Pode concluir-se que a função é contínua em \ {0,1}� .�

iv) Derivadas, diferenciabilidade e diferencial Em geral, quando uma grandeza y está expressa em função de outra x, ou seja, ( )y f x= , observa-se

que, para uma dada variação x h∆ = de x, ocorre, em correspondência, uma variação y f∆ = ∆ de y,

desde que y não seja uma função constante.

Considerando a recta r que passa nos pontos 0 0( , ( ))x f x e 0 0( , ( ))x x f x x+ ∆ + ∆ , portanto, secante à

curva ( )y f x= , o declive desta recta é dado por

0 0 0 0

0 0

( ) ( ) ( ) ( )( )r

f x x f x f x x f xm

x x x x+ ∆ − + ∆ −= =+ ∆ − ∆

,

que pode ser encarado como uma medida da «taxa média de variação» de f, por unidade de

comprimento, entre os pontos 0x e 0x x+ ∆ (variação de y para cada variação unitária em x,

velocidade média de crescimento da função). Conforme x∆ se aproxima de zero, o ponto

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0 0( , ( ))x x f x x+ ∆ + ∆ aproxima-se do ponto 0 0( , ( ))x f x , e a recta continua secante ao gráfico, sendo

determinada por dois pontos cada vez mais próximos. Na posição limite, quando 0x∆ → , esta

recta passa a ser tangente, tr , ao gráfico da função no ponto 0 0( , ( ))x f x , com declive

0 0

0

( ) ( )lim

tr x

f x x f xm

x∆ →

+ ∆ −=∆

.

A derivada de uma função de equação ( )y f x= é uma função de x, que por definição é dada pela

expressão

0

( ) ( ) ( )( ) lim

x

dy df x f x x f xf x

dx dx x∆ →

+ ∆ −′= = =∆

.

A derivada é, portanto, um operador matemático que transforma uma função noutra função. Num

determinado ponto dá a taxa de variação pontual ou instantânea da função nesse ponto,

geometricamente corresponde ao declive da recta tangente ao gráfico da função ( )y f x= nesse

ponto e trigonometricamente corresponde à tangente que essa recta faz com o eixo das abcissas (ou

seja ( ) tgf x α′ = , onde α é o ângulo que a recta tangente forma com o eixo horizontal, medido no

sentido anti-horário).

Em particular, quando ( )y f t= descreve a posição de um objecto no instante t quando este se move

numa linha recta, ( )f t′ descreve a velocidade (instantânea) do objecto no instante t.

O cálculo das derivadas pode ser efectuado através da definição ou pelas regras de derivação.

Definição 0.6: Uma função f diz-se diferenciável no ponto a, se for possível aproximar a função,

em a, por uma aplicação linear.

Geometricamente este facto traduz-se em � pela existência de uma recta tangente ao gráfico de f

em a. Quer dizer, se uma função tiver derivada finita num ponto então é diferenciável nesse ponto.

Portanto, para f.r.v.r. ser diferenciável é equivalente a ser derivável.

Teorema 0.1: Se uma função : ff D ⊆ →� � é diferenciável num ponto int( )fa D∈ , então é

contínua nesse ponto.

( )f x diferenciável� ( )f x é contínua

( )f x contínua � ( )f x diferenciável

( )f x não contínua � ( )f x não diferenciável

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Exemplo 0.4: A diferenciabilidade da função (0.1), deve ser estudada nos dois ramos e no ponto de

mudança de ramo, 0x = .

• Para 0x < (1º ramo), a função é diferenciável [ [ ] [( )0,1 1,x∀ ∈ +∞� , uma vez que admite

derivada finita nestes pontos. Para 1x = a função não é diferenciável por não ser contínua.

• Para 0x > (2º ramo), a função é diferenciável, uma vez que a função definida neste ramo

admite derivadas finitas x∀ ∈� , por se tratar de uma função exponencial.

• Para 0x = , a função não é diferenciável uma vez que não é contínua nesse ponto. Note-se que,

(0 ) 2 (0 )f f e+ −′ ′= − ≠ = , logo não existe (0)f ′ e consequentemente, também não é

diferenciável nesse ponto.

Pode concluir-se que a função é diferenciável em \ {0,1}� .�

Definição 0.7: O diferencial da função ( )y f x= é dado por ( )dy

dy dx f x dxdx

′= = .

