4_Microeconomia 3 - Economia Industrial - Kupfer e Hasenclever

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Economia Industrial – Fundamentos teóricos e práticas no Brasil; David Kupfer; Lia Hasenclever (orgs); Elsevier, 1ª edição, 2002; Capítulo 1: Modelos tradicionais de concorrência 1.1 Introdução Os modelos de competição perfeita e monopólio foram os modelos básicos de concorrência que predominaram na teoria neoclássica até sua contestação, a partir do artigo de Piero Sraffa em 1926, que também abriu caminho para as contribuições de Joan Robinson e Edward Chamberlin, individualmente, em 1933 com a apresentação de modelos de competição imperfeita; Definição dos termos utilizados: Concentração da produção -> Empresa possui poder de mercado, influencia no preço; Atomização -> Ausência de poder de mercado, empresa tomadora de preços; 1.2 O Modelo de Competição Perfeita 1.2.1 As hipóteses Não existe coordenação entre empresas; Empresas tomam decisões de forma descentralizada; Empresas estão sujeitas à disciplina do mercado – são tomadoras de preço; Indústria: grupo de empresas que proporciona um produto ou serviço homogêneo, cujas características são idênticas qualquer que seja o vendedor; Resumo das hipóteses básicas do modelo: 1

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Resumo Caps. 1 - 4

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Economia Industrial Fundamentos tericos e prticas no Brasil;David Kupfer; Lia Hasenclever (orgs);Elsevier, 1 edio, 2002;

Captulo 1: Modelos tradicionais de concorrncia

1.1 IntroduoOs modelos de competio perfeita e monoplio foram os modelos bsicos de concorrncia que predominaram na teoria neoclssica at sua contestao, a partir do artigo de Piero Sraffa em 1926, que tambm abriu caminho para as contribuies de Joan Robinson e Edward Chamberlin, individualmente, em 1933 com a apresentao de modelos de competio imperfeita;

Definio dos termos utilizados:Concentrao da produo -> Empresa possui poder de mercado, influencia no preo;Atomizao -> Ausncia de poder de mercado, empresa tomadora de preos;

1.2 O Modelo de Competio Perfeita1.2.1 As hiptesesNo existe coordenao entre empresas;Empresas tomam decises de forma descentralizada;Empresas esto sujeitas disciplina do mercado so tomadoras de preo;

Indstria: grupo de empresas que proporciona um produto ou servio homogneo, cujas caractersticas so idnticas qualquer que seja o vendedor;

Resumo das hipteses bsicas do modelo:H1: grande nmero de empresas;H2: produto homogneo;H3: livre entrada e sada de empresas;H4: maximizao de lucros;H5: livre circulao de informao;H6: perfeita mobilidade dos fatores;*Qualquer alterao em alguma das hipteses leva a um desequilbrio entre a oferta e a demanda, cuja correo acontece naturalmente pelas prprias foras de mercado;

(H1 e H2) Considerando grande nmero de empresas atuando e a no diferenciao do produto comercializado, podem existir no mercado firmas de qualquer tamanho, tanto grandes como pequenas, porque so tantas que fica impossibilitado que alguma delas tenha poder de mercado. Assim, individualmente oferecem uma pequena parte do total do produto que circula no mercado. Essas mesmas consideraes valem para os compradores, pois nenhum deles tem poder de compra para exercer, ou seja, no h poder monopsnico;

A curva de demanda da empresa individual infinitamente elstica, ou seja, cada firma pode vender qualquer quantidade de produto ao preo de mercado, o que depender apenas da sua capacidade produtiva (tamanho da planta). Essa curva tambm representa tanto sua receita mdia como marginal, j que ambas so iguais ao preo no modelo;RT = P*YRMe = P*Y/Y = PRMg = dRT/dY = P

#Grfico 1.1 - Curva de demanda da empresa individual

(H3) A no existncia de barreiras implica a possibilidade de atomizao do mercado. Do contrrio, haveria menor nmero de empresas e tendncia concentrao da produo;

(H4) O objetivo das empresas maximizar o lucro, este ltimo entendido como a remunerao do capital acima da taxa normal de mercado, taxa esta que dada pelo custo de oportunidade do investimento na indstria e a remunerao pelo risco enfrentado pelo empresrio;O lucro definido como a diferena entre Receita Total (RT) e Custo Total (CT). Quando RT = CT o lucro obtido normal, j que a taxa normal de retorno no mercado j est inserida nos custos empresariais. Lucros acima do normal so considerados extraordinrios, e atraem novas empresas ao setor at que essa taxa extra desaparea (RT = CT);

(H5) Com informao livre tem-se no apenas o amplo conhecimento do mercado, tais como custos gerais e de oportunidades, quantidades e preos, mas tambm das condies futuras, excluindo-se a possibilidade de incerteza quanto ao comportamento futuro dos agentes e, consequentemente, do mercado;

(H6) A hiptese da liberdade na mobilidade dos fatores de produo implica que no existem custos de aprendizados para os trabalhadores, e, portanto, que suas habilidades so facilmente encontradas. Da mesma maneira, nenhuma empresa controla ou exerce influncia sobre as matrias primas e demais fatores de produo, tal como a fora de trabalho, que no sindicalizada (controle de salrios). Desta forma, todos os fatores tambm so comercializados em concorrncia perfeita (modelo de equilbrio geral - Walras);

