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FUNDADO EM 1914 ANO 98 - N.º 4928 FUNDADOR: José Ferreira Lacerda DIRECTOR: Rui Ribeiro PREÇO: 0,80 euros (IVA incluído) SEMINÁRIO DIOCESANO – 2414-011 LEIRIA TEL. 244 821 100/1 • FAX 244 821 102 E-MAIL: [email protected] WEB: www.omensageiro.com.pt 4 OUTUBRO 2012 DESTAQUE CULTURA Leiria | P. 7 Castelo de Sons volta ao castelo Marinha Grande | P. 7 Leituras e música na Feira do Livro RECORDAMOS 98 ANOS DE (IN)FORMAÇÃO P. 2 e 3 Debate em Fátima | Últ. Comunicar ou não comunicar Deus ao mundo SOCIEDADE Leiria | P. 6 Piscinas municipais têm novo regulamento De 5 a 13 de Outubro | P. 6 Leiria recebe “Marcha contra desemprego” ECLESIAL Seminário de Leiria | P. 9 Centro de Formação e Cultura inicia novo ano lectivo Pedro Jerónimo AGENDA Assembleia diocesana Dia 14, 16h00 Sé de Leiria

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Os 98 anos d'O Mensageiro em destaque na edição de 4 de Outubro de 2012 (N.º 4928)

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FUNDADO EM 1914

ANO 98 - N.º 4928

FUNDADOR: José Ferreira LacerdaDIRECTOR: Rui RibeiroPREÇO: 0,80 euros (IVA incluído)SEMINÁRIO DIOCESANO – 2414-011 LEIRIATEL. 244 821 100/1 • FAX 244 821 102E-MAIL: [email protected]: www.omensageiro.com.pt

4 OUTUBRO 2012

DESTAQUE

CULTURA

Leiria | P. 7

Castelo de Sons volta ao castelo

Marinha Grande | P. 7

Leituras e música na Feira do Livro RECORDAMOS 98 ANOS

DE (IN)FORMAÇÃO P. 2 e 3

Debate em Fátima | Últ.

Comunicar ou não comunicar Deus ao mundo

SOCIEDADE

Leiria | P. 6

Piscinas municipais têm novo regulamento

De 5 a 13 de Outubro | P. 6

Leiria recebe “Marcha contra desemprego”

ECLESIAL

Seminário de Leiria | P. 9

Centro de Formação e Cultura inicia novo ano lectivo

Pedro

Jerón

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AGENDA

Assembleia diocesana Dia 14, 16h00 Sé de Leiria

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98 ANOS O MENSAGEIRO2 O Mensageiro4.Outubro.2012

EDITORIAL

Rui [email protected]

EDITORIAL

Uma vida com sabor

Nascido do amor à diocese, esteve sempre ligado a

pessoas concretas e cresceu rodeado

de amigos, de benfeitores e de amizades. Hoje

quem quiser falar de O Mensageiro

não poderá deixar de falar do grupo de amigos que o

rodeiam e que no fundo são a sua

alma.

No próximo Domingo O Mensageiro celebra 98 anos de vida. A longevidade é por si só assi-nalável, mas outra razão parece também reforçar a homenagem de gratidão devida pelos leitores, pela diocese, pelo distrito e mesmo pelo País.

De facto O Mensageiro não é um jornal qual-quer, não é mais um no meio dos muitos que existem pelo País fora. Trata-se não só do mais antigo do distrito, como também, em muitos ca-sos, é o único documento histórico seguro para fazer a história da cidade e do distrito, bem como a diocese de Leiria. Nasceu por causa da diocese e lutou por ela como mais ninguém o fez. E nesta luta pela restauração da diocese foi fazendo ca-minho e traçando a história do distrito.

Nascido do amor à diocese, esteve sempre ligado a pessoas concretas e cresceu rodeado de amigos, de benfeitores e de amizades. Hoje quem quiser falar de O Mensageiro não poderá deixar

de falar do grupo de amigos que o rodeiam e que no fundo são a sua alma. Este facto é assinalável, embora também possa estar ligado ao caminhar mais lento do próprio jornal. As amizades são sempre boas, mas também significam compromissos que muitas vezes impe-dem o desbravar de novos caminhos.

Seja como for, O mensageiro orgulha-se de ser obrigato-riamente necessário consultar para quem

quiser conhecer a história do distrito de Leiria. Orgulha-se de manter uma linha editorial que privilegia a formação sobre a informação. E, honra lhe seja feita, cumpre a sua missão. Trata-se de um jornal que, queiramos ou não, marca a forma como muitos dos cristãos da diocese vêem e encaram o mundo. É graças a ele que alguns sabem ver mais do que nos dizem as televisões e as conversas de café. É, enfim, por ele que al-guns, muitos, conseguem manter viva a sua fé, traduzida em algo mais que a celebração rotineira e tradicional.

Com 98 anos de idade, O Mensageiro está velhinho, cansado e obviamente tem muitas dificuldades em atravessar o mundo da tecno-logia actual. Pode questionar-se, por isso, sobre o dia de amanhã. Pode perguntar-se sobre o seu contributo para o futuro. Mas por ser velhinho pode também levantar bem alto o que poucos poderão fazer: contar a história, recordar o pas-sado e aviva-lo. Pode enfim ajudar o futuro com a memória viva do passado.

Parabéns e felicidades para O Mensageiro.

O mais antigo semanário do distrito de Leiria

O Mensageiro, quase um século de vidaComum acordo

Por óbito do Rev. Cón. José Ferreira de Lacerda, falecido a 20 de Setembro de 1971, por testamento lavrado no 2° Cartório No-tarial de Leiria a 29/11/1953, folhas 27,v./ Livro n°5, foram constituídos seus herdeiros, em partes iguais, o Seminário Maior de Leiria e a Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia dos Milagres. Da “Relação de bens” datada de 3/6/1972, não consta o jornal “O Men-sageiro”. Segundo constou na altura, os representantes das instituições, terão decidido, por comum acordo, que o jornal “O Mensageiro” ficaria para o Seminário Diocesano de Leiria.

Mas, por questões legais, teve de se optar por outras vias. A edição do jornal “O Mensageiro” n°2803, de 30/9/7], publicada na semana a seguir ao óbito do Padre Lacerda, já regista como Proprietários os “Herdeiros do Padre José Ferreira de Lacerda”. O registo de matrí-cula da sociedade comercial

por quotas de responsabili-dade limitada que adoptou o nome de firma “Herdeiros do Padre José Ferreira de Lacer-da, Lda”, só foi feito a 10 de Novembro de 1972.

A partir do n°2803 de 30/9/1971 “O Mensageiro” regista como Director e Edi-tor o Padre António Francisco Pereira que, à data do óbito, era Secretário de Redacção.

Para percebermos que a constituição da Sociedade Comercial entre o Seminário Maior de Leiria e a Fábrica da

Igreja Paroquial da Freguesia dos Milagres era uma solução transitória, no dia 19 de Mar-ço de 1974, por acordo, foi dissolvida a dita sociedade, cujo capital era de 50.000$00 e bem assim a liquidação da partilha, tendo sido adjudica-da ao Seminário Diocesano de Leiria a propriedade do jornal “O Mensageiro”.

As dificuldades não se ficaram por aqui. Peloof.n°1394/SRI, datado de 6/8/74, emitido pelos Serviços de Registo da Im-

prensa, o Director Geral da Informação, informa que o Seminário, por não ser em-presa jornalística, não pode titular a propriedade dum jornal “regional”. Face ao conteúdo do Of.n°1394/74, o P. Gameiro respondeu a 7 de Novembro de 1974, infor-mando o Director Geral da Informação que o Seminário ficava a aguardar a publicação da Nova Lei da Imprensa, esperando que ela viesse a modificar as normas em vigor. Depois das diligências efectuadas e a troca de cor-respondência, com a data de 27/3/1975, cerca de um ano após o 25 de Abril, é recebido o of.n° 613/SR1,Ref.M.264, di-rigido ao Reitor do Seminário Diocesano de Leiria, que diz o seguinte: “Para os devidos efeitos, informo VReva de que foi considerada a pro-priedade do periódico “O MENSAGEIRO” a favor des-se Seminário. Mais informo que, continua a ser o mesmo o número de inscrição da empresa em causa, ou seja 11/174.

Após a morte do Padre Lacerda, ocorrida a 20 de Setembro de 1971, ficou Director Interino do jornal o Padre António Francisco Pereira, que já era Secretário de Redacção. A administração ficou ao cuidado do Prof. Ma-nuel Matias Crespo, ao tempo Preceptor na Prisão-Escola de Leiria. Em 23 de Dezembro de 1971 assumiu as funções de Secretário da Redacção Miguel Trindade Elias.

A partir do Of. datado de 7 de Novembro de 1973, de que se conserva cópia, dirigi-do pelo Reitor do Seminário ao Vigário Geral da Diocese, deduz-se que o mesmo Vi-gário Geral havia emitido parecer de que o Seminário devia iniciar negociações em ordem à alienação do Jornal, mas que os responsáveis do mesmo Seminário não dis-punham de dados suficien-tes para se pronunciarem. Este documento indicia a existência de algumas difi-culdades para a equipa do

Seminário poder assegurar a publicação ou talvez alguma reserva quanto à orientação do mesmo. O que é facto é que o jornal continuou a sair com regularidade.

A 8 de Abril de 1974, o Prof. Matias Crespo, administrador do jornal, ao mesmo tempo que res-pondia à solicitação que lhe havia sido feita pelos responsáveis do Seminário sobre a situação económica do jornal pedia que fosse revisto o ordenado. A partir de 3 de Novembro de 1977, em virtude de o Prof. Matias Crespo não poder continuar a administrar o jornal, por motivos de saúde, a Comis-são Administrativa do Semi-nário assumiu esse encargo, ficando incumbidos dessa responsabilidade os Padres António das Neves Gameiro e João Vieira Trindade que, nesta ocasião, procederam à transferência dos ficheiros, que se encontravam em casa do Prof. Crespo, para o

Seminário. A direcção do Jornal foi

mantida pelo Padre António Francisco Pereira até ao seu falecimento, ocorrido a 11 de Junho de 1987. Para assegu-rar a publicação do jornal o Reitor do Seminário indigitou o Padre João Vieira Trindade. A proposta foi aceite pela Di-recção-Geral da Comunicação Social, conforme consta do despacho de 4 de Agosto de 1987. O Padre João Trindade manteve-se nestas funções até 4 de Outubro de 1990.

O Prof Matias Crespo, que regressara à chefia de Redacção a 1 de Outubro de 1987, assumiu a Direcção do jornal a 11 de Outubro de 1990. Depois de uma década de total disponibilidade veio a cessar funções a 5 de Outu-bro de 2000, tendo-lhe sido prestada merecida homena-gem pelo muito trabalho e de-dicação ao jornal mais antigo do Distrito de Leiria.

Desde 12 de Outubro de 2000 a 1 de Setembro de

2005, a direcção do jornal foi assumida pelo Reitor do Seminário de Leiria, Dr. Vir-gílio do Nascimento Antunes. A edição do dia 8 de Setembro de 2005 saíu sob a responsa-bilidade do novo Reitor do Seminário, Dr. Manuel Ar-mindo Pereira Janeiro.

A partir de 15 de Setem-bro de 2005, o Padre Rui Acá-cio Amado Ribeiro, dotado de excepcionais qualidades jornalísticas, aceitou o con-vite que lhe foi feito pelo Reitor do Seminário para dirigir o jornal. Agregando a si um qualificado grupo de colaboradores, assumiu a direcção dum jornal que, não obstante ter quase um século de história que o tor-na o mais antigo do Distrito, soube imprimir-lhe um novo rosto e dotá-lo de conteúdos que o tornaram importante instrumento de cultura e evangelização para o nosso tempo.

As direcções do jornal na história

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3O Mensageiro4.Outubro.2012ro.2011 98 ANOS O MENSAGEIRO

Rostos de uma casa

Directores de O Mensageiro

Pe José Ferreira LacerdaNasceu no dia 23 de

Abril de 1881, em Monte Real. Aos 12 anos, Setembro de 1893, entrou no Semi-nário Menor de Leiria. Seis anos depois foi para Coim-bra frequentar o curso de teologia. Tendo terminado o curso, foi nomeado Per-feito do Seminário. No dia 6 de Novembro de 1904, foi ordenado sacerdote. Nesse mesmo ano foi nomeado para a paróquia de Alvor-ge, Ansião, onde esteve dois anos. Em 1906, por sua conta e risco, foi viver para a Vieira de Leiria, acabando por ser nomeado pároco em Julho desse mesmo ano. Fi-nalmente, em Fevereiro de 1909 assumiu a paróquia dos Milagres, onde esteve por mais de 60 anos. En-tretanto foi vereador da Câ-mara de Leiria, entre 1908 e 1910, e manteve uma intensa actividade politica. A 7 de Outubro de 1914, fo-mentando um movimento para restaurar a Diocese de Leiria, reconquistando-a à Diocese de Coimbra e ao Patriarcado de Lisboa, José Lacerda funda o jornal O Mensageiro como veículo de uma causa desejada pelo clero e por muitas forças da sociedade leiriense. Foi seu director até à morte, no dia 20 de Setembro de 1971.

Pe. António Francisco Pereira

Nasceu no dia 27 de Ju-lho de 1915, em Amoreira, Fátima. Aos 13 anos (Outu-bro de 1928) ingressou no seminário Diocesano, ten-do terminado os Estudos Preparatórios em 1934. Depois de frequentar as aulas de teologia, concluiu o curso em 1938. Foi orde-nado diácono no dia 2 de Abril desse mesmo ano e Presbítero no dia 7 de Agos-to de 1938. Nesse mesmo ano leccionou Português e Geografia no Seminário, e por ali ficou até 1943. Nesse ano, continuando no Semi-nário, assumiu a paróquia da Azóia. Depois, entre 1945 e 1948, foi pároco de Colmeias. A partir desta data colaborou como auxi-liar dos párocos de Maceira, Freixianda e Pataias. Depois ajudou o Pe Lacerda, nos Milagres, ao mesmo tempo que continuava a leccionar no Seminário Dominicano de Aldeia Nova. Em 1967 foi nomeado secretário da redacção do jornal . Com a morte do Pe Lacerda em 1971, assumiu em Setem-bro as funções de director, funções que desempenhou até Junho de 1987.

Pe João Vieira TrindadeNasceu no dia 27 de

Fevereiro de 1931, em Alburitel, Seiça. Aos 13 anos (1944) ingressou no Seminário Diocesano de Leiria. Aí completou o curso de teologia em 1956. Ordenado sacerdote no dia 12 de Agosto de 1956, foi nomeado coadjutor da pa-róquia da Marinha Grande, onde esteve durante 5 anos. Em 1961, assumiu a paro-quialidade da paróquia de Urqueira. Depois, em 1965, foi pároco de Mira de Aire e em 1973, regressou a Lei-ria para integrar a equipa formadora do Seminário. Em 1989 foi nomeado No-tário-Actuário adjunto do Tribunal Eclesiástico. Em 1995, assumiu a capelania do Hospital de Leiria. Na linha destas funções foi assistente da Associação dos Enfermeiros e Profis-sionais de Saúde e em 2001 foi nomeado capelão da Santa Casa da Misericórdia de Leiria. Durante os anos em que intergrou a equipa formadora do Seminário, assumiu as funções de director de O Mensageiro, entre Junho de 1987 e Ou-tubro de 1990.

Professor Manuel Matias Crespo

Nasceu no dia 14 de Maio de 1916 na freguesia do Coimbrão. Aí fez o cur-so de instrução primária. Terminado este foi residir para Almada. Em Lisboa fre-quentou o liceu e a Escola do Magistério Primário, tendo terminado em 1937. No ano seguinte veio para Leiria, leccionando nas Escolas de S. Estêvão e no Internato Distrital. Em 1947, transitou para a Pri-são-escola, como educador e aí permaneceu até 1986, altura em que foi aposenta-do. Entre muitas activida-des que desempenhou foi dirigente da Acção Católica, Presidente da Assembleia Geral do Orfeão de Leiria, da Sociedade Filarmónica de S. Tiago dos Marrazes, vereador da Câmara Muni-cipal de Leiria. Em Outubro de 1990 assumiu as funções de director de O Mensagei-ro, a pedido do reitor do Se-minário, cargo que ocupou até Outubro de 2000.

D. Virgílio do Nascimento Antunes Antunes

Nasceu no dia 22 de Setembro de 1961 em São Mamede, Batalha. Frequen-tou o Seminário Menor de Leiria e fez o Curso Filosó-fico-Teológico no Instituto Superior de Estudos Teoló-gicos de Coimbra. Depois da ordenação sacerdotal, em 29 de Setembro de 1985, colaborou pastoral-mente nas paróquias da Barreira e das Cortes, até 1992. De 1985 a 1992 foi formador no Seminário Diocesano de Leiria. Du-rante estes anos leccionou as disciplinas de Religião, Português e História, do ensino secundário. De 1992 a 1996 realizou estudos de especialização em ciências bíblicas, no Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica de Jerusalém, tendo obtido o mestrado e licenciatura canónica em Exegese bí-blica. Tendo regressado à Diocese de Leiria-Fátima, em 1996, foi nomeado Rei-tor do Seminário Diocesano de Leiria, funções que de-sempenhou até 2005. Este-ve ao Serviço do Santuário de Fátima, desde Setembro de 2005, onde, durante três anos foi capelão. Foi Reitor do Santuário de Fátima de 25 de Setembro de 2008 a 10 de Junho de 2011. Foi nomeado Bispo de Coimbra, pelo Papa Bento XVI, no dia 28 de Abril de 2011. A sua ordenação episcopal ocorreu na Igreja da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima, no dia 3 de Julho de 2011. Foi director de O Mensageiro durante os anos em que foi reitor do seminário, de 2000 a 2005.

