4 - A Exploraçao Mineral de Carajas

download 4 - A Exploraçao Mineral de Carajas

of 15

Transcript of 4 - A Exploraçao Mineral de Carajas

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    1/156 www.justicanostrilhos.org

    Esse argo tem comoobjevo avaliar asprincipais etapas doprocesso de implan-

    tao do complexo de produ-o e transporte (mina, fer-rovia e porto) de minrio deferro oriundo da Serra dos Ca-rajs, no Estado do Par, bemcomo as avidades econmi-

    cas decorrentes da ulizaodessa infra-estrutura.1

    O principal ator da orga-nizao desse sistema produ-vo foi e connua sendo a Com-panhia Vale do Rio Doce (hojedenominada Vale), embora di-versos outros agentes estatais(SUDAM, SUDENE, governosestaduais, governo federal,

    ______* Professor do Departamento de Socio-logia e Antropologia da UFMA.

    BNDES, etc.2) tenham contri-budo para a instalao da ex-plorao mineral de Carajse para o fomento das outrasavidades produvas como aproduo de ferro-gusa, a soji-cultura e o plano de orestasde eucalipto.

    O interesse da Vale nodesenvolvimento de outrasavidades econmicas se ex-plica pelo fato dessa empresaatuar tambm no segmento

    ______2. A SUDAM (Superintendncia deDesenvolvimento da Amaznia) e aSUDENE (Superintendncia de Desen-volvimento do Nordeste) so agnciasfederais de promoo de desenvolvi-mento regional, que operam atravs

    de polcas de iseno de impostos ede concesso de incenvos. O BNDES(Banco Nacional de DesenvolvimentoEconmico e Social) um banco de in-vesmento federal cujo objevo o fo-mento de avidades produvas.

    de logsca, atravs do trans-porte de diversos produtos(agrcolas, orestais, siderr-gicos, construo, combus-veis, etc.) pela Estrada deFerro Carajs e pela ferroviaNorte-Sul3. Segundo relatrioencaminhado Securies andExchange Commission (SEC)nos Estados Unidos, referen-

    te ao ano de 2008, o setor delogsca respondeu por 4,2%da receita bruta total da Vale(CVRD, 2009).

    Se para a Vale o desen-volvimento dessas avidades

    ______3. A Ferrovia Norte-Sul foi projetadapara permir o transporte e a expor-

    tao da produo de gros da regioCentro-Oeste. Com a construo do seutraado completo dever ligar o munic-pio de Anpolis (GO) Aailndia (MA)onde faz conexo com a Estrada de Fer-ro Carajs.

    A EXPLORAO

    MINERAL DE CARAJS:UM BALANO TRINTA ANOS DEPOISMarcelo Sampaio Carneiro*

    Rejeitosdas

    iderrgicaGusaNordestenorioemPiqui,Aailndia-MA

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    2/1517www.justicanostrilhos.org

    Pode-se imaginar

    o que signifca ex-

    portar 70 milhes

    de toneladas: uma

    jazida gigantescapor ano.

    corresponde ao aumento dascargas transportadas, para ogoverno federal ela abriu oespao para o fomento de a-vidades econmicas em umaregio caracterizada como ca-

    rente de servios pblicos e depotencialidades econmicasprprias. Assim, ao longo doslmos trinta anos o corredor(ou a rea de inuncia) daEstrada de Ferro Carajs foi abase para uma srie de planosou iniciavas governamentais(Programa Grande Carajs,Programa dos Plos Florestais,

    Corredor Norte de Exportao,etc.) que buscaram esmularavidades econmicas volta-das para o mercado mundial,ulizando a infra-estruturamontada originalmente para aexportao do minrio de fer-ro.

    A reexo que orienta aconstruo desse texto refere-se ao quesonamento, depoisde todos esses anos, dos re-sultados produzidos pela pro-messa de desenvolvimentoeconmico e social4 apresen-tada junto com a implantaodo Projeto Ferro Carajs. Per-guntamos se os invesmentosrealizados conseguiram criaruma estrutura produva ca-paz de dinamizar a economia

    da regio, se os empreendi-

    4. A base terica subjacente a essasaes foi a da teoria de desenvolvi-mento regional centrada em basesde exportao. De acordo com docu-mento da Secretaria de Planejamentoda Presidncia da Repblica e do Pro-grama Grande Carajs, a economia darea de inuncia da Estrada de FerroCarajs seria dinamizada pela implan-tao de trs complexos produvos

    (mnero-metalurgia, madeira e celulo-se, construo civil), com destaque parao segmento siderrgico, considerado oncleo estratgico do principal com-plexo motriz para o desenvolvimentodo corredor(BRASIL, 1989, p.93).

    a criao do Programa GrandeCarajs (PGC), iniciava go-vernamental visando o apro-veitamento da infra-estruturado Projeto Ferro Carajs (PFC)para esmular o desenvolvi-mento de avidades produ-vas na Amaznia Oriental.

    Na segunda parte des-tacamos o desenvolvimentoda principal avidade indus-trial esmulada pelo PGC nosestados do Par e Maranho,a implantao de unidades deproduo de ferro-gusa loca-lizadas ao longo do chamadocorredor da Estrada de Ferro

    Carajs.Na terceira parte desta-

    camos duas avidades econ-micas incenvadas pela Vale e

    pelo governo federal na reade inuncia da Estrada deFerro Carajs5 e da FerroviaNorte-Sul6: o agronegcio dasoja e o plano de eucaliptopara produo de celulose.

    Na lma seo apre-sentamos o debate sobre anecessidade de vercalizaoda produo mineral na Ama-znia, destacando o papel daVale nessa discusso. Proble-mazamos a idia da vercali-zao como tbua de salvaopara a correo do modelo dedesenvolvimento adotado ao

    longo dos lmos trinta anosna rea inuenciada pela in-fra-estrutura construda paradar suporte exportao mi-neral de Carajs.

    1 A organizao da ex-

    plorao mineral de Carajs

    A origem da exploraomineral de Carajs est rela-cionada com os invesmentos

    em prospeco de minriosrealizados a parr dos anos1960 por grandes empresasna Amaznia em reas de

    5. A denio da rea de inuncia daEstrada de Ferro Carajs aparece pelaprimeira vez num documento do PlanoDiretor para o Corredor da Estrada deFerro Carajs (iniciava da SecretariaExecuva do Programa Grande Carajse da CVRD). Nele a rea de inuncia di-reta da ferrovia delimitada como umafaixa de 150 quilmetros em volta dosplos industriais (Marab, Aailndia,Santa Ins, etc.) situados ao longo daEstrada de Ferro Carajs (BRASIL, 1989,p. 33).6. A Vale opera um trecho da FerroviaNorte-Sul (FNS) desde 1989 e, em 2007,venceu o leilo para a explorao demais um trecho de 720 km. De acor-do com um relatrio da empresa: Em2008, a FNS transportou um total de0,9 bilhes de tku de carga para clien-

    tes. Esta nova ferrovia cria um novocorredor para o transporte de carga ge-ral, principalmente para a exportaode soja, arroz e milho, produzidos naregio centro-norte do Brasil (CVRD,2009, p.47)

    mentos incenvados criaramalgum po de encadeamento(linkage eects) com a eco-nomia local e se essas aesproduziram efeitos posivossobre o mercado de trabalho,

    para as nanas pblicas deestados e municpios e paramelhoria da qualidade de vidada populao regional.