Para f.r.v.r, ( )y f x= , pode calcular-se aproximadamente a variação de y, ou seja, y∆ , para uma

variação, x∆ , em x, em torno de um ponto x a= utilizando diferenciais: ( )y dy f a dx′∆ ≈ = . Isto

representa, na realidade, que se está a aproximar a curva ( )f x em torno de x a= , por uma recta

tangente que passa por a, dada por, ( )( ) ( )'y f a x a f a= − + .

Por definição, dx x= ∆ . No entanto, costuma-se usar dx quando se trata de quantidades pequenas

(infinitesimais) e x∆ quando se trata de quantidades finitas usadas na prática.

v) Gráficos Muitas vezes é importante conseguir uma visualização gráfica duma função, isto é, estabelecer uma

associação geométrica entre cada ponto do seu domínio e respectiva imagem, os valores do

contradomínio.

Definição 0.8: Define-se gráfico, fG , de uma função : ff D ⊆ →� � ao lugar geométrico dado

por { }( , ) : , ( )f fG x y x D y f x= ∈ = .

A representação gráfica de uma f.r.v.r. faz-se num espaço bidimensional, 2

fG ⊂ � .

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Exemplo 0.5: Representação gráfica da função (0.1). Para se construir o gráfico de uma função, é

útil estudar analiticamente o comportamento da mesma, em particular, o domínio, as intersecções

com os eixos, as assíntotas, a monotonia e a concavidade, aplicando os conceitos até aqui

apresentados.

1) Domínio: Como foi visto, \{1}fD = � .

2) Intersecções com os eixos:

• Para 0x ≥ ,

Eixo das abcissas: 2

22( ) 0 0 2 0 1 0 0 2

1x x

f x x x x x xx

−= ⇔ = ⇔ − = − ≠ ⇔ = =−

� . Estes

valores são os zeros da função, que estão definidos quer no domínio deste ramo, quer no domínio da

função.

Eixo das ordenadas: (0) 0f = . • Para 0x < ,

Eixo das abcissas: 1( ) 0 0xf x e += ⇔ = , esta equação não tem solução. Quando 0x < a função não

intersecta o eixo das abcissas.

Eixo das ordenadas: (0) 0f e= > . Apesar de fe D∈ , este valor não pertence ao domínio do 2º ramo

da função. Quando 0x < a função não intersecta o eixo das ordenadas.

3) Assíntotas Verticais (A.V.):

Como a função apresenta dois pontos de descontinuidade para 0x = e 1x = , é possível ter

assíntotas verticais nestes pontos.

• Para 0x = ,

1

0 0

2

0 0

lim ( ) lim

02lim ( ) lim 0

1

x

x x

x x

f x e e

xx xf x

x

− −

+ +

+

→ →

→ →

�= =�� =�−= = �

− �

não é uma A.V.

• Para 1x = ,

2

1 1

2

1 1

2 1lim ( ) lim

1 0 12 1

lim ( ) lim1 0

x x

x x

x xf x

x xx x

f xx

− −

+ −

+→ →

−→ →

�− −= = = −∞��−� =�

− − �= = = +∞�− �

é uma A.V. bilateral.

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4) Assíntotas não Verticais (A.V.) ( y mx b= + ):

• Para 0x > , sendo 2 2

( ) 21lim lim lim 11x x x

x xf x xxm

x x x→+∞ →+∞ →+∞

−−−= = = = −−

e

2 2lim [ ( ) ] lim lim 1

1 1x x x

x x xb f x mx x

x x→+∞ →+∞ →+∞

− −= − = + = =� �− − �,

conclui-se que 1y x= − + , é uma assíntota oblíqua quando x → +∞ . • Para 0x < , sendo

1( )lim lim 0

x

x x

f x em

x x

+

→−∞ →−∞= = = (há uma assíntota horizontal)

e 1lim [ ( ) ] lim 0 0x

x xb f x mx e +

→−∞ →−∞ = − = − = � ,

conclui-se que 0y = , é uma assíntota horizontal quando x → −∞ .

5) Extremos e monotonia:

• Para 0x ≥ : 2 2

22

2 2 2( ) 0 0 0 2 2 0 1 0

1 (1 )x x x x

f x x x xx x

′� �− − + −′ = ⇔ = ⇔ = ⇔ − + − = − ≠� �− −� � , esta

equação é impossível, portanto, ( )f x′ não tem zeros no 1º ramo (não tem extremos) e como

2 2 2 0x x− + − < 1 e 2(1 ) 0x− ≥ , tem-se ( ) 0f x′ < . Assim, ( )f x é decrescente para 0x ≥ .