Pe Rui Acácio Amado Ribeiro

Nasceu no dia 23 de Junho de 1967, em Fran-ça. Aos 13 anos de idade ingressou no Seminário Diocesano de Leiria, onde completou os estudos correspondes ao ensino secundário. Ingressou no Seminário Maior de Leiria em 1985 tendo terminado o curso em 1991. Ordena-do diácono nesse ano, es-teve a trabalhar no Centro Hospitalar de Deficientes Profundos, em Fátima. Foi ordenado em Julho de 1992 e nesse mesmo ano foi nomeado professor e formador no Seminário Menor de Leiria. Durante 8 anos, esteve no Seminá-rio desempenhando várias funções: professor, educa-dor, director espiritual e responsável pelo Pré-Semi-nário. Nos anos 2000-2001 frequentou um curso de comunicação social em Pa-ris. De novo no Seminário acumulou com as funções de pároco das Cortes. Em 2003, saiu do Seminário e assumiu a capelania da Prisão-Escola ao mesmo tempo que continuava pároco das Cortes. No ano 2008 assumiu a paróquia da Cruz da Areia, tendo 2 anos depois ficado com a paróquia da Barreira e Cor-tes. Actualmente é também vigário da vara, funções que acumula com a direcção de O Mensageiro (desde 2005), director do serviço pastoral da Comunicação Social, membro do Colégio de Consultores, membro do Conselho Pastoral Dio-cesano, Membro do Conse-lho Presbiteral, e membro do Gabinete de Informação e Comunicação.

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98 ANOS O MENSAGEIRO4 O Mensageiro4.Outubro.2012

RECORDAR TRÊS FIGURAS INCONTORNÁVEIS DE O MENSAGEIROJosé Ferreira de Lacerda

O fundador conquistador

Alfredo Matos

Notável jornalista e historiadorFez os seus estudos

secundários e superiores no Seminário de Leiria entre 1927 e 1937. Era so-brinho do Pe. Júlio Pereira Roque (Jupero), um dos combatentes pela restau-ração da diocese de Leiria e dinamizador de O Men-sageiro. Profissionalmente, foi funcionário superior de uma grande empresa in-dustrial, em Lisboa, onde faleceu em 1992.

Foi investigador da his-tória do seu distrito sobre a qual publicou várias obras (Dom Frei Brás de Barros, Dom João III e a Construção da Sé de Leiria; A comarca de Porto de Mós; Alqueidão da Serra: Apontamentos para a Sua História; Um passeio na História do Juncal; A Escola de Frei José e de Frei Manuel da Conceição na Serra de Santo António) e olissi-pógrafo (Lisboa em 1758), e dedicou-se a questões religiosas (O Infante D. Henrique, Homem de Fé; 8 Dias com os Videntes da Cova da Iria em 1917). Sob

o pseudónimo Ruy de Lena publicou a novela Amores à Beira Liz.

Colaborou com assi-duidade e desde cedo nos jornais da sua região – Ecos do Alcoa, de Alcobaça; Voz do Mar, de Peniche; Gazeta das Caldas, das Caldas da Rainha; Região de Leiria, A Voz do Domingo e O Men-sageiro, todos de Leiria; o último, dirigido pelo Pe. José Ferreira de Lacerda. O jornal O Mensageiro foi aquele em que mais du-radouramente escreveu, usando o pseudónimo

Monge dos Candeeiros. Foi um jornalista militan-te, desenvolvendo – tanto quanto a Censura prévia da época e os proprietá-rios dos jornais consentiam – campanhas de interesse local, em particular a favor da sua «pátria pequenina». Colaborou ainda no Diário Popular, n’A Defesa, jornal da arquidiocese de Évora, e n’ A Luta, de Nova Iorque.

O jornalista militante era um amador. Nunca foi remunerado. O investiga-dor histórico era também um amador.

Comecei a apreciar os artigos de Alfredo de Matos, no jornal O Mensa-geiro, de Leiria, quando fiz o meu curso no Seminário Diocesano de Leiria. Conhe-ci-o pessoalmente, quando ouvi a sua magnífica confe-rência sobre D. Frei Brás de Barros e a construção da Sé de Leiria, pronunciada no Ginásio da Escola Comer-cial e Industrial de Leiria, em Junho de 1957, publi-cada, no ano seguinte, em edição da Gráfica de Leiria, que ele pôs à disposição do Sr. Bispo de Leiria, para que fosse enviada aos antigos alunos do Seminário, para obtenção de fundos para a construção de um novo edifício, que então andava para ser construído.

Ainda conservo a pri-meira carta com que ele, no já longínquo dia 10 de Janeiro de 1961, respondeu a uma consulta que lhe fiz, sobre a história da minha terra, carta cheia de evoca-ções da sua própria vida e recheada de bons conselhos ao jovem que eu era, nessa altura.

Após alguns anos de interrupção, motivada pela minha ausência em Roma, retomei a minha correspondência com ele, em 1967 e pelo tempo fora, até pouco tempo antes do seu falecimento, em 1992, tesouro precioso que guardo no meu arqui-vo particular. Continuei a apreciar os seus estudos históricos, principalmente sobre os concelhos de Leiria e de Porto de Mós, em que eu admirava sobretudo a extrema preocupação que ele tinha de se documen-tar, principalmente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Ficou exarado o reco-nhecimento de Agostinho Tinoco, no registo biblio-gráfico de Alfredo de Matos que fez, na prestigiada obra Dicionário dos Autores do

Distrito de Leiria (1979), recentemente reeditada (2004): “Deve o autor des-te Dicionário à gentileza e solicitude daquele seu bom Amigo o favor de várias in-formações respeitantes a alguns dos escritores nele referidos, as quais muito contribuíram para um me-lhor conhecimento da sua obra ou da sua biografia”.

Foi também muito gran-de a colaboração que deu ao seu antigo colega de Semi-nário, o Padre José Carreira, que elaborou o valioso livro O clero da diocese de Lei-ria e o seu passado, saído postumamente, em 1984, em que o autor assinala, como uma das principais fontes do seu trabalho, as “informações de Alfredo de Matos”, que este, depois, generosamente me cedeu, em cópia. Tanta é a minha gratidão para com ele que, num estudo que fiz sobre A vila de Leiria em 1385, me senti na obrigação de o de-dicar “A Alfredo de Matos, meu primeiro guia na Leiria medieval”.

Por duas vezes mais, tive ocasião de lhe pres-tar a minha homenagem: quando, numa evocação do Padre José Ferreira de La-cerda, no encerramento do centenário do nascimento

dessa grande figura do clero leiriense, de quem Alfredo de Matos era um indefec-tível Amigo; e na abertura da Biblioteca que leva o seu nome, no Alqueidão da Serra. Numa e noutra oportunidade, lembrei o quanto lhe devia e ainda hoje devo.

Sou testemunha da ve-neração que tinha pelo seu tio, o Padre Júlio Pereira Roque (Jupero), e o esforço que fez para que a sua acção em prol da restauração da diocese de Leiria, ao lado do outro nome que acabo de referir, o Padre Lacerda, não fosse esquecida.

Recordo a maneira ca-tivante como me recebeu, por duas ou três vezes, na sua residência da Rua An-tónio Patrício, de Lisboa, numa das quais apreciei sumamente as suas quali-dades culinárias, ao comer um saboroso prato de arroz, que ele cozinhou na ausên-cia da sua dedicada Esposa, Srª. D. Maria Luísa. (...)

Faço votos para que a obra de Alfredo Matos dis-persa seja reunida e posta nas mãos de quem queira documentar-se sobre a história de toda a região de Leiria.

Pe. Luciano Cristino

Pe. Luciano Cristino recorda Alfredo Matos

“Apreciei os seus estudos históricos, principalmente sobre os concelhos de Leiria e de Porto de Mós”

Quem se considera lei-riense e não sabe a história de José Ferreira de Lacerda é um cidadão incompleto no que respeita ao conhe-cimento das grandes con-quistas e transformações da cidade do século XX. Mais do que caracterizar biogra-ficamente esta figura, im-porta perceber que foi um vulto que pelo seu estado inconformado, conseguiu várias valências para esta região, de forma assertiva e determinada. O sacerdote, jornalista e um interessado pelo desenvolvimento do distrito de Leiria, fundou a 7 de Outubro de 1914, com o preço de 2 centavos (20 réis), um periódico que vi-ria para ficar e que durante quase um século foi teste-munha e base de registo de muita da história de Leiria.

Mas, o jornal que fundara, foi também objecto de alte-rações profundas, sendo ele muitas vezes protagonista da história. Mais do que conquistas em termos de obras importantes para a região, ou de promoção à cultura e um precioso ser-viço de evangelização, O Mensageiro foi o principal responsável, pelo força do seu fundador e director, pela conquista da Diocese de Leiria que fora perdida no século XIX.

Neste número especial de 98 anos de O mensagei-ro, recordamos duas figuras de O Mensageiro: Pe. Júlio Pereira Roque (braço direito de José Ferreira de Lacerda e seu substituto quando este esteve na Grande Guerra) e Alfredo Matos (historiador e autor de inúmeros textos

de valor histórico, publica-dos em O Mensageiro).

Volvidos quase 98 anos, importa continuar a senda de registo jornalístico e de conquistas de causas, tão necessárias nesta contur-bada crise do século XXI, bem distante da realidade dos anos em que iniciou a sua actividade jornalística de 1914. Da era do chumbo e do papel, convive-se em paralelo com os suportes digitais (ainda por provar a sua eficácia).

Pelo legado que o seu fundador nos deixou, pelas suas conquistas, este ins-trumento de comunicação de Leiria deve lograr a sua continuidade de missão. O jornal que conquistou a Diocese, assim merece!

Joaquim Santos

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5O Mensageiro4.Outubro.2012 98 ANOS O MENSAGEIRO

Alfredo de Matos não se cansou de evocar, e com razão, o Pe Júlio Pereira Ro-que, seu tio. No “Legado Al-queidanense”, ele fotografa a cores vivas, como nenhum fotógrafo, a alma do seu tio e as circunstâncias que en-volveram um atentado. A evocação que se segue não consta do legado de Alfredo de Matos e é a transcrição gráfica efectuada pelo Padre Américo Ferreira, a partir de gravação sonora, da oração laudatória do Padre Júlio Pe-reira Roque, proferida pelo Cónego Dr. José Galamba de Oliveira, no dia 25 de Outu-bro de 1970, em Alqueidão da Serra, na inauguração de placa toponímica com seu nome, no contexto das cele-brações do 350º aniversário da criação da freguesia.

“Não era eu que devia es-tar aqui. O culpado é o meu incorrigível desejo de servir, junto a dificuldade de dizer um não. Fora convidado o Senhor Cónego Lacerda, companheiro de armas do Senhor Padre Júlio Pereira Roque, nas duras batalhas travadas pela restauração da diocese e noutros campos de acção. Ninguém melhor do que ele poderia e sabe-ria fazer reviver a figura e a personalidade deste ho-mem invulgar: pormenores biográficos, anedotas histó-ricas, factos conhecidos ou inéditos, de tudo o Senhor Cónego Lacerda se serviria, para, no seu estilo inconfun-dível, nos deliciar por uns momentos. Ninguém, mais do que eu, lamenta que uma gripe seguida de um forte ataque de reumatis-mo, o tivesse impedido de vir. Sugeri outras persona-lidades mais competentes e curiosamente adornadas com o pó das bibliotecas e arquivos, como o Senhor dr Cristino, culto professor do nosso Seminário e o dr Luciano e este, mais a mais, membro do mesmo conce-lho. Estou sinceramente arrependido de não ter in-sistido num destes nomes e de não ter recusado aceitar o convite. Que não era para tapar um buraco, diziam, e tinham razão. O buraco fica aberto na mesma. Sentimos todos a ausência do Senhor

Cónego Lacerda, por cujas melhoras fazemos os mais ardentes votos; e eu conti-nuo a sentir pena de não estar simplesmente no meio de vós.

Não se trata de figuras de retórica nem desacordo com a festa que nos reuniu aqui. É óptima ideia cuidar das nossas aldeias e vilas, recordar os homens bons que nos precederam, pôr em justo relevo os seus inegáveis valores. E penso que não é de somenos im-portância a vinda aqui das Exmas. Autoridades.

Precisamos de elevar o nível de vida da gente do campo e da serra, é certo: de melhores salas de aulas, vias de comunicação, previ-dência e assistência, energia eléctrica, água potável, etc. Mas não podemos esquecer que é aqui, na aldeia, que em geral, se forjam e tem-peram caracteres dos gran-des homens. Mal de nós se o olvidamos. E tenho pena de que durante tanto tempo a província estivesse na si-tuação do Ultramar: objecto de injusto desprezo, e, até as vezes de total abandono. Deus queira que ainda se ve-nha a tempo. Mas receio que nos encontremos diante de um movimento irreversível de abandono da aldeia para uma concentração urbanís-tica aonde, teimosamente, continua a ocorrer a con-centração da actividade in-dustrial. Mas não foi a isto que vim. Desculpem.

É de Jupero, o Padre Júlio Pereira Roque que tenho de tratar. Como, se não o conheci, ou, pelo me-nos, me não recordo dele? Cantei missa em Julho de 26 e o Padre Júlio morria dois anos depois. Não tive tempo de saber que tipo de homem era: se baixo ou alto, magro ou gordo, a cor do cabelo, a natureza do olhar, o timbre de voz, a forma do rosto.

Nem é preciso afinal. Só se eu fosse pintor ou escul-tor para fixar plasticamente o seu tipo físico!

Ouvi dizer que era um homem duro, agarrado às suas ideias, às vezes mal humorado, pouco aberto a diálogos. Talvez fosse. E que tem isso? Que poderia a gente esperar de alguém

criado na escola do padre Afonso, nesta terra, hoje alindada, mas então dura e inóspita onde só a teimosa insistência do homem fazia as pedras produzir pão, azei-te e batatas e a erva magra da serra, com os pequenos arbustos transformar-se em carne ou leite? Que sabe disso a mocidade de hoje, vestida de malhas fabricadas por máquinas e de fibras artificiais em vez de estamanha e riscadilho e das mantas tecidas nos tea-res da aldeia e das camiso-las fortes, feitas durante os longos serões do inverno ou nos lazeres da vida pastoril, com a lã das ovelhas, fiada pelas velhas e pelas moças da terra?

Era dura a vida. Eram de rija têmpera os homens!

Nem sei como foi a in-fância nem a juventude do Padre Pereira Roque. O que eu sei é que nos encontra-mos diante de um homem que formou um nobre ideal e que se soube bater por ele. Não é entre fumos de tabaco ou de álcool, no café ou na taberna, na excitação fácil de companhias duvidosas ou de lúbrica música de batuques que se preparam os homens de amanhã.

A gente é como a seara. Mal vai se não cai geada e se não há treino de luta. Jupero foi um combatente, um lutador.

Não se gastou em questiúnculas; pequenas escaramuças como de zara-gateiros não lhe detiveram o caminho. A sua terra, o seu concelho, a sua região, os necessários ou almejados melhoramentos, a sua dio-cese, o clero, a instrução, a Igreja, eis os elementos de que se entretecia o ideal pelo qual batalhou até ao fim.

Nascido em Alqueidão da Serra, a 7 de Maio de 1876, veio a falecer a 18 de Outubro de 1928. Morreu novo; 52 anos; talvez in-compreendido de alguns, mas com uma grande alegria na alma. Pode dizer-se que, por serviço de Deus, das al-mas e da Igreja, o que mais o apaixonou foi a restaura-ção da nossa diocese. Fora extinta em 30 de Setembro de 1881. Logo em 1885 co-

meçou a reacção por parte de um homem leigo, um benemérito que a História não pode esquecer – Vito-rino da Silva Araújo. Este, porém, não era da têmpera rija de Jupero.

Recomeça a campanha em 1903. E, de então por diante, não pára, não des-cansa, não desanima, não depõe as armas. Atacado, escarnecido, desacompa-nhado, Jupero forma com o clero de Porto de Mós um pequeno grupo. Vem novas adesões de freguesias vizi-nhas. Depois, é o clero da vigararia de Leiria, a prin-cípio um pouco hesitante, para não desgostar o Senhor Bispo de Coimbra. A arma de que se serve é a pena, ora em cartas particulares, ora sobretudo na imprensa, o Portomosense de que é as-síduo colaborador. Fui ler os seus artigos para o conhecer melhor. Vi nele um homem possuído por uma ideia, que o domina, o comanda, o con-duz. Bate sempre as mesmas teclas; insiste, repete quase num estilo matraqueador de moderno mentalizador marxista. E tanto bate, tanto bate que arrasta os outros. É um chefe. Leiria vibra e dei-xa-se arrastar. Monárquicos e republicanos, padres e lei-gos, católicos e indiferentes, o comércio, as famílias mais representativas da terra, todos se dão as mãos. Não faltam os operários, os artis-tas, como então se dizia. O teatro Dª Maria Pia enche-se para uma grande assembleia em que toma parte a melhor gente da terra. Porto de Mós vai agradecer.

El-rei recebe uma luzida comissão. Há promessas que se esvaem. Jupero insiste, a imprensa diária e regional alinha com o “Portomo-sense”. Desde os grandes diários como a Palavra, do Porto, o Século, o Diário de Notícias, o Correio da Noite, o Correio da Tarde, o Diário Ilustrado, a Época, a Nação, o Correio Nacional até aos mais afastados jornais da Província e as mais cate-gorizadas revistas como a Revista Católica, os Ecos de Roma e a Voz de Santo Antó-nio, é um coro unânime de aplausos, de aprovações, de apoios a Jupero.