    O texto est divididoem quatro partes. Na primeiraparte descrevemos a monta-gem da estrutura de produoe escoamento do minrio deferro de Carajs, destacando

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    3/158 www.justicanostrilhos.org

    terra rme dessa regio7. Des-tarte, em julho de 1967, umhelicptero da Cia. Meridionalde Minerao pousou em umaclareira da Serra dos Carajs,revelando a existncia de uma

    jazida de 18 bilhes de tonela-das de minrio de ferro de altoteor. Depois, vericou-se queem Carajs no havia somenteminrio de ferro. Havia tambmgrandes depsitos de manga-ns, ouro, bauxita, cobre e ou-tros minerais valiosos.

    A empresa que desco-briu as jazidas era, na verdade,

    o brao brasileiro da U. S. Ste-el, grande siderrgica norte-americana e uma das maioresconsumidoras mundiais de mi-nrio de ferro. Contudo, devidoa uma ao do governo brasi-leiro, a U. S. Steel foi obrigadaa aceitar a Cia. Vale do Rio Docecomo scia na explorao mi-neral, o que deu origem a com-panhia Amaznia MineraoS/A (AMZA), que foi quem defato tomou as primeiras inicia-vas para viabilizar a exploraomineral de Carajs.

    Uma das primeiras ques-tes que nha de ser resolvidaera a forma do transporte dominrio extrado de Carajs.Duas alternavas se colocaramna poca: o transporte atravs

    de uma hidrovia (Rio Tocan-ns) ou a opo da construo

    7. Como relata o ex-presidente da DO-CEGEO, Breno Augusto dos Santos:Tudo comeou na segunda metadeda dcada de 1960, quando duas em-presas americanas iniciaram programasde prospeco mineral na regio com oobjevo de descobrir jazidas de man-gans. (...) a Union Carbide localizouos depsitos do Sereno, em 1966, nas

    proximidades de Marab, mas a UnitedStates Steel, um ano depois, foi maisaquinhoada pela sorte, descobrindo osdepsitos de Burirana e tambm asfabulosas jazidas de ferro de Carajs(SANTOS, 2002, p.136) F

    otoNilsVanderbolt

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    4/1519www.justicanostrilhos.org

    de uma ferrovia, atravessandoos estados do Par e do Mara-nho. A opo adotada foi a daconstruo da Estrada de FerroCarajs, de cerca de 890 km deextenso, que liga a Serra dos

    Carajs ao Porto de Ponta daMadeira, no municpio de SoLuis, no estado do Maranho.

    Os estudos iniciais de ex-plorao e os primeiros traba-lhos de construo da ferroviae do porto foram conduzidospela Amaznia Minerao S/A(AMZA). Em 1977, aps diver-gncia de interesses entre a Cia.

    Vale do Rio Doce e a U. S. Steel,a sociedade foi desfeita com aempresa brasileira tornando-sea nica proprietria da AMZA edo empreendimento mineral deCarajs.

    Para realizar uma obrato grande e complexa a entodenominada Companhia Valedo Rio Doce precisou do aval dogoverno brasileiro, em virtudedo volume de recursos neces-srios (cerca de 3,7 bilhes dedlares) para construir a infra-estrutura do projeto, ao mesmotempo em que nha de lidarcom governos estaduais e mu-nicipais que seriam impactadosposiva e negavamente poresses invesmentos. Em 1978 aVale apresentou o Projeto Ferro

    Carajs (PFC) para a Secretariade Planejamento da Presidnciada Repblica. O governo fede-ral, tendo em vista a magnitudedas obras de infra-estrutura e ovolume de recursos que seriammobilizados, resolveu ampliaro PFC, criando um programaregional de desenvolvimentodenominado Programa Grande

    Carajs (PGC).O Programa Grande Ca-

    rajs foi criado em 1980, atra-vs do Decreto-Lei n 1813 de

    21.11.1980. O Programa nhacomo objevo beneciar em-presas que viessem a se insta-lar na regio do Programa, queinclua parte do territrio dosestados do Par, Maranho e

    Tocanns, tendo como limite oparalelo 8 e os rios Parnaba,Xingu e Amazonas (Mapa 1).Essas empresas seriam bene-ciadas atravs de incenvosnanceiros (emprsmos sub-sidiados) e isenes scais queseriam concedidos atravs deinstuies pblicas operandona regio, caso das Superinten-

    dncias Regionais de Desen-volvimento com a SUDAM e aSUDENE e da prpria estruturamontada para organizao doPGC8.1.1 O Projeto Ferro Carajs

    Os primeiros estudospara o aproveitamento das ja-zidas de ferro da Serra dos Ca-rajs foram apresentados em1974, dando origem a um proje-to bsico de desenvolvimento,que propunha uma meta inicialde produo de 12 milhes detoneladas por ano (MTPA) para1979 e 50 MTPA em 1986, que,contudo, foi adiado em virtudeda crise energca e das posi-es da U. S. Steel.

    No incio de 1978 o Con-selho de Desenvolvimento Eco-

    nmico da Presidncia da Re-pblica autoriza o comeo dasobras de construo da Estradade Ferro Carajs (EFC) e, em ou-

    8. Dentre os empreendimentos apoia-dos pelo PGC podemos destacar: i) asfbricas de produo de alumina e alu-mnio (Albrs e Alumar); ii) a fbricade silcio metlico (CCM em Tucuru/PA); Projetos agropecurios de empre-

    sas que trabalharam na construo dainfra-estrutura de Carajs (Queiroz Gal-vo, Mendes Jnior e Construtora Tra-tex) e, iv) as usinas de ferro-gusa locali-zadas em Aailndia/MA e Marab/PA.

    tubro desse mesmo ano, apro-va o Projeto Ferro Carajs (PFC),com a previso de operao co-locada para o ano de 1985, comuma produo esmada de 15milhes de toneladas.

    Assim estavam coloca-das as condies instucionaispara o desenvolvimento do Pro-jeto Ferro Carajs, um comple-xo mina-ferrovia-porto contro-lado pela Companhia Vale doRio Doce, com uma estruturade produo idnca a que estacompanhia possua em seu Sis-tema Sul, ligando Itabira no es-

    tado de Minas Gerais ao portode Vitria, no estado do Esp-rito Santo. Para sua efevaoforam previstos recursos da or-dem de 3,7 bilhes de dlares,a maior parcela envolvida naconstruo da ferrovia, cerca deUS$ 1,5 bilho de dlares, equi-valente a 48 % do invesmentototal, enquanto os gastos coma construo da mina e do por-to angiram, respecvamente,14,22% e 5,89% do conjuntodos recursos mobilizados.