1.2.2 EquilbrioPara que haja equilbrio no mercado necessrio que as firmas estejam operando em equilbrio interno, ou seja, que estejam produzindo as respectivas quantidades que maximizam seus lucros individuais. O equilbrio de mercado determinado com a interao das curvas de oferta e demanda do mercado, sendo cada uma delas a soma das suas curvas individuais;

A empresa ir tomar os preos de mercado porque no poder vender acima deste, pois seus concorrentes teriam preos menores. Da mesma maneira, no vender num preo menor porque a quantidade produzida sendo a mesma no permitiria a maximizao do lucro;

O Curto Prazo

Definio de termos:Custo total (CT) todo o custo da produo, considerando tanto os custos fixos (CF) (que independem da produo) como os custos variveis (CV) (que variam com a quantidade produzida). O custo mdio (CMe) reflete o custo por unidade de produo, o custo varivel mdio (CVMe) avalia o custo varivel por unidade de produo, enquanto o custo fixo mdio (CFMe) apresenta os custos fixos por cada unidade produzida;

A diferenciao entre custos fixos e variveis decorre da escolha do perodo de anlise na produo. No curto prazo (CP) pelo menos um fator de produo fixo, enquanto no longo prazo (LP) todos os fatores, e portanto seus custos, variam;

Considerando uma anlise de curto prazo, a existncia de rigidez na quantidade de um dos fatores de produo implica no efeito da lei das propores variveis, ou seja, que variaes positivas na quantidade dos demais fatores implicar num ponto de produo alm do qual haver retornos decrescentes para o produto, e, portanto, que haver um custo mdio mnimo;

Maximizao e equilbrio no curto prazo:Funo de produo: Y= f(X1, X2)X1: fator de produo 1, considerado varivelX2: fator de produo 2, considerado fixoW1: preo do fator 1W2: preo do fator 2Y: quantidade produzidaP: preo de mercado

Assim,Receita Total (RT) = P*YReceita Mdia (RMe) = RT/YReceita Marginal (RMg) = dRT/dYCusto Fixo (CF) = X2*W2Custo Fixo Mdio (CFMe) = CF/Y = X2*W2/YCusto Varivel (CV) = X1*W1Custo Varivel Mdio (CVMe) = CV/Y = X1*W1/YCusto Total (CT) = CF + CV = X1*W1 + X2*W2Custo Mdio (CMe) = CT/Y = (CF+CV)/Y = (X1*W1 +X2*W2)/YCusto Marginal (CMg) = dCT/dYLucro () = RT CT = P*Y (X1*W1 + X2*W2)

Condio de primeira ordem, onde a firma alcana a posio de equilbrio: RMg = CMgRMg = dRT/dYRMg = dP*dY/dY = P *A RMg igual ao preo porque este constante, j que dado fora da empresa, no mercado, independendo da quantidade produzida pela firma individual. Matematicamente, no tem derivao parcial com relao produo;Portanto, na condio de primeira ordem P = CMg;

O equilbrio alcanado com quando a RMg iguala o CMg, porm pode existir mais de um ponto de equilbrio na funo lucro. Para que haja a maximizao deste ltimo o RMg deve igualar o CMg em sua fase crescente, o que implica a condio de segunda ordem a seguir;

Condio de segunda ordem, para que a firma maximize o lucro: dRT/dY < dCT/dYLogo, dCT/dY > 0*Ponto de mximo x ponto de mnimo;

#Grfico 1.2 Diferentes curvas de receita marginal igualam o custo marginal

O grfico 1.2 apresenta quatro possibilidades para a receita marginal. Em RMg1, RMg2 e RMg3 ocorrem em competio perfeita, j que a produo individual tem receitas constantes, enquanto RMg4 e RMg5 ocorrem em modelos de competio onde cada empresa influencia na prpria receita quando varia sua produo. Em RMg1 no h produo, porque o retorno menor que os custos. Em RMg2 a produo ocorre quando no ponto onde RMg = CMg no trecho crescente dos custos, enquanto em RMg3 s h um ponto onde h igualdade com CMg. Para RMg4 vale o mesmo que RMg2, enquanto para RMg5 vale o mesmo que para RMg3.

O CMg mede a taxa de variao dos custos dada a variao de uma unidade na produo. Sua relao com o CMe (tambm vlido para o CVMe) depender da trajetria deste ltimo. Quando CMe (CVMe) for decrescente, o CMg dever estar abaixo dele, enquanto dever ser maior caso o CMe (CVMe) seja crescente. A relao que numa trajetria decrescente dos custos mdios uma nova unidade dever ter um custo marginal menor do que o observado at o momento, caso o CMe (CVMe) no tenha atingido seu ponto mnimo. No inverso, para uma trajetria crescente dos custos mdios, uma nova unidade ter um custo marginal maior do que a mdia prevalecente at ento. Assim, o menor nvel do CMe (CVMe) ocorre quando ele se iguala ao CMg;

#Grfico 1.3 Curvas de custos no curto prazo

A curva de oferta de curto prazo corresponde produo com um fator fixo, portanto equivale ao ramo crescente do CMg, iniciando-se no ponto mnimo do custo varivel mdio (CVMe). Na posio de equilbrio as empresas podem ter lucros extraordinrios, apenas os normais ou prejuzo, mas no deixaro de produzir enquanto o preo for superior ao CVMe mnimo, ponto onde inicia a curva de oferta da firma;*Lembrando que o lucro maximizado pela firma quando CMg = RMg, e, portanto CMg = P. Assim, a oferta da firma inicia-se quando P = CMg = CVMe mnimo;

O Longo PrazoNenhum fator de produo fixo, todos variam porque as empresas podem atender ao seu planejamento de mudar (ou no) suas escalas de produo para atingir o menor custo mdio (CMe), que ser igual ao preo de mercado no equilbrio. Portanto, no longo prazo o lucro extraordinrio () zero, s ocorrendo lucros normais. Esse ajuste da produo decorre da entrada e sada de empresa no mercado quando da existncia de lucros extraordinrios ou prejuzos, porque as firmas ao entrarem no segmento disputam no s os consumidores, mas tambm os insumos necessrios produo, alterando assim os custos mdios de todas as empresas e os preos de mercado;

As empresas abandonam a indstria quando estiverem operando com prejuzos no longo prazo, ou seja, quando seus custos mdios mnimos forem maiores do que os preos obtidos no mercado. Assim, o mnimo aceitvel pelas empresas que seus custos mdios mnimos sejam iguais aos preos de mercado, retornando apenas os lucros normais, e em razo do processo competitivo ser essa a situao que prevalecer no longo prazo;

No longo prazo pode-se atingir a escala tima de produo, porque sua diferena com relao ao curto prazo justamente o tempo e o processo de ajuste disponvel s firmas realizarem em direo ao equilbrio de mercado. A escolha tima de produo ocorre quando o custo marginal de longo prazo se iguala ao de curto prazo, j que no planejamento de longo prazo as empresas ajustam os fatores de produo para sua utilizao tima. Assim, as curvas de oferta de curto e longo prazo das empresas acabam se igualando;

#Grfico 1.4 Curvas de custos no longo prazo

A curva de oferta de longo prazo corresponde ao ramo crescente do CMg, iniciando-se quando este se iguala a curva de CMeLP, que a partir de onde compensa s empresas iniciarem sua produo, ou seja, a partir de onde se tem ao menos os lucros normais;*Diferente do curto prazo, onde a curva inicia-se no ponto onde CMg = CVMe, porque no longo prazo no existem custos variveis;

No longo prazo a definio de receitas e custos se d da mesma maneira que no curto prazo, porm observa-se que agora no existem fatores fixos na funo de produo. J para a determinao de equilbrio e maximizao dos lucros os processos diferem do curto prazo, vale observar que est excluda a possibilidade de lucros extraordinrios, portanto s ocorrero os lucros normais, implicando que a receita individual da firma seja igual ao seu custo de produo;

*No curto prazo, como pode haver algum lucro excedente, a receita mdia pode divergir da receita marginal, assim como o custo mdio em relao ao custo marginal. Essas possibilidades esto excludas no longo prazo;

Condio de primeira ordem, para firma alcanar a posio de equilbrio no longo prazo: RMg = RMe = P = CMg = CMe mnimo*Dada a possibilidade de ajusto na produo no Longo Prazo, as empresas sempre tendero a produzir no menor custo possvel, o CMe mnimo;

Condio de segunda ordem, para que a firma maximize o lucro: dRT/dY < dCT/dY

Como o longo prazo permite um processo de ajustes e mudanas tambm dos preos, a curva de oferta da empresa ser mais elstica do que a observada no curto prazo, quando as empresas tem ao menos um fator que no pode variar na produo, implicando que no curto prazo h maior rigidez da curva de oferta, e no longo prazo maior flexibilidade;

1.2.3 A alocao tima dos recursosA competio perfeita conduz alocao tima dos recursos escassos no longo prazo, satisfazendo as seguintes condies:1: A produo ocorre ao nvel do custo mdio mnimo;2: O preo de mercado o mnimo, igualando CMe mnimo e CMg, ou seja, o preo pago pelo consumidor igual ao custo de oportunidade enfrentado pelo produtor;3: Plantas funcionando a pleno emprego dos recursos;4: No h lucros extraordinrios, prevalecem apenas os normais;

Se considerada a simplificao de uma economia que produz apenas dois bens, limitada pela fronteira de possibilidades de produo, pode-se considerar esta equivalente restrio oramentria individual. Assim, tambm possvel imaginar uma curva de indiferena da sociedade equivalente soma das curvas de indiferena individuais. O resultado dessas curvas seria um ponto de maximizao da utilidade dos insumos e, portanto, o ponto de alocao tima dos recursos, gerando o maior grau de bem-estar possvel na economia. Isso ocorre desde que:1: No haja interferncia externa sobre a demanda que impea o pleno funcionamento do sistema de preos e sua respectiva representatividade quanto as vontades dos consumidores;2: No existncia de economias de escala, e, consequentemente, incentivos s mudanas na produo;3: Recursos e tecnologias dados e constantes;#Grfico 1.5 Fronteira de possibilidades de produo e a curva de indiferena da sociedade

1.2.4 O excedente do consumidor e do produtorO excedente do consumidor representa o benefcio advindo da aquisio de determinada quantidade de um bem em detrimento de outros bens. Em geral interessa sua variao em relao s flutuaes dos preos de determinado produto;

Supondo o aumento do preo de um bem numa curva de demanda, implica que os consumidores pagaro mais caro por unidade consumida do bem (para uma mesma quantidade y, agora paga-se a mais o equivalente a (p2-p1)*y);

#Grfico 1.6 Excedente do consumidor

A rea R (retangular) mede a perda do consumidor ocasionada pelo aumento dos preos do bem (quantidade*variao do preo). A rea T mede o valor perdido pelo menor consumo do bem. Assim, R mede a perda pelo maior gasto com o consumo do bem, enquanto T mede a perda pela reduo do consumo. O excedente do consumidor representado por toda a rea abaixo da curva de demanda;

*No interessa necessariamente o valor numrico exato, mas a noo das variaes de perda tanto pelo aumento dos preos como pela reduo das quantidades;

J para o produtor vale o inverso. A rea acima, ou esquerda, da curva de oferta representa o excedente do produtor, que est intrinsecamente ligado aos retornos da empresa. O excedente do produtor que se realiza quando do aumento dos preos igual ao lucro advindo de um aumento na produo (y1 para y2);

#Grfico 1.7 Excedente do produtor

*Assim como para o consumidor, aqui no interessam os valores exatos assumidos pelas variveis, mas sim os conceitos;

1.3 Monoplio1.3.1 As causas do monoplioMonoplio a denominao da existncia de uma nica firma num setor. Diversas so suas causas, entre polticas, econmicas, tcnicas e outras. Em geral, destacam-se na teoria neoclssica:1: Propriedade exclusiva dos insumos ou tcnicas de produo;2: Patentes sobre produtos ou processos produtivos;3: Interferncia governamental, seja na concesso de exclusividade da produo/distribuio ou na imposio de barreiras competio estrangeira;4: Monoplio natural, quando a eficincia exige apenas uma empresa que aproveite as economias de escala;

Resumo das hipteses bsicas do modelo:H1: apenas um produtor no mercado;H2: ausncia de substitutos prximos ao produto;H3: barreiras totais entrada;H4: maximizao dos lucros pela firma;

1.3.2 O equilbrio no monoplioA existncia de um nico produtor impe que a curva de demanda enfrentada individualmente pela firma seja equivalente a curva de demanda de mercado, elstica ao preo. Tambm implica que o monopolista possa operar com lucros extraordinrios, impondo uma margem de lucro sobre os custos, mark-up;

Frmula de determinao dos preos de um monopolista:P = CMg/(1-1/|d|)P: preo de mercadod: elasticidade-preo da demanda

Essa frmula resultado da condio de maximizao dos lucros:RT = P*YRMg = dRT/dY = P(dY/dY) + Y(dP/dY)*Agora o preo depende da quantidade produzida pela firma, diferente do modelo de competio perfeita, j que agora ela nica no mercado;RMg = P+Y(dP/dY)*Multiplicando o segundo termo por (P/P) (necessrio para extrair o termo elasticidade);RMg = P+Y(dP/dY)*(P/P)RMg = P + (Y*dP*P/P*dY)*d = (P/Y)*(dY/dP), logo: (Y/P)*(dP/dY) = 1/dRMg = P + (P/d)RMg = P(1+1/d)RMg = P(1-1/|d|)

No equilbrio, tem-se:RMg = CMgP(1-1/|d|) = CMgP = CMg/(1-1/|d|)

Em razo da existncia de lucro extraordinrio a ser capturado pelo monopolista, este s ir operar na parte elstica da curva de demanda, quando P > CMg. A diferena entre estes dois ltimos o mark-up por unidade. A condio de segunda ordem para maximizao do lucro como na competio perfeita: dRT/dY tf(K, L);*Comparao entre uma nova escala e velha escala;

A questo dos retornos est inversamente ligada aos custos de longo prazo, a no ser que os ltimos tenham atingido um equilbrio estvel com os primeiros, onde variariam na mesma proporo (retornos constantes). Assim, para menores custos com o aumento da produo h maiores retornos (crescentes/economias de escala), o que tambm vale para o inverso (decrescente/deseconomias). Matematicamente:Considerando uma funo de produo com retornos crescentes (hiptese/fato) sendo ela: Y1 = f(K1,L1)

Sendo r e w os preos de K e L, respectivamente. Assim: CMe1LP = (rK1 + wL1)/Y1

Com uma variao positiva na quantidade (t > 0) na quantidade dos insumos, tem-se que:Y2=f(tK1, tL1);

O custo mdio de longo prazo (CMe2LP) fica:CMe2LP = (r*tK1 + r*tL1)/Y2 = (t*(rK1 + wL1))/Y2 = t*CMe1LP*Y1/Y2

Como:Y1 = f(K1, L1)Y2 = f(tK1, tL1)

Tem-se:CMe2LP = (t*CMe1LP*f(K1, L1))/f(tK1, tL1)

Ento:CMe2LP = CMe1LP*(t*f(K1, L1)/f(tK1, tL1))

Como t > 0 e h retornos crescentes:Q2 = f(tK1, tL1) > tf(K1, L1)

Assim:(t*f(K1, L1))/f(tK1, tL1)) < 1

O que implica em:CMe2LP = CMe1LP*

Com: = (t*f(K1, L1))/f(tK1, L1)

Portanto: < 1

Assim, para retornos crescentes (t > 0) implica que haja custos decrescentes ( < 1);

#Grfico 3.2 Curva de CMeLP em formato de U

O Grfico 3.2 vale para a hiptese de tecnologia perfeitamente divisvel, o que permitiria variao contnua na proporo de uso dos fatores e, consequentemente, uma variao contnua na quantidade produzida;

Essa curva de longo prazo derivvel das curvas de curto prazo. Ela demonstra que h ganhos de escala at determinado nvel, o tamanho timo da planta (ou a quantidade produzida que atinge o ponto de escala mnima eficiente Qeme)Essa definio implica na hiptese de inflexibilidade da curva de custos (impossibilidade da reduo destes) j que qualquer aumento na produo incorre em aumento dos custos;

A discusso terica sob o ponto mnimo da curva de custos mdios de longo prazo gira em torno na ineficincia gerencial (talvez a produtividade/capacidade dos gestores conforme vo sendo demandados? PMgN?);Outra crtica baseada nos custos gerenciais de que estes seriam pequenos se comparados aos ganhos de escala advindos da maior demanda da firma;Outros simplesmente admitem que esse ponto mnimo estaria numa escala muito alta, sendo inatingvel;

#Grfico 3.3 Curva de CMeLP em formato de L

O Grfico 3.3 surge das crticas levantadas ao modelo de CMeLP em formato de U, apontando que no existiria um ponto timo da produo, mas toda uma escala tima a partir desse ponto. Nesse grfico, para Q < Qeme a curva de CMeLP decrescente, e para Q > Qeme a curva constante;

#Grfico 3.4 Curva de CMeLP com segmento horizontal

O Grfico 3.4 representa outra forma de contornar o problema. Ele sugere que hajam tanto economias como deseconomias de escala, e um trecho intermedirio com custos constantes para uma faixa da produo, que representaria uma planta planejada permitir uma variao na produo (capacidade ociosa);

Um caso especial ocorre quando do monoplio natural (sentido neoclssico). Ele indica que apenas uma empresa produzindo no mercado poderia operar no nvel Qeme, atendendo toda a demanda existente, e que aumentar o nmero de concorrentes impediria esse processo pela ineficincia gerada na produo (gua, esgoto, luz, etc);

3.4.1 Fontes de economia de escalaConquanto no haja um consenso sobre o formato da curva de CMeLP, duas caractersticas principais so derivadas do modelo: a existncia de um trecho onde ela decrescente e um ponto onde ocorre a escala mnima de eficincia;

Os custos decrescentes de longo prazo podem ser divididos em dois tipos, as economias de escala reais e as de escala pecunirias;

Considerando xi como a quantidade do fator i e pi como seu preo, tem-se:

CT = f(q)CT = xi*pi

Para que haja economias de escala reais basta que o fator t, sendo maior do que zero, permita que os custos cresam taxas menores do que o aumento da produo. Assim:

CT*t < t*xi*pi, para t>0

Se o preo dos insumos est dado (mercado em concorrncia perfeita nos insumo) e t uma taxa fixa, s haver uma maior quantidade de produto se a quantidade de insumos utilizados for menor para cada aumento na produo (pode decorrer de um novo mtodo produtivo);

Para o efeito de economias de escala pecunirias ocorre o inverso, a quantidade de insumos utilizada permanecendo proporcional produo, pode-se assimilar da equao que os preos podem estar diminuindo em razo da maior quantidade comprada, implicando que o mercado de insumos no esteja em concorrncia perfeita;

Existem quatro formas principais para obteno das economias de escala reais, so elas:1: Ganhos de especializao. So os ganhos advindos do processo de diviso do trabalho, preconizados desde 1776 por Adam Smith. Conforme aumenta-se a quantidade produzida, a produo vai sendo particionada em diferentes etapas e os trabalhadores de cada uma destas vo aumentando o grau de eficincia com que realizam a tarefa;2: Indivisibilidade tcnica. O tamanho e a capacidade dos equipamentos industriais muitas vezes fazem com que estes trabalhem com capacidade ociosa, permitindo aumento da produo sem que haja aumento dos custos;3: Economias geomtricas. Aqui os ganhos tambm decorrem do tamanho da escala produtiva, mas no esto associados ao tamanho dos equipamentos industriais, e sim ao volume de produo disponvel firma. Assim, em indstrias como a extrao do petrleo, as firmas tem sua produo relacionada ao volume que tem disponvel dos recursos a serem utilizados, enquanto os custos esto associados ao tamanho da capacidade produtiva. Um exemplo matemtico pode ser dado por:CT = aqb, onde: a uma constante e b um fator de escala. Para b < 1 existem economias de escala, com o inverso resultando em deseconomias, e b = 1 gerando retornos constantes;4: Economias relacionadas lei dos grandes nmeros. Novamente os ganhos de escala esto relacionados ao tamanho da capacidade produtiva. Quanto maior o tamanho da plana, e, portanto, a quantidade de capital industrial, menores os custos de manuteno e reposio de peas. De outra forma, quanto maior a empresa menor a quantidade de maquinrio dever deixar de reserva para possveis substituies;

A existncia de economias ou deseconomias de escala pode ser obtida observando-se a relao entre produo e custos. Nesse caso pode ser til ao conceito de elasticidade-custo da produo:c = (C/C)*(Y/Y)

Quando c = 1 os custos variam proporcionalmente produo. Quando c > 1 os custos esto aumentando mais do que proporcionalmente quantidade produzida, e o inverso vlido. A partir desse conceito pode-se derivar um ndice de economias de escala (IEE), onde:IEE = 1 - c

Se IEE = 0, no existe economias de escala. Se maior, h economias de escala, e quando menor h deseconomias;

3.4.2 Economias dinmicas x Economias estticasAt o momento foram descritas observaes acerca da CMeLP esttica, j que considerou alguma das suas verses como dadas, desprezando o papel do tempo no processo produtivo. Quando o tempo considerado, passa a fazer sentido pensar nas economias de escala dinmicas, que tem duas fontes principais:1: Economias de reincio. Alguns equipamentos realizam diferentes tarefas, mas para alternar entre elas necessrio seu reincio e, consequentemente, nova regulagem. Desta forma, quanto maior a escala produtiva da firma maior ser a quantidade de maquinrio e uma menor quantidade destes dever ser reiniciada, j que podero ser divididos por funes a serem realizadas;2: Economias de aprendizado. Quando de um novo produto ou novo processo de produo iniciado os agentes envolvidos no processo passam por um processo de aprendizado, tanto da atividade em si como da melhor forma de realiza-la. Assim, inicialmente os agentes no produzem da melhor forma possvel, melhorando seu desempenho com o passar do tempo. O Grfico 3.5 ilustra a questo;

#Grfico 3.5 Curva de aprendizado

3.4.3 Economias de escopoAs consideraes precedentes adotaram como hiptese implcita que uma firma produz apenas um produto, quando na realidade a mesma planta geralmente comporta a produo de diversos produtos diferentes, mas com algum grau de relao entre eles;Isso implica que os custos de produo de um bem envolvem tambm os custos de outro produto, e a razo dessa diversidade de itens produzidos decorre dos ganhos advindos dessa produo conjunta, as economias de escopo. Elas indicam que o custo de produzir dois bens conjuntamente numa firma menor do que produzi-los separadamente em firmas distintas, ou seja, em alguns casos as empresas conseguem diminuir seus custos mdios diversificando sua produo. Na forma de equao:C(Ya, Yb) < C(Ya, 0) + C(0, Yb)

Existem trs fontes principais de economias de escopo:1: Existncia de fatores comuns. Quando a produo de um bem requer um fator de produo que s se compra uma nica vez, tal como um gerador eltrico, que fica disponvel para utilizao na produo de outros bens;2: Existncia de reserva de capacidade. Quando a produo de dois bens compartilham a mesma capacidade produtiva, e h capacidade ociosa na produo de um produto, esse tempo pode ser utilizado na produo do segundo;3: Complementariedades tecnolgicas e comerciais. um tipo de posio que permite sinergia entre a produo de diferentes bens, j que so produzidos sob a mesma base tecnolgica, ou com os mesmos insumos ou ainda so direcionados a um mesmo pblico (propaganda, linhas de distribuio etc);

3.4.4 Economias ao nvel da multiplantaAt aqui foi discutido o caso de empresas que operam numa nica planta produtiva, mas em geral encontram-se grandes empresas operando com vrias unidades produtivas, seja regionalmente ou globalmente, o que caracteriza uma produo de multiplanta, que so mais uma forma de obteno de economias de escala. Existem quatro explicaes principais para esta diviso na produo:1: Economias da duplicao. A firma deve responder s variaes de demanda no mercado, e ao longo do tempo sua sobrevivncia geralmente implica aumentar a escala produtiva. Isso pode ser feito na prpria planta original ou partindo-se para uma nova. Considerando que cada planta tem custos que lhe so associados, cabe avaliao se compensa aumentar a capacidade produtiva na primeira ou se uma nova planta permite melhor situao;2: Custo de transporte. Atingir um novo mercado ou aumentar a produo pode incorrer em maiores custos de transporte, seja para alcanar um distante consumidor final ou uma nova fonte de insumos, tornando mais atrativa a ideia de uma nova planta produtiva mais prxima aos interesses objetivados;3: Alcance de especializao ao nvel das multiplantas. Quando da operao de uma firma em diferentes mercados a partir do sistema multiplanta ela pode diminuir o risco de operar nesses diferentes mercados (para um mesmo produto) dadas as variaes na demanda em cada um destes, com cada uma das plantas produzindo um nico produto;4: Flexibilizao da operao. Usa a mesma lgica do Alcance de especializao ao nvel das multiplantas s que agora no preocupado com a especializao de cada firma, e sim com a volatilidade das demandas para as diferentes firmas que produzem diferentes produtos;

3.4.5 Deseconomias de escalaConquanto sejam existentes as economias de escala, elas so finitas, impondo uma quantidade produtiva a partir da qual haver deseconomias de escala. Dois fatores se destacam na explicao:1: Custos de transporte. Os custos de transporte podem afetar diretamente a empresa conforme o tamanho da produo. Quanto maior a produo mais clientes tem de ser alcanados, aumentando os custos da firma de transporte por unidade vendida. A situao se agrava em trs situaes:a) Quando a empresa grande em relao demanda que atende, cada vez mais caro aumentar essa demanda pelo custo de se atingir esses novos consumidores;b) Quando as empresas no conseguem repassar os custos de transporte para os demandantes, seja em razo de um sistema de preos mais rgido (competio acirrada), ou quando os compradores tem a possibilidade de substituir seu consumo por um bem produzido localmente;c) Quando as empresas conseguem transferir os custos de transporte para os consumidores, esses custos aumentam com o aumento da produo;2: Deseconomias gerenciais. Seriam causadas pela incapacidade de gerenciamento da capacidade produtiva a partir de determinado nvel (falta de capital humano ou esgotamento do existente (PMgN));

3.4.6 Debate emprico sobre as curvas de CMeLPAs consideraes a seguir foram obtidas a partir de diversos estudos empricos sobre o formato da CMeLP, que empiricamente tende a ter o formato de L, como apresentado no Grfico 3.3;1: Estudos baseados nos custos de engenharia. Relaciona as relaes tcnicas entre insumos e nvel de produo a partir da funo de produo, com informaes obtidas por questionrios e entrevistas. O resultado encontrado foi de uma Qeme muito pequena em relao ao mercado, e de uma CMeLP com uma inclinao baixa no trecho decrescente;2: Estudos baseados em anlises estatsticas. Regresso mltipla. Para setores de monoplio natural foram encontrados elevados nveis de Qeme. Para indstria de transformao, uma CMeLP no formato de L, com economias de escala para um nvel reduzido de produo, e custos constantes para uma produo maior;3: Estudos baseados na tcnica do sobrevivente. Busca analisar em diferentes pontos no tempo a evoluo das empresas que sobreviveram ao mercado, objetivando estimar as curvas de custo mdio delas. Descobriram uma CMeLP horizontal para produes de elevado nvel, ao mesmo tempo que uma Qeme indicava uma representao de 2% do mercado;

De maneira geral os resultados empricos favoreceram a hiptese da curva de CMeLP no formato de L;

3.5 ConclusoOs pontos levantados so relevantes em razo da importncia que tem a deciso empresarial da escala e forma da produo, j que o tamanho da firma determinar seu papel sobre os preos e at mesmo sobre a estrutura de mercado na qual est inserida, e que o tamanho das economias de escala ter uma relao negativa ao nmero de concorrentes. A Qeme e a estrutura de custos influenciaram as barreiras entrada no setor;

Captulo 4[footnoteRef:1](1): O Modelo estrutura, conduta e desempenho e seus desdobramentos [1: Este captulo est presente apenas na segunda edio do livro, e a nica diferena substancial com relao primeira edio. Para fins de apresentao, o captulo aqui inserido no mesmo ponto onde o na segunda edio, mantida sua numerao. O prximo captulo deste resumo retorna para o captulo quatro original da primeira edio, que tambm subsequente ao quatro da segunda edio.]

4 4.1 IntroduoMuitos economistas se mostraram insatisfeitos com os modelos neoclssicos de equilbrio parcial e geral para o tratamento da competio nos mercados, justamente no momento em que nasciam os sistemas industriais na segunda metade do sculo XIX. Seus estudos foram basicamente empricos, voltados ao cho de fbrica, e buscavam sistematizar uma forma de explicar e prever o comportamento das empresas sob intensa competio, dando origem ao estudo da organizao industrial/economia industrial, sob a tica do modelo estrutura-conduta-desempenho (ECD);

Pauta-se numa metodologia que aceita como contribuies os fatores histricos, estatsticos e tericos;

4.2 Os antecedentes, o escopo e o mtodoA origem dos estudos de ECD tem como base principal duas constataes empricas:1: A no ocorrncia do mercado de concorrncia perfeita, que implica um nmero timo de firmas no mercado igual ao tamanho do mercado dividido pelo tamanho timo que permite a produo ao custo total mdio mnimo;2: A inexistncia de uma taxa de lucro igual entre os setores da economia, ou uma tendncia isso, uma decorrncia esperada da hiptese de mobilidade perfeita dos fatores de produo;

Desses dois empecilhos aceitao da teoria neoclssica surgem os dois objetos de estudo do paradigma ECD:1: Concentrao de mercado;2: Barreiras s mobilidades de fatores de produo;

4.3 O modelo estrutura-conduta-desempenho (ECD)O modelo de ECD um paradigma que se ope teoria neoclssica no estudo da organizao industrial;

A ideia central foi inicialmente apresentada por Edward Mason que reuniu as principais contribuies dos autores crticos teoria neoclssica de concorrncia, de modo a construir um corpo terico independente para anlise da economia industrial a partir da tentativa de correo de quatro pontos em relao teoria neoclssica:1: Aproximar os termos tericos da realidade, na tentativa de sair da esttica neoclssica para um processo dinmico da realidade;2: Uma metodologia que rena no s teoria, mas principalmente os fatos observados, com destaque para as realidades histricas e institucionais;3: Novo significado para mercado, ligado condio de que a indstria tem firmas de diferentes tamanhos e produzindo produtos com caractersticas diferenciadoras;4: Associar o comportamento empresarial de cada firma numa atividade s estruturas que imperam nestas mesmas atividades;

O estudo inicia-se com a questo de saber o que espera a sociedade dos produtores, e aceita a resposta de ser, no geral, um bom desempenho. Mas existem vrias formas de desempenho, carecendo de um fator especfico/objetivo quanto ao desempenho e em qu. Ento no aceita-se uma premissa quanto ao desempenho buscado e onde, mas sua investigao na comparao de empresas de uma mesma indstria;

Assim, o ECD busca identificar as variveis que expliquem a diferenas de desempenho entre as empresas, considerando-se que a conduta das empresas pautada pelo tipo de estrutura da indstria, e que esta por sua vez depende de condies bsicas que so de natureza bastante diversas: tcnicas, institucionais e relevncia da demanda;

Os pressuposto so:1: O desempenho depende da conduta (estratgia) dos agentes (vendedores e compradores) em diversos assuntos (polticas de preo, inovao tecnolgica etc.);2: A conduta depende da estrutura de mercado (nmero de agentes, grau de diferenciao entre produtos, barreiras entrada, curvas de custo, grau de integrao vertical das empresas etc.);3: A estrutura depende de condies bsicas como matria prima (posse e localizao), tecnologia disponvel ao setor, fora de trabalho (especializao e organizao), grau de similaridade entre os produtos substitutos, condies de volatilidade da demanda etc., alm de fatores institucionais vigentes tanto no lado da demanda quanto na oferta;

O diagrama 4.1-1 apresenta uma simplificao do exposto. De maneira geral tem-se o modelo esttico da teoria neoclssica. Mas analisando pelo ponto de vista do modelo ECD pode-se observar como h interdependncia dentro do processo produtivo, onde mudanas num dos setores pode afetar os demais, dando carter de dinamicidade ao modelo;#Diagrama 4.1-1

4.3.1 O papel das polticas e da regulao pblicasA ideia presente no diagrama 4.1-1 a de que o governo intervm no mercado para corrigir suas falhas, buscando aumentar a eficincia deste, atuando sobre a estrutura ou conduta. Os principais motivos para a regulao so:1: Assimetria de informaes. O exemplo a tecnologia utilizada nos produtos e as informaes para seu uso, cabendo regulao;2: Externalidades. O exemplo a poluio gerada no processo produtivo;3: Abuso do poder de monoplio. Controle dos preos de produtos necessrios. Exemplo so os produtos farmacuticos ou e alta volatilidade de preos causadas fora do mercado (situaes adversas);4: Lobistas. O exemplo a necessidade de se controlar influncias empresas que detm mais informaes e recursos para a defesa dos seus interesses;5: Monoplios naturais. Proteo da populao quando da necessidade da manuteno de um nico produtor por motivos de eficincia;

O grau de interveno varia na contramo da eficincia do mercado, e amplamente dependente do quo crente o pas na capacidade auto reguladora do mercado;

4.4 Evidncias empricas e limitaes do modelo ECDEm geral os resultados empricos testados foram estudos de caso, qualitativos, e anlises economtricas, quantitativos, mas ambos apresentaram limitaes, principalmente os ltimos por serem baseados regresses simples com duas variveis;

No existe um modelo consensual a ser estimado, pois para muitos casos a escolha das variveis arbitrria e depende do histrico da prpria empresa, o que tornaria difcil encontrar uma padro geral que pudesse ser aplicado s demais, evidenciando o problema do limite metodolgico no tratamento do assunto, que busca caractersticas dinmicas de interdependncia entre objetivos, decises e resultados;

4.5 Desdobramentos e ContribuiesA principal causa da limitao nos estudos da economia industrial foi o seu no rompimento com a teoria neoclssica, por usar suas abordagens misturadas anlise emprica para confrontar suas previses;

Assim, em essncia, os estudos da economia industrial se dividiram em dois grandes ramos:1: Indutivo, na anlise emprica institucional;2: Hipottico-dedutivo, na abordagem evolutiva;

Quando Adam Smith delineou o comportamento competitivo estava preocupado com as atividades da firma individual para conquista do mercado, considerando que a competio/rivalidade entre elas fosse ajustando automaticamente a taxa de lucro ente os diferentes setores. Quando do formalismo matemtico na traduo da teoria, a essncia da competio foi modificada, e no mais condizia com rivalidade, implicando que o modelo competitivo representa aquele onde no h mais competio no sentido apresentado por Smith, com as empresas agora incapazes de alterarem os preos e o processo de concorrncia, s ajustando sua produo para corresponder estrutura de mercado e evitar o prejuzo, resultando num modelo esttico;

Joe Bain, conquanto versado na aplicao do modelo ECD, retornou viso de mercado neoclssica, observando que o lucro (desempenho) est relacionado ao grau de concentrao das empresas e as barreiras entrada (estrutura), afirmando existir uma relao indireta entre desempenho e estruturas de mercado (resultados individuais x concentrao de mercado) (deixando de lado a influncia da conduta);

Mas a principal contribuio de Bain foi apresentar que as barreiras podem ser influenciadas pelas empresas j estabelecidas no mercado (pode ser entendida como conduta?), atravs de trs formas principais, que explicariam a inexistncia de mercados em concorrncia perfeita:1: Diferenciao do produto;2: Vantagens absolutas de custos;3: Economias de escala;

J Morvan apoia a ideia de empresas que utilizam de estratgias concorrenciais para competir por melhor desempenho, independente da estrutura de mercado (concorrncia perfeita ou oligoplio), e tem sua anlise reforada por resultados empricos;

Outro importante fator a se considerar na concorrncia so as barreiras sada, os custos que as empresas tem de enfrentar para sair do mercado, em geral dados como custos irrecuperveis, tendo como exemplo: multas contratuais, gastos em propaganda, especializao em RH etc.;

Captulo 4(2): Concentrao industrial

4 4.1 Introduo

4.2 Medidas de concentrao4.2.1 Razes de concentrao4.2.2 ndice de Hirschman-Herfindahl (HH)4.2.3 ndice de entropia de Theil (ET)4.3 Uma ilustrao4.4 Escolha da medida de concentrao4.4.1 Razes de concentrao e ndice Hirschman-Herfindahl4.4.2 Critrios axiomticos

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