De repente, apaga-se a luz. Suspende-se a cam-panha em Novembro de 1904. Aparentemente e na imprensa, apenas.

1913. Nove anos vão passados; debaixo das cinzas havia brasas vivas. As exéquias por alma do Senhor Bispo-Conde, na Sé de Leiria, dão ensejo a uma reunião do Clero. E a cam-panha recomeça com novo vigor. Jupero escreve, agora no Mensageiro, nascido a 7 de Outubro de 1914 e no qual o seu fundador, editor e proprietário, o Senhor Cónego Lacerda, o convida a colaborar. Jupero responde às objecções, torna pública a carta e a maneira de sentir do Senhor Bispo-Conde e a representação solenemente entregue a Sua Magestade.

A pequenina faúlha, atiçada em Porto de Mós pelo Padre Júlio Pereira Ro-que e em três períodos por ele mantida, surte efeito. Jupero vê os seus esforços coroados de êxito. Triunfa.

O bispado de Leiria, em má hora extinto, sem razão, ressuscita. Leiria, diocese, assemelha-se aos estados tampões, como a Bélgica e a Polónia. De vez em quando, os grandes atiram-se a ela, com fúria leonina e instinto de chacais.

O exemplo do passado é lição para o presente. Não sei o que teria acontecido se determinadas e insensatas ambições, os não tivessem encontrado unidos e alerta-dos. Por agora afastou-se o perigo. Mas a honra da nos-sa terra, o interesse da Igreja e das almas e da glória de Deus, o nome dos que nos precederam exigem de nós, prudência, vigilância e forta-leza na defesa e na luta.

Que alegria imensa não terá enchido a alma, a trans-bordar naquele dia glorioso de 5 de Agosto de 1920, quando a Diocese esteve em Leiria para receber o bispo mandado por Deus!

Não se julgue, porém, que o problema da restau-ração do bispado lhe absor-veu totalmente as energias. Bem pode dizer-se que não havia problema importante de ordem geral, como a educação religiosa, o ataque demo-maçónico ao clero, ou

de ordem regional, como o caminho de ferro de Tomar à Nazaré que não tivessem a senti-los a pena apurada de Jupero, um dos mais no-táveis polemistas de entre os jornalistas amadores do seu tempo.

Era o “nunc dimittis” (1). Jupero recebera uma missão da Providência: lutar pela restauração da diocese. E cumpriu com galhardia. Agora podia recolher-se com a missão cumprida. Não sei como o mundo o tratou. O Senhor chamou-o a Si. Oito anos depois entregava a alma a Deus. Mas deixava em testamento a gente da sua terra e a nós todos, o exemplo dum homem que soube lutar por um ideal nobre, num combate sem quartel. E seguiu-o até à vitória final.

Nem a todos os que lu-tam está reservado o triun-fo. Mas todos os que sabem lutar recebem, ao menos a mais alta recompensa: o testemunho da própria consciência do dever cum-prido.

A pedra que aqui fica é a memória de um homem que honrou a sua família e a sua terra, que teve um nobre ideal a norteá-lo, que soube servir com denodo Deus, a Igreja e a Pátria.

Que a sua memória perdure e sirva de exemplo aos homens de hoje e de amanhã e que o Alqueidão da Serra, com muito mais possibilidades hoje do que ontem, seja viveiro fecundo de homens que, a exemplo do Padre Júlio Pereira Ro-que, no seguimento do Di-vino Mestre, com nobreza e desinteresse saibam servir.

José Galamba de Oliveira

(1) Palavras do velho Simeão quando pegou o Menino Jesus nos braços, no Templo de Jerusalém:

“Nunc dimittis servum tuum, Domine, secundum verbum tuum in pace: Quia viderunt oculi mei salutare tuum. Quod parasti ante faciem omnium populorum: Lumen ad revelationem gentium, et gloriam plebis tuae Israel.” (Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz, segundo a Tua palavra, porque os meus olhos viram a Salvação, que preparaste em favor de todos os povos: Luz para iluminar as nações e glória de Israel, Teu povo. (Lucas 2, 29-32)).

http://www.alqueydam.com/

Júlio Pereira Roque foi o braço direito do fundador de O Mensageiro

Evocando Jupero, sacerdote e jornalista

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SOCIEDADE6 O Mensageiro4.Outubro.2012

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Os novos regulamentos das Piscinas municipais de Leiria, Caranguejeira e Maceira já estão em vigor desde o dia 1 de Outubro.

O novo modelo de fun-cionamento foi aprovado pela Leirisport e apresen-tado, em reunião no dia 27 de Setembro, aos clubes e outras entidades utilizado-ras destes equipamentos.

Em comunicado, a Lei-risport deixa claro que a exploração das piscinas da Caranguejeira e da Maceira é “comprovadamente defi-citária ano após ano, tendo-se cifrado, em 2011, em -�117.666,77 e -�101.953,14, respectivamente”. Ainda no mesmo documento é dito que “O Complexo Muni-

cipal de Piscinas de Leiria tem apresentado resultado operacional positivo, mas subsistem ineficiências que têm de ser corrigidas”. Assim, as alterações aos regulamentos destas três instalações visaram ade-quar o seu funcionamento e os recursos que lhe estão afectos à difícil situação económico-financeira do Município de Leiria e da Leiriport.

No mesmo comunicado a administração da empre-sa municipal explica que “a necessária diminuição de custos será alcançada atra-vés da redução dos horários de funcionamento, dos en-cargos com energia e com os recursos humanos e ainda

pela redução dos apoios da Câmara Municipal de Leiria à utilização por clubes e ou-tras entidades”.

As piscinas de Leiria continuam a estar abertas de segunda a sexta-feira, entre as 7h30 e as 22h00, e aos sábados, das 8h30 às18h00, passando a en-cerrar aos domingos.

Ao nível dos gastos energéticos, estão a ser adoptadas medidas que permitirão “poupanças mensais significativas, na ordem dos 20%, que se traduzem em 2.774,00 eu-ros nas piscinas de Leiria e 1.580,00 euros em cada uma das outras duas pisci-nas”. “As medidas adopta-das nas piscinas da Maceira

e Caranguejeira irão reduzir o défice de exploração, pou-pando cerca de 40.000,00 euros de despesas de fun-cionamento em cada uma das instalações”, lê-se ainda no documento.

Para potenciar o aumen-to das receitas, as tabelas de preços foram ajustadas, de modo a captar utentes para os horários não nobres e a atrair novos públicos. Os preços de tabela mantêm-se no que respeita à entra-da individual (2,40 euros no Complexo Municipal de Piscinas de Leiria, 2,10 euros nas Piscinas Munici-pais da Caranguejeira e da Maceira).

Poupar é palavra de ordem

Novos regulamentos das piscinas municipais já estão em vigor

A Comunidade Inter-municipal do Pinhal Lito-ral (CIMPL) realiza no dia 4 de Outubro um seminário sobre “Internacionalização – Vantagens das aborda-gens colaborativas”, no auditório da OPEN, a par-tir das 14h45, na Marinha Grande.

Luís Mira Amaral, ad-ministrador SPI - Sociedade Portuguesa de Inovação, Renato Homem, director de operações da Salsa, Sara Medina, administradora SPI – Sociedade Portuguesa de Inovação e Jacob Jeremias Nyambir, embaixador de Moçambique em Portugal

são os oradores convida-dos.

Um seminário que surge integrado nas acções de di-namização da Rede Urbana para a Competitividade e a Inovação do Pinhal Litoral, constituída pelos muni-cípios de Pombal, Leiria, Marinha Grande, Batalha

e Porto de Mós, que tem como parceiros as respec-tivas câmaras municipais, bem como outras institui-ções de relevo da região.

Organização da Comunidade Intermunicipal do Pinhal Litoral (CIMPL)

Debate “Internacionalização – Vantagens das abordagens colaborativas”

A União dos Sindicatos do Distrito de Leiria pro-move de 5 a 13 de Outubro a “Marcha contra o desem-prego” que terá início em Braga e que passará, no distrito de Leiria, no dia 10 de Outubro.

A “Marcha contra o desemprego” passará pelas 07h30 na zona industrial de da Formiga, em Pombal junto à empresa Sumol/Compal, seguido de deslo-cação à Câmara Municipal

e pelas 11h30 passará junto à Plastidom, na estrada da Estação, em Leiria, seguin-do para a Gândara dos Olivais, e depois seguirá para o centro da cidade de Leiria. Ao início da tarde a marcha estará na Marinha Grande.

Uma iniciativa para con-testar a actual situação do país e o elevado nível de de-semprego que, em comuni-cado, a CGTP-IN considera ser possível combater com

a aplicação do “Programa de Desenvolvimento di-rigido à Revitalização do Tecido Produtivo, com o envolvimento e mobiliza-ção da sociedade e dos tra-balhadores em particular” e ainda com o “Dinamizar a procura interna através do consumo o que passa pela melhoria de salários, incluindo o salário mínimo nacional, e das prestações sociais”. A CGTP também defende a necessidade de

“Reforçar o papel dos cen-tros de emprego na capta-ção de ofertas de emprego, assegurando ao mesmo tempo a qualidade e o res-peito pelas normas legais e contratuais, incluindo salários” e ainda a criação de “um imposto extraor-dinário que desincentive a distribuição de dividendos por parte das empresas e a transferência de mais valias para o exterior”.

Numa iniciativa da União dos Sindicatos

Leiria recebe “Marcha contra o desemprego”

Congratulemo-nos Ao longo dos anos O Mensageiro tem desempe-

nhado um papel importante, senão mesmo único, na área do distrito de Leiria.

Nasceu da idade e da vontade do Pe Lacerda que, contra tudo e contra todos, fez dele a arma para a conquista da restauração da diocese. Como se de um filho se tratasse, o jornal era sua propriedade e era também a sua força de viver. O Mensageiro, nascia assim de forma privada e sem compromissos com a igreja institucional.

Uma publicação deste tipo acabou por adquirir um perfil muito próximo do seu editor e proprietário. O crescimento do jornal foi obra de um esforço pessoal e naturalmente seguiu o rumo dado pela pessoa que dava a cara. Significa isto que os leitores foram gran-jeados por entre os amigos, conhecidos e contactos pessoais. A diocese foi restaurada, reconheceu que era devedora a O Mensageiro, mas ainda assim não o assu-miu como sua propriedade, aliás nem essa pretensão seria aceite de ânimo leve pelo seu fundador.

Com o correr dos anos o Pe Lacerda percebeu que deveria legar este seu filho, pois que se lhe adivinhava uma longevidade que ultrapassava a do seu criador. Foi assim que, ainda em vida, o Pe Lacerda tratou da transferência do jornal para o Seminário, que se assu-miu como novo proprietário da publicação.

Desde então foram 5 os directores que, escolhidos pelo Seminário, assumiram as funções de director da publicação. O legada do seu fundador marcou o rumo que o jornal seguiu durante os anos que se seguiram até ao presente. Os amigos, leitores e assinantes, mais de 1500, foram assistindo a pequenas transformações que são também o cunho pessoal de cada um dos seus directores.

Actualmente o jornal O Mensageiro pretende oferecer uma chave de leitura para os problemas que a vida social vai trazendo para a praça pública. Nesse sentido orgulha-se de ser o único, mesmo que o faça de forma menos exaustiva, o que se compreende pela falta de espaço de tempo e de condições. Os cristãos, os mais simples e humildes, de entre aqueles que se identificam com a diocese, encontram aqui em cada semana uma chamada de atenção para as realidades do quotidiano, o início de uma reflexão que depois deve ser continuada em casa e mesmo no grupo de amigos. Sem a pretensão de querer dizer tudo, O Mensageiro quer pelo menos abrir e apontar caminhos.

A redacção

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7O Mensageiro4.Outubro.2012 SOCIEDADE / CULTURA

No dia 4 de Outubro assinala-se o Dia Mundial do Animal e o Agromuseu Municipal Dona Julinha, na Ortigosa, vai realizar a iniciativa “As dóceis ove-lhinhas”, entre as 10h00 e as 12h00 e entre as 15h00 e as 17h00.

O museu vai dar uma especial atenção à ovelha, animal da quinta, muito dócil, através de um exem-plar que estará no local para todos aprenderem as suas características e atri-

butos. Numa roda à volta do animal, serão contadas histórias sobre ovelhas.

Depois os participantes na actividade vão manufac-turar uma ovelha usando rolos de papel higiénico, bem como tiaras de ovelha para enfeitar a cabeça dos mais pequenos.

Uma iniciativa dirigida a maiores de três anos e que custa 2,10 euros que é precisamente o valor de entrada no museu.

A ovelha vai estar em destaque

Agromuseu Dona Julinha comemora Dia Mundial do Animal

A Sala do Palácio do Castelo de Leiria volta a acolher esta sexta-feira, fe-riado nacional, pelas 22h00, a iniciativa Castelo de Sons - Ensemble Eça de Queiroz, desta vez subordinado ao

tema “Sonorizando Afonso Lopes Vieira”.

Uma iniciativa organiza-da pela SAMP – Sociedade Artística e Musical dos Pou-sos e da Câmara Municipal de Leiria que convida ao

público a viajar com a per-sonagem de Bartolomeu Marinheiro, à descoberta de novas sonoridades, a partir da poesia de Afonso Lopes Vieira, onde o som das pa-lavras é ornamentado com

uma vasta paleta sonora.O valor da entrada é de

quatro euros e as crianças até aos 10 anos não pa-gam.

No dia 5 de Outubro, pelas 22h00

Castelo de Sons volta ao Castelo de Leiria

O Centro de Interpre-tação Ambiental de Leiria recebe no próximo dia 14 de Outubro a acção de for-mação “Charcos com Vida” cujo objectivo é dotar o formando de uma ferra-

menta para a exploração pedagógica e conservação da biodiversidade.

Durante a iniciativa será feita a demonstração de actividades educativas de exploração de charcos,

a inventariação e caracteri-zação biológica de charcos, bem como o planeamento, desenho e construção de um charco.

Acreditada pelo Conse-lho Científico-Pedagógico

de Formação Contínua, esta acção de formação é consti-tuída por vários módulos. Os interessados podem ob-ter mais informações junto do Centro de Interpretação Ambiental.

Em Leiria

Centro de Interpretação Ambiental acolhe formação “Charcos com Vida”

Ficha de AssinaturaAssinaturas normal/benfeitor: 20/40 Euros (Nacional),30/60 euros (Europa) e 40/60 (Resto do Mundo)

Nome: ___________________________________________ ____________________________________________Rua: _____________________________________________ _______________ N.º _______________Localidade: ____________________________C. Postal: _____ - ____________________Telf.: _______________________________

E-mail:___________________________@_______________

Enviar esta ficha, recortada ou fotocopiada, para:O Mensageiro - Lg. Padre Carvalho - 2414-011 LEIRIAou forneça-nos os seus dados através do endereço de correio electrónico [email protected]

Na Marinha Grande Feira do Livro oferece animação até domingo

Na Marinha Grande a Feira do Livro continua a decorrer no jardim municipal Luís de Camões, numa iniciativa da Junta de Freguesia até ao próximo domingo.

Esta quinta-feira o evento abre as portas pelas 20h00 e uma hora depois está programado um momento de poesia com Norberto Barroca, seguindo-se fados com Deolinda Bernardo e José Pires.

No dia seguinte a animação nocturna, a partir das 21h00 fica por conta do grupo “Desbundixie” e no sá-bado a partir das 16h00 haverá animação infantil e às 21h00 actuará a Orquestra da Amieirinha e depois subirá ao palco o Grupo Coral da Amieirinha.

O encerramento da Feira do Livro está programado para as 23h00 de domingo.

Manuel Gorjão Henriques mostra“Ritmos de cor e composição”

O Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria inaugura no dia 5 de Outubro, feriado nacional, pelas 18h00, a exposição de pintura “Ritmos de cor e composição”, da autoria de Manuel Gorjão Henriques.

Uma mostra, com entrada livre, para ver, diariamen-te até dia 11 de Novembro, entre as 18h00 e as 22h00.

Durante seis mesesCentro histórico de Leiria com ruas fechadas ao trânsito

Em Leiria, o trânsito estará interrompido nas ruas Mestre de Aviz, D. António Costa e do Comércio, no Centro Histórico, pelo prazo de seis meses, devido à realização de obras nos edifícios.

A circulação automóvel é permitida apenas para cargas e descargas e ainda para residentes.

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O DOM DA FÉ

http://padrejorgeguarda.cancaonova.pt

Pe Jorge GuardaVigário Geral da Diocese

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ECLESIAL8 O Mensageiro4.Outubro.2012

Fé vem da escuta de Deus

Família há oito séculos

A terceira arcaá oito séculos, a jovem Clara de As-

sis inicia uma aventura sob o manto maternal de Nossa Senhora dos Anjos. Trezentos anos depois a mesma estrela de Assis cintilou nas terras de Mon-temor-o-Velho sob o olhar da mesma Senhora Nossa e Rainha, bem juntinho da Ermida de Nossa Senhora de Campos. O século XVI foi para a Ordem de Santa Clara em Portugal o mais florescente, qual luminosa primavera no coração da Igreja. O primeiro Mosteiro deste século nasceu junto às águas correntes do Mon-dego. Do céu continuava vi-gilante a doce rainha e mãe dos pobres, Santa Isabel de Portugal, que suavemente desejou adormecer sob as dobras do manto pobre da virgem Clara.