    A importncia do ProjetoFerro Carajs para a Vale podeser medida pelas palavras deum de seus principais dirigen-tes, o ex-presidente Eliezer Ba-sta, que destacou o papel dasreservas de Carajs para a ma-

    nuteno da posio da compa-nhia como a maior exportadoramundial de minrio de ferro,bem como a diviso dos mer-cados (externo e interno) en-tre as operaes da empresasem seu sistema Norte (Carajs)e Sul (Minas Gerais): Se novssemos construdo o Proje-to Carajs, nossa sobrevivncia

    como lder mundial da minera-

    o de ferro j estaria compro-meda e esse mercado que foiconseguido a duras penas j te-

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    5/150 www.justicanostrilhos.org

    Quadro 1:

    2005 2006 2007 2008

    China 18,37 28,14 30,67 24,75

    Japo 20,53 18,36 15,42 19,14

    Alemanha 16,79 13,07 11,36 10,15

    Coria do Sul 8,48 8,23 7,93 8,54

    Frana 7,26 6,38 5,65 6,70

    Itlia 6,16 4,94 5,52 5,04

    Outros 22,41 20,88 23,45 25,68

    Total (em %) 100,00 100,00 100,00 100,00Total (US$

    FOB) 1.442.931.012 1.983.193.116 2.321.688.109 3.836.985.671

    Fonte: SECEX/MDIC (Exportaes Brasileiras Municpio de Parauapebas)

    ria sido perdido. Pode-se imagi-nar o que signica exportar 70milhes de toneladas: uma ja-zida gigantesca por ano. No hminrio em Minas Gerais paratanto, nem quantava nem

    qualitavamente. E ali preten-

    demos industrializar e alimen-tar o mercado interno (BATISTAapud CARNEIRO, 1993a, p.10).

    No mesmo sendo ex-plicava, em 1980, um coor-denador de planejamento daempresa, mostrando a correla-o entre o invesmento feitoem Carajs e a diminuio das

    reservas de Minas Gerais: Hum limite para a produo deItabira, que de 65 milhesde toneladas por ano. Mas, as

    quandades de minrio que acompanhia precisa para man-ter seu nvel de comercializaoso muito maiores. por estarazo mesmo que Carajs estprojetado papa poder chegar a

    uma produo de 50 milhes detoneladas/ano(AGUIAR apudCARNEIRO, 1993a, p.10).

    Concedidos nos anos

    oitenta, hoje esses depoimentos mostram-se defasados no queconcerne a capacidade produva da Vale em seus respecvos sis-temas produvos (Norte e Sul), mas ressaltam a importncia deCarajs para a estratgia da empresa. A meta da produo de 50milhes de toneladas de minrio de ferro por ano em Carajs foiultrapassada, com a empresa se aproximando da produo de 100milhes, conforme pode ser visto no grco abaixo (Grco 1),com a maior parte desnada exportao9.

    Ao contrrio do pero-do inicial de funcionamento daexplorao de Carajs, quandoo principal mercado consumi-dor era o do Japo, nos lmosanos o mercado chins tem sidoo principal desno do minriode ferro de Carajs, vindo emseguida pases como o Japo,

    Alemanha, Coria do Sul, Fran-a e Itlia (Quadro 1).

    Quadro 1: Parcipao per-centual dos principais pasesde desno do minrio de ferroexportado pela Vale a parr deCarajs (segundo o valor expor-tado em U$S)(2005 a 2008).

    9. A estasca de exportao que apa-rece no grco corresponde ao volumetotal exportado de minrio de ferropelo estado do Par. Na diferena entreo total produzido pela Vale e o expor-tado deve ser considerado o volume dominrio de ferro consumido pelas em-

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    6/1521www.justicanostrilhos.org

    1.2 A diversifcao da pro-

    duo e do aproveitamento

    mineral de Carajs.

    A explorao mineral deCarajs no cou restrita ao mi-nrio de ferro. Outras commo-

    diesminerais tem sido objetode invesmentos visando suaproduo e beneciamento10.Dentre estas podemos destacara explorao do mangans damina Azul, os projetos de pro-duo de concentrado cobre doSossego e da Serra do Salobo,alm dos invesmentos para aproduo de nquel11.

    As jazidas de manganslocalizadas no Crrego do Azulna Serra de Carajs foram des-cobertas em 1971 e abrangemum montante de 65 milhesde toneladas. Em dezembrode 1985 foi concluda a plantade beneciamento do minrio,que atualmente possui uma ca-pacidade de produo para 2,5milhes de toneladas/ano. Em2008, a empresa Vale Manga-ns S/A produziu 2 milhes detoneladas de mangans.

    A produo de cobre rea-lizada pela Vale em Carajs tem,atualmente, duas estruturas12.A primeira, j em operao, cor-responde a explorao da minado Sossego, com capacidadepara produo de 120 mil tone-

    ladas de concentrado de cobre.

    presas guseiras na regio, na proporode 1,6 toneladas de minrio de ferropara 1 tonelada de ferro gusa produzido(MONTEIRO, 2006) e, supomos, outrasvendas para o mercado interno.10. Uma viso geral do potencial mine-ral de Carajs pode ser vista em Santos(1981).11. Vale destacar a explorao, nali-zada em 2002, das reservas de ouro dalavra do Igarap Bahia, que, esmadas

    em cem toneladas (SANTOS, 2002), fo-ram exauridas ao longo de doze anos.12. Esto previstos cinco projeto de ex-trao de cobre para a regio de Carajs(Sossego, Salobo I e II, Cristalino e Ale-mo).

    A segunda o projeto Cobre doSalobo, que prev a produoanual de 127 mil toneladas decobre (com expanso numa se-gunda etapa para 254 mil). Esseempreendimento est previsto

    para iniciar suas operaes em2011.

    O outro mineral compreviso para explorao na re-gio de Carajs o nquel. Narea da Serra dos Carajs existeo depsito de nquel do Verme-lho, cujo projeto de exploraofoi aprovado em reunio doConselho de Administrao da

    Vale em 2005, possui previsode produo anual de 46 miltoneladas de nquel metlico enha entrada em operao pre-vista para o nal de 2008. Aindana regio de Carajs, mas locali-zado nos municpios de Ouriln-dia do Norte, So Flix do Xingue Parauapebas est o projeto deexplorao de nquel denomi-nado Ona Puma. A produoprevista para esse projeto de58 mil toneladas/ano, com pro-duo prevista para incio em2010.2 A produo siderrgica

    ao longo da Estrada de Ferro

    Carajs.

    A produo brasileira deferro gusa tendo o carvo vege-

    tal como insumo energco eredutor inicia-se no sculo XIXe consolida-se nos anos trintado sculo XX (SUZIGAN, 1986).Mesmo com o surgimento e ex-panso da siderurgia a coque

    metalrgico a produo guseiraa parr do carvo vegetal con-nuou ocupando um importanteespao na siderurgia brasileira,respondendo por algo em tornode 25 a 35% da produo brasi-leira de ferro-gusa nos lmosvinte anos.

    O desenvolvimento des-sa produo baseou-se no es-

    tabelecimento de um sistemaproduvo marcado pela coexis-tncia de dois pos de produ-tores de ferro gusa: os produto-res integrados, e os produtoresindependentes. Os primeirosfabricam ferro gusa dentro deunidades siderrgicas de maiorporte, que incluem a produode ao e outros produtos maiselaborados, enquanto as uni-dades independentes caracteri-zam-se pela produo exclusivado ferro gusa, vendendo-a emseguida para fundies e acia-rias.

    At o nal de 1980 a pro-duo de ferro gusa a carvovegetal concentrou-se quaseque exclusivamente no estado

    Fonte: SINDIFER.

