4876, Revisado

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 Reforço de Solos com Fibra Natural, uma Alternativa Ambientalmente Sustentável Rosemary Janneth Llanque Ayala Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Brasília, Brasil, [email protected] Daniel Arthur Nnang Metogo Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Brasília, Brasil, [email protected] José Camapum de Carvalho Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Brasília, Brasil,  camapumdec [email protected] RESUMO: A utilização de fibras naturais como alternativa de melhoramento de solos tropicais para uso em estruturas de pavimento vem sendo objeto de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Geotecnia da Universidade de Brasília. Os estudos iniciais foram conduzidos fazendo uso de cabelo humano. Com a melhoria do comportamento do solo com esse tipo de fibra, e considerando-se sua resistência e durabilidade em condições de uso apropriadas resolveu-se ampliar o estudo fazendo uso de pelo canino. A pesquisa volta-se para a busca do desenvolvimento sustentáv el tendo em vista que a grande maioria desse tipo de fibra é simplesmente descartada em aterros sanitários ou mesmo em lixões e que quando misturada ao solo pode propiciar-lhe comportamento mecânico satisfatório para uso em estruturas de pavimento. Essa fase inicial do estudo fundamentou-se na realização de ensaios de compactação e mini-CBR. Utilizou- se no estudo um solo laterítico arenoso (LA’) puro e misturado em igual proporção a uma areia lavada. Para a avaliação da influência da fibra natural foram usados os teores em peso de 0,5% e 1% de pelo canino. Os resultados obtidos permitiram concluir que a adição do pelo canino conduz à melhoria do comportamento mecânico do solo avaliado por meio do ensaio de mini-CBR em diferentes umidades e pesos específicos aparentes secos de compactaç ão. PALAVRAS-CHAVE: Pelo Canino, Mini-CBR, Solo Tropical. 1 INTRODUÇÃO Solos tropicais são aqueles que apresentam  peculiaridades de propriedades e de comportamento, em decorrência da atuação de  processos geológicos e/ou pedológicos de intemperização típicos das regiões tropicais que os difere dos solos de regiões temperadas e frias. O manto de intemperismo em regiões tropicais geralmente se subdivide em solos  profundamente intemperizados (solos lateríticos), transição e solos saprolíticos (solos  pouco intemper izados).  Nesse manto de intemperismo os solos  profundamente intemperizados são geralmente ricos em caulinita e gibbsita e apresentam estrutura com presença de agregados. Em estado natural predominam macroporos entre os agregados e microporos intra-agregados (Figura 1). Quando compactados ocorre tendência de  preservaçã o da microporosidade dos agregados gerando apenas a redução da macroporosidade entre eles em consequência da compactação (Farias et al , 2011). A problemática principal para a construção de rodovias no Brasil é a ausência de solos com comportamento adequado para a composição da estrutura de pavimento. Por essa razão, muitos trabalhos de pesquisa são desenvolvidos  buscando a melhoria da resistência dos solos usados em bases e sub-bases de pavimentos, de modo a proporcionar a redução de custos e ampliação da vida útil das rodovias.  Nos estudos constantes da litera tura a parecem estudos sobre usos de fibras naturais como cabelo humano, lã de ovelha, fibra de coco, entre

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  • Reforo de Solos com Fibra Natural, uma Alternativa

    Ambientalmente Sustentvel

    Rosemary Janneth Llanque Ayala

    Programa de Ps-Graduao em Geotecnia, Braslia, Brasil, [email protected]

    Daniel Arthur Nnang Metogo

    Programa de Ps-Graduao em Geotecnia, Braslia, Brasil, [email protected]

    Jos Camapum de Carvalho

    Programa de Ps-Graduao em Geotecnia, Braslia, Brasil, [email protected]

    RESUMO: A utilizao de fibras naturais como alternativa de melhoramento de solos tropicais para

    uso em estruturas de pavimento vem sendo objeto de pesquisa no Programa de Ps-Graduao em