As fundadoras do Mosteiro de Montemor-o-Velho foram D. Isabel, viúva de D. João de Castro, na companhia de outras senhoras da alta nobreza,

que começaram a viver em comunidade, desprezando tudo o que é efémero para viverem somente segundo a vida do Espírito. Tão firmes eram as suas vocações, que obtiveram de D. Manuel o real beneplácito para pedir ao Papa Alexandre VI o respectivo documento para fundarem um mostei-ro. Centradas apenas no essencial atraíam pela sua vida santa e de grande fide-lidade à altíssima pobreza o beneplácito de vários reis e numerosas personalidades como D. Manuel, D. João III, D. Catarina, D. João IV, D. Pedro II, D. João V, D. Afonso de Castelo Branco, Bispo de Coimbra e outras pessoas que generosamen-te com elas partilhavam os seus bens.

Mas como aconteceu ao mosteiro de Santa Clara-a-Velha também este seria vítima das irregularidades do caudal do Mondego, que por diversas vezes causara estragos no mosteiro de Montemor-o-Velho, a tal

ponto que teve que se pen-sar numa transferência para um local mais seguro. Sandelgas surgiu como sítio ideal para acolher as religiosas. Ali não tinham que temer a fúria do Rio.

A transferência de toda a Comunidade ocorreu em Maio de 1691. O novo mos-teiro de planta rectangular, encontrava-se rasgado por múltiplas janelas e portas que contribuíam para dar vida à fachada, evitando a monotonia. Era simples e sóbrio nos seus traços arquitectónicos, nele res-plandecia a beleza da pobreza franciscana. Para sul do edifício conventual estendia-se um vasto ter-reno que se achava vedado por um alto muro. A cerca, com as suas hortas e jardins semeado de fontes e lagos, oferecia-se às Irmãs como local de trabalho e de lazer mas sobretudo de contem-plação e oração. Este espa-ço sem dúvida intemporal, substituía o clássico claus-tro, local aprazível e calmo

que facilmente permitia o encontro com Aquele que é a eterna beleza.

As santas virgens eleva-vam-se em contemplação, no meio do frondoso bos-que de cedros. Não muito longe do mosteiro, exis-tem actualmente alguns degraus que permitem o acesso à chamada fonte das freiras, situada abaixo do nível do solo. A poucos metros, ergue-se a fonte de S. João, na qual um nicho com colunas jónicas abriga a escultura do Santo em pe-dra de Ançã. A fonte é deco-rada de azulejos xadrezados do século XVII. A rematar este pequeno conjunto ar-quitectónico, encontra-se uma cruz de pedra.

A vida claustral das Irmãs de Sandelgas pro-cessou-se normalmente até à extinção das ordens religiosas ocorridas em 1834. O período que se seguiu revelou-se bas-tante conturbado, tendo culminado numa portaria governamental que, a 15

de Setembro de 1848, transferia as religiosas de Sandelgas para o Mosteiro de Santa Clara de Coimbra. O período era propício ao desrespeito pelos bens da Igreja e a venda do mosteiro a particulares foi permitida. Este veio a ser adquirido em hasta pública em 19 de Agosto de 1865 pela família Moura-Gusmão.

De Montemor-o-Velho fica-nos a beleza e o encan-to das lendas: Há muito, muito tempo, os primeiros habitantes dali enterraram dentro das muralhas do Cas-telo, duas arcas. A primeira arca continha a felicidade e a riqueza. Tinha tanto ouro que se aberta fartaria todo Portugal. A outra arca con-tém a peste. Uma vez aberta trará a desgraça, a miséria e a fome, não tendo pieda-de por ninguém. Muitos, movidos pela audácia ou pelo desespero de tempos difíceis, aproximaram-se das arcas para abrir a da fortuna… mas… logo paravam atónitos e per-

plexos, petrificados com o medo de abrir a arca da peste pois esta, se aberta, traria ainda mais desgraça e miséria… E as arcas lá continuam à espera de um dia alguém ter a ousadia de as procurar e a imprudência de as abrir....

Em 1503, com a fun-dação do Mosteiro, uma terceira arca é oferecida aos habitantes de Monte-mor-o-Velho. Nesta terceira arca não se encontram ouro nem prata, peste, fome ou miséria mas somente o Príncipe da paz, a verda-deira felicidade, o verda-deiro Pão da Vida – Jesus Cristo. Quem d’Ele comer tem a vida eterna e nunca mais terá fome nem sede. É a arca da Nova Aliança, a arca da verdadeira vida, a arca da tenda que Deus veio montar entre nós para habitar com o Seu povo.

Irmãs Clarissas de Monte Real

endo a fé dom de Deus, perguntarás:

Como é possível recebê-lo, ou o que devemos fazer para o obter? O caminho é a escuta de Deus, pois Ele de-cidiu comunicar connosco, falar-nos e oferecer-nos os seus dons. Deu-se a conhe-

cer no passado como amigo e fala connosco também nos nossos dias. A sua pa-lavra está próxima de nós, como refere S. Paulo, ci-tando a Escritura: “É junto de ti que está a palavra: na tua boca e no teu coração”. E acrescenta explicitando que se trata da palavra que os apóstolos de Jesus Cristo anunciam: “Esta palavra é a da fé que anunciamos” (Rm 10, 8).

É para dar a conhecer a palavra de Deus que a Igre-ja a anuncia também hoje, como nos tempos passados. Por este anúncio o homem pode conhecer Deus e nele acreditar. Consciente da importância deste anúncio para que os homens ouçam falar de Deus, S. Paulo per-gunta: “Como hão de acre-ditar naquele de quem não ouviram falar? E como hão de ouvir falar, sem alguém que o anuncie?” (Rm 10, 14). De muitas formas este anúncio é feito diretamente nos dias de hoje: na cate-quese, na liturgia, na leitura

pessoal da Bíblia, nas pre-gações, nos testemunhos e nas conversas entre as pessoas. Mas há também formas indiretas de comu-nicar a palavra de Deus: a vida e as ações dos crentes, o testemunho dos santos, a arte sacra, os acontecimen-tos, os sinais maravilhosos ou as graças extraordinárias de certas experiências pes-soais ou os relatos de quem as viveu...

Um exemplo bíblico referido pelo Papa Bento XVI na carta apostólica “A Porta da Fé” (n.10) ilustra bem como a palavra de Deus transmitida pelos mensageiros pode tocar a pessoa no seu íntimo e ali fazer despontar a graça da fé. “Narra São Lucas que o apóstolo Paulo, encon-trando-se em Filipos, num sábado foi anunciar o Evan-gelho a algumas mulheres; entre elas estava Lídia. ‘O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia’ (Act 16,14). O senti-do contido na expressão é

importante. São Lucas en-sina que o conhecimento dos conteúdos que se deve acreditar não é suficiente, se depois o coração – au-têntico sacrário da pessoa – não for aberto pela graça que permite ter olhos para ver em profundidade e compreender que o que foi anunciado é a Palavra de Deus”.

O acolhimento da pa-lavra de Deus não é por-tanto somente questão de ouvidos e de inteligência, de escuta e de compreen-são. É também do coração que é tocado, iluminado e adere, como diz S. Paulo: “Acredita-se com o cora-ção” (Rm 10,10). E Bento XVI explica: “O coração indica que o primeiro ato, pelo qual se chega à fé, é dom de Deus e ação da graça que age e transforma a pessoa até ao mais íntimo delas mesma”.

É necessário por isso prestar atenção à palavra de Deus onde quer que ela nos sejam anunciada.

Jesus alertou para isso ao avisar: “Vede, pois, como ouvis, porque àquele que tiver, ser-lhe-á dado; mas àquele que não tiver, ser-lhe-á tirado mesmo o que julga possuir” (Lc 8, 18). A beata Teresa de Calcutá comenta de uma forma muito interessante, no sentido da oração, as pala-vras de Jesus. Diz: “Escuta em silêncio. Quando o teu coração transborda com um milhão de coisas, não con-segues ouvir a voz de Deus. Mas, assim que te pões à escuta da voz de Deus no teu coração pacificado, ele enche-se de Deus. Isso requer muitos sacrifícios, mas se temos realmente o desejo de rezar, se que-remos rezar, temos de dar este passo. Trata-se apenas do primeiro passo, mas se não o dermos com determi-nação, nunca alcançaremos a última etapa, a presença de Deus.É por isso que a aprendizagem deve ser feita desde o início: escu-tar a voz de Deus no nosso

coração; e Deus põe-Se a fa-lar no silêncio do coração. Depois, da plenitude do coração sobe o que a boca deve dizer. Aí opera-se a fu-são. No silêncio do coração, Deus fala e tu só tens de escutar. Depois, da pleni-tude do teu coração que se encontra repleto de Deus, repleto de amor, repleto de compaixão, repleto de fé, a tua boca falará. Lembra-te, antes de falares, que é necessário escutar e só en-tão, das profundezas de um coração aberto, podes falar e Deus ouvir-te-á”.

A voz de Deus e a sua palavra não nos vem so-mente através da Bíblia e do exterior de nós. Ele fala-nos também através dos acontecimentos e sinais da nossa vida e das intuições que experimentamos no nosso íntimo. Quem pres-tar atenção e se dispuser a escutar Deus, recebe, mais cedo ou mais tarde, o dom da fé e esta pode crescer e fortalecer-se dentro de si próprio.

H

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9O Mensageiro4.outubro.2012 DIOCESE

BrevesNovos materiais e formação6.º ano de catequese

O Serviço Diocesano de Catequese (SDC) de Lei-ria-Fátima in-forma, na sua página, que está prestes a chegar às livrarias o novo catecis-mo para o 6.º ano, com o tí-tulo Creio em Jesus Cristo. Para já, os respectivos catequistas p o d e r ã o consultar e descarregar o primeiro bloco de catequeses do Guia do Catequista, com as sessões até ao Natal, bem como o Plano Pedagógico para este ano catequético.

O SDC adianta ainda que, durante a manhã de sábado dia 3 de Novembro, a equipa que trabalhou na elaboração deste catecismo virá ao Seminário de Leiria orientar uma acção de formação sobre esta matéria. “Será uma oportunidade para ficar uma visão global da proposta deste 6.º ano de catequese”, dirigida especial-mente aos catequistas que irão trabalhar este volume já neste ano pastoral, mas que poderá interessar a “outros que possam vir a trabalhá-lo proximamente, aos secreta-riados e coordenadores da catequese e aos párocos”.

De referir, por último, que também na Escola Diocesana Razões da Esperança haverá uma proposta para a 2.ª hora (das 22h00 às 23h00) especificamente dirigida ao trabalho de preparação das catequeses deste catecismo do 6.º ano.

Bairro das Almuinhas, MarrazesFesta em honra de Nossa Senhora de Fátima

Nos próximos dias 5, 6 e 7 de Outubro realizam-se os tradicionais festejos em honra de Nossa Senhor de Fátima, padroeira do Bairro das Almuinhas, Marrazes.

Do programa consta, no primeiro dia, o passeio de bicicleta, às 15h00, a eucaristia e reflexão às 21h00 e a actuação do acordeonista Vergílio Pereira e Manuel Ribeiro.

No sábado a procissão de velas e a celebração da eucaristia será às 20h15, na Igreja Nossa Senhora de Fátima; o arraial será animado pelo conjunto musical “Reticências…”.

O ultimo dia de festejos conta com a eucaristia sole-ne e procissão às 15h00 e com as seguintes actuações: Alunos da Escola de dança Diogo Carvalho, Rancho da Região de Leiria e ainda Henrique Nogueira.

Durante o fim-de-semana os visitantes terão à sua disposição um serviço de bar com petiscos e bebidas regionais.

“Festa da Missão Sem Fronteiras” é o tema do Nacional, na abertura do Ano da Fé, que conta com 42 grupos pertencentes aos Jovens Sem Fronteiras (JSF) vindos do Minho ao Algarve.

Nesta Festa encontram espaços de celebração,

reflexão, debate em gru-po, animação cultural e música.

Do programa deste evento, a realizar de 5 a 7 de Outubro, salienta-se a manhã de reflexão sobre “Música e Missão”, orien-tada pelo padre José Luís Borga e a Eucaristia de En-

cerramento presidida por D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima.

A noite de sábado é de Festival da Canção, a 3ª edição na história do Movimento.

Aproveitando o facto de ser feriado o primeiro dia, os JSF vão juntar-se por Re-

giões e fazer uma Assem-bleia Regional antes de se dirigirem, de autocarro, até à Freixianda. Este XXIV En-contro Nacional vai lançar as comemorações dos 30 anos dos Jovens Sem Fron-teiras e dos 20 anos de Sol Sem Fronteiras.

Na Freixianda, Ourém

XXIV Encontro Nacional dos Jovens Sem Fronteiras

Hoje, dia 4 de Outubro, inicia o primeiro semestre do presente ano lectivo com as seguintes propostas formativas:

Curso Geral de Teologia, serão ministradas aulas de duas disciplinas: “Teologia Fundamental”, pelo Dr. Jor-ge Guarda, à quinta-feira e “Introdução à Bíblia” pelo Dr. Gonçalo Diniz à se-gunda-feira. Em ambos os

casos o horário das aulas é das 19h15 às 20h45.

Na Formação Comple-mentar, há também duas propostas formativas, “A (i)lógica do dom: uma chave de leitura para a teologia” pelo Doutor Pedro Valinho que decorrerá à segunda-feira e “Arte e Iconografia Cristã” pelo Dr. Marco Da-niel Duarte à quinta-feira. O horário das aulas será das

21h00 às 22h30. Os cursos realizam-se

no Seminário Diocesano de Leiria, têm ritmo semanal e uma duração de 30 horas lectivas, em 15 sessões. Em qualquer deles, podem ins-crever-se todas as pessoas maiores de dezasseis anos. As matrículas podem ser efectuadas também du-rante a primeira semana de aulas.

Mais informações junto do Centro de Formação e Cultura (Se-minário Diocesano de Leiria), em www.leiria-fatima.pt/cfc, por email: [email protected], pelo tel. 244 103 816 ou pelo telm. 918 022 575.

Centro de Formação e Cultura

1º semestre do ano lectivo 2012/13

“Expressar a Fé na Ca-tequese e na Vida”, foi o tema proposto à reflexão de cerca de trezentos Ca-tequistas, da diocese de Leiria-Fátima, reunidos na tarde de sábado, 29 de Setembro, no seu Encontro Anual de Abertura do Ano Catequético.

O tema, proposto pelo Serviço Diocesano de Cate-quese, insere-se no “Ano da Fé” proposto pelo Santo Pa-dre, para a Igreja universal, e na Nota Pastoral do nosso Bispo, “ O Tesouro da Fé, Dom para Todos”.

Guiou-nos nesta refle-xão, o Dr. Juan Ambrósio, professor na Universidade Católica. Com base em diversos excertos da Carta do Papa, “ A Porta da Fé”, e em jeito de testemunho pessoal, levou-nos, em crescendo, à conscienciali-zação de que a Fé não é uma simples crença. A Fé vive-se

numa dinâmica existencial que implica cada momento, pensamento e ato da nossa vida. Viver em dinâmica de Fé introduz na vida de co-munhão com Deus e molda toda a existência do crente que se abre à Sua graça.

Ter Fé implica conhecer e compreender os conteú-dos, as verdades da fé para poder aderir, com a vida toda, numa relação pesso-al e dinâmica, não apenas a essas verdades, mas ao Deus que nos é revelado

por meio delas.Assim, não basta, na

catequese, ensinar conte-údos doutrinais. Não se apreende a Fé sem a expe-rimentar na vida. É funda-mental proporcionar aos catequizandos experiências de vivência da Fé. A Fé na vida; pois só se aprende fa-zendo, só se vive, vivendo. A Fé é herança recebida e a transmitir. Será pelo tes-temunho que catequistas, pais, educadores, transmi-tirão às crianças e jovens os critérios da formação da sua

personalidade, de uma Fé que molde a vida e de uma vida moldada pela Fé.

A Fé é o entrelaçar do di-vino com o humano. Vive-se em comunidade mas tem de ser personalizada. Alimenta-se da Palavra e do exercício da comunhão com Deus e com os irmãos na vida quotidiana. Assim, a catequese educa para a vi-vência da Fé na vida pessoal e comunitária.

Mas a Fé enquanto ensi-no, proposta e testemunho, só marcará a vida, só fará vi-ver, na medida em que fizer vibrar os afectos, gerar laços vitais, mobilizar a inteligên-cia, interpelar a liberdade, der sabor à vida.

Grande tarefa tem a catequese, e toda a comu-nidade responsável pela mesma, de educar para a Fé na vida, e como estilo de vida!

Belmira de Sousa

“Expressar a Fé na Catequese e na Vida”

Encontro Diocesano de CatequistasDR

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ECLESIAL10 O Mensageiro4.Outubro.2012

JANELA SOBREA MISSÃO

De visita ao Longundo (continua)

Pe. Vitor [email protected]

Leituras | XXVII Domingo do Tempo Comum (7/10/2012)

Antífona de Entrada: Est 13, 9.10-11

Senhor, Deus omnipotente, tudo está sujeito ao vosso poder e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós criastes o céu e a terra e todas as maravilhas que estão sob o firmamento. Vós sois o universo.

Leitura I: Gen 2, 18-24

Salmo Responsorial: Salmo 127 (128), 1-2.3.4-5.6 (R. cf.5) Refrão: O Senhor nos abeçoe em toda a nossa vida. Repete-se.

Leitura II: Hebr , 9-11

Aclamação ao Evangelho: Aleluia 1 Jo 4, 12

Refrão: Aleluia. Repete-se. Se nos amamos uns aos ou-tros, deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. Refrão.