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    7/152 www.justicanostrilhos.org

    de Minas Gerais, foi somentena dcada seguinte que a pro-duo guseira sofreu um deslo-camento regional importante,com o surgimento das primei-ras unidades fabris na Amaz-

    nia Oriental, localizadas nosmunicpios de Aailndia/MA eMarab/PA.

    Esse deslocamento daproduo guseira para a Ama-znia Oriental esteve relacio-nado com alguns incenvos(iseno scal e subsdios) ofe-recidos pelo governo federal nombito do denominado Progra-

    ma Grande Carajs e da cons-truo, por parte da Cia. Valedo Rio Doce, da infra-estruturapara escoamento do minrio deferro de Carajs atravs de umamoderna ferrovia e do porto dePonta da Madeira em So Luis/MA.

    Com um incio mido -em 1990 representava menos

    de 5% do total nacional - a pro-duo guseira de Carajs vemaumentando progressivamentesua parcipao no conjunto daproduo siderrgica a carvovegetal no Brasil, respondendoem 2006 por 1/3 do total pro-duzido.

    A implantao da produ-o guseira na regio de Carajsteve incio com o deslocamentode grupos siderrgicos de Mi-nas Gerais (Itaminas, Ferroeste)e com a converso de empresas

    de construo civil (ConstrutoraBrasil, Rodominas) que, apro-veitando-se dos incenvos eisenes scais oferecidos pelogoverno federal, tornaram-seprodutores de ferro gusa.

    A expanso observadanos anos subseqentes fez-secom a ampliao da capacida-de instalada de alguns grupos

    pioneiros (Viena Siderrgica,Cia. Vale do Pindar e Cia. Side-rrgica do Par) e pela entradade novos agentes econmicos,caso de grupos siderrgicos demaior porte (GERDAU, Ao Cea-rense), de uma tradingque pas-sa a produzir o ferro gusa antesimportado (Promotora Vasco-asturiana) e de grupos empre-

    sariais locais (Grupo Revemar,Grupo Leolar, etc.).

    O fato dos novos gruposterem escolhido o estado doPar para sua localizao estrelacionado com dois aspectos:i) a possibilidade de ulizaode carvo vegetal de mata na-

    va e, ii) a existncia de pol-cas governamentais de apoio implantao desses empreendi-mentos, por intermdio da con-cesso de isenes scais e donanciamento da implantao

    da estrutura produva.Vale ressaltar que essa

    expanso foi movada tambmpela forte elevao do preo doferro gusa, que, depois de pas-sar a dcada de 1990 oscilandona faixa de US$ 140,00 160,00a tonelada (gusa de aciaria)(BNDES, 2000), alcanou o valormdio de US$ 444,60 em 2008

    (CARNEIRO; RAMALHO, 2009).Outro aspecto que explicaesse crescimento da capacida-de instalada o volume rela-vamente pequeno de recursospara a implantao de umaunidade de produo de ferrogusa, o que faz tambm queeste seja um campo econmi-co com pouca barreira entra-

    da de novos compedores.No Quadro 2 apresen-tamos algumas caracterscas(Grupo controlador, capaci-dade de produo e valor ex-portado) do conjunto dessesagentes que compem o cam-po econmico da produoguseira de Carajs.

    Quadro 2: Perl das Empresas Siderrgicas na regio de Carajs.

    Nome da Empresa Controle LocalizaoN de

    FornosValor exportado

    (em US$) (em 2007)

    Viena Siderrgica do Maranho Grupo Valadares Aailndia/MA 5 145.419.560

    Cia. Vale do Pindar S/AGrupo Queiroz Galvo

    Aailndia/MA 3

    181.313.820Siderrgica do Maranho S/A Aailndia/MA 2

    Cia. Siderrgica do Maranho S/A Santa Ins/MA 2

    Gusa Nordeste S/A Grupo Ferroeste Aailndia/MA 3 92.905.660

    Ferro Gusa do Maranho Ltda Grupo Aterpa Aailndia/MA 2 63.191. 660Maranho Gusa S/A Grupo Gerdau Bacabeira/MA 2 49.457.630

    Ferro Gusa Carajs S/A CVRD Marab/PA 2 80.615.884

    Siderrgica Marab/SINOBRS* Ao Cearense Marab/PA 2 31.851.144

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    8/1523www.justicanostrilhos.org

    cont.

    Nome da EmpresaControle Localizao

    N deFornos

    Valor exportado(em US$) (em 2007)

    Terra Norte Metais Ltda. S/I Marab/PA 2 37.094.932

    Cia Siderrgica do Par S/AGrupo Costa Monteiro

    Marab/PA 4104.674.080

    Usina Siderrgica do Par S/A Barcarena/PA

    Siderrgica do Par S/A Construtora Valadares Gonjo Marab/PA 2 104.309.344

    Siderrgica Ibrica Par S/A Promotora Vascoasturiana (ESP) Marab/PA 3 111.479.736

    Sidenorte Siderurgia Ltda. S/I Marab/PA 1 39.829.686

    Marab Gusa Siderrgica Ltda. Grupo Leomar Marab/PA 1 S/I**

    Da Terra Siderrgica Ltda. Grupo Revemar Marab/PA 2 28.246.440

    Usina Siderrgica de Marab S/I Marab/PA 3 45.447.403

    Fonte : Instuto Observatrio Social (2006), SECEX/MDIC, SINDIFER.

    (*) Empresa situada na lista de empresas com exportaes na faixa de at US$ 10 milhes.(**) A Siderrgica Norte Brasil S/A (SINOBRAS) implantou uma usina siderrgica de produo integrada queenvolve a manuteno dos 2 fornos de ferro gusa, uma aciaria, uma unidade de laminao e de trelaria.

    Aqui necessrio des-tacar que apesar de possuircaracterscas similares aorestante do campo da produ-o de ferro gusa nacional mesmo padro tecnolgico,estrutura de capital semelhan-te a produo guseira de Ca-rajs diferencia-se desse con-

    junto maior por conta de trselementos especcos: a) aorientao para o mercado ex-terno, b) a dependncia quaseque integral do fornecimentode minrio por parte da Valee, c) a forte repercusso dosproblemas sociais e ambien-tais associados produo deferro gusa na Amaznia.

    Ao contrrio da pro-duo localizada no sudestebrasileiro, o ferro gusa pro-duzido em Carajs desna-sequase que integralmente aomercado exterior, tendo comoprincipal regio de desno omercado dos Estados Unidose, em menor medida, a UnioEuropia. Essa forte vincula-o ao mercado externo tornaa produo guseira de Carajsextremamente sensvel s os-cilaes do comrcio interna-cional, da conjuntura econ-

    mica dos pases importadorese da polca cambial brasileira.

    Outro componente sin-gular dessa produo guseira a sua dependncia de umnico fornecedor do seu prin-

    mento de minrio para essassiderrgicas. Essa posio mo-nopolista da empresa, que, nopassado foi fundamental paraa deciso das guseiras de sedeslocarem para Carajs, hojepossui efeitos importantes naorganizao desse campo eco-nmico, com a deciso tomada

    pela Vale, em agosto de 2007,de suspender o fornecimentopara as siderrgicas que nodemonstrem estar operandoem conformidade com a legis-lao ambiental e trabalhistavigente.