• Para 0x < , 1 1( ) 0 ( ) 0 0x xf x e e+ +′ ′= ⇔ = ⇔ = , equação impossível, logo ( )f x′ não tem zeros

no 2º ramo (não tem extremos) e como ( ) 0f x′ > , 0x∀ < , ( )f x é crescente para 0x < .

6) Pontos de inflexão e Concavidade:

• Para 0x ≥ : 2

3

2 2( ) 0 0 0

1 (1 )x x

f xx x

′′� �− −′′ = ⇔ = ⇔ =� �− −� �, é uma condição impossível, x∀ ∈� ,

logo ( )f x′′ não tem zeros no 1º ramo (não tem pontos de inflexão). Mas, como ( ) 0f x′′ < ,

quando 0 1x≤ < , ( )f x tem a concavidade virada para baixo para 0 1x≤ < e, como ( ) 0f x′′ > ,

quando 1x > , ( )f x tem a concavidade virada para cima para 1x > .

1 Parábola com concavidade virada para baixo.

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• Para 0x < : 1 1( ) 0 ( ) 0 0x xf x e e+ +′′ ′′= ⇔ = ⇔ = é uma condição impossível, x∀ ∈� (não tem

pontos de inflexão), em particular para 0x∀ < , onde ( ) 0f x′′ > , assim, ( )f x tem a

concavidade virada para cima para 0x < .

7) Quadro resumo:

x −∞ 0 1 + ∞ ( )f x′ + − − ( )f x′′ + − + ( )f x � � � � � �

A figura seguinte ilustra a representação gráfica da função.

O gráfico mostra que a função não é contínua na origem, e que a função não admite extremos, em

particular, que 0x = não é um ponto de máximo da função. �

vi) Função composta

Definição 0.9: Sejam : ff D ⊆ →� � e : gg D ⊆ →� � duas f.r.v.r, a composta de f e g,

designada por fog , é definida do seguinte modo:

i) O domínio de fog é o conjunto fogD formado pelos objectos gx D∈ que verificam a condição

( ) fg x D∈ , i.e, { : ( ) }fog g fD x D g x D= ∈ ∈ ;

ii) Para cada fogx D∈ , ( )( ) [ ( )]fog x f g x= .

Se ( )g fg D D⊂ , tem-se fog gD D= ; se ( )g fg D D = ∅� , fog é a função vazia.

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Exemplo 0.6: Supondo 2 2

( )1

x xf x

x−=−

e 1( ) xg x e += , então

( 1) 11

1

( 2)( )( ) [ ( )]

1

x xx

x

e efog x f g x f e

e

+ ++

+

− = = = � −

e 2 2 22 2 1 3 12 11 1 12

( )( ) [ ( )]1

x x x x x x xx x xx x

gof x g f x g e e ex

− − + − − ++− − − −= = = = =� �− �

.

Verifica-se que ( )( ) ( )( )gof x fog x≠ .�

Definição 0.10: As funções : ff D ⊆ →� � e 1

1 :f

f D −− ⊆ →� � dizem-se inversas se

satisfazem as duas seguintes condições:

i) 1( )( )f of x x− = (função identidade), fx D∀ ∈ ;

ii) 1( )( )fof x x− = , 1fx D −∀ ∈ .

O símbolo 1f − deve ser sempre interpretado como a inversa de f e não como 1f

, o inverso de f.

Exemplo 0.7: Cálculo da inversa da função 1( ) xg x e += . Igualando a função a y e resolvendo-a em

ordem a x, vem,

1 ln 1 ln( ) 1xy e y x x y+= ⇔ = + ⇔ = − , portanto 1( ) ln( ) 1g x x− = − .

Verifique-se, agora, que as funções ( )g x e 1( )g x− , são inversas:

i) 1 ln( ) 1 1( )( ) (ln( ) 1) xgog x g x e x− − += − = = ;

ii) 1 1 1 1( )( ) ( ) ln( ) 1x xg og x g e e x− − − −= = − = . c.q.d.�

O resultado que segue, expressa a derivada da composição fog em termos das derivadas de f e g,

permitindo derivar funções complicadas utilizando derivadas de funções mais simples.

Teorema 2 (Regra da cadeia): Se g é diferenciável em x e f é diferenciável em ( )g x , então a

função composta fog é diferenciável em x. Para além disso ( ) ( ) ( ( )) ( )fog x f g x g x′ ′ ′= .

Alternativamente, se ( ( ))y f g x= e ( )u g x= , então ( )y f u= e dy dy dudx du dx

= .

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Exemplo 0.8: Cálculo da derivada de y gof= , onde f e g são dadas no exemplo 6.

