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Análise crítica do Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares A implementação de uma rede de bibliotecas escolares no sistema educativo português constituiu uma das principais medidas educativas para melhorar os resultados das escolas, constituindo um conjunto de recursos fundamentais para a promoção do sucesso educativo. No entanto, como qualquer outra medida educativa esta deve ser monitorizada regularmente no sentido de “objectivar a forma como se está a concretizar o trabalho das bibliotecas escolares, tendo como pano de fundo essencial o seu contributo para as aprendizagens, para o sucesso educativo e para a promoção da aprendizagem ao longo da vida.” (Modelo de Auto-avaliação, 2010:4). A pertinência da criação e implementação de um modelo de avaliação das bibliotecas escolares deve-se, entre outras razões, ao facto de ser imprescindível na vida e desenvolvimento das mesmas a validação do seu trabalho e também como elemento significativo no cumprimento dos objectivos da escola. Justifica-se ainda como instrumento fundamental para avaliar “o impacto que as actividades realizadas pela e com a BE vão tendo no processo de ensino e na aprendizagem, bem como o grau de eficiência e de eficácia dos serviços prestados e de satisfação dos utilizadores” (Modelo de Auto-avaliação, 2010:4) O modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares apresenta-se como um “instrumento pedagógico, permitindo orientar as escolas, através da definição de factores críticos de sucesso nucleares ao funcionamento e sucesso da BE e sugerindo possíveis acções de melhoria”.(Texto da sessão, 2010:1) Subjacente ao conceito de avaliação assumido pelo modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares está a noção de valor. O valor não é algo intrínseco às coisas mas tem sobretudo a ver 1 Formando: Abílio Marques Pires

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Análise crítica do Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares

A implementação de uma rede de bibliotecas escolares no sistema educativo

português constituiu uma das principais medidas educativas para melhorar os

resultados das escolas, constituindo um conjunto de recursos fundamentais para a

promoção do sucesso educativo. No entanto, como qualquer outra medida educativa

esta deve ser monitorizada regularmente no sentido de “objectivar a forma como se

está a concretizar o trabalho das bibliotecas escolares, tendo como pano de fundo

essencial o seu contributo para as aprendizagens, para o sucesso educativo e para a

promoção da aprendizagem ao longo da vida.” (Modelo de Auto-avaliação, 2010:4).

A pertinência da criação e implementação de um modelo de avaliação das

bibliotecas escolares deve-se, entre outras razões, ao facto de ser imprescindível na

vida e desenvolvimento das mesmas a validação do seu trabalho e também como

elemento significativo no cumprimento dos objectivos da escola. Justifica-se ainda

como instrumento fundamental para avaliar “o impacto que as actividades realizadas

pela e com a BE vão tendo no processo de ensino e na aprendizagem, bem como o

grau de eficiência e de eficácia dos serviços prestados e de satisfação dos

utilizadores” (Modelo de Auto-avaliação, 2010:4)

O modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares apresenta-se como um

“instrumento pedagógico, permitindo orientar as escolas, através da definição de

factores críticos de sucesso nucleares ao funcionamento e sucesso da BE e sugerindo

possíveis acções de melhoria”.(Texto da sessão, 2010:1)

Subjacente ao conceito de avaliação assumido pelo modelo de auto-avaliação

das bibliotecas escolares está a noção de valor. ”O valor não é algo intrínseco às

coisas mas tem sobretudo a ver com a experiência e benefícios que dele se retira: se

é importante a existência de uma BE agradável e bem apetrechada, a esse facto deve

estar associada uma utilização consequente nos vários domínios que caracterizam a

missão da BE, capaz de produzir resultados que contribuam de forma efectiva para os

objectivos da escola em que se insere. “( Modelo de Auto-avaliação, 2010:5). Para

além desse conceito podemos encontrar implícitos no modelo, conceitos de avaliação

aplicados na avaliação de organizações constituindo um contributo positivo para a

avaliação da própria escola agrupamento enquanto organização de educativa.

Outro conceito fundamental no qual se baseia o modelo é o de Evidence-

Based pratice e de pesquisa/acção que orienta a avaliação através da recolha de

evidências no trabalho regular da biblioteca. Recolher informação para depois de

tratada e analisada, verificar os pontos fortes e pontos fracos do trabalho da biblioteca

e delinear estratégias de melhoria, constitui a essência deste modelo. Isto obriga a

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adopção de práticas regulares de recolha de evidências, não excessivamente

burocratizadas mas de procedimentos simples e muito claros e objectivos.