    O terceiro elementoque disngue o campo de atu-ao dessas siderrgicas o

    fato de que a produo gusei-ra de Carajs est situada nocentro do debate sobre duasquestes de grande relevnciapolca, que atraem a atenode rgos estatais (IBAMA,Ministrio do Trabalho, Secre-tarias Estaduais do Meio Am-biente, etc.) e do avismo demovimentos ambientalistas ede defesa dos direitos huma-nos: i) a questo do desma-tamento da Amaznia e, ii) aquesto do trabalho escravocontemporneo.

    cipal insumo produvo: o mi-nrio de ferro.

    Aqui aparece com des-taque o papel estruturanteda Vale, haja vista a sua qua-se exclusividade13 no forneci-

    13. Somente a empresa Siderrgica doPar (SIDEPAR) possui jazida prpria deminrio de ferro, comprando apenas30% do seu consumo junto a Cia. Valedo Rio Doce.

    Aparece com

    destaque o papel

    estruturante da Vale,

    haja vista a sua quase

    exclusividade no

    fornecimento de

    minrio para essas

    siderrgicas.

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    9/154 www.justicanostrilhos.org

    3 O fomento da produ-

    o sojcola e dos planos de

    eucalipto pela Vale.

    3.1 A expanso da produ-

    o de soja.

    O apoio ao desenvolvi-mento da produo sojcolano estado do Maranho re-monta a algumas aes desen-volvidas pela Vale no incio dosanos noventa. Nesse perodo,a empresa lana o denomina-do Programa do Corredor deExportao Norte.

    O principal objevoapresentado pelo programa,conforme documento de maiode 1991 da ento Secretariade Desenvolvimento Regional,era indicado como o desenvol-vimento econmico e socialdas regies do sul do Mara-nho, do sudoeste do Piau enordeste do Tocanns. A base

    para esse desenvolvimentoseria: a) a existncia de doismilhes de hectares de cerra-dos inexplorados (nos termosdo documento: no explo-rados racionalmente), b) oreduzido custo do transporteda produo sojcola, graas existncia das ferrovias Norte-Sul, Carajs-Ponta da Madeira

    e, c) o baixo custo de operaodo porto de Ponta da Madeira,em So Luis/MA.

    Num outro documen-to, elaborado pela Superin-tendncia da Estrada de FerroCarajs, o potencial de pro-duo, bem como a rea deabrangncia do Corredor deExportao, aparecem de for-

    ma mais precisa, com a lista-gem de vinte e um municpios(5 no Tocanns, 5 no Piau e 11no Maranho) nos quais a pro-

    duo sojcola seria apoiadae uma previso do plano de600 mil hectares de soja parao perodo 1993/1998 (CVRD/SUFEC, 1993, p.44).

    A estratgia de viabi-

    lizao da produo de grosno Corredor de ExportaoNorte14se insere na perspec-va da ulizao lucrava da in-fra-estrutura (ferrovia e porto)controlada pela Vale na Ama-znia Oriental. Segundo dadosda Superintendncia da Estra-da de Ferro Carajs, a empresaobnha, em 1993, US$ 8,33

    por tonelada de soja transpor-tada (CARNEIRO, 1993b).

    Outro vetor importantedessa parcipao do Estadona viabilizao da sojiculturana Amaznia Oriental o com-ponente do nanciamento daproduo, atravs do estabe-lecimento de programas decrdito especcos ou do sis-tema nanceiro estatal (BASA,BNB).

    O Programa de Coope-rao Nipo-Brasileiro para oDesenvolvimento dos Cerra-dos (PRODECER III), convnioestabelecido entre o governobrasileiro e a agncia de coo-perao internacional do Ja-po (JICA), previu um desem-bolso de U$S 138 milhes parao perodo 1993-1998, momen-to em que a soja comea a seimplantar com mais fora nos

    14. A Vale desenvolveu estratgia si-milar no sudeste brasileiro, atravs daarculao do Corredor Centroleste deExportao, com o propsito de viabi-lizar a exportao de soja pela Estrada

    de Ferro Vitria-Minas. A parcipaoposterior da empresa na privazao daRede Ferroviria Federal, bem como, noleilo para explorao de trechos da fer-rovia Norte-Sul, conrmam sua polcade invesmentos no setor de logsca.

    estados do Maranho e Tocan-ns.

    De acordo com as infor-maes levantadas por Sou-za Filho (1995) o PRODECERIII foi implantado em Balsas

    atravs da Cooperava Agrco-la Batavo e da Companhia dePromoo Agrcola (CAMPO),com o assentamento de qua-renta famlias numa rea totalde quarenta mil hectares, cujacompra foi realizada medianteemprsmo (R$ 5,4 milhes)obdo junto ao Banco do Nor-deste do Brasil. Ainda segun-do esse autor, outro subsdioimportante para o fomentoda expanso da sojicultura nosul do Maranho foi o proje-to Rodovias II, nanciamentoda ordem de US$ 79 milhes,concedido pelo Banco Mun-dial para o melhoramento epavimentao da ligao rodo-

    viria entre os municpios deBalsas e Alto Parnaba (op. cit.,p. 269).

    No caso da expansoda soja no leste maranhenseo fator mais importante desta-cado pelo presidente da Asso-ciao de Produtores de Sojado Centro Leste Maranhense(APACEL) foi a construo, pela

    Vale, de uma estrutura paraarmazenamento e exportaode soja pelo porto de Itaqui,uma vez que a regio possuiuma localizao privilegiada,distando apenas 250 quilme-tros do local de escoamento econtando com uma rodovia re-centemente recuperada (BR-

    222) para o transporte da pro-duo de gros: (No m dosanos noventa) quando nal-mente se viabilizou o plano

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    10/1525www.justicanostrilhos.org

    de soja aqui na regio, atravsdo transporte de tcnicas quevieram do sul do Maranhocomo tambm pela viabilida-de da exportao do produtopelo Porto do Itaqui. O porto

    inaugurou, a Vale inaugurou,terminou, em noventa e qua-tro (o terminal de gros) e foia parr de ento (...) que seviabilizou a implantao real-mente de um plo produvode gros aqui na regio doBaixo Parnaba(Entrevistacom Vilson Ambrosi, realizadaem 12.03.2008).

    3.2 O desenvolvimento dasilvicultura do Eucalipto.

    Outra avidade econ-mica planejada para fomento eexpanso na chamada rea deinuncia da Estrada de FerroCarajs (EFC) a do plano emlarga escala de eucalipto. Pre-sente no planejamento gover-namental para a regio des-

    de os primeiros documentosdo Programa Grande Carajs,o desenvolvimento do plan-o de eucalipto ganhou fora

    com o lanamento pela Vale,no ano de 1990, do Programade Plos Florestais. O Programa de PlosFlorestais previa o reoresta-mento ou plano, num prazoinicial de dez anos, de hummilho de hectares de esp-cies orestais do gnero Eu-calyptus, em fazendas a seremlocalizadas preferencialmentena segunda parte (trecho en-tre Aailndia e Santa Ins) darea de inuncia da Estradade Ferro Carajs (Mapa 2).