Evangelho: Mc 10, 2-12Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus uns fari-

seus para O porem à prova e perguntaram-Lhe: «Pode um homem repudiar a sua mulher?». Jesus disse-lhes: «Que vos ordenou Moisés?». Eles responderam: «Moi-sés permitiu que se passasse um certificado de divórcio, para se repudiar a mulher». Jesus disse-lhes: «Foi por causa da dureza do vosso coração que ele vos deixou essa lei. Mas, no princípio da criação, ‘Deus fê-los homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne’. Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu». Em casa, os discípu-los interrogaram-n’O de novo sobre este assunto. Jesus disse-lhes então: «Quem repudiar a sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher repudiar o seu marido e casar com outro, come-te adultério». Apresentaram a Jesus umas crianças para que Ele lhes tocasse, mas os discípulos afastavam-nas. Jesus, ao ver isto, indignou-Se e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não acolher o reino de Deus como uma criança, não entrará nele». E, abraçando-as, começou a abençoá-las, impondo as mãos sobre elas.

Palavra da salvação.

Cânticos | XXVIII Domingo do Tempo Comum (14/10/2012)

INÍCIO Eu estou à porta e chamo - Lau 361

SALMO RESPONSORIAL Enchei-nos da vossa misericórdia - Lau 330

APRESENTAÇÃO DOS DONS A palavra do Senhor fez o céu - Lau 1127

COMUNHÃO Dou-vos um mandamento novo- Lau 301Não fostes vós que me escolhestes - Lau 512

PÓS-COMUNHÃO Cantar-vos-ei na presença dos anjos do Senhor - Lau 208

FINAL Quem me seguir - Lau 708

AO SABORDA PALAVRA

27º Domingo do Tempo Comum7 de Outubro de 2012

Coisas a prazo

Pe. Francisco [email protected]

V

O MENSAGEIRO leia, assine, divulgue, anuncie!

DR

A Missão do Gungo está dividida em 12

centros, estando agregadas várias aldeias a cada um deles. Um dos mais dis-tantes e inacessíveis é o do Longundo, local até agora visitado uma única vez, a pé, pela equipa missioná-ria, desde 2006.

A quase totalidade da equipa missionária, num

total de seis pessoas, par-tiu do Sumbe, de jipe, pelo Seles, acompanhados pelo catequista geral do centro, numa viagem que demorou – viemos depois a sabê-lo - 11 horas, num total de 225 km.

Eu e a mana Teresa (an-golana) estávamos na Don-ga por razões de programa e atividades. Foi daí que partimos, cada um de nós como “penduras” das mo-torizadas do Genito Jaime e do Pedro Ernesto. Antes de partirmos, as várias pes-soas com que falei não me sabiam dizer ao certo nem a distância nem o tempo de viagem. Partimos então, por volta das quatro da tar-de (nada cedo) à descoberta do desconhecido.

Os primeiros quilóme-tros ainda foram percorri-dos no que resta de uma picada que há mais de 35 anos não é reparada. Logo aí a velocidade tinha que ser muito reduzida e o trilho bem escolhido en-tre pedras soltas, buracos enormes, piso inclinado,

zonas de terra solta… mas lá fomos, por vezes a “levar” com o pó da mota da frente.

Percorridos uns 12 km a mota do Genito começou a apresentar dificuldades com a roda de trás a ficar bloqueada. Acabámos por ter que parar e ali mes-mo “abrir” a oficina de mecânica guardada numa pequena mochila que ele levava. Verificámos que era um rolamento que se tinha desintegrado e os fragmentos andavam à sol-ta. Felizmente, na mochila milagrosa vinha um rola-

mento novo para o lugar do fragmentado.

Feita a reparação, a viagem continuou, mas com o sol cada vez mais descaído no horizonte, a esconder-se cada vez com maior frequência atrás dos morros que íamos contor-nando. Numa das últimas aparições vimo-lo enorme, de um laranja muito vivo, à nossa direita, a dar-nos a certeza da despedida; à es-querda uma neblina suave a ganhar tons de penumbra e a certeza de uma distância desconhecida.

ivemos num mundo em que tudo existe a

prazo: a expressão que me-lhor definiria este tempo é aquela que aparece quase sempre nas embalagens dos produtos que compramos: “Consumir de preferência ante do fim de ...”. Isto é reflexo da superficialidade com que se vive nos dias de hoje, da cultura da imagem, do movimento, das atitudes radicais.

Perdeu-se o tempo para apreciar as pequenas coisas

da vida, com calma: por isso surgem tantas piadas sobre alentejanos, que não vivem em correria como as pesso-as das cidades.

Esta precariedade das coisas reflecte-se também nas relações entre as pró-prias pessoas: uma relação entre homem e mulher só dura enquanto os dois sem sentem satisfeitos com o que o outro lhe dá. Quando a satisfação dessa relação diminui é termi-nada e cada qual segue o caminho procurando uma nova satisfação com outras experiências.

Mas esta instabilidade é proclamada como uma coisa natural, pois o que é defendido é a felicidade instantânea (à imagem dos pudins ou das sopas instan-tâneas, ou da comida pré-fabricada), que não requer esforço, luta, conquista.

As pessoas hoje procu-ram alcançar logo o fim sem desfrutar o caminho para lá chegar, a realidade é o cami-nho e não o momento do fim. Mas esta caminhada tem muito mais piada se for realizada com companhia. por isso Deus disse que não era bom que o homem estivesse só, e por isso lhe

deu uma companheira: a diversidade sexual surgiu, foi criada por Deus, para que a diversidade fosse mais enriquecedora, pois é das diferenças que surge a riqueza.

Por isso Jesus Cristo, no Evangelho deste domingo, nos diz que nem o homem pode abandonar a mulher nem a mulher abandonar o homem: a diversidade dos dois unida forma uma única entidade, específica que por isso não pode ter um tempo determinado, como também não se pode determinar o tempo de vida de uma pessoa.

Deus não existe a prazo, a sua salvação não tem limi-te de validade: é para todos os tempos e para todos os homens. Não pode haver amor a prazo, embora seja isso que muita gente deseja nos dias de hoje; há muita gente a reclamar que os ca-samentos deviam ser feitos com prazo de validade: mas isto e mais uma prova desta sociedade fast-food, em que se corre em busca de mais tempo, mas ele é cada vez menos e por isso as pessoas vivem cada vez mais insa-ciadas e por isso buscam cada vez mais satisfações

imediatas.As telenovelas, os va-

lores da moda, a opinião pública, têm-se esforçado por apresentar o fracasso do amor como uma reali-dade normal, banal, que pode acontecer a qualquer instante e que resolve fa-cilmente as dificuldades que duas pessoas têm em partilhar o seu projecto de amor. Para os casais cris-tãos, o fracasso do amor não é uma normalidade, mas uma situação extrema, uma realidade excepcional. Para o casal que quer viver na dinâmica do Reino, a se-paração não deve ser uma proposta sempre em cima da mesa.

Não tenhamos vergonha de viver calmamente a vida, de parar, de interromper algumas das nossas activi-dades, para termos mais tempo para aquele que está junto de nós: aquele que atendemos na loja, aquele que ouvimos nas aulas, aquele que sorri para nós no autocarro, aquele que vive connosco.

Que Jesus não tenha vergonha dos seus irmãos que tantas vezes têm vergo-nha uns dos outros.

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11O Mensageiro4.Outubro.2012 PORTUGAL

Breves“Descobrir a solidez da fé: urgência e missão”Semana Nacional da Educação Cristã

Desde o dia 29 de Setembro, até ao próximo dia 7 de Outubro celebra-se a Semana Nacional da Educação Cristã – 2012, subordinada ao tema “Descobrir a solidez da fé: urgência e missão”..

A Nota pastoral para a Semana Nacio-nal da Educação Cristã refere que “a fé cristã, dinamismo do encon-tro de Jesus com o ser humano, tem lugar no seio da comunhão dos que vivem a fé dos Apóstolos tal como nos é transmitida pela Igreja, comunidade dos crentes. A fé é o encontro com Jesus, vivido em Igreja, que dá um renovado sentido à nossa vida e nos abre novos horizontes de existência, que não podemos calar. Todos têm o direito de conhecer o verdadeiro rosto de Jesus; e nós, cristãos, temos o dever de O mostrar, sem medo, por meio de palavras e de obras”. Assim, ao longo de todos estes dias somos convidados, particularmente os pais, educadores, catequistas, docentes de EMRC, sa-cerdotes e comunidades cristãs, a tomar consciência de que “educar na fé” consiste, primeiramente, em ajudar a encontrar e conhecer Jesus, a viver da certeza desse encontro e, integrados na comunidade dos crentes, a sermos Suas testemunhas, animados pelo amor que Ele é. Inserida nesta semana estão as Jornadas Nacionais de Catequistas, a decorrer em Fátima, de 5 a 7 de Outubro, subordinada ao tema “Da Catequese Familiar à Cateque-se Intergeracional”. No dia 7 de Outubro, encerramento da Semana, a celebração será às 11h00, transmitida da Sé de Santarém pela Rádio Renascença, presidida por D. Manuel Pelino Domingues. Às 12h30 realiza-se a pe-regrinação dos Educadores Católicos a Fátima, Igreja da Santíssima Trindade e Centros pastoral Paulo VI.

Formação no Porto“E-vangelizar”

No próximo dia 5 de Outubro, as «Edições Salesia-nas» estão no Porto para um encontro de formação para agentes pastorais, denominado «E-vangelizar».

O E-vangelizar é um mega encontro de formação para agentes pastorais, destina-se a todos aqueles que estão interessados em melhorar as suas competências de anúncio do Evangelho. Esta iniciativa, conta com o apoio da Província Salesiana Portuguesa, assenta “na oferta de mais de 30 workshops através dos quais os participantes melhoram as suas competências de anún-cio do Evangelho”, revela um comunicado enviado à Agência ECCLESIA. Ao longo do dia, cada inscrito pode frequentar cinco ateliês diferentes que estão divididos em três níveis mediante o grau de experiência de animação pastoral dos participantes. As temáticas são “variadas e abrangentes, e, desta vez, vão estar mais atentas ao Ano da Fé, proposto pelo Papa Bento XVI e que terá início a 11 de Outubro”, lê-se na nota.

As inscrições podem ser feitas através do site da editora (www.edisal.salesianos.pt).

O cardeal-patriarca, D. José Policarpo, e o presi-dente do Conselho Ponti-fício da Cultura, cardeal D. Gianfranco Ravasi, vão intervir nas jornadas “Li-turgia, Arte e Arquitectura nos 50 anos do Concílio Vaticano II”, que Lisboa recebe em Novembro.

A iniciativa que se realiza nos dias 15 e 16 desse mês é organizada pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e Patriarcado de Lisboa, revelou o site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), uma das entidades que apoia o encontro.

“Liturgia” é o primeiro dos temas a ser abordado, na manhã do dia 15, com intervenções de frei Bento Domingues (“A liturgia no contexto conciliar”), padre João Norton de Matos (“Es-paço litúrgico e identidade da Igreja à luz do Concílio Vaticano II”), e padre Ar-lindo Magalhães (“A comu-nidade da Serra do Pilar: a

liturgia na pastoral”).Após as conferências

realiza-se um debate com os oradores, moderado pelo cónego Luís Manuel Pereira da Silva, especialista em Liturgia.

A sessão prossegue de-pois do almoço com o tema “Liturgia e Arte”, que será reflectido pelo padre José Tolentino Mendonça, direc-tor do SNPC (“A arte como linguagem da liturgia”), Paulo Pires do Vale (“Litur-gia e arte contemporânea”) e padre Joaquim Félix (“A Capela da Árvore da Vida: Arte e Arquitectura”).

O colóquio que se se-gue é moderado por Marco Daniel Duarte, historiador de arte.

O dia termina com a conferência “A retoma do diálogo Igreja-Arte”, pelo cardeal Gianfranco Ravasi, que a 16 e 17 de Novembro marca presença em Guima-rães e Braga para o Átrio dos Gentios, plataforma do Conselho Pontifício da Cultura para o diálogo entre

crentes e não crentes.“Liturgia e arquitectura”

é o assunto que abre o se-gundo dia, com o arquitecto Glauco Gresteri, da Univer-sidade de Pescara, em Itália (“Bolonha e o Cardeal Ler-caro: a igreja ao serviço da cidade”), Bernardo Miranda (“Pensar um lugar para a liturgia: o aggionarmento como programa”) e João Alves da Cunha (“Evolução das igrejas: do Concílio à actualidade”), com mode-ração do arquitecto Diogo Pimentel.

O último tema em dis-cussão será “Liturgia, arte e arquitectura. Que futuro?”, com o cónego Luís Manuel Pereira da Silva (“Litur-gia”), Marco Daniel Duarte (“Arte”) e Diogo Pimentel (“Arquitectura”), seguido de debate moderado pelo padre João Norton de Matos.

As Jornadas, apoiadas pela Ordem dos Arquitec-tos e Sociedade Nacional das Belas Artes, encerram com a conferência “A

actualidade do Concílio Vaticano II”, proferida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, adianta a página do Secreta-riado Nacional da Pastoral da Cultura, que apresenta o horário do encontro e o acesso à ficha de inscrição.

“50 anos do Concílio Vaticano II”

Lisboa recebe jornadas sobre Liturgia, Arte e Arquitectura

O secretário-geral da Associação Portuguesa de Escolas Católicas considera que estes estabelecimentos lutam contra opções gover-namentais adversas e opi-niões desfavoráveis dentro da própria Igreja, apesar do papel singular que têm de-sempenhado na educação em Portugal.

“Muitos cristãos” e “consagrados” não com-preendem a “riqueza” da Escola Católica devido a “pré-conceitos, percepções de elitismos e outras coisas mais”, a que se juntam “en-traves de natureza política”, frisa Jorge Cotovio em texto enviado à Agência ECCLE-SIA, a propósito da Semana

Nacional da Educação Cris-tã, que a Igreja assinala até domingo.

O responsável salienta que a Igreja tem marcado presença importante no en-sino em Portugal, dado que “ninguém como ela se em-penhou tanto na promoção da cultura e da educação, mau grado variadíssimos condicionamentos”.

Jorge Cotovio também critica os pais católicos “que se deixam levar pela ‘cantiga’ dos filhos (e ami-gos dos filhos), às vezes bem pequenos, e não subs-crevem a inscrição” nas aulas de Educação Moral e Religiosa Católica, e que por isso “cometem uma

falta grave”.“Se todos os pais e mães

que participam habitual-mente na missa dominical fossem coerentes também a este respeito, haveria mui-to maior frequência desta disciplina, sobretudo no ensino secundário”, frisa o director pedagógico do Colégio Conciliar de Maria Imaculada, em Coimbra.

O docente está conven-cido que “talvez” houvesse “melhor educação” se todas as crianças, adolescentes e jovens que participam na catequese, escuteiros e ou-tros movimentos juvenis se inscrevessem nas aulas de EMRC.

“Temos aqui um espa-

ço privilegiado para ‘mo-ralizar’ a ‘escola pública’ e educar os estudantes para a dimensão moral e religiosa, assim como para a compreensão dos ele-mentos mais profundos da cultura nacional”, aponta Jorge Cotovio.

Diante destes obstá-culos, a que se juntam as queixas sobre os “horários maus” da disciplina, o “programa pouco atraente”, o “professor que não ‘pres-ta’” ou os “colegas que não se inscrevem”, a Igreja tem “muito a fazer” e a “sensi-bilizar”, acrescenta.

Educaçã em Portugal

Escola católica tem papel único mas enfrenta preconceitos dentro da Igreja

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MUNDO12 O Mensageiro4.Outubro.2012

Leste da República Democrática do Congo

Papa pede ajuda para refugiadosBento XVI apelou no

passado Domingo, 30 de Setembro, ao apoio da comunidade internacional para os refugiados no leste da República Democrática do Congo, situação que me-receu uma reunião de alto nível nas Nações Unidas, manifestando “preocupa-ção” pelo assunto.

“Estou particularmen-te próximo dos refugiados, das mulheres e crianças, que por causa dos persis-tentes confrontos armados passam por sofrimentos, violências e profundo mal-estar”, disse, na residência pontifícia de Castel Gan-dolfo, arredores de Roma, após a recitação da oração do Angelus.

O Papa deixou votos de que as partes envolvidas encontrem “vias pacíficas de diálogo e de protecção

de tantos inocentes” e se regresse “o mais rapida-mente possível à paz”.

Bento XVI aludiu, em particular, à necessidade de repor a “convivência fraterna desta população tão provada, bem como em toda a região”.

O actual conflito já cau-sou cerca de meio milhão de deslocados e coloca em confronto as autoridades congolesas e o M23, movi-mento saído de uma ante-

rior rebelião cujos membros tinham sido integrados no exército após um acordo assinado com Kinshasa a 23 de Março de 2009.

Além da situação na república africana, o Papa dedicou parte da sua refle-xão aos “ricos desonestos”, retomando uma passagem da Bíblia contra as “rique-zas acumuladas à conta de abusos”.

“As palavras do Após-tolo Tiago colocam de

sobreaviso contra o desejo vão de bens materiais e constituem um forte apelo a utilizá-los na perspectiva da solidariedade e do bem comum, agindo sempre com equidade e morali-dade, a todos os níveis”, explicou.

Bento XVI disse ainda que os católicos “não de-vem sentir ciúme” e têm de saber apreciar “todos os gestos e iniciativas de bem”.

Na saudação em fran-cês, o Papa aludiu ao início do ano universitário, con-siderando que o mundo académico é “um lugar no qual Deus não pode esta ausente”.