    Geotecnia da Universidade de Braslia. Os estudos iniciais foram conduzidos fazendo uso de cabelo

    humano. Com a melhoria do comportamento do solo com esse tipo de fibra, e considerando-se sua

    resistncia e durabilidade em condies de uso apropriadas resolveu-se ampliar o estudo fazendo uso

    de pelo canino. A pesquisa volta-se para a busca do desenvolvimento sustentvel tendo em vista que

    a grande maioria desse tipo de fibra simplesmente descartada em aterros sanitrios ou mesmo em

    lixes e que quando misturada ao solo pode propiciar-lhe comportamento mecnico satisfatrio para

    uso em estruturas de pavimento. Essa fase inicial do estudo fundamentou-se na realizao de ensaios

    de compactao e mini-CBR. Utilizou-se no estudo um solo latertico arenoso (LA) puro e misturado em igual proporo a uma areia lavada. Para a avaliao da influncia da fibra natural foram usados

    os teores em peso de 0,5% e 1% de pelo canino. Os resultados obtidos permitiram concluir que a

    adio do pelo canino conduz melhoria do comportamento mecnico do solo avaliado por meio do

    ensaio de mini-CBR em diferentes umidades e pesos especficos aparentes secos de compactao.

    PALAVRAS-CHAVE: Pelo Canino, Mini-CBR, Solo Tropical.

    1 INTRODUO

    Solos tropicais so aqueles que apresentam

    peculiaridades de propriedades e de

    comportamento, em decorrncia da atuao de

    processos geolgicos e/ou pedolgicos de

    intemperizao tpicos das regies tropicais que

    os difere dos solos de regies temperadas e frias.

    O manto de intemperismo em regies tropicais

    geralmente se subdivide em solos

    profundamente intemperizados (solos

    laterticos), transio e solos saprolticos (solos

    pouco intemperizados).

    Nesse manto de intemperismo os solos

    profundamente intemperizados so geralmente

    ricos em caulinita e gibbsita e apresentam

    estrutura com presena de agregados. Em estado

    natural predominam macroporos entre os

    agregados e microporos intra-agregados (Figura

    1). Quando compactados ocorre tendncia de

    preservao da microporosidade dos agregados

    gerando apenas a reduo da macroporosidade

    entre eles em consequncia da compactao

    (Farias et al, 2011).

    A problemtica principal para a construo de

    rodovias no Brasil a ausncia de solos com

    comportamento adequado para a composio da

    estrutura de pavimento. Por essa razo, muitos

    trabalhos de pesquisa so desenvolvidos

    buscando a melhoria da resistncia dos solos

    usados em bases e sub-bases de pavimentos, de

    modo a proporcionar a reduo de custos e

    ampliao da vida til das rodovias.

    Nos estudos constantes da literatura aparecem

    estudos sobre usos de fibras naturais como

    cabelo humano, l de ovelha, fibra de coco, entre

  • outros, sendo que cada uma destas fibras naturais

    apresenta caractersticas prprias para o reforo

    do solo. No presente estudo buscou-se testar o

    uso de uma fibra natural de origem canina

    anloga s anteriores, porm, com propriedades

    especficas.

    Figura 1. Solo profundamente intemperizado, UnB-DF.

    Os estudos realizados por Sales (2011)

    utilizando a fibra natural cabelo humano

    mostram melhoria de resistncia trao nas

    misturas solo-fibra. Essa autora constatou, no

    entanto, que a obteno dessas fibras, apesar de

    ser um rejeito slido, muitas vezes

    obstaculizada por supersties religiosas da

    populao.

    Outros autores utilizaram como fibra natural

    a l de ovelha (Galn-Marin et al, 2010) obtendo

    melhorias na resistncia compresso quando da

    incorporao de alginato composto obtido das

    algas marinhas.

    Fibras de coco foram utilizadas por Cabala

    (2007) adicionadas ao solo conjuntamente com

    hastes de bambu, areia e cimento CP-E-32. Essa

    mistura proporcionou reduo na

    expansibilidade do material piorando, no

    entanto, a sua resistncia mecnica devido m

    adeso do reforo matriz de solo.

    Leocdio (2005) realizou um trabalho de

    reforo de solo com fibras de sisal obtendo como

    resultado incremento da resistncia ao

    cisalhamento do solo.

    Outros autores optaram por trabalhar com

    fibras artificiais como foi o caso Feuerharmel

    (2000) que buscou a melhoria dos solos

    adicionando cimento e fibras de polipropileno.

    J Areas (2011) utilizou na melhoria dos solos

    com adio de cimento, fibras de polipropileno,

    escrias e cinzas com baixo contedo em clcio,

    obtendo como resultados a melhoria da

    resistncia compresso dos compostos.