    O principal desno des-

    se plano orestal seria a in-dstria de celulose, com a pre-viso (irrealista) de implanta-o de dez fbricas com capa-cidade para produzir 420 miltoneladas/ano, contando como apoio do Banco Nacional deDesenvolvimento Econmicoe Social (BNDES) e da criaode uma fundao sem ns lu-

    cravos, a Fundao Brasileirapara o Desenvolvimento Sus-tentvel15.

    15. A proposta de criao da Fundao

    Entre o lanamentodesse ambicioso Programa eos dias atuais apenas um pro-jeto inicialmente previsto seconsolidou, ainda que de for-ma parcial: o Projeto CelmarS/A.

    Planejado como umconjunto de avidades ores-tais e industriais (fabricaode celulose) o Projeto Celmarconcrezou apenas seu com-ponente orestal, que, poste-riormente, teve seu uso volta-do para a produo de carvovegetal para ns siderrgicos,com a criao pela Vale, em2003, da empresa Ferro GusaCarajs16.

    nha como objevo a captao de re-cursos internacionais para o fomentodos planos de Eucalipto. Parcipam desua criao algumas grandes empresasda indstria brasileira de papel e celu-lose, caso da Aracruz, da Ripasa, PapelSimo, Cia Jari, etc.16. A criao da empresa Ferro Gusa

    Carajs pode ser compreendida comouma estratgia da Vale para colocaruma produo de ferro-gusa sem quehouvesse dvidas quanto a legalidadedo seu processo de produo, haja vistaas fortes crcas recebidas pelo plo si-

    Aailndia -MA - Carvoarias da Vale poluem ao lado do assentamento Califrnia

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    11/156 www.justicanostrilhos.org

    At o ano de 2006 osplanos de eucalipto da FerroGusa Carajs (ex-projeto Cel-mar) correspondiam a 34.477hectares, numa rea total de80.894 hectares. Vale dizer

    que parte importante desseplano foi nanciado pelo BN-DES, que emprestou em 1997cerca de 46 milhes de reaispara a implantao de 24 milhectares de oresta de euca-lipto (BNDES apud CARNEIRO,1998).

    Durante os lmos vin-te anos a Vale tem desenvolvi-

    do uma campanha de defesada ulizao de orestas deeucalipto para o que a empre-sa considera como o melhormodelo de recuperao dereas degradadas na Amaz-nia Oriental. Essa campanhapossui, pelo menos, dois obje-vos: i) desvincular a empresados processos de desmata-

    mento que a ela podem ser as-sociados (caso do consumo decarvo vegetal pelas empresasguseiras) e, ii) apresentar umaproposta (o plano de eucalip-to) que se enquadra na pol-ca de logsca (transporte decargas) da empresa.

    Dentro dessa perspec-va a Vale lanou, em 2007, no

    estado do Par, o ProgramaVale Florestar, com o objevode recuperar reas degrada-das com o plano de espciesorestais excas e navas.O objevo do Programa fa-

    derrgico de Carajs quanto a ulizaode trabalho escravo e da destruio damata nava para a produo de carvo

    vegetal. Por conta dessa situao elacriou a Ferro Gusa Carajs numa jointventure com a empresa norte-ameri-cana Nucor Corporaon. Discuto essasituao com mais detalhes em outroargo (CARNEIRO, 2008).

    zer a recomposio de 150 milhectares de reas originais eo reorestamento industrialde 150 mil hectares de reascomo espcies orestais ex-cas (eucalipto) e navas (caso

    do Paric) na regio sudestedo Par, com um invesmentoprevisto de US$ 300 milhesat 2015 (VALE, 2008).

    Em 2008 a empresacontabilizou 323 km (32.300hectares) de reas recupe-radas em terras de terceirospelo Programa (VALE, 2008),nmero que teria subido em

    2009 para 66 mil hectares (dosquais 44 mil hectares com re-cuperao de mata nava e 22mil com o plano de eucalip-to), em fazendas localizadasnos municpios de Dom Eliseu,Ulianpolis, Paragominas eRondon do Par.

    O lmo ato do proces-so de fomento expanso dos

    planos de eucalipto na reade inuncia da E.F. Carajs a deciso da empresa SuzanoPapel e Celulose de implantaruma fbrica de produo decelulose na regio oeste do es-tado do Maranho. Para tantoa empresa adquiriu os avosorestais acima citados quepertenciam a Vale e contar

    tambm com a madeira oriun-da dos reorestamentos comeucalipto que a Vale vem es-mulando com o Programa ValeFlorestar.

    Segundo comunicadoda Vale, o acordo com a Suza-no foi rmado nos seguintestermos: A venda de avosorestais, totalizando 84,7 mil

    hectares, incluindo reas depreservao e orestas de eu-calipto localizadas no sudoestedo Maranho, foi formalizada

    por R$ 35 milhes. O transpor-te ferrovirio da nova unidadeda Suzano no Maranho at aregio porturia de So Luisest previsto para um perodode 30 anos, a parr de 2013.

    Ser da ordem de 1,3 milhode toneladas de celulose porano (Vale vai fornecer Su-zano madeira para reoresta-mento17).

    Concluso: a verca-lizao da produo mineral

    resolver os desafos do de-

    senvolvimento regional?

    A trajetria dos inves-mentos realizados pela Valenas avidades minerais deCarajs e nos outros setores(ferro-gusa, soja e eucalipto)por ela incenvados na reade inuncia da Estrada deFerro Carajs mostram que aempresa teve xito em sua es-

    17. Cf. matria publicada no en-dereo hp://www.vale.com/v a l e / c g i / c g i l u a . e x e / s y s / s t a r t .htm?infoid=3307&sid=584, acessadaem 29/12/2009.

    Sem a vertica-

    lizao da produo

    mineral de Carajs, isto

    , o benefciamento dos

    minrios extrados em

    processos produtivos

    mais avanados

    (aciaria, metalurgia), os

    benefcios econmicos e

    sociais das atividades da

    Vale na Amaznia sero

    mnimos

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    12/1527www.justicanostrilhos.org

    tratgia econmica. As obrasrecentemente anunciadas deduplicao da ferrovia e deampliao das instalaes doPorto de Ponta da Madeira(em So Luis/MA) s compro-

    vam a brilhante performancedesse desempenho empresa-rial. Contudo, o que dizer dosresultados sociais e econmi-cos obdos? Qual a repercus-so dos invesmentos realiza-dos para a economia regional?

    Segundo diversos au-tores que tem acompanhadoas aes da Vale na Amaznia

    os resultados obdos nessesquesitos so claramente insa-sfatrios. Monteiro (2005),por exemplo, diz que as avi-dades minerais e metalrgi-cas promovidas na Amazniano conseguiraam promoverprocessos de desenvolvimen-to local, uma vez que essasavidades so profundamen-te dependentes de dinmicasextra-regionais, (...), o que asdistanciam da arculao oumesmo da construo de ar-ranjos produvos de base lo-cal (p.199).

    Pinto (2003, p.145) mais incisivo, ao cricar a de-sarculao entre os inves-mentos da Vale e a economiaregional. Para esse autor, asavidades da empresa fun-cionam como verdadeiros en-claves na regio, pois, apesarde sua importncia para o de-sempenho global da Vale (re-presentaram cerca de metadede sua receita bruta em 2002)no tem promovido o desen-

    volvimento do estado do Par.Mesmo para um ex-di-rigente do setor de pesquisamineral da empresa os resul-tados da minerao na Amaz-

    nia so frgeis, no tendo con-tribudo ainda de forma signi-cava para o desenvolvimentonacional e regional. Algo ques ser obdo quando o pro-cesso de industrializao do

    pas permir a elaborao deprodutos nais com elevadograu de tecnologia agregada(SANTOS, 2005, p.144).