Após cerca de três meses de estadia em Cas-tel Gandolfo, Bento XVI regressou ao Vaticano na segunda-feira passada.

“Portais de Verdade e de Fé, novos espaços de evangelização”

Dia Mundial das Comunicações SociaisAs Redes Sociais são o

tema escolhido por Bento XVI para o 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais, segundo informação dispo-nibilizada hoje pela Sala de imprensa da Santa Sé.

“Redes Sociais: portais de Verdade e de Fé, novos espaços de evangelização” é o nome da mensagem que Bento XVI vai escrever para o próximo dia 12 de Maio, domingo que antecede a So-lenidade de Pentecostes e data em que, por recomen-dação dos bispos, se celebra

as comunicações sociais.“Já não se trata de uti-

lizar a internet como um «meio» de evangelização, mas de evangelizar conside-rando que a vida do homem de hoje se exprime também no ambiente digital”, refe-re o Conselho Pontifício das Comunicações Sociais, reconhecendo a evangeli-zação no ambiente digital “como um dos mais signi-ficativos desafios nos dias de hoje”.

A mensagem vai reflec-tir, no contexto do Ano da

Fé, sobre se a tecnologia pode “ajudar as pessoas a encontrar Cristo pela fé”, numa altura em que as rela-ções humanas passam pelo ambiente digital, e também pela necessidade de “apre-sentar o Evangelho” como resposta a uma contínua pergunta “humana de sen-tido e de fé” que “emerge da rede e nela mesma se faz estrada”.

O Conselho Pontifício indica que o desenvolvi-mento e a “grande popu-laridade das redes sociais”

permitiram a acentuação de um “estilo dialógico e inte-ractivo na comunicação e na relação”.

A mensagem vai ser publicada no dia 24 de Ja-neiro, Festa de São Francis-co de Sales, padroeiro dos Jornalistas.

O Dia Mundial das Co-municações Sociais foi esta-belecido pelo II Concílio do Vaticano através do decreto «Inter Mirifica», de 1963.

“Colocar a questão de Deus”

Entrega do “Prémio Ratzinger” F. Costa PereiraMédico Especialista

Doenças da boca e dentesRua João de Deus, 25- 1º Dt. - LEIRIA

CONSULTAS COM HORA MARCADA2ª, 4ª e 5ª: 11h-13h e 15h-19h, 3ª: 10h-13h e 15h-19h, Sábados: 9h30-15h

Tel. 244 832406

Cartório Notarial de LeiriaA cargo do Notário Pedro Tavares

Certifico, para fins de publicação, que neste Cartório e no Livro de Notas para Escrituras Diversas n° 224-A de folhas oitenta e quatro a folhas oitenta e seis se encontra exarada uma escritura de Justificação Notarial no dia vinte e sete de Setembro de 2012.

outorgada por: Adelino Ferreira Bom e mulher Emília Esperança, casados no regime da comunhão geral de bens, naturais

de Amor, Leiria, residentes na Rua dos Sócios, n° 16, Coucinheira, Amor; Leiria, nif 115 346 554 e 149 515 863, na qual disseram

Que são donos e legítimos possuidores dos imóveis identificados em documento complementar elaborado nos termos do artigo 64° do Código do Notariado que fica a fazer parte integrante desta escritura.

Que os imóveis das verbas vinte e cinco, vinte e seis e vinte e sete vieram à sua posse do modo seguinte: a vinte e cinco e vinte e sete por doação meramente verbal que lhes foi feita por Domingos Pereira e Joaquina Esperança, pais dela, por volta do ano de mil novecentos e cinquenta e seis, a vinte e seis por compra meramente verbal a Patrício Ferreira Bom e Teresa Duarte, pais dele, por volta de mil novecentos e sessenta.

PRÉDIOS SITUADOS NA FREGUESIA DE AMOR, CONCELHO DE LEIRIA

NÚMERO VINTE E CINCO - terreno de cultura, com a área de setecentos metros quadrados, sito em Outeiro da Berta, a confrontar do norte com Domingos Pereira, sul com Manuel Cruz Neto, nascente com José Domingues Carreira e poente com caminho, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 4321, com o valor patrimonial tributário de 118,92�

NÚMERO VINTE E SEIS - terra de mato, com a área de novecentos e sessenta metros quadrados, sito em Matos, a confrontar do norte com Joaquina Alexandre, sul e poente com Jacinto Diniz Pedro e nascente Joaquim Diniz, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 5038, com o valor patrimonial tributário de 75,16�.

NÚMERO VINTE E SETE - terra de semeadura, com a área de mil e vinte e quatro metros quadrados, sita em Pardieiro, a confrontar do norte com serventia, sul com Joaquim Roleiro Bom, nascente com herdeiros de José Dinis Pedro e poente com estrada, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 10418, com o valor patrimonial tributário de 1.040�.

Que, assim, vêm possuindo esses prédios como seus, há mais de vinte anos, como proprietários e na convicção de o serem, cultivando-os e colhendo os seus frutos, cortando mato, plantando e vendendo árvores, cumprindo as obrigações fiscais a eles relativas, posse que vêm exercendo ininterrupta e ostensivamente, com conhecimento de toda a gente e sem oposição de quem quer que seja, assim de modo pacífico, contínuo, público e de boa fé, pelo que adquiriram por usucapião a propriedade sobre os indicados imóveis.

Que dada a forma de aquisição originária não têm documentos que a comprovem.

Que para suprir tal título vêm pela presente escritura prestar estas declarações de justificação com o fim de obterem no registo predial a primeira inscrição de aquisição dos referidos prédios.

Vai conforme ao original na parte fotocopiada não havendo na parte omitida nada que amplie restrinja, modifique ou condicione a parte fotocopiada.

Maria Leonor de Almeida Pereira, funcionária do Cartório em epígrafe, no uso de competência cuja autorização pelo Notário respectivo foi publicado nos termos da Lei sob o número 128/3 a 31/01/2011, em Leiria, vinte e sete de Setembro de dois mil e doze.

A Funcionária, (Leonor Pereira)

Bento XVI vai entregar a 20 de Outubro o segun-do “nobel” da Teologia, o “Prémio Ratzinger”, a um filósofo francês e um teó-logo norte-americano.

O galardão, que este ano chega à sua segunda edição, distingue o percur-

so de Rémi Brague, também historiador, e Brian Daley, sacerdote jesuíta, com o objectivo de “colocar a questão de Deus”, disse em conferência de imprensa o presidente da Fundação do Vaticano Joseph Ratzinger.

Já o cardeal Camillo

Ruini, presidente do Co-mité Científico da mesma instituição, falou de Rémi Brague como alguém que “une à força especulativa e à visão histórica uma fé cristã e católica profunda e explícita, sem complexos” e de Brian Daley como “um

grande historiador da teolo-gia patrística”.

O prémio consiste num pergaminho e num cheque de 50 mil euros.

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13O Mensageiro4.Outubro.2012 OPINIÃO

JORNALICES

Pedro JerónimoCurioso dos media

E

ESBOÇOS - XV

Joaquim SantosJornalista

Conteúdos de O Mensageiro, um jornal com 98 anos de vida

N este início de mês de Outubro, do ano

de 2012 o jornal O Men-sageiro assinala 98 anos de um caminho de mérito jornalístico. A 7 de Outubro de 1914 o Pe. José Ferreira de Lacerda iniciava mais que um jornal mas tam-bém um instrumento que resultou em vantagens his-tóricas para a recuperação da Diocese de Leiria, para além de servir muitos inte-resses que dotaram a cidade de inúmeras valências que a valorizaram.

Num momento de mutações profundas no paradigma comunicacional (uns defendem publicações on-line e outros edições de papel), atrevo-me neste momento histórico de O Mensageiro, que quase per-faz um século de existência, a reflectir sobre o tipo de conteúdos da comunicação social, muito especialmen-te deste jornal carregado de simbolismo e valor. Uma ca-racterística o distingue: sai das paredes da Igreja para abraçar a vida dos seus leitores, acompanhando, comentando, apontando, questionando, apoiando e

participando na dinamiza-ção da vida civil.

Quanto à temática des-ta crónica, imagine o leitor que tem na banca a possibi-lidade de assinar um jornal que tem apenas conteúdos de carácter religioso ou então com informação ex-clusiva de um determinado sector de actividade, como dentistas ou canalizadores. Compraria esse periódico? Com a excepção do des-porto ou da decoração de interiores, dois sectores que movimentam massas nacionais que sustentam estas publicações com a necessária publicidade, os editores de jornais com ou-tras temáticas têm de criar produtos atractivos, mais genéricos, que entrem na própria vida dos cidadãos.

O jornal O Mensageiro, para além de se dedicar à vida semanal da Diocese de Leiria-Fátima, também divulga os principais acontecimentos da Igreja em Portugal e no mundo e tenta corresponder à vida da sociedade leiriense, jus-tamente aquela que recebe o periódico. Com esta estra-tégia e critério jornalístico, O Mensageiro consegue cumprir com duas missões nobres, servir a sua Diocese mas também publicar um registo do evoluir da socie-dade leiriense, estabelecen-do também um patamar de aproximação entre a Igreja e o seu povo. A Igreja não se deve (não pode) dis-tanciar dos protagonistas deste território, aqueles que dinamizam iniciati-vas no seio do Clero, mas que também pertencem a clubes desportivos, asso-ciações e vários tipos de colectividades da sociedade civil, gostando de se verem retratados nas suas acções públicas. O Mensageiro tem tido esta linha edi-torial, considerando que é uma mais-valia para os

seus leitores. A edição em papel é essencial porque o seu público-alvo, na grande maioria, não acede às publi-cações electrónicas. Aliás, já referi noutros registos que as edições electrónicas ainda não provaram o que valem, especialmente na sua viabilidade económica, também no acesso de cida-dãos de idades acima dos 40-50 anos.

Voltando a falar nos conteúdos de O Mensagei-ro, julgo que é essencial o jornalismo de proximidade, bem longe do jornalismo de causas do seu fundador, mas com a dinamização de um trabalho que se embre-nhe na realidade do espaço diocesano. Os nossos jorna-listas, para obter conteúdos originais e muitas vezes em exclusivo, deslocam-se para o centro dos acontecimen-tos da Igreja mas também da manifestação de rua, do empresário que sofre com a diminuição dos seus negó-cios ou com a sua ascensão, com os espectáculos que são cultura e conhecimento dos leirienses, com a participa-ção desportiva das várias modalidades existentes dos clubes do distrito. E todos estes intervenientes das iniciativas privadas ou colectivas da sociedade civil são nossos assinantes ou poderão vir a sê-lo, porque se identificam com o jornal, sentindo-se retratados nas suas acções e iniciativas.

Uma publicação exclu-sivamente eclesial interes-sará muito mais ao seio da Igreja ou a pequeníssimos nichos, as excepções de cidadãos. Se for apenas pela via electrónica, me-nos disponível ficará e com um interesse muito relativo. Afasta-se o acesso às muitas pessoas que não são utilizadoras da Internet (em Portugal, 44,7%), saben-do que grande percentagem desta percentagem apenas

acedem para ver o seu email. Fica a pergunta, porque não editar nos dois suportes, chegando a mais pessoas?

Obviamente que a Igreja pode usar os seus órgãos de comunicação para evangeli-zar, num sentido formativo de todos os seus leitores. Mas, no mundo de hoje, com públicos exigentes e tão abertos ao quotidiano que nos rege, editar um jor-nal ou um site, apenas com assuntos do Clero, julgo que poderia ser arriscadís-simo, no que concerne ao interesse geral que venha a despertar dos habitantes da Diocese de Leiria-Fátima, também no que concerne à sua viabilidade económica, acho muito improvável esta materialização.

Conheço algumas publicações de sectores específicos da sociedade mas são distribuídas ape-nas nos agentes alvos e de forma gratuita, porque ninguém os compraria. Por exemplo, as associações de construção civil, o sector automóvel, laboratórios ou clínicas de saúde. Muitos destes movimentos são portadores de publicações que promovem estes sec-tores da sociedade ou da economia portuguesa mas, igualmente a gratuitidade está na ordem do dia, com periódicos a circularem livres de cobrança, como forma de se promoverem, ou de difundirem novos produtos e serviços e as suas vantagens.

O Mensageiro é um jornal da Diocese de Lei-ria-Fátima mas também generalista, tocando nos aspectos fundamentais dos cidadãos deste terri-tório. O mapa jornalístico que traça é vasto porque as suas orientações são que se consiga estar presente junto de todos os nossos leitores, na vida do seio da

Igreja mas também no rol dos muitos acontecimen-tos do distrito, retratado historicamente por este jornal desde há quase 100 anos. Ainda há pouco tem-po falava com um investi-gador que se deslocou ao Arquivo Distrital de Leiria para investigar um assunto em torno das pontes do rio Lis e referiu-me um dado curioso: “bebeu” história com O Mensageiro das dé-cadas de 30-40 porque era o único jornal que a registava. Muitos dos periódicos des-se tempo, especialmente o semanário Região de Leiria, eram essencialmente jor-nais em que predominavam anúncios. O Mensageiro, 98 anos depois, continua com a sua missão de legar aos seus assinantes ou leito-res ocasionais, a vida da sua Diocese que ajudou a restaurar em 1918, mas também de todo o distrito que muito ganhou por ter um jornal assim.

Os conteúdos são discutíveis, sempre. Mas, julgo que a organização de O Mensageiro é um marco e um trunfo. O que me falam as personalidades com que me cruzo nos meus afazeres jornalísticos, é que poderia ser um jornal ainda mais presente na sociedade lei-riense. Ele é desejado e até lamentado por não ser visto nesta ou naquela iniciativa. Assim, com mais conteúdos da sociedade, com mais presenças nas iniciativas, reformulando a sua pagi-nação, o tipo de impressão e de papel, teríamos mais e melhor produto. É o que dizem por aí, opinião com que concordo. Esperamos que seja a prenda dos seus quase 100 anos.

Parabéns O Mensageiro, pelos 98 anos de informa-ção e formação, cristã e civil.

Fotos

: DR

Comunicar ou silenciar?

coam ainda na mi-nha cabeça algumas

intervenções nas Jorna-das das Comunicações Sociais (ver última pági-na). Enriquecedor, sem dúvida, ouvir bispos, padres, leigos e até um ateu, que ali se assumiu publicamente. Todos com uma preocupação comum: defender e promover a comuni-cação. Até o ateu usou de palavras escutadas a um Papa, que mais não foram que uma repro-dução das de Jesus: “não tenhais medo!” Medo de falar de Deus, de testemunhá-lo. Até dentro da própria Igreja. Já dizia o padre Tolentido que nós, Igre-ja, nos deixamos levar facilmente pela inércia e as preocupações do mundo, pelos ritualis-mos de sempre. Guardo do encontro esse desafio a confiar em Deus e a deixar que Ele actue. Não o fazer é estar a assumir uma postura de silencia-mento ao próprio Deus. Não o fazer é renegar um chamamento a ser Igreja no mundo, com o mundo, pelo mun-do. E esse é feito de pequenos mundos, os do dia-a-dia. Família, trabalho, escola... Não o fazer é querer viver para mim mesmo, no meu mundo, onde só eu conto e os outros não importam. Isso não é ser Igreja, isso não é comunicar Deus. Porque Deus é Amor. No jornalismo acontece o mesmo, quando os interesses económicos se sobrepõem à missão de comunicar a ver-dade. Silenciamentos. Silêncio...

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Fundador José Ferreira Lacerda Director Rui Ribeiro (TE416) Redacção Joaquim Santos (CP7731), Ana Vala (CP8867). Paginação O Mensageiro Colaborado-res Ambrósio Ferreira, Américo Oliveira, André Batista (Pe.), Ângela Duarte, Carlos Alberto Vieira, Carlos Cabecinhas (Pe.), Cláudia Mirra, José Casimiro Antunes, Francisco Pereira (Pe.), João Filipe Matias (CO798), Joaquim J. Ruivo, Jorge Guarda (Pe.), José António C. Santos, Júlia Moniz, Maria de Fátima Sismeiro, Orlando Fernandes, Pedro Jerónimo (CO1060), Saúl António Gomes, Vítor Mira (Pe.). Administração / Publicidade André Antunes Batista (Pe.). Propriedade/Sede (Editor) Seminário Diocesano de Leiria - Largo Padre Carvalho - 2414-011 LEIRIA - Reitor: Armindo Janeiro (Pe.) Contribuinte 500 845 719 Contactos Tel.: 244 821 100/1 - Fax: 244 821 102 - Email: [email protected] - Web: www.omensageiro.com.pt Impressão e Expedição Empresa do Diário do Minho, Lda - Tel: 253 303 170 - Fax: 253 303 171 Depósito Legal 2906831/09

Registo no ICS N.º 100494Semanário - Sai à 5ª FeiraTiragem média - 3.000 Preço avulso - 0,80 euros

Tabela de Assinaturas para 2012 Destino Normal BenfeitorNacional 20 euros 40 eurosEuropa 30 euros 60 eurosResto do Mundo 40 euros

FARMÁCIAS DE SERVIÇOAvenida (4), Baptista (5), Central (6), Godinho Tomáz (7), Higiene (8), Antunes (9), Lis (10) e Oliveira (11).