Neste contexto as actividades da biblioteca, através do professor bibliotecário

“focam-se na obtenção de evidências significativas e sistemáticas do impacto das

iniciativas educativas do bibliotecário nos resultados da aprendizagem dos alunos - o

que os alunos sabem fazer e no que eles se tornaram. Estas evidências vão

certamente transmitir que os resultados da aprendizagem estão a melhorar

continuamente através do programa da biblioteca escolar.” (Todd, 2002:2)

A aplicação de um modelo adaptado do modelo de avaliação de bibliotecas

escolares inglesas, coloca-nos questões relativas à especificidade do nosso sistema

de ensino, uma realidade diferente. Uma sociedade e organização educativa anglo-

saxónica com características diferentes da portuguesa.

Todo o modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar adopta uma

organização estrutural e funcional assente em quatro domínios, sendo eles: Apoio

ao desenvolvimento curricular, Leitura e literacias, Projectos, parcerias e actividades

livres e de abertura à comunidade e Gestão da biblioteca escolar. Importa reflectir

sobre estes domínios, a sua abrangência e adequabilidade às várias dimensões das

bibliotecas escolares.

A apresentação de perfis de desempenho com quatro níveis e respectivos

descritores, servem como princípios orientadores da prática das bibliotecas e como

objectivos a atingir. Para cada domínio são propostos um conjunto de indicadores e

factores críticos de sucesso. Para recolher informação e realizar a avaliação, o modelo

baseia-se na recolha de evidências que irão posicionar a biblioteca num determinado

nível de desempenho. Conforme o resultado dessa avaliação a apresentação de

acções de melhoria surgem como orientadoras de toda a futura actividade da

biblioteca.

Para recolha das evidências o modelo apresenta uma serie de instrumentos

flexíveis que a escola ou agrupamento pode aplicar na sua realidade.

A flexibilidade do modelo deve ser tida em conta a quando na sua

aplicabilidade, salvaguardando a especificidade e contexto educativo da escola ou

agrupamento, permitindo uma avaliação objectiva e que reflicta a realidade.

A aplicação e integração do modelo nas práticas da biblioteca e

consequentemente na escola ou agrupamento pode ser uma oportunidade se for

reconhecido como um instrumento a ter em conta no modelo de avaliação dessa

própria escola ou agrupamento.

2Formando: Abílio Marques Pires

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O receio da mudança e o desconhecimento do modelo poderão funcionar como

constrangimentos à aplicação e integração de práticas de auto-avaliação da

biblioteca na escola. A cultura de escola existente deve ser tida em conta na mudança

e na aplicação de novos procedimentos de avaliação sendo necessário

consciencializar os docentes e restantes elementos da comunidade educativa da mais

valia da auto-avaliação da biblioteca e os seus reflexos na escola.

“Embora as noções de resultados da biblioteca escolar, a eficácia e a avaliação

da biblioteca não sejam novas, historicamente estes aspectos têm sido dirigidos para

os resultados sob a forma de informações estatísticas relativas ao tipo de recursos e

dimensão da colecção, despesas e utilização das instalações e infra-estrutura

tecnológica e de pessoal, em vez de ser em termos de evolução dos resultados dos

alunos que identificam e demonstram o poder tangível da contribuição da biblioteca

escolar para os objectivos educativos das escolas.” (Todd, 2002:3)

O modelo de avaliação das bibliotecas pretende ser aplicado a toda a escola

ou agrupamento através de amostras representativas dos diferentes públicos

utilizadores. De formal gradual a sua aplicação deve abranger todos os níveis de

ensino a funcionar nos estabelecimentos de ensino.

A aplicação do modelo de auto-avaliação das bibliotecas implica um

envolvimento de todos em todas as etapas do processo. Desde logo importa dar a

conhecer o modelo quer em termos de processo quer de resultados. O nível de

participação da e na escola passa pelo envolvimento da comunidade educativa

dando a conhecer procedimentos, objectivos e na definição de estratégias para

aplicação dos instrumentos.

O processo implica a participação do professor bibliotecário nas estruturas e

órgãos da escola e no desenvolvimento um trabalho de articulação e planificação

colaborativo.

A Identificação de pontos críticos da escola ou agrupamento devem ser

observados na definição do enfoque do domínio a avaliar em cada um dos anos

escolares.

Informar e seleccionar domínios de avaliação deve envolver os órgãos

pedagógicos e da direcção adoptando a escola uma prática regular e sistemática de

auto-avaliação. Isto implica mudanças na gestão pedagógica e organizativa da

escola nas quais a biblioteca se posiciona como organização privilegiada na era

informação e do conhecimento promovendo a escola.

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Bibliografia:

.Modelo de Auto-Avaliação da Biblioteca Escolar (2010). Rede de Bibliotecas Escolares-Ministério da Educação

Texto da sessão, disponibilizado na plataforma em:http://forumbibliotecas.rbe.min-edu.pt/file.php/135/MABE_-_PROBLEMATICAS_E_CONCEITOS_IMPLICADOS_NOVO.pdf , acedido em 7-11-2010

Todd, Ross (2002). Professores Bibliotecários Escolares: resultados daaprendizagem e prática baseada em evidências. Trad. (Excerto do Texto)

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