    A maioria desses trabalhos focada na

    melhoria da resistncia compresso dos solos

    sendo limitados os estudos a respeito da

    melhoria da resistncia trao proporcionada

    pela incorporao das fibras o que deve

    compreender uma segunda fase dessa pesquisa.

    Nesse trabalho optou-se por inicialmente

    avaliar a melhoria do solo por meio de ensaios

    de mini-CBR.

    Cabe destacar que o estudo objetiva contribuir

    para o desenvolvimento sustentvel e nesse

    sentido deve-se buscar solues de engenharia

    que sejam tcnica e economicamente viveis,

    lembrando que o passivo ambiental gerado por

    rejeitos como os pelos de animais apresenta um

    custo que deve ser economicamente considerado

    nos estudos de viabilidade.

    2 MATERIAIS E MTODOS

    O material utilizado, fibra canina, alm da

    semelhana com outras fibras naturais j

    testadas, tem por vantagem a facilidade de sua

    aquisio, visto que diariamente so descartados

    imensos volumes, quer seja pela via natural

    (queda de pelo), quer seja pela via artificial (tosa

    de pelo realizado em estabelecimentos - pet

    shops).

    O estudo foi realizado em laboratrio

    utilizando-se equipamentos convencionais como

    estufa e prensa CBR. Os ensaios foram

    realizados utilizando-se como material as fibras

    caninas, um solo argiloso e uma mistura de areia

    com esse solo argiloso na proporo de 50%

    cada. Utilizou-se nos ensaios a compactao do

    solo argiloso puro, da mistura solo argiloso-areia

    e desses dois materiais, adicionando-se 0,5% e

    1,0% de fibras caninas a cada um deles.

    Os mtodos de ensaio utilizados foram

    basicamente: os ensaios de compactao em

    equipamento miniatura (DNER-ME 256/94), o

    ensaio mini-CBR (DNER-ME 254/97) e os

    ensaios necessrios classificao pela

    metodologia convencional MCV (DNER-ME

    258/94).

  • A Tabela 1 apresenta a descrio da

    composio das seis amostras ensaiadas e os trs

    tipos de ensaios realizados em laboratrio. Na

    amostra 01 alm de serem feitos os ensaios de

    mini-Proctor e mini-CBR foi realizado tambm

    o ensaio MCV para classificao do material.

    Para a utilizao do solo, o mesmo foi seco ao

    ar em laboratrio por uma semana sendo que ao

    trmino desse perodo ele apresentou a umidade

    higroscpica de 5,63%. Em seguida passou-se o

    solo pela peneira n 10 e separou-se amostras

    com 200 gr. Essas amostras, objetivando

    permitir a equalizao da umidade, foram

    umedecidas com diferentes quantidades de gua,

    ensacadas e armazenadas em cmara mida por

    24 horas antes da compactao.

    Tabela 1. Descrio dos ensaios realizados.

    As misturas solo-fibra foram preparadas com

    200 gr de solo e 0,5% e 1,0% de fibras,

    umedecidas em cinco umidades distintas de

    modo a possibilitar a obteno da curva de

    compactao e os resultados de mini-CBR. De

    modo semelhante ao solo puro e com o mesmo

    objetivo as amostras eram umedecidas e

    armazenadas com 24 horas de antecedncia

    compactao.

    As misturas solo-areia-fibra foram preparadas

    seguindo o mesmo procedimento adotado para o

    solo e solo-fibra.

    3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

    UTILIZADOS

    O pelo canino utilizado foi obtido de um

    cachorro da raa Shih-Tzu com 6 meses de idade.

    As fibras apresentavam comprimento variando

    entre 1.00 cm e 1.50 cm e espessura mdia de 0,3

    mm a 0,4 mm, alcanando um dimetro menor

    que 0,1 mm e maior que 0,8 mm em

    aproximadamente 10% das fibras.

    O solo foi coletado a 1.50 m de profundidade

    no Campo Experimental do Programa de Ps-

    Graduao em Geotecnia da Universidade de

    Braslia e constitudo por uma argila arenosa

    vermelho escura. Considerando-se a mdia entre

    os resultados apresentados por Carvalho (1995)

    para as profundidades de 1 m e 2 m, obtm-se

    para essa profundidade um solo composto por

    41,7% de gibbsita, 6,9% de caulinita, 29,4% de

    quartzo, 6,9% de hematita, 3,4% de goethita,

    6,9% de anastsio e 4,9% de rutilo.