TELEFONES ÚTEISBombeiros Municipais - 244 832 122 | Bomb. Vol. Leiria (Ger.) - 244 882 015 | Bomb. Vol. Leiria (Urg.) - 244 881 120 | Bomb. Volunt. Batalha - 244 765 411 | Bomb. Volunt. P. Mós - 244 491 115 | Bomb. Volunt. Juncal

- 244 470 115 | Bomb. Volunt Ourém - 249 540 500 | Bomb. V. M.te Redondo - 244 685 800 | Bomb. Volunt. Ortigosa - 244 613 700 | Bomb. Volunt. Maceira - 244 777 100 | Bomb. Vol. Marinha - 244 575 112 | Bom. Volunt. Vieira - 244 699 080 | Bom. Voltun. Pombal - 236 212 122 | Brigada de Trânsito - 244 832 473 | Câmara M. de Leiria - 244 839 500 | Câmara Eclesiástica - 244 832 539 | CENEL (Avarias) - 800 246 246 | C. Saúde A. Sampaio - 244 817 820 | C. Saúde Gorjão Henriques - 244 816 400 | C. P. (Est. de Leiria) - 244 882 027 | Cruz Vermelha - Leiria - 244 823 725 | Farmácia Avenida - 244 833 168 | Farmácia Baptista

- 244 832 320 | Farmácia Central - 244 817 980 | Farmácia Coelho - 244 832 432 | Farmácia Higiene - 244 833 140 | Farmácia Lino - 244 832 465 | Farmácia Oliveira - 244 822 757 | Farmácia Sanches - 244 892 500 | Governo Civil - 244 830 900 | Guarda N. Republicana - 244 824 300 | Hospital de S.to André - 244 817 000 | Hospital S. Francisco - 244 819 300 | Polícia Judiciária - 244 815 202 | Polícia S. Pública - 244 859 859 | Polidiagnóstico - 244 828 455 | Rádio Táxis - 244 815 900 | Rádio Alerta - 244 882 247 | Rodoviária do Tejo - 244 811 507 | Teatro JLS (Cinema) - 244 823 600

INSTITUCIONAL14 O Mensageiro4.Outubro.2012

ANÁLISE POLÍTICA

Orlando FernandesJornalista

Que futuro para a RTP? (II)

A RTP tem hoje recei-tas do Orçamento

do Estado, da contribuição

audiovisual e das receitas comerciais. As duas primei-ras são pagas pelos contri-buintes, mas por duas vias diferentes.

E, para financiar a RTP que o Governo quer agora concessionar - isto é, sem a RTP 2 e os canais regio-nais – a transferência do orçamento, no valor de 90 milhões de euros – deixará de ser necessária já a partir do próximo ano.

Sobra a contribuição audiovisual, na factura da luz, e que vale 140 milhões de euros por ano.

Não percebo a indigna-ção daqueles que estão con-tra a manutenção da taxa audiovisual para financiar o serviço público, ou melhor,

percebo. Se pagarmos ao Estado, não há problemas, se for para um privado, já é uma vergonha.

Mas, afinal queremos ou não o serviço público? Admitindo que sim, têm de ser os contribuintes a ga-rantir esse financiamento. Tudo o resto é demagogia.

Agora, a realização do serviço público de televi-são pode ser feita por um privado. Este é um dos muitos mitos – ou apenas preconceito – que é ne-cessário extinguir. Aliás, ouve-se todos os dias os privados a vangloriarem-se do serviço público que pres-tam em relação ao que faz a RTP. Afinal, é possível.

Qual é o pecado original

desta proposta? Oferecer uma receita garantida ao novo concessionário, nos tempos que correm, sem-pre, configura uma situação de concorrência desleal em relação à SIC e TVI.

Seria, verdadeiramente, mais uma PPP, porque o Es-tado garante procura – 140 milhões por ano durante 20 anos – ao novo concessio-nário. Seria perpetuar um modelo de negócio que está instalado e que o Governo diz querer acabar. Desta vez na comunicação social, com todas as dependências que isso geraria do novo ́ dono` da RTP em relação ao poder político em funções.

O serviço público de televisão deve ser alvo de

um concurso autónomo, ao melhor preço, pelos três privados que controlam te-levisões, os dois actuais e o novo. Mas com tudo o que isso implica, ou seja, com as pessoas que estão hoje na RTP porque a televisão pública presta um serviço público.

Serão 1000, 1500, do total de quase dois mil funcionários? Não sei, mas essa avaliação não é difícil de fazer. A concessão da RTP 1, com um orçamento da ordem dos 40 milhões de euros, continuaria, assim, a gerar interessados, mas com o risco, o risco que deve ter qualquer negócio.

Ainda assim, confesso, gostaria de ver os dois gru-

pos privados a concorre-rem à prestação do serviço público, ao cheque de 140 milhões e à estrutura de pessoal que o justifica.

Agora, o Governo não tem margem de recuo. Tem mesmo de avançar com o processo de concessão da RTP, com as correcções ne-cessárias, sob pena de per-der a força política, neste dossiê e nos outros.

Ao fim de pouco mais de um ano de governação, é fácil perceber o que está em causa, e é muito mais do que a RTP. Para o bem e para o mal, Pedro Passos Coelho sabe que muito do seu futuro, e do País, vai depender do que for capaz de fazer nesta operação.

CARTÓRIO NOTARIAL DE ALCOBAÇAA cargo do notário Rui Sérgio Heleno Ferreira

EXTRACTO DE JUSTIFICAÇÃOCERTIFICO, para efeitos de publicação, que por escritura de vinte e sete de

Setembro de dois mil e doze, iniciada a folhas cento e duas do Livro de Notas para Escrituras numero cinquenta e très4desto Cartório:

FERNANDO MOTA DE OLIVEIRA e mulher BELMIRA MARQUES FERREIRA DE OLIVEIRA, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, naturais ele da freguesia de Milagres e ela da freguesia de Monte Redondo, ambas do concelho de Leiria, residentes na Rua do Canto, n.º 753, Bidoeira de Cima, Leiria, NIF 124 623 75,1 e 204 335 400, respectivamente, justificaram a posse dos seguintes bens:

UM - Prédio rústico composto de pinhal, com área de mil quatrocentos e quarenta metros quadrados, sito em Vale Coelho, freguesia de Milagres, concelho de Leiria, inscrito na matriz da referida freguesia sob o artigo 4320º, descrito na Segunda Conservatória do Registo Predial de Leiria sob o número mil quatrocentos e vinte e seis / Milagres, ai registado a favor de Adelino Lisboa e mulher Maria Mendes dos Santos, casados na comunhão gerei, residentes em Bidoeira de Cima, Leiria, pela apresentação trinta de vinte de Maio de mil novecentos e noventa o dois.

DOIS - Prédio rústico composto de pinhal, com área de setecentos e cinquenta metros quadrados, sito em Vale do Lobo, freguesia de Milagres, concelho de Leiria, que confronta a norte com Luísa de Jesus viúva, a sul com Aires Fernandes Lisboa, a nascente com caminho e a poente com José Norte, inscrito na matriz da referida freguesia sob o artigo 108.56.°, omisso na Segunda Conservatória do Registo Predial

Que o bem acima identificada um UM veio à posse dos justificantes no mês de Junho de mil novecentos e noventa e dois, por compra verbal que fizeram a aos referidos titulares inscritos, sendo impossível fazer a escritura por falecimento do vendedor e indisponibilidade da vendedora e dos seus herdeiros.

Que o bem acima identificado DOIS veio à posse dos justificantes por volte do ano de mil novecentos e noventa, por compra verbal que fizeram a Joaquim da Silva Pereira e mulher Emília da Mota Pereira, casados que foram na comunhão geral, residentes que foram em Barracão, Colmeias, Leiria, compra essa que não lhes foi nem é agora possível fazer por escritura pública por falecimento dos vendedores.

Certo é porém, e do conhecimento geral, que vêm possuindo os bens desde há mais de vinte anos, sem interrupção, ostensivamente e sem oposição de ninguém, na convicção, que sempre tem sido também a das outras pessoas, de serem eles os seus únicos e verdadeiros donos. Na verdade, foram os justificantes e mais ninguém que durante todo este tempo têm desfrutado os ditos bens e têm praticado neles os actos normais de conservação e de defesa da propriedade.

Que assim, e na falta de melhor título, os justificantes adquiriram os identificados bens por usucapião, que aqui invocam por não lhes ser possível provar a aquisição pelos meios extrajudiciais normais.

Que vai conforme o original na parte fotocopiada, não havendo na parte omitida nada que altere, modifique ou restrinja a parte transcrita.

Alcobaça, vinte e sete de Setembro de dois mil e doze.O Notário, (Rui Sérgio Heleno Ferreira)

Cartório Notarial de LeiriaA cargo do Notário Pedro Tavares

Certifico, para fins de publicação, que neste Cartório e no Livro de Notas para Escrituras Diversas n° 224-A de folhas trinta e três a folhas trinta e quatro se encontra exarada uma escritura de Justificação Notarial no dia vinte de Setembro de 2012.

outorgada por: Dr. Vitorino das Neves Vieira Pereira, casado com Maria Gabriela Santos da Fonseca Vieira Pereira em separação de bens, natural de Cortes, Leiria, residente na Rua João de Deus n° 5, 2° em Leiria, nif 132 597 063

Disse o primeiro:Que, com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor, do prédio

rústico, composto por terra de cultura, vinha e oliveiras, com nove mil trezentos e cinquenta metros quadrados, sito em Abadia, Vale Coelho, na freguesia de Cortes do concelho de Leiria, descrito na Primeira Conservatória do Registo Predial deste concelho sob o número cinquenta e seis, inscrito na matriz sob o artigo 2491, com o valor patrimonial e atribuído de 3281,27�, registado a favor de Artur Alves Pereira das Neves, Maria Julieta Simões de Figueiredo Alves Pereira, Joaquim Alves Pereira Júnior e Perpéctua Lopes Alves Pereira pela apresentação quarenta e oito de quatro de Março de mil novecentos e oitenta e seis.

Que o imóvel veio à sua posse por compra meramente verbal que lhes foi feita por volta de mil novecentos e oitenta e seis não se tendo celebrado escritura por não se conseguirem juntar todos os interessados.

Que, assim, vem possuindo esse imóvel como seu há mais de vinte anos, como proprietário e na convicção de o ser, cultivando-o e colhendo os seus frutos, cumprindo as obrigações fiscais a ele relativas, posse que vem exercendo ininterrupta e ostensivamente, com conhecimento de toda a gente e sem oposição de quem quer que seja, assim de modo pacífico, contínuo, público e de boa fé, pelo que adquiriu por usucapião a propriedade sobre o aludido imóvel.

Que dada a forma de aquisição originária não tem documentos que a comprovem.

Que para suprir tal título vem pela presente escritura prestar estas declarações de justificação em ordem ao estabelecimento de novo trato sucessivo no registo predial.

Vai conforme ao original na parte fotocopiada não havendo na parte omitida nada que amplie restrinja, modifique ou condicione a parte fotocopiada.

Maria Leonor de Almeida Pereira, funcionária do Cartório em epígrafe, no uso de competência cuja autorização pelo Notário respectivo foi publicado nos termos da Lei sob o número 128/3 a 31/01/2011, em Leiria, vinte de Setembro de dois mil e doze.

A Funcionária (Leonor Pereira)

CARTÓRIO NOTARIAL DE ALCOBAÇAA cargo do notário Rui Sérgio Heleno Ferreira

EXTRACTO DE JUSTIFICAÇÃOCERTIFICO, para efeitos de publicação, que por escritura de vinte e sete de

Setembro de dois mil e doze, iniciada a folhas cento e duas do Livro de Notas para Escrituras numero cinquenta e très4desto Cartório:

FERNANDO MOTA DE OLIVEIRA e mulher BELMIRA MARQUES FERREIRA DE OLIVEIRA, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, naturais ele da freguesia de Milagres e ela da freguesia de Monte Redondo, ambas do concelho de Leiria, residentes na Rua do Canto, n.º 753, Bidoeira de Cima, Leiria, NIF 124 623 75,1 e 204 335 400, respectivamente, justificaram a posse dos seguintes bens:

UM - Prédio rústico composto de pinhal, com área de mil quatrocentos e quarenta metros quadrados, sito em Vale Coelho, freguesia de Milagres, concelho de Leiria, inscrito na matriz da referida freguesia sob o artigo 4320º, descrito na Segunda Conservatória do Registo Predial de Leiria sob o número mil quatrocentos e vinte e seis / Milagres, ai registado a favor de Adelino Lisboa e mulher Maria Mendes dos Santos, casados na comunhão gerei, residentes em Bidoeira de Cima, Leiria, pela apresentação trinta de vinte de Maio de mil novecentos e noventa o dois.

DOIS - Prédio rústico composto de pinhal, com área de setecentos e cinquenta metros quadrados, sito em Vale do Lobo, freguesia de Milagres, concelho de Leiria, que confronta a norte com Luísa de Jesus viúva, a sul com Aires Fernandes Lisboa, a nascente com caminho e a poente com José Norte, inscrito na matriz da referida freguesia sob o artigo 108.56.°, omisso na Segunda Conservatória do Registo Predial

Que o bem acima identificada um UM veio à posse dos justificantes no mês de Junho de mil novecentos e noventa e dois, por compra verbal que fizeram a aos referidos titulares inscritos, sendo impossível fazer a escritura por falecimento do vendedor e indisponibilidade da vendedora e dos seus herdeiros.

Que o bem acima identificado em DOIS veio à posse dos justificantes por volte do ano de mil novecentos e noventa, por compra verbal que fizeram a Joaquim da Silva Pereira e mulher Emília da Mota Pereira, casados que foram na comunhão geral, residentes que foram em Barracão, Colmeias, Leiria, compra essa que não lhes foi nem é agora possível fazer por escritura pública por falecimento dos vendedores.

Certo é porém, e do conhecimento geral, que vêm possuindo os bens desde há mais de vinte anos, sem interrupção, ostensivamente e sem oposição de ninguém, na convicção, que sempre tem sido também a das outras pessoas, de serem eles os seus únicos e verdadeiros donos. Na verdade, foram os justificantes e mais ninguém que durante todo este tempo têm desfrutado os ditos bens e têm praticado neles os actos normais de conservação e de defesa da propriedade.

Que assim, e na falta de melhor título, os justificantes adquiriram os identificados bens por usucapião, que aqui invocam por não lhes ser possível provar a aquisição pelos meios extrajudiciais normais.

Que vai conforme o original na parte fotocopiada, não havendo na parte omitida nada que altere, modifique ou restrinja a parte transcrita.

Alcobaça, vinte e sete de Setembro de dois mil e doze.O Notário, (Rui Sérgio Heleno Ferreira)

Page 15: 4928#OMensageiro#4OUT

15O Mensageiro4.Outubro.2012 DESPORTO

federação portuguesa de futebol

II Divisão B sul

3.ª Jornada 30 de SetembroSertanense x Louletano (1-0)Fátima x Casa Pia (1-0)Mafra x Ribeira Brava (3-0)1.º Dezembro x U. Leiria (1-1)Carregado x Fut. Benfica (8-2)Quarteirense x Pinhalnovense (2-0)Farense x Oeiras (1-1)Oriental x Torreense (2-1)

federação portuguesa de futebol

III Divisão D

3.ª Jornada 30 de SetembroSernache x Alcanenense (3-0)Marinhense x Torres Novas (2-2)Sourense x Sp. Pombal (3-0)Alcobaça x Ol. Hospital (2-2)Caldas x Mortágua (2-1)Penelense x Beneditense (1-0)

federação portuguesa de futebol

III Divisão E

3.ª Jornada 30 de SetembroPêro Pinheiro x U. Tires (0-0)Real x Lourinhense (0-1)Eléctrico x Cartaxo (5-0)Sintrense x Barreirense (4-0)Fabril Barreiro x Peniche (5-1)Sacavenense x Amora (3-0)

liga portuguesa de futebol profissional

II Liga

liga portuguesa de futebol profissional

I Liga5.ª Jornada 30 de Setembro

P. Ferreira x Benfica (1-2)V. Guimarães x Sp. Braga (0-2)Sporting x Estoril (2-2)Rio Ave x Porto (2-2)Gil Vicente x Moreirense (4-3)Beira-Mar x V. Setúbal (1-1)Olhanense x Nacional (1-2)Nacional x Académica (0-2)

8.ª Jornada 30 de SetembroBenfica B x Leixões (0-0)Naval x D. Aves (1-2)Porto B x Penafiel (1-1)Belenenses x Tondela (4-0)Feirense x U. Madeira (3-1)Marítimo B x Portimonense (1-0)Arouca x Atlético (2-0)Trofense x Sp. Covilhã (1-1)Sp. Braga B x V. Guimarães B (0-0)Freamunde x Sporting B (0-2)Santa Clara x Oliveirense (1-1)

Equipa J V E D Pts1.º Belenenses 8 7 0 1 212.º Sporting B 8 6 1 1 193.º Oliveirense 8 5 2 1 174.º Benfica B 8 4 3 1 155.º Arouca 8 4 3 1 156.º Penafiel 8 4 2 2 147.º D. Aves 8 3 4 1 138.º Leixões 7 3 3 1 139.º Tondela 8 3 3 2 1210.º Marítimo B 8 4 0 4 1211.º Portimonense 8 3 2 3 1112.º U. Madeira 8 3 2 3 1113.º Trofense 8 2 4 2 1014.º Porto B 8 1 4 3 715.º Sp. Covilhã 8 1 4 3 716.º V. Guimarães B 8 1 4 3 717.º Santa Clara 7 1 4 2 718.º Atlético 8 2 0 6 619.º Naval 8 1 2 5 520.º Sp. Braga B 8 0 5 3 521.º Feirense 8 1 2 5 522.º Freamunde 8 0 2 6 2