Do exemplo 6, 2 3 11[ ( )]

x xxy g f x e

− +−= = , pretende-se calcular ( ) ( )y gof x′ ′= .

Seja 2 21

x xu

x−=−

e 1( ) ( ( ))uy g u e g f x+= = = , como 1udye

du+= e

2

2

2 2( 1)

du x xdx x

− += −−

vem

2 3 12 21 1

2 2

2 2 2 2( 1) ( 1)

x xu xdy dy du x x x x

e edx du dx x x

− ++ −− + − += = − = −

− −.

Obviamente 2 2 23 1 3 1 3 12 21 1 1

2

3 1 2 21 ( 1)

x x x x x xx x xx x x x

y e e ex x

− + − + − +− − −

′ ′� � � �− + − +′ = = = −� � � �� � − −� �� �.�

vii) Integrais O cálculo de integrais definidos é de importância fundamental devido às suas variadas aplicações

nas diferentes áreas. Consideramos primitivas quando não existem extremos de integração e

integrais quando existem.

Primitivar pode ser considerado como a operação “inversa” de derivar. Por exemplo, uma vez que

1 1( )x xe C e+ +′+ = , então 1 1x xe dx e C+ += +� (sendo C uma constante). Esta última é considerada uma

primitiva imediata, a forma mais fácil de primitivar. Pode-se ver que uma função tem infinitas

primitivas que diferem entre si de uma constante.

Caso as primitivas não sejam imediatas, dois métodos usuais de cálculo são:

• Primitivação por partes: Seja ( )u u x= e ( )v v x= , então pela derivada do produto

( )uv u v v u′ ′ ′= + primitivando ambos os membros desta igualdade resulta

( ) ( )P uv P u v v u uv Pu v Pv u Pu v uv Pv u′ ′ ′ ′ ′ ′ ′= + ⇔ = + ⇔ = − .

Exemplo 0.9: Cálculo da primitiva 1xxe dx+� , utilizando o método de primitivação por partes.

1 1

1

x xu e u e

v x v

+ +′� = � =� ′= � =�

donde �� �� � �1 1 1 11 ( 1)x x x x

vv u v u u

x e dx x e e dx x e C+ + + +

′′= − × = − +� � .�

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• Primitivação por substituição: Para a qual se dá um exemplo.

Exemplo 0.10: Cálculo da primitiva 1xe dx+� , utilizando o método de primitivação por

substituição.

Fazendo 1

( )

1 1ln( ) 1x

x x u

dxe u x u dx du

du u u+

== � = − � = � = , substituindo na expressão original a nova

variável, 1 1xe dx u du du u Cu

+ = × = = +� � � , voltando à variável original

1

1 1x

x x

u ee dx u C e C

+

+ +

== + = +� , como seria de esperar. �

Uma das aplicações dos integrais é no cálculo de áreas. Exemplo 0.11: Cálculo da área delimitada pelas condições 0y > , 1xy e += e 0x < .

Tendo em conta o gráfico da função (0.1), através de integrais simples:

0 01 1 1 0 0 1 1 0 1 1( 0) lim lim [ ] lim [ ] lim 0x x x A A

AAA A A Ae dx e dx e e e e e e+ + + + + + +

−∞ →−∞ →−∞ →−∞ →−∞− = = = − = − = >� �

Apesar de se tratar de um integral impróprio, é possível calcular esta área.

Ou através de integrais duplos: 10

0

xedydx e

+

−∞=� � .�

Exemplo 0.12: Cálculo da área delimitada pelas condições, 2 21

x xy

x−=−

e 120 x< < .

A área pedida pode ser obtida através do cálculo 1 12 22 2

0 0

2 20

1 1x x x x

dx dxx x

� �− −− =� �− −� �� � .

Como 2 21

x xx

−−

é uma função racional imprópria (grau do numerador maior que o do

denominador), fazendo a divisão de polinómios, vem 2 2 1

11 1

x xx

x x− = − −− −

.

Donde

( )1

1 12 2 21 1 12 28 2 20 0

0

2 11 ln(1 ) ln 0 0,31815 0

1 1 2x x x

dx x dx x xx x

− � �− = − − = − − − = − − − >� � � �− −� � �� � � .�

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Revisões sobre funções reais de variável real

APONTAMENTOS DE COMPLEMENTOS DE MATEMÁTICA

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viii) Equações diferenciais As equações diferenciais surgem em vários ramos da engenharia. Podem ser modelados por este

tipo de equações, fenómenos ligados com, análise de circuitos, e de sinais, mecânica de fluidos,

comportamento estático e dinâmico de estruturas, propagação de ondas, entre outros.