    Esse solo apresenta limite de liquidez igual a

    36%, limite de plasticidade igual a 26% e ndice

    de plasticidade igual a 10%.

    A Figura 2 apresenta os resultados

    granulomtricos obtidos para a profundidade de

    2.00 m por Guimares (2002). A densidade real

    dos gros desse solo obtida pelo mesmo autor foi

    de 2,678.

    A Figura 3 apresenta a curva granulomtrica

    obtida para a areia utilizada nas misturas. A

    densidade real dessa areia igual a 2,65.

    Mineralogicamente trata-se de uma areia

    quartzosa.

    Figura 2. Curva granulomtrica do solo (Guimares,

    2002).

    Figura 3. Curva granulomtrica da areia.

    areia pelomini

    Prctormini-CBR

    1 puro - - x x

    2 99.50% - 0.50% x x

    3 99.00% - 1.00% x x

    4 50.00% 50.00% - x x

    5 49.75% 49.75% 0.50% x x

    6 49.50% 49.50% 1.00% x x

    SoloAmostra

    Ensaios realizadosReforos

  • 4 CLASSIFICAO DO SOLO E DA

    AREIA

    Para a classificao do solo a ser melhorado foi

    realizado o ensaio miniMCV (DNER-ME 258/94) sendo os resultados da classificao

    mostrados na Figura 4. Com base nesses

    resultados o solo classificado como areia

    argilosa latertica (LA). A classificao textural do solo requer

    inicialmente que se fixe o que se pretende

    classificar se o solo no estado natural ou se o solo

    desagregado e defloculado. No caso especfico

    desse trabalho interessa principlamente o solo

    em seu estado natural. Nesse caso, levando-se

    em considerao a curva granulomtrica do solo

    obtida por Guimares (2002) sem o uso de

    defloculante se obtm a classificao do solo

    como sendo areno-siltoso.

    Figura 4. Classificao MCT do solo.

    Segundo o Sistema de Classificao

    Unificada de Solos o solo utilizado classificado

    como silte inorgnico de baixa plasticidade, o

    que se aproxima da classificao textural obtida.

    Quanto classificao TRB considerando-se

    a anlise granulomtrica realizada sem o uso de

    defloculante o solo classificado como um silte

    argiloso pertencente ao grupo A-4.

    Conclui-se assim que de um modo geral

    existe certa concordncia entre os resultados das

    classificaes realizadas. Dada a natureza

    latertica do solo torna-se recomendvel que se

    leve em conta a classificao MCT do solo.

    J a areia lavada texturalemente uniforme e

    se enquadra como grossa. No sistema unificado

    trata-se uma areia SP e segundo a TRB de uma

    areia pertencente ao grupo A-1-a.

    5 APRESENTAO E ANLISE DOS

    RESULTADOS

    A Figuras 5 apresenta as curvas de compactao

    obtidas para o solo, solo mais 0,5% de pelo

    canino e solo mais 1% de pelo canino. Verifica-

    se desses resultados que o pelo interferiu pouco

    nos resultados de compactao.

    A Figura 6 apresenta as curvas de

    compactao obtidas para o solo mais areia, solo

    mais areia mais 0,5% de pelo canino e solo mais

    areia mais 1% de pelo canino. Nesse caso,

    devido a adio da areia, observa-se que o pelo

    canino tende a dificultar a compactao

    diminuindo assim o peso especfico aparente

    seco em especial quando da incorporao de 1%

    de pelo. Isso mostra que a incorporao da areia

    deve levar a melhoria do comportamento

    mecnico do solo com incorporao de fibra.

    Figura 5. Curvas de compactao do solo, solo mais 0,5%

    de pelo canino e solo mais 1% de pelo canino.

    As Figuras 7 e 8 apresentam respectivamente

    os resultados de expanso obtidos para o solo e

    solo mais areia com e sem adio de pelo canino.

    As expanses registradas, devido prpria

    natureza no expansiva do solo e do solo mais

    areia, so reduzidas e no se percebe uma

    influncia clara do pelo nesse parmetro.