    Apesar de algumas di-ferenas, as anlises acimacitadas apontam para um pon-to em comum: sem a verca-lizao da produo mineralde Carajs, isto , o benecia-mento dos minrios extradosem processos produvos maisavanados (aciaria, metalur-gia), os benecios econmicos

    e sociais das avidades da Valena Amaznia sero mnimos18.

    Em virtude dessa situ-ao e das crcas que a em-

    18. Estamos considerando somente aperspecva econmica das avidadesfomentadas pela empresa, que, no en-tanto, podem ser submedas a outropo de crca quando consideradas emsua dimenso ambiental, como no caso

    da soja (CARNEIRO, 2009), dos planosde eucalipto (SHIRAHISHI NETO, 1998)ou das avidades de carvoejamentopromovidas pela empresas de ferro-gusa (CARNEIRO, 1995; MONTEIRO,1998).

    presa vem recebendo de mo-vimentos sociais e de elitesempresariais e governamen-tais da regio (principalmen-te do estado do Par) a Valepassou a se comprometer com

    processos de vercalizao daproduo mineral, caso do be-neciamento do cobre (PINTO,2003; VALE, 2009) e do min-rio de ferro.

    Nesse lmo caso apromessa a da implantaode uma usina de produo delaminados de ao na cidadede Marab/PA. Segundo infor-

    mao constante na pgina daempresa na internet: (...) es-tamos no estgio inicial para aimplantao do projeto ALPA,Aos laminados do Par, quecompreende a construo deuma planta de ao (...), comuma capacidade nominal de2,5 Mtpa de aos semi-acaba-dos. O invesmento total es-mado de US$ 2,760 bilhes,e o incio das operaes es-perado para 2013. Estamosrealizando o estudo de viabili-dade e o invesmento espera-do para 2010 de US$ 192 mi-lhes. O desenvolvimento doprojeto depende de diversosinvesmentos pblicos em in-fra-estrutura19. O projeto estsujeito, ainda, aprovao doConselho de Administrao20.

    O debate sobre a ver-calizao da produo mineral

    19. Uma referncia aos invesmentosque os governos estadual e federal es-to fazendo na ampliao do DistritoIndustrial de Marab, da nalizao daseclusas de Tucuru e a construo doPorto de Marab, de forma a viabilizar

    a logsca do transporte da produode ao.20. Informao publicada no endereohttp://www.vale.com/vale/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=562 , acessadano dia 27/12/2009.

    As atividades

    da empresafuncionam como

    verdadeiros

    enclaves na

    regio

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    13/158 www.justicanostrilhos.org

    coloca duas questes impor-tantes para discusso, que di-zem respeito, respecvamen-te, natureza da ao da Valena Amaznia e capacidadede uma produo integrada de

    ao em dinamizar a economiaregional.

    No que concerne ao pri-meiro aspecto, deve-se desta-car a contradio entre os inte-resses imediatos da empresa que poderamos associar auma lgica econmica centra-da unicamente na valorizaodos seus resultados nancei-

    ros, do retorno para seus con-troladores (shareholder value) e uma perspecva que con-sidera o papel que a empresadeve cumprir na regio em queest instalada, considerando ointeresse do conjunto dos ato-res com as quais ela se relacio-na (stakeholder value)21.

    O debate entre essasduas formas de gesto da em-presa aparece com clareza nosdepoimentos de execuvos daempresa, que, ao abordaremas presses recebidas para avercalizao destacam que ofoco da empresa a explora-o mineral, que ela no po-deria passar a outras etapasde elaborao desse produtosob o risco de se tornar umacompedora dos seus prin-cipais clientes. Como desta-cou o Diretor de Ferrosos daVale, Jos Carlos Marns, ementrevista para o jornal ValorEconmico: Qualquer mu-dana nos rumos dos inves-mentos da competncia dos

    acionistas, o que no impede

    21. Sobre o debate entre essas duasconcepes de gesto empresarial verFligstein (2008).

    o presidente da Repblica e ogoverno de expor seus desejose intenes para com a com-panhia. Connuando, armaque o modelo de negcios daempresa o de invesr para

    negociar, (...). assim queoperamos nessa rea. Comoo mercado brasileiro de ao pequeno, a Vale desenvolveprojetos siderrgicos no pascom usinas nacionais ou es-trangeiras onde sempre mi-noritria. O objevo das par-cerias ganhar clientela parao minrio. At agora, apresar

    das presses ociais, a estra-tgia no mudou22.

    A outra questo refere-se a capacidade da siderurgia(produo de placas e de pro-dutos semi-acabados de ao),uma vez implantada na re-gio23, ser capaz de reverter osimpactos de trinta anos de ummodelo de desenvolvimentoque aguou dilemas sociaispr-existentes (concentraofundiria) e contribuiu para acriao de novos problemas(violncia urbana).

    Nesse lmo aspecto,vale mencionar o estudo rea-lizado pelo Ministrio da Jus-a e pelo Frum Brasileirode Segurana Pblica sobrea vulnerabilidade juvenil nos266 municpios brasileiros

    22. Cf. matria Vale vai manter inde-pendncia e focar na minerao. ValorEconmico, 25/27.10.2009, p. B-5.23. Alm da implantao da ALPA valedestacar o funcionamento, desde 2008,da empresa Siderrgica Norte Brasil,que produz 300 mil toneladas anuais deao laminado e produtos de trelaria

    (arames, trelas, etc.), a parr da uliza-o de sucata de ferro/ao (80%) e gusalquido (20%). Recentemente, a empre-sa Gusa Nordeste, localizada em Aai-lndia/MA, tambm anunciou a cons-truo de uma aciaria nesse municpio.

    acima de cem mil habitantes.De acordo com esse levanta-mento, os trs principais mu-nicpios localizados na rea deInuncia da Estrada de FerroCarajs24 encontram-se entre

    os piores colocados no rankingda vulnerabilidade de jovense adolescentes25, ocupando,respecvamente, a segunda(Marab/PA), a dcima-sma(Imperatriz/MA) e a vigsima-quinta posio (Aailndia/MA) (Ministrio da Jusa/Frum Brasileiro de SeguranaPblica, 2009).

    Informaes semelhan-tes, sobre a situao da vio-lncia na regio, nos foramrepassadas pelo coordenadordo ncleo de Marab/PA daSociedade Paraense de Defesados Direitos Humanos. Segun-do ele so diversos os pos deviolncia urbana nessa cidade.