Definição 0.11: Chama-se equação diferencial a uma equação que estabelece uma relação entre

uma função desconhecida, as suas variáveis independentes e as derivadas dessa função em ordem a

uma ou a mais das variáveis independentes.

Se uma equação diferencial tiver uma única variável independente, diz-se ordinária (EDO); tendo

mais do que uma variável independente, a equação diz-se uma equação diferencial com derivadas

parciais (equação diferencial parcial, EDP).

A ordem de uma equação diferencial é igual à ordem da maior derivada que nela se encontra. De

uma maneira geral, as EDO mais estudadas são as de primeira ordem: com variáveis separadas;

homogéneas; exactas; lineares e de Bernoulli.

Definição 0.12: Chama-se solução ou integral de uma equação diferencial a toda a função ( )y f x=

que a verifique.

A solução geral de uma equação diferencial envolve um número de constantes igual à ordem da

equação, representando por isso uma família de linhas. Uma solução particular, satisfaz uma

condição inicial.

Exemplo 0.13: Considere-se um fenómeno que pode ser descrito por uma equação diferencial

ordinária. A velocidade de um corpo é definida como o espaço percorrido por unidade de tempo, ou

seja, é a razão entre a variação da posição espacial do corpo ( x∆ ) e o intervalo de tempo

correspondente ( t∆ ), portantox

vt

∆ =∆

. Contudo, a velocidade pode não ser constante, ou seja, pode

variar ao longo do tempo. Logo, por forma a obter uma correcta descrição da velocidade num

determinado instante, deve-se efectuar medições em intervalos de tempo curtos. Falámos assim de

uma velocidade instantânea ( 0t∆ → ), dada por ( ) ( )dx

x t v tdt

′ = = (A derivada dá a taxa de variação

instantânea). Obtendo-se uma equação diferencial ordinária, a qual diz que a velocidade é, em cada

instante, dada pela primeira derivada de x em ordem a t. Essa derivada, dx/dt, representa a taxa de

variação do espaço percorrido pelo corpo ao longo do tempo. �

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Exemplo 0.14: Foi observado que a velocidade de um automóvel varia ao longo do tempo de

acordo com a seguinte equação: ( )2100 1 tv e−= − , com t em h (horas) e v em km/h. Sabe-se ainda

que ao fim de 1h o automóvel percorreu 50 km. Obtenha uma equação que descreva a variação da

distância percorrida com o tempo.

Do exemplo 0.13, sabe-se que a taxa de variação do espaço percorrido por um corpo ao longo do

tempo, é dada pela EDO, ( )dx

v tdt

= , neste exemplo, ( )2( ) 100 1 tdxv t e

dt−= = − .

A resolução desta equação resulta de integrar ambos os membros da equação

( ) ( ) ( )2 2 2

22

100 1 100 1 100 1

100 100 50 ,2

t t t

tt

dxe dx e dt dx e dt C

dte

x t C t e C

− − −

−−

= − ⇔ = − ⇔ = − + ⇔

� �⇔ = + + = + +� �

� �

� �

Como o espaço percorrido depende do tempo, a solução geral da EDO é 2( ) 100 50 tx t t e C−= + + . A

verificação desta solução é feita através da substituição desta expressão na equação diferencial

original. Neste exemplo,

2

2 2( ) (100 50 )100 100 100(1 ) ( )

tt tdx dx t d t e C

e e v tdt dt dt

−− −+ += = = − = − = .

Aplicando a condição inicial 1 50t h x km= � = , vem 250 100 50 56,77te C C−= + + ⇔ = − . Assim, a solução particular que verifica a condição inicial imposta pelo enunciado do

problema é: 2100 50 56.77tx e−= + − . Este exemplo ilustra outra aplicação do cálculo integral. �

Exemplo 0.15: Considere-se um fenómeno que pode ser descrito por uma equação diferencial

parcial. O movimento de uma viga que pode vibrar longitudinalmente (i.e. na direcção do eixo das

abcissas) supondo-se pequenas vibrações, pode descrito pela equação 2 2

22 2

u uc

t x∂ ∂=∂ ∂

. A variável

( , )u x t é o deslocamento longitudinal em relação à posição de equilíbrio da secção transversal no

ponto x. A constante 2c E µ= , onde E é o módulo de elasticidade (esforço dividido pela tensão) e

depende das propriedades da viga, µ é a densidade (massa por unidade de volume). �