    Os resultados de mine-CBR realizados aps

    imerso com uso de sobrecarga esto

    apresentados na Figura 9, para o solo puro, na

    Figura 10 para o solo com adio de 0,5% de

    pelo canino e na Figura 11 para o solo com

    adio de 1,0% de pelo canino.

    13

    14

    14

    15

    15

    16

    16

    17

    17

    15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

    Pes

    o e

    spec

    ific

    o a

    par

    ente

    sec

    o (

    kN

    /m3

    )

    Teor de umidade (%)

    SOLO

    SOLO + 0,5% PELO

    SOLO + 1% PELO

  • Figura 6. Curvas de compactao do solo-areia, solo-areia-

    0,5% de pelo canino e solo-areia-1% de pelo canino.

    Figura 7. Resultados de expanso para o solo e solo mais

    0,5% e 1% de pelo canino.

    Figura 8. Resultados de expanso para o solo mais areia e

    solo mais areia mais 0,5% e 1% de pelo canino.

    Ao se comparar as curvas obtidas para o solo

    puro com as obtidas para o solo com adio de

    pelo canino se observa que apesar dos valores

    mximos de resistncia a penetrao no serem

    praticamente afetados a forma das curvas tende

    a se modificar. Observa-se que o ponto de

    inflexo tende a ocorrer para menores valores de

    penetrao na medida em que se aumenta o teor

    de pelo canino. Verifica-se ainda que com a

    adio de pelo a resistncia correspondente ao

    ponto de inflexo no incio da curva tende a

    diminuir, ocorrendo, no entanto, tendncia a

    maior mobilizao da mesma com o aumento da

    penetrao. Essa tendncia pode ser verificada

    na Figura 12 na qual se plotou a inclinao das

    curvas carga x penetrao no intervalo de

    penetrao compreendido entre 2 mm e 5 mm.

    Portanto, provvel que o pelo possa atuar

    diminuindo a ocorrncia de trincas no solo

    compactado, mesmo sendo ele argiloso como o

    caso.

    Figura 9. Curva de resistncia penetrao do solo puro.

    Figura 10. Curva de resistncia penetrao do solo mais

    0,5% de pelo canino.

    A Figura 13 mostra, no entanto, que no

    possvel colocar em evidncia para esse solo

    argiloso a influncia da presena do pelo sobre

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    20

    5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

    Pes

    o es

    peci

    fico

    apa

    rent

    e se

    co (

    kN/m

    3)

    Teor de umidade (%)

    SOLO + AREIA

    SOLO + AREIA + 0,5%

    PELOSOLO + AREIA + 1% PELO

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

    EXPANSO X UMIDADE SOLO

    PURO

    EXPANSO X UMIDADE SOLO -

    0,5% PELO

    EXPANSO X UMIDADE SOLO -

    1% PELO

    Exp

    ans

    oT

    otal

    (%

    )

    Umidade (%)

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    7 9 11 13 15 17

    EXPANSO X UMIDADE SOLO + AREIA

    EXPANSO X UMIDADE SOLO + AREIA

    + 0,5% PELO

    EXPANSO X UMIDADE SOLO + AREIA

    + 1% PELO

    Umidade (%)

    Expan

    so

    Tota

    l (%

    )

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

    15,6%

    17,4%

    18,4%

    21,5%

    23,2%

    Penetrao (mm)

    Car

    ga (

    kgf)

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

    17,2%

    18,9%

    21,3%

    23,5%

    26,8%

    Penetrao (mm)

    Car

    ga

    (kg

    f)

  • os valores de mini-CBR, sendo que poder-se-ia

    mesmo dizer que a presena do pelo tende a

    piorar o valor desse parmetro. Porm, a

    ocorrncia do ponto de inflexo para menores

    valores de penetrao como se observa ao

    comparar as Figura 9 e 11, aponta para a

    melhoria da rigidez do solo com a incorporao

    do pelo.

    Figura 11. Curva de resistncia penetrao do solo +

    1% de pelo canino.

    Figura 12. Inclinao das curvas de penetrao, solo

    argiloso.

    As Figuras 14, 15 e 16 apresentam

    respectivamente os resultados obtidos nos

    ensaios de mini-CBR para as misturas de solo

    mais areia, solo mais areia mais 0,5% de pelo

    canino e solo mais areia mais 1% de pelo canino.