    Bom, vrios pos deviolncia. Ns temos pros

    -

    tuio infanl aqui, ns temosgrupos de extermnio serissi-mos, contabilizamos aqui naSDDH no ano passo, se no meengano, trinta e oito mortes,homicdios, todos com carac-terscas de execuo sum-ria. A polcia chama de modusoperandi, os caras chegam,geralmente dois, de capacete,com uma viseira escura e exe-cuta, (...). A o que a gente su-pe, e quando a Polcia Federalprendeu vrias pessoas envol-vidas nessas execues, ano

    24. Com exceo das capitais dos esta-dos do Par e Maranho.25. O ndice de Vulnerabilidade Juvenil

    Violncia composto de trs dimen-ses: Violncia entre os jovens (a parrdo indicador de homicdios e de mortesno trnsito); Freqncia escola e situ-ao de emprego e, Pobreza e desigual-dade no municpio.

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    14/1529www.justicanostrilhos.org

    passado ela fez uma varredu-

    ra e prendeu quinze pessoas,

    muitos policiais e ex-policiais

    envolvidos. Mas que so os

    comerciantes que contratam,

    (...) contratam para matar a

    pessoa que assaltou o comr-

    cio dele, pois no agentam

    mais ser assaltados. Marab

    uma cidade que tem dez via-

    turas policiais para atender

    uma cidade de duzentos mil

    habitantes(Entrevista realiza-

    da em 23/01/2009)

    Portanto, mesmo que aetapa da vercalizao da pro-duo mineral em Carajs sejaalcanada a pergunta que ca

    colocada se os empregos e arenda que sero gerados poresses novos empreendimen-tos sero capazes de reverter

    o processo de excluso socialvigente na regio.

    Em outras palavras:essa nova dinmica da econo-mia regional ser capaz de in-cluir na reparo de seus be-necios os diversos grupos de

    trabalhadores rurais e urbanos

    cuja relao com os empreen-dimentos promovidos pelaVale na Amaznia Oriental at

    o presente momento tem sidonula ou caracterizado por uma

    forte dose de conito?

    BIBLIOGRAFIA CITADA

    BRASIL. Secretaria de Planejamento da Presidncia da Repblica. Programa Grande Carajs. Se-cretaria Execuva. Plano Diretor do Corredor da Estrada de Ferro Carajs. Braslia, 1989. (Relat-rio Sntese)

    BNDES AREA DE OPERACES INDUSTRIAIS 2. Minerao e Metalurgia, n 41, 2000.

    CARNEIRO, Marcelo. D. S. (1993a) Companhia Vale do Rio Doce: do nacionalismo de criao aomodelo de estatal com face privada. Desenvolvimento & Cidadania, So Luis, n.8, p.4-13.

    _____. (1993b) Grandes Projetos: progresso para quem? CPT: So Luis, Cadernos Tempos Novos,n.3.

    _____. (1995) Relaes de trabalho, propriedade da terra e poluio urbana nas avidades decarvoejamento para a produo de ferro-gusa em Aailndia. In Gonalves, F. (Org) Carajs: de-senvolvimento ou destruio? So Luis/CPT/Estao Grca, pp. 107-134.

    _____. (1998) A destruio legimada: a anlise do EIA-RIMA do empreendimento orestal daCELMAR e os resultados da audincia pblica. In: ALMEIDA, A.W.B; SILVA, M.H.P. (Org.). O Mara-nho em rota de coliso. So Lus: Comisso Pastoral da Terra, p. 101-132.

    _____. (2008) Crca social e responsabilizao empresarial. Anlise das estratgias para a legi-mao da produo siderrgica na Amaznia Oriental. Cadernos do CRH, v.21, n.53, p.319-331.

    _____. (2008) A expanso e os impactos da soja no Maranho. In: SCHLESINGER, S.; NUNES, S.P;CARNEIRO, M.D.S. (Org.). A agricultura familiar da soja na regio sul e o monoculvo no Mara-nho. Rio de Janeiro: FASE, p. 77-147.

    CARNEIRO, Marcelo. D. S.; RAMALHO, Jos R. (2009) A crise econmica mundial e seu impactosobre o setor siderrgico maranhense: relaes entre ao desempenho recente das empresas gu-seiras e o desemprego no municpio de Aailndia. In: CARNEIRO, M.D.S.; COSTA, W.C. da (Org.).A terceira margem do rio: ensaios sobre a realidade do Maranho no novo milnio. So Luis:EDUFMA, p. 37-48.

    CVRD (2009) Relatrio Anual referente seo 13 ou 15 (d) da Securies Exchange Act de 1934.Para o ano scal terminado em 31 de dezembro de 2008. CVRD: Rio de Janeiro, 163 p.

    CVRD (2006) Relatrio Anual referente a seo 13 ou 15 (d) da Lei de Mercado de Capitais de1934. Para exerccio ndo em 31 de dezembro de 2005. CVRD: Rio de Janeiro, 119 p.

    CVRD (2004) Relatrio Anual referente a seo 13 ou 15 (d) da Lei de Mercado de Capitais de

  • 7/25/2019 4 - A Exploraao Mineral de Carajas

    15/15

    1934. Para exerccio ndo em 31 de dezembro de 2003. CVRD: Rio de Janeiro, 153 p.

    CVRD/SUFEC (1993) Diagnsco do Corredor de Exportao Norte, So Luis.

    MINISTRIO DA JUSTIA/FRUM BRASILEIRO DE SEGURANA PBLICA (2009). Projeto Juventu-de e Preveno da Violncia Primeiros Resultados. 132 p.

    FLIGSTEIN, Neil; SHIN, Taek-Jin (2008) Valeur aconnariale et transformaons des industries ame-ricaines (1984-2000). In: LORDON, F. (Dir) Conits et pouvoirs dans les instuons du capitalisme.Paris: Presses de Sciences Po, p.251-301.

    MONTEIRO, Maurlio de A. (1998) Siderurgia e carvoejamento na Amaznia: drenagem energ-co-material e pauperizao regional. Belm: NAEA/UFPA.

    _____. (2005) Meio sculo de minerao industrial na Amaznia e suas implicaes para o desen-volvimento regional. Estudos Avanados, v.19, n.53, p.187-207.

    _____. (2006) Em busca do carvo vegetal barato: o deslocamento de siderrgicas para a Amaz-nia. Novos Cadernos NAEA, v.9, n.2, p.55-97.

    PINTO, Lcio F. (2003) CVRD: a sigla do enclave na Amaznia. As mutaes da estatal e o Estadoimutvel no Par. Belm: CEJUP.

    SANTOS, Breno A. (1981) Amaznia: potencial mineral e Perspecvas do seu crescimento. SoPaulo: T.A. Queiroz/EDUSP.

    _____. (2002) Recursos minerais da Amaznia. Estudos Avanados, v.16, n.45, p. 123-152.

    SHIRAHISHI NETO, Joaquim (1998) A greve da Celmar: conito, direito e mobilizao camponesa.In: ALMEIDA, A.W.B; SILVA, M.H.P. (Org.). O Maranho em rota de coliso. So Lus: ComissoPastoral da Terra, p. 133-146.

    SOUZA FILHO, Benedito. (1995) A produo de soja no sul do Maranho e seus impactos parasegmentos camponeses da regio. In: PAULA ANDRADE, M. (org) Carajs: desenvolvimento oudestruio? Relatrios de Pesquisa. So Luis: CPT, p. 243-275.

    SUZIGAN, Wilson. (1986) Indstria Brasileira: origens e desenvolvimento. So Paulo: Brasiliense.

    VALE (2008) Relatrio Anual de Sustentabilidade 2007. VALE: Rio de Janeiro, 224 p.