Equipa J V E D Pts1.º Benfica 5 3 2 0 112.º Porto 5 3 2 0 113.º Sp. Braga 5 3 1 1 104.º Académica 5 1 4 0 75.º Sporting 5 1 3 1 66.º Estoril 5 1 3 1 67.º P. Ferreira 5 1 3 1 68.º V. Setúbal 5 1 3 1 69.º Gil Vicente 5 1 3 1 610.º Marítimo 5 1 2 2 511.º V. Guimarães 5 1 2 2 512.º Moreirense 5 1 2 2 513.º Rio Ave 5 1 2 2 514.º Nacional 5 1 2 2 515.º Olhanense 5 1 1 3 416.º Beira-Mar 5 0 3 2 3

9.ª Jornada 7 de OutubroSporting B x Porto B . dia 6, 17h00

D. Aves x Belenenses . dia 6, 18h30, Sport Tv1

Portimonense x Benfica B . 11h15, Sport Tv1

Oliveirense x Feirense . 15h00

Tondela x U. Madeira . 15h00

V. Guimarães B x Santa Clara . 16h00

Penafiel x Sp. Braga B . 16h00

Leixões x Naval . 16h00

Sp. Covilhã x Freamunde . 16h00

Atlético x Trofense . 16h00

Marítimo B x Arouca . 16h00

5.ª Jornada 7 de OutubroBenfica x Beira-Mar . dia 6, 20h30, Sport Tv1

V. Setúbal x P. Ferreira . 16h00

Nacional x Gil Vicente . 16h00

Sp. Braga x Olhanense . 16h30, Sport Tv1

Estoril x Rio Ave . 17h00

Académica x V. Guimarães . 18h30, Sport Tv1

Porto x Sporting . 20h45, Sport Tv1

Moreirense x Marítimo . dia 8, 20h10, Sport Tv1

Equipa J V E D Pts1.º Fátima 3 3 0 0 92.º Carregado 3 2 1 0 73.º Mafra 3 2 1 0 74.º Sertanense 3 2 0 1 65.º 1.º Dezembro 3 1 2 0 56.º U. Leiria 3 1 2 0 57.º Farense 3 1 2 0 58.º Oriental 3 1 1 1 49.º Quarteirense 3 1 1 1 410.º Torreense 3 1 1 0 411.º Oeiras 3 0 2 1 212.º Casa Pia 3 0 2 1 213.º Fut. Benfica 3 0 2 1 214.º Pinhalnovense 3 0 1 2 115.º Ribeira Brava 3 0 0 3 016.º Louletano 3 0 0 3 0

Equipa J V E D Pts1.º Sernache 3 3 0 0 92.º Sourense 3 3 0 0 93.º Caldas 3 2 0 1 64.º Penelense 3 2 0 1 65.º Alcobaça 3 1 2 0 56.º Ol. Hospital 3 1 1 1 47.º Sp. Pombal 3 1 1 1 48.º Alcanenense 3 1 0 2 39.º Mortágua 3 0 1 2 1

10.º Beneditense 3 0 1 2 111.º Torres Novas 3 0 1 2 112.º Marinhense 3 0 1 2 1

Equipa J V E D Pts1.º Sacavenense 3 3 0 0 92.º Sintrense 3 2 1 0 73.º Lourinhanense 3 2 1 0 74.º Fabril Barreiro 3 2 1 0 75.º Eléctrico 3 2 0 1 66.º Barreirense 3 1 1 1 47.º U. Tires 3 1 1 1 48.º Pêro Pinheiro 3 0 2 1 29.º Amora 3 0 1 2 1

10.º Peniche 3 0 1 2 111.º Real 3 0 1 2 112.º Cartaxo 3 0 0 3 0

4.ª Jornada 7 de OutubroLouletano x Oriental . todos os jogos às 15h00

Casa Pia x SertanenseRibeira Brava x FátimaU. Leiria x MafraFutebol Benfica x 1.º DezembroPinhalnovense x CarregadoOeiras x QuarteirenseTorreense x Farense

4.ª Jornada 7 de OutubroAlcanenense x Penelense . Todos os jogos às 15h00

Torres Novas x SernacheSp. Pombal x MarinhenseOl. Hospital x SourenseMortágua x AlcobaçaBenditense x Caldas

4.ª Jornada 7 de OutubroBarreirense x Eléctrico . Todos os jogos às 15h00

U. Tires x SacavenenseLourinhanense x Pêro PinheiroCartaxo x RealPeniche x SintrenseAmora x Fabril Barreiro

associação de futebol de leiria

HONRA2.ª Jornada 30 de Setembro

Atouguiense x GRAP/Pousos (0-3)Guiense x Vieirense (2-0)Meirinhas x Bombarralense (1-1)Marrazes x Alvaiázere (2-0)Figueiró dos Vinhos x Nazarenos (2-3)Pelariga x Avelarense (3-1)Pataiense x Lisboa e Marinha (5-1)Pousaflores x Portomosense (3-2)

Equipa J V E D Pts1.º Pousaflores 2 2 0 0 62.º GRAP/Pousos 2 2 0 0 63.º Pelariga 2 2 0 0 64.º Guiense 2 1 1 0 45.º Nazarenos 2 1 1 0 46.º Marrazes 2 1 1 0 47.º Alvaiázere 2 1 0 1 38.º Portomosense 2 1 0 1 39.º Avelarense 2 1 0 1 310.º Pataiense 2 1 0 1 311.º Meirinhas 2 0 1 1 112.º Bombarralense 2 0 1 1 113.º Vieirense 2 0 1 1 114.º Fig. Vinhos 2 0 0 2 015.º Atouguiense 2 0 0 2 016.º Lisboa Marinha 2 0 0 2 0

3.ª Jornada 7 de OutubroVieirense x Fig. Vinhos . Todos os jogos às 15h00

Bombarralense x PousafloresAlvaiázere x GuienseLisboa e Marinha x MarrazesAvelarense x GRAP/PousosNazarenos x AtouguiensePelariga x MeirinhasPortomosense x Pataiense

Triatlo | Primeiro lugar na etapa vale subida ao Top 10 mundial

João Silva repete vitória no Japão

Delly Carr

/ITU

Media

Dois anos consecutivos a vencer a etapa de Yokoha-ma (Japão) do Campeonato do Mundo de triatlo. O fei-to é de João Silva, 23 anos, natural da Benedita, Alco-baça, e que actualmente representa o Sporting.

Já tinha festejado em 2011 e voltou a fazê-lo este ano (29 de Setembro). À entrada da 8.ª etapa do mundial ocupava o 18.º lu-gar, mas com a vitória subiu até ao 10.º. O segredo, diz, está na dedicação. “A sorte dá muito trabalho, como se costuma dizer. Estou muito contente. Foi um excelente resultado, mas não se faz nada sem trabalho, foi esse o segredo”, disse o atleta à agência Lusa, recusando a ideia de que o território japonês lhe daria sorte.

João Silva, que termi-nou no 9.º lugar nos Jogos Olímpicos – Londres 2012, justificou a vitória em Yoko-hama com a preparação olímpica, lembrando que o início da época não foi dos melhores.

O pódio ficou completo com o vice-campeão olím-pico, o espanhol Javier Gomes, e o russo Dmitr Polyanski. João Pereira, o outro português em prova, terminou no 30.º lugar a etapa japonesa, ocupando o 56.º da geral.

O Campeonato do Mun-do de Triatlo ficará decidido na grande final, agendada para 20 e 21 de Outubro, em Auckland (Nova Ze-lândia).

Equipas de Leiria no pódio da SupertaçaANDEBOL - Juve Lis (2.º lugar) e Colégio João de Barros (3.º) participaram na decisão da Supertaça (seniores femininos), ganha pela equipa do Madeira SAD. A prova, que contou ainda com o Sports Madeira, decor-reu no Pavilhão da Juve Lis (Leiria), dias 29 e 30 de Setembro.

No jogo aguardado com maior expectativa, o muito público que pre-senciou a partida e en-cheu as bancadas do pa-vilhão não deu por mal empregue o seu tempo já que pode assistir a um jogo muito equilibrado até ao intervalo. Algum desequilíbrio só pare-cia notório quando as madeirenses chegaram a uma vantagem de quatro golos (24-20), margem que parecia ser sufi-ciente. A Juve Lis reagiu muito bem e recuperou até ao 25-24. A última posse de bola ainda foi das leirienses que, no entanto, não consegui-ram levar o ataque até ao fim, desperdiçando a eventual oportunidade de empatarem o jogo, levando-o para prolon-gamento. O resultado não se alterou e o título viajou novamente para a Madeira.

No jogo de atribuição dos 3.º e 4.º o Colégio João de Barros sentiu grandes dificuldades em ultrapassar o Sports Madeira, que ao interva-lo vencia por 12-14. No segundo tempo, a forma-ção de Paulo Félix che-gou a estar a perder por 22-18, mas nos últimos sete minutos apareceu muito bem a defender, com muitas intercepções de bola que permitiram rápidos contra-ataques quase sempre concreti-zados em golo. No final, 25-24 a favor da equipa das Meirinhas (Pombal).

Com fpa.pt

Casal Velho leva SupertaçaFUTSAL - A equipa do C.C.D.S. Casal Velho levou a me-lhor (5-0) sobre a da A.C.D. Igreja Velha, na decisão da Supertaça da Associação de Futebol de Leiria (séniores masculinos). O jogo decorreu no Pavilhão da Martin-gança, dia 29 de Setembro.

Leiria na final do InterassociaçõesFUTSAL - A selecção distrital de séniores femininos qualificou-se para a fase final do Torneio Nacional Interassociações (5 a 7 de Outubro, Carcavelos), depois de vencer Setúbal (8-3) e Santarém (4-0). A fase zonal (sul) decorreu nas Caldas da Rainha, nos dias 29 e 30.

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6OUTUBRO2012ÚLTIMAA realidade não é um monte de factos sem significado.

D. Nuno Brás, nas Jornadas das Comunicações Sociais 2012

“Silêncios e Silenciamentos” em debate nas Jornadas das Comunicações Sociais

Igreja tem o dever de traduzir Deus ao mundo de hoje

Padre José Tolentino Mendonça (ao centro) e o jornalista António Marujo (à direita)

As redacções e o jornalismo português estão a ser vítimas de uma “doença silenciosa”. Quem o diz é o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Carlos Magno, no decorrer do painel “Silêncios e si-lenciamentos no actual contexto mediático”, que reuniu também Orlando César, que dirige o Con-selho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, e Manuel Vilas-Boas, jornalista da TSF.

A doença tem nome e chama-se agenda mediática, que segun-do Carlos Mago “está cartelizada”.

Para o também jornalista, existe “uma overdose de notícias” e que giram, invariavelmente, em torno das mesmas temáticas. “Os partidos são empresas com alva-rá para fazer política”, sublinha. Com as fontes cada vez mais profissionalizadas – as assesso-rias dos partidos políticos e das instituições são disso exemplo – e com a crise que também tem afectado as redacções, “os jorna-listas estão a perder vocabulário” e, por isso, é surgirem novidades. “Nós andamos há cinco anos com a mesma agenda mediática”, re-

ferindo ainda que “há demasiado politiquês, futebolês…”

Restaurar a ordem editorial nas redacções é o caminho a se-guir. “Quem manda num jornal é o director, não a administração”, refere o presidente da ERC, justi-ficando que “a lógica editorial em Portugal estaminada pela direc-ção estratégica dos jornais”.

Por sua vez, Manuel Vilas-Boas afirmou que o “cenário ac-tual” que se vive na comunicação social “não é confortável” e que a palavra silêncio “é o estigma das redações”.

Num olhar histórico, Orlan-do César referiu que “a censura oficial e privada” que povoou “os tempos do salazarismo” continua como herança. A imprensa deve “pautar-se pela imparcialidade” e a “deontologia separa o jorna-lismo do entretenimento”, frisou este responsável.

Perante a questão “quem nos vai acudir nestes dias de penú-rias?”, de Manuel Vilas-Boas, o presidente da ERC sublinhou que os tempos actuais estão “a precisar de uma manchete a dizer «silêncio»”.

“Doença silenciosa” no jornalismo

Carlos Magno

(Re)aprender a comunicar, trabalhando em rede, é a prin-cipal conclusão das Jornadas das Comunicações Sociais), que reu-niram cerca de 150 pessoas, entre responsáveis por órgãos de comu-nicação social, jornalistas, leigos, padres e religiosas, em torno do tema “Silêncios e Silenciamento” (26 e 27 de Setembro, Fátima).

A questão já tinha sido abor-dada, dias antes, por D. Pio Alves, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Co-municações Sociais, em entrevis-ta à agência Ecclesia: a Igreja tem dificuldades em comunicar e o trabalho em rede (ou a falta dele) é um dos reflexos. A conclusão, que tinha sido a mesma do Con-gresso da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã, cerca de um ano antes, voltou a ser recuperada nas Jornadas das Comunicações Sociais de 2012.

“Nos variados meios de comu-nicação social em que a Igreja está formalmente, penso que se impõe com urgência pensar, repensar a real criação de sinergias”, subli-nhou D. Pio Alves. Uma medida que se justifica ainda mais no ac-tual contexto de crise económica, tendo em vista uma eficaz gestão de recursos. Preocupações que devem considerar que a presen-ça da Igreja Católica no mundo da comunicação é “parte da sua mis-são”, disse, por seu lado, D. Nuno Brás, vogal da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Co-municações Sociais. “A Igreja não pode deixar de estar presente no mundo mediático”, sublinhou o bispo auxiliar de Lisboa, acrescen-tando que “os disparates mediá-ticos que encontramos, podemos

dizer, são normais numa cultura que nasceu, cresceu, viveu e vive ainda hoje à margem do Evange-lho”.

Um padre inquietoProvocadora e promotora

de reflexão, assim foi a inter-venção do padre José Tolentino Mendonça no painel “Silêncios e silenciamentos na comunicação do religioso”.

O também Consultor do Ponti-fício Conselho para a Cultura, no Vaticano, começou por afirmar que “poucas vezes nos questio-namos, dentro da Igreja, de qual deve ser o nosso papel.” O prin-cipal assenta na comunicação, entende. “Nós próprios sabemos falar mal”, “ousamos pouco dar razões da nossa experiência”, por-que “interiorizamos a indiferença do mundo”. Um “automatismo de rituais” é a expressão da fé mais frequente entre aqueles que são chamados a ser Igreja. Para o pa-dre Tolentino, “devemos deixar de ser fregueses da nossa paró-

quia, mas sermos testemunhas na nossa debilidade”. Reconhecendo que o mundo é também ele “uma realidade muito débil”, aponta que “este é o lugar, a hora, para o reflorescimento da experiência cristã”. Para tal, “hoje os cristãos têm o dever de explicar-se. Tem que o fazer porque o mundo comunica numa gramática di-ferente.” Tolentino vê-os como tradutores, hermeneutas, que explicam “de forma simples”.

Numa intervenção em que recordou a missão da Igreja, também através da comunicação social, concluiu afirmando que “enquanto vivermos inquietos, podemos estar tranquilos”.

Um ateu anunciador“É preciso que alguém diga

«não tenhais medo».” Quis co-meçar assim a sua intervenção o presidente da Entidade Regula-dora para a Comunicação Social (ERC), Carlos Magno, que ali mesmo se assumiu como ateu. As palavras do Papa João Paulo

II, que recuperou, tinham como destinatários sobretudo os jorna-listas e os responsáveis dos media ali presentes.

O panorama mediático actual (ver caixa, em baixo) leva Carlos Magno a reconhecer que tem ha-vido pouco espaço para a reflexão, devido à superabundância infor-mativa e porque “em muitos sec-tores do jornalismo perdeu-se a ética”. O que os media veiculam por vezes tem como consequência um “excesso de raiva”. “Há uma enorme e urgente necessidade de silêncio”, rematou.

Jornalistas comprometidosO painel “Silêncios e silen-

ciamentos na comunicação do religioso” reuniu ainda dois jornalistas que habitualmente trabalham o tema religião. Graça Franco (Rádio Renascença) assu-miu-se como “membro da tribo” e “silênciodependente”, enquanto que António Marujo (Público) afirmou que “o que me move na vida é uma pessoa: Jesus”.

“Não precisava de ser jornalis-ta, porque o facto de ser crente já me obriga ao anúncio da Boa Nova”, começou por dizer Graça Franco. Do mesmo comungou António Marujo, ao referir que “o que nos une é a santidade comunitária”.

A pressa em recolher e difun-dir a informação leva, por vezes, a atropelos éticos e a que se pro-curem mais opiniões imediatas do que reflectidas. “Por vezes é importante fazer uma pausa no ‘achómetro’ e dizer: «- Não tenho nada a dizer, porque ainda não pensei no assunto»”, entende a jornalista da RR. Um exemplo dis-so foi recuperado pelo seu colega do Público, ao referir-se à cobertu-ra noticiosa da manifestação de 15 de Setembro. “Também gostava de ter ouvido que o trabalho não é tudo, que temos família, amigos, necessidade desse tempo”, referiu António Marujo.

A presença do religioso na agenda mediática é escassa. Como indicador, Graça Franco deixou al-guns dados sobre a quantidade de notícias sobre o tema difundidas pela agência Lusa: 0,7% em 2008, 1,2% em 2010 – ano em que o Papa Bento XVI visitou Portugal – e 0,6% em 2011. “Sobre o religio-so há um profundo silenciamen-to nas redacções”, acrescentou o jornalista do Público. Uma das consequências é que “para as no-vas gerações a imagem de Jesus Cristo tornou-se praticamente desconhecida”, referiu a jornalista da RR. “A participação de todos é determinante para o testemunho da fé”, sublinhou Marujo.

Pedro Jerónimo (textos e fotos)