    Da anlise dessas figuras se observa que a

    mudana de comportamento j apontada para o

    caso do solo argiloso quanto ao formato da curva

    no caso das misturas contendo areia mais

    evidenciada, em especial ao se acrescentar 1% de

    pelo canino em relao mistura de solo mais

    areia.

    Figura 13. Mini-CBR, solo argiloso.

    A Figura 17 mostra com o aumento da

    inclinao do trecho compreendido entre 2 mm e

    5 mm (Figuras 14 a 16) que a mobilizao do

    pelo canino contribui de modo efetivo para o

    comportamento mecnico da mistura solo-areia.

    No que tange a essa particularidade as fibras

    podem contribuir para limitar a propagao de

    trincas nas estruturas de pavimentos.

    Observa-se tambm que a adio de 1% de

    pelo canino aumenta de modo claro o mini-CBR

    da mistura solo-areia (Figura 18).

    Portanto, diante dos resultados apresentados,

    o pelo canino um rejeito a ser estudado de

    modo mais completo avaliando-se

    peculiaridades como variabilidade entre raas de

    ces, resistncia dos fios de pelo e durabilidade.

    Figura 14. Curva de resistncia penetrao da mistura

    solo-areia.

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

    17,6%

    19,5%

    25,5%

    27,1%

    33,4%

    Penetrao (mm)

    Car

    ga

    (kg

    f)

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    13 14 15 16 17

    Incl

    ina

    o (

    kg

    f/m

    m)

    Peso especfico aparente seco 9 (kN/m3)

    Solo Solo + 0,5% de pelo Solo + 1% de pelo

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    12 13 14 15 16 17

    Min

    i-C

    BR

    (%

    )

    Peso especfico aparente seco (kN/m3)

    Solo Solo + 0,5% de pelo Solo + 1% de pelo

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

    7,2%

    9,2%

    11,1%

    12,7%

    14,9%

    Penetrao (mm)

    Ca

    rga

    (k

    gf)

  • Figura 15. Curva de resistncia penetrao da mistura

    solo-areia mais 0,5% de pelo canino.

    Figura 16. Curva de resistncia penetrao da mistura

    solo-areia mais 1,0% de pelo canino.

    Figura 17. Inclinao das curvas de penetrao da mistura

    solo-areia.

    Figura 18. Mini-CBR da mistura solo-areia.

    6 CONSIDERAES FINAIS

    Os resultados mostram que o pelo canino altera

    o comportamento do solo sendo a presena do

    material granular areia relevante para a sua

    atuao no comportamento mecnico.

    Torna-se, no entanto, necessria a realizao

    de ensaios complementares no s quanto as

    propriedades e durabilidade dessa fibra como

    tambm sobre sua influncia em outros aspectos

    do comportamento mecnico como na

    resistncia a trao.

    Busca-se com estudos como esse envolvendo

    o uso do pelo canino no reforo estrutural dos

    solos no s encontrar alternativas tcnicas para

    casos de obras onde se requer a melhoria do solo

    como tambm contribuir para o

    desenvolvimento sustentvel.

    AGRADECIMENTOS

    Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio

    realizao dessa pesquisa e Janaina Tatto, por

    fornecer os dados e areia para os ensaios de

    granulometria e misturas.

    REFERNCIAS

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    puertos. Departamento de Ingenieria y

    morfologia del terreno. Madrid, septiembre de 2010.

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

    9,9%

    10,9%

    12,5%

    15,0%

    17,4%

    Penetrao (mm)

    Carg

    a (

    kg

    f)

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    180

    200

    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0

    9,3%

    11,3%

    13,1%

    15,1%

    17,3%

    Penetrao (mm)

    Ca

    rga

    (k

    gf)

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    30,0

    35,0

    15 16 17 18 19 20

    Inc

    lin

    a

    o

    (k

    gf/

    mm

    )

    Peso especfico aparente seco 9 (kN/m3)

    Solo + Areia Solo + Areia + 0,5% de pelo Solo + Areia + 1% de pelo

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    40,0

    50,0

    60,0

    15 16 17 18 19 20

    Min

    i-C

    BR

    (%

    )

    Peso especfico aparente seco (kN/m3)

    Solo + Areia Solo + Areia + 0,5% de pelo Solo + Areia + 1% de